o povoamento do i milénio a.c. na transição da meseta para a cova da beira
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OSÓRIO, Marcos (2008) - O povoamento do I milénio a.C. na transição da Meseta para a Cova da Beira (territórios e áreas de influência). In Actas das I Jornadas de Património de Belmonte. Belmonte: Câmara Municipal, p. 39-66.TRANSCRIPT
O povoamento do I milénio a.C. na transição da Meseta para a Cova da Beira
(territórios e áreas de influência).
Marcos Osório. Arqueólogo da Câmara Municipal do Sabugal.
Introdução
Em trabalhos anteriores sobre o povoamento do Alto Côa durante o I milénio
a.C. e a época romana (Osório, 2005a: 45; Osório, 2006: 106), destacámos a intensa
presença humana assinalada na faixa de relevos que marca a divisória entre a bacia
hidrográfica do Côa e a do Zêzere - um importante limite natural entre duas regiões,
marcado por vários povoados altaneiros proto-históricos que constituem as mais
importantes referências na paisagem a nascente da Serra da Estrela.
Julgámos, agora, ser oportuno estudar, em pormenor, a concentração de
povoamento detectada nesta zona encaixada entre a Meseta e a Cova da Beira,
aplicando alguns métodos de análise territorial, de forma a obter diversos dados
sobre o povoamento do I milénio a.C. desta franja fronteiriça e proporcionar alguns
contributos para a discussão sobre os limites territoriais dos Lusitanos e dos seus
populi. Nesse sentido, alargámos o âmbito deste estudo até à serra da Esperança
(Belmonte), aproveitando para integrar alguns assentamentos inéditos neste tipo de
abordagem.
Contexto geomorfológico
A faixa de território aqui abordada marca a separação entre duas importantes
unidades geomorfológicas (figura 1). A nascente encontra-se o planalto do Alto Côa,
limitado a sul pela serra da Malcata, representando sensivelmente a continuidade do
relevo do país vizinho (Girão, 1951: 70; Ferreira, 1978: 51). A poente, a Meseta
finda subitamente e dá lugar à depressão da Cova da Beira: uma fossa com 360 km2,
delimitada por grandes acidentes orográficos – a serra da Gardunha e da Estrela - e
atravessada pelo rio Zêzere. Trata-se de uma depressão assimétrica (Ribeiro, 1949a:
5), onde a sua base aplanada, com cerca de 450-480 metros de altitude, contrasta
fortemente com os altos-relevos que a circundam (Ribeiro, 1954: 551). Por isso,
Orlando Ribeiro a apelidou de «país» (1982: 53).
O contacto entre estas duas grandes unidades geográficas é assinalado por um
rebordo de origem tectónica, fortemente trabalhado pela erosão (Ribeiro, 1949b: 37;
Ferreira, 1978: 304). Este rebordo, visto de sul e de poente, constitui o degrau de
transposição da Cova da Beira para a superfície mesetenha (figura 2).
É nesta faixa fronteiriça - abrangendo parcialmente os concelhos do Sabugal e
de Belmonte - que se encontram várias linhas de altura que marcam a paisagem e
constituem os bastiões fronteiriços entre as duas unidades geomorfológicas (figura
2). São relevos residuais de considerável altitude, que constituem a cabeceira das
linhas de água de duas importantes bacias hidrográficas: a do Côa (pertencente ao
sistema hidrográfico do Douro) e a do Zêzere (do sistema hidrográfico do Tejo)
(Ribeiro, 1982: 40).
Por aqui abria-se, desde a Antiguidade, um dos mais importantes corredores
de passagem entre as terras baixas e as terras altas (o interior norte mesetenho e a
planície da Beira Baixa), dado que para sul ou para norte da região, a topografia não
permite melhor travessia. Os povoados altaneiros aí situados constituíam, pois,
importantes pontos de controlo do trânsito de pessoas e produtos.
Caracter ização do Conjunto de Povoados Anal i sados
Nesta faixa de território conhecem-se onze povoados datados, provavelmente,
do I milénio a.C. (figura 1). Sabemos das nossas limitações para efectuar uma
descrição rigorosa deste conjunto de estações arqueológicas, sem uma cronologia
exacta para a sua ocupação. Não tendo estes sítios, ainda, sido alvo de escavação
arqueológica, excepto o Sabugal (Osório e Santos, 2003; Osório 2005a: 41), é apenas
com base na batida de campo e nas referências bibliográficas que se conhecem
razoavelmente estes habitats. Os trabalhos de prospecção têm vindo a cobrir toda esta
região, tendo-se, hoje, uma melhor noção do seu povoamento proto-histórico, mas só
as escavações poderão proporcionar cronologias, definir a organização interna dos
núcleos habitados e a extensão da mancha de ocupação, e comprovar, de facto, se
todos eram contemporâneos.
É provável que existam outros assentamentos nesta zona que ainda não foram
identificados, talvez em pontos menos destacados da paisagem, sítios de menor
categoria e dependentes dos primeiros. A descoberta de mais núcleos habitados neste
espaço analisado irá, de qualquer maneira, obrigar a rever e definir hierarquias nesta
malha de povoamento.
Foram deixados de fora deste trabalho os povoados do Castelejo (Sortelha,
SBG) e da Serra Gorda (Águas Belas, SBG) - já escavados e datados do período do
Bronze Final, com abandono na Idade do Ferro (Vilaça, 1995; Vilaça et alii, 2004;
Osório, 2005a: 39). É possível que algum dos onze povoados aqui mencionados
possa também recuar a este período e ter sido abandonado na Idade do Ferro.
Excluímos também o castro de Sortelha-a-Velha (Benquerença, Penamacor)
(Cristóvão, 1992: 28-29, n.º 25), tal como os núcleos populacionais conhecidos na
Lomba da Pedra Aguda (ver Vilaça et alii, 2000; Vilaça, 2004: 52; Silva, 2005), por
considerarmos que alargariam em demasia o nosso âmbito geográfico.
Estes onze povoados, apesar de se distinguirem em termos de dimensão,
organização interna e funcionalidade, evidenciam algumas características comuns,
próprias deste período proto-histórico, tal com outros assentamentos populacionais
da Beira Baixa (Vilaça, 2000: 33), que parecem definir o modelo peculiar de
povoamento nesta região:
a) A sua inexpugnabilidade, pela elevada altitude onde se encontram implantados,
pela grande diferença entre a base e o cume e pelas abundantes defesas naturais
(figura 5). Ocupam sempre os pontos mais elevados da região, variando a
altitude entre os 500 e os 1000 metros (540 m em Altravessos e 1015 m nas
Fráguas), diminuindo de imponência, naturalmente, à medida que entramos na
Cova da Beira (figura 2). Mesmo quando a altitude máxima não é
excepcionalmente elevada, eles revelam sempre um comando acentuado e
apresentam declives com valores superiores a 25% – condições suficientes para
serem locais efectivamente inacessíveis (Vilaça, 2000: 33).
b) O reforço defensivo com a utilização de simples construções de alvenaria de
granito, contornando parcial ou totalmente o topo do relevo habitado. Apesar
de também considerarmos que existem muitas outras razões de ordem
simbólica e social para erigir uma muralha (Fernández Posse, 1998: 219;
Vilaça, 2004: 50), ela constitui sempre um obstáculo defensivo.
c) A omnipresença. Estes povoados são constantes marcos de referência na
paisagem, sendo avistados de qualquer ponto da região envolvente (figuras 4 e
5), estabelecendo-se como verdadeiros símbolos territoriais para as populações
vizinhas e para os forasteiros.
d) Um posicionamento estratégico pensado para um domínio e controlo visual do
território imediato, sobretudo das áreas de exploração agrícola, das zonas
mineiras e dos corredores de circulação.
e) A intervisibilidade. Todos estes centros populacionais estão, praticamente,
contactáveis ao nível visual (figura 3), «exercendo uma vigilância recíproca»
que advinha um espírito de cooperação ou uma conflituosidade latente (Vilaça,
2004: 47).
f) E, por fim, a equidistância entre si, abarcando de forma cadenciada e regular o
território que controlam, dispostos por toda esta faixa de relevos numa malha
cerrada, como peças fundamentais de um processo de apropriação desse
mesmo espaço (figura 1).
Exerc ícios de Anál ise Terri tor ial
I. A análise das áreas de influência de um povoado é um exercício
desenvolvido tradicionalmente na investigação sobre o povoamento antigo de uma
região, porque possibilita a percepção da possível extensão máxima de território
afecto a um núcleo populacional, as áreas que pretenderiam explorar colocando-se
naquele ponto, o tipo de actividade empreendida pelos seus habitantes e permite
ainda adivinhar a contemporaneidade entre dois povoados, verificando, por exemplo,
se os seus domínios se sobrepõem ou se ajustam.
Apesar de se conhecerem diversas propostas de análise da primitiva ocupação
de um território, considerámos interessante a aplicação do modelo de Davidson e
Bailey nestes 11 assentamentos, baseado na premissa de que o território de um centro
populacional se define por um raio máximo equivalente a 1 hora de caminhada, que
corresponde, em terreno plano, a 5 km de distância (Vita-Finzi e Higgs, 1970: 28-
29). Estes valores são fáceis de aplicar quando estamos em ambientes de suave
orografia e sem quaisquer obstáculos que dificultem a marcha, o que nem sempre
acontece e sobretudo não ocorre nesta franja de transição da Meseta para a Cova da
Beira (figura 2).
Davidson e Bailey empregaram a noção de distância isocrónica nas suas
análises territoriais, determinando o espaço que se percorre ao mesmo tempo, em
todos os sentidos, a partir de um local habitado (1984: 30), e definiram limites de 15
minutos, 30 minutos e 1 hora de caminhada (o máximo que seria rentável para a
actividade quotidiana). Para não ter de fazer os cálculos reais do tempo de marcha,
aplicaram a fórmula de Naismith para leitura e medição nos mapas topográficos
(Davidson e Bailey, 1984: 31).
Até aqui, esta metodologia era aplicada em cartas à escala 1:50.000,
efectuando medições manuais com uma régua, o que implicava alguns problemas: a
enorme morosidade do processo e a reduzida escala de referência. Com o apoio do
Gabinete SIG da Câmara Municipal do Sabugal, na pessoa do Dr. Telmo Salgado, foi
possível desenvolver informaticamente este exercício de cálculo das áreas de
influência dos castros (figura 6), processando (em ambiente SIG) a existência de
obstáculos - essencialmente o declive e as linhas de água - em termos de distância-
tempo, de forma a encontrar o limite da hora de marcha, a partir do povoado para a
periferia. Com recurso a esta modelação informática, constatou-se que a velocidade
de cálculo foi reduzida de horas de trabalho para apenas alguns segundos e foi
possível visualizar estes resultados em diversos suportes e a diferentes escalas.
No quadro seguinte, caracterizamos sumariamente os assentamentos, em
termos geográficos e arqueológicos, e descrevemos as manchas de território obtidas
pela aplicação informática deste exercício em cada povoado:
N.º Povoado Descrição
geográfica
Estruturas
arqueológicas
Materiais Territórios de marcha
1 Sabugal
(Sabugal, SBG)
Suave outeiro xistoso, contornado pelo rio Côa, pouco destacado da superfície da Meseta.
Estruturas habitacionais (edifício rectangular, lareiras e outros vestígios estruturados).
Machado plano de cobre, cerâmica manual, cerâmica a torno de pastas finas, cossoiro de cerâmica, mós de vaivém, contas de colar de pasta vítrea, peso de seixo, artefactos de sílex e quartzo.
Território bastante extenso, devido à pouca diferença de altura entre o topo e a base, apesar do rio Côa, a poente.
2 São Cornélio
(Sortelha, SBG)
Plataforma encaixada no topo de um relevo granítico bastante elevado, que marca o rebordo da Meseta.
Estruturas defensivas. Cerâmica manual e cossoiro de cerâmica.
O território é mais pronunciado para a meseta e menos para a bacia do Zêzere. No seu território de 30 minutos ficava o povoado do Bronze Final do Castelejo, talvez abandonado para ocupar este sítio mais elevado.
3 Serra de Opa
(Moita, SBG)
Relevo granítico bastante elevado e isolado, correspondendo a um último contraforte do rebordo da Meseta.
Estruturas defensivas e habitacionais.
Cerâmica manual e a torno, lascas de quartzo hialino e mó de vaivém.
Território bastante irregular, mais pronunciado para sul, abrangendo dentro da área de 1 hora, o castro de Sortelha-a-Velha.
4 Cantos
(Sortelha, SBG)
Relevo granítico elevado e destacado da bacia da ribeira de Valverdinho.
Sem quaisquer vestígios de estruturas habitacionais ou defensivas.
Cerâmica manual.
Território irregular a norte, que se estende sobretudo para o sul, para a veiga da ribeira do Casteleiro.
5 Serra das
Vinhas
(Penalobo,
SBG)
Morro granítico elevado, entre as linhas de relevo do rebordo da Meseta.
Estruturas defensivas e habitacionais.
Dois braceletes de ouro, cerâmica manual e a torno, mós de vaivém, sílex e quartzo hialino.
Território mais pequeno e irregular, sobretudo a sudeste, dada a topografia da região.
6 Cabeço das
Fráguas
(Pousafoles do
Bispo, SBG)
Grande maciço granítico, bastante elevado, que marca o rebordo da Meseta.
Estruturas defensivas e habitacionais.
Cerâmica manual, quartzito denticulado e mós de vaivém.
Área territorial de grandes dimensões e assimétrica, devido à orografia planáltica da parte oriental e aos vales recortados, a ocidente.
7 Senhora do
Castelo
(Bendada,
SBG)
Relevo granítico elevado e destacado da base plana.
Estruturas defensivas e hbitacionais.
Cerâmica manual e a torno, tegulae e imbrices.
Território irregular, devido às zonas de relevo acidentado, e de contornos ovais, pela implantação do povoado em esporão.
8 Serra D’El Rei
(Bendada,
SBG)
Relevo granítico elevado e destacado da bacia da ribeira de Valverdinho
Sem quaisquer vestígios de estruturas habitacionais ou defensivas.
Cerâmica manual e mós de vaivém
Território simétrico devido ao posicionamento isolado deste relevo em plena depressão da Cova da Beira.
9 Altravessos
(Caria, BEL)
Pequeno relevo residual granítico.
Sem quaisquer vestígios de estruturas habitacionais ou defensivas.
Cerâmica manual e mó de vaivém.
Território extenso, devido à menor altitude do relevo, mas com algumas irregularidades a sul e a norte.
10 São Geraldo
(Caria, BEL)
Relevo granítico elevado e destacado da bacia da ribeira de Caria
Sem quaisquer vestígios de estruturas habitacionais ou defensivas.
Cerâmica manual, tegulae e imbrices, e mó giratória.
Grande território simétrico, dada a pouca altitude do povoado e o isolamento na depressão da Cova da Beira.
11 Chandeirinha
(Belmonte,
BEL)
Relevo granítico elevado e destacado da bacia do rio Zêzere
Estruturas defensivas.
Cerâmica manual.
Território bastante regular e extenso. Apesar das encostas de grande inclinação, estende-se simetricamente para todos os lados, devido à planura da Cova da Beira, sendo afectado apenas a norte, pela serra da Esperança.
Analisando as 11 manchas de tempo de marcha agrupadas (figura 6), com os
respectivos acertos nos casos de sobreposição, evidenciam-se os seguintes aspectos:
a) O povoado do Sabugal encontra-se ligeiramente distanciado dos restantes
núcleos castrejos, podendo deduzir-se que não estaria integrado nesta rede de
povoamento, mas associado a comunidades populacionais distintas, talvez
pertencentes aos Vetões. Por outro lado, a grande extensão de território
englobada pelo limite de 1 hora de marcha, em parte devido à suavidade da
topografia envolvente, parece conceder-lhe alguma importância, já anunciada
pelos materiais arqueológicos exumados nas escavações (Osório, 2005a: 42 e
46). Se assim é, confirmar-se-ia a proposta de que nas zonas de fronteira se
localizavam, frequentemente, povoados de grandes dimensões e com uma
ocupação ao longo de todo o I milénio a.C. (Vilaça, 2004: 52).
b) Existe apenas uma área vazia, na zona da serra dos Mosteiros, entre os sítios da
Serra da Opa, do São Cornélio e do Sabugal, com espaço suficiente para caber
um outro centro populacional, ainda não identificado. Na periferia destes 11
povoados existem alguns que não foram integrados e outros que ainda
desconhecemos, que podem alargar a malha e preencher o vazio exterior – que
não era o nosso objectivo neste trabalho.
c) Não se verificam quaisquer sobreposições das áreas de 30 minutos, mas são
frequentes nas manchas de 1 hora de marcha - sobretudo nos assentamentos
situados em plena Cova da Beira, dada a sua menor altitude e a regularidade da
topografia envolvente. A ocupação parece ser cadenciada e equidistante, apesar
de não respeitar as áreas máximas de influência dos povoados vizinhos, talvez
porque não fossem exploradas e se praticasse a agricultura, a pecuária e a
mineração apenas nas proximidades dos núcleos habitados.
d) Os povoados de altura da Serra das Vinhas e da Serra de El-Rei são os que se
encontram mais encaixados entre as áreas de exploração dos habitats vizinhos,
enquanto que se verifica um espaçamento maior entre os núcleos populacionais
de Altravessos, da Senhora do Castelo e das Fráguas. Entre o sítio da Senhora
do Castelo, a Serra das Vinhas, o São Cornélio e o povoado dos Cantos há
mesmo um pequeno vazio, talvez não controlado por nenhuma destas
comunidades ou sendo apenas uma zona de exploração ocasional de recursos
comuns.
e) É provável que haja uma relação directa entre a dimensão destas áreas de
influência e o tipo de actividade principal exercida por estas sociedades.
Territórios mais amplos podem possibilitar mais terreno para agricultura,
pastorícia e caça, em oposição às áreas de influência menores e encaixadas que
podem dever-se à preponderância da actividade mineira e metalúrgica das suas
gentes, nas proximidades dos habitats.
f) Os povoados parecem dispor-se emparceirados, frente a frente, de nascente para
poente, colidindo, sobrepondo e partilhando os seus territórios de 1 hora.
g) Alguns dos corredores de passagem da planície da Beira Baixa para o interior
mesetenho fazem-se neste sentido e abrem-se por entre estes povoados, em
áreas que seriam mutuamente acessíveis em 30-40 minutos de marcha, o que
demonstra o domínio exercido por estes “povoados sentinela” sobre essas vias
de penetração.
II. No âmbito destes exercícios de definição de territórios, recorremos também
ao método dos Polígonos de Thiessen, apesar das críticas que esta metodologia tem
vindo a merecer. Nesta aplicação pretende-se identificar os pontos intermédios entre
dois centros populacionais, fazendo passar por eles alinhamentos rectilíneos que,
numa malha de múltiplos sítios, acabam por formar figuras poligonais
correspondentes aos respectivos territórios teóricos. No entanto, este método obriga
que os núcleos habitados sejam não só contemporâneos, mas também da mesma
categoria, e que nenhum esteja dependente de outro, o que, perante o nosso
desconhecimento das datações e hierarquias destes onze povoados, torna os
resultados da aplicação deste exercício pouco seguros. Apesar deste método não
produzir mais do que uma aproximação ao provável domínio de um assentamento,
permite sobretudo detectar coincidências entre os seus resultados e a realidade
geográfica ou as áreas de influência obtidas por intermédio de outras metodologias.
No nosso caso, a malha poligonal revela alguns aspectos interessantes (figura
7), nomeadamente a sua relativa homogeneidade, a equidistância e a disposição
espacial dos povoados afrontados dois a dois. Tendo em conta que diferentes
necessidades exercem distintas atracções sobre a localização dos assentamentos, em
consequência de algum recurso pontual, zonal ou linear (CERRILLO MARTÍN DE
CÁCERES, 1990: 55-59), esta rede de povoamento pode ter-se definido em função
de necessidades de controlo visual e defesa do território e, sobretudo, dos caminhos
que o atravessavam, pois neles circulavam diversos bens, entre os quais o metal
(Vilaça, 2000: 33). O enfrentamento observado em alguns destes sítios, de leste para
oeste, pode dever-se a uma atracão linear comum a ambos.
Outra constatação na análise dos polígonos é a concordância entre a marcação
geométrica e alguns acidentes hidrográficos: a ribeira da Quarta-Feira marca o limite
de 3 polígonos: dos Cantos, da Senhora do Castelo e da Serra das Vinhas; a fronteira
entre os polígonos da Chandeirinha e do São Geraldo coincide praticamente com a
ribeira das Ínguias, tal como a ribeira dos Pessegueiros e a ribeira do Casteleiro
correm pelas extremidades dos polígonos da Serra da Opa e dos Cantos (figura 7).
Assim, é provável que as linhas de água tenham sido empregues, em muitos casos,
como divisórias naturais entre os domínios individuais de cada comunidade.
Confrontando os resultados obtidos na aplicação destas duas últimas
metodologias, verificamos que apenas há alguma simultaneidade entre os limites dos
polígonos e as manchas de 30 minutos de marcha (figura 8). Já não se observa a
mesma coincidência com o território de 40 a 60 minutos.
Verifica-se também que o povoado de São Cornélio se destaca pelo território
mais amplo, sendo talvez o mais importante. A grande distância entre ele e o núcleo
do Sabugal é também nítida no confronto das duas metodologias.
III. Por fim, outra operação bastante útil na análise do povoamento de uma
região é a elaboração de bacias de visão, especialmente naqueles núcleos
populacionais cuja importância advém da sua destacada posição altimétrica, como
acontece aqui.
Estas bacias, obtidas por meio de sistemas informáticos, reflectem o grau de
visibilidade, em função do número de observadores que conseguem avistar cada
superfície, a partir de um sítio ou de todos ao mesmo tempo. A localização, a
altitude, o alcance e o ângulo de visão dos postos de observação podem ser definidos
pelo próprio utilizador da metodologia.
Apresentamos apenas um exercício exemplificativo, elaborado pelo Gabinete
SIG da autarquia do Sabugal, colocando o ponto de observação num dos núcleos
habitados mais elevado – o São Cornélio, a 960 metros de altitude.
Do resultado obtido com esta aplicação (figura 9), constatamos que este
povoado avistava perfeitamente todos os restantes sítios, excepto o Sabugal (o que
mais uma vez o afasta desta “comunidade” de povoados), e visualiza dificilmente a
plataforma habitada dos Cantos. Os outros núcleos populacionais também tinham
presente o próprio São Cornélio, que parece constituir, juntamente com as Fráguas,
uma das referências visuais mais importantes para as populações da Cova da Beira e
do Alto Côa (figura 4). Naturalmente, é possível que este contacto visual permanente
entre os povoados, sendo todos contemporâneos, comprove a existência de laços de
solidariedade entre eles, sobretudo em caso de ameaça e defesa mútua. Esta
constatação pode ser um ponto de partida para a compreensão dos motivos que
presidiram à fundação destes locais para habitação, intencionalmente colocados em
campos de visão comuns, como meio de coesão e prova de afinidade étnica (Vilaça,
2004: 47).
Considerações Finai s
Estes exercícios de análise territorial, embora tenham vindo a ser ultimamente
questionados e tenham caído em desuso pelas suas limitações e pelos diversos
problemas que levantam na interpretação dos resultados (ver Carvalho, 2006: 38-40),
suscitaram-nos diversas reflexões e originaram novas questões para o
prosseguimento da investigação. Considerámos que não seria uma má opção de
trabalho pelo facto de nesta região serem raras as abordagens feitas neste sentido e
com o recurso a estes métodos, e porque são escassos os dados disponíveis para o
estudo das questões relativas aos territórios e às divisões étnicas no I milénio a.C.
nesta região.
Após a análise dos tempos de marcha dos onze povoados castrejos, dos
resultados obtidos pela aplicação do exercício dos Polígonos de Thiessen, bem como
da bacia de visão do São Cornélio, salientam-se alguns aspectos concernentes ao
povoamento do I milénio a.C. nesta faixa de território:
1) Verifica-se que a ocupação humana desta área, sendo contemporânea, é
bastante concentrada e encaixada, denotando a existência de relacionamentos
económicos e de fortes vínculos sociais, dada a frequente sobreposição das áreas de
tempos de marcha. A reduzida área de exclusividade da maioria destes povoados
pode evidenciar a inexistência de conflitos, se houve a opção pela exploração das
terras localizadas apenas a 30-40 minutos de caminhada. Aqui poderiam ter residido
pequenas comunidades auto-suficientes, com pouca extensão de terra cultivada em
torno do assentamento, sobrepondo, talvez sem desentendimentos, os seus territórios
de 40 minutos a 1 hora de marcha.
A malha apertada dos núcleos habitados demonstra alguma coesão da
população que exercia o domínio, a defesa e a exploração da região. As vias de
comunicação e as zonas de actividade mineira que conhecemos nesta área estavam
sob controlo destas comunidades, que, em poucos minutos de deslocação, podiam
aceder a elas ou reunir-se na defesa conjunta desse espaço comum.
Na figura 10, adivinha-se que o modelo de povoamento do território a poente
do vale do Côa é bastante distinto da malha de povoados a nascente, na Meseta, onde
os núcleos habitacionais que se conhecem, com ocupação datada da II Idade do Ferro
(Castelos de Ozendo e Sabugal Velho: Osório, 2005a: 40, 41 e 46), junto com o
Sabugal, apresentam-se distanciados entre si, com territórios de marcha mais
extensos (devido ao relevo planáltico), perfeitamente separados e autónomos.
Estas diferenças de povoamento parecem confirmar, uma vez mais, a hipótese
de que o Côa (Bonnaud, 2002: 179) ou, mais concretamente, a faixa de terrenos entre
os povoados do Sabugal e do São Cornélio, estabelecia a fronteira entre diferentes
unidades étnicas, neste caso, entre Lusitanos e Vetões (Osório, 2005a: 47).
2) Constata-se nestes povoados estudados a mesma obsessão observada em
outros locais da Beira Interior (Vilaça, 2004: 47), de ocupação, durante o I milénio
a.C., dos lugares elevados que marcam as grandes divisórias naturais (figura 2), que
constituíam, por isso mesmo, importantes vínculos paisagísticos na região - uma
espécie de «mapas mentais» de referência (Vilaça, 2004: 47) para as comunidades
que residiam, não só na bacia do Zêzere, mas também no vale superior do Côa
(figuras 4 e 5). Ainda para mais, constituindo esses relevos as posteriores balizas de
demarcação das civitates romanas locais, segundo as actuais propostas (Alarcão,
2001: 297 e 298, fig. 3; Carvalho, 2006: 220; Osório, 2006: 94).
Mas, uma linha de alturas que constituía o termo administrativo de um
determinado município romano, não terá sido, seguramente, o limite do território
explorado pela comunidade indígena local que residia, no I milénio a.C., no topo
dessa cordilheira (figura 12).
Já anteriormente salientámos que este desfasamento entre ambas demarcações
deve levar-nos a rever a questão sobre as divisões étnicas pré-romanas e as fronteiras
políticas impostas posteriormente pelo Império Romano (Osório, 2005a: 45). Apesar
das civitates romanas terem sido formadas com base nas entidades étnicas anteriores,
os romanos parecem não ter respeitado grandemente a organização espacial
preexistente. O próprio conceito romano de fronteira é totalmente distinto do
praticado na época pré-romana, sendo aplicado a outra escala e de forma mais
estruturante (Carvalho, 2006: 223-224).
Devemos recordar que os limites territoriais são sempre concebidos a partir
de um ponto central de observação. Para os mensores romanos, a delimitação da
linea confinalis de uma determinada civitas, deveria ajustar-se, se possível, com os
acidentes orográficos mais significativos existentes em torno do aglomerado urbano,
localizado num ponto de baixa altitude, enquanto que, para um indígena castrejo, o
limite natural do seu território terá que coincidir com um acidente físico que a sua
vista alcança desde o alto habitado – por exemplo um rio, uns penedos ou um bosque
ou, pelo menos, deve corresponder à extensão máxima de percurso diário que ele
efectua.
Deste modo, temos que supor que o território das tribos da Idade do Ferro
desta região, tradicionalmente consideradas como lusitanas (Alarcão, 2001: 295),
raramente coincidirá com a demarcação romana dos municípios onde esses populi
foram integrados. Já apresentámos, à semelhança de outros investigadores, diversas
propostas de delimitação dos territórios das várias civitates e populi da Beira Interior
(Osório, 2006: 91), atribuindo às principais unidades geomorfológicas da região,
determinadas individualidades étnicas pré-romanas. Mas, analisando esta típica
disposição dos seus centros populacionais, consideramos que os seus territórios só
parcialmente encaixavam em unidades geográficas bem definidas, como foram as
posteriores civitates romanas (Carvalho, 2006: 222).
Pedro Carvalho já tinha chamado à atenção para o estranho facto dos
povoados pré-romanos conhecidos na actual Cova da Beira não se encontrarem no
interior da unidade geográfica/administrativa, mas apenas na sua periferia (Carvalho,
2006: 222). Assim sendo, só poderia haver coincidência entre as duas unidades
territoriais romana e pré-romana se admitíssemos que esta colocação periférica fosse
propositada, de forma a fechar o seu território comum, para o qual estavam virados
(Carvalho: 2006: 223, nota 5). Nesse sentido, a ocupação deste mesmo território, em
distintos períodos, somente se diferenciava na perspectiva em que ele era controlado
e visualizado do exterior para o interior, antes dos romanos, e do centro para a
periferia, na época clássica.
O território de uma determinada entidade étnica indígena seria o somatório
das diversas áreas de influência dos povoados que a constituíam, englobando o
conjunto de núcleos humanos equidistantes, intervisíveis e que controlavam o mesmo
espaço (figura 11), logo, as suas fronteiras também não seriam estáticas, nem
marcadas por padrões, mas seguramente esbatidas e oscilantes, sempre dependentes
da evolução dos processos de interacção entre as comunidades (Vilaça, 2004: 52;
Carvalho, 2006: 223).
3) Voltando aos nossos povoados estudados, verificamos que alguns se
situam exactamente no ponto de transição da Meseta para a Cova da Beira (sobretudo
o São Cornélio e as Fráguas), prolongando as suas áreas de influência para ambas
regiões, em especial para a plataforma mesetenha, dada a menor pendente do relevo e
a maior suavidade orográfica (figura 6), e possuindo, também, um amplo controlo
visual dos dois espaços físicos (como vimos no exercício da bacia de visão do São
Cornélio: figura 9).
Se considerarmos que estas duas unidades geomorfológicas constituíram, na
época romana e medieval, distintas regiões administrativas e políticas, para que lado
se transferiram as populações autóctones, após o abandono dos primitivos povoados?
Em que municípios romanos foram elas incorporadas e a que sede administrativa
estas gentes, residentes nos inúmeros assentamentos romanos conhecidos no interior
da área de 1 hora de marcha dos primitivos habitats indígenas, pagavam o seu
periódico tributum ou stipendium (Carvalho, 2006: 203-204)?
As comunidades residentes nos povoados mais ocidentais desta faixa de
território terão sido integradas na civitas sedeada na Cova da Beira, mas
desconhecemos se as populações indígenas dos povoados fronteiriços mais orientais
se transferiram para o mesmo município ou para o território do Alto Côa. Terão sido
todos estes centros populacionais incorporados numa única unidade administrativa
ou a reorganização política romana provocou, propositadamente, cisões entre as
populações com afinidades étnicas como meio de quebrar a primitiva coesão?
4) Não sabemos se estes onze povoados eram habitados por gente com a
mesma origem étnica. Desconhecemos sequer se seriam todos exclusivamente de
substrato lusitano ou apenas parte deles, mas já defendemos atrás que o habitat mais
oriental desta cadeia de povoamento, o Sabugal, poderia pertencer aos Vetões.
Também não temos sequer uma ideia da organização social destas populações proto-
históricas e de como se processava a distribuição por um determinado território dos
núcleos populacionais com a mesma origem cultural e étnica.
Mas, tem sido defendido que na depressão da Cova da Beira viviam, em
época romana, os Ocelenses (Alarcão, 1998: 203; Carvalho, 2003: 174; Carvalho,
2006: 231). Pedro Carvalho fez passar os limites orientais deste populus, com a
capital administrativa e política em Orjais (Carvalho, 2006: 236), pela linha de
alturas onde se situam as plataformas habitadas que aqui abordámos (Carvalho,
2003: Est. I) (figura 12), os tais povoados periféricos que este investigador
considerou serem a base populacional da gente que integrou posteriormente esta
civitas (Carvalho, 2006: 222).
Logo, os Ocelenses residiam, provavelmente, nestes “povoados sentinela“
quando os romanos chegaram a esta região, estando então já confinados,
naturalmente, a este enclave territorial, não tendo sido conduzidos para aqui por
imposição romana, mesmo que a sua capital tenha sido fundada ex nouo (Carvalho,
2006: 720), com população maioritariamente deslocada do povoado castrejo
sobranceiro.
Para esta suposição muito contribui a descoberta de uma ara romana na base
do relevo onde se situa o povoado das Fráguas, erguida pelos Vicani Ocelonenses
(Osório, 2002), associada aos vestígios arqueológicos de uma extensa estação
romana que se acredita ser o vicus Ocelona (Fernandes et alii, 2006: 176). Sendo um
topónimo nitidamente derivado de Ocellum - palavra de raiz indo-europeia com o
significado de «alto» ou «topo elevado» (Fernández-Albalat, 1990: 124; Prósper,
2002: 108-109), é muito provável que este seja o nome indígena do Cabeço das
Fráguas.
Neste caso, se as Fráguas não são apenas mais um dos muitos povoados com
nome formado a partir de okello que ocorrem na toponímia peninsular (Albertos
Firmat, 1985: 472-473; Prósper, 2002: 109), sem qualquer relação directa com estes
Ocelenses, então, pelo contrário, o etnónimo pode até ter-se originado neste
primitivo nome das Fráguas, dado o seu carácter sagrado e centralizador entre os
restantes assentamentos envolventes (Alarcão, 1988: 164; Vilaça, 2005: 20-21) e a
sua vincada omnipresença na paisagem, sendo um dos poucos povoados que é visto
por todos os restantes. Mas, também não devemos excluir a hipótese de que o vicus
Ocelona provenha somente do nome do populus que habitava a região, localizando-
se exactamente num trifinium do seu provável território (Fernandes, et alii, 2006:
180).
Porém, considerando que o vocábulo indígena okello foi aplicado a diversos
povoados de altura da Península Ibérica, com o sentido equivalente ao termo latino
oppidum (Prósper, 2002: 110, nota 23; Curado, 2004: 76, nota 3; Osório, 2006: 49),
não poderá este etnónimo, seu derivado, expressar uma realidade cultural específica
da região, relacionada com as características do povoamento do I milénio a.C.?
Seriam os habitantes destes centros populacionais que delimitavam a Cova da Beira
chamados Ocelenses, porque residiam em lugares muito elevados e perfeitamente
reconhecidos na paisagem da Beira Interior e não porque simplesmente vivessem em
torno de uma importante capital denominada de Ocellum (Alarcão, 1988: 203: nota
18)?
Reconhecemos que muitos dos pressupostos aqui equacionados carecem
ainda de verificação arqueológica, no entanto, visámos produzir algumas reflexões a
partir da aplicação de alguns destes exercícios que contribuíssem para o
prosseguimento desta investigação. Todas as questões aqui deixadas, fruto da análise
dos resultados que as diversas metodologias informáticas proporcionaram, deverão
ser repensadas e, se possível, confirmadas ou refutadas com o prosseguir dos
trabalhos arqueológicos nesta região e com os contributos dos investigadores que se
debruçam sobre este território. Mas, só com a escavação de muitos destes sítios e a
definição das cronologias exactas de todos estes povoados, de forma a sustentar a sua
contemporaneidade, se poderão resolver as maiores dúvidas.
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Figura 1 - Localização dos onze povoados estudados.
1 – Sabugal. 7 – Senhora do Castelo. 2 – São Cornélio. 8 – Serra d’El-Rei. 3 – Serra de Opa. 9 – Altravessos. 4 – Cantos. 10 – São Geraldo. 5 – Serra das Vinhas. 11 – Chandeirinha. 6 – Cabeço das Fráguas.
Figura 2 – Distribuição dos onze povoados numa carta de relevo.
Figura 3 – Povoados visíveis desde o topo do São Cornélio, para noroeste.
Senhora do Castelo Serra das Vinhas
Cabeço das Fráguas
Figura 4 – Povoados visíveis desde a superfície da Meseta, para poente.
Figura 5 – Fisionomia de alguns destes povoados, vistos desde a Cova da Beira.
Cabeço das Fráguas
São Cornélio
Serra de Opa
Serra d’El-Rei
Figura 6 - Áreas de influência dos onze povoados, com base nos tempos de marcha.
Figura 7 – Resultados da aplicação do método dos Polígonos de Thiessen nestes povoados.
Figura 8 – Confronto do resultado da aplicação das duas metodologias utilizadas.
Figura 9 – Definição da bacia de visão (viewshed) a partir do povoado do São Cornélio.
Figura 10 – Comparação dos tempos de marcha dos povoados da área de transição geomorfológica, com os restantes assentamentos populacionais conhecidos na Meseta.
Figura 11- Somatório das áreas de marcha de 1 hora dos povoados, em confronto com as principais linhas de demarcação das unidades geográficas da região.
N
Figura 12 – Proposta de demarcação do território da civitas dos Ocelenses, na Cova da Beira, apresentada por Pedro C. Carvalho, localizando a área objecto desta abordagem (Carvalho,
2003: Est. I).