o programa aplicaÇÕes de inovaÇÕes revoluÇÕes para o ... · conheÇa um pouco da metodologia...

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V i venciando E xp eriência s Ino v a dora s Desenvolvimento de Lideranças: O PROGRAMA REVOLUÇÕES PARA O COTIDIANO DOS PEQUENOS NEGÓCIOS APLICAÇÕES DE CONHECIMENTOS TECNOLOGIA PARA PROVER MUDANÇAS DE CENÁRIOS INOVAÇÕES COMO SOLUÇÃO DE ACESSO A MERCADOS Ed. 3 • Ano 2 Nº 3 • Nov./2015

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VivenciandoExperiências

Inovadoras

Desenvolvimento de Lideranças:

O PROGRAMAREVOLUÇÕES PARA O COTIDIANO

DOS PEQUENOS NEGÓCIOS

APLICAÇÕES DE CONHECIMENTOS

TECNOLOGIA PARA PROVER MUDANÇAS DE CENÁRIOS

INOVAÇÕESCOMO SOLUÇÃO DE ACESSO

A MERCADOS

Ed. 3 • Ano 2 Nº 3 • Nov./2015

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©2015. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SebraeUniversità Cattolica del Sacro Cuore (UCSC)Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n.° 9.610).

INFORMAÇÕES E CONTATOSServiço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SebraeUniversidade Corporativa SebraeSEPN – Quadra 515, Bloco CCEP: 70.700-900 – Brasília – [email protected] 0800 570 0800www.Sebrae.com.br

Presidente do Conselho Deliberativo NacionalRobson Andrade

Diretor-PresidenteGuilherme Afif Domingos

Diretora TécnicaHeloisa Regina Guimarães de Menezes

Diretor de Administração e FinançasLuiz Eduardo Pereira Barretto Filho

Gerente da Unidade Universidade Corporativa SebraeJosé Claudio dos Santos

Gerente-Adjunta da Unidade Universidade Corporativa SebraeAlzira de Fátima Vieira

REVISTA EXPERIÊNCIAS DE HOJE INOVAÇÕES DE AMANHÃCoordenação editorialMara Sonia Bauer e Paulo Roberto de Melo Volker

Consultoria de criação e desenvolvimento de metodologiaMonclair Cammarota e Veronica Marques

Consultoria de edição final de textosVerônica Marques

Unidade de ComunicaçãoCândida Bittencourt

ISSN 2359-4268

Colaboradores desta publicação:Adriana de Barros Rebecchi / Ana Lucia Nunes Oliveira / AndréLuis Vieira Campos / André Luiz Spinelli Schelini / Augusto Tognide Almeida Abreu / Carlos Alberto da Silva / Christiane Barbosae Castro / Claiton dos Santos / Cláudia Pacheco / Cláudio Luizde Souza Oliveira / Débora Florencio Gonçalves Barbosa Maciel/ Elton Augusto Lima Pantoja / Everaldo Figueiredo / FabioBúrigo Zanuzzi / Flávia Brasil de Luna / Flavia Martins de BarrosFirme / Geórgia Alcântara Costa de Pádua / Giovane Ferreirade Carvalho / Isailton Santos Reis / Izana Assunção Alves/ Jefferson Ney Amaral / Joel Franzim Junior / José RicardoMendes Guedes / José Ronil Rodrigues Fonseca / Kátia MariaMoraes Veskesky Machado / Maísa de Holanda Feitosa /Marcelo Ribeiro de Araújo / Marco Aurélio Rosas / Marcy ReginaMartins Soares / Maria Denise Nunes Bitencourt Brito / Mariado Socorro Felix de Oliveira / Maria Tereza de Oliveira Marangon/ Maurício Leite Lima / Milene Lopes da Silva / RaimundoReginaldo Braga Lobo

Crédito das fotos: colaboradores participantes do curso / Gilmar Félix / Charles Damasceno / Lucio Bezze

Todos os textos são resultados do Programa Internacional de Desenvolvimento de Lideranças do Sistema Sebrae, realizado ao longo de 2015, em parceria com a Università Cattolica del Sacro Cuore (UCSC) – ALTIS, Postgraduate Scholl Business & Society.

Editorial4 COMPARTILHANDO MÚLTIPLOS

CONHECIMENTOS

ARTIGO5 LIDERANÇAS QUE APRENDEM E

ENSINAM

Programa6 MÚLTIPLOS OLHARES PARA

INCREMENTAR PEQUENOS NEGÓCIOS

8 CONHECIMENTOS COLETIVOS E EXPERIÊNCIAS REVOLUCIONÁRIAS

14 COMPARATIVO DE OLHARES BRASIL E ITÁLIA

16 UM PASSEIO PELA ITÁLIA

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS20 CONHECIMENTOS NA BAGAGEM

24 INOVAR PARA TRANSFORMAR

inovação28 INOVAÇÕES ITALIANAS OLHARES

BRASILEIROS

34 PALAVRA DE LÍDER: A ITÁLIA SE DESTACA POR?

39 INOVAÇÕES PARA TRANSFORMAR O SEBRAE

45 CONSOLIDANDO O FUTURO DO BRASIL

49 NOVAS VISÕES E HORIZONTES

52 UM ANO DEPOIS DO PROGRAMA

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4 | experiências de hoje inovações de amanhã4 | experiências de hoje inovações de amanhã

Você está recebendo a tercei-ra edição da Revista “Experi-ências de Hoje – Inovações de

Amanhã”, criada com o propósito de promover o compartilhamento dos conhecimentos e das experiências adquiridas pelas lideranças do Sis-tema SEBRAE, que participaram do Programa Internacional de Desen-volvimento de Lideranças – 3ª edi-ção - turma para gerentes.

O programa foi estruturado em três etapas, iniciando com a primeira eta-pa à distância que teve como objetivo promover um nivelamento conceitu-al sobre os seis temas centrais do pro-grama (Empreendedorismo, Inovação, Sustentabilidade, Encadeamento pro-dutivo, Desenvolvimento Territorial e Marco Legal e Institucional para os Pequenos Negócios). A metodologia

Editorial

utilizada contou com atividades on-line e seminários interativos ao vivo, conduzi-dos por professores italianos da Universi-dade Católica Del Sacro Cuore.

A segunda etapa trouxe ativida-des presenciais na Itália, oportunida-de em que os participantes vivenciaram na prática os conhecimentos adquiridos na etapa à distância. Nesta fase, os par-ticipantes registraram suas percepções considerando as diversas atividades rea-lizadas, com foco nas visitas técnicas, que permitiram analisar os conceitos aborda-dos na etapa EAD e observar a realidade das pequenas empresas na Itália e na Eu-ropa, indicando a aplicabilidade junto aos pequenos negócios no Brasil.

Foi realizada ainda visita à Expo Milão, exposição mundial que acontece a cada cinco anos. Em 2015, o tema foi “Alimen-tando o Planeta, Energia para a Vida” e

teve o objetivo de ampliar o debate so-bre como nutrir o planeta de forma sus-tentável, justa e saudável, promovendo as identidades culturais e contando com a participação de dezenas de países.

Além disso, foram visitadas as seguin-tes empresas: Latteria Soresina e Con-sorzio Grana Padano; Cantine Bonelli, Centro Tessile Serico; Copan Italia SPA; Agricoltori Riuniti Piacentini; e Distretto di Lumezzane.

A terceira etapa, consiste na disse-minação do conhecimento para todos os colaboradores do Sistema Sebrae e se traduz nesta revista, que visa di-fundir as informações para o maior número de pessoas possível e con-tribuir com a capacitação de todos que visam a melhoria dos resulta-dos dos pequenos negócios no Brasil. Boa leitura!

COMPARTILHANDO MÚLTIPLOS CONHECIMENTOS

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ARTIGO

LIDERANÇAS QUE APRENDEM E ENSINAM

“Ao olhar para o próximo século, os

líderes serão aqueles que capacitam os outros”, Bill Gates.

A Universidade Corporativa Se-brae - UCSebrae promove a educação continuada dos co-

laboradores do Sistema Sebrae e suas oportunidades educacionais demonstram uma estreita vincula-ção com o Direcionamento Estraté-gico, com os macroprocessos e seus mapas de contribuição para a estra-tégia e com o Sistema de Gestão de Pessoas.

No intuito de transformar a organi-zação em um espaço de aprendizagem permanente, oportuniza a construção de novos conhecimentos, o exercício de habilidades e a reflexão quanto a valores e atitudes.

Dentre os diversos públicos aten-didos encontram-se as lideranças, um público exigente, em busca con-tínua pelo aprendizado, com necessi-dades e realidades distintas e diante de um contexto de mudanças e desa-fios constantes.

Diversos autores, dentre os quais destacamos Meister e Willyerd (2013), indicam que criar um ambiente que

seja colaborativo, autêntico, perso-nalizado, inovador e social requer líderes cujos comportamentos de li-derança criem e reforcem esse am-biente. Além disso, eles apontam diversas características para o lí-der do futuro, ressaltando-se: lí-deres que veem o desenvolvimento das pessoas como um dos seus ob-jetivos mais importantes, incluindo o fornecimento de feedback hones-to, orientação na carreira e oportu-nidades de aprendizagem.

Nesse contexto, a Universidade Cor-porativa Sebrae estabeleceu parceria

com a Universidade Católica de Milão para desenhar um programa total-mente customizado que estives-se de acordo com seus princípios e pudesse atender a um público tão eclético. Dessa forma, foi estrutu-rado o Programa Internacional para Desenvolvimento de Lideranças do Sistema Sebrae, englobando temas estratégicos para o Sebrae e visan-do oferecer capacitação de alto ní-vel para suas lideranças.

A metodologia do programa consi-derou os diferentes estilos de apren-der dos participantes, apresentando formas diversificadas de aprendiza-gem. Além disso, esteve em constante atualização, baseada nos feedbacks de todos os envolvidos no proces-so, gerando melhorias que permi-tem que o programa se reinvente a cada edição. A intenção é que to-dos compreendam que promover o desenvolvimento dos líderes im-pactará em uma atuação cada vez mais efetiva e refletirá diretamen-te nos resultados da instituição.

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Em um ambiente em que as barreiras físicas e digitais se sobrepõem, o desafio de po-

tencializar pequenos negócios bra-sileiros é constante. O Programa Internacional para Desenvolvimen-to de Lideranças do Sistema Se-brae, realizado desde 2013, colocou em pauta ao longo de suas turmas a necessidade de superação contínua. Em 2015, representantes de todos os estados brasileiros tiveram aces-so a momentos de formação on-line, apresentações de professores inter-nacionais, vivências na Itália e muito intercâmbio que construíram pontes entre os múltiplos olhares desenha-dos para incrementar os pequenos negócios nacionais.

MÚLTIPLOS OLHARES PARA INCREMENTAR

PEQUENOS NEGÓCIOS

Lideranças do Sebrae de todo o Brasil

integraram a turma 2015 do Programa

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NÚMEROS QUE MARCARAM O

PROGRAMA

Turmas com lideranças locais, regionais e nacionais

Edições da Revista Experiências de Hoje – Inovações de Amanhã

Gestores, incluindo gerentes da capital, dos escritórios regionais e do Sebrae Nacional

15Visitas técnicas a empresas italianas

1Participação internacional na Expo Milão

2Semanas de vivências internacionais na Itália

E mais: conjunto de videoaulas, vídeos de estudos de caso, entrevistas, propostas de leitura e exercícios interativos; milhares de momentos de aprendizado e de intercâmbio entre os gestores; centenas de novas oportunidades em negócios e conhecimentos para pequenos negócios.CONHEÇA UM POUCO DA METODOLOGIA

PARA A TERCEIRA TURMA

Etapa 01> Colocou em pauta o empreendedorismo, a inovação,

a sustentabilidade, o encadeamento produtivo, o desenvolvimento territorial e o marco legal e institucional para os pequenos negócios. Em dezenas de horas, reuniu atividades on-line e seminários interativos ao vivo.

> 6 macro temas em conhecimentos

Etapa 02> Trouxe atividades presenciais na Itália, com visitas técnicas

nas empresas Latteria Soresina, Consorzio Grana Padano, Cantine Bonelli, Centro Tessile Serico, Copan Italia SPA, Agricoltori Riuniti Piacentini e Distretto di Lumezzane. Promoveu ainda a participação dos integrantes na Expo Milão, cujo tema foi “Alimentando o Planeta, Energia para a Vida”.

> 7 visitas técnicas em empresas italianas> 1 Participação internacional na expo milão

Etapa 03> Promoveu a sinergia dos conhecimentos e das vivências

nesta edição da Revista - instrumento de multiplicação do Programa e difusão nacional das oportunidades proporcionadas.

> 1 nova edição da revista Experiências de Hoje Inovações de Amanhã

As lideranças tiverem a oportunidade de acumular uma nova bagagem de possibilidades

A iniciativa promoveu conhecimentos técnicos e vivências em solo italiano

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CONHECIMENTOS COLETIVOS E

EXPERIÊNCIAS REVOLUCIONÁRIASAo longo de vários meses de Programa, reflexões criativas e coletivas

fizeram parte da rotina dos gestores. Inspiração e cocriação foram atitudes que permearam toda a iniciativa - tanto no módulo on-line

quanto nas vivências italianas. Olhar para esse processo de crescimento pro-fissional e pessoal é também potencializar novos caminhos e dar voz às mu-danças que alteram os hábitos de empreender.

NOVO OLHAR“O Programa permitiu uma

análise mais profunda a respeito do empreendedorismo e mostrou que os pequenos negócios são peças-chave no desenvolvimento territorial. São ainda geradores de riquezas dentro de um país, promovendo o crescimento econômico e melhorando as condições de vida da população. Aprendi que com as micro e pequenas empresas preparadas, em um ambiente institucional favorável e um cenário mais competitivo maior será sua capacidade de promover o desenvolvimento. Precisamos estimular a cultura da inovação, fomentar programas de apoio à incubação e

criar fundos de investimentos para promover um ambiente favorável ao desenvolvimento territorial”, Katia Maria

Moraes Veskesky Machado, gestora do Sebrae/RR.

CONCRETUDE DE EXPERIÊNCIA

“Estar in-loco, visualizando as mudanças e conversando com seus partícipes, é uma experiência fantástica. Uma analogia que podemos fazer é a de alguém explicando para uma pessoa como é passear em uma roda gigante. Ele poderá falar da altura, das voltas, do barulho, do formato, mas, a sensação e outras percepções não serão repassadas. Isto é natural e somente será suprido quando houver uma ação presencial. É a vivência da situação que mostra

e inspira o aprendizado”, Jefferson Ney Amaral,

gestor do Sebrae/MG.

Programa

MUDANÇAS CONCRETAS“Imaginem uma pessoa prática e até certo ponto pessimista que, a partir de uma imersão de uma semana no exterior, muda suas crenças e passa a ver com otimismo até o momento de crise pelo qual estamos passando. Este foi o maior impacto que sofri, mas não o único. Temos muito a evoluir e lentamente conseguiremos. Espero poder contribuir, com a ínfima parcela que me cabe, junto ao empresariado do agreste pernambucano”, Débora Florêncio Gonçalves, gerente do Sebrae/PE.

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INTERCÂMBIO DIFERENCIADO“Foi bastante importante a comparação entre Brasil e Itália, em especial no que tange a diferentes realidades encontradas naquele país, onde há grandes contrastes entre o Norte e o Sul. O Sul da Itália foi apresentado como mais parecido com o Brasil por ser mais dependente do governo. A experiência dos distritos industriais italianos estimulou a adoção, aqui no Brasil, do Arranjo Produtivo Local. Conceito que, apesar de atualmente não constituir o mais adequado referencial para o desenvolvimento de territórios, ainda permanece vivo na descrição de algumas políticas de desenvolvimento local”, Christiane Barbosa e Castro, gerente do Sebrae/ES.

COMPETITIVIDADE EM FASES““A parte conceitual foi de extrema importância,

principalmente, quando estabelecemos um paralelo com o utilizado em nossas intervenções territoriais. Percebemos o quanto

estamos distantes da realidade conceitual. Os distritos industriais estudados e visitados estabelecem relações empresariais importantes com grupos daqueles territórios através de seus processos produtivos e não puramente em uma área para assentar empresas. Adotar o conceito de sustentabilidade sobre a ótica da competitividade também me fez refletir sobre como devemos abordá-lo, principalmente, na formulação de estratégias importantes no desenho de novas formas de intervenção não somente nas MPE’s, mas, principalmente, nas intervenções territoriais”, Raimundo Reginaldo Braga Lobo, gestor do Sebrae/CE.

IDEIAS INTERNACIONALIZADAS

“Durante a Expo Milão, eu pude entender porque o Brasil se tornou figura importante no ambiente internacional quando

o tema é a produção de alimentos. As pesquisas desenvolvidas pela EMBRAPA, desde a década de 1970, vêm elevando a

produtividade da agricultura brasileira, desenvolvendo novas variedades e estimulando produtores a investir neste segmento que se torna cada vez mais estratégico”, Giovane Ferreira de Carvalho, gerente do Sebrae/GO.

Os momentos de vivências concretas propiciaram novas reflexões

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POTENCIAL DA COLABORAÇÃO“O Programa possibilitou ricas trocas entre líderes de diferentes

regiões, professores e empresários, possibilitando conhecer cenários inovadores e proporcionando novas formas de pensar,

planejar, agir e fazer acontecer. Trocas estas que proporcionam fazer comparativos da etapa presencial como estudante, consumidora e turista, percebendo as peculiaridades de cada país. A diversidade

de informações é fato marcante para que o conhecimento flua de uma maneira a percorrer todos os temas abordados

na teoria e prática”, Maria Tereza de Oliveira Maragon, gerente do Sebrae/RO.

SINERGIA DE SUCESSO“A etapa presencial foi de grande relevância, principalmente,

o contato que tivemos com os nossos colegas de diversos setores e regiões. Em momentos de opiniões diferentes nas atividades aplicadas pelo

curso, conseguimos chegar a um resultado no qual todos entendessem o objetivo e onde devemos chegar. As visitas técnicas às empresas contribuiram para que tivéssemos

uma comparação com empresários de visão ousada. Foi fundamental o que me foi proporcionado na etapa presencial. Agradeço a oportunidade e colocarei em prática

todo o conhecimento recebido, repassando aos colaboradores do Sebrae Amazonas e, principalmente, a Unidade que gerencio no Município de Itacoatiara”, Milene Lopes da

Silva, gerente do Sebrae/AM.

Programa

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VIVÊNCIAS DIRECIONAIS“Considero o conteúdo do programa totalmente

adequado às necessidades de aprendizado dos colaboradores do Sebrae. Muitos aspectos puderam ser

demonstrados na viagem, principalmente, as realidades de encadeamento produtivo e empreendedorismo das

empresas italianas. Conhecer um pouco na prática sobre os distritos industriais italianos, que sempre

nortearam os estudos e as aplicações de metodologias de desenvolvimento territorial, tornou-se o auge

da viagem, pois propiciou entender as relações empresariais e interinstitucionais de apoio,

assim como a organização dos setores envolvidos para a promoção do

desenvolvimento”, Mauricio Leite Lima, gestor do Sebrae/MA.

OUTRAS CULTURAS“Foram vários os aprendizados obtidos durante

o Programa. Por exemplo, o grande envolvimento e a atuação das universidades junto às pequenas empresas contribuindo bastante no processo de pesquisa e inovação, a importância do desenvolvimento territorial para as empresas italianas e a não dependência do governo para o desenvolvimento de suas atividades. A experiência como gestora de projetos, atendimento e, agora, Coordenadora Regional me ajudou a entender quais ações podemos aplicar em nossas empresas no Brasil e quais estão ligadas a cultura do país. A questão do associativismo e do desenvolvimento territorial já faz parte da cultura dos empresários italianos, o que ajuda na criação de redes e no fortalecimento das micro e pequenas empresas”, Cláudia Pacheco,

gestora do Sebrae/RJ

VISÕES AMPLIADAS“Já havia participado de algumas missões

internacionais, levando e acompanhando grupos de empresários. Essa foi a primeira vez que participei pelo

Sebrae de uma formação. As duas fases, EAD e a presencial em Milão, foram fantásticas. No primeiro momento, os estudos à

distância com vídeos-aulas e relatos de empresários deram visões sobre os tema abordados e levaram a pensar de forma mais clara

e comparativa. Com as visitas orientadas e o acompanhamento de professores, ficou mais evidente algumas diferenças entre as realidades

dos dois países e empresas. Quanto a viagem em si, devo acrescentar que, não só a troca de experiências com os empresários, professores e equipe de

apoio, valeu sobremaneira a vivência com os colegas das UFs do Brasil. Foi rico conviver com pessoas de realidades tão diferentes e até entender o

desafio de termos um único Sebrae para o Brasil todo”, Joel Franzim Junior, gerente do Sebrae/PR.

As visitas técnicas a empresas italianas fizeram parte do Programa

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RIQUEZA DE CONTEÚDOS“A mescla entre o aprendizado virtual e a vivência

presencial foram determinantes para o sucesso do programa. Destacamos a riqueza dos conteúdos, dos debates

e também das visitas técnicas realizadas, além da EXPO Milano 2015. Durante a etapa presencial, recebemos conteúdos importantes, os quais são essenciais para compreendermos o movimento econômico e os desenvolvimentos italiano e europeu

dentro de contextos culturais, organizacionais e territoriais. Neste aspecto, destacamos as apresentações sobre a

organização da União Europeia, os investidores italianos

no Brasil e a experiência do Banco de Brasil na Itália”, Adriana de Barros Rebecchi e Marco Aurélio

Rosas, gestores do Sebrae/SP.

Programa

DINÂMICAS DIFERENCIADAS“A viagem, a convivência com colegas de diversas localidades

e de áreas diferentes, os debates, a troca de experiências e a complementação de conhecimentos foi fundamental para a ampliação da minha visão sobre o Sebrae, enriquecendo tanto meu conhecimento sobre a organização como identificando nos modelos de organizações, nas dinâmicas vivenciadas, nas visitas realizadas e em todo o processo de aprendizagem na Itália a oportunidade de refletir e rever minha forma de atuação”, Ana Lúcia Nunes Oliveira, gerente do Sebrae/SE.

Compreender mais sobre a cultura italiana permitiu fazer comparações com o Brasil

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SOLUÇÕES EUROPEIAS

OUTRAS LUZES DE OPORTUNIDADE

“A oportunidade oferecida pelo Programa de Desenvolvimento de Lideranças mostrou-se rica,

principalmente as visitas técnicas. Quando saímos do nosso país esperamos ver em outras culturas a ´lâmpada

mágica´ que vai nos possibilitar o grande salto rumo ao desenvolvimento, seja social, econômico e, até mesmo, cultural.

Entretanto, nos deparamos com realidades muito distintas ao visitar países em outro estágio de desenvolvimento, em outro patamar histórico e, por consequência, diferenças enormes com as variáveis

presentes no Brasil”, Carlos Aberto da Silva, chefe de gabinete no Sebrae Nacional.

PERCEPÇÕES INOVADORAS

“Esta experiência de trabalharmos o conhecimento teórico dos conteúdos e depois conhecer o funcionamento dos negócios é uma metodologia que deve ser aplicada dentro dos projetos que o Sebrae atua, pois o empresário perceberá como o conhecimento pode ser aplicado na gestão dos negócios e na cadeia produtiva e o quanto poderá beneficiar toda uma região, sendo o próprio empresário protagonista de ações e decisões”, Maria Denise Nunes Bitencourt Brito, gestora do

Sebrae/AP.

APRENDIZADOS MÚLTIPLOS

“O programa é rico em vários aspectos, o que só acrescenta a qualidade dos conhecimentos adquiridos durante as etapas EAD, presencial, vídeo-aulas e outras. Foi uma oportunidade de conhecer importantes exemplos de empreendedorismo com foco em inovação, desenvolvimento territorial e encadeamento produtivo. Foi um plus para a autoestima e, com certeza, será implementado no dia a dia do

trabalho”, Ricardo Guedes, gerente do Sebrae Nacional.

Empresários italianos ofereceram novos horizontes para os gerentes

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Programa

COMPARATIVO DE OLHARES BRASIL

E ITÁLIA

Observando oportunidades e desafios do cenário

A experiência de aportar em ou-tro território oferece ao olhar a capacidade de fazer com-

parativos culturais e técnicos que ajudam a trazer novas reflexões e estratégias para incrementar os pe-quenos negócios brasileiros. A par-tir do Programa, os gestores do Sebrae tiveram a oportunidade de olhar de forma diferenciada para o cenário brasileiro, ponderando

possibilidades de mudanças e incre-mentos.

“Penso que, no Brasil, ainda esta-mos um passo atrás, pois temos gran-de dificuldade de trabalhar de forma cooperativa. Nossa opção é pela com-petição no mercado local”, destaca André Luis Vieira Campos, gestor do Sebrae/RS. Ele reforça a postura das empresas italianas de ganhar mercado global com produtos de alta qualidade e design diferenciado. “Nacionalmen-te, investimos em inovação para aten-der aos mercados local e regional, mas ainda temos baixa representação das exportações”, diz.

A opinião é compartilhada por Dé-bora Florêncio Gonçalves, gerente do Sebrae/PE, que aponta a serieda-de com a qual é tratada a questão do território. “Durante a primeira visita a Agricoltori Riuniti Piacentini, nós veri-ficamos, na prática, o desenvolvimen-to local a partir de uma visão global. Há toda uma cadeia de valor da pro-dução, da industrialização e da expor-tação do tomate em uma organização que valoriza quem faz parte do territó-rio”, ressalta.

A consolidação da atuação colabo-rativa com resultados para todos tam-bém é destacada por Maria Denise

Os gestores tiveram a oportunidade

de conversar com empresários italianos

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Nunes, gestora do Sebrae/AP. “Um fa-tor presenciado foi o forte investimen-to na cultura da cooperação, na qual as empresas buscam se unir em redes para o aumento da competitividade e a busca de manutenção no mercado in-ternacional, com foco na qualidade e na inovação”, explicou.

Para Ricardo Guedes, gerente do Se-brae Nacional, a força das empresas italianas está na organização empre-sarial, que mantém o protagonismo da ação junto aos mercados. “O que po-demos observar em mais esse exem-plo vencedor na Itália é a forte cultura da cooperação e o trabalho conjunto de empresários, focando no benefício que todos terão com a organização coleti-va”, reforça.

JEITO DIFERENTE DE FAZERSe os países diferenciam-se pela ge-

ografia e por questões culturais, há ain-da distinções no formato de operar os negócios. É o que mostra Geórgia Pá-dua, gerente do Sebrae/PI, ao comen-tar sobre o posicionamento institucional dos empreendedores. “A maturidade do empresário italiano foi o maior di-ferencial em relação ao Brasil. Chamou atenção o amor e o respeito às origens daquele povo, além da ideia do perten-cimento ao território”, comenta.

Para Giovane Ferreira de Carvalho, gestor do Sebrae/GO, as comparações mostram a necessidade de alinhar co-nexões em território brasileiro. “Foi importante ouvir de um empresário ita-liano que possui filial no Brasil sobre o

quanto nossa burocracia é exagera-da e como o ensino técnico não qua-lifica adequadamente a mão de obra”, destaca.

Por outro lado, há uma postura de mercado diferente, como explica Jef-ferson Ney Amaral, gerente do Sebrae/MG. “O que pudemos perceber é que os pequenos negócios não dependem de uma grande empresa âncora, mas sim de uma atuação integrada. Assim, vigo-ra a visão de horizontalização na cadeia produtiva. As empresas procuram não ter dependência de fornecimento ou de clientes, aplicando a regra de, no máxi-mo, 33 %”, diz.

Ao traduzir o jeito italiano de empre-ender, Marcelo Ribeiro Araújo, gerente do Sebrae/PA propõe um olhar a partir

O comparativo de olhares ficou mais fácil com as visitas técnicas

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Programa

UM COMPARATIVO ENTRE BRASIL E ITÁLIA

Os gestores do Sebrae/SP, Adriana de Barros Rebecchi e Marcou Aurélio Rosas, reuniram dados que permitem fazer um comparativo das diferenças e similaridades entre Brasil e Itália

A Itália possui 20 regiões administrativas e o sistema de governo é parlamentarista

A maior cidade italiana é Milão com cerca de 1,3 milhões de habitantes

A área total da União Europeia é metade do território brasileiro

As exportações italianas e a renda per capta dos italianos superam em duas vezes a brasileira

Os setores mais tradicionais italianos são: moda, alimentos, móveis e decoração

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UM COMPARATIVO ENTRE BRASIL E ITÁLIA

da realidade local. “Eu, particularmente, estou em um estado da região amazô-nica e não há como ignorar a força des-sa marca no contexto mundial. Explorar e tirar proveito disso nos projetos que desenvolvemos no estado do Pará pas-sa a ser um grande desafio. Os italianos sabem aproveitar esse aspecto com vários produtos com denominações de origem ou de indicação geográfica, enquanto aqui há poucas iniciativas”, reflete.

Para Isailton Reis, gerente do Se-brae/BA, chama atenção a postura di-ferente tanto de parte das instituições como dos empresários. “De um lado, estão entidades que disponibilizam para os pequenos negócios instru-mentos de apoio ao desenvolvimento dos negócios e mercados, mas o fa-zem considerando que os empresários

As políticas econômicas são supra países – União Europeia

58% das empresas italianas tem apenas um empregado, 36% de 2 a 8 empregados e 4,6% de 10 a 50 empregados

tenham a iniciativa de buscar estes be-nefícios. Do outro lado, estão em-presários que, ao desenvolver seus negócios, atuam com certa indepen-dência de ações governamentais”, esclarece.

MISTURA DE INGREDIENTESSeparar os componentes que tor-

nam a receita empreendedora italiana um sucesso, pode indicar os que ainda precisam ser ressaltados no ambien-te de negócios do Brasil. “A diferença está no paradigma italiano de suces-so das pequenas empresas que em-preendem e são competitivas a partir de seus marcos legais amplos e estru-turados, do alto nível de governança territorial, da atuação impactante das agências de desenvolvimento, das in-terações com as comunidades e dos

Os gerentes também conversaram com colaboradores dos empreendimentos

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Programa

PARA ENTENDER MAIS SOBRE AS DIFERENÇAS

Entender as diferenças de empreender na Itália e no Brasil passa por analisar questões culturais. A gerente do Sebrae/TO, Izana assunção Alves, elaborou a tabela comparativa abaixo que ajuda a vislumbrar a diferença entre os países.

CONHECIMENTO ITÁLIA BRASIL

Cooperativismo, redes e consórcios

Faz parte da cultura italiana a cooperação e a formação de redes para alcançar resultados.

Há dificuldade no desenvolvimento do associativismo e cooperativismo.

Empreendedorismo

Existe forte desenvolvimento do empreendedorismo apoiado pelo conhecimento das instituições de ensino.

Existe muito desenvolvimento por necessidade, com pouca informação e apoio técnico.

Políticas públicas e ambiente legal

Existe um ambiente favorável alicerçado em políticas públicas, promovendo o desenvolvimento das pequenas empresas.

Nos últimos anos, foram realizadas algumas conquistas nas políticas públicas, mas o ambiente ainda é pouco favorável ao desenvolvimento dos pequenos negócios.

Desenvolvimento local

A potencialidade do território é considerada como premissa para o desenvolvimento local. O desenvolvimento é construído pela rede de parceria de atores locais e nacionais e uma governança forte.

Falta direcionamento estratégico, governança e protagonismo dos atores locais.

Encadeamento produtivo

Existe uma mobilização para formação de consórcios, cadeias de suprimentos e redes, buscando enfrentar oportunidades e ameaças em comum.

Há dificuldades na articulação dos encadeamentos produtivos, mesmo porque existem poucas cadeias de produção.

Competitividade

É garantida pela inovação, práticas sustentáveis e a qualidade dos produtos.

Existe baixa preocupação com padrões de qualidade. A sustentabilidade e a inovação são ainda assuntos de pouca preocupação nos pequenos negócios.

Inovação

Há a inovação de produtos, processos, abertura de novos mercados, de novas fontes de matérias-primas e introdução de novas formas de organização (inovação gerencial).

O conceito de inovação precisa ser desmistificado para os empreendedores dos pequenos negócios.

A troca de experiência marcou todas as vivências italianas

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produtos inovadores com alto va-lor agregado, que as levam a serem competitivas no mercado globaliza-do”, reforça Elton Pantoja, gerente do Sebrae/AC.

Para Claiton dos Santos, gestor do Sebrae/RS, a sinergia é um dos ingredien-tes para replicar no país o sucesso visto internacionalmente. “O que me chamou muito atenção foi a capacidade de asso-ciativismo dos italianos. Todo o desenvol-vimento provocado na Região Norte, por exemplo, tem como importante pilar o olhar do arranjo produtivo (ou cluster), no qual as soluções para o desenvolvimento são criadas internamente”, aponta.

Internacionalizar é a solução apon-tada por André Luiz Schelini, gerente do Sebrae/MT. “O mundo passou por uma crise econômica em 2009. Os países europeus sentiram-na mais fortemen-te e alguns ainda sentem seus efeitos, como Grécia, Espanha, Portugal e Ir-landa. Diferentemente desses países, a solução italiana para sair mais rápi-do da crise foi o caminho do acesso ao mercado internacional, não pela con-centração, mas pela inclusão do maior número de empresas possíveis, o que inclui os pequenos negócios” reforça.

E se é preciso preparar as empresas brasileiras para alcançar outros cená-rios, há a constatação de que as ma-térias-primas para essa mudança já estão presentes. “O estágio do desen-volvimento capitalista centra a maior diferença entre os países. Sem dúvi-da, o modo de produção rural italiano propicia o desenvolvimento dos pe-quenos negócios e, por consequência, da sociedade em geral. Mas, o maior aprendizado é a constatação de que o Sebrae caminha firme e corretamente em sua missão de apoio aos pequenos negócios”, finaliza Carlos Alberto Silva, gerente do Sebrae Nacional.

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APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

CONHECIMENTOS NA BAGAGEMO desafio de traduzir conhecimentos italianos em motivações brasileiras

O Programa Internacional para Desenvolvimento de Lideranças do Sistema Sebrae traz para os gesto-res diversas oportunidades e um desafio: transfor-

mar os conteúdos italianos em práticas para os pequenos negócios brasileiros, desenvolvendo novos cenários lo-cais, regionais e nacionais especialmente em um ambiente econômico adverso. Acompanhe abaixo os conhecimentos trazidos na bagagem após a vivência.

DESCENTRALIZAÇÃO PARA CRESCER

“Dentre os vários temas estudados, me chamaram atenção o foco em empreendedorismo,

inovação tecnológica, internacionalização e sustentabilidade. Foram discorridos durante

o curso informações que permitiram perceber a existência de uma eficiente estrutura de

apoio à inovação e ao desenvolvimento do empreendedorismo por parte da União Europeia

e dos governos da Itália. Porém, os programas são implementados de forma descentralizada

pelos governos das regiões administrativas, proporcionando simplificação de acesso ao

crédito e aos mecanismos de suporte”, aponta Ana Lúcia Nunes Oliveira, gestora do Sebrae/SE.

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VALORIZAÇÃO LOCAL“Os empreendedores italianos possuem problemas similares

aos empreendedores brasileiros. Eles também reclamam de falta de linhas de financiamento e de apoio do governo,

porém são mais independentes. Existe um cuidado e uma preocupação com o desenvolvimento do território e uma maior abertura para o trabalho associativo. A preferência

na hora da compra é para o fornecedor local, que funciona como parceiro e que vai sendo desenvolvido junto com a

trajetória de crescimento da empresa contratante”, explica Cláudia Pacheco, gerente do Sebrae/RJ.

OLHARES DISTINTOS“Há a forte preocupação com práticas de sustentabilidade e inovação atreladas ao desejo de desenvolvimento. Este não

está necessariamente ligado ao crescimento em termos de tamanho

das empresas. Por exemplo, a empresa Bonelli tem preocupação com o

desenvolvimento do território através do bom relacionamento de várias

gerações com os produtores locais. Já na Copan, há a participação em um mercado altamente competitivo e a

busca por agregar valor aos produtos permanentemente”, diz Flávia Brasil de

Luna, gestora do Sebrae/RJ.

REALIDADES PARECIDAS“A realidade do empreendedor italiano

é muito parecida com a do nosso empreendedor. São muitas barreiras a

serem superadas: simplificação das leis, redução da burocracia, sistema financeiro eficaz, capacitação etc. Porém, em ambos

os países, há instituições e organizações de apoio para defender e auxiliar os

empreendedores. Com relação ao mercado, é importante ter consciência que empresas com faturamento/ano menor do

que três milhões de euros não exportam, pois seria um risco muito grande, o que nos dá uma ideia da importância da cadeia de

valor”, ressalta Marcelo Ribeiro de Araújo, gerente do Sebrae/PA.

REAL ENCADEAMENTO PRODUTIVO

“Na viagem, nós tivemos a oportunidade de perceber de forma mais clara e

evidente o quanto a Itália é referência em encadeamento produtivo e APLs. Percebe-se o perfeito funcionamento das empresas

dentro das cadeias produtivas e o forte laço do cooperativismo, dominante entre elas. Embora calçado de conhecimentos,

no Brasil, alguns possuem muita vontade de fazer, porém o processo parece em fase

inicial quando temos a oportunidade de vivenciar as ações para o desenvolvimento

sustentável em pleno funcionamento na Itália. Parecemos estar no caminho certo,

ainda que falte maturidade para atingir a plena aplicação e o entendimento

pelas empresas do que seja na prática cooperação dentro de um processo de

encadeamento produtivo”, explica Maria do Socorro Felix de Oliveira, gestora do

Sebrae/PB.

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APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

EMPRESÁRIOS “MADE IN ITALY”

“Um dos pontos que chamou a atenção foi a forma como a Itália fez seu planejamento estratégico

e se organizou para ser conhecida mundialmente e referência em áreas como vestuário, móveis,

automação e alimentação, sendo que em alguns destes setores o país sequer possui matéria-prima. Destaco as diferenças

entre o perfil dos empresários brasileiros e italianos frente aos

negócios, o quanto é importante o negócio para o empresário

italiano, quanto se dedica ou está disposto a se dedicar e investir

para melhorar os resultados da empresa”, reforça Maria Tereza de

Oliveira Maragon, Sebrae/RO.

COTIDIANO SUSTENTÁVEL“Destacou-se a sustentabilidade praticada nas empresas italianas que, em um comparativo

com as nossas experiências, mostrou a importância da prática no contexto econômico, ambiental e social. A Agricoltori Riuniti Piacentin produz sua própria energia através da

geração solar e consegue vender o excedente, há a depuração e reutilização da água, inclusive abastecendo a comunidade vizinha à fábrica, existem as certificações e a iluminação e

ventilação naturais. Tudo isso nos faz repensar os benefícios que a sustentabilidade promove não só na empresa, mas também na região”, afirma Mauricio Leite Lima, gestor do Sebrae/MA.

A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE“Em todos os depoimentos e nas experiências vivenciadas,

pode-se observar uma grande diferença entre as organizações empresariais das pequenas empresas italianas em relação aos pequenos empreendimentos instalados no Brasil. As empresas italianas, principalmente do Distrito Industrial Como, colocam

acima de tudo a preocupação com a qualidade. Esse dado é confirmado através das certificações recebidas pelas grandes

marcas do setor, principalmente do ramo de confecções e da área da moda. Observei um elevado nível tecnológico

das empresas e o fortalecimento das parcerias com as universidades, além do constante investimento em inovação, o

que permite competir em um mercado altamente competitivo”, destaca Milene Lopes da Silva, gerente do Sebrae/AM.

REFLEXÕES PARA O MERCADO NACIONAL

“Constatou-se que, além do contexto econômico, as condições geográficas e de infraestrutura são requisitos determinantes para que os pequenos negócios busquem a inovação, tenham foco no

segmento de atuação, qualifiquem e aperfeiçoem a mão de obra e trabalhem de forma cooperada para o desenvolvimento de seus negócios. É fundamental

aproximar às universidades as necessidades das empresas e do mercado, rever o sistema educacional

do Brasil, focar as instituições criadas para formar e capacitar mão de obra, estimular o processo

de inovação nas organizações e, enfim, fazer um chamamento visando diminuir a defasagem existente

nos processos produtivos”, explica Fabio Búrigo Zanuzzi, gerente do Sebrae/SC.

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CULTURA LOCAL DE COLABORAÇÃO“Existem elementos de similaridade quando tratamos o universo das

MPEs, principalmente nos dados estatísticos. Entretanto, quando consideramos a cultura local e a forma como as universidades se relacionam e contribuem com a formação empreendedora e de

estratégias de desenvolvimento territoriais italianas, percebemos esses fatores como determinantes para o sucesso empresarial, o

que se diferencia bastante do nosso ambiente”, comenta Raimundo Reginaldo Braga Lobo, gestor do Sebrae/CE.

SIMILARIDADES E DIFERENÇAS

“A experiência obtida foi fundamental para entender que a realidade das pequenas

empresas é muito semelhante tanto na Itália como no Brasil. Nos dois países, os pequenos

empreendimentos enfrentam obstáculos, como a cooperação, os entraves burocráticos, a

legislação ultrapassada e a falta de garantias para obtenção de financiamentos. Uma grande

surpresa foi saber que 95% das empresas da Itália são micro ou pequenas, percentual muito

semelhante ao do Brasil. A grande diferença é que aquele país é líder mundial na produção de 235 itens entre eles calçados, bolsas, máquinas para

embalagens e móveis”, diz Giovane Ferreira de Carvalho, gerente do Sebrae/GO.

OLHARES SOBRE ENERGIA“As inovações italianas que me chamaram atenção

foram a prática da destinação e o reaproveitamento de resíduos, além do uso da matriz energética própria, pois

são processos que demonstram o comprometimento das empresas quanto ao meio ambiente, sem esquecer

do econômico e do social. Destaco ainda como inovação a questão da sustentabilidade praticada por

essas empresas, iniciando com edificações sustentáveis, com fins de aproveitamento de iluminação e ventilação

naturais, destinação e aproveitamento de resíduos, reuso da água e, principalmente, utilização de energia limpa, como a energia solar e eólica”, aponta Maria do

Socorro Felix de Oliveira, gestora do Sebrae/PB.

ORIGEM PROTEGIDA“Na Itália, a certificação de origem é um fim em si mesmo, não existindo quase nenhum produto sem valorização por pertencimento ao local. O desenvolvimento regional é uma preocupação constante e de todos os

envolvidos na comunidade. Uma noção espacial bem diferente da que temos no Brasil, que muitas vezes não tem a preocupação tão evidente com o entorno

do empreendimento”, finaliza Marcy Regina Martins Soares Estrela, chefe de gabinete no Sebrae Nacional.

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APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

INOVAR PARA TRANSFORMAR

Ultrapassar adversidades para construir novos cenários brasileiros

O conhecimento dos formatos de produção proporcionou análises sobre as empresas nacionais

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Mais do que promover a aquisição de novos co-nhecimentos, o Programa

de lideranças propõe a consolidação de ações práticas para incrementar oportunidades para os pequenos negócios brasileiros, especialmente em panoramas adversos. Inovação, qualificação, acesso a mercados in-ternacionais, design e diferenciação pela valorização do território são alguns aspectos apontados pelos gestores como eixos para transfor-mar negócios.

“Eu acredito na inovação em virtu-de do espaço enorme que ainda pre-cisamos vencer, pois inovamos muito pouco. Há ainda a questão da sus-tentabilidade, pois o país apresen-ta todas as condições para liderar

mundialmente essa bandeira, prin-cipalmente, focando a competitivi-dade”, aponta Raimundo Reginaldo Braga Lobo, gerente do Sebrae/CE.

A opinião é compartilhada por Maísa de Holanda Feitosa, gesto-ra do Sebrae Nacional, que destaca a importância do espírito de diferen-ciação. “A inovação também é um fe-nômeno cultural e sua análise não pode prescindir de uma avaliação do cenário socioeconômico. O Bra-sil se encontra entre os países com economia impulsionada pela efici-ência. Assim, a simples atualização tecnológica permanente de milhões de pequenos negócios tem impac-to relevante nesta realidade, o que mostra que o Sebrae parece estar no caminho certo”, afirma.

Para Claiton dos Santos, gestor do Sebrae/RS, a estratégia passa pela alteração de posturas. “Insisto no desenvolvimento dos comportamentos

“Eu acredito na inovação em virtude do espaço

enorme que ainda precisamos vencer, pois inovamos muito pouco”,

Raimundo Reginaldo Braga Lobo, gerente do

Sebrae/CE.

Conversar com os empresários levou a novas ideias para negócios brasileiros

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associativista e empreendedor. E isto não tem nada de novo, apenas muda con-ceitos e faz toda a diferença para a ge-ração de desenvolvimento. Nas visitas, não verifiquei a existência de grandes di-ferenciais tecnológicos. Porém, o com-portamento de empreender com o olhar global e a agregação de valor faz diferen-ça para os desenvolvimentos do negócio e da região”, destaca.

Por outro lado, é preciso que a compe-titividade vá além do básico. “As empre-sas têm que investir em tecnologia para que seus produtos ou serviços sejam am-bientalmente corretos. Há ainda a impor-tância das certificações para atuar nos

serviços altamente especializados para o mercado. Esta é uma experiência que precisa ser disseminada no Brasil, pois, ao contrário de nosso país, que fundamenta suas exportações na questão das comodi-ties, lá eles agregam valor às comodities de outros países menos desenvolvidos e ga-nham infinitamente mais”, diz.

MUDAR PARA CRESCERSegundo Everaldo Figueiredo, ge-

rente do Sebrae/AL, faz-se necessário repensar os marcos legais. “Evoluímos muito, mas ainda necessitamos apri-morar nossas políticas públicas com a ampliação do sublimite do simples e

“O comportamento de empreender com o olhar global e a agregação de

valor faz diferença para o desenvolvimento do negócio

e da região”, Claiton dos Santos, Sebrae/RS.

“É preciso buscar um modelo produtivo baseado

em encadeamento com base no território e

multidirecional(especialização produtiva),

que é uma alternativa para alavancar pequenos negócios em um local”, Jefferson Ney Amaral,

gerente do Sebrae/MG.

mercados interno e externo com o pro-pósito de dar segurança ao cliente e de demonstrar que o produto tem denomi-nação de origem, é rastreado e confiável”, explica Claudio Luiz de Souza Oliveira, ge-rente do Sebrae/MG.

É o que também acredita Débora Florêncio Gonçalves Barbosa Maciel, ges-tora do Sebrae/PE, a partir das experiên-cias vistas no polo de moda. “As empresas locais se especializaram em agregar valor à matéria-prima, buscando fortemente o desenvolvimento tecnológico, a cria-tividade e a orientação para a oferta de

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

As reflexões sobre a experiência italiana podem ser adaptadas e incluídas em projetos

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à política de microcrédito para os Mi-cro Empreendedores Individuais (MEI). Precisamos trabalhar na redução da burocracia, na desoneração e na des-burocratização junto ao comércio ex-terior, no aumento do investimento em tecnologia e informação e nas facilida-des de obtenção de financiamentos”, explica.

Já Isaílton Reis, gerente do Sebrae/BA, acredita na mudança de postura dos empresários para que sejam inde-pendentes. “Em uma das visitas a uma empresa italiana de pequeno porte, indaguei ao empresário qual apoio, in-centivo ou legislação disponibilizada

UNIR PARA FORTALECERPara Jefferson Ney Amaral, gerente

do Sebrae/MG, há a necessidade de in-serção de uma nova ideia sobre o com-partilhamento de conhecimentos entre empreendedores. “No Brasil, precisamos alterar a visão de encadeamento pro-dutivo, que está suportada em algumas grandes empresas de poucos setores produtivos e, de preferência, sem concor-rência. É preciso buscar um modelo pro-dutivo baseado em encadeamento com base no território e multidirecional (de es-pecialização produtiva), que é uma alter-nativa para alavancar pequenos negócios em um local”, reforça.

“ O maior aprendizado é ser possível desenvolver-se de forma sustentável,

fazendo adequadamente o uso de fontes renováveis, inclusive

reaproveitando os resíduos de uma produção”, Geórgia Pádua, gerente

do Sebrae/PI.

pelo governo foi importante para a implantação do negócio. Curiosamen-te, o mesmo respondeu: ‘Nenhuma... Nós fizemos com os próprios esforços e recursos”, aponta.

E se as mudanças englobam mar-cos de fomento e posturas empreen-dedoras também devem contemplar olhares inovadores nos quesitos de sustentabilidade. “O maior aprendi-zado é ser possível desenvolver-se de forma sustentável e fazendo adequa-damente o uso de fontes renováveis, inclusive reaproveitando os resíduos de uma produção”, comenta Geórgia Pádua, gerente do Sebrae/PI.

É o que acredita também Ricardo Guedes, gerente do Sebrae Nacional, ao destacar as correlações entre negócios, pessoas e estratégias. “Ficou evidenciada a valorização do empreendedorismo co-letivo, a disponibilidade de institutos téc-nicos para preparacão de mão de obra e o fortalecimento da especializacão. As pe-quenas empresas não dependem de uma empresa âncora, mas sim de uma atua-ção integrada entre os pequenos negó-cios. Há a adoção de estratégias para a sucessão familiar, criação de comunida-des empresariais e uma visão sistêmica e integrada que contempla o território a partir das vocacões locais”, finaliza. Cl

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inovação

INOVAÇÕES ITALIANAS OLHARES BRASILEIROSA segunda turma do Programa foi

recebida pelas empresas e orga-nizações italianas Latteria Sore-

sina, Consorzio Grana Padano, Cantine Bonelli, Centro Tessile Serico, Copan Italia SPA, Agricoltori Riuniti Piacentini e Dis-tretto di Lumezzane. As visitas técnicas trouxeram para os gestores um novo panorama de ideias que une a colabora-ção, a autenticidade, a personalização, a inovação, o ambiental, o econômico e o social. Acompanhe algumas das refle-xões e dos pontos de destaque.

VINHO COM TECNOLOGIA VIA SATÉLITE“A Cantina Bonelli é uma empresa fa-

miliar, que se destaca pela estratégia de valorização humana, qualidade, tradição e sustentabilidade. No intuito de zelar pela qualidade dos vinhos e frisantes produ-zidos, a empresa cuida e gerencia toda a cadeia produtiva e possui em seu quadro de funcionários um engenheiro agrônomo responsável pelo treinamento e acompa-nhamento das vinhas e seus respectivos parceiros produtores, além do projeto de

sustentabilidade. Um dos destaques é o sistema de monitoramento da plan-tação das vinhas controlado via satélite que mede a luminosidade, a umidade, a fertilidade etc. O sistema possibilita um controle preciso dos defensivos a serem aplicados por área ou hectare, reduzin-do a aplicação desnecessária e a conse-quente perda de produção ou diminuição da qualidade do produto final”, expli-cam Adriana de Barros Rebecchi e Marco Aurélio Rosas, gerentes do Sebrae/SP.

Na Cantine Bonelli há a preocupação com os mínimos detalhes da produção Is

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MECANIZAÇÃO PARA MATURAR O QUEIJO“A integração entre os setores, ge-

rando tecnologia para apoiar o proces-so produtivo, chamou muito à atenção. Na Latteria Soresina, os queijos Grana Padano ficam estocados por, no míni-mo, nove meses até atingir a maturida-de necessária para a comercialização. O manejo da forma requer que seja vi-rado e limpo periodicamente, o que manualmente seria muito difícil para o estoque existente. A partir desta ne-cessidade, foi desenvolvido maquinário específico, que transita entre as prate-leiras do estoque executando este tra-balho em um ambiente controlado de umidade e temperatura”, comen-ta André Luis Vieira Campos, gestor do Sebrae/RS.

DESIGN NOS PEQUENOS DETALHES“Um dos aspectos que faz par-

te do modelo empresarial italiano é o design dado aos produtos. Trata-se de uma marca e de uma característi-ca registrada que garante diferencial representativo aos produtos italianos frente ao mercado globalizado. As vi-sitas técnicas realizadas a Latteria Soresina e a Bugatti demonstraram claramente o trabalho desenvolvido com o foco no mercado, que reflete um grande esforço nos processos de investigação, aplicação e consolidação de modelos diferenciados que aten-dem de forma distinta e satisfatória as necessidades dos consumidores. Esse processo pode ser percebido de duas formas. A primeira trata da dedicação empreendida nos modelos de emba-lagens. O produto, basicamente, é o mesmo, porém são várias as formas em que é ofertado para o cliente. O queijo Grana Padano, que é resultado

de um produto com Denominação de Origem Protegida, vai para o mercado de forma extremamente variada. Exis-tem embalagens para queijo ralado, granulado, em lascas, em fatias trian-gulares ou redondas e até distribuído em peça inteira. Isso representa o cui-dado e a atenção desprendidos pela empresa em relação aos interesses e desejos dos consumidores. Trata-se de uma estratégia com foco no mer-cado, no consumo. A segunda forma está relacionada com o formato dado as peças criadas pela Bugatti, que são objetos de cozinha, como talheres, ca-feteiras, garrafas térmicas, facas para usos específicos, abridores de vinho, objetos decorativos, dentre tantos ou-tros. Aqui, o design está nas curvas de cada produto, no tipo de material uti-lizado e em sua aplicabilidade. É fruto da criatividade dos designers”, esclare-ce Augusto Togni de Almeida Abreu, gerente do Sebrae Nacional.

O Consorzio Grana Padano mescla tecnologia e tradição

O Centro Tessile Serico é uma referência na colaboração da cadeia de moda

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inovação

RASTREAMENTO DETALHADO“Nas instalações que visitamos em

uma das unidades da Latteria Sore-sina, a inovação destacou-se pelos equipamentos empregados ao lon-go do processo de fabricação do quei-jo Grana Padano. Observamos alta tecnologia, há a integração da cadeia produtiva do leite com a metal mecâ-nica, pois os equipamentos emprega-dos foram desenvolvidos para atender exatamente àquele processo de be-neficiamento e de produção específi-cos. Outro aspecto é a rastreabilidade do leite. É possível saber de qual ou quais produtores vem o leite usado para fabricar um determinado quei-jo, por exemplo. O controle é bastante elevado, pois a qualidade dos produtos é um dos principais atributos”, aponta Christiane Barbosa e Castro, gestora do Sebrae/ES.

INOVAÇÃO PARA DESENVOLVER“Na visita a Copan Italia SPA, ficou

evidenciado o forte investimento em

inovação. É uma empresa que acredi-ta muito na competência de seus co-laboradores, investe na capacitação e incentiva o talento. Tem parcerias com universidades e incentivos na pesqui-sa e no desenvolvimento. O empre-endedorismo e a competitividade a tornam uma empresa com velocida-de no desenvolvimento. Ficou claro que seu foco é crescer e desenvolver. Já a Cantina Bonelli valoriza a implan-tação da sustentabilidade e está preo-cupada com o ambiente e o território no qual está inserida, além da cadeia produtiva. A empresa busca obter cer-tificações e capacitação dos fornece-dores de uvas de qualidade, visando um bom produto com grande aceitabi-lidade perante os clientes. Há o inves-timento em inovação com maquinário e tecnologia de ponta. É uma empre-sa pequena que atende todo o territó-rio italiano e vem realizando algumas experiências no mercado externo. Po-rém, o foco não é o crescimento e

sim o desenvolvimento”, explica Clau-dio Luiz de Souza Oliveira, gerente do Sebrae/MG.

ENGAJAMENTO COM FOCO COMUNITÁRIO“O mundo se tornou menor e mais

rápido. Com esta frase, formou-se o modelo italiano de negócios, com base no empreendedorismo e na inovação, com iniciativas voltadas para o alcance do mercado externo. A exemplo disso, a percepção “in-loco” na visita ao traba-lho cooperado desenvolvido pela ARP

A Copan Italia SPA destaca-se no mercado internacional pelo uso de processos criteriosos

O design é um diferencial dos produtos do Distretto di Lumezzane

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(Agricoltori Riuniti Piacentini), mostrou as seguintes vantagens: o custo indivi-dual por cooperado é apoiado pelo go-verno local, o fornecimento de serviços para a cooperativa central acontece em um processo de mútuos interesses e há dedução dos impostos. O objetivo não é repartir o lucro, mas sim a redistribui-ção do patrimônio. Uma parte é dividi-da entre os sócios e outra em uma nova produção para formação do capital so-cial. Há ainda o recebimento por parte do cooperado proporcional ao que ele repassa à cooperativa. Outro ponto de

destaque é o empreendedorismo como um fato extremamente cultural, basea-do no trabalho, no patrimônio e na pou-pança. Por fim, existe a boa relação com as universidades regionais, que dialo-gam com todas as forças de trabalho existente no território”, diz Elton Augus-to Lima Pantoja, gerente do Sebrae/AC.

SUSTENTABILIDADE EM VÁRIOS PRISMAS“A Agricoltori Riuniti Piacentini de-

senvolve ações do tipo “shared value creation”, ou seja, desenvolve soluções

inovadoras a fim de satisfazer expec-tativas sociais ou ambientais dos pú-blicos envolvidos, como negócios com fontes de energia renovável, soluções logísticas de baixo impacto ambiental, inovações com base na reciclagem e na reutilização de produtos, substitui-ção de materiais tradicionais por ma-teriais de conteúdo ecológico e meios de transporte que funcionem com combustíveis menos poluentes, en-tre outros. Entre as ações observadas, estavam latas 100% recicláveis, cas-cas utilizadas para alimentação animal,

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água de depuração, depuração da água da vizinhança e produção de biogás com restos”, aponta Izana Assunção Alves, gestora do Sebrae/TO.

TRILHAS INTERNACIONAIS“O queijo, que é valorizado em

toda Itália, hoje também é reconhe-cido mundialmente. Este potencial

inovador foi amplamente discutido pela equipe que visitou a indústria, re-sultando em uma comparação bastan-te objetiva entre a experiência italiana, com resultados reconhecidamente positivos, e a realidade brasileira. No caso específico da Latteria, foi pos-sível constatar que o Brasil está bas-tante habilitado no que diz respeito às

tecnologias de produção, mas ainda temos muito a caminhar com relação às certificações e ao reconhecimen-to dos produtos pelos consumidores. A criação de valores regionais, con-siderando a cultura e as característi-cas específicas, é fundamental para a diferenciação e o reconhecimento do produto no mercado”, comenta Flávia

inovação

O processo criterioso de produção é destaque na Latteria Soresina

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Martins de Barros Firme, gerente do Sebrae/DF.

CONEXÕES PARA COMPETIR“A história da cidade de Brescia con-

funde-se com a formação do Distretto di Lumezzane, já que a região ganhou destaque no período do pós-guer-ra com a quebra de paradigmas visto

que, da exploração econômica do car-vão, houve a união de forças para o iní-cio da produção de talheres e válvulas mecânicas. O distrito deu ênfase às inovações tecnológicas de forma inte-grada e flexível para manter-se com-petitivo junto à concorrência chinesa. Na Itália, unir forças é primordial para o crescimento de todo um sentimen-to de unicidade que eleva um grupo, contrariando a cultura do individua-lismo no Brasil, na sua maioria, onde concorrer é mais cômodo. O Distretto di Lumezzane me chamou mais aten-ção pela concentração de várias em-presas especializadas na utilização da mesma matéria-prima, no caso me-tais não-ferrosos, com um alto nível de preocupação com a qualidade e mão--de-obra especializada atuando em série”, ressalta Geórgia Alcântara Costa de Pádua, gestora do Sebrae/PI.

ALIANÇAS ENTRE DESIGN E COLABORAÇÃO“A região de Como tem um distri-

to industrial muito forte no setor da seda, abrangendo mais de 700 em-presas e composto basicamente por pequenas empresas familiares, mui-to especializadas na produção do fio da seda e do tecido. Existe uma forte

relação entre todos, sendo o relacio-namento pessoal fator muito impor-tante no funcionamento. Esses laços são pontos positivos na competiti-vidade do setor, pois o conjunto se fortalece em prol da comunidade pro-dutora. O valor agregado ao produto vem com o design e a criação da moda. A criatividade é decisiva, assim como a capacidade dos empreendedores lo-cais em aplicar técnicas de vanguarda na produção. A utilização de tecnolo-gias de ponta através, principalmente, da eletrônica é totalmente dissemina-da. O Centro Tessile Serico é mantido pela Câmara de Comércio da Cida-de de Como, Prefeitura local, Gover-no da Província e 30 sócios privados. Esse Centro desenvolve pesquisa e testes para o setor da seda, contri-buindo no controle da produção local e garantindo alta qualidade do que é produzido. Há a forte cultura da coo-peração e o trabalho conjunto de em-presários, focando no benefício que todos terão com a organização coleti-va. O poder público dá a sua contribui-ção, mas a força está na organização empresarial, que mantém o protago-nismo da ação junto aos mercados”, explica Ricardo Guedes, gestor do Sebrae Nacional.

A Agricoltori Riuniti Piacetini tem forte atuação na comunidade em que está inserida

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PALAVRA DE LÍDER: A ITÁLIA SE DESTACA POR?

Questionamos as lideranças participantes do Programa sobre as particularidades italianas que chamaram sua atenção. Acompanhe nas próximas páginas o painel de ideias, percepções, vivências e inovações repletas de contornos verdes, vermelhos e brancos.

COMPETITIVIDADEPor Ana Lúcia Nunes Oliveira - Sebrae/SE“Nas experiências vivencia-

das e nos diversos relatos, perce-bi um grande diferencial em termos de maturidade empresarial e dife-rentes organizações produtivas das pequenas empresas italianas em relação ao pequeno negócio ins-talado no Brasil. As pequenas em-presas italianas, principalmente

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aquelas que participam de organi-zações coletivas, colocam, acima das preocupações internas, o senti-mento de valorização de uma mar-ca que reforça a tradição familiar e a organização coletiva ou do territó-rio. Nas visitas realizadas, pude ob-servar um elevado nível tecnológico das empresas (se comparado ao es-tado da arte dos respectivos seg-mentos) fortalecido com a parceria

das universidades e de iniciativas de constante investimento em inova-ção, o que proporciona condições de concorrer em um mercado altamen-te competitivo, como é o europeu”.

INOVAÇÃO COM PÃO E ÓLEOPor André Luis Vieira Campos - Sebrae/RS“No distrito Industrial de Lumez-

zanne, o empresário Virgílio Bugatti,

sócio da empresa, quando pergun-tado como se dá a inovação, res-pondeu: ‘A inovação acontece por meio das pessoas. Elas são prepa-radas, desde pequenas, para perma-necer no distrito e são alimentadas com pão e óleo de máquina’. Este posicionamento faz com que o dis-trito esteja sempre se renovando, mas mantendo a cultura do terri-tório que forma pessoas altamen-te especializadas e com alto nível de empreendedorismo”.

O TRADICIONAL E O NOVOPor Geórgia Pádua - Sebrae/PI“A inovação, na ótica dos italianos,

é primordial no processo de compe-titividade, mesmo respeitando as origens e as tradições. Por exemplo, na Latteria Soresina e no Consórcio Del Grana Padano, o queijo lá pro-duzido tem origem aproximadamen-te do ano de 1200, com os monges. De lá pra cá, o consórcio foi consti-tuído com o objetivo de padronizar e certificar o queijo, agregando valor ao produto. Já em Lumezzane, o dis-trito deu ênfase às inovações tecno-lógicas de forma integrada e flexível para manter-se competitivo junto à concorrência chinesa”.

MODELO DE SUCESSOPor Maria Tereza de Oliveira Maragon - Sebrae/RO“Creio que não exista um modelo

perfeito, mas aquele que podemos transformar conforme as culturas local, demográfica, climática, política e outras, valorizando o desenvolvi-mento do território. Quando com-paradas as duas realidades, percebo os comportamentos empreendedo-res de sucesso e insucesso. Destaco que nossas culturas são totalmente

A competitividade é um dos diferenciais das empresas italianas mundialmente

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distintas. Enquanto o Brasil se posi-ciona como um país assistencialista, a Itália se posiciona como um país capitalista, com associativismo bas-tante evidenciado, alto valor agrega-do, inovações de ponta e, o principal, a cultura da cooperação enraizada em cada território”.

FORMAÇÃO TÉCNICAPor Giovane Ferreira de Carvalho - Sebrae/GO“Uma frase que me marcou mui-

to foi: ‘É muito mais importante ter uma boa ideia do que ser uma gran-de empresa’. Porém, para que isso ocorra, as parcerias com as universi-dades oportunizam aos estudantes, na fase final de seus cursos, a pos-sibilidade de um estágio no qual po-dem colocar em prática suas ideias para o desenvolvimento de novos produtos. Do outro lado, a sociedade exige do governo uma educação de qualidade que contribuirá significati-vamente para formação de técnicos

altamente qualificados e que irão suprir as necessidades de mão de obra das diversas empresas”.

TEORIAS E PRÁTICASPor Isaílton Reis - Sebrae/BA“Com instrumentos de apoio aos

pequenos negócios semelhantes aos do Brasil, as inovações e os apren-dizados mais marcantes no ambien-te italiano podem ser observados nos focos no produto, no direciona-mento ao mercado internacional e na maneira de gerir os negócios. Ob-servei uma atitude menos rebuscada na condução de teorias e instrumen-tos de gestão, com uma preocupa-ção em relação à comunidade onde a empresa está inserida, seja atra-vés de ações sociais ou da preocu-pação na utilização de mão de obra local. O foco principal da gestão está na elaboração de um produto de qualidade, com utilização de moder-nas técnicas de gestão e que se dife-rencie no mercado. E em relação ao

mercado, há uma condução para o posicionamento da empresa no mer-cado internacional”.

RELACIONAMENTOS EMPRESARIAISPor Jefferson Ney Amaral - Sebrae/MG“Com relação às inovações, per-

cebi uma grande matriz de relacio-namento entre as empresas, não somente na Itália, mas em toda a União Europeia. Não faltam exem-plos de complementariedade tecno-lógica. Veículos esportivos têm suas peças produzidas em vários países e montados em uma única unidade. Um exemplo é a Mercedes Benz que produz seus carros esportivos na Alemanha, porém, escapamentos, propulsores e bancos de couro são fabricados na Itália, que tem empre-sas de alta tecnologia nestes seg-mentos. Fica claro que os produtos comercializados no mercado interno ou exportados têm valor agregado, pois possuem diferenciais de qua-lidade e inovação. Este é um pon-to em que as empresas brasileiras precisam avançar: sair da produção e venda de comodities e entrar na era da diferenciação”.

SIMILARIDADES E PARTICULARIDADESPor Joel Franzim Junior - Sebrae/PR“Em nossa visita a Latteria So-

resina, eu estava com muita expec-tativa de conhecer as questões de organização dos processos associa-tivo e produtivo. Com a apresentação do presidente da cooperativa, perce-bi que estamos muito bem e que os problemas que eles têm são iguais ou muito parecidos com os nossos. Já

A valorização da origem é uma estratégia para destacar-se da concorrência

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durante a visita na área de produção, vi equipamentos de última geração e um processo que não dispensa o uso de mão de obra. Todavia, o que cha-mou atenção foi que a fábrica, como um todo, se instalada no Brasil, di-ficilmente conseguiria as licenças exigidas pela saúde. Ficou a cons-tatação da alta agregação de valor dentro da cadeia produtiva do leite em um sistema de qualidade rigoro-so, com alto preço no produto final e participação nos mercados nacional e internacional”.

OLHARES DE CÁ E DE LÁPor Katia Maria Moraes Veskesky Machado - Sebrae/RR“O Brasil e a Itália são dois gran-

des países que, mesmo sendo mui-to diferentes no que se refere às dimensões geográficas e à quanti-dade da população, compartilham uma relação histórica centrada no respeito e na valorização da pes-soa, tanto nas empresas quanto nos processos produtivos. Na base do modelo de desenvolvimento in-dustrial italiano, por exemplo, existe uma extraordinária e vital capaci-dade empreendedora de gerar uma empresa, criar novas formas de

atividades econômicas e fazer nas-cer novos empreendedores. Tra-ta-se de um empreendedorismo competente e capaz, baseado nos valores fortes da família e da res-ponsabilidade. A Itália é uma refe-rência a ser seguida pelos países que apostam no desenvolvimento territorial. O Brasil já tem boas prá-ticas, mas é preciso avançar. Cum-pre-nos levar a cultura da inovação para as empresas, buscando manter e promover a inovação nesses terri-tórios já desenvolvidos”.

FÔLEGO ARTICULADORPor Maria Denise Nunes - Sebrae/AP“Na Itália, as universidades obri-

gam os alunos a fazer uma pesquisa em pelo menos uma empresa antes da conclusão do curso, sendo que este estudo fica tanto na universi-dade como na empresa pesquisada. Há o encadeamento produtivo, que faz com que um território cresça em conjunto. Esta poderá ser uma ex-periência que poderemos aplicar no Brasil para que sejam fortaleci-dos os pequenos negócios. A inter-nacionalização é outro destaque. A Itália, na economia mundial, é o 10º país que mais exporta. Em termos

de importação, é o 11º. As empresas são focadas em abastecer os mer-cados interno e externo. Por meio da união, os negócios se fortalecem, melhoram o faturamento, crescem juntos, ampliam mercados e encon-tram soluções para desafios. Perce-bemos que isso está enraizado na cultura italiana”.

RAÍZES CULTURAISPor Maísa de Holanda Feitosa - Sebrae Nacional“Embora mais informais no trato

com o cliente, as empresas italia-nas estabelecem laços mais fortes com seus territórios. Por isso, sen-tem-se responsáveis por seu en-torno, de modo que os negócios geram com frequência externalida-des positivas. Ambas as culturas, brasileira e italiana, apresentam vantagens e desvantagens, daí a importância de se explorar o con-tato com uma realidade diferente e entender como transformar aspec-tos culturais positivos em métodos de gestão que possam ser repeti-dos por empresas de outra nacio-nalidade, sem abrir mão de outros aspectos culturais que tragam van-tagens competitivas”.

A diversidade de subprodutos é uma diferença em relação ao mercado nacional

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CONEXÕES VENCEDORASPor Marcelo Ribeiro de Araújo - Sebrae/PA“Observamos diversas inovações

italianas, desde o âmbito organizacio-nal passando por inovações de produ-to e de processos. A formação de redes de empresas como estratégia para ganho de escala e flexibilidade para competir em cadeias de valor é uma inovação organizacional que impac-ta produtos e processos. Não há como não se impressionar com esse nível de organização e coordenação entre as empresas. Porém, na mesma es-cala é a complexidade de replicar esse modelo, principalmente no Brasil, pois está baseado nas relações interpesso-ais e em valores que foram construí-dos ao longo dos anos. O design italiano foi algo que também chamou bastante atenção. Este é um diferencial compe-titivo que obriga as empresas a inovar nos produtos e, consequentemente, nos processos”.

SUPERAÇÃO ARTICULADAPor José Ronil Rodrigues Fonseca - Sebrae/RN“Na Itália, as empresas se uniram

após a Segunda Guerra Mundial com foco na inovação e na especialização, produzindo máquinas e equipamen-tos customizados e facilitando a in-tegração entre as cadeias produtivas. Os empresários buscaram fontes al-ternativas de energias renováveis, a integração da universidade com a in-dústria e as instituições, o trabalho com o empreendedor enquanto pes-soa, a possibilidade de captar avan-ços tecnológicos, a alta capacidade de formar mão de obra para os encadea-mentos produtivos e a disseminação do conhecimento em prol das neces-sidades produtivas de cada região”.

Design e qualidade são aspectos fundamentais para os empresários na Itália

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INOVAÇÕES PARA TRANSFORMAR O SEBRAE Reflexões dos gestores para

potencializar caminhos para os pequenos negócios

Em um cenário que aponta ad-versidades e a necessidade de constante superação, os ges-

tores foram questionados sobre as inovações italianas que podem transformar a atuação do Sebrae. Muito mais do que apontar fórmu-las, os depoimentos mostram que as bases necessárias para incre-mentar os pequenos negócios bra-sileiros existem e precisam, apenas, efervescer.

REFORÇO ÀS TERRITORIALIDADES Para André Luis Vieira Campos,

gestor do Sebrae/RS, a forma de tra-balho empregada pelas empresas italianas e a atuação coletiva aliada ao alto nível de inovação dos proces-sos e dos produtos são pontos que merecem atenção. Ele destaca ain-da a forte presença cultural transfor-mada em oportunidade de negócio e o respeito à tradição na fabricação dos produtos. “Por exemplo, na Lat-teria Soresina, o queijo Grana Padano é fabricado com o mesmo método de quando foi inventado. Atualmente, a

fábrica moderna e com equipamentos de última geração reproduz este mé-todo. Entretanto, as etapas fundamen-tais do processo seguem exatamente as mesmas, como sentir o “ponto” da massa manualmente”, explica. Além da qualidade do produto, que é uma bus-ca constante, há grande respeito ao ambiente e ao equilíbrio do território. “São esses diferenciais que garantem o acesso ao mercado internacional com um produto único, com Denominação de Origem Protegida (DOP) e alto va-lor agregado. A combinação entre cul-tura, cooperação, inovação e mercado é que gera a competitividade do territó-rio”, aponta.

PERSONALIZAÇÃO EM NEGÓCIOSDe acordo com Claudio Luiz de Sou-

za Oliveira, gerente do Sebrae/MG, a vivência trouxe a certeza do trabalho realizado na governança e no relacio-namento entre pequenos negócios e grandes empresas. Ele aponta, espe-cialmente, o esforço na utilização de ferramentas de inovação e tecnologia para agregação de valor a produtos e

serviços, tornando os negócios mais competitivos. Há ainda ações para a implantação de práticas sustentá-veis e o fortalecimento do território através das lideranças locais. “Trouxe como agregação de valor as estraté-gias de investimento no capital so-cial e foco na qualidade. Precisamos estar atentos que o diferencial é im-plementar programas de sustentabi-lidade, além de associar e fortalecer a imagem da empresa no território em que atua. Por fim, devemos valorizar e investir em pessoas, que são o maior bem de uma empresa”, diz.

OLHARES SUSTENTÁVEISA sustentabilidade é a inovação des-

tacada por Geórgia Pádua, gestora do Se-brae/PI. Ela aponta que, muito além de propiciar a consolidação de novos cená-rios, o tema coloca em pauta a ansieda-de de mudanças que não podem esperar. “O maior aprendizado está na possibili-dade de desenvolver-se de forma sus-tentável, fazendo adequadamente o uso de fontes renováveis, inclusive reaprovei-tando os resíduos da produção. Criou-se um sentimento de inquietação, de como

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poderemos daqui para frente colocar em prática todo o aprendizado, de que ma-neira iremos dar o primeiro passo, pois poderemos ser agentes transformadores no comportamento dos empresários que atendemos”, ressalta.

CAPACITAR PARA DESENVOLVERSegundo Ricardo Guedes, gerente

do Sebrae Nacional, potencializar cami-nhos para os pequenos negócios passa

por desenvolver oportunidades de ca-pacitação em vários níveis, promovendo o crescimento sinérgico. “A experiência do Sebrae evidencia que é necessária a capacitação de empreendedores para facilitar a atividade produtiva e o desen-volvimento das sociedades, visando al-cançar bons resultados na gestão dos negócios e nas ações sociais e imple-mentando ações articuladas e desenvol-vimentistas”, comenta.

SOLUÇÕES NA CRISEEstar preparado para ensinar aos em-

presários a vender seus produtos para mais de sete bilhões de consumidores é a inovação proposta por André Luiz Schelini, gestor do Sebrae/MT. Ele refor-ça a importância de identificar oportuni-dades e necessidades de mercado para sentir de forma mais branda os impac-tos das crises internacionais e desfrutar de um cenário mais dinâmico e promis-sor, como foi visto no modelo italiano e

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nas empresas visitadas. “A estratégia de desenvolvimento sustentável do Brasil passa, obrigatoriamente, pela inclusão dos pequenos negócios nas exporta-ções brasileiras, ampliação da visão in-ternacional dos empresários, agregação de valor dos produtos e uso de práticas e processos produtivos sustentáveis. Há ainda a busca de novos mercados consu-midores, a construção de um modelo de internacionalização baseado nos merca-dos mais próximos geograficamente, a

articulação institucional para construção de políticas de incentivo ao comércio in-ternacional dos pequenos negócios e, por fim, a inteligência de comercial”, explica.

VALORIZAÇÃO DE CADA PROFISSIONALObservar a importância de cada cola-

borador para o sucesso do negócio foi o ponto observado por Augusto Togni de Al-meida Abreu, gerente do Sebrae Nacional.

“Percebeu-se um ambiente empresarial constituído a partir de valores como: éti-ca, respeito, positividade, paixão, visão e coragem. Todos contribuem para a con-solidação de uma cultura diferenciada em que cada colaborador se demonstra per-tencente e engajado nos propósitos da empresa”, diz. Ele explica que esse cuida-do gera uma relação positiva entre todos os envolvidos na cadeia produtiva, desde os responsáveis pelos insumos, os cola-boradores diretos, os dirigentes e até

Criar conexões entre as vivências internacionais e o Sebrae é a missão dos gestores

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o consumidor final. “Não há misté-rio nesse processo, porém exige um elevado grau de confiança. Trata-se de criar condições para fortalecer um processo produtivo (e se aplica para o cotidiano dos colaboradores do Sis-tema Sebrae), assim como valorizar todos os ativos existentes em uma equipe, sejam individuais ou coleti-vos, para assegurar resultados mais representativos”, afirma.

SEIS EIXOS DE INOVAÇÃODe acordo com Claiton dos Santos,

gerente do Sebrae/RS, o panorama de desenvolvimento obtido em ter-ritório italiano pode ser nacionaliza-do incluindo seis eixos de inovações: ter visão global, criar modelos de de-senvolvimento baseados em empre-sas de pequeno porte e desenvolver uma busca constante por agregação de valor ao produto. “Outras etapas são entender o empreendedorismo como característica alavancadora do desenvolvimento, olhar a inova-ção como fator crítico de sucesso e ter ciência da importância da gover-nança local atuante para o fortaleci-mento da estratégia e perenidade de propósito”, afirma.

CONCRETIZAR SONHOSPara Everaldo Figueiredo, gestor

do Sebrae/AL, a atuação do Sebrae deve ser norteada de forma a apoiar os brasileiros na realização e no crescimento dos seus sonhos de em-preender. “Devemos ter o cuidado de contribuir com o surgimento e com o crescimento de empresas, mas não como entraves no processo de ges-tão, pois nossa responsabilidade é muito grande enquanto entidade fo-mentadora do empreendedorismo.

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Trabalhamos com sonhos de pesso-as, com recursos oriundos de econo-mias adquiridas durante muitos anos ou com indenizações que podem de-saparecer com tomadas de decisões erradas”, reforça.

MIX DE POSSIBILIDADESDe acordo com Joel Franzim Jú-

nior, gestor do Sebrae/PR, os aspec-tos mais importantes trazidos pela experiência internacional para o tra-balho no Sebrae podem ser reuni-dos em um tripé que representa um mix de oportunidades para os peque-nos negócios. “Os mais importantes são as questões de sustentabilidade no SEBRAE e nos nossos clientes, a inovação contínua dentro das orga-nizações e a internacionalização dos pequenos negócios”, reforça.

REUNIR ESFORÇOS“Para o Sistema SEBRAE, cujo objeti-

vo é ser reconhecido como especialista em pequenos negócios, nós precisamos unir forças envolvendo os segmentos público e privado e o engajamento das instituições de pesquisa e desenvolvi-mento para trabalhar todo ciclo do em-preendedorismo”, aponta Fábio Burigo Zanuzzi, gerente do Sebrae/SC. Ele re-força que não existem soluções fáceis para problemas complexos, o que sig-nifica um desafio de grande enverga-dura e que ganha enorme relevância na atual conjuntura, repleta de oportunida-des, mas também de desafios novos nos próximos anos. “Tendo como tendência uma sociedade cada vez mais consciente com relação ao uso adequado dos recur-sos naturais e um mundo mais globaliza-do e competitivo, surge o grande desafio que é adicionar valor aos pequenos ne-gócios”, esclarece.

Os conhecimentos adquiridos têm grande potencial de revolucionar os pequenos negócios

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SUPERAR ENTRAVES DE INOVAÇÃOOs grandes desafios e as barreiras

a serem enfrentados pelas peque-nas empresas brasileiras foram des-tacados por Flávia Martins de Barro

Firme, gestora do Sebrae/DF. Ela co-menta, especialmente, a inovação, que ainda representa para a maioria dos empresários altos investimen-tos em desenvolvimento tecnológi-co. “Na experiência italiana, na qual

a inovação está bastante arraigada nas atividades diárias das empresas, é possível concluir que há uma cultu-ra inovadora bastante sólida. No Dis-trito Federal, possuímos situações bastante distintas entre si: empresas tradicionais que resistem ao tema e empresas muito inovadoras, com os formatos de startups, para as quais a linguagem do Sebrae sobre inovação é pouco efetiva. Assim, em um deter-minado grupo precisamos oferecer inovação. No outro, precisamos ser inovadores. Em ambos os casos, lida-mos com o desafio de promover um ecossistema favorável ao desenvol-vimento e a consolidação da cultura da inovação e da tecnologia para os pequenos negócios”, aponta.

DE VOLTA AO SEBRAEPara Maísa de Holanda Feitosa,

gestora do Sebrae Nacional, a prin-cipal inovação é a atuação como em-presa de assistência técnica e agência de fomento. Neste cenário, ela des-taca a necessidade de analisar o em-preendedor como a chave de tudo no contexto micro, pois, para transfor-mar uma empresa, é preciso trans-formar sua liderança. Aponta ainda que a cultura local é o ponto central no contexto sistêmico, que faz com que o desenvolvimento de um terri-tório passe pelo aproveitamento das suas potencialidades, fortalecimen-to das relações e melhoria produtiva em nível coletivo. “Por fim, o fomen-to organizado é o que gera impac-to no contexto macro. A estruturação da competência técnica para atender a demanda difusa, acrescida da com-petência de fomento para organizar a demanda sistêmica, promove impac-tos relevantes na economia nacional”, finaliza.

As reflexões gerarão inovações no cotidiano dos gestores

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CONSOLIDANDO O FUTURO DO BRASILIdeias para apoiar transições nos pequenos negócios

Para as lideranças, após a partici-pação no Programa, há o desafio de implementar as possibilida-

des vistas em território italiano. Veja abaixo algumas ideias que podem aju-dar a consolidar novas oportunidades para os pequenos negócios brasileiros.

ENCADEAMENTO PRODUTIVO“Chamou atenção a forma de organização do

encadeamento produtivo dos pequenos negócios com o desenvolvimento de um mercado comum para a

especialização das empresas do território, organizando a cadeia de fornecimento. Esta forma de organização se

transforma em um centro gerador de conhecimento e inovação, pois uma empresa estimula a outra a inovar”, destaca André Luis Vieira Campos, gestor do Sebrae/RS.

QUALIFICAR PARA CRESCER“A grande maioria dos pequenos negócios brasileiros ainda não

está preparado para a gestão da qualidade, principalmente visando certificações internacionais, visto as exigências

tornarem-se caras ao pequeno empreendedor. Alia-se ainda a dificuldade de cooperação, pois como observado na Itália, as empresas buscavam cooperar para promoverem a inovação”,

finaliza Mauricio Leite Lima, gestor do Sebrae/MA.

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inovação

NOVOS DESENHOS“As inovações de produtos que são

resultantes de design ‘padrão italiano’

ainda requerem muita dedicação

por parte do ambiente empresarial

brasileiro. Há que se qualificar a

mão de obra e instalar um modelo

cultural empreendedor, no qual

cada colaborador de um pequeno

negócio, cada empreendedor e cada

empresário tenha a capacidade

desenvolver seus produtos e serviços

baseados nas oportunidades de

mercado e no desejo do consumidor.

Isso requer, dentre muitas coisas,

medidas inovativas na gestão, na

produção e no produto, além de exigir

uma visão ampliada do mercado,

olhando para as oportunidades

de conquistas locais, regionais,

nacionais e internacionais”, ressalta

Augusto Togni de Almeida Abreu,

gestor do Sebrae Nacional.

HORIZONTES TECNOLÓGICOS

“O aceso às novas tecnologias parece ser um grande

diferencial italiano. Neste caso, vale ressaltar

que o próprio Sistema SEBRAE ainda precisa se

desenvolver. Novas tecnologias podem oferecer

diferentes modos de acesso para as MPE brasileiras

às soluções desenvolvidas. Pensando que devemos

ser mais efetivos em nossas ações e alcancemos

o maior número de MPEs, é fundamental recorrer

às ferramentas de massa que permitam que o

empresário acesse – em seu tempo e conforme

sua agenda, as soluções do SEBRAE. Por isso, a

necessidade de desenvolvermos cada vez mais

soluções on-line”, ressalta Flávia Martins de Barros

Firme, gestora do Sebrae/DF

NOVAS POLÍTICAS“É necessário que o Brasil implemente políticas e oportunidades para inovar e se solidificar no mercado extremamente competitivo, principalmente as relacionadas à ausência de conhecimentos, recursos, cultura e crédito”, afirma Ricardo Guedes, gestor do Sebrae Nacional.

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OLHARES MACRO“Acredito que o olhar global tem potencial para modificar a forma com que pensamos os nossos negócios. Na Itália, fica claro que o objetivo sempre é desenvolver produtos que sejam competitivos para o mundo. E isto provoca aprimoramento constante, inovação, desenvolvimento de tecnologias, preocupação com a qualidade, gestão eficaz e melhoria contínua. Quando conseguirmos dar esta virada na forma em que pensamos os nossos negócios, ou melhor, para quem produzimos, talvez tenhamos este incremento de qualidade e inovação - tão necessários para gerar desenvolvimento e produzir riqueza”, comenta Claiton dos Santos, gerente do Sebrae/RS.

INOVAÇÃO CÍCLICA“Na Itália, os alvos são o desenvolvimento, a qualidade com consultorias especializadas, o desenvolvimento sustentável com raízes no território, a internacionalização das empresas, o investimento em pessoas certas que gerem valor para a empresa, a tradição familiar e a proteção ao conhecimento. Há um forte espírito empreendedor, as políticas públicas existem com atuações independentes e de acordo com cada território e a inovação já está incorporada por várias empresas, principalmente as de tecnologia”, comenta José Ronil Rodrigues Fonsêca, gerente do Sebrae/RN

VALORIZAÇÃO GERACIONAL“A inovação Italiana tem como principal fator

competitivo de mercado o respeito à história

secular e a manutenção da tradição popular.

O exercício de criar novas possibilidades é

repassado de geração em geração, o que

permite o enraizamento deste conceito entre os

profissionais e os empreendedores mais jovens”,

aponta Katia Maria Moraes Veskesky Machado,

gerente do Sebrae/RR.

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PRIORIZAR PARA GANHAR“Na Itália, houve priorização nos setores de moda, casa, automação e

alimentação. A partir disso foram definidas estratégias de apoio para a competitividade dessas cadeias. Isso exigirá do Brasil um esforço muito grande, já que nossa produção está voltada para o mercado interno com grandes barreiras de entradas, o que nos deixou de fora na competição global de diversas cadeias

de valor e nos especializou no fornecimento de produtos de baixo valor e de commodities”, explica Marcelo Ribeiro de Araújo, gerente do Sebrae/PA.

FINITUDE NATURAL“A Rio+20 e a Expo2015 provam que os recursos naturais são finitos e, por esse motivo, nossa produção primária deve ser de alto desempenho e com

tecnologia. Já ficaram comuns para o Brasil todos os anos ‘quebrar’ o recorde de produção de grãos. Isso se deve a um fato oculto, que é a maximização do uso do solo e a exportação de água. A produção precisa crescer a cada dia para manter os ganhos constantes do produtor. Mesmo que hoje em dia afirme-se que a produção de grãos de Mato Grosso pode ser dobrada sem a derrubada de uma árvore, apenas utilizando áreas de pasto e com a recuperação das áreas degradadas, isso não garante a sustentabilidade da produção. O insumo mais importante que é a água tenderá a diminuir”,

explica André Luiz Schelini, gerente do Sebrae/MT.

UNIVERSIDADES COMO ALIADAS“Destaco o papel assumido pelas universidades com a manutenção de forte

parceria com o setor produtivo, trazendo diferenciais competitivos no processo de desenvolvimento tecnológico, na inovação e nas ações de sustentabilidade.

No Brasil, sabemos que há uma grande reação da academia em direcionar suas preocupações na busca de soluções para o atendimento às necessidades do

segmento empresarial, principalmente dos pequenos negócios. Esta é uma das constatações que merece ser mais estudada e disseminada no nosso país para a

formulação de políticas voltadas ao aprofundamento dessa relação”, aponta Ana Lúcia Nunes Oliveira, gerente do Sebrae/SE.

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NOVAS VISÕES E HORIZONTES

Mudanças proporcionadas pelo Programa vão além dos quesitos profissionais

A vivência no Programa trou-xe para as lideranças do Se-brae um agregado diferente:

mudanças pessoais. O conhecimen-to adquirido, as experiências em solo italiano e o intercâmbio com colegas de outras localidades levaram a con-solidação de novas visões e horizon-tes que impactaram não somente suas carreiras, mas suas vidas.

“Participar do programa foi um pre-sente do Sebrae. Tive a oportunidade de conhecer colegas e trocar experiên-cias ligadas as temáticas que estuda-mos ao longo do curso. Outro grande ganho foi poder vivenciar um ambien-te de negócios totalmente diferente do que acompanhamos no Brasil. Conhe-cer pequenas e médias empresas, suas dificuldades, estratégias de crescimen-to e modelo de parcerias foi bastan-te rico para me ajudar a refletir de que

forma podemos melhorar como enti-dade de fomento e informação”, aponta Cláudia Pacheco, gerente do Sebrae/RJ.

As mudanças também fazem par-te da lembrança de Raimundo Reginal-do Braga Lobo, gestor do Sebrae/CE. “A viagem foi extraordinária, principal-mente, porque eu não conhecia um país tão belo e extraordinário, tanto na sua forma de vida e de se expressar, como na sua valorização regional sobre os as-pectos da moda e do design. O progra-ma foi uma oportunidade ímpar para oxigenar conhecimentos diversos e abordagens”, destaca.

A constatação é similar a de Mau-rício Leite Lima, gestor do Sebrae/MA, que aponta o Programa como elo para a atuação diferenciada. “Ter a opor-tunidade de visitar empresas em um país tão distante e mais desenvolvido economicamente, mas que passa por

situações que se assemelham à nossa realidade, amplia nossa base de conhe-cimentos. Foi importante ainda enten-der que alguns pontos fortes da Itália podem ser aplicados no Brasil e que al-guns aspectos exclusivamente não se aplicam ou que precisam ser adapta-dos”, afirma.

Para Marcelo Ribeiro de Araújo, ge-rente do Sebrae/PA, o Programa cria condições de aprendizagem únicas. “Iniciativas como essas por parte do SE-BRAE só nos fazem crescer enquanto pessoa e profissional. Os temas abor-dados são atuais e de grande relevância para nós, gestores. Trocar experiências com os colegas do Sistema e aprovei-tar o momento para discutir nossas re-alidades e ações fortalecem a amizade e criam um ambiente de aprendizagem que nos oportuniza perceber diversas faces de um mesmo país”, analisa.

A vivência no Programa provocou mudanças pessoais e profissionais

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inovação

AMPLIAÇÃO DE OPORTUNIDADESA experiência internacional poten-

cializou ainda a vivência qualificada de novos conceitos para os gestores. “O Curso e a viagem, de um modo geral, trouxeram experiências muito enriquecedoras. No primeiro dia, nós tivemos aulas, ouvimos CEOs italia-nos de empresas com alguma atua-ção no Brasil e um diretor do Banco do Brasil que atua na Itália. Foi bem

interessante ouvir a visão que cada um deles possui em relação aos dois pa-íses”, comenta Flávia Brasil de Luna, gestora do Sebrae/RJ.

De acordo com José Ricardo Men-des, gerente do Sebrae Nacional, a iniciativa permitiu vislumbrar novos horizontes. “A experiência internacio-nal adquirida e colocada em prática forneceu importantes subsídios que se somam com as atividades desen-volvidas para os MEI e as MPEs. Para

responder aos desafios propostos diariamente, venho desenvolvendo ideias criativas, adicionadas a manei-ras para desenvolver os trabalhos, buscando simplificar os processos com profissionais da área e possibi-litando a obtenção de resultados po-sitivos”, diz.

Já para Maria do Socorro Félix de Oliveira, gerente do Sebrae/PB, a inovação pode ser a chave para prover as mudanças nos pequenos

O Programa proverá novas oportunidades para as ações desenvolvidas pelo Sebrae

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negócios. “Durante a viagem, per-cebi o quanto a cultura de um povo é importante para o seu crescimen-to econômico, social e sustentável. Acredito que, para mudar a realida-de do Brasil, precisamos capacitar a nova geração de empreendedores desde o ensino fundamental’, reforça.

MUDANÇAS ESTRUTURANTESEm um cenário econômico com

amplos desafios, o Programa trouxe

ainda inspirações para superar ad-versidades. “O principal conhecimen-to está associado à necessidade de ampliar a visão sistêmica sobre os pequenos negócios brasileiros. Nos-so trabalho e conhecimentos não são mais suficientes para garantir a lon-gevidade e saúde dos pequenos ne-gócios no mercado globalizado. Penso que temos de buscar identificar inicia-tivas de excelência feitas por peque-nos negócios, que tenham potencial

de ganhar mercado externo, e investir fortemente nesta consolidação”, ex-plica André Luis Vieira Campos, ges-tor do Sebrae/RS.

A superação também está nas re-flexões de Christiane Barbosa e Cas-tro, gerente do Sebrae/ES. “É notória a importância do SEBRAE como enti-dade de fomento e apoio ao empre-endedorismo. Acredito que estamos evoluindo e aprimorando nossa atua-ção progressivamente. A parceria es-tabelecida com a ALTIS vem contribuir sobremaneira com o nosso aprendi-zado, propiciando a implantação e ou adaptação das melhores práticas das MPE e entidades de fomento da Itá-lia no nosso dia a dia enquanto lide-ranças”, diz.

Cláudio Luiz de Souza Oliveira, ge-rente do Sebrae/MG, faz coro com os colegas. “A vivência é que, enquanto líder, venho apoiando as iniciativas e a implementação de ações que levem ao desenvolvimento de startups, in-vestindo em projetos de cidades cria-tivas e empreendedoras e na criação e no fortalecimento de uma rede de agentes de desenvolvimento. Espe-ro estar contribuindo para o Norte de Minas a partir da materialização dos conhecimentos adquiridos”, aponta.

Já para Marcy Regina Martins de Soares, chefe de gabinete no Sebrae Nacional, a experiência foi como uma bússola a indicar positivos horizon-tes para o Brasil. “Foi uma experiên-cia bastante importante para a nossa formação, conhecer realidades distin-tas seguindo caminhos semelhantes. Reforçou muito a ideia de que o Bra-sil está no caminho certo, pelo menos no que se refere ao nosso trabalho de auxiliar as micro e pequenas empre-sas a se desenvolverem e crescerem”, finaliza. Di

vulg

ação

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inovação

UM ANO DEPOIS DO PROGRAMAComo participar da iniciativa fez a diferença para os diversos gestores do Sebrae

Há um ano, eles e elas carim-bavam o passaporte para dias de aprendizado em solo italia-

no depois de momentos de aprendi-zado on-line e presencial em Brasília (DF). Atualmente, usam os conhe-cimentos adquiridos no Programa para incrementar o desempenho lo-cal, regional e nacional do Sebrae e potencializar oportunidades para os pequenos negócios.

“Tenho uma atuação bem diferen-ciada, mais criteriosa e com foco no planejamento das ações e no atendi-mento continuado através das nossas ferramentas e soluções, além da iden-tificação de parcerias que contribuam para o bom desenvolvimento e o de-sempenho dos clientes. Escrevo todas as quartas um artigo sobre empreen-dedorismo para o jornal local, fato que agradeço ao curso, pois antes eu me

limitava ao operacional”, destaca Maria do Socorro Gomes de Figueiredo, ges-tora do Sebrae/AC.

A opinião é compartilhada por Fa-biana Gizele Moreira da Costa, ge-rente do Sebrae/CE, que destaca as reflexões sobre o desenvolvimen-to do território como uma das princi-pais contribuições do Programa. Ela aponta ainda o desafio de empreender com inovação, encadeando economias

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e criando um ambiente favorável que seja motivador, tangível e efetivo para os pequenos negócios.

“O que mudou? As formas de olhar e fazer. Há uma inquietude mais aflorada e uma insatisfação contínua por resul-tados transformadores. Somos guer-reiros velozes que corremos para fazer o que é preciso, mas temos que che-gar à alma da sociedade, do território, dos parceiros e dos empreendedores,

quebrando a estagnação, os velhos pa-radigmas e as vaidades incontestes”, ressalta Fabiana.

Para José Carlos Arruda de Bessa, gestor do Sebrae/TO, ficou a certeza de que não basta saber o que o cliente quer, mas sim mostrar o que ele preci-sa. “Por exemplo, vamos levar para toda a região sul do Tocantins a primeira fei-ra de produtos regionais e também es-tamos promovendo a valorização da cultura local, pois, em um ambiente competitivo, não se vende apenas pro-dutos, mas toda a história e cultura de um povo”, reforça.

SINERGIA DE ATUAÇÃOOs aprendizados não somente fo-

ram responsáveis por transformações pessoais, mas culminaram em dezenas de hiperconexões que trouxeram efer-vescência. “A partir do programa esta-mos redefinindo a atuação junto aos parceiros por uma causa maior de de-senvolvimento do estado. Também ampliamos a atuação em prol das fran-quias e das centrais de negócios por acreditar que estas metodologias pro-vem a competitividade empresarial dos pequenos negócios”, afirma Fábio Krie-ger Lopes Reis, gerente do Sebrae/RS.

O comparativo entre os países pro-piciou entender as potencialidades que circundam o ambiente e as opor-tunidades disponíveis. “Eu aprofundei minha visão holística sobre o empre-endedorismo brasileiro e nossas mi-croempresas. Passei a entender que as diferenças existentes entre os ambien-tes legais do Brasil e da Itália permitem perceber que temos uma significativa e abrangente rede de apoio que precisa ser mais bem explorada pelos empre-endedores”, aponta Danilo Lisboa Bor-ges, gestor do Sebrae/MA.

Mudar o olhar sobre o empreende-dorismo a partir dos conhecimentos adquiridos também trouxe vislumbres de como os pequenos negócios devem se posicionar. “Com todo o aprendizado e vivência, entendo que as empresas, independente do seu setor e segmento, para serem competitivas, precisam ser produtivas, inovadoras e sustentáveis. Já os “donos do negócio” devem ser al-tamente empreendedores”, comenta Flávia Roberta Pacheco Donato Bosso-naro, gestora do Sebrae/TO.

“Somos guerreiros velozes que corremos para fazer o

que é preciso, mas temos que chegar à alma da sociedade, do

território, dos parceiros e dos empreendedores, quebrando

a estagnação, os velhos paradigmas e as vaidades

incontestes”, Fabiana Gizele Moreira da Costa, gerente do

Sebrae/CE.

E se os conhecimentos mudaram o formato de mirar os pequenos empre-endimentos, ganharam também cunho prático. “Entre as inovações provo-cadas pelo Programa, está a Feira do Empreendedor que manteve como ei-xos temáticos a inovação, a sustenta-bilidade e o empreendedorismo, mas com foco mais específico. A inovação é trabalhada como o pilar da manuten-ção da competitividade, a sustentabi-lidade é fator diferencial de mercado

Lideranças da turma 2 – 2014 indicam as mudanças provocadas pelo Programa

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inovação

e o empreendedorismo volta-se para a identificação e o desenvolvimento do comportamento empreendedor”, aponta Nádia Jaciara Aguiar Castro, gerente do Sebrae/RR.

MÚLTIPLAS PERCEPÇÕESMeses após o encerramento do

Programa, as reflexões provocadas pelos novos conhecimentos trouxe-ram outras motivações para a atuação. “De tudo o que passamos e vivemos, o mais importante foi o contato com outras realidades, não apenas na Itá-lia, mas com alguns Estados. O Se-brae é muito maior e mais “rico” do que pensamos. Temos no Brasil mui-tas oportunidades que não explora-mos adequadamente, fruto inclusive de questões culturais, mas que se bem trabalhadas podem oferecer muitas oportunidades futuras”, diz Fábio Ra-vazi Gerlach, gestor do Sebrae/SP.

As múltiplas percepções provocadas por todo o processo de aprendizado le-vam ainda a um novo posicionamento. “Entender a MPE enquanto uma or-ganização que precisa se desenvolver, em muitos momentos, é diferente de entendê-la centrada na figura do em-presário. O porte da empresa, o mode-lo de gestão, o mercado em que atua e a cultura da região onde está instala-da, dentre outros fatores, sinalizam a necessidade de nos atualizarmos para termos condições de desenvolver e oferecer soluções e oportunidades ino-vadoras e práticas em um equilíbrio en-tre a atuação customizada e o maior grau de transversalidade e massifica-ção”, explica Fabrício César Fernandes, do Sebrae/MG.

E o celeiro de ideias criadas entre as vivências na Itália ganham forma concre-ta. “Realizamos a formação da rede de parceiros em prol do desenvolvimento

dos pequenos negócios do território do sertão do Araripe, além de parcerias com escolas e universidades para o de-senvolvimento de ações a favor das vo-cações econômicas dos municípios. Criamos ainda um fórum por segmento, com reuniões mensais para discussão dos setores e otimização de recursos e agendas de ações”, aponta Maria Lucélia Sousa Barros, do Sebrae/PE.

A realização de ações concretas também é compartilhada por Sérgio Augusto Monturil de Carvalho, do Se-brae/GO. “A experiência proporcionou um salto relevante em concentrarmos esforços para estimular o aumento

da produtividade através do nível de consciência empresarial. A frente da equipe de colaboradores da Regional Oeste do Estado de Goiás, eu tenho sensibilizado quanto à importância de cada integrante como agente de de-senvolvimento”, reforça.

CONCRETUDE EM AÇÃOEntre os vários integrantes da pri-

meira turma do Programa, há ainda um sentimento comum: o de dar as inovações italianas temperos brasilei-ros e torná-las ações nos territórios. “Lembro-me das experiências viven-ciadas em Milão e levo aos municípios

Lideranças da turma 1 – 2014 indicam as mudanças provocadas pelo Programa

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do Estado de Roraima ações como a implantação do comitê gestor muni-cipal, destacando a necessidade de fortalecer o empreendedorismo, a ino-vação e o desenvolvimento local e ter-ritorial”, comenta Nuberlânia Ribeiro Batista, do Sebrae/RR.

A experiência de transformar con-cretude em ação é compartilhada por Dulcileide Oliveira Gonçalves de Sali-nas, do Sebrae/MA. “Os conhecimen-tos que adquiri durante a experiência do Programa tenho, dentro das pos-sibilidades e quando a oportunida-de se apresenta, aplicado e utilizado na orientação das empresas e dos

empreendedores que buscam infor-mações em nossos postos de atendi-mento”, ressalta.

Para Mirna Vaz da Rocha, gesto-ra do Sebrae/PI, a iniciativa permi-tiu consolidar uma visão sistêmica da valorização da cultura local e da mar-ca, além de melhorias na produtivi-dade do tempo. “Pude trazer para as comunidades empresariais do Piauí o conceito da produtividade com menos: menos desperdícios, menos mão-de--obra sem qualificação e menos tempo na realização das atividades”, comenta.

Vivência similar teve Carlos Rai-mundo dos Santos, gerente do Sebrae/MT, que ao longo dos meses imple-mentou diversas ações em inovação, competitividade, sustentabilidade, en-cadeamento produtivo e empreende-dorismo. “Aconteceram mudanças na metodologia de atendimento de con-sultorias caso a caso - para empre-endedores com demandas que não se enquadravam nas disponíveis. Es-ses clientes passaram a ter a análise por grau de envolvimento com a ca-deia econômica, servindo de indicativo de complexidade na gestão do projeto de consultoria e de impactos”, explica.

Já William Rodrigues de Brito, ges-tor do Sebrae/MG, também colocou em prática os novos olhares propi-ciados pela iniciativa. “Minha partici-pação neste programa foi um “divisor de águas” na forma de olhar a região sob minha responsabilidade. Hoje me sinto melhor preparado e focado nas variáveis e nas tendências realmen-te necessárias ao seu desenvolvimen-to. Se antes tínhamos um forte olhar sobre a necessidade de realizar, cum-prir metas e sermos eficientes com a aplicação de programas e produtos do Sebrae, hoje este olhar está bem dife-renciado”, finaliza.

“O Sebrae é muito maior e mais “rico” do que pensamos. Temos no Brasil muitas oportunidades

que não exploramos adequadamente, fruto inclusive de questões culturais, mas que

se bem trabalhadas podem oferecer muitas oportunidades futuras”, Fábio Ravazi Gerlach

gestor do Sebrae/SP

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