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Cancro do pâncreas www.anticancerfund.org www.esmo.org O que é o cancro do pâncreas? Deixe-nos explicar isso a você. Guias ESMO/ACF para o Paciente baseadas nas Diretrizes para a Prática Clínica da Esmo

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Cancro do pâncreas

www.anticancerfund.org www.esmo.org

O que é o cancro do pâncreas?

Deixe-nos explicar isso a você.

Guias ESMO/ACF para o Paciente baseadas nas Diretrizes para a Prática Clínica da Esmo

CancrodoPâncreas:umguiaparaodoente-InformaçõesbaseadasnasRecomendaçõesdePráticaClínicadaESMO-v.2013.1 Página1

EstedocumentoéfacultadopeloAnticancerFund,comapermissãodaESMO.Ainformaçãocontidanestedocumentonãosubstituiumaconsultamédica.Destina-seapenasautilizaçãopessoalenãopodeseralterada,reproduzida,nemdivulgadadenenhumaforma,semoconsentimentoporescritodaESMOedoAnticancerFund.

CANCRODOPÂNCREAS:UMGUIAPARAODOENTE

INFORMAÇÕESPARAODOENTEBASEADASNASRECOMENDAÇÕESDEPRÁTICACLÍNICADAESMO

Este guia para o doente foi preparado peloAnticancer Fund comoum serviço para doentes, paraajudá-los,eaosseusfamiliares,acompreendermelhoranaturezadocancrodopâncreas,bemcomoavaliar as melhores opções de tratamento disponíveis, de acordo com o subtipo do cancro dopâncreas.Recomendamosaosdoentesqueperguntemaosseusmédicosquaisostestesoutiposdetratamento necessários para o seu tipo e estadio da doença. A informaçãomédica descrita nestedocumentoébaseadanasrecomendaçõesdepráticaclínicadaESMO(EuropeanSocietyforMedicalOncology) para a gestão do cancro do pâncreas. Este guia para o doente foi produzido emcolaboraçãocomaESMOeédivulgadocomautorizaçãodamesma.Foi redigidoporummédicoerevisto por dois oncologistas da ESMO, incluindo o autor principal das recomendações de práticaclínicaparaprofissionais.FoitambémrevistoporrepresentantesdedoentesdoGrupodeTrabalhodeDoentescomCancrodaESMO.ParamaisinformaçõessobreoAnticancerFund:www.anticancerfund.orgParamaisinformaçõessobreaEuropeanSocietyforMedicalOncology:www.esmo.orgPara as palavras assinaladas com um asterisco é facultada uma definição na parte final dodocumento.

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EstedocumentoéfacultadopeloAnticancerFund,comapermissãodaESMO.Ainformaçãocontidanestedocumentonãosubstituiumaconsultamédica.Destina-seapenasautilizaçãopessoalenãopodeseralterada,reproduzida,nemdivulgadadenenhumaforma,semoconsentimentoporescritodaESMOedoAnticancerFund.

Índice

Definiçãodecancrodopâncreas............................................................................................................3

Ocancrodopâncreaséfrequente?.......................................................................................................5

Quaisascausasdocancrodopâncreas?................................................................................................6

Comosediagnosticaocancrodopâncreas?..........................................................................................7

Oqueéimportantesaberparaobterumtratamentootimizado?......................................................10

Quaissãoasopçõesdetratamento?...................................................................................................13

Quaissãoosefeitossecundáriospossíveisdasterapias?....................................................................20

Oqueaconteceapósotratamento?....................................................................................................22

Definiçõesdetermosmédicos.............................................................................................................24

Estetexto foi redigidopeloDra.AnaUgarte (AnticancerFund)erevistopeloDr.GauthierBouche(AnticancerFund),pelaDra.SvetlanaJezdic (ESMO),peloProf.Dr.StefanoCascinu (GrupodeTrabalhodasRecomendaçõesdePráticaClínicadaESMO),peloProf.Dr.SvetislavJelic(GrupodeTrabalhodasRecomendaçõesdePráticaClínicadaESMO)eporAnnaJewel(PancreaticCancerUK).

A atualização atual (2013) reflete as alterações na última versão das Recomendações de Prática Clínica da ESMO. Aatualização foi efetuada pelo Dra. Ana Ugarte (Anticancer Fund) e revista pela Dra. Svetlana Jezdic (ESMO) e pelo Dr.ThomasSeufferlein(ESMO).

EstetextofoitraduzidoparaportuguêsporumtradutorprofissionalevalidadopeloProf.JoséCrespoMendesdeAlmeida.

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EstedocumentoéfacultadopeloAnticancerFund,comapermissãodaESMO.Ainformaçãocontidanestedocumentonãosubstituiumaconsultamédica.Destina-seapenasautilizaçãopessoalenãopodeseralterada,reproduzida,nemdivulgadadenenhumaforma,semoconsentimentoporescritodaESMOedoAnticancerFund.

DEFINIÇÃODECANCRODOPÂNCREASO cancro do pâncreas é uma doença na qual surgem células anómalas no tecido do pâncreas. Opâncreaséumórgãolocalizadonoabdómen,pordetrásdoestômago.Produzenzimasdigestivas*einsulina*. O pâncreas é formado por dois tipos diferentes de tecido, com funções distintas: opâncreasexócrino*quesegregaenzimasnotratodigestivo,oqueajudaadecomporoslípidoseasproteínas,eopâncreasendócrino*quesegregaglucagónio*e insulinanacorrentesanguíneaparacontrolarosníveisdeglicemia.Emmaisde80%doscasos,ocancrodopâncreasdesenvolve-senopâncreasexócrino.Cercade75%detodososcancrosdopâncreasexócrinoocorremnacabeçaoupescoçodopâncreas,15a20%nocorpoe5a10%nacaudadomesmo.

Anatomiadopâncreas.Opâncreasécompostoportrêspartes:cabeça,corpoecauda.Localiza-seno

abdómen,juntoaoestômago,intestinoseoutrosórgãos.NotaimportanterelativamenteaoutrostumoresdopâncreasEste guia para o doente faculta informações sobre o cancro do pâncreas exócrino*, o tipo maiscomumdecancrodopâncreas,tambémdesignadoporadenocarcinomapancreático.Oscarcinomasdecélulasacinareseospancreatoblastomasdesignamoutrotipodetumoresqueocorremnaporçãoexócrinadopâncreas,mas sãomuito rarosea informaçãocontidanesteguia refere-seapenasaoadenocarcinomapancreático. Ostumorescísticosdopâncreas, taiscomoasneoplasiasmucinosaspapilaresintraductais (IPMNs)tambémnãosãoabordadosnesteguia.

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Outro tipo de tumor do pâncreas desenvolve-se no pâncreas endócrino*. São tumores raros,designados por tumores neuroendócrinos* (NETs). O diagnóstico e tratamento destes tumores édiferentedoaplicávelaostumoresexócrinosdescritosnesteguia.

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OCANCRODOPÂNCREASÉFREQUENTE?NaEuropa,ocancrodopâncreaséosétimocancromaisfrequente.NaUniãoEuropeia,11,6homensemcada100.000sãodiagnosticadosanualmentecomcancrodopâncreas,variandoestafrequênciaentre4,7(Chipre)e17,2(Hungria)esendoresponsávelpelamortedecercade35.000homensporano. Nas mulheres afeta 8,1 em cada 100.000, variando entre 2,1 (Chipre) e 11,4 (Finlândia).Também é responsável pelamorte de cerca de 35.000mulheres por ano. A frequência de novoscasos diagnosticados aumenta com a idade, sendo a maioria destes diagnosticada em idadessuperioresa65anos.Dado que a doença pode passar despercebida durante muito tempo, muitas vezes quando odiagnósticoéefetuado, jáotumorsedisseminouparaoutrosórgãos.Éaquintaprincipalcausademortesassociadasaocancro.

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QUAISASCAUSASDOCANCRODOPÂNCREAS?Até à data, ainda não se sabe ao certo por que ocorre o cancro do pâncreas. Considera-se que amaioria dos cancros do pâncreas (90%) não está associada a nenhum fator de risco, no entantoforam identificados alguns fatores de risco* para outros tumores. O fator de risco aumenta aprobabilidadedeocorrênciadocancro,masnãoénecessário,nemsuficienteparacausarocancro.Ofactorderisconãoé,porsipróprio,umacausa.Algumaspessoascomestesfatoresderisconuncadesenvolverãocancrodopâncreas,enquantoqueoutrassemternenhumdestesfatoresderiscoirão,mesmoassim,desenvolvercancrodopâncreas.Osprincipaisfatoresderiscodocancrodopâncreasidentificadosatéàdatasão:

- Genes:o Sabe-sequecertasmutaçõesgenéticas*estãoassociadasaocancrodopâncreas.

AmaioriadoscancrosdopâncreastemmutaçõessomáticasnosgenesKRAS(80%),p53 (50%) e p16, as quais estão associadas ao controlo do crescimento do tumor.Outros genes que mostram alterações ou mutações associadas ao cancro dopâncreas são o CDKN2 (90%) e os DPC4/Smad4 (50%). BRCA2 é outro gene cujamutação provoca síndromes hereditárias de cancro da mama e dos ovários. Foitambémdemonstradoqueestáenvolvidoemalgunscancrosdopâncreas.

o Condiçõesgenéticashereditáriasraras,taiscomoapancreatitehereditária,asíndromedePeutz-Jeghers*, a síndrome do melanoma e múltiplos nevos atípicos familiares*, asíndromehereditáriadocancrodamamaedosovárioseasíndromedocancrocolorretalhereditáriosempolipose(HNPCCousíndromedeLynch)estãoassociadasaummaiorriscodedesenvolvercancrodopâncreas.Otermohereditáriorefere-seatraçosgenéticosquesãotransmitidosdegeraçãoemgeraçãopelosmembrosdafamília.Terumparenteemprimeirograu(paisouirmãos)ousegundograu(tios,tiasouprimos)quesofradecancrodo pâncreas aumenta o risco de o desenvolver também. Estima-se que 5 a 10% doscancrosdopâncreaspossamterumacomponentefamiliar.

- Consumodetabaco:25%dosdoentescomcancrodopâncreassão,ouforam,consumidoresfrequentes de tabaco. Este hábito temmaior efeito se o doente tiver uma das síndromesgenéticasacimamencionadas.

- Idade: O risco de cancro do pâncreas aumenta com a idade. O cancro do pâncreas éprincipalmentediagnosticadoentreos60e80anos.

- Obesidade: Há indícios que sugerem que o risco de cancro do pâncreas pode aumentarligeiramentecomoaumentodoíndicedemassacorporal.Oíndicedemassacorporaléumamedição que compara o peso e a altura, sendo utilizada como indicador de obesidade ousubnutrição.

- Pancreatite crónica: A pancreatite crónica, ao longo de algumas décadas, aumenta o risco deadenocarcinomapancreático*.Esteriscoéaumentadopelotabagismoeporfatoresgenéticos.

- Háumaassociaçãoentreocancrodopâncreaseadiabetes;porém,émaisprovávelqueadiabetesseja,emalgunscasos,umamanifestaçãoprecocedecancrodopâncreasdoqueumfatordepredisposição.

- Suspeita-sequeoalcoolismoeoelevadoconsumodecarnevermelhaeprocessadaestejamassociadosaumriscoaumentadodecancrodopâncreas,masosindíciossãoinconsistentes.

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EstedocumentoéfacultadopeloAnticancerFund,comapermissãodaESMO.Ainformaçãocontidanestedocumentonãosubstituiumaconsultamédica.Destina-seapenasautilizaçãopessoalenãopodeseralterada,reproduzida,nemdivulgadadenenhumaforma,semoconsentimentoporescritodaESMOedoAnticancerFund.

COMOSEDIAGNOSTICAOCANCRODOPÂNCREAS?Nãoexistematualmenteprogramasderastreio1quepossamserrecomendadosaopúblicoemgeral,devidoao factodenãoexistiremmétodosde rastreio ideaisparaocancrodopâncreas.Oestadioinicialeaslesõespré-malignas*docancrodopâncreasnãoprovocamsintomas.Porconseguinte,adeteção precoce do cancro do pâncreas é difícil e rara. Porém, no caso de doentes que tenhamqualquerumadascondiçõeshereditáriasacimamencionadasrecomenda-sequesejaregularmenteefetuadaumaecoendoscopia (EUS),quepermitaadeteçãodepequenas lesões,ede imagemporressonânciamagnética(RM).Podesuspeitar-sedecancrodopâncreasatravésdeváriossintomasdistintos.Osprincipaissintomassãoaperdadepeso,icteríciaedorabdominaloulombar.Estessintomaspodemserprovocadospormuitas outras doenças, o que pode dificultar o diagnóstico do cancro do pâncreas. Por vezes, osdoentestambémapresentamdiabetesoupancreatiterecém-diagnosticadas.Odiagnósticodecancrodopâncreasbaseia-senosexamesseguintes:

1. Exameclínico.Algunsdossintomasquepodemserdetetadosduranteoexameclínicodeumdoentecomcancrodopâncreassãoosseguintes:

o Aicteríciaéumacaracterísticaimportante,masocancrodopâncreasnãoéaúnica

causadamesma. Icteríciadesignaoamarelecimentodapeleeolhos,devidoaumnívelaumentadodebilirrubina*nosangue.Aicteríciapoderesultardobloqueiodocanalcolédocopelotumorque,nestecaso,estámuitoprovavelmentelocalizadonacabeça do pâncreas. Isto provocará também uma acumulação de bílis na vesículabiliar, podendo levar a umavesícula biliar aumentada. Dadoque o canal colédocoestá bloqueado, a bilirrubina não chega aos intestinos e as fezes apresentam-seesbranquiçadas. Se o nível de bilirrubina no sangue for elevado, esta é excretadapelo corpo através da urina em quantidades superiores ao normal, sendo a urinamaisescuradoqueohabitual.

o Dorabdominalelombar,devidoàpressãonasestruturasadjacentes,incluindoosnervos.Istoocorresobretudoseotumorestiverlocalizadonocorpooucaudadopâncreas.

o Perdadepesoinesperadaefaltadeapetitesãosintomascomuns.o Podemocorrerproblemasdigestivos, seocancrobloquearocanalpancreáticoque

faz a ligação ao canal colédoco, resultando na falta de enzimas* para digerirrefeiçõesgordurosas.Istopodeprovocarnáuseas,vómitosediarreia.

o Podem surgir coágulos, embora a maioria tenha outra causa. Se o coágulo surgirnumaveiaprofunda(pernas,pélvisoubraços)édesignadocomotrombosevenosaprofunda*.Muitoraramente,umapartículadocoágulopodesoltar-se,entrandonacorrente sanguínea e acabar numa artéria pulmonar (embolia pulmonar),provocandodortorácicaedificuldadesrespiratórias.

1Orastreioconsistenarealizaçãodeumexameparadetetarocancronumestadioinicial,antesdosurgimentodequalquersinaldomesmo.Épropostoumrastreiosistemático,seforpossívelrealizarumexameseguroeaceitáveleseesteforcapazdedetetarocancronamaioriadoscasos.Devetambémsercomprovadoqueotratamentodoscancrosrastreadosémaiseficazdoqueotratamentodoscancrosdiagnosticados,porqueestavampresentessinaisdocancro.

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EstedocumentoéfacultadopeloAnticancerFund,comapermissãodaESMO.Ainformaçãocontidanestedocumentonãosubstituiumaconsultamédica.Destina-seapenasautilizaçãopessoalenãopodeseralterada,reproduzida,nemdivulgadadenenhumaforma,semoconsentimentoporescritodaESMOedoAnticancerFund.

o Pode desenvolver-se uma textura irregular no tecido lipídico sob a pele(lipodistrofia), o que é provocado pela libertação das enzimas pancreáticas* quedigeremagordura.

o Problemas no metabolismo dos açúcares e raramente diabetes, o que pode serreconhecidoatravésdeumtestelaboratorialesedeveàdestruiçãodascélulasqueproduzemainsulina*nopâncreas.

o Apancreatite éuma inflamaçãodopâncreasepodeserprovocadapelocancrodopâncreas, sobretudo em doentes idosos, quando não há qualquer outro motivoóbvio que explique a pancreatite, tal como cálculos biliares ou alcoolismo.Mas ossintomas de pancreatite (sobretudo dor, náuseas e vómitos) também não sãoexclusivosdadoençapancreática,oquepodedificultarodiagnóstico.

2. Exameradiológico*.Quandohásuspeitasdecancro

do pâncreas efetua-se geralmente uma ecografiaabdominal comoexame inicial.Paraumaavaliaçãomais aprofundada, a ecoendoscopia (EUS), atomografia computorizada multidetetor comcontraste (MD-CT) e a imagem por ressonânciamagnética (RM), juntamente com acolangiopancreatografiapor ressonânciamagnética(MRCP) apresentam a mais alta sensibilidade, nãosó para a deteção do cancro do pâncreas, mastambémparafacultarinformaçãoadicionalsobreoscanaispancreáticoecolédoco.EUS é uma endoscopia associada a uma ecografia que visa obter imagens dos órgãosinternos, o que permite a biópsia e/ou a citologia com punção aspirativa por agulha fina.MRCPajudaavisualizaroscanaispancreáticoecolédocodeummodonãoinvasivo.MD-CTeRM permitem avaliar o grau de invasão dos vasos e asmetástases (ex: gânglios linfáticos,fígadoecavidadeperitoneal).Acolangiopancreatografia retrógradaendoscópica (ECRP)éumprocedimentoqueconsistenautilizaçãodeumendoscópioparaalcançaraporçãosuperiordosistemadigestivoatéàprimeira porção do intestino delgado. A sua única função é aliviar a obstrução do canalcolédoco pelo tumor pancreático. Porém, em ambiente pré-operatório, apenas se deveefetuar uma ECRP e proceder à colocação de um stent nos canais colédocos, se não forpossívelrealizaracirurgiarapidamente.

3. Exames laboratoriais. CA 19.9* é umhidrato de carbonoque pode serproduzidopelascélulascancerosasdopâncreaseencontradonosangue,onde pode ser medido a partir de uma amostra de sangue. AlgunsdoentescomcancrodopâncreaspodemapresentarumnívelelevadodeCA19.9 (marcador tumoral*),enquantoqueoutrosnão.MasoCA19.9pode também ser elevado por outros motivos que não o cancro dopâncreas,porissonãoéespecíficodocancrodopâncreas.OníveldeCA19.9 no sangue não é muito útil para elaborar um diagnóstico, mas émuitasvezesútilparaobterumnívelinicialdeformaaavaliararespostaaotratamentoeparaoseguimento.

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4. Exame histopatológico*. É o exame laboratorial dascélulas tumorais, colhendo uma amostra do tumor (umabiópsia*). Este exame laboratorial é efetuado por umpatologista*queiráconfirmarodiagnósticodecancrodopâncreas e facultar mais informações sobre ascaracterísticas domesmo. A sua realização é obrigatóriano caso de tumores que não possam ser removidos porcirurgia,ouseestiverplaneadooutrotratamentoantesdamesma.Existem duas formas de obter uma amostra do tumor, mas quando este não pode serremovidoporcirurgia(nãoressecável),apenasserecomendaaprimeira.

• A biópsia com punção aspirativa por agulha fina é um procedimento no qual omédicointroduzumaagulhafina,queratravésdapele,utilizandoaTACcomoguia,oudiretamentenopâncreasatravésdeumendoscópio,utilizandoaEUS.Oúltimométodoépreferível,dadoqueoriscodesemear*célulastumoraiséinferior.UtilizaraTAC*ouimagensdaEUSparaveraposiçãodaagulhaajudaomédicoacertificar-se de que alcança corretamente o tumor, sendo em seguida colhidas pequenasamostras de tecido. As principais vantagens da biópsia com punção aspirativa poragulha fina residem no facto de o doente não necessitar de anestesia geral* e nararidadedaocorrênciadeefeitossecundáriossignificativos.

• Osmédicos recorremà laparoscopia* (porvezesdesignadaporcirurgiado"buracodafechadura")comoformadeobservareremoverumpedaçodopâncreas(biópsia).Os doentes são geralmente sedados para este procedimento. O cirurgião efetuavárias incisões pequenas no abdómen e introduz pequenos instrumentostelescópicosnacavidadeabdominal.Umdelesestágeralmenteligadoaummonitordevídeo.Ocirurgiãopodeobservaroabdómeneverqualotamanhodotumor,seestesedisseminouecolheramostrasdetecido.Estemétodonãoérecomendadonocasodeumtumorquenãopossaserremovidoporcirurgia.

A biópsia* é obrigatória se não for possível remover o tumor por cirurgia, ou se estiverplaneadooutrotratamentoantesdamesma.Napresençademetástases*,abiópsiadeumametástasepodesercolhida,utilizandocomoguiaaecografia*eTAC*.No caso de doentes que vão ser submetidos a uma cirurgia radical, não é necessária umabiópsia prévia. Além disso, deve ser evitada a amostragem percutânea no pré-operatório(introdução de uma agulha através da pele para alcançar o tumor). Não obstante, após acirurgiaseráplaneadaumaanálisedascélulastumoraisparaconfirmarodiagnóstico.

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OQUEÉIMPORTANTESABERPARAOBTERUMTRATAMENTOOTIMIZADO? Osmédicosterãoqueconsiderarváriosaspetos,tantododoente,comodocancroparadecidirqualseráotratamentoideal.Informaçãorelevantesobreodoente

• Ressecabilidade do tumor (se o tumor pode, ou não, ser

removidoatravésdecirurgia)• Históriaclínicapessoal• Históriadecancronafamília,sobretudoocancrodopâncreas• Históriadeconsumodetabaco• Resultadosdoexameclínicoefetuadopelomédico• Bem-estargeral• Antesdaoperaçãoseráefetuadaumaavaliaçãopré-operatóriaparaavaliarosriscos,querda

anestesia*,querdaoperação.Aavaliaçãopré-operatóriaconsisteemperguntasespecíficasenumexamefísico.Geralmenterequerumaradiografiatorácica*eanálisessanguíneasparaavaliar a contagem de leucócitos*, eritrócitos* e plaquetas*, bem como o nível dehemoglobina* e as funções hepática e renal. Podem ser necessários alguns examesadicionais,consoanteahistóriaclínicadodoente.

Informaçãorelevantesobreocancro

• EstadiamentoOsmédicosutilizamoestadiamentoparaavaliaraextensãodocancroeoprognóstico*dodoente.Égeralmente utilizado o sistema de estadiamento TNM. A combinação do tamanho do tumor einvasão do tecido adjacente (T), o envolvimento dos gânglios linfáticos* (N) e a metástase* oudisseminaçãodocancroparaoutrosórgãosdocorpo (M) iráclassificarocancronumdosestadiosdescritosnatabelaabaixo.O estadio é fundamental para quaisquer decisões relativamente ao tratamento. Quanto menosavançado for o estadio, melhor será o prognóstico. O estadiamento é geralmente efetuado duasvezes: após um exame clínico e radiológico* e após a cirurgia. A tomografia computorizadamultidetetorcomcontraste(MD-CT),ouaimagemporressonânciamagnética(RM),juntamentecoma colangiopancreatografia por ressonância magnética (MRCP) devem ser utilizadas para oestadiamento,podendosercomplementadaspelaecoendoscopia(EUS),porqueestaúltimaforneceinformaçãosobreainvasãodosvasossanguíneoseopotencialenvolvimentodosgânglioslinfáticos.A EUS é tambémomeiomais utilizado para obter umabiópsia do pâncreas. AMD-CT do tórax érecomendada para avaliar potenciais metástases nos pulmões. Se a cirurgia for efetuada, oestadiamentopodetambémconsideraroexamelaboratorialdotumorremovido.A tabela abaixo apresenta os diferentes estadios do cancro do pâncreas. As definições sãomuitotécnicas,porissorecomenda-sequepeçaaosmédicosexplicaçõesmaisdetalhadas.

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Estadio DefiniçãoEstadio0 Ascélulascancerosaslocalizam-senascamadassuperioresdascélulasdopâncreas,não

tendo invadido os tecidosmais profundos. O cancro não se disseminou para fora dopâncreas.Estetipodetumoré,porvezes,designadoporcarcinomapancreático*insituouneoplasiaintraepitelialpancreáticadegrauIII(PanlnIII).

EstadioIA Otumor- nãosedisseminouparaforadopâncreas,nemparaosgânglioslinfáticos*,nem

paraoutraspartesdocorpo;- eoseudiâmetroéinferiora2cm.

EstadioIB Otumor- aindaestáconfinadoaopâncreas,mastemumdiâmetrosuperiora2cm;- e não se disseminou para os gânglios linfáticos*, nem para outras partes do

corpo.EstadioIIA Otumor

- desenvolveu-separaforadopâncreas,paraoduodeno,canalcolédocoououtrostecidosquecircundamopâncreas,seminvadirosgrandesvasossanguíneoseosnervosprincipais;

- enãosedisseminouparaosgânglioslinfáticos*,nemparaoutraspartesdocorpo.

EstadioIIB Otumor- disseminou-separaosgânglioslinfáticos*,masnãoparaoutraspartesdocorpo;- epode,ounão,estaradesenvolver-separaforadopâncreas,paraoduodeno,

canalcolédocoououtrostecidosquecircundamopâncreas,seminvadirosgrandesvasossanguíneoseosnervosprincipais.

EstadioIII Otumor- desenvolveu-separaforadopâncreas,paraosgrandesvasossanguíneosou

nervosprincipaisadjacentes;- epode,ounão,ter-sedisseminadoparaosgânglioslinfáticosadjacentes*.não

sedisseminouparaoutraspartesdocorpo.EstadioIV Ocancrodisseminou-separaoutraspartesdocorpo(metástase*).

• Resultadosdabiópsia*Abiópsiaéobrigatóriaseodoentenãovairecebertratamentocirúrgico,porqueotumornãopodeser removido, ouquando a quimioterapia* é indicadaduranteum certoperíodo antes da cirurgia(terapia neoadjuvante). Na presença de metástases*, deve colher-se uma biópsia das mesmas,utilizandocomoguiaaecografia*ouaTAC*.

o Tipohistológico*O tipo histológico indica o tipo de células que constituem amaior parte do tumor. Ascélulascancerosasapresentamgeralmentecaracterísticasdotecidodeondeprovêm.Osadenocarcinomaspancreáticossãootipomaisfrequentedecancrodopâncreas.Provêmdoscanaispancreáticos.Emborapossamsurgiremqualquerpartedopâncreas,sãomaisvulgarmente encontrados na cabeça do mesmo, por isso os seus sintomas estãoassociados aobloqueiodas estruturas adjacentes, tais comoo canal colédoco, isto é, aicterícia.Tambémestãoassociadosàdiabetes.

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o Margenscirúrgicas

Quando um tumor é removido cirurgicamente, o relatório de histopatologia tambémfacultará informações sobre a presença de células cancerosas na superfície dos tecidosque foram removidos (margens). Considera-se que muitos casos ainda estão a invadirmicroscopicamenteos tecidos circundantes,porque sãoencontradas células cancerosasnaparteexternadostecidosqueforamremovidos.Istoéoqueaconteceematé75%dosdoentesquesãosubmetidosacirurgiacomintençãocurativa.Considera-seque,seforemencontradascélulascancerosasamenosde1mmdasuperfíciedos tecidos ressecados,deveconsiderar-sequeostecidoscircundantesforaminvadidospelocancro.

o GânglioslinfáticospositivosDuranteacirurgiatambémsãoremovidosgânglioslinfáticos,sendoestesenviadosparaahistopatologia para analisar quantos deles estão invadidos pelo cancro (de um modogeral,essesgângliossãodesignadosporgânglioslinfáticospositivos).

o GrauO grau é baseado em quão diferentes as células tumorais são das células pancreáticasnormaisenarapidezcomquesedesenvolvem.Nocasodocancrodopâncreas,ograudotumorestaráentre1e4.Grau1:SemelhantesàscélulaspancreáticasnormaisGrau2:ModeradamentesemelhantesàscélulaspancreáticasGrau3:MuitopoucosemelhantesàscélulaspancreáticasGrau4:DiferentesdascélulaspancreáticasQuantomenorforograu,melhorseráoprognóstico*.

• Ressecabilidadedotumor

Considera-se muitas vezes que um tumor pancreático não é ressecável quando aparenta estar ainvadirostecidosadjacentes,outrosórgãosdocorpo,osgânglios linfáticos*eosvasossanguíneosadjacentes.Alaparoscopia,oucirurgia"doburacodafechadura",porvezesutilizadaparaaamostradebiópsias,como já foi explicado, pode detetar pequenas invasões peritoneais e hepáticas (metástases). Istopodealteraraabordagemterapêuticaematé15%dosdoentes.Podeserefetuadaantesdaremoçãode tumores pancreáticos grandes localizados no quadrante esquerdo e/ou em caso de elevadosníveis de CA 19.9, ou quando é considerado o tratamento neoadjuvante. Porém, muitas vezes aextensãodocancroapenaspodeserdeterminadacomprecisãoduranteacirurgia.

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EstedocumentoéfacultadopeloAnticancerFund,comapermissãodaESMO.Ainformaçãocontidanestedocumentonãosubstituiumaconsultamédica.Destina-seapenasautilizaçãopessoalenãopodeseralterada,reproduzida,nemdivulgadadenenhumaforma,semoconsentimentoporescritodaESMOedoAnticancerFund.

QUAISSÃOASOPÇÕESDETRATAMENTO?A planificação do tratamento envolve uma equipa multidisciplinar deprofissionais médicos. Isto geralmente implica uma reunião de diferentesespecialistas,designadaporparecermultidisciplinar*ouanálisedoconselhode avaliação do tumor. Nesta reunião, o planeamento do tratamento serádiscutido de acordo com a informação relevante que foi referidaanteriormente.Otratamentocombinarágeralmentemétodosdeintervençãoque:

• Atuemnocancroanívellocal,taiscomocirurgiaouradioterapia*• Atuemnascélulascancerosasdetodoocorpo,porterapiasistémica,

taiscomoaquimioterapia*Apossibilidadedecurarocancrodependedeotumorpoder,ounão,serremovidocirurgicamente(ressecável). Considera-se que um tumor é ressecável quando aparenta estar localizado nopâncreas,nãoinvadindotecidosadjacentes,nemoutrosórgãosdocorpo.Ostratamentosenunciadosabaixotêmosseusbenefícios,riscosecontraindicações.Érecomendávelperguntaraosoncologistas*quaisosbenefíciose riscosesperadosdecada tratamento,paraestarinformado sobre as possíveis consequências domesmo. No caso de alguns tratamentos há váriasopçõesdisponíveis,devendoaescolhaserdiscutidacombasenaponderaçãodosseusbenefícioseriscosrespetivos.Planodetratamentoparaoestadio0,IAeIBNestesestadios,otumorestáconfinadoaopâncreas,semdisseminaçãoparaosgânglioslinfáticos*,nemparaoutraspartesdocorpo.Nestesestadios,aopçãodetratamentoconvencionalconsistenaremoçãodopâncreas,noseutodoouemparte,juntamentecomoutrostecidosouórgãoslocalizadosjuntoaomesmo.Existemtécnicascirúrgicasdiferentes,consoantealocalizaçãodotumor.Sugere-sequimioterapia*adicional.CirurgiaQuandoocancroafetaacabeçadopâncreas,oprocedimentomaiscomuméumapancreatoduodenectomiacompreservaçãodopiloro:• Acabeçadopâncreaséremovida;• O canal colédoco, a vesícula biliar, o duodeno (primeira porção do

intestino delgado) e parte do estômago (com preservação da últimaporção do estômago e do piloro) são também removidos, devido aofacto de receberem sangue da mesma artéria que a cabeça dopâncreas.Seapenasfosseremovidoopâncreas,ofluxosanguíneoparaestesórgãosseriaafetadoeestestornar-se-iamnecróticos*.

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EstedocumentoéfacultadopeloAnticancerFund,comapermissãodaESMO.Ainformaçãocontidanestedocumentonãosubstituiumaconsultamédica.Destina-seapenasautilizaçãopessoalenãopodeseralterada,reproduzida,nemdivulgadadenenhumaforma,semoconsentimentoporescritodaESMOedoAnticancerFund.

• As porções restantes do pâncreas, canal colédoco e estômago são novamente ligadas aointestino.

Quando o cancro afeta o corpo e cauda do pâncreas, é efetuada uma pancreatectomia comesplenectomia:• Ocorpoecaudadopâncreassãoremovidos(pancreatectomiadistal);• Obaçoétambémremovido(esplenectomia),devidoaofactodeobaçoeocorpoecaudado

pâncreasreceberemsanguedamesmaartéria.Seapenasfosseremovidoocorpoecaudadopâncreas,ofluxosanguíneoparaobaçoseriaafetadoeestetornar-se-ianecrótico*.

TerapiaadjuvanteTerapia adjuvante é uma terapia dada adicionalmente à cirurgia. Ensaios clínicos mostramclaramentequeomelhortratamentoadjuvanteatualéaquimioterapia.Após a cirurgia recomenda-se a quimioterapia, quer com gemcitabina*, quer com 5-fluorouracilo.Esta abordagem melhora a esperança de vida em alguns doentes com tumores totalmenteressecados e em doentes cujos tumores invadiram os tecidos circundantes que podem serobservadosmicroscopicamente,masnãoaolhonu.A gemcitabinaeo5-fluorouracilo* (5-FU) sãoigualmente eficazes. Porém, o tratamento com gemcitabina está associado a efeitos secundáriosmenos tóxicos,emcomparaçãocom5-FU.Os riscosebenefícios respetivosdecadamedicamentodevemserdiscutidoscomosmédicos.Atualmente,nãoháprovasdequeaquimio-radioterapiasejamelhordoqueaquimioterapiaisolada,porissoapenasdeveserefetuadaemensaiosclínicos,oupodesersugeridaforadeumensaioclínicoseaanálisedotumoremlaboratóriomostrarqueotumornãofoiremovidonasuatotalidade.Nãohá provas de que exista qualquer benefício específico na quimio-radioterapia quando o tumor ésuperiora3cm.A quimio-radioterapia consiste no uso de quimioterapia* e radioterapia* para tratar o cancro.Radioterapiaéousodaradiaçãoparamatarascélulascancerosas.Ascélulascancerosassãomenoscapazesderecuperardaradiaçãodoqueascélulasnormais.Aradiaçãoédirecionadaparaotumordodoenteapartirdeumdispositivoforadocorpo,sendoumamodalidadedetratamentolocal.PlanodetratamentoparaoestadioIIAOtumordesenvolveu-separaforadopâncreas,paraoduodeno,canalcolédocoeoutrostecidosquecircundam o pâncreas, sem invadir os grandes vasos sanguíneos e os nervos principais. Não sedisseminouparaosgânglioslinfáticos*,nemparaoutraspartesdocorpo.O tratamento convencional, quandoo tumoré ressecável, consistena remoçãodopâncreas, casocontrárioexistemalgumasterapiasusadasparaaliviarossintomasproduzidospelocancro.

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EstedocumentoéfacultadopeloAnticancerFund,comapermissãodaESMO.Ainformaçãocontidanestedocumentonãosubstituiumaconsultamédica.Destina-seapenasautilizaçãopessoalenãopodeseralterada,reproduzida,nemdivulgadadenenhumaforma,semoconsentimentoporescritodaESMOedoAnticancerFund.

QuandootumoréressecávelCirurgiaAremoçãopancreáticaéotratamentoconvencional.Mesmoapós efetuar os exames imagiológicos e a laparoscopia*, a cirurgia pode ser interrompidaduranteaoperaçãoseoscirurgiõesdescobriremqueotumorsedisseminouparaalémdopâncreas,nãosendopossívelremovê-lototalmente.Nestescasosdevesercolhidaumaamostradotumorparaconfirmarodiagnóstico.A radioterapia intraoperatória, que consiste na administração de radioterapia durante a cirurgia,aindaéumaabordagemexperimental,nãosendorecomendadacomotratamentoderotina.Envolvea irradiaçãoda áreaondeestavao tumor, antesde fechar a incisão cirúrgica.Ajuda a controlar ocrescimentodotumor,masnãosesabeseestaabordagemécapazdeprolongaravidadosdoentes,em comparação com a radioterapia após a cirurgia. A possível vantagem da radioterapiaintraoperatóriasobrearadioterapiaapósacirurgiaestáaserinvestigada.TerapianeoadjuvanteQuando o cancro do pâncreas é ressecável, a quimioterapia ou a combinação de quimioterapia eradioterapia (designada por quimio-radioterapia) antes da cirurgia apenas deve ser efetuada nocontextodeensaiosclínicos,porqueatéàdatanãoháprovassuficientesdequeestaestratégiasejamelhor do que a cirurgia imediata. Administrar quimioterapia ou quimio-radioterapia antes dacirurgiaéoqueosmédicosdesignamporterapianeoadjuvante.Mesmoquehajapoucasprovas,acompreensãoatualsobreabiologiadocancrodopâncreassugereque esta estratégia pode ser útil. Estão atualmente em curso vários ensaios para analisar estaestratégia.Quando o tumor é não ressecável (Pode ser este o caso demuitos doentes neste estadio dadoença,sendodesignadoporcancrodopâncreaslocalmenteavançado):TratamentomultimodalNocasode tumoresmaioresquepossamser ressecáveis,ounocasode tumoresnão ressecáveis,algunsdoentespodembeneficiardaquimioterapiaouquimio-radioterapiaparaconseguirareduçãodotumor,paraquepasseaumestadioressecável.Os doentes que desenvolvam metástases durante o tratamento neoadjuvante, ou aqueles cujotumorprincipalprogrida localmentenãosãocandidatosaumacirurgia,devendocontinuarcomasopçõesdetratamentoconsideradasparaosdoentesemestadioavançadodadoença.A estratégia ideal neste contexto ainda está sob investigação clínica e até à data não existe umprotocolostandardparaaquimio-radioterapianeoadjuvantenaEuropa.

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CirurgiaSe o tumor estiver a provocar uma obstrução intestinal, o doente pode beneficiar de um bypasspaliativo* para aliviar a mesma. Isto é conseguido cirurgicamente, criando uma ligação entre oestômagoeaporçãodointestinoqueficalocalizadalogoapósaobstrução.Esteprocedimento,talcomoqualquerprocedimentocirúrgico,podeacarretarcomplicações.Acirurgiadeveserseguidadequimioterapia*ouquimio-radioterapia.TerapiaadjuvanteApós a cirurgia recomenda-se a quimioterapia*, quer com gemcitabina*, quer com 5-fluorouracilo*(5-FU).Estaabordagemmelhoraaesperançadevidadealgunsdoentescujotumorfoitotalmenteressecado.Alémdisso,estaabordagempodetambémmelhoraraesperançadevidadosdoentes cujo tumor se pensou inicialmente não ter invadido os tecidos circundantes, quandoanalisado a olho nu durante a operação, tendo-se descoberto posteriormente que afinal tinhainvadido os tecidos circundantes após o tumor ressecado ter sido analisado no laboratório aomicroscópio.Agemcitabinaeo5-fluorouracilo*sãoigualmenteeficazes.Porém,otratamentocomgemcitabinaestáassociadoaefeitossecundáriosmenostóxicos,emcomparaçãocom5-FU.Osriscosebenefíciosrespetivosdecadamedicamentodevemserdiscutidoscomosmédicos.Atualmente,nãoháprovasdequeaquimio-radioterapiasejamelhordoqueaquimioterapiaisolada,porissoapenasdeveserefetuadaemensaiosclínicos,oupodesertambémsugeridaseaanálisedotumorem laboratóriomostrarqueo tumornão foi removidonasua totalidade.Nãoháprovasdequeexistaqualquerbenefícioespecíficonaquimio-radioterapiaquandootumorésuperiora3cm.A quimio-radioterapia consiste no uso de quimioterapia* e radioterapia* para tratar o cancro.Radioterapiaéousodaradiaçãoparamatarascélulascancerosas.Ascélulascancerosastêmmenoscapacidade de recuperar da radiação do que as células normais. A radiação é direcionada para otumordodoente apartir deumdispositivo forado corpo, sendoumamodalidadede tratamentolocal.A toxicidade destas terapias é comum e podem provocar náuseas e/ou vómitos, diarreia,neutropenia*eanemia*.PlanodetratamentoparaosestadiosIIBeIIIOtumordesenvolveu-separaforadopâncreas,paraoduodeno,canalcolédocoeoutrostecidosquecircundam o pâncreas, sem invadir os grandes vasos sanguíneos e os nervos principais, tendo-sedisseminadoparaosgânglios linfáticos*,masnãoparaoutraspartesdo corpo. Pode tambémterinvadido os grandes vasos sanguíneos e nervos principais, independentemente da invasão dosgânglioslinfáticos.AmaioriadosdoentescomestadiosIIBeIIItêmgrandestumoresoutumoresqueenvolvemosvasossanguíneos,oqueimpedearemoçãototaldotumorporcirurgia.Estesdoentespodembeneficiardaquimioterapia ou quimio-radioterapia (neoadjuvante) pré-operatória para conseguir a redução dotumor,demodoatorná-loposteriormenteressecável.A estratégia neoadjuvante ideal está ainda sob investigação e até à data não existe umprotocolostandardparaaquimioterapianeoadjuvantenaEuropa.

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Asopçõesdeterapiapré-operatóriaparaestesdoentespodemser:

• Quimioterapia• Quimio-radioterapia• Quimioterapia*seguidadequimio-radioterapia

Para a maioria dos doentes com estadio IIB e doença de grau III, o tumor não é ressecável. Otratamentoassentageralmentenaquimioterapia. Emalternativa, aquimioterapia seguidadeumacombinaçãodequimioterapiaeradioterapiapodeserconsideradanocasodedoentescomdoençalocalmenteavançada.Quimio-radioterapia: Pode ser considerada a radioterapia combinada com 5-fluorouracilo*. Aobtenção de um melhor resultado em comparação com a quimioterapia isolada ainda não éconclusiva.

Quimioterapiaseguidadequimio-radioterapia:Osdoentespodemsertratadoscomgemcitabina*e,seapóstrêsmesesosseustumoresnãoprogrediremeosdoentesmanteremumestadodebomdesempenho,podeseradicionadaaquimio-radioterapiaàbasede5-fluorouracilo*,comointuitodemelhoraraesperançadevida.PlanodetratamentoparaoestadioIVOcancrodisseminou-separaoutraspartesdocorpo.A tentativa de cura não é umaopçãoneste ponto,mas devemenvidar-se esforços para aliviar osrespetivossintomas.Quimioterapia*Autilizaçãodequimioterapianesteestadiopodeajudarareduzirocancro,melhorarossintomas,obem-estareafuncionalidadedodoente,bemcomoajudá-loavivermaistempo.Os doentes devem ser seguidos em cada ciclo de quimioterapia para detetar quaisquer efeitossecundários,sendoavaliadaasuarespostaàquimioterapiaacadaoitosemanas.Oexameclínicoeaecografia podem ser ferramentas úteis para avaliar o curso da doença neste estadio da mesma.Durante a ecografia abdominal, os doentes devem ser monitorizados para detetar a possívelpresençadeascite*quepossaindicaradisseminaçãodotumornacavidadeperitoneal.Agemcitabina* isoladaaindaéaquimioterapiastandardparadoentescomcancrometastáticodopâncreas.Atéàdatajáforamexperimentadasmuitascombinaçõesdegemcitabinacomoutrosmedicamentos,mas nenhumamostrou vantagens evidentes no que respeita a prolongar a esperança de vida dosdoentes.Porém, recentemente,acombinaçãodegemcitabinaacrescidadenab-paclitaxelmostrouser superior ao tratamento com gemcitabina isolada. Por conseguinte, esta combinação pode serrecomendada para doentes com cancro metastático do pâncreas. Porém, a toxicidade desteprotocoloésuperior,emcomparaçãocomagemcitabinaisolada.

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Recentemente, um estudo que investigou uma combinação de 3 agentes quimioterapêuticos, 5-fluorouracilo*, oxaliplatina* e irinotecano* (também designado por regime FOLFIRINOX) mostrouresultadosinteressantesemtermosdeprolongaraesperançadevidaeabrandaradeterioraçãodaqualidadedevida.Porém,éimportantesalientarqueosdoentesqueparticiparamnoestudotinhamidade inferiora75anoseapresentavamumestadogeraldesaúdebom.OsdoentestratadoscomFOLFIRINOX têmmais efeitos secundários do que os tratados apenas com gemcitabina. Devido amelhorias nos resultados do tratamento, o FOLFIRINOX pode ser considerado como uma opçãoterapêutica inovadora para doentes com idade igual ou inferior a 75 anos, que apresentem umestadogeraldesaúdebomecomumafunçãohepáticaapropriada.Ascombinaçõesdequimioterapiacomterapiasdirigidas foram,deummodogeral,dececionantes.ApenasfoiaprovadaparautilizaçãonaEuropaumacombinaçãodegemcitabinacomerlotinib*,mastemumavantagemgeralpoucosignificativanaesperançadevida.Otratamentocombinadoparecesereficazemdoentesquedesenvolvemumaerupçãocutâneanoprazode8semanasdetratamentocomerlotinib.Oelevadocustoeconómicodetalcombinaçãoeasmelhoriaspoucosignificativasemtermos de eficácia namaioria dos doentes põe em causa a sua função para a utilização geral emdoentescomcancrometastáticodopâncreas.Após a progressão do cancro no tratamento de primeira linha não existe um protocolo dequimioterapia standard estabelecido. Porém, 5-fluorouracilo*/oxaliplatina* é uma combinação deagentesquimioterapêuticosquese temmostradobenéficaapósaprogressãoemgemcitabinanosensaios clínicos, por isso pode ser considerada neste contexto. No caso de doentes cuja doençatenha progredido durante o tratamento com FOLFIRINOX como tratamento de primeira linha, agemcitabinapodeserconsideradacomotratamentodesegundalinha.Emqualquercaso,osdoentesdevemconsiderarapossibilidadedesesubmeteratratamentonocontextodeumensaioclínico*,sedisponível. Terapiapaliativaedeapoio*O tratamentode alguns sintomaspodemelhorar a qualidadede vida dos doentes com cancrodopâncreas.Essessintomassão:IcteríciaA icterícia como consequência da obstrução biliar é comum em doentes com cancro que afete acabeça do pâncreas. Para aliviar a obstrução deve introduzir-se um tubo artificial (stent)endoscopicamente*oumediantepunçãocomagulhaatravésdapeleatéaosistemaductalbiliar.Épreferível introduzir o stent endoscopicamente, já que esta via está associada a uma menorfrequênciadecomplicações.Emdoentesquetenhamumaesperançadevidasuperioratrêsmesesdevedar-sepreferênciaastentsdemetalemdetrimentodosplásticos,dadoqueacarretammenoscomplicações (como, por exemplo, a oclusão). Os stents de plástico devem ser substituídos pelomenos a cada 6meses para evitar a oclusão do stent.Quando não é possível a colocação de umstent, recomenda-seadrenagempercutâneadabílis.O factodea icteríciaserprovocadaporumaobstrução do canal colédoco deve ser estabelecido previamente, por exemplo através de umaecografiaabdominal.

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ObstruçãogastrointestinalSe umdoente apresenta umaobstrução da saída duodenal ou gástrica, a introduçãode um stentpodealiviarestacomplicação.Menosde5%dedoentescomcancrodopâncreasapresentamumaobstruçãoduodenal,oquepodeseraliviadoatravésdeumstentdemetal.Aobstruçãodasaídagástricapodesermaiscomumnodecurso da doença e os medicamentos que melhoram a motilidade gastrointestinal, tais como ametoclopramida,podemserúteisparaaceleraroesvaziamentogástrico.No caso de alguns doentes, a obstrução pode ser contornada, ligando o estômago à porção dointestino que fica logo após a obstrução (gastroenterostomia), embora não seja considerado umtratamentostandard.DorOs doentes que têm dor intensa devem tomar opiáceos*. A morfina* e seus derivados sãogeralmenteosmedicamentosescolhidos.Aspessoaspreferemmuitas vezes tomá-lospor viaoral,maspodetambémseradministradoporviavenosa,oucomoadesivocolocadonapele,seodoentetiverdificuldadeemengolirouumaobstruçãogastrointestinal.Aradioterapiarealizadamenosdeumavezpordiapodeseradministradaparamelhorarocontrolodador,reduzindooconsumodeanalgésicos*.Podeserconsideradoobloqueiodoplexocelíaco*(umarededenervoslocalizadanaparteposteriordo estômago), utilizando um analgésico administrado através de uma agulha introduzida na pele,sobretudo em doentes com baixa tolerância aos opiáceos*. Taxas de resposta aos analgésicos naordem dos 50-90% são relatadas com uma duração do efeito que vai de 1 mês a 1 ano. Esteprocedimentoconsistena injeção(queratravésdapele,utilizandoaTACcomoguia,ouatravésdaparede gástrica com uma ecografia* endoscópica*) de bupivacaína* e álcool em torno do plexocelíaco.NutriçãoSe possível, deve privilegiar-se a alimentação do doente por via oral. Não obstante, a nutriçãoparentéricaacurtoprazo(istoé,nutriçãoporviaendovenosa)égeralmenteaceiteemdoentescomcomplicaçõesgastrointestinaisagudasresultantesdaquimioterapiaeradioterapia,podendomesmooseuusoseralargadoecontinuadoemcasa,nocasodedoentescomcomplicaçõesgastrointestinaisresultantes da radioterapia. A nutrição parentérica em casa é também recomendada em doentescujaprobabilidadederecuperarémuitoreduzidaequetêmdificuldadeemseralimentadosporviaoral, devido à obstrução do trato digestivo. Pode ajudar os doentes com doença avançada ecaquexia*progressivaaestabilizaroseuestadonutricional.

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QUAISSÃOOSEFEITOSSECUNDÁRIOSPOSSÍVEISDASTERAPIAS?Écomumasterapiasacimamencionadasteremefeitossecundários.ComplicaçõesdacirurgiaAhemorragiaéumacomplicaçãomuitocomumapósacirurgia.Outrosefeitossecundáriospodemincluirumatrasonoesvaziamentodoestômagoe, consequentemente,umacarêncianutricional elibertaçãodesucospancreáticosquepodemdigeriredestruirostecidoscircundantes.O pâncreas produz enzimas* e hormonas importantes para a digestão. Quando o pâncreas éremovido,essasenzimas jánão sãoproduzidas,ou são-node forma insuficiente,oque resultanasíndromedemáabsorção,istoé,aincapacidadedeabsorvertotalmenteosnutrientesprovenientesdo trato gastrointestinal. Tomar suplementos de enzimaspancreáticas por via oral pode auxiliar adigestão.Nãoobstante,adisfunçãogastrointestinalalongoprazoocorreemmuitopoucosdoentesapósacirurgia.Seopâncreasfortotalmenteremovido(pancreatectomiatotal),adiabetesocorrerácomoresultadodafaltadeproduçãodeinsulina,aqualéapenasproduzidapelopâncreas.Quandoistoocorredeveseriniciadoumtratamentopersonalizadocominsulina,orientadoporespecialistas.EfeitossecundáriosdaquimioterapiaOs efeitos secundários da quimioterapia* são muito frequentes. Estes efeitos dependerão do(s)medicamento(s) administrado(s), das respetivasdosesede fatores individuais.As combinaçõesdediferentesmedicamentosacarretamgeralmentemaisefeitossecundáriosdoqueautilizaçãodeumsómedicamento.

• Agemcitabina*podeproduzirsintomasdotipogripal,febre,fadiga,náuseasevómitos,faltadeapetite,erupçãocutâneaediminuiçãodonúmerodeplaquetas,eritrócitoseleucócitos.

• Os efeitos secundários de cada medicamento na combinação FOLFIRINOX (5-fluorouracilo,irinotecanoeoxaliplatina) são listadosabaixo,emseparado.Porém,osefeitos secundáriosmaisfrequentesdestacombinaçãodemedicamentossãoosbaixosníveisdeneutrófilos(neutropenia),afebreeinfeçõesdevidoataisbaixosníveis,bemcomoaosbaixosníveisdeplaquetas.

o O5-fluorouracilo*podeprovocardiarreia,náuseasevómitos,úlcerasnaboca,faltade apetite, fotofobia (sensibilidade dos olhos à luz), alterações do paladar ediminuiçãodonúmerodeplaquetas*,eritrócitoseleucócitos*.

o Aoxaliplatina* podedanificar os nervos periféricos, provocar náuseas e vómitos ereduziraquantidadedeplaquetas,eritrócitoseleucócitos.Aaudiçãopodeporvezesserafetada,bemcomoosrinsefígado.Podetambémprovocardiarreia.

o Oirinotecanopodeprovocardiarreia,quedadecabelo,fraquezaebaixascontagensdecélulassanguíneas.

• A capecitabina* pode reduzir a quantidade de eritrócitos* (anemia*), provocar fadiga,diarreia, náuseas e vómitos. A vermelhidão, inchaço, descamação da pele das palmas dasmãosesolasdospés(síndromepalmo-plantar)éoutroefeitosecundáriocomumprovocadopelacapecitabina.

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• Oerlotinib*podeprovocar erupção cutânea, diarreia, faltadeapetite, fadiga, dificuldadesrespiratórias,tosse,náuseasevómitos.

EfeitossecundáriosdaradioterapiaAradioterapiadirigidaàáreadopâncreaspodeprovocarnáuseas,vómitos,diarreiaefadiga.

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OQUEACONTECEAPÓSOTRATAMENTO?AcompanhamentocommédicosapósacirurgiaApóso tratamento ter sido concluído, osmédicospropõemumprograma de acompanhamento que é composto por consultasregularesequevisa:

- Detetarumapossívelrecidiva*- Avaliar as complicações associadas ao tratamento e

tratá-las- Darapoiopsicológicoeinformaçõesparamelhoraroretornoàvidanormal

Asconsultasdeacompanhamentocomooncologista*devemincluir:

- Colheitadahistóriaclínica:(analisarahistóriaclínicadodoente),sobretudoquandoocorredorabdominale/oulombar,juntamentecomumexamefísicocompleto.

- Exameradiológico*:efetuarumaTAC*abdominalacada6meses,duranteumperíodode2anos.AsTACnadoençalocalmenteavançadapodemserindicadasparaexcluirapresençademetástases*e,porconseguinte,adicionararadioterapiaaotratamento.

- Análisessanguíneas:monitorizaraamilase*eosníveisdeCA19.9*,entreoutrosexamesderotina,deveserefetuadoacada3meses,duranteumperíodode2anos.Deveserefetuadosobretudonoscasosemqueosníveisestavamelevadosantesdacirurgia.

Porém,adeteçãoprecocedeumapossívelrecidivanãotemqualquervantagemclaraemtermosderesultado.RetornoàvidanormalPode ser difícil viver com a ideia de que o cancro pode reincidir. Com base no que é conhecidoatualmente,nãopodeserrecomendadanenhumaformaespecíficadediminuiroriscoderecidiva*após a conclusão do tratamento. Por causa do próprio cancro e do tratamento, retomar a vidanormal podenão ser fácil para algumaspessoas. As dúvidas relativamente à imagem corporal, aocansaço,aotrabalho,àsemoçõesouaoestilodevidapodemserumapreocupaçãoparaodoente.Discutirestasdúvidascomfamiliares,amigosoumédicospoderáserútil.Oapoiodegruposdeex-doentesouinformaçãoporviatelefónicaelinhasdeajuda,bemcomooaconselhamentoporpsico-oncologistasespecializadosestádisponívelemmuitospaíses.Eseocancroreincidir?Seocancroreincidir,édesignadoporrecidiva*eotratamentodependedaextensãodamesma.Seocancrovoltarégeralmentenosprimeirosdoisanosapósacirurgia.Aextensãodarecidivadevesertotalmenteavaliadaporexamefísico,exameradiológico*eanálisessanguíneas.Asopçõesdetratamentodevemserdiscutidasnumareuniãomultidisciplinar.

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Infelizmente, a recidiva do cancro do pâncreas é muito frequente após o tratamento cirúrgico.Existem fatores que estão associados ao risco de recidiva, como por exemplo apresentar níveiselevadosdomarcadorsérico*CA19.9*apósacirurgia.FoidemonstradoqueotempomédioentreacirurgiaeadeteçãoradiológicadarecidivadotumorésuperioremdoentescomumníveldeCA19.9pós-operatórionormal.As probabilidades de cura são limitadas,mesmo para recidivas diagnosticadas precocemente, porisso deve ser discutido um plano de acompanhamento com o doente e concebido para evitar atensãoemocionaleasobrecargaeconómicaparaodoente.

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DEFINIÇÕESDETERMOSMÉDICOS5-fluorouraciloUmmedicamentoutilizadopara tratar sintomasde cancrodo cólon,damama,doestômagoedopâncreas. É também utilizado num creme para tratar certas condições da pele. O 5-fluorouraciloimpedeascélulasdeproduzirADNepodematarascélulascancerosas.Éumtipodeantimetabolito.Tambémdesignadopor5-FUefluorouracilo.AdenocarcinomaCancroqueseinicianascélulasquerevestemcertosórgãosinternosetêmpropriedades(secretoras)semelhantesàsglândulas.AmilaseUmaenzima*queajudaocorpoadigerirosamidos.AnalgésicoUm medicamento que reduz a dor. Os analgésicos incluem a aspirina, o acetaminofeno e oibuprofeno.AnemiaCondiçãocaracterizadapelafaltadeeritrócitos*ouhemoglobina;oferroquecontémahemoglobinatransporta o oxigénio dos pulmões para todo o corpo, sendo este processo diminuído nestacondição.AnestesiaEstadoreversíveldeperdadeconsciêncianoqualodoentenãosentedor,nãotemreflexosnormaise reage menos ao stress, sendo este estado induzido artificialmente pelo emprego de certassubstânciasconhecidasporanestésicos*.Podesercompletaouparcialepermiteaosdoentesseremsubmetidosacirurgia.BilirrubinaSubstânciaqueseformaquandooseritrócitos*sãodecompostos.Abilirrubinafazpartedabílisqueéproduzidanofígadoearmazenadanavesículabiliar.Aacumulaçãoanómaladebilirrubinaprovocaicterícia*.BiópsiaA remoçãode células ou tecidospara análiseporumpatologista*.Opatologista*podeestudarotecidoaomicroscópioouefetuaroutrostestesnascélulasoutecido.Existemmuitostiposdiferentesdeprocedimentosdebiópsia.Ostiposmaiscomunsincluem:(1)biópsiaincisional,emqueapenaséremovidaumaamostradetecido;(2)biópsiaexcisional,emqueéremovidoumnódulo*inteiroouáreasuspeita;e (3)biópsiacomagulha,emqueé removidaumaamostrade tecidoou fluidocomuma agulha. Quando é utilizada uma agulha larga, o procedimento é designado por biópsia porfragmento.Quandoéutilizadaumaagulhafina,oprocedimentoédesignadoporpunçãoaspirativaporagulhafina.

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BupivacaínaUmmedicamentoutilizadoparaaliviarador,bloqueandoossinaisnasterminaçõesnervosas.Estáaserestudadonoalíviodadorapósacirurgiaparaocancro.Éumtipodeanestésico*local.BypasspaliativoNo contexto do cancro do pâncreas é uma ligação criada cirurgicamente entre o estômago e ointestinoparaaliviaraobstruçãointestinal,quandootumorpancreáticoégrandeosuficienteparacomprimiraporçãodointestinoqueestámaispertodopâncreas,bloqueandoointestino.Paraqueacomidaqueestáaserdigeridaeviteaporçãoobstruídadointestinoepassedoestômagoparaaporçãodointestinoqueestálivredaobstrução.CA19.9Umasubstâncialibertadanacorrentesanguínea,tantopelascélulascancerosas,comopelascélulasnormais.DemasiadoCA19-9nosanguepodeserumsinaldecancrodopâncreas,deoutrostiposdecancrooudeoutrascondições.AquantidadedeCA19-9nosanguepodeserutilizadaparaajudaramonitorizaremquemedidaostratamentosparaocancroestão,ounão,afuncionarouseocancrorecidivou.Éumtipodemarcadortumoral*.CancrocolorretalsempoliposeUm tipo de cancro colorretal hereditário em que não ocorrem pólipos (massas protuberantes norevestimentodocólonoureto). IstoaocontráriodoqueocorrenaPoliposeAdenomatosaFamiliar(FAP)hereditária,emquecentenasamilharesdepólipossedesenvolvemnocólon.CapecitabinaAcapecitabinaéumfármacocitotóxicoquepertenceaogrupodosantimetabolitos.Acapecitabinaéum"profármaco"queéconvertidoem5-fluorouracilo (5-FU)nocorpo,masémaisconvertidonascélulastumoraisdoquenostecidosnormais.Étomadasobaformadecomprimidos,enquantoqueo5-FU, um análogo da pirimidina, necessita geralmente de ser injetado. A pirimidina faz parte domaterialgenéticodascélulas(ADNeARN).Nocorpo,o5-FUtomaolugardapirimidina,interferindocom as enzimas* envolvidas na criação de ADN novo. Por conseguinte, inibe o crescimento dascélulastumorais,eventualmentematando-as.CaquexiaUmestadoemqueodoenteperdepesoetecidomuscular,apresentando-sefracoecansado.Afaltadeapetiteestátambémassociada.CarboplatinaUmmedicamentoqueéutilizadoparatratarocancroavançadodosováriosquenuncafoitratado,ouossintomasdocancrodosováriosquerecidivouapóso tratamentocomoutrosmedicamentosanticancro.Tambéméutilizadocomoutrosmedicamentosparatratarocancrodopulmãodecélulasnãopequenas,metastáticas*ourecorrentes*eestáaserestudadonotratamentodeoutrostiposdecancro.Carboplatinaéumaformadomedicamentoanticancrocisplatinaeprovocamenosefeitossecundáriosnosdoentes.Liga-seaoADNnascélulasepodematarascélulascancerosas.Éumtipodecompostodeplatina.

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CarcinomaCancroqueseinicianapeleoutecidosquerevestemoucobremosórgãosinternos.CateterUm tubo que pode ser introduzido no corpo. Possui muitas utilizações, incluindo drenar ouadministrarfluidosougases.CitológicoDeouassociadoàcitologiaqueéaciênciaqueestudaaestruturaefuncionamentodascélulas.EndócrinoOsistemaendócrinoéumsistemadeglândulas.Asglândulassegregamhormonasnosangue.Estashormonastêmdiferentesfunções,taiscomoocontrolodohumorouocrescimento.EndoscopiaUm procedimento médico em que um médico introduz um instrumento tubular no corpo paraobservá-lopordentro.Existemmuitostiposdeendoscopias,sendocadaumadelasconcebidaparaobservarumacertapartedocorpo.EnsaioclínicoUm tipo de estudo de investigação que testa em que medida as novas abordagens médicasfuncionambem,oumal,naspessoas.Estesestudostestamnovosmétodosderastreio,prevenção,diagnósticooutratamentodeumadoença.Étambémdesignadoporestudoclínico.EnzimaUmaproteínaqueaceleraasreaçõesquímicasnocorpo.EritrócitosO tipomais comumdeglóbulo vermelho. É a substânciaque fazo sangue serde cor vermelha.Aprincipalfunçãoéotransportedeoxigénio.ErlotinibErlotinibéummedicamentoanticancroquepertenceaogrupode"inibidoresdoEGFR".Oerlotinibbloqueia os EGFRs que podem ser encontrados na superfície de algumas células tumorais. Comoresultadodestebloqueio,ascélulastumoraisdeixamdeconseguirreceberasmensagensnecessáriasparao crescimento, progressão e disseminação (metástase*). Assim, o erlotinib ajuda a impedir ocancrodesedesenvolver,multiplicaredisseminarpelocorpo.ExameradiológicoTeste que utiliza a tecnologia imagiológica (tal como a radiografia, a ecografia*, a tomografiacomputorizada* e amedicinanuclear) para visualizar órgãos, estruturas e tecidos no corpo, tantoparadiagnosticar,comoparatratardoenças.

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EstedocumentoéfacultadopeloAnticancerFund,comapermissãodaESMO.Ainformaçãocontidanestedocumentonãosubstituiumaconsultamédica.Destina-seapenasautilizaçãopessoalenãopodeseralterada,reproduzida,nemdivulgadadenenhumaforma,semoconsentimentoporescritodaESMOedoAnticancerFund.

ExócrinoDe ou associado às glândulas exócrinas ou suas secreções. As glândulas exócrinas são órgãos quedescarregam as suas secreções externamente, quer diretamente ou através de um canal, aocontrário das outras glândulas (glândulas endócrinas) que descarregam as suas secreções nacorrentesanguínea.FatorderiscoAlgoqueaumentaaprobabilidadededesenvolverumadoença.Algunsexemplosdefatoresderiscoparaocancrosãoaidade,ahistóriafamiliardecertoscancros,oconsumodeprodutosdetabaco,aexposiçãoàradiaçãoouacertosquímicos,ainfeçãoporcertosvírusoubactériasecertasalteraçõesgenéticas.GângliolinfáticoUmamassaredondadetecidolinfáticoqueestárodeadaporumacápsuladetecidoconjuntivo.Osgânglioslinfáticosfiltramalinfaearmazenamoslinfócitos.Situam-seaolongodosvasoslinfáticos.Tambémdesignadoporglândulalinfática.GemcitabinaO ingrediente ativo num fármaco que é utilizado para tratar o cancro do pâncreas em estadioavançadoouquesedisseminou.Étambémutilizado,juntamentecomoutrosfármacos,paratratarocancrodamamaquesedisseminou,ocancrodosováriosemestadioavançadoeocancrodopulmãodecélulasnãopequenasemestadioavançadoouquesedisseminou.Estátambémaserestudadonotratamentodeoutrostiposdecancro.AgemcitabinaimpedeacéluladeproduzirADNepodematarascélulascancerosas.Éumtipodeantimetabolito.GlicoseGlicoseéumaçúcarmonossacarídeoqueestálargamentepresentenotecidodasplantaseanimais.Éaprincipalfontedeenergiadocorpo.GlucagónioUmahormonaproduzidapelopâncreasqueaumentaoníveldeglicose*(açúcar)nosangue.HemoglobinaAsubstânciadentrodoseritrócitos*queseligaaooxigénionospulmõeseotransportaparaostecidos.HistológicoDe ou associado à histologia que é o estudo dos tecidos de animais e plantas, através de ummicroscópio.HistopatológicoOestudodecélulasetecidosdoentes,pormeiodeummicroscópio.IcteríciaUmacondiçãoemqueapeleeapartebrancadosolhossetornamamarelas,aurinaescureceeacordas fezes se torna mais clara do que o normal. A icterícia ocorre quando o fígado não está afuncionardevidamente,ouquandoocanalcolédocoestábloqueado.

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Imagemporressonânciamagnética(RM)Uma técnica de imagiologia que é utilizada na medicina. Utiliza uma ressonância magnética. Porvezes, é injetado um fluido que melhora o contraste entre os diferentes tecidos para tornar asestruturasmaisclaramentevisíveis.InsulinaUma hormona produzida no pâncreas. A insulina controla a quantidade de açúcar no sangue,movendo-oparaascélulas,ondepodeserutilizadopelocorpocomoenergia.IrinotecanoÉo ingredienteativodeumfármacoutilizado,quer isoladamente,queremassociaçãocomoutrosfármacos,para trataro cancrodo cólon,ou cancro retal que sedisseminouparaoutraspartesdocorpo,oureincidiuapósotratamentocomfluorouracilo.Estátambémaserestudadonotratamentodeoutrostiposdecancro.Oirinotecanobloqueiadeterminadasenzimas*necessáriasparaadivisãocelular e reparação do ADN, podendo matar as células cancerosas. É um tipo de inibidor datopoisomeraseeumtipodeanálogodacamptotecina.LaparoscopiaUmaoperaçãoemquesãointroduzidosinstrumentoscirúrgicosnoabdómenounapélvis,atravésdepequenasincisõesecomrecursoaumacâmara.Lesãopré-malignaTecidocomaspetoanómaloondeémaisprovávelqueocancrosedesenvolva,comparativamenteaotecidonormal.LeucócitosCélulasdosistemaimunitário*queestãoenvolvidasnadefesadocorpocontraasinfeções.MarcadorUmaindicaçãodiagnósticadequepodedesenvolver-seumadoença.MetástaseAdisseminaçãodocancrodeumapartedocorpoparaoutra.Umtumorformadopelascélulasquesedisseminaramdesigna-seumtumormetastático,ouumametástase.Otumormetastáticocontémcélulasquesãoidênticasàsdotumororiginal.MorfinaUm medicamento utilizado para tratar dor moderada a intensa. Liga-se a recetores opiáceos nosistemanervosocentraleemalgunsoutrostecidos.Osulfatodemorfinaéfeitoapartirdoópio.Éumtipodeopiáceoeumtipodeagenteanalgésico*.MutaçãoUmaalteraçãonasequênciadosparesdebasesnoADNquecompõemumgene.Asmutaçõesnumgenenãoalteramforçosaepermanentementeomesmo.

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EstedocumentoéfacultadopeloAnticancerFund,comapermissãodaESMO.Ainformaçãocontidanestedocumentonãosubstituiumaconsultamédica.Destina-seapenasautilizaçãopessoalenãopodeseralterada,reproduzida,nemdivulgadadenenhumaforma,semoconsentimentoporescritodaESMOedoAnticancerFund.

Necrose/necróticoRefere-seàmortedetecidosvivos.NeuroendócrinoAssociadoàs interaçõesentreo sistemanervosoeo sistemaendócrino.Neuroendócrinodescrevedeterminadas células que libertam hormonas no sangue em resposta ao estímulo do sistemanervoso.NeutropeniaUmacondiçãoemqueexisteumnúmerodeneutrófilos(umtipodeleucócito*)inferioraonormal.Podeservistoeminfeçõesviraiseapósradiaçãoequimioterapia*.Reduzabarreiraimunológicaàsinfeçõesbacterianasefúngicas.OncologistaUmmédicoqueéespecializadonotratamentodocancro.Algunsoncologistasespecializam-senumcerto tipo de tratamento do cancro. Por exemplo, um oncologista de radiação especializa-se notratamentodocancrocomradiação.OpióidesUmasubstânciautilizadaparatratardormoderadaaintensa.Osopióidessãocomoosopiáceos,taiscomo amorfina* e a codeína,mas não são feitos de ópio.Os opióides ligam-se aos recetores deopióides no sistema nervoso central. Os opióides costumavam ser designados por narcóticos. Oopióideéumtipodealcalóide.OxaliplatinaUmmedicamento utilizado em associação com outros para tratar o cancro colorretal em estadioavançado,ouquetenhareincidido.Estátambémaserestudadonotratamentodeoutrostiposdecancro.Aoxaliplatinaliga-seaoADNnascélulas,podendomatarascélulascancerosas.Éumtipodecompostodeplatina.TambémdesignadaporEloxatin.PancreatoblastomaTiporarodecancrodopâncreascomumbomprognóstico*,ocorrendoamaioriadoscasosduranteainfância.ParecermultidisciplinarUmaabordagemdeplaneamentodotratamentoemqueváriosmédicosespecialistasemdiferentesáreas(disciplinas)analisamediscutemacondiçãomédicaeasopçõesdetratamentodeumdoente.Notratamentodocancro,umparecermultidisciplinarpodeincluirodeumoncologistamédico*(quetrataocancropormeiodefármacos),odeumoncologistacirúrgico*(quetrataocancropormeiodecirurgia) e um oncologista de radiação* (que trata o cancro por meio da radiação*). Tambémdesignadoporconselhodeavaliaçãodotumor.PatologistaUmmédicoespecializadoemhistopatologiaqueéoestudodecélulasetecidosdoentes,pormeiodeummicroscópio.

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PlaquetasPequenos fragmentos de células que desempenham um papel fundamental na formação decoágulos. Os doentes com baixa contagem de plaquetas correm risco de grave hemorragia. Osdoentescomaltacontagemcorremriscodetrombose*;aformaçãodecoágulosquepodebloquearos vasos sanguíneose resultarnumAVCououtras condiçõesgraves, correndo tambémo riscodegravehemorragia,devidoàdisfunçãoplaquetária.PlexocelíacoUmarededenervosnoabdómen,pordetrásdoestômago.Entreoutrasfunções,conduzasensaçãodedordesdeosórgãosabdominais,incluindoofígado,baço,estômagoepâncreasatéaocérebro.PrognósticoOresultadoprováveloucursodeumadoença;aprobabilidadederecuperaçãoourecidiva*.QuimioterapiaUm tipo de tratamento do cancro, utilizando fármacos que matam as células cancerosas e/oulimitamo seu crescimento. Estes fármacos são geralmente administrados ao doente por perfusãolentanumaveia,maspodemtambémseradministradosoralmente,porperfusãodiretanomembro,ouporperfusãonofígado,deacordocomalocalizaçãodocancro.RadiografiaAsradiografiasconstituemumaformaderadiaçãousadaparacaptarimagensdointeriordosobjetos.Namedicina,asradiografiassãogeralmenteutilizadasparacaptarimagensdointeriordocorpo.RadioterapiaUmaterapiaemqueéutilizadaaradiaçãonotratamentodocancro,sempreorientadaparaaáreaespecíficadomesmo.RecidivaCancrooudoença (geralmente, autoimune) que reincidiu, geralmente após umperíodode tempodurante o qual o cancro ou doença não estava presente ou não pôde ser detetado. Isto podeacontecer nomesmo local que o tumor original (primário), ou em outro local no corpo. Tambémdesignadoporcancrooudoençarecidivados.SíndromedePeutz-JeghersUmaperturbaçãogenéticaemqueospóliposseformamnointestinoeaparecemmanchasescurasnabocaededos.TeraPJSaumentaoriscodedesenvolvercancrogastrointestinalemuitosoutrostiposdecancro.TambémdesignadaporPJS.SíndromedomelanomaemúltiplosnevosatípicosfamiliaresUmacondiçãohereditáriamarcadapeloseguinte:(1)umoumaisparentesdeprimeiroousegundograu(pais,irmãos,filhos,avós,netosoutios)commelanomamaligno;(2)muitosnevos,algunsdosquaisatípicos(assimétricos,elevadose/oucomdiferentestonalidadesdebege,castanho,pretoouvermelho) emuitas vezes de diferentes tamanhos; e (3) nevos que têm características específicasquando examinados aomicroscópio. A síndrome FAMMM aumenta o risco demelanoma e podeaumentaroriscodecancrodopâncreas.TambémdesignadaporsíndromeFAMMM.

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TerapiapaliativaTratamentodadoparaaliviarossintomasereduzirosofrimentoprovocadopelocancroeporoutrasdoenças mortais. As terapias paliativas para o cancro são administradas juntamente com outrostratamentosparaocancro,apartirdomomentododiagnóstico,duranteotratamento,pormotivosdesobrevivência,nadoençarecorrente*ouavançadaeemfimdevida.Tomografiacomputorizada(TAC)UmaformaderadiografianaqualosórgãosdocorposãoanalisadosporraiosX*eosresultadossãosintetizadosporumcomputadorparagerarimagensdepartesdocorpo.TromboseAformaçãooupresençadeumtrombo(coágulo)dentrodeumvasosanguíneo.Ultrassonografia/ecografiaUmprocedimentoqueconsisteemfazerressaltarondasdesomdealtaenergiadostecidosinternosouórgãoseproduzirecos.Ospadrõesdeecosãomostradosnoecrãdeumaparelhodeecografia,formando uma imagem de tecidos corporais designada por sonograma. Também designado porecografia.

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Os Guias para o Doente da Esmo / Anticancer Fund foram concebidos para ajudar os doentes, suas famílias e seus cuidadores a entender a natureza dos vários tipos de cancro e avaliar quais são as melhores opções de tratamento disponíveis. As informações médicas contidas nos Guias para o Doente baseiam-se nas Diretrizes para a Prática Clínica da Esmo, que foram criadas para orientar os oncologistas na elaboração do diagnóstico, no acompanhamento e no tratamento dos vários tipos de cancro.Estes guias são produzidos pela Anticancer Fund em colaboração direta com o Grupo de Trabalho para Diretrizes da Esmo e com o Grupo de Trabalho para o Doente de Cancro da Esmo.

Para obter mais informações acesse: www.esmo.org e www.anticancerfund.org