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O QUE NÃO É TEORIA. ROBERT I. SUTTON BARRY M. STAW

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O QUE NÃO É TEORIA.ROBERT I. SUTTON

BARRY M. STAW

INTRODUÇÃO• É MAIS FÁCIL DEFINIR O QUE NÃO É UMA

TEORIA DO QUE O QUE É UMA TEORIA.• Como explicar por que alguns artigos são

vistos como não possuidores de nenhuma teoria em vez de possuidores de alguma teoria.

Teoria:O substantivo theoría significa: ação de

contemplar, olhar, examinar, especular.Novo Dicionário Aurélio

Uma teoria forte se inicia com a leitura da literatura que busca estabelecer uma teoria forte de uma teoria fraca.

Escrever uma teoria forte consome tempo e implica um elevado ensaio-e-erro, mesmo para os acadêmicos mais habilidosos.

Consideremos cinco características de um artigo,que por si mesmas, não constituem teoria: referência, dados, listas de variáveis ou construtos, diagramas e hipóteses.

Referências não são teoriaArtigo de Sutton (1991,p 262) sobre cobradores:

“Esse padrão é consistente com as descobertas de que a agressão provoca a resposta de ‘luta’ (Frijda,1986) e que a raiva é uma emoção contagiosa (Schactert e Singer,1962; Baron,1977)”.

Weick(1993,p.644) “ Já que há muito pouca comunicação dentro da tripulação e já que ela atua amplamente por meio de controles intrusivos,ela age mais como um grande grupo formal com uma comunicação mediada do que como um pequeno grupo informal com uma comunicação direta”

Referências são as vezes usadas como uma cortina de fumaça para encobrir a ausência de teoria

Pedidos para “mais teoria”,feitos pelos editores são atendidos com mais citações

Como as fontes citadas estão vinculadas a teoria que esta sendo desenvolvida

Dados não são teoria

A maior parte da teoria organizacional é baseada em dados. No entanto,raramente constituem explicações causais

Kaplan (1964) afirmou que a teoria e os dados desempenham, cada um deles um papel diferente.

Relato de resultados não pode substituir o raciocínio causal

Lista de variáveis ou construtos não são teoria Uma teoria deve também explicar por que

as variáveis ou construtos ocorrem ou por que eles estão conectados

Listar as características demográficas de pessoas associadas com um dado comportamento não é teoria.

Dividir o mundo em personalidades e determinantes situacionais não constitui, por si só uma teoria do comportamento

Diagramas não são teoriaPodem ser uma parte valiosa de um

artigo de pesquisa, mas, por si mesmo, raramente constituem teoria

Diagramas e figuras deveriam ser considerados como apoios de palco e não como a própria representação

Um argumento claramente redigido deveria também excluir a necessidade das figuras mais complicadas que parecem como diagrama de circuitos elétricos

Uma boa teoria é, freqüentemente representacional e verbal.

Hipóteses ( ou predições ) não são teoria“Um modelo teórico não é

simplesmente um enunciado de hipóteses”, Dubin (1976,p.26)

Hipóteses não contem argumentos lógicos

Hipóteses são enunciados concisos sobre o que se espera que ocorra, não por que se espera que ocorra

“Dar tiro para todo lado”, “distribuir o risco”

Identificando uma teoria forteÉ a resposta às indagações do porquê

Conexões entre fenômenos

Enfatiza a natureza das relações causais

Teoria forteMergulha nos processos subjacentes afim de compreender as razões sistemáticas de uma ocorrência

Investiga micro-processos Vincula-se aos fenômenos sociais Explica, prevê e da prazer (Weick,1995)

O argumento contra a teoriaJohn Van MaanenDescrever narrativas sobre a vida organizacional, baseado em um trabalho etnográfico intenso

Desenvolver um conhecimento mais fundamental

ASQ (Academy Of Managent Journal e Organization Science )

Abrange espaço entre teste e construção da teoria

Exige atos criativos e imaginativos; preciosos, sistemáticos

“imaginação disciplinada”; descontrole consciencioso; “ desvio aceito”.

Aprender a escrever uma teoria forte pode ou não ocorrer, e quando ocorrem é quase sempre um subproduto acidental do sistema.

Algumas recomendações

Teoria Forte + Método Forte = Artigo Excepcional.

Quando a teoria são particularmente interessantes ou importantes, deveria haver uma maior liberdade em termos de apoio empírico.

Conclusão

O que poderia haver de comum entre Charles Darwin, Sigmund Freud e Karl Marx?

Muito mais do que a contemporaneidade, estes três ideólogos encabeçaram a lista dos materialistas que mais influenciaram a mentalidade do século XX! Cada um, no seu respectivo campo de atuação, granjeou discípulos, fez nascer ideologias e deixou “viúva” muita gente. E, o mais importante: criaram o que se pode denominar de pseudociências. Ou seja: o evolucionismo, o freudismo e o marxismo.

Oswaldo Penna sintetiza estas três ideologias com o seguinte comentário:

“Creio que o darwinismo” — escreve Popper — “deve amplamente ceder lugar à idéia de que, em quase todos os estágios da vida, existe um repertório inteiro de reações concebíveis perante uma determinada situação”. Popper compara o efeito do darwinismo nas mentes do século XIX ao que o marxismo e o freudismo causaram no século XX, “o efeito de uma conversão ou revelação intelectual, abrindo os olhos a uma nova verdade, escondida dos ainda não iniciados”. Uma teoria que pretende explicar tudo nada explica, pondera Popper. Os pacientes de Freud tornam-se conscientes de seu “complexo de Édipo”: os de Adler, de seu “protesto viril”; os de Jung, da incidência dos “arquétipos”. Os pesquisadores darwinistas descobrem por toda a parte indícios da seleção natural; os lamarckistas, indícios da hereditariedade dos caracteres adquiridos; os católicos convictos, da mão de Deus. “Uma visão errônea da ciência se revela na ânsia de estar com a razão”, rebate Popper.”

Fonte: José Osvaldo de Meira Penna. “Polemos: uma análise crítica do darwinismo. Editora UnB (da Universidade de Brasília). Brasília, 200