o que parece ser não é!

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Artigo da Roberta Muriel sobre os indicadores de qualidade do MEC. CPC, IGC e SINAES são o foco dos argumentos precisos e esclarecedores.

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Page 1: O que parece ser não é!

O QUE PARECE SER NÃO É!

Escrito por Roberta Muriel CardosoTer, 22 de Novembro de 2011 16:57

Roberta Muriel

Não é verdade o que estão dizendo sobre a composição das notas do CPC e do IGC tãodivulgadas em todo o país na última semana.

Os principais veículos de comunicação estão passando uma ideia, baseados no que diz oMinistério da Educação, de que “o IGC leva em conta, além dos resultados do ENADE, aavaliação do Corpo Docente, das instalações físicas e do projeto pedagógico de cadainstituição” e que a avaliação do ensino superior combina três notas “a do desempenho dosestudantes, a do desempenho dos cursos e a do desempenho das instituições”.

É importante esclarecer que o CPC é a composição do ENADE e da avaliação do CorpoDocente, das instalações físicas e do projeto pedagógico de cada instituição sim, como estásendo dito. No entanto, como é feita esta composição?

Esta é a parte fundamental e que não está esclarecida nas principais divulgações feitas arespeito destes indicadores.

Vamos então esclarecer:

1)    O ENADE é resultado do teste feito pelos alunos todos os anos. Até aí tudo certo. É umaavaliação de aluno.

2)    Como o MEC avalia Corpo Docente para composição do CPC e consequentemente doIGC? O MEC vai ao cadastro de docentes e verifica a titulação e o regime de trabalho destesdocentes, ou seja, o tempo de dedicação dos docentes à instituição. Neste momento, não háanálise da qualidade destes professores, de suas aulas, de seu trabalho acadêmico, enfim, nãohá uma análise qualitativa para composição do CPC e IGC sobre o Corpo Docente, portanto,um corpo docente titulado e com muitas horas no curso, recebe boa nota e o Corpo Docentecom menor titulação e menos dedicação, recebe nota ruim. No entanto, seria demais afirmar

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Texto
http://www.redemebox.com.br/index.php?view=article&catid=285%3A291&id=26381%3Ao-que-parece-ser-nao-e&format=pdf&option=com_content&Itemid=21
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Sublinhado
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que um corpo de doutores é bom e um corpo de mestres é ruim, ou vice-versa. Estas sãosuposições e, por esta razão, o CPC e IGC são tratados na legislação como indicadores e nãoconceitos, pois são indícios, mas não podem ser conclusivos.

3)    Como o MEC avalia instalações físicas e a Proposta Pedagógica da IES para composiçãodo CPC e do IGC? O aluno, quando vai passar pelo ENADE, responde a um QuestionárioSocioeconômico e este Questionário traz algumas questões relacionadas às instalações físicase ao Projeto Pedagógico do curso. O MEC seleciona algumas questões deste QuestionárioSocioeconômico respondido pelo ALUNO para compor a nota do CPC e consequentemente doIGC. Assim, neste momento, não há visita às instalações e análise das propostas pedagógicas.O que há é uma suposição por meio de respostas dadas pelos ALUNOS ao tal Questionário.Desta forma, não se pode dizer com segurança que as instalações são ruins e que a PropostaPedagógica não atende ao esperado considerando apenas o que o ALUNO acha. O alunopode dizer que é ruim, mas isto não significa que realmente é ruim, assim como pode dizer queé bom o que não é verdadeiramente bom.

Desta forma, como podem perceber o CPC e o IGC não passam de indicadores de qualidade eassim são definidos pela legislação, pois não são suficientes para determinar a qualidade deum curso e muito menos de uma instituição.

Para que esta análise fosse bem feita e para que as Instituições de Ensino e seus cursostivessem conceitos definitivos (CC – Conceito de Curso e CI – Conceito Institucional), tambémjá definidos pela legislação, faz-se necessária a visita in loco que contará com avaliadores queterão condições adequadas para verificar e constatar a qualidade real destes cursos einstituições.

Não sendo assim, o que está sendo feito é decisão com base em um INDICADOR falho ebaseado em avaliação de ALUNO, pois quase 70% da composição destes índices (CPC e IGC)são determinados pelo que o ALUNO pensa ou sente no momento da avaliação. Se o alunoresolve fazer um boicote em um curso e a IES tem poucos cursos, por exemplo, estácondenada a uma nota baixa. E este boicote não significa necessariamente que a instituição éruim. Vejam o que está acontecendo com os alunos da USP. Alguém se atreve a dizer que aUSP é ruim? E se estes alunos passassem agora pelo ENADE? Como ficaria a nota da USP?

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O artigo 2º da Lei 10861/2004 afirma que:

“Art. 2º O SINAES, ao promover a avaliação de instituições, de cursos e de desempenho dosestudantes, deverá assegurar:

I - avaliação institucional, interna e externa, contemplando a análise global e integrada dasdimensões, estruturas, relações, compromisso social, atividades, finalidades eresponsabilidades sociais das instituições de educação superior e de seus cursos;

II - o caráter público de todos os procedimentos, dados e resultados dos processos avaliativos;

III - o respeito à identidade e à diversidade de instituições e de cursos; IV - a participação docorpo discente, docente e técnico administrativo das instituições de educação superior, e dasociedade civil, por meio de suas representações.

Parágrafo único. Os resultados da avaliação referida no caput deste artigo constituirãoreferencial básico dos processos de regulação e supervisão da educação superior, nelescompreendidos o credenciamento e a renovação de credenciamento de instituições deeducação superior, a autorização, o reconhecimento e a renovação de reconhecimento decursos de graduação.”

Onde está a avaliação de cursos e a avaliação da IES no CPC? E onde está a “avaliaçãoinstitucional, interna e externa, contemplando a análise global e integrada das dimensões” que

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o mesmo artigo 2º manda assegurar?

Onde está o “respeito à identidade e à diversidade de instituições e de cursos” quando pegamo ENADE, misturam com respostas dadas a um Questionário respondido pelos mesmos alunosque fizeram a prova e oferecem uma lista de INDICADORES QUE NEM SÃO CONCEITOSDEFINITIVOS “de bandeja” para todos os jornais do Brasil?

A Portaria 40/2007 estabelece um processo para esta avaliação e este não está sendocumprido. O Conceito de Curso - CC e o Conceito Institucional - CI são os conceitos definitivos- ou seja, não se fala em CPC ou IGC como conceitos, mas como “indicadores”, que deveriamser entendidos como provisórios no processo. A IES ainda teria uma oportunidade, segundo alegislação de firmar um protocolo de compromisso após a definição de conceitos definitivosinsatisfatórios. O caminho é este: A IES recebe um conceito provisório (CPC ou IGC). Se oconceito provisório for insatisfatório, pede a avaliação in loco; se for satisfatório, pede ou não aavaliação in loco. No último caso, se não pedir, fica valendo a nota do CPC ou IGC, conforme ocaso. Após a visita, são definidos os conceitos definitivos (CC ou CI, conforme o caso). Se oconceito for insatisfatório, cabe recurso. Exaurido o recurso e permanecendo conceitoinsatisfatório, a IES apresenta à secretaria competente protocolo de compromisso. Se ocorrerdescumprimento das medidas determinadas no protocolo de compromisso, será instauradoprocesso administrativo para aplicação de penalidades previstas no art. 10, §2º da Lei10.861/2004, nos termos do art. 63 do Decreto 5.773/2006.

Já disse em outro artigo como é lamentável a forma como o Ministério da Educação temtratado as Instituições de Ensino Superior – IES, especialmente as privadas, que representam89,4% do setor educacional.

As vagas estão sendo cortadas e as decisões de regulação estão sendo tomadas sem que asIES e seus cursos passem por todo o processo que está previsto na Portaria 40/2007.

Até quando as IES vão suportar estas barbaridades baseadas em Lei mal lida e interpretada eem nome de um Sistema Nacional de Avaliação que ainda não conseguiu sua implantação?

As IES precisam reagir a estes absurdos! Estão “pulando etapas” da avaliação e o resultado éuma exposição na mídia que causa danos irreparáveis. E não adianta reparar com o MEC

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depois, pois a imagem está destruída. As instituições que oferecem a tantos brasileiros umaoportunidade de formação são transformadas em “incompetentes e sem compromisso” e osbelos indicadores fracos estatisticamente (CPC e IGC) em um “retrato da qualidade dos cursose instituições no país”.

Rezo todos os dias para que as instituições reajam a este absurdo ou para que Deus me dêmuita paciência para aguentar tanto desaforo!

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Texto
Roberta Muriel Cardoso Mestre em Administração com ênfase em Inovação e Competitividade, Diretora da Carta Consulta Gestão Universitária www.enciclopediadaeducacao.com.br