o que é preciso para se ver a deus · pode ser atingido de forma nocional, pois o assunto da...
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O Que é Preciso para se Ver a Deus
Por
Silvio Dutra
Set/2019
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A474 Alves, Silvio Dutra O que é preciso para se ver a Deus Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2019. 65p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Alves, Silvio Dutra. I. Título. CDD 252
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Se Deus chamasse a um dos seus ministros e
lhe desse a seguinte incumbência: “Você deve
ensinar o meu povo a se santificar, porque
próximo está o arrebatamento, e sem
santificação ninguém verá a minha face.” Em
que principalmente o citado ministro deveria
focar? Em que deveria concentrar os seus
esforços para que fosse efetivo no cumprimento
da ordem que lhe foi dada?
Este alvo seria atingido com mero ensino formal
de palavras? Por mais bíblicas e ortodoxas que
elas fossem, seriam suficientes para tal
propósito?
Ou além do reto ensino haveria necessidade de
oração em favor dos que deveriam ser
santificados? Alguns exercícios práticos
deveriam ser realizados em conjunto? Alguma
repreensão e disciplina a serem aplicadas?
Antes de tudo, haveria necessidade de bem
definir o objeto que estará sendo proposto, pois
não se tratando de coisas visíveis que podem ser
buscadas objetivamente e avaliadas por
critérios de mera inspeção visual, auditiva, tátil
ou olfativa, como por exemplo no caso de quem
se dispõe a adquirir determinado bem material,
apresenta-se diante de nós uma grande
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dificuldade para se definir o que é a
SANTIFICAÇÃO em si mesma. No que ela
consiste. Porque deve ser buscada, pois é dito
que sem ela ninguém verá a Deus.
Como receberemos aquilo do que sequer
sabemos qual é a substância e o significado do
que deve ser buscado?
Graças a Deus que não estamos sem respostas
adequadas para isto, pois o Senhor, em sua
grande sabedoria, amor, graça e misericórdia,
revelou em Sua Palavra não somente em que
consiste a santificação, como também o modo
de ser obtida.
É sobre esta revelação que pretendemos
discorrer de modo simples, direto, objetivo,
tanto quanto for possível, para facilitar a
compreensão de assunto tão vital, que está
relacionado não somente à nossa felicidade
eterna futura, como também a um viver
vitorioso enquanto permanecemos neste
mundo.
Quisera, para a consecução deste objetivo, ter a
capacidade de escrever com tal precisão que
cada palavra destilasse como um fio de ouro,
ligando-se a cada pensamento, de modo que
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nada fosse perdido, ou que desviasse a nossa
atenção do alvo a ser atingido.
No muito falar e expor perde-se o foco central, e
quando este é perdido, dificilmente há proveito
no que deveríamos ter aprendido, de forma a ser
aplicado em nosso viver diário.
Se o que for escrito servir apenas como
informação, pouco proveito haverá porque o
que se pretende é formação – Cristo ser formado
em nós efetivamente – e não mera informação
que não toque ou transforme a nossa vida.
Como ponto de partida fundamental devemos
afirmar que não estamos diante de um alvo que
pode ser atingido de forma nocional, pois o
assunto da santificação refere-se à vida, à vida
eterna e sobrenatural de Deus, e,
evidentemente, não poderá ser experimentada
sem que haja operações reais e espirituais do
Espírito Santo, e na verdade, de toda a Trindade
Divina, na realização deste trabalho.
O que pretendemos dizer é que mais
conheceremos em nossa própria experiência de
vida se estamos sendo de fato santificados,
somente na medida em que permanecermos e
perseverarmos no Senhor, pois é da comunhão
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com Ele que procederá todo o nosso
conhecimento e crescimento espiritual.
Nenhuma iluminação celestial será recebida
por aqueles que se entregarem à tarefa de ler
sobre santificação, sem permitirem serem
tocados, guiados, instruídos e transformados
pelo poder do Espírito.
Submissão ao Senhor, de nossa vontade à dEle,
é o pressuposto básico para a aprendizagem
prática da santificação.
Não nos iludamos, portanto, pensando que
podemos ser santificados sem que haja uma
verdadeira devoção e consagração ao Senhor,
no sentido de buscar nele uma vida
verdadeiramente santa e piedosa.
A razão de tudo isto é que a santificação não é
uma operação natural relativa ao homem
natural, e muito menos ao homem carnal, pois
trata diretamente com a nova natureza celestial,
espiritual e divina – com a vida nova que recebe-
se do céu na conversão, quando somos
transformados em novas criaturas. Se pela
regeneração recebemos esta nova vida, está
determinado por Deus que ela deve crescer e se
desenvolver até a perfeição, através do processo
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da santificação do Espírito Santo, mediante uso
da Palavra de Deus.
Para tanto, o Espírito Santo habita nos crentes e
levanta entre eles pastores e mestres para o
propósito de edificá-los em amor, na verdade.
Pelo mesmo Espírito são impulsionados a se
reunirem regularmente em congregações, para
a edificação mútua, de modo que Deus seja
glorificado por suas vidas santificadas, pois que
glória poderia receber de crentes carnais e
mundanos?
Agora, quando trazemos estas reflexões para a
realidade vivida por nossas congregações em
nossos dias, quantos crentes vemos que estejam
realmente santificados, fazendo progresso
contínuo em seu crescimento espiritual?
Quanto há de comunhão espiritual entre eles? E
não é incomum, que se veja muita carnalidade
mesmo quando estão debaixo de um reto ensino
da Palavra, até mesmo por anos seguidos.
O que deve ser feito para a reversão deste
quadro?
Nós vemos nas cartas dirigidas às igrejas no
livro de Apocalipse, que Jesus não desiste do seu
povo, e o chama ao arrependimento para a vida
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santificada. É portanto, nosso dever, atender à
sua convocação e indagarmos o que devemos
fazer para que sejamos efetivamente
santificados.
Quanto antes tomarmos esta decisão, melhor,
porque ninguém pode ser santificado da noite
para o dia. Não podemos remover nossos
hábitos carnais e mundanos instantaneamente.
Nem podemos nos revestir das virtudes de
Cristo sem sermos submetidos a muitas
provações da nossa fé, em tribulações
escolhidas por Deus para tal propósito.
O trabalho de gerar o hábito de santidade em
nós é relativamente longo, e não podemos
queimar etapas, ainda que possamos contribuir
para que este seja acelerado pelo grau da nossa
busca de Deus e consagração a ele.
É somente pelo trabalho de santificação que a
nossa fé pode aumentar. Nenhuma fé pequena é
transformada em grande fé em um simples
estalar de dedos.
Noé foi um gigante na fé durante o dilúvio, mas
isto somente depois de ter caminhado 600 anos
fielmente com Deus.
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Abraão não teria se disposto a oferecer Isaque
em sacrifício caso não tivesse sido provado em
sua fé de diversas maneiras antes, de forma que
esta crescesse a ponto de responder em
obediência àquela ordenança extrema que Deus
lhe fizera.
Por isso voltamos a dizer, e a experiência prática
o tem comprovado, que a primeira grande coisa
a ser feita se desejamos ser santificados, é esta
de decidirmos nos devotar ao Senhor, e pedir-
lhe que crie em nosso coração o desejo de viver
cada dia de nossas vidas para honrá-lo, glorificá-
lo, obedecê-lo em tudo o que nos tem ordenado
em Sua Palavra.
Evidentemente, como não podemos obedecer o
que não conhecemos, necessitaremos estudar e
meditar na Palavra diariamente, com espírito
reverente, de modo que cheguemos ao
conhecimento da vontade revelada de Deus
para os seus filhos.
A própria leitura ou audição da Palavra é um
grande meio santificador, por toda a atmosfera
e influência santa que gera em nossos corações,
quando nela meditamos, pois foi produzida por
inspiração do Espírito Santo.
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A fé vem por se ouvir a Palavra de Deus. Este
ouvir pode incluir também a leitura da Palavra.
Assim, misturando-se a fé com a Palavra o
resultado é vida, santificação, entrada no
descanso de Deus.
A fé santifica pela consideração que ela paga a
toda a Palavra de Deus. Deve-se ter em mente,
como acabo de dizer, que a obra da santificação
é realizada pela instrumentalidade da verdade
Escriturística.
É impossível não ser impressionado com a
adaptação da Bíblia para produzir a santidade.
Cada parte dela; seus preceitos, ameaças,
promessas, exemplos; todos são adaptados para
tornar os homens santos.
Deve haver o estudo diário, diligente e com
oração, das Escrituras. Este é o meio
divinamente designado de santificação.
A santificação não é uma série de impulsos
cegos na mente; de raptos sem sentido da alma,
ou de silêncio místico; mas de atos inteligentes
de conformidade com a vontade de Deus,
conforme sua vontade é manifestada em sua
Palavra; e é somente conhecendo e crendo na
Palavra que isso pode ser alcançado.
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A razão de muitos crentes não estarem
santificados é exatamente a de não terem o
devido temor, respeito e consideração à Palavra
de Deus. Não a veem como uma produção da
própria boca de Deus, mas como um livro
comum. Alguns chegam até mesmo a desprezar
e a contradizer muitas de suas passagens, como
se elas estivessem submetidas ao juízo deles.
Entristecendo o Espírito Santo de tal forma,
ficam privados da sua iluminação e instrução, e
não podem entender de forma alguma, a
verdade revelada, para que pudessem aplicá-la
às suas vidas.
Crentes que agem dessa forma são de
mentalidade mundana, e se identificam muito
mais com as coisas e valores do mundo do que
com as coisas que são espirituais e divinas.
Não são movidos pela pregação da Palavra, por
mais ungida e ortodoxa que ela seja. Não são
impulsionados à oração e à adoração. Não têm
pensamentos espirituais e celestiais. Não são
desmamados do mundo, e as renúncias
impostas pelo evangelho, lhes parecem loucura
ou coisas impossíveis de serem praticadas.
Só pensam em festas, glutonarias, prazeres e
diversões os mais diversos. Não podem dedicar
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tempo para a leitura de bons livros devocionais,
da Bíblia, ou para serem frequentadores
regulares dos cultos públicos de adoração ou
oração.
As coisas relativas à vida com Deus e ao seu
serviço lhes são tediosas, e não podem
encontrar qualquer alegria nelas, porque
apagaram o Espírito Santo e vivem unicamente
pela energia da carne, e como esta não está
sujeita a Deus e nem mesmo pode estar,
continuam fugindo como Adão para se
esconderem dele em qualquer árvore que
possam encontrar.
Tudo a que aspiram tem a ver com as coisas
desta vida e não conseguem entreter qualquer
pensamento relativo à eternidade, e considerar
quão breve é a nossa estada neste mundo.
Não fazem, portanto, qualquer investimento
para a vida futura no céu. Vivem como se não
existisse nem morte, nem céu, nem inferno,
nem juízo final. Deus não é uma pessoa viva e
todo poderosa, senão apenas uma invenção de
religiosos. A que ponto pode chegar a dureza do
coração humano, não tratado continuamente
pela graça de Jesus!
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Por isso, a fé que santifica opera pela
consideração direta e prevalecente que tem
para com a obra de Cristo, conforme
estabelecida na Palavra de Deus.
A fé santificadora, como a que justifica,
enquanto toma todo o campo da revelação;
habita especialmente as cenas do Calvário. Lá o
crente é atraído por uma atração irresistível; ali
habita com um deleite intenso; a partir daí
deriva suas fontes de consolação, e motivos para
obediência. Sim, o grande objeto da fé
santificadora é um Salvador crucificado!
O crente que se consagra se vê crucificado
juntamente com Cristo. É grato ao Seu senhor
de todo o seu coração por tê-lo livrado deste
modo, da eterna escravidão que teria ao pecado
e ao diabo. Pela cruz ele vence o seu ego e o
mundo. Pela cruz, ele alcança a vida ressurreta
que se segue à morte do velho homem. Quão
grande gozo inefável há em seu interior por tudo
isto!
A fé opera sobre a nossa santificação, pelo
respeito que ela carrega, o crédito que dá, à
prometida ajuda do Espírito Santo. É por sua
agência que toda a obra da graça é levada a cabo
na alma. Mas, o que nos assegura que teremos o
Espírito? O que nos encoraja a esperar sua ajuda
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necessária? As numerosas promessas da
Palavra de Deus. Tais promessas são o alimento
da fé. A fé as torna como já realizadas para o
crente. Elas são antecipadas em alegria
inexprimível, de modo que todas as tribulações
lhes parecem leves, ao contemplar a herança e a
recompensa futuras que lhe aguardam na glória
celestial.
A fé une a alma vitalmente a Cristo, e assim
extrai dele toda a graça que está nele para o
bem-estar espiritual do crente. O verdadeiro
crente é um ramo da videira viva. (João 15: 1). Ele
é um membro do corpo do qual Cristo é a
Cabeça Divina. (Efésios 1.23).
Como toda a nossa santificação encontra-se no
próprio Senhor Jesus Cristo (I Coríntios 1.30),
nós só podemos tê-la estando em plena
comunhão com ele. Esta é a razão de que um
simples pecado não confessado pode
interromper o nosso estado de santificados, pois
é decorrente da interrupção da nossa
comunhão com o Senhor, de quem nos vem a
santificação. É pela Sua seiva viva que somos
mantidos como ramos frutíferos na Videira
Verdadeira.
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É por este motivo que nós o vemos intercedendo
junto ao Pai para que santificasse os crentes na
verdade, a saber na Sua Palavra, que é a verdade.
Este trabalho de santificação é portanto feito por
Deus, através do Espírito Santo, que nos recria
em santidade para a vida celestial, espiritual e
divina, de maneira que possamos viver em
unidade com Ele e uns com os outros crentes
que também estejam santificados.
Tão essencial é a santificação para a unidade,
que Jesus orou por ela, para ser vista nos
crentes, pois sem santificação não há qualquer
unidade real entre Deus e seus filhos.
“17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a
verdade.
18 Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo.
19 E a favor deles eu me santifico a mim mesmo,
para que eles também sejam santificados na
verdade.
20 Não rogo somente por estes, mas também
por aqueles que vierem a crer em mim, por
intermédio da sua palavra;
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21 a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó
Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em
nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.
22 Eu lhes tenho transmitido a glória que me
tens dado, para que sejam um, como nós o
somos;
23 eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam
aperfeiçoados na unidade, para que o mundo
conheça que tu me enviaste e os amaste, como
também amaste a mim.” (João 17.17-23)
O grande alvo da santificação, portanto, é
possibilitar a participação real e efetiva no amor
de Deus, por meio da unidade com ele. Ser e
sentir-se de fato um só espírito com ele. Não
apenas em pensamentos e desejos, mas em
ações, executados em plena harmonia com a
vontade divina.
Ao dizer que esta unidade dos crentes com Deus
e entre si é fundada na Palavra da verdade, o que
nosso Senhor destacou claramente para nós é
que só pode haver tal unidade com a prática da
sã doutrina, ou seja a mesma doutrina ensinada
por ele e seus apóstolos, e que se encontra
registrada na Bíblia.
17
Se alguma Igreja ou grupo de crentes abandona
a sã doutrina para seguir mandamentos e
práticas que sejam contrários à mesma, será
impossível se ver entre eles a unidade em amor
pela qual Jesus intercedeu, e trabalha para que
seja vista entre os crentes.
Em outra passagem, Jesus disse que a adoração
verdadeira a Deus deve ser em espirito e em
verdade. Sobre a verdade já falamos. Agora,
sobre o espírito não padece dúvida que toda
adoração e unidade real e verdadeira só pode ser
promovida quando os crentes participam da
vida do Espírito Santo e andam nele.
De modo que, caso se tenha uma devida
consideração pela sã doutrina, quando o ensino
é segundo a ortodoxia, mas falta a direção, a
instrução e o poder do Espírito Santo na vida dos
crentes, também será impossível ser vista a
referida unidade em amor entre eles.
Nisto se cumpre o que foi dito por nosso Senhor
aos saduceus que eles não conheciam a Palavra
e o poder de Deus. Neles faltava tudo o que era
necessário, enquanto em algumas igrejas falta
uma coisa (Palavra), ou outra (poder do Espírito
Santo).
18
Na oração sacerdotal de Jesus não estava em
foco a justificação e regeneração porque ambas
haviam já sido conquistadas para sempre e
instantaneamente no ato mesmo da conversão
do crente mediante a fé nele.
Então, ao orar pela santificação dos crentes, o
que o Senhor tinha em vista era o trabalho
progressivo do Espírito Santo a ser efetuado
neles, para a mortificação contínua do pecado,
que é sempre necessária para se manter o
estado de santificado, e o revestimento das
graças relativas ao fruto do Espírito.
"Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação."
(1 Tessalonicenses 4: 5)
"Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por
vós, irmãos, amados do Senhor, porque Deus
vos escolheu desde o princípio para a
santificação do espírito e a fé na verdade." (2
Tessalonicenses 2:13).
"Para que recebam o perdão dos pecados, e a
herança entre os que são santificados, pela fé
em mim". (Atos 26:18)
O caráter de um verdadeiro crente nos é dado
pela santificação. Nós não somos cristãos, e não
podemos ser cristãos; se não somos mudados
19
em nossa natureza moral do pecado para a
santidade.
A santidade era a imagem de Deus na qual o
homem foi criado no começo; a imagem que ele
perdeu pela queda; e restaurar nossa natureza
foi o projeto de todo o plano da redenção. É um
erro supor que o fim principal da morte de
Cristo foi para nos salvar do inferno. "Ele morreu
para redimir-nos de toda a iniquidade, e para
purificar para si um povo peculiar zeloso de boas
obras." (Tito 2:14). Sem uma natureza nova e
santa, da qual emanarão os frutos da justiça em
nosso caráter e conduta, podemos ser cristãos
somente no nome. A santificação é tão essencial
para a salvação quanto a justificação, e na
verdade é parte dela!
A justificação nos foi dada como um ato jurídico
de Deus Pai, e a santificação é um trabalho
recriador realizado em nós pelo Espírito Santo,
para nos conduzir à exata imagem e semelhança
com Cristo.
Assim como temos trazido a imagem do Adão
natural, devemos também trazer a imagem do
último Adão que é espirito vivificante. Se pelo
primeiro somos naturais, pelo segundo somos
tornados espirituais.
20
Daí que devemos seguir os passos do nosso
Senhor e Salvador, buscando ser semelhantes a
Ele em tudo.
Sem este objetivo em vista, não há nenhuma
verdadeira santificação sendo buscada.
Olhemos para a pessoa de Jesus, para suas ações
e reações, o modo santo, justo e piedoso que
viveu neste mundo, nunca nada dispondo para a
carne, mas vivendo totalmente sob o poder do
Espírito Santo, e busquemos ser assim como ele
é.
Ele era manso e humilde de coração. Devemos
buscar ser o mesmo, pela concessão de sua
graça a nós, e por nos exercitarmos em
paciência e longanimidade toda vez que formos
provados, ao sermos ofendidos e injuriados.
Ele tudo fazia para a glória do Pai, e não agia de
acordo com a sua própria vontade, mas com a do
Pai, e assim devemos também fazer.
Ele sempre estava disposto a perdoar os seus
ofensores, e devemos também estar.
Ele vigiava e orava sem cessar.
Ele honrava e obedecia a todos os mandamentos
da Lei.
21
Era misericordioso e benigno.
Nenhuma palavra torpe ou ociosa procedeu de
sua boca.
A nenhuma tentação cedeu, e tudo vencia pela
prática da Palavra.
Não buscava honrarias terrenas.
Não cobiçava os bens deste mundo.
Não pensava nas coisas que são aqui debaixo,
mas nas que são celestiais.
Amou a ponto de entregar a própria vida,
carregando sobre Si os nossos pecados no
Calvário, porque esta era a vontade do Pai para
ele.
Nunca deixou de atender a quem o buscou por
socorro.
Seu interesse era inteiramente voltado para o
Reino de Deus, e somente a Palavra deste Reino
ocupava o seu pensamento, pregação e ensino.
Com a exceção de carregarmos os pecados de
outros sobre nós, em tudo o mais somos
chamados a imitá-lo.
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Em suma, todas as obras da carne devem ser
mortificadas pelo Espírito, e o Seu fruto buscado
e praticado.
“19 Ora, as obras da carne são conhecidas e são:
prostituição, impureza, lascívia,
20 idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias,
ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,
21 invejas, bebedices, glutonarias e coisas
semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos
declaro, como já, outrora, vos preveni, que não
herdarão o reino de Deus os que tais coisas
praticam.
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade,
23 mansidão, domínio próprio. Contra estas
coisas não há lei.
24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a
carne, com as suas paixões e concupiscências.”
(Gálatas 5.19-24)
John Angell James tenta nos ajudar no
autoexame que devemos fazer para saber se
somos santificados ou não, fazendo-nos as
seguintes perguntas:
23
"A santidade é meu desejo; meu desejo intenso;
minha busca; minha busca firme, vigorosa e
séria? Todos os meus desejos; meus planos;
meus gostos; meus propósitos; são para isso? Eu
deliberadamente vou ser santo; não me
satisfazendo com desejos vagos? Eu odeio o
pecado como pecado; e não apenas por causa de
suas consequências? No pensamento, no
sentimento e no desejo? Eu mortifico toda a
corrupção do meu coração; e estou
diligentemente empenhado em cavar suas
raízes na alma, bem como cortar seus ramos na
conduta? Estou me esforçando para purificar o
coração? É meu objetivo ser libertado de todo o
pecado, bem como de algum pecado específico;
ou estou tentando expiar a retenção de alguns
pecados que eu valorizo, pela renúncia de
outros que não estou fortemente tentado a
cometer? Estou satisfeito de ser tão santo como
os outros, ou estou me esforçando para ser tão
santo como Deus requer? Estou observando e
orando contra a imperfeição? Estou me
esforçando para alcançar a perfeição;
realmente tentando ser purificado "de toda
impureza de carne e espírito?" Sinto que a
santidade é minha vocação, e sei que a estou
seguindo como tal? "
Somente pela regeneração e justificação da
conversão que nos dá um título para o céu, não
24
é possível responder por longo tempo de forma
positiva a todas essas perguntas. É somente por
estarmos santificados que podemos fazê-lo.
Devemos nascer de novo, que é o ponto de
partida da santificação; e devemos crescer em
santidade, conforme as evoluções e energias da
nova vida implantadas pela regeneração.
Nunca antes, os professantes estiveram mais
em perigo de autoengano do que nesta era. Se o
padrão da verdadeira religião é o Novo
Testamento, então uma grande proporção dos
membros de todas as nossas igrejas não pode
ser de verdadeiros cristãos; mas são meramente
nominalistas, formalistas evangélicos e fariseus
legalistas!
E se quisermos aumentar em santificação,
devemos estar muito em oração pela influência
do Espírito Santo. A santificação, como já
mostramos, é a sua obra; mas para este trabalho,
ele deve ser importunado por nós em oração.
Nossa santificação pessoal e experimental, é
produzida somente pela habitação e operações
do Espírito Santo; e consiste em nossa
consagração a Deus e seu serviço. Ela é a vida de
Deus na alma.
25
A santificação inclui todas as graças e os frutos
do Espírito - como fé, esperança, amor,
paciência, humildade, mansidão, zelo,
longanimidade, alegria, paz, mansidão,
bondade, fidelidade e temperança. É o desejo
dos verdadeiramente santificados, fazer toda a
vontade de Deus, de coração, e sofrer toda a sua
vontade soberana com resignação.
Este ponto de paciência nas tribulações não é de
pequena importância para a nossa santificação,
porque está determinado no conselho eterno de
Deus que devemos ser semelhantes a Cristo em
tudo, inclusive nos seus sofrimentos. Em tudo
devemos ser identificados a ele. E como tudo
suportou com paciência, nossos sofrimentos
serão santificados somente quando suportados
com paciência cristã, pela concessão da graça
do Espírito.
Este espírito longânimo e paciente é muito
agradável a Deus, pois é por ele que
demonstramos na prática e de fato que estamos
dispostos a crucificar o nosso ego, para nos
submetermos à Sua vontade, que nos ordena
não resistir ao perverso, a oferecer a outra face,
a andar a segunda milha, a dar a capa e a túnica
se alguém nos despojar das mesmas.
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Sem esta disposição de espírito, jamais
abençoaríamos os que nos amaldiçoam, e
oraríamos em favor dos nossos perseguidores.
Muito menos, seríamos capazes de amar nossos
inimigos, pois o Senhor concede a sua graça
para que o façam somente aqueles que prestam
a devida obediência à Sua Palavra, ainda que isto
demande a negação de si mesmos.
"Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação".
(1 Tessalonicenses 4: 3); e até que a nossa
santificação esteja completa, e exatamente nos
assemelharmos ao Senhor Jesus Cristo, em
corpo, alma e espírito - nossa salvação não será
concluída, nem o propósito glorioso de Deus
cumprido. Devemos ser como ele, porque
estamos predestinados a isso: "seremos como
ele, porque o veremos como ele é" (Romanos
8:29; 1 João 3: 2).
Aflições e provações são frequentemente
empregadas para nos ensinar o valor, o uso e a
importância da Palavra; e, em conexão com a
Palavra, elas promovem a nossa santificação.
"Purificarmo-nos de toda a imundícia da carne e
do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor
de Deus", (2 Coríntios 7: 1)
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Seu Pai celestial é santo, e ele diz: "Sede santos,
porque eu sou santo". "Como Aquele, pois, que
vos chamou é santo, santificai-vos em toda a
vossa conduta" (1 Pedro 1:15, 16). Quanto mais
você é santificado, mais profunda será a sua
humildade, mais vívidas suas visões do pecado,
e mais forte a sua confiança em Deus.
"Que o próprio Deus, o Deus da paz, vos
santifique em tudo, que todo o vosso espírito,
alma e corpo sejam mantidos irrepreensíveis na
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo!" (1
Tessalonicenses 5:23).
A atividade ou atos de santificação têm um
duplo enfoque: contra o pecado e para a
santificação. Em referência ao pecado é
chamado: lançar fora o velho homem (Efésios
4.24); a mortificação dos membros que estão
sobre a terra (Colossenses 3.5); a crucificação da
carne com as suas paixões e concupiscências
(Gálatas 5.24); o despojo do corpo dos pecados da
carne (Colossenses 2.11); abstinência de
concupiscências carnais (1 Pedro 2.11); e a
purificação de toda a imundícia da carne e do
espírito (2 Coríntios 7.1).
Em referência à santidade é chamado: o
revestimento do novo homem (Efésios 4.24); ser
transformado pela renovação da sua mente
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(Romanos 12.2); ser conformes à imagem do
Filho (Romanos 8.29); e um trabalho de parto até
Cristo ser formado em nós (Gálatas 4.19).
O Espírito Santo, tendo infundido uma nova
natureza na regeneração, preserva-a por sua
influência contínua, move-a, sustenta-a e a
direciona em todos os seus movimentos.
Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a Sua boa vontade
(Filipenses 2:13). Esta vida espiritual, esta nova
natureza sendo assim, apoiada e ativada,
funciona em harmonia com a sua força (ou
fraqueza), e se coloca contra a velha natureza,
seja para mortificá-la ou para expulsá-la. Se,
pelo Espírito mortificardes as obras do corpo,
vivereis (Romanos 8:13); - “Andai no Espírito, e
não haveis de cumprir a concupiscência da
carne, porque a carne luta contra o Espírito, e o
Espírito contra a carne,” (Gálatas 5: 16,17).
Em suma, a promessa de um viver abençoado é
para aqueles que se santificam, que são
designados em várias passagens bíblicas pela
palavra “justos”.
“10 Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes
refreie a língua do mal e evite que os seus lábios
falem dolosamente;
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11 aparte-se do mal, pratique o que é bom,
busque a paz e empenhe-se por alcançá-la.
12 Porque os olhos do Senhor repousam sobre os
justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas
súplicas, mas o rosto do Senhor está contra
aqueles que praticam males.” (1 Pedro3.10-12)
Esta Palavra do apóstolo Pedro é basicamente
uma repetição da Palavra inspirada do Salmo
34.12-19:
“12 Quem é o homem que ama a vida e quer
longevidade para ver o bem?
13 Refreia a língua do mal e os lábios de falarem
dolosamente.
14 Aparta-te do mal e pratica o que é bom;
procura a paz e empenha-te por alcançá-la.
15 Os olhos do SENHOR repousam sobre os
justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu
clamor.
16 O rosto do SENHOR está contra os que
praticam o mal, para lhes extirpar da terra a
memória.
17 Clamam os justos, e o SENHOR os escuta e os
livra de todas as suas tribulações.
30
18 Perto está o SENHOR dos que têm o coração
quebrantado e salva os de espírito oprimido.
19 Muitas são as aflições do justo, mas o
SENHOR de todas o livra.” (Salmo 34.12-19)
Observe que a frase “Aparta-te do mal e pratica
o que é bom; procura a paz e empenha-te por
alcançá-la.”, parece ter servido de paralelo para
o texto de Hebreus 12.14: ” Segui a paz com todos
e a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor,”
A paz é associada com a santificação, que sendo
resumida no texto de Hebreus, parece ter sido
assim formulada a partir do texto mais extenso
do Salmo: “Aparta-te do mal e pratica o que é
bom”. O temor do Senhor consiste em se apartar
do mal, e buscar praticar o que é bom aos Seus
olhos, conforme ele já o tem definido em sua
Palavra.
Se pretendemos entender então a interpretação
autêntica de Hebreus 12.14, devemos nos voltar
para 1 Pedro3.10-12 ou Salmo 34.12-19.
Se no texto de Hebreus somos advertidos
quanto ao mal de negligenciar a santificação,
que é o de não ver o Senhor, considerando-se
assim a santificação pelo aspecto meramente
31
negativo, nos textos de Pedro e do Salmo, nós
temos os muitos benefícios que acompanham
um viver santificado, como por exemplo:
- ver dias felizes;
- estar sob o contínuo cuidado e continua
proteção de Deus;
- ter orações ouvidas e respondidas;
- desfrutar de intimidade com o Senhor;
- ter livramentos em todas as suas tribulações.
Várias outras passagens bíblicas se referem ao
viver abençoado dos justos, ou seja, dos que
estão santificados, como as seguintes:
“27 Aparta-te do mal e faze o bem, e será
perpétua a tua morada.
28 Pois o SENHOR ama a justiça e não
desampara os seus santos; serão preservados
para sempre, mas a descendência dos ímpios
será exterminada.
29 Os justos herdarão a terra e nela habitarão
para sempre.
32
30 A boca do justo profere a sabedoria, e a sua
língua fala o que é justo.
31 No coração, tem ele a lei do seu Deus; os seus
passos não vacilarão.” (Salmo 37.27-31)
“31 Não tenhas inveja do homem violento, nem
sigas nenhum de seus caminhos;
32 porque o SENHOR abomina o perverso, mas
aos retos trata com intimidade.
33 A maldição do SENHOR habita na casa do
perverso, porém a morada dos justos ele
abençoa.” (Provérbios 3.31-33)
“5 Por isso, os perversos não prevalecerão no
juízo, nem os pecadores, na congregação dos
justos.
6 Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios perecerá.” (Salmo
1.5,6)
“29 O SENHOR está longe dos perversos, mas
atende à oração dos justos.” (Provérbios 15.29)
“10 Dizei aos justos que bem lhes irá; porque
comerão do fruto das suas ações.” (Isaías 3.10)
33
“Quem é sábio, que entenda estas coisas; quem
é prudente, que as saiba, porque os caminhos do
SENHOR são retos, e os justos andarão neles,
mas os transgressores neles cairão.” (Oseias
14.9)
Quando lemos estas passagens bíblicas, e
muitas outras de igual teor, é que podemos
entender que não poucos crentes estão
equivocados ou debaixo de um ensino incorreto
sobre o que é de fato um viver justo aos olhos de
Deus.
Muitos se iludem pensando que isto se refere
unicamente ao fato de ter sido justificado pela fé
em Cristo. Se isto é verdadeiro para a plena
aceitação quanto à sua filiação a Deus, pelo
simples ato da justificação, todavia não o é
quanto ao estar lhe agradando, porque isto
demanda além da justificação, uma real prática
da justiça.
Se assim não fora, não haveria razão para serem
tantas as ordenanças bíblicas no sentido de que
os crentes busquem estar santificados, e
fazerem progresso em santificação, crescendo
na graça e no conhecimento de Jesus.
As próprias correções de Deus visam a isto, de
modo que sejamos participantes de fato e em
34
verdade da Sua santidade, em termos
experienciais e reais.
“12 Não reine, portanto, o pecado em vosso
corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas
paixões;
13 nem ofereçais cada um os membros do seu
corpo ao pecado, como instrumentos de
iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como
ressurretos dentre os mortos, e os vossos
membros, a Deus, como instrumentos de
justiça.” (Romanos 6.12,13)
“19 Falo como homem, por causa da fraqueza da
vossa carne. Assim como oferecestes os vossos
membros para a escravidão da impureza e da
maldade para a maldade, assim oferecei, agora,
os vossos membros para servirem à justiça para
a santificação.
20 Porque, quando éreis escravos do pecado,
estáveis isentos em relação à justiça.
21 Naquele tempo, que resultados colhestes?
Somente as coisas de que, agora, vos
envergonhais; porque o fim delas é morte.
22 Agora, porém, libertados do pecado,
transformados em servos de Deus, tendes o
35
vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida
eterna;
23 porque o salário do pecado é a morte, mas o
dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo
Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 6.19-23)
“2 Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda
não se manifestou o que haveremos de ser.
Sabemos que, quando ele se manifestar,
seremos semelhantes a ele, porque haveremos
de vê-lo como ele é.
3 E a si mesmo se purifica todo o que nele tem
esta esperança, assim como ele é puro.
4 Todo aquele que pratica o pecado também
transgride a lei, porque o pecado é a
transgressão da lei.
5 Sabeis também que ele se manifestou para
tirar os pecados, e nele não existe pecado.
6 Todo aquele que permanece nele não vive
pecando; todo aquele que vive pecando não o
viu, nem o conheceu.
7 Filhinhos, não vos deixeis enganar por
ninguém; aquele que pratica a justiça é justo,
assim como ele é justo.
36
8 Aquele que pratica o pecado procede do diabo,
porque o diabo vive pecando desde o princípio.
Para isto se manifestou o Filho de Deus: para
destruir as obras do diabo.
9 Todo aquele que é nascido de Deus não vive na
prática de pecado; pois o que permanece nele é
a divina semente; ora, esse não pode viver
pecando, porque é nascido de Deus.
10 Nisto são manifestos os filhos de Deus e os
filhos do diabo: todo aquele que não pratica
justiça não procede de Deus, nem aquele que
não ama a seu irmão.
11 Porque a mensagem que ouvistes desde o
princípio é esta: que nos amemos uns aos
outros;” (I João 3.2-11).
Em Cristo fomos feitos novas criaturas, porque
a nova natureza não está satisfeita em combater
apenas um único pecado, mas ela quer a
santidade em seu lugar. Como trabalho e
diligência são necessários para um, isto é
igualmente verdadeiro para o outro.
O fruto do exercício da santificação é a
santidade. É impossível para uma pessoa estar
assim ocupada e ainda ser sem frutos, e isso não
pode ser de outra forma, mas que essa pessoa se
37
tornará mais santa e brilhará com ornamentos
sagrados. A santidade é o mais belo ornamento
e a beleza mais magnífica que pode ser
encontrada no homem. “A santidade convém à
tua casa, Senhor, para sempre.” (Salmo 93: 5); “o
teu povo se apresentará voluntariamente no dia
do teu poder, nas belezas da santidade.” (Salmo
110: 3).
Agora, certamente, sem essa santidade de
separação especial dos estilos de vida
pecaminosos comuns do mundo, não há visão
de Deus no presente, nem qualquer fruição de
Deus a seguir: 2 Coríntios 6: 17-18: "Pelo que, saí
vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e
não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e
eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim
filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso."
Deus não terá nenhuma comunhão com
ninguém neste mundo que não esteja separado
das práticas pecaminosas do mundo. Deus não
olhará para nenhum, ele não vai possuir
nenhum, ele não se deleitará com nenhum, ele
não reconhecerá nenhum, ele não receberá
nenhum para seus filhos e filhas, senão os
separados de todos os vícios do mal e estilos de
vida profanos.
Adequado a isto é Isaías 52:11: "Retirai-vos,
retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí
38
do meio dela, purificai-vos, os que levais os
vasos do Senhor." Separe-se daqueles que estão
afastados de Deus; nada tenha a ver com aqueles
que não têm nada a ver com Deus; separe-se
daqueles que se separaram de Deus; não tenha
conversas deleitosas com aqueles que não têm
conversas deleitosas com Deus; não tenha
comunhão com aqueles que não têm comunhão
com Deus.
Você deve manter-se puro e limpo das
impurezas dos outros, como você se livrará dos
castigos dos outros. Aquele que imitará os
outros nos seus pecados - certamente
participará com os outros nas suas dores. É
verdade que podemos viver com homens
perversos em suas cidades - mas é tão
verdadeiro, que não devemos mentir com
homens perversos em suas falsidades.
Não é possível haver comunhão entre luz e
trevas. Não é possível participar da mesa do
Senhor ao mesmo tempo que se participa da dos
demônios. O que é carnal não pode ter
comunhão com o que é espiritual. De modo que
se alguém é um verdadeiro adorador de Deus
deve fazê-lo em espírito, ou seja, sendo
espiritual, e não carnal, pois Deus é Espírito, e
importa que os seus adoradores o adorem em
espírito e em verdade.
39
Ao assim falarmos, que na verdade, não somos
nós que falamos, mas a Palavra da verdade, não
há qualquer indicativo de uma chamada a um
viver eminentemente místico, que considera o
que é espiritual apenas do ponto de vista do que
é sobrenatural e transmitido e comunicado por
sonhos, visões, êxtases e intuições. O nosso
culto é também racional, ou seja, há uma
participação do uso da nossa razão na
compreensão do que seja ou não da vontade de
Deus, e no exercício de nossas faculdades
mentais para a sua execução.
A santificação não visa somente à recepção de
mensagens espirituais, mas principalmente à
real transformação de nossas vidas em vidas
santificadas.
Se assim não fora, Balaão poderia ser
considerado alguém que se encontrava
santificado. Com ele, o rei Saul, por ter
profetizado, e tanto outros, que a par de terem
tido revelações da parte de Deus não
desfrutavam de qualquer comunhão com Ele,
porque não eram de fato santificados.
Se assim não fora, por que seria recomendado
que fôssemos vigilantes, sóbrios, disciplinados?
Como seria lícito orar com a mente além de se
orar com o espírito? Para que propósito nos
40
seria ordenado a sermos aplicados no estudo e
no ensino da Palavra?
Estas indagações não encerram os inumeráveis
usos de nossas faculdades, uma vez tendo sido
santificadas, quer as referentes ao corpo, à alma
e ao espírito, em conjunto com as direções e
operações do Espírito Santo.
Deus não anula as faculdades e os espíritos de
seus profetas para usá-los, antes os mantém
sujeitos a eles. Não são desligados enquanto o
Espírito Santo os usa. Antes os santifica por sua
graça.
Por tudo o que foi exposto, podemos responder
à indagação feita no título deste livro, que não há
limite de grau na medida da nossa santificação,
porque sendo Jesus o nosso paradigma, e sendo
ele infinito e eterno, assim também a nossa
santificação, mas deve ser dito que há um grau
de maturidade, chamado na Palavra por
perfeição, que pode e deve ser atingido ainda
neste mundo, e para que sendo confirmados em
toda boa palavra e obra, sejamos achados úteis
para a obra do ministério. Uma vez tendo
chegado à maturidade espiritual não chegamos,
no entanto à perfeição total em santificação, e
isto será atingido somente no por vir.
41
Não poderíamos deixar de apresentar no final
deste trabalho, alguns textos bíblicos que
discorrem sobre as coisas práticas que devem
ser cumpridas por nós, para que por elas,
possamos preservar a nossa santificação.
“5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena:
prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo
maligno e a avareza, que é idolatria;
6 por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre
os filhos da desobediência].
7 Ora, nessas mesmas coisas andastes vós
também, noutro tempo, quando vivíeis nelas.
8 Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de
tudo isto: ira, indignação, maldade,
maledicência, linguagem obscena do vosso
falar.
9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos
despistes do velho homem com os seus feitos
10 e vos revestistes do novo homem que se refaz
para o pleno conhecimento, segundo a imagem
daquele que o criou;
11 no qual não pode haver grego nem judeu,
circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita,
escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.
42
12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus,
santos e amados, de ternos afetos de
misericórdia, de bondade, de humildade, de
mansidão, de longanimidade.
13 Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos
mutuamente, caso alguém tenha motivo de
queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos
perdoou, assim também perdoai vós;
14 acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que
é o vínculo da perfeição.
15 Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso
coração, à qual, também, fostes chamados em
um só corpo; e sede agradecidos.
16 Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo;
instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em
toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos,
e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em
vosso coração.
17 E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em
ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando
por ele graças a Deus Pai.
18 Esposas, sede submissas ao próprio marido,
como convém no Senhor.
43
19 Maridos, amai vossa esposa e não a trateis
com amargura.
20 Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois
fazê-lo é grato diante do Senhor.
21 Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não
fiquem desanimados.
22 Servos, obedecei em tudo ao vosso Senhor
segundo a carne, não servindo apenas sob
vigilância, visando tão-somente agradar
homens, mas em singeleza de coração, temendo
ao Senhor.
23 Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o
coração, como para o Senhor e não para
homens,
24 cientes de que recebereis do Senhor a
recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é
que estais servindo;
25 pois aquele que faz injustiça receberá em
troca a injustiça feita; e nisto não há acepção de
pessoas.” (Colossenses 3.5-25).
“1 Senhores, tratai os servos com justiça e com
equidade, certos de que também vós tendes
Senhor no céu.
44
2 Perseverai na oração, vigiando com ações de
graças.
3 Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós,
para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de
falarmos do mistério de Cristo, pelo qual
também estou algemado;
4 para que eu o manifeste, como devo fazer.
5 Portai-vos com sabedoria para com os que são
de fora; aproveitai as oportunidades.
6 A vossa palavra seja sempre agradável,
temperada com sal, para saberdes como deveis
responder a cada um.” (Colossenses 4.1-6)
“1 Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e
exortamos no Senhor Jesus que, como de nós
recebestes, quanto à maneira por que deveis
viver e agradar a Deus, e efetivamente estais
fazendo, continueis progredindo cada vez mais;
2 porque estais inteirados de quantas instruções
vos demos da parte do Senhor Jesus.
3 Pois esta é a vontade de Deus: a vossa
santificação, que vos abstenhais da prostituição;
4 que cada um de vós saiba possuir o próprio
corpo em santificação e honra,
45
5 não com o desejo de lascívia, como os gentios
que não conhecem a Deus;
6 e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem
defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra
todas estas coisas, como antes vos avisamos e
testificamos claramente, é o vingador,
7 porquanto Deus não nos chamou para a
impureza, e sim para a santificação.
8 Desta forma, quem rejeita estas coisas não
rejeita o homem, e sim a Deus, que também vos
dá o seu Espírito Santo.
9 No tocante ao amor fraternal, não há
necessidade de que eu vos escreva, porquanto
vós mesmos estais por Deus instruídos que
deveis amar-vos uns aos outros;
10 e, na verdade, estais praticando isso mesmo
para com todos os irmãos em toda a Macedônia.
Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes
cada vez mais
11 e a diligenciardes por viver tranquilamente,
cuidar do que é vosso e trabalhar com as
próprias mãos, como vos ordenamos;
46
12 de modo que vos porteis com dignidade para
com os de fora e de nada venhais a precisar.” (I
Tessalonicenses 4.1,2)
“14 Exortamo-vos, também, irmãos, a que
admoesteis os insubmissos, consoleis os
desanimados, ampareis os fracos e sejais
longânimos para com todos.
15 Evitai que alguém retribua a outrem mal por
mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre
vós e para com todos.
16 Regozijai-vos sempre.
17 Orai sem cessar.
18 Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade
de Deus em Cristo Jesus para convosco.
19 Não apagueis o Espírito.
20 Não desprezeis as profecias;
21 julgai todas as coisas, retende o que é bom;
22 abstende-vos de toda forma de mal.
23 O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo;
e o vosso espírito, alma e corpo sejam
47
conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo.
24 Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.”
(I Tessalonicenses 5.12-24)
“4 Porque assim como num só corpo temos
muitos membros, mas nem todos os membros
têm a mesma função,
5 assim também nós, conquanto muitos, somos
um só corpo em Cristo e membros uns dos
outros,
6 tendo, porém, diferentes dons segundo a
graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo
a proporção da fé;
7 se ministério, dediquemo-nos ao ministério;
ou o que ensina esmere-se no fazê-lo;
8 ou o que exorta faça-o com dedicação; o que
contribui, com liberalidade; o que preside, com
diligência; quem exerce misericórdia, com
alegria.
9 O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal,
apegando-vos ao bem.
48
10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com
amor fraternal, preferindo-vos em honra uns
aos outros.
11 No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos
de espírito, servindo ao Senhor;
12 regozijai-vos na esperança, sede pacientes na
tribulação, na oração, perseverantes;
13 compartilhai as necessidades dos santos;
praticai a hospitalidade;
14 abençoai os que vos perseguem, abençoai e
não amaldiçoeis.
15 Alegrai-vos com os que se alegram e chorai
com os que choram.
16 Tende o mesmo sentimento uns para com os
outros; em lugar de serdes orgulhosos,
condescendei com o que é humilde; não sejais
sábios aos vossos próprios olhos.
17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-
vos por fazer o bem perante todos os homens;
18 se possível, quanto depender de vós, tende
paz com todos os homens;
49
19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas
dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me
pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o
Senhor.
20 Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome,
dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber;
porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas
sobre a sua cabeça.
21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal
com o bem.” (Romanos 12.4-21)
Mateus – 5
1 Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e,
como se assentasse, aproximaram-se os seus
discípulos;
2 e ele passou a ensiná-los, dizendo:
3 Bem-aventurados os humildes de espírito,
porque deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados os que choram, porque
serão consolados.
5 Bem-aventurados os mansos, porque
herdarão a terra.
50
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de
justiça, porque serão fartos.
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia.
8 Bem-aventurados os limpos de coração,
porque verão a Deus.
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque
serão chamados filhos de Deus.
10 Bem-aventurados os perseguidos por causa
da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11 Bem-aventurados sois quando, por minha
causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e,
mentindo, disserem todo mal contra vós.
12 Regozijai-vos e exultai, porque é grande o
vosso galardão nos céus; pois assim
perseguiram aos profetas que viveram antes de
vós.
13 Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser
insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada
mais presta senão para, lançado fora, ser pisado
pelos homens.
14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode
esconder a cidade edificada sobre um monte;
51
15 nem se acende uma candeia para colocá-la
debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a
todos os que se encontram na casa.
16 Assim brilhe também a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.
17 Não penseis que vim revogar a Lei ou os
Profetas; não vim para revogar, vim para
cumprir.
18 Porque em verdade vos digo: até que o céu e a
terra passem, nem um i ou um til jamais passará
da Lei, até que tudo se cumpra.
19 Aquele, pois, que violar um destes
mandamentos, posto que dos menores, e assim
ensinar aos homens, será considerado mínimo
no reino dos céus; aquele, porém, que os
observar e ensinar, esse será considerado
grande no reino dos céus.
20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não
exceder em muito a dos escribas e fariseus,
jamais entrareis no reino dos céus.
21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás;
e: Quem matar estará sujeito a julgamento.
52
22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem
motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a
julgamento; e quem proferir um insulto a seu
irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e
quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao
inferno de fogo.
23 Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te
lembrares de que teu irmão tem alguma coisa
contra ti,
24 deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando,
faze a tua oferta.
25 Entra em acordo sem demora com o teu
adversário, enquanto estás com ele a caminho,
para que o adversário não te entregue ao juiz, o
juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à
prisão.
26 Em verdade te digo que não sairás dali,
enquanto não pagares o último centavo.
27 Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.
28 Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para
uma mulher com intenção impura, no coração,
já adulterou com ela.
53
29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-
o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um
dos teus membros, e não seja todo o teu corpo
lançado no inferno.
30 E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a
e lança-a de ti; pois te convém que se perca um
dos teus membros, e não vá todo o teu corpo
para o inferno.
31 Também foi dito: Aquele que repudiar sua
mulher, dê-lhe carta de divórcio.
32 Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar
sua mulher, exceto em caso de relações sexuais
ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele
que casar com a repudiada comete adultério.
33 Também ouvistes que foi dito aos antigos:
Não jurarás falso, mas cumprirás
rigorosamente para com o Senhor os teus
juramentos.
34 Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis;
nem pelo céu, por ser o trono de Deus;
35 nem pela terra, por ser estrado de seus pés;
nem por Jerusalém, por ser cidade do grande
Rei;
54
36 nem jures pela tua cabeça, porque não podes
tornar um cabelo branco ou preto.
37 Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não.
O que disto passar vem do maligno.
38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por
dente.
39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao
perverso; mas, a qualquer que te ferir na face
direita, volta-lhe também a outra;
40 e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a
túnica, deixa-lhe também a capa.
41 Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai
com ele duas.
42 Dá a quem te pede e não voltes as costas ao
que deseja que lhe emprestes.
43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e
odiarás o teu inimigo.
44 Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos
e orai pelos que vos perseguem;
45 para que vos torneis filhos do vosso Pai
celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre
maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.
55
46 Porque, se amardes os que vos amam, que
recompensa tendes? Não fazem os publicanos
também o mesmo?
47 E, se saudardes somente os vossos irmãos,
que fazeis de mais? Não fazem os gentios
também o mesmo?
48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é
o vosso Pai celeste.
Mateus – 6
1 Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante
dos homens, com o fim de serdes vistos por eles;
doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso
Pai celeste.
2 Quando, pois, deres esmola, não toques
trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas,
nas sinagogas e nas ruas, para serem
glorificados pelos homens. Em verdade vos digo
que eles já receberam a recompensa.
3 Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão
esquerda o que faz a tua mão direita;
4 para que a tua esmola fique em secreto; e teu
Pai, que vê em secreto, te recompensará.
56
5 E, quando orardes, não sereis como os
hipócritas; porque gostam de orar em pé nas
sinagogas e nos cantos das praças, para serem
vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles
já receberam a recompensa.
6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto
e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará.
7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os
gentios; porque presumem que pelo seu muito
falar serão ouvidos.
8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus,
o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade,
antes que lho peçais.
9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que
estás nos céus, santificado seja o teu nome;
10 venha o teu reino; faça-se a tua vontade,
assim na terra como no céu;
11 o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
12 e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como
nós temos perdoado aos nossos devedores;
57
13 e não nos deixes cair em tentação; mas livra-
nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória
para sempre. Amém]!
14 Porque, se perdoardes aos homens as suas
ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará;
15 se, porém, não perdoardes aos homens [as
suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará
as vossas ofensas.
16 Quando jejuardes, não vos mostreis
contristados como os hipócritas; porque
desfiguram o rosto com o fim de parecer aos
homens que jejuam. Em verdade vos digo que
eles já receberam a recompensa.
17 Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e
lava o rosto,
18 com o fim de não parecer aos homens que
jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que
vê em secreto, te recompensará.
19 Não acumuleis para vós outros tesouros
sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem
e onde ladrões escavam e roubam;
20 mas ajuntai para vós outros tesouros no céu,
onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões
não escavam, nem roubam;
58
21 porque, onde está o teu tesouro, aí estará
também o teu coração.
22 São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus
olhos forem bons, todo o teu corpo será
luminoso;
23 se, porém, os teus olhos forem maus, todo o
teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz
que em ti há sejam trevas, que grandes trevas
serão!
24 Ninguém pode servir a dois Senhores; porque
ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou
se devotará a um e desprezará ao outro. Não
podeis servir a Deus e às riquezas.
25 Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela
vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou
beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que
haveis de vestir. Não é a vida mais do que o
alimento, e o corpo, mais do que as vestes?
26 Observai as aves do céu: não semeiam, não
colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo,
vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não
valeis vós muito mais do que as aves?
27 Qual de vós, por ansioso que esteja, pode
acrescentar um côvado ao curso da sua vida?
59
28 E por que andais ansiosos quanto ao
vestuário? Considerai como crescem os lírios do
campo: eles não trabalham, nem fiam.
29 Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão,
em toda a sua glória, se vestiu como qualquer
deles.
30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que
hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto
mais a vós outros, homens de pequena fé?
31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que
comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos
vestiremos?
32 Porque os gentios é que procuram todas estas
coisas; pois vosso Pai celeste sabe que
necessitais de todas elas;
33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e
a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas.
34 Portanto, não vos inquieteis com o dia de
amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados;
basta ao dia o seu próprio mal.
Mateus – 7
1 Não julgueis, para que não sejais julgados.
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2 Pois, com o critério com que julgardes, sereis
julgados; e, com a medida com que tiverdes
medido, vos medirão também.
3 Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão,
porém não reparas na trave que está no teu
próprio?
4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o
argueiro do teu olho, quando tens a trave no
teu?
5 Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e,
então, verás claramente para tirar o argueiro do
olho de teu irmão.
6 Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis
ante os porcos as vossas pérolas, para que não as
pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.
7 Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á.
8 Pois todo o que pede recebe; o que busca
encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á.
9 Ou qual dentre vós é o homem que, se
porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra?
10 Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma
cobra?
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11 Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas
dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai,
que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe
pedirem?
12 Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos
façam, assim fazei-o vós também a eles; porque
esta é a Lei e os Profetas.
13 Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e
espaçoso, o caminho que conduz para a
perdição, e são muitos os que entram por ela),
14 porque estreita é a porta, e apertado, o
caminho que conduz para a vida, e são poucos os
que acertam com ela.
15 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos
apresentam disfarçados em ovelhas, mas por
dentro são lobos roubadores.
16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se,
porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos
abrolhos?
17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos,
porém a árvore má produz frutos maus.
18 Não pode a árvore boa produzir frutos maus,
nem a árvore má produzir frutos bons.
62
19 Toda árvore que não produz bom fruto é
cortada e lançada ao fogo.
20 Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.
21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me:
Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não
expelimos demônios, e em teu nome não
fizemos muitos milagres?
23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
iniquidade.
24 Todo aquele, pois, que ouve estas minhas
palavras e as pratica será comparado a um
homem prudente que edificou a sua casa sobre
a rocha;
25 e caiu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram com ímpeto contra
aquela casa, que não caiu, porque fora edificada
sobre a rocha.
63
26 E todo aquele que ouve estas minhas palavras
e não as pratica será comparado a um homem
insensato que edificou a sua casa sobre a areia;
27 e caiu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram com ímpeto contra
aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua
ruína.
28 Quando Jesus acabou de proferir estas
palavras, estavam as multidões maravilhadas da
sua doutrina;
29 porque ele as ensinava como quem tem
autoridade e não como os escribas.
Todas estas ordenanças são de caráter espiritual
e só podem ser devida e corretamente
cumpridas por pessoas espirituais, ou seja, que
nasceram de novo do Espírito Santo, pois é
somente pelo poder do Espírito Santo operando
em nós, que podemos cumpri-las.
Todavia, grande empenho em disciplina,
vigilância, oração, exercício em piedade, se
exige de nós, de modo a não seguirmos a
inclinação da velha natureza que ainda
remanesce em nós, e sim, a da nova, que é
espiritual e santa.
64
De modo que ainda que nada fizemos na
justificação e regeneração, senão somente nos
arrependermos do pecado e crermos em Cristo,
aqui, no caso da santificação, além da fé, há
necessidade de toda a nossa diligência em
atenção às coisas que nos são ordenadas pelo
Senhor em Sua Palavra, das quais apresentamos
anteriormente uma boa parte das mesmas, para
sermos incentivados a pesquisar as demais, de
modo que não sejamos faltosos em coisa
alguma. O que é misericordioso deve ser
também longânimo. O que tem fé, deve ter
também amor. O que é fervoroso deve ser
também moderado. O zeloso, paciente. O
disciplinador, terno e perdoador. O que dirige,
como servo de todos. O que ensina, como quem
aprende. O que administra, liberal. E quanto
mais devem ser todos os servos de Deus na
fixação de um testemunho fiel diante de todos
os homens, para que na observação de nossas
obras de justiça, Deus seja por elas glorificado,
uma vez que, não propriamente nós, mas a Sua
graça, é quem tudo realiza, segundo a Sua boa
vontade.
Quando nos exercitamos nestas coisas, mais e
mais recebemos graça da parte de Deus, e
somos capacitados para coisas ainda maiores,
de modo que o jugo da obediência devida a
Jesus, e o fardo do serviço que devemos lhe
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prestar neste mundo, são de fato,
respectivamente, leve e suave, e é toda a nossa
alegria ser achados dignos de ter a honra de
servir a tão grande e bondoso Mestre.