o que voces nao sabem nem imaginam, eduardo white
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O que vocês não O que vocês não sabem nem sabem nem
imaginamimaginam
ES/3 D. Afonso Henriques
2009/2010
Eduardo White
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Nome completo: Eduardo Costley White
Nascimento: 21 de Novembro de 1963, em
Quelimane
•••
Características literárias: Eduardo White
tenta na sua poesia reflectir sobre a sua
história e sobre Moçambique, numa
tentativa de apagar as marcas da guerra e
de dignificar a vida humana. Para isso,
escreve através de um amor diversificado
que pode ser pela amada, pela terra ou
mesmo pela própria poesia, sempre num
tom de ternura, de onirismo, de
musicalidade e, por vezes, de erotismo.
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PoePoemama
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O que vocês não O que vocês não sabem e nem sabem e nem
imaginamimaginamAo Abdul Magide, ao Pilinhas, ao Ungulani,
ao Rui, ao Zé Camadjoma e outros
Vocês não sabemmas todas as manhãs me preparopara ser, de novo, aquele homem.Arrumo as aflições, as carências,as poucas alegrias do que ainda sou capaz de rir,o vinagre para as mágoase o cansaço que usareimais para o fim da tarde.
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O que vocês não O que vocês não sabem e nem sabem e nem
imaginamimaginamÀ hora do costume,
estou no meu respeitoso emprego:
o de Secretário de Informação e de Relações Públicas.
Aturo pacientemente os colegas,
felizes em seus ostentosos cargos,
em suas mesas repletas de ofícios,
os ares importantes dos chefes
meticulosamente empacotados em seus fatos,
a lenta e indiferente preguiça do tempo.
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O que vocês não O que vocês não sabem e nem sabem e nem
imaginamimaginamTodas as manhãs tudo se repete.O poeta Eduardo White se despede de mimà porta de casa,agradece-me o esforço que é mantê-loalimentado, vestido e bebido(ele sem mover palha)me lembra o pão que devo trazer,os rebuçados para prender o Sandro,o sorriso luzidio e feliz para a Olga,e alguma disposição da que me restepara os amigos que, mais logo,possam eventualmente aparecer.
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O que vocês não O que vocês não sabem e nem sabem e nem
imaginamimaginamDepois, ao fim da tarde,já com as obrigações cumpridas,rumo a casa.À porta me esperama mulher, o filho e o poeta.A todos cumprimento de igual modo.Um largo sorriso no rosto,um expresso cansaço nos olhos,para que de mim se apiedeme se esmerem no respeito,e aquele costumeiro morro de fome.
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O que vocês não O que vocês não sabem e nem sabem e nem
imaginamimaginamEntão à mesa, religiosamente comemos os quatroo jantar de três(que o poeta inconstana ficha do agregado).
Fingidamente satisfeito ensaioum largo bocejoe do homem me dispo.Chamo pela Olga para que o pendure,junto ao resto da roupa,com aquele jeito que só ela temde o encabidar sem o amarrotar.
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O que vocês não O que vocês não sabem e nem sabem e nem
imaginamimaginam
O poeta, visto-o depoise é com ele que amoescrevo versose faço filhos.
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TemaTemaNeste texto poético Eduardo White descreve a sua rotina
diária, o seu quotidiano. Descreve não só o quotidiano do
poeta Eduardo White que fica em casa, mas também do
homem comum Eduardo White que tem um emprego, que
trabalha para sustentar a sua família (e o poeta), que tem
amigos e colegas.
Eduardo White trabalhador é uma espécie de farsa, à noite,
quando chega a casa despe-se dele e surge então o
verdadeiro Eduardo White (poeta) que “é com ele que amo
/escrevo versos/ e faço filhos. ”
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AssuntoAssuntoEste poema tem uma estrutura bipartida.
Da primeira parte fazem parte as primeiras cinco
estrofes, onde o sujeito poético descreve o seu
quotidiano, desde o início, ou seja, a sua rotina
matinal, as preocupações que tem de ter ao longo do
dia, o seu “respeitoso emprego de Secretário de
Informação e de Relações Públicas”, os seus colegas de
trabalho, a recepção de chegada a casa e o jantar com
a sua família e o “poeta”.
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AssuntoAssuntoOs dois últimos versos constituem a última parte do poeta
onde o sujeito poético se despe do homem Eduardo White e
veste o poeta, que é o que realmente ele é, pois todas as
coisas boas que lhe dão prazer é com ele que Eduardo White
as faz (e é com ele que amo/ escrevo versos/ e faço filhos.”).
Eduardo White está dividido em duas pessoas: o homem
responsável, preocupado, de “poucas alegrias “ que tem um
emprego para sustentar a sua família (Olga e Sandro) e o
poeta, que é o ser feliz, mais espontâneo, natural e
verdadeiro.
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• Ironia
“À hora do costume ,/ estou no meu respeitoso emprego”
“ …os colegas/ felizes em seus ostentosos cargos (…) os ares
importantes dos chefes”
A ironia é utilizada pelo poeta com o intuito de expressar o modo
como considera a sua vida profissional aborrecida e rodeada de
presunção, realçando, assim, a sua vontade em despir essa faceta
de “trabalhador”.
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• Enumeração
“Arrumo as aflições, as carências, as poucas alegrias (…), o vinagre
(…) e o cansaço (…)”
“Agradece-me o esforço que é mantê-lo (…), me lembra o pão que
devo trazer, os rebuçados (…), o sorriso (…) e alguma disposição”
Com as enumerações, o “eu” procura descrever a sua rotina matinal, em
que começa por “arrumar” aquilo que lhe será necessário durante o
longo dia que se aproxima. Seguidamente, refere o momento da
despedida do Eduardo White “poeta” que dará lugar ao Eduardo White
“trabalhador”, sendo o primeiro aquele que lhe dá ânimo para um
novo dia.
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• Adjectivação
“respeitoso emprego”
“colegas felizes em seus ostentosos cargos”
“lenta e indiferente preguiça do tempo”
“sorriso luzidio e feliz para Olga”
“largo sorriso”
No poema, são apresentados vários adjectivos que demonstram as
duas realidades vividas pelo “eu”: a mais cansativa e
desmotivante; e aquela que faz dele alguém visivelmente mais
feliz e sorridente.
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Análise Análise FormalFormal
Esta composição poética é constituída por sete
estrofes de diferentes dimensões.
Quanto à análise rimática (esquema rimático, métrica,
tipo de rima) é, na maior parte, impossível de identificar,
devido à inexistência de rima em grande parte das
estrofes, o que demonstra a evidente liberdade formal
expressa no poema. O ritmo é, essencialmente, lento,
uma vez que pretende ilustrar uma realidade rotineira.
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ReflexãoA realização deste trabalho sobre o poeta moçambicano
Eduardo White colocou-nos, novamente, em contacto com a
cultura e literatura de mais um país africano de língua
portuguesa, Moçambique.
Pudemos, assim, constatar que no poema “O que vocês não
sabem nem imaginam”, Eduardo White reflecte sobre as suas
vivências, sobre o seu quotidiano, sobre o amor pela sua família
e sobre quem ele realmente é: o ser comum e o poeta.
A elaboração deste trabalho ajudou-nos, mais uma vez, a
compreender e a aprender mais sobre a poesia lusófona.
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InteractiInteractividade vidade
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• http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_White
• http://www.wook.pt/authors/detail/id/32519
• http://africopoetica.blogspot.com/2007/08/eduardo-white-o-que-vocs-no-sabem-e-nem.html
• http://recalcitrantemor.blogspot.com/2008/08/o-que-vocs-no-sabem-e-nem-imaginam.html
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