o reconhecimento e a execução de testamentos estrangeiros
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Palestrante: Leonardo MonçoresTRANSCRIPT
DA EXECUÇÃO DE TESTAMENTOS ESTRANGEIROS NO BRASIL Leonardo Monçores Vieira
1-‐ Da Eficácia ExecuEva dos Testamentos no Brasil 1.1-‐ O testamento como negócio jurídico causa mor)s 1.2-‐ Os procedimentos judiciais de escruQnio formal dos testamentos
2-‐ Aspectos Gerais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil 2.1-‐ Contextualização da problemáEca 2.2-‐ Formas de ingresso das declarações de úlEma vontade estrangeiras no Brasil I-‐ Do ingresso documental. Requisitos de eficácia do documento estrangeiro no Brasil II-‐ Do ingresso judicial. Requisitos de eficácia da sentença estrangeira no Brasil
3-‐ Aspectos Materiais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil. Lei aplicável. 4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil . Lei aplicável
4.1-‐ Da instrumentalidade das formas testamentárias
1-‐ Da Eficácia ExecuEva dos Testamentos no Brasil
1.1-‐ O testamento como negócio jurídico causa mor)s os efeitos do testamento somente se verificam após o falecimento do testador. Até então, restam adormecidas as disposições de úlEma vontade nele consubstanciadas, podendo inclusive serem por outras revogadas, não repercuEndo na esfera jurídica de seus beneficiários enquanto viver o testador. 1.2-‐ Os procedimentos judiciais de escru8nio formal dos testamentos Contudo, não basta o falecimento do testador para que esses efeitos se verifiquem na exequibilidade do testamento, ao menos no que diz respeito às disposições patrimoniais. O testamento deve ainda passar pelo escruQnio do Poder Judiciário, momento em que será examinada a observância das normas que disciplinam os aspectos formais de sua instrumentalização.
1-‐ Da Eficácia ExecuEva dos Testamentos no Brasil
Procedimentos especiais de jurisdição voluntária de: -‐ Registro e cumprimento dos testamentos públicos (Código de Processo
Civil, art. 1.128);
-‐ Abertura, registro e cumprimento dos testamentos cerrados (Código de Processo Civil, arts. 1.125 a 1.127)
-‐ De confirmação, registro e cumprimento dos testamentos parEculares, especiais e codicilos (arts 1.130 a 1.134 do Código de Processo Civil, e 1.877 e 1.878 do Código Civil).
2-‐ Aspectos Gerais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil
2.1-‐ Contextualização da problemáBca: É comum que os ordenamentos jurídicos disciplinem sua competência internacional, fixando jurisdição exclusiva para proceder ao inventário e à parElha de bens localizados em seu território (Código de Processo Civil, art. 89, II). Não há regra semelhante para a feitura de testamentos, razão pela qual admite-‐se que disposições de úlEma vontade instrumentalizadas no estrangeiro, versem sobre bens situados no interior de suas fronteiras. Em hipóteses tais, testamentos realizados no exterior deverão ingressar no processo de inventário, subsEtuindo, no todo ou em parte, as disposições legais acerca da sucessão. Nesses casos, surge o quesEonamento acerca da lei a ser aplicada quanto ao escruQnio das formas testamentárias e dos aspectos materiais das disposições de úlEma vontade.
2-‐ Aspectos Gerais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil
2.2-‐ Formas de ingresso das declarações de úlBma vontade estrangeiras no Brasil I-‐ Do ingresso documental. Requisitos de eficácia do documento estrangeiro no Brasil a) Legalização (Manual do Serviço Consular e Jurídico, item 4.1.11): Notarização e
consularização (Manual do Serviço Consular e Jurídico, item 4.7.1). Exceções: • Itália, o “Tratado relaEvo à Cooperação Judiciária e ao Reconhecimento e Execução de
Sentenças em Matéria Civil”, promulgado pelo Decreto nº 1.476, de 02/05/1995 • França, o “Acordo de Cooperação em Matéria Civil”, promulgado pelo Decreto nº 3.598, de
12/09/2000 • ArgenEna, o Acordo, por troca de notas, sobre “Simplificação de Legalizações em
Documentos Públicos”, de 16/10/2003, publicado no D.O.U. de 23/04/2004 • Chile e Uruguai, o Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil,
Comercial, Trabalhista e AdministraEvas, promulgado pelo Decreto 2.067, de 12/11/96 • Estados Partes do Mercosul, República da Bolívia e a República do Chile, o Acordo de
Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e AdministraEva, promulgado pelo Decreto n° 6.891, de 02/07/2009
2-‐ Aspectos Gerais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil
2.2-‐ Formas de ingresso das declarações de úlBma vontade estrangeiras no Brasil I-‐ Do ingresso documental. Requisitos de eficácia do documento estrangeiro no Brasil (...) b) Tradução (Código Civil, art. 224) por tradutor público Juramentado(Código de Processo Civil, art. 157) c) Registro de Títulos e Documento (Lei 6.015/73, art. 129, item 6º). Exceção: Enunciado nº 259 da Súmula do STF
2-‐ Aspectos Gerais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil
2.2-‐ Formas de ingresso das declarações de úlBma vontade estrangeiras no Brasil II-‐ Do ingresso Judicial. Não obstante seja desnecessária intervenção judicial estrangeira, determinando o cumprimento do testamento em seu território realizado, não há vedação legal, por parte do direito brasileiro, à providência, mesmo que a deixa recaia sobre bens aqui situados. Muito pelo contrário, a jurisdição estrangeira sobre a hipótese é reconhecida pelo nosso ordenamento, ao se estabelecer competência internacional concorrente quando no Brasil Ever de se cumprir uma obrigação (Código de Processo Civil, art. 88, II). De certo, não poderá a decisão estrangeira recair sobre o inventário e parElha dos bens localizados no Brasil, sob pena de violação da competência internacional exclusiva da autoridade judiciária brasileira para conhecer e julgar esses casos (Código de Processo Civil, art. 89, II). Mas, tratando-‐se de decisão estrangeira que se limite a atestar a regularidade formal do testamento, à semelhança do que dispõe o direito pátrio, ao regular os procedimentos especiais de jurisdição voluntária voltados ao escruQnio das solenidades testamentárias, não haveria maiores problemas, bastando que fossem homologadas pelo Superior Tribunal de JusEça (ConsEtuição da República, art. 105, I, i)
2-‐ Aspectos Gerais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil
2.2-‐ Formas de ingresso das declarações de úlBma vontade estrangeiras no Brasil II-‐ Do ingresso Judicial. (...) Nesse senEdo, o decidido pelo STF nos SE 2315/EU, Relator Ministro THOMPSON FLORES, publicado no DJ de 07/06/1977, p. 3787; SE 2316/EU, Relator Ministro THOMPSON FLORES, publicado no DJ de 06/06/1977, p. 20; e SE 2738/EU, Relator Ministro ANTÔNIO NEDER, publicado no DJ de 19/02/1981, p. 976, do qual vale transcrever a presente passagem: Já ficou quantum saEs demonstrado nos autos que a requerente deseja recolher uma herança de pessoa falecida em São Paulo, em razão das disposições testamentárias confirmadas pela sentença estrangeira homologanda, o que é bastante para jusEficar, senão impor, o juízo da homologação, segundo a lição transcrita do notável mestre mineiro. Por outro lado, não parece razoável que, em virtude da homologação do Supremo Tribunal, o julgado estrangeiro possa ter, em nosso País, maior força do que teria uma sentença nacional proferida em causa idênEca. (...) Entre nós, o juiz só nega o "cumpra-‐se" diante de vícios extrínsecos que tornem o testamento suspeito de nulidade ou de falsidade, mas a inexistência de tais defeitos extrínsecos não leva, só por si, à plena execução da vontade do testador. (...) Não sendo razoável que o Supremo Tribunal atribua ao julgado estrangeiro efeito mais amplo do que teria em nosso País uma sentença nacional análoga, opina esta Curadoria pela homologação, desde que fique ressalvado ao juízo do inventário ou às vias ordinárias o exame pleno de eventuais questões sobre a validade intrínseca das disposições testamentárias”
2-‐ Aspectos Gerais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil
2.2-‐ Formas de ingresso das declarações de úlBma vontade estrangeiras no Brasil II-‐ Do ingresso Judicial. (...) Mais recentemente, o entendimento foi aplicado pelo STJ na SE 5647, Relator Ministro ARI PARGENDLER, publicado no DJe de 16/05/2011 e na SEC 1304 / US, Relator Ministro GILSON DIPP, publicado no DJe 03/03/2008, de cuja ementa se lê: “Na hipótese dos autos, não há que se falar em ofensa ao art. 89 do Código de Processo Civil, tampouco ao art. 12, § 1º da Lei de Introdução ao Código Civil, posto que os bens situados no Brasil Everam a sua transmissão ao primeiro requerente prevista no testamento deixado por Thomas B. Honsen e confirmada pela sentença homologanda, a qual tão somente raEficou a vontade úlEma do testador, bem como a dos ora requeridos, o que ficou claramente evidenciado em razão da não impugnação ao decisum alienígena”. Mas o STJ, ao nosso ver logrando em grave equívoco, também já entendeu que tais decisões estrangeiras, acerca da validade de testamentos, viola a competência internacional exclusiva da autoridade judiciária brasileira: SEC 1032/GB, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgada em 19/12/2007, SEC 3532/EX, Relator Ministro CASTRO MEIRA, publicada no DJe de 01/08/2011.
2-‐ Aspectos Gerais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil
2.2-‐ Formas de ingresso das declarações de úlBma vontade estrangeiras no Brasil II-‐ Do ingresso Judicial. (...) Requisitos de eficácia da sentença estrangeira no Brasil. Lei de introdução às Normas do Direito Brasileiro, arts. 15 e 17 (juízo de delibação) -‐ Competência da autoridade prolatora; -‐ Terem sido as partes citadas; -‐ Ter a decisão passado em julgado e estar revesEda das formalidades
necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; -‐ estar traduzida por intérprete autorizado. -‐ Não haver ofensa à soberania brasileira, à ordem pública e aos bons
costumes
3-‐ Aspectos Materiais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
No âmbito do direito internacional privado, são diversas as soluções que podem ser dadas a problemas dessa natureza: • Assim, fala-‐se em lex loci, para designar, como a norma
reguladora, a lei do local onde algo se encontra; • no adágio locus regit actum, para indicar o país em que o
ato foi praEcado; • em lex causae, de forma a dar primazia à lei que rege o
processo; • em lei nacional, respeitante à norma vigente no país de
nacionalidade de alguém; • em Lex domicilii, como aquela vigente em seu domicílio,
dentre outras.
3-‐ Aspectos Materiais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Elegeu a Lex domicilii para regular: -‐ o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os
direitos de família (LINDB, art. 7º), -‐ o regime de bens (LINDB, § 4º do art. 7º), -‐ a sucessão por morte ou ausência (LINDB, art. 10º), e a
capacidade para suceder (LINDB, § 2º do art. 10º). Já para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, elegeu o parâmetro da lex loci (LINDB, art. 8º). Na regulamentação das obrigações, elegeu a regra locus regit actum (LINDB, art. 9º).
3-‐ Aspectos Materiais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
Pontos de divergência no campo Luso Brasileiro Espanhol: • segundo o direito civil Português, são incapazes de testar os menores não
emancipados e os interditados (Código Civil Português, art. 2.189º). Considerando que a lei portuguesa considera capazes os maiores de 18 anos (Código Civil Português, art. 122º) e somente permite a emancipação pelo casamento (Código Civil Português, art. 132º), será nulo o testamento de pessoa domiciliada em terras lusitanas se não forem observados esses preceitos.
• Por sua vez, o direito espanhol prevê capacidade para testar aos maiores
de 15 anos (Código Civil Espanhol, art. 663, 1). Quid iures se testamento formalizado na Espanha, por pessoa nessa idade, Ever de ser executado no Brasil? Ao nosso senEr, embora respeitado o aspecto material da capacidade para testar segundo a Lex domicilii, parece-‐nos ofensiva à ordem pública interna a previsão da lei espanhola.
3-‐ Aspectos Materiais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
Pontos de divergência no campo Luso Brasileiro Espanhol: • Outro ponto de divergência entre os sistemas jurídicos brasileiro e os da península ibérica, este
referente à legiEmação para suceder, é o que determina o impedimento do sacerdote que tomou a confissão do testador durante sua úlEma enfermidade (Código Civil Espanhol, art. 752, e art. 2.194º do Código Civil Português), bem como do médico que a tratou, se o testador veio a falecer desta molésEa (Código Civil Português, art. 2.194º). Bastando que o testador seja domiciliado num desses países, qualquer deixa a estas pessoas será Eda por inválida no Brasil.
• Também o cálculo da legíEma nesses países é diverso do praEcado no Brasil. Enquanto o direito
pátrio impõe a reserva sobre metade do patrimônio do de cujus (Código Civil, art. 1.846), a lei portuguesa prevê hipóteses em que esta pode chegar a dois terços desse patrimônio. É o que se verifica quando concorrem à herança cônjuge e descendentes, mais de um descendente (Código Civil Português, art. 2.159º) ou cônjuge e ascendentes (Código Civil Português, art. 2.161º).
• O mesmo se verifica no direito ibérico, o qual determina a reserva de dois terços da herança em favor dos filhos ou descendentes do de cujus (Código Civil Espanhol, art. 808). Nesse senEdo, devem ser reduzidas as disposições da deixa formalizada por pessoa domiciliada naqueles países que, em tais termos, forem inoficiosas.
4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
Diferentemente da normaEzação do direito internacional privado vigente na Espanha e em Portugal (Código Civil Português, art. 65º e art. 11 do Código Civil Espanhol), o brasileiro não disciplinou que norma deve ser observada para se conferir regularidade aos testamentos instrumentalizados no exterior. Qual direito aplicar? A Convenção de Haya sobre Formas se Testamento, de 1960 admiEu a validade da deixa se observada, em sua forma (art. 9º): -‐ a lei vigente no local em que o ato foi instrumentalizado; -‐ a lei nacional do de cujus; -‐ a lei do domicílio do seu domicilio ou de sua residência habitual; -‐ a lei aplicável no lugar onde se situam os imóveis.
4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
(...) A Convenção RelaEva à Lei Uniforme Sobre a Forma de um Testamento Internacional, concluída em 1973, na cidade de Washington, determinou que um testamento terá validade, independentemente do lugar em que foi feito, da localização dos bens e da nacionalidade, domicílio ou residência do testador, se elaborado de acordo com suas normas (art. 1º). A tendência mais moderna, portanto, é que procura sempre salvaguardar as disposições de vontade do testador.
4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
(...) Mas na ausência de norma específica, é comum a invocação do princípio locus regit actum para dirimir esse Epo de conflito. Norma costumeira: o adágio locus regit actum , como solução aplicável ao caso em tela, vigeu no direito brasileiro, em termos de direito posiEvo, por quase três séculos e meio (desde as Ordenações Filipinas, de 1595, até a revogação da anEga Lei de Introdução ao Código Civil, em 1942). Dessa maneira, defende-‐se sua subsistência entre nós como costume. -‐ RE 47163, Relator Ministro HAHNEMANN GUIMARÃES, julgado em
16/04/1962 -‐ RE 58152, Relator Ministro VICTOR NUNES, julgado em 10/05/1965 -‐ RE 68157, Relator Ministro LUIZ GALLOTTI, julgado em 18/04/1972
4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
Pontos de divergência no campo Luso Brasileiro Espanhol: • Testamento hológrafo instrumentalizado em Portugal. Haja vista
não haver previsão dessa forma de disposição de úlEma vontade no direito português (Código Civil Português, art. 2.204º), mesmo que a lei brasileira a permita, não poderia ser confirmado por nossos tribunais.
• Testamento aeronáuEco assinado na Espanha. Idem (Código Civil Espanhol, art. 677).
4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
A despeito da forma, é quanto às solenidades do testamento que mais deve se preocupar o magistrado na presidência do procedimento de aprovação do testamento. Se é relaEvamente simples concluir pelos Epos de testamento de facção autorizada num país, é de grande complexidade verificar se suas formalidades foram observadas, impondo-‐se o estudo mais aprofundado do direito aplicável à espécie. • Na Itália, como na Alemanha, na Suíça, na França, na Áustria, na
ESPANHA, na ArgenEna, e em alguns estados dos Estados Unidos da América, por exemplo, não se exigem testemunhas para o testamento parEcular. E não havendo testemunhas do ato, despicienda será também a sua leitura. Contudo, uma vez formalizado num desses países, o testamento parEcular, mesmo sem observar importantes solenidades, a eles impostas pelo direito brasileiro, deverão se considerar válidos.
4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
(...) Resta ultrapassada, no Supremo Tribunal Federal, a ideia de que a questão referente à inexistência de testemunhas do testamento hológrafo realizado no exterior determina sua inexequibilidade no Brasil (RE 47163, Relator Ministro HAHNEMANN GUIMARÃES, julgado em 16/04/1962 e o RE 58152, Relator Ministro VICTOR NUNES, julgado em 10/05/1965). Segundo os mais recentes julgados, a questão cinge-‐se às solenidades a serem observadas para a perfeição formal do testamento, aplicando-‐se-‐lhe o adágio lócus regit actum (RE 68157, Relator Ministro LUIZ G A L L O T T I , j u l g a d o e m 1 8 / 0 4 / 1 9 7 2 ; T J R J , A p . 0085795-‐20.2010.8.19.0001, Relator Desembargador ANDRÉ RIBEIRO, julgado em 06/06/2012).
4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
4.1-‐ Da instrumentalidade das formas do testamento. "A nulidade dos atos jurídicos de intercâmbio ou inter vivos é, praEcamente, reparável: fazem-‐se outros, com as formalidades legais, ou se intentam ações que compensem o prejuízo, como a ação de in rem verso. Não se dá o mesmo com as declarações de úlEma vontade: nulas, por defeito de forma, ou por outro moEvo, não podem ser renovadas, pois morreu quem as fez. Razão maior para se evitar, no zelo do respeito à forma, o sacri�cio do fundo" (PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante. Tratado de Direito Privado, t. LVIII, 2ª ed., Rio de Janeiro: Borsoi, 1969, § 5.849, p. 283)
4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
4.1-‐ Da instrumentalidade das formas do testamento. (...) O sistema de nulidades testamentárias apenas não poderá ser miEgado diante da existência de fato concreto, passível de ensejar dúvida acerca da própria faculdade que tem o testador de livremente dispor acerca de seus bens. Nesse senEdo, REsp 147959/SP, Relator Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, publicado no DJ de 19/03/2001, p. 111; AgRg no Ag 570748/SC, Relator Ministro CASTRO FILHO, publicado no DJ de 04/06/2007, p. 340; REsp 1001674/SC, Relator Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, publicado no DJe de 15/10/2010; REsp 753261/SP, Relator MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO, publicado no DJe de 05/04/2011. REsp 302767/PR, Relator Ministro CESAR ASFOR ROCHA, publicado no DJ de 24/09/2001, p. 313. STF, AI 24156, Relator Ministro AFRÂNIO COSTA, Julgado em 03/07/1961: “Testamento: A vontade do testador deve ser observada, somente se jusEficando a anulação do testamento quando formalidades substanciosas preteridas podem por em dúvida a validade do mesmo testamento”
4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
4.1-‐ Da instrumentalidade das formas do testamento. (...) Desde que atestada inequivocamente a autoria do testamento, reconhece-‐se sua validade: -‐ mesmo que o testamento parEcular tenha sido digitado por uma das
testemunhas (REsp 701917/SP, Relator Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, publicado no DJe de 01/03/2010);
-‐ sem embargos de não ter sido o testamento lido na presença das testemunhas (REsp 828616/MG, Relator Ministro CASTRO FILHO, publicado no DJ de 23/10/2006, p. 313);
-‐ não obstante tenha sido o testamento parEcular escrito por terceira pessoa, sob ditado do testador (REsp 89995/RS, Relator Ministro WALDEMAR ZVEITER, publicado no DJ de 26/05/1997, p. 22530 e REsp 21026/RJ, Relator Ministro EDUARDO RIBEIRO, publicado no DJ de 30/05/1994, p. 13480);
4-‐ Aspectos Formais da Exequibilidade dos Testamentos Estrangeiros no Brasil.
4.1-‐ Da instrumentalidade das formas do testamento. (...) -‐ Ainda que a leitura do testamento não tenha sido feita a um só tempo
perante as testemunhas (REsp 1422/RS, Relator Ministro GUEIROS LEITE, publicado no DJ de 04/03/1991, p. 1983);
-‐ mesmo que o testamento público tenha sido lavrado pelo tabelião, sob a égide do Código Beviláqua, a parEr de minuta apresentada pelo testador (RE 56359/ RS, Relator Ministro ALIOMAR BALEEIRO, publicado no DJ de 01/12/1967);
-‐ embora a pessoa que assinou a rogo do testador não tenha acompanhado a leitura do testamento (RE 70540/GB, Relator Ministro AMARAL SANTOS, publicado no DJ de 03/09/1971, p. 4607).
-‐ embora o testador não tenha assinado o termo de aprovação do testamento cerrado (REsp 223799/SP, Relator Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, publicado no DJ de 17/12/1999, p. 379).
DA EXECUÇÃO DE TESTAMENTOS ESTRANGEIROS NO BRASIL
MUITO OBRIGADO