o rei messias na história do império romano
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O rei messias na história do império romano
A presente reflexão quer ser uma contribuição ao estudo, sobretudo, do messias-rei em
Israel, no contexto do império romano. Jesus será analisado no conjunto dos
movimentos e lideranças messiânicas. Primeiro, procura-se conceituar a terminologia
messias na história de Israel e povos circunvizinhos. Em seguida, é apresentado o
contexto do império romano. Por fim, grupos religiosos, movimentos e lideranças
messiânicas que atuaram no interior do império romano, são analisados detalhadamente.
A conclusão parece inevitável: o sonho rei-messias continua vivo, alimentando a
esperança de tempos melhores.
1 - O messias na história de Israel tem poder de rei, sacerdote e profeta Hammasiah é o termo hebraico usado para designar o Messias, isto é, o “ungido”,
aquele que, por ter recibo a unção com óleo, está revestido de poder divino. Mitologias
extrabíblicas falam de um rei do início do mundo que voltaria no fim dos tempos. No
entanto, não se pode afirmar com certeza que textos do Egito ou Mesopotâmia tratem de
rei salvador escatológico. Os persas acreditavam que um salvador vira para purificar o
mundo, destruir o mal e ressuscitar os mortos. Davi foi um rei justo, piedoso, iluminado
por Deus e, por isso, vitorioso. Com ele Israel expandiu os seus territórios. Sua realeza
devia permanecer para sempre, o que foi justificado pela promessa da perpetuação da
dinastia davídica. O messias esperado devia ser um rei, descendente da casa de Davi. E
essa foi a idéia predominante na época de Jesus.
Profetas Isaías apresenta o messias na linha real davídica. Ficou famoso o texto: “Eis que uma
jovem concebeu e dará à luz um filho e por-lhe-á o nome de Emanuel” (Is 7,14).
Miquéias segue a reflexão da comunidade de Isaías e acrescenta: “Mas tu (Belém),
Éfrata, embora a menor dos clãs de Judá, de ti sairá para mim aquele que será o
dominador de Israel. Suas origens são de tempos antigos, de dias imemoráveis... Ele se
erguerá e apascentará o rebanho pela força de Javé, pela glória do nome de Deus” (Miq
5,1-3). Jeremias diz que o Messias será da casa de Davi (Jr 23,5; 33,15-27). Ezequiel
fala de um Messias apocalíptico e escatológico que apascentará Judá e Israel,
novamente unificados, e será príncipe para sempre (34,23; 17,22-24).
Salmos Nos Salmos reais, Davi aparece como rei messias que vai concretizar as esperanças dos
pobres. Ele o protótipo do Messias. A oração nos Salmos projeta o rei ideal:
descendente de Davi (Sl 45); escolhido e ungido por Deus (Sl 2; Sl 45); representante de
Deus (Sl 72); protegido de Deus (Sl 18); tem a função de governar e defender o povo
(Sl 18; 72); a sua vitória nas guerras é mérito de Deus (Sl 18); é presença visível da
santidade de Deus perante os súditos (Sl 101); sinal e penhor do reino que todos
esperam (Sl 2; 72); rei e sacerdote (Sl 101); vencedor de guerras e do mal (Sl 2); seu
aniversário e casamento são sagrados e fontes de fecundidade para todo o país e povo
(Sl 45). Os Salmos rezam a esperança messiânica de modo a criar uma estrutura de
oração baseada na teologia da corte, ou seja, a ideologia da corte vem justificada com o
poder libertador e divino do rei. Cria-se com isso a ideologia da corte baseada no tripé:
Trono: ordem sagrada da sociedade; Estado: instituição sagrada; Rei: encarnação
sagrada da instituição e detentor dos poderes social, militar e econômico. A autoridade
do rei, rezada nos salmos, dá a certeza ao povo que ele participa do governo de Deus.
Os salmos reais justificam a ação do Estado. Eles não são, portanto, críticos ao poder
dos reis. Quando rezam, pedem a proteção do reinado de Davi como garantia da
permanência da monarquia. As festas reais funcionam como elementos legitimadores da
ação do rei. Ao celebrar a vida do rei, celebra-se a presença de Deus. Desse modo, o
culto passa a ser expressão da realeza de Deus e do poder divino dos reis. E a chegada
do Messias é a garantia da realização plena do reino. O Sl 72 é um bom exemplo para
podermos compreender a libertação dos pobres, sonhada e depositada na pessoa de um
rei que tem uma plataforma de governo justo, benéfico, forte, salvador e abençoado por
Deus. Na releitura do Sl 72, os cristãos identificaram Jesus como rei-messias, esperança
dos pobres, aquele que está sentado à direita de Deus e que recebe o reino universal.
Basta vermos alguns exemplos para entender a afirmação anterior. Lc 1,33: ele reinará
na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim. Mt 2,2: “onde está o rei dos
judeus recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no seu surgir e viemos
homenageá-lo”. Ap 15,4: “todas as nações virão se prostrar diante de ti, porque tuas
justas sentenças foram promulgadas”. Fl 2, 10: “ao nome de Jesus, todo joelho se dobre
no céu, na terra e no abismo, e toda boca proclame que Jesus, o messias, é Senhor” .
Exílio da Babilônia Os exilados judeus na Babilônia, alimentaram a esperança em um messias, nascido no
cativeiro da Babilônia ou depois dele, traria a salvação para o mundo, o que coincidia
com pensamento persa a respeito do messias. Os exilados judeus alimentaram a
esperança de um “Salvador da pátria”. Chegaram até mesmo a identificá-lo com Ciro,
rei da Pérsia, que permitiu a volta do exílio.
Rabinismo Os rabinos consideravam o messias como “rei ungido” e “filho de Davi”, agiria com
poder para defender Israel e fazê-lo grande, submetendo-lhe todos os povos. Menahem
(o ‘consolador’ em hebraico) é o nome citado pelos rabinos como o messias que
nasceria em Belém durante uma noite em que Jerusalém estivesse sendo destruída (TJ
Ber. 5 a). O messias seria da descendência de Ezequias (TB Sanh, 98b). O período que
antecede a vinda do Messias seria marcado por “miséria material e moral”. Elias,
acompanhado de Moisés, viriam dois anos antes para anunciar a sua chegada e ungi-lo
(Midraxe Rabbot Ex 10,1; Targ Jon. Ex 12,42). O Messias virá como profeta. Ele será
um segundo Moisés (Midraxe Qon 1,9; Midraxe Ruth 56). O “Servo de Javé” de Zc
12,10 e Sl 22 é visto pelos por alguns rabinos como Messias davídico e, por outros,
como Messias “filho de José” ou “filho de Efraim”. Sendo o último um Messias de
menor valor, o qual precederia o verdadeiro Messias. O monte das Oliveiras seria o
lugar da manifestação do Messias (Targum de Jônatas e Talmud). Rabbi Akiba, a quem
é devedor o judaísmo a sua continuidade no mundo pós-guerra de 70 E.C., reconheceu o
líder revolucionário nacionalista Simão Bar Kokhba como o rei messias que Israel tanto
esperava.
Apócrifos No escritos apócrifos, o messias tem um caráter transcendental. Oráculos sibilinos 3,46-
62 fala de um Messias que reinaria sobre o mundo todo, depois da submissão do Egito a
Roma. Ele traria felicidade para Jerusalém. 4 Esdras apresenta o messias como leão de
Judá que destrói, com a sua palavra, a águia, símbolo do império romano. Depois trazer
a bênção para a terra nos seus 400 anos de reinado, o messias morre e um mundo novo e
imperecível surge (11,37-12.1.31-34; 7,28). Testamento dos doze Patriarcas diz que de
Judá nascerá um rebento, pelo qual o seu tronco recuperará a realeza, fará justiça para
todos que invocam o Senhor. Outros textos apócrifos falam de um messias sacerdote e
“filho de Levi” (Testamento de Levi 18,5 e de Judá 24). No apocalipse de Baruc o
messias virá para a consumação dos tempos, passará pelas “dores do messias” e voltará
uma segunda vez. Os mortos ressuscitarão para participar de um mundo novo.
Qumran A comunidade de Qumran fala de dois messias, um ungido de Aarão e outro de Israel
(1Qs 9,11; CDC 12,23ss;14,19;19,10s;20,1). O primeiro tem o poder sacerdotal e
segundo, régio. O Messias sacerdotal tem primazia sobre o régio, embora o Messias
tenha um papel político e guerreiro. O Messias virá para colocar um fim ao “tempo da
impiedade” e vencerá Magog. Um profeta virá para anunciar a vinda do Messias.
A vasta utilização do termo Messias para designar o rei, o sumo sacerdote e sacerdotes
judeus, bem como os patriarcas israelitas e o salvador prometido por Deus e esperado
pelos judeus , deixa claro que o messianismo foi e é a esperança de um messias dotado
de poderes divinos para trazer a salvação para toda a humanidade e o cosmo. Esperar o
messias é um ato de fé, que alimentou e alimenta o povo judeu na sua caminhada com
Deus. A vinda do messias é esperada num tempo futuro, escatológico, na pessoa de um
messias rei, profeta e filho do homem. Deus, ao revelar a Torá no Sinai e feito uma
aliança com Israel, deixou previsto uma intervenção futura sua na pessoa de um
Messias, ao qual o povo obedeceria. E foi essa esperança que impulsionou o surgimento
de várias lideranças messiânicas no período da dominação romana na Palestina do
tempo de Jesus.
2 – Império romano: a opressão gera esperança messiânica A dominação romana na Palestina deu seqüência à grega, iniciada por Alexandre
Magno, homem de rara inteligência, que criou, nos poucos anos de seu reinado, um
grande império. Ele morreu com apenas 33 anos de idade. Três de seus generais
disputaram entre si o poder, o que resultou na divisão do império em três territórios
políticos: África e Palestina, governada pelos Lágidas, Síria e Ásia Menor, pelos
Selêucidas e Macedônia e Europa, pelos gregos. No entanto, a cultura grega se manteve.
O governo lágida na Palestina entrou em decadência em 221. Antíoco III assumiu o
poder na Síria em 225 e venceu os egípcios. Mais tarde, os judeus facilitaram o domínio
sírio na Palestina. No entanto, quando Antíoco IV (175-164) reinava na Palestina, os
romanos exigiram mais impostos dos sírios. Antioco IV saqueou os templos, proibiu a
observância da Torá, dedicou o templo de Jerusalém ao deus grego Olimpus. Tudo isso
provocou uma luta armada, desencadeada pela família de Matatias e continuada por
Judas Macabeus. Daí o nome: “Revolta dos Macabeus”. Esse movimento libertário
acabou vitorioso. Em 164 a.E.C., o culto a Javé foi restabelecido no templo. Como nos
tempos áureos de Davi, a Terra prometida voltou a viver um período de independência.
No entanto, a dinastia asmoneia, criada após vitória dos macabeus, não durou muito.
Altas taxas de impostos, brigas internas, corrupção, dentre outros fatos, propiciaram a
chegada, no ano 63 a.E.C, de um outro dominador na terra de Jesus, os romanos. A
chegada deles foi um alívio para o povo sofrido e explorado na guerra civil iniciada no
ano 104 a.E.C. Muitos camponeses tinham sido expulsos de suas terras. Os piedosos
queriam observar a Torá, mas piratas estrangeiros haviam invadido o país. Roma logo
percebeu que ocupar a Palestina seria ideal para fortalecer o oriente do império. E além
disso, ela estaria criando uma nova fonte abastecimento agrário. Galiléia transformou
em grande produtor agrícola. Os romanos exigiam ¼ da produção como imposto. Os
judeus estavam isentos de impostos desde o ano 142 a.E.C.
Os romanos ocuparam a Palestina. Algumas décadas se passaram e o povo percebeu que
eles não eram os salvadores da pátria. Em 57 E.C. explodiu na Palestina uma revolta
popular contra Roma. Lideranças e grupos religiosos se organizaram nessa luta. A
Galiléia, onde se concentravam a melhores terras, tornou-se um barril de pólvora. O
sonho da retomada da dinastia davídica foi interrompido pela dominação, também cruel,
dos romanos.
Jesus nasceu nesse contexto de revolta contra Roma. Sua pregação incluiu a resistência
a Roma. Na parábola do semeador, Jesus denuncia: “tem gente sem terra”. Não teria
sido Jesus um dos revoltosos? A sua pregação não teria sido também anti-romana? Os
textos canônicos não foram remodelados para amenizar essas questões e defender o
império romano? São questões que permanecem no rol das discussões.
2.1 – Situação político-econômica do império romano O modo de produção no império romano era o tributário-escravagista. Havia escravos
por toda parte. Dois terços da população de Corinto era formada por escravos, cerca de
400 mil pessoas. Por não conseguir pagar uma dívida, alguém poderia tornar-se escravo.
Ademais, a corte romana obrigava a população a pagar impostos.
A sociedade romana estava organizada de forma piramidal:
No ápice, estavam os senhores da terra, os senadores, os homens livres e os cidadãos
ricos.
No meio, se encontravam o exército, os governadores e os sacerdotes.
Na base, sustentando a situação econômica de dominação, se encontravam os
agricultores, carpinteiros, pastores, escravos e mulheres.
No período anterior e posterior ao nascimento e vida pública de Jesus, destacaram-se a
atuação de imperadores e governadores romanos, tais como:
• Herodes, o Grande. Chamado assim por sua astúcia e grandes obras. Ele acabou com a
dinastia dos asmoneus e reinou como tetrarca da Judéia (37 a.E.C - 4 E.C). Foi o
responsável pela perseguição aos inocentes, na época do nascimento de Jesus.
• Herodes Arquelau, filhos de Herodes, o grande. Reinou como etnarca (governador) da
Judéia, Samaria e Iduméia (4 E.C - 6 E.C.). Cruel como o pai, foi deposto e exilado pelo
imperador Augusto.
• Herodes Antipas, filho mais novo de Herodes, o grande. Foi tetrarca da Galiléia e
Peréia (4 E.C- 39 E.C.). Mandou executar João Batista. Pretendia ser Imperador, mas
antes foi exilado em Lyon pelo Imperador Galígula.
• Herodes Agripa (41-44 E.C.). Neto de Herodes, o Grande. Agraciado com os favores
de Roma, teve um vasto território para reinar.
• Augusto (30 a.E.C - 14 E.C), foi o primeiro imperador do império romano. O seu
nome era Otávio César. Augusto era um título honorífico, que significa “abençoado,
sublime”. Jesus nasceu no seu governo.
• Tibério (14 – 37 E.C.). Filho adotivo e sucessor de Augusto, Tibério foi imperador na
época da vida pública de Jesus.
• Pilatos, procurador romano na Palestina (26 E.C - 36 E.C), na época de Tibério. Criou
inimizade com os samaritanos e judeus. Tem papel decisivo na crucifixão de Jesus. A
literatura apócrifa alternativa mostra-o como cristão penitente. Uma tradição diz que ele
morreu executado pelo imperador Nero e outra, que ele cometeu suicídio.
• Caio Calígula (37-41 E.C.).
• Cláudio (41-54 E.C.)
• Nero (54-68 E.C). Perseguiu as comunidades cristãs em Roma .
• Vespasiano (69 -79 E.C). Ainda como general, iniciou a guerra judaica.
• Domiciniano (79 - 96 E.C) Pregava a reencarnação de Nero.
O império romano e suas atrocidades com o povo judeu possibilitaram o surgimento de
vários messias, dentre os quais encontramos Jesus. E não foram poucas as lideranças
populares que se apresentaram como tal. É o que veremos a seguir.
2.2 – Messianismo e profetismo, apoio e resistência ao império romano O período que vai do governo de Herodes (37 a.E.C. a 4 E.C.) ao início do segundo
século da nossa era é marcado por movimentos, grupos políticos de inspiração
messiânica ou profética que resistem ao império romano. Houve também grupos pró
Roma, nos quais o messianismo é menos evidente. O projeto político-religioso desses
movimentos e sua ralação com o messianismo no império romano é que veremos a
seguir. Vamos considerar no nosso estudo não somente os movimentos messiânicos de
libertação da Palestina em prol de novo reino davídico, mas também os grupos
religiosos tradicionais, como saduceus, fariseus, etc., os quais também conviviam a
situação de dominação romana.
1) SADUCEUS a) Origem
A origem dos saduceus remonta a Sadoc, chefe dos sacerdotes de Jerusalém, no tempo
de Davi (1010-970 a.E.C.) e Salomão. Saduceus deriva de Saddiq, justiça. Como
partido, os saduceus aparecem com mais força quando o asmoneu Jônatas (163 a.E.C.)
uniu os poderes religioso e político, declarando-se sumo sacerdote e passando a ter o
controle do templo e do sacerdócio.
b) Membros
Faziam parte do grupo dos saduceus, a elite sacerdotal de Jerusalém, os proprietários de
terras, os anciãos (burocratas) e os ricos em geral.
c) Projeto e messianismo
Apoiar o império romano, com o qual deve-se procurar viver em harmonia, evitando
conflito com o povo. Não acreditar na ressurreição e nem esperar pelo messias. Não
valorizar a tradição oral judaica (tradição dos antepassados). O que vale é Lei e não a
sua interpretação. O sacerdote deve pautar a sua vida segundo a Lei de Moisés, sentir
defensor da ortodoxia judaica e ser rigoroso na liturgia.
d) Área de influência
Os saduceus formavam um grupo poderoso na condução do Sinédrio. Em questões
litúrgicas tinham a palavra final. O poder religioso fazia com eles se mantivessem longe
do povo.
2) HERODIANOS a) Origem
Entre os estudiosos, a opinião se divide em torno à origem dos herodianos. Uns dizem
que eles eram cortesãos de Herodes Antipas. Alguns Santos Padres falam de um grupo
que consideravam Herodes Magno (4 a.E.C - 39 E.C.) como Messias. Seriam esses os
herodianos?Herodes Magno.
b) Membros
Funcionários e soldados da corte herodiana, proprietários de terra e “grandes”
comerciantes.
c) Projeto e messianismo
Defender o império romano na pessoa de Herodes Antipas (ou Magno?). Os herodianos
eram chamados de “os amigos de Roma”. Como os Saduceus, não acreditavam na
ressurreição e nem se preocupavam com a libertação de Israel.
d) Área de influência
Os herodianos tinham o poder civil na Galiléia e não eram populares.
3) FARISEUS a) Origem
Os fariseus nasceram no período do governo asmoneu de João Hircano (135-104
a.E.C.).
b) Membros
O grupo dos fariseus era composto por doutores leigos, mas também faziam parte do
partido, os escribas, sacerdotes do terceiro escalão, pequenos comerciantes e artesãos.
c) Projeto e messianismo
Fortalecer a Torá oral, a tradição. Negar o monopólio dos sacerdotes na interpretação da
Torá. Combater a política profana dos sacerdotes-príncipes hasmoneus. Interpretar de
forma popular a Torá para o povo. Fariseu significa “separado” dos impuros, portanto,
eles pretendiam fazer de Israel um povo santo, isto é, puro, na observância radical da
Lei. Esperar do Messias, filho de Davi, não subordinado ao filho de Aarão. Ele viria
para restaurar o poder político e levar Israel ao cumprimento da Torá. O Messias
chegaria no momento definido por Deus. Até que isso acontecesse, o povo devia se
preparar, não seguindo o caminho indicado pelos asmoneus. Em relação ao império
romano, os fariseus faziam uma aparente oposição, embora acreditasse na libertação do
domínio dos estrangeiros. Os fariseus também acreditavam na ressurreição dos mortos.
d) Área de influência
Com pouca influência no campo da política, os fariseus, por outro lado, controlavam as
sinagogas, lugares de estudo, oração e reunião do povo. Durante o período de Alexandra
no poder asmoneu, os fariseus ocuparam cargos políticos importantes. Por serem fieis
observadores da Lei mosaica, os fariseus eram respeitados e amados pelo povo. No
entanto, foi esse mesmo rigorismo que os distanciou das classes populares, fazendo com
que eles não percebessem as necessidades e sofrimentos do povo diante do império
romano. Os pobres não eram capazes de seguir o rigorismo proposto por eles e, por isso,
foram deixados de lado.
O famoso texto de Mt 24 que coloca negativamente os fariseus, parece não ter sua
origem na fala de Jesus, mas em brigas posteriores entre judeus e cristãos. Jesus tinha
amigos fariseus.
Com a guerra judaica (67-70 E.C.), o farisaísmo foi o único grupo judaico que
permaneceu.
4) ZELOTAS a) Origem
Os Zelotas têm origem no grupo dos fariseus e macabeus. A facção político-religiosa
que leva esse nome se organizou como entre 66-70 da E. C. e atuou em Jerusalém.
b) Membros
Revolucionários e zelosos pelos dos costumes judaicos. É discutível se Simão, um dos
seguidores de Jesus, era zelota. A terminologia zelota, na época de Jesus, tinha somente
a conotação religiosa.
c) Projeto e messianismo
Zelo pelas coisas de Deus, daí o nome zelota. Combater o sacrifício em prol do
imperador que era feito no templo de Jerusalém, o que configurou em uma afronta ao
império romano. O messianismo dos zelotas pode ser visto no modo como eles agiam
para purificar o país da ação dos pagãos romanos. Essa atitude zelota garantiria a vinda
o messias. Nesse sentido, o grupo configurado como Zelota agiu na época da guerra
judaica como verdadeiros revolucionários. O messias para eles era um guerrilheiro.
d) Área de influência
Os seguidores de Judas Galileu e João de Giscala receberam influência ou influenciaram
os Zelotas. Lideranças messiânicas de inspiração zelota surgiram no período da guerra
judaica.
5) ESSÊNIOS a) Origem
A briga com o sacerdócio de Jerusalém, no que se refere à interpretação de textos
bíblicos sobre a pureza cultual no templo, tempo das festas religiosas, resultou na
criação desse grupo religioso, fundado por um tal “Mestre da Justiça”, sacerdote
iluminado por Deus. Eles foram viver no deserto, em Qumran, perto do mar morto. A
atuação dos essênios foi forte marcante na época de Jesus. No entanto, podemos falar
também um outro tipo de essênios, diferente do ramo de Qumran, que teve sua origem
por volta do ano 200 a.E.C., em meio ao movimento apocalíptico .
b) Membros
Levitas, sacerdotes dissidentes e leigos.
c) Projeto e messianismo
Levar uma vida monástica austera e separada, preparando-se para a consumação dos
tempos, a luta entre o bem e o mal. Considerar-se povo da Nova Aliança. Interpretar de
modo próprio a Lei. Ter o seu próprio calendário litúrgico. Praticar a purificação,
conversão dos pecados, oração matinal ao sol, observar o Sábado. Não freqüentar os
cultos em Jerusalém e nem sacrificar animais. Todas essas práticas apressariam a vinda
do Messias. Eles acreditavam em dois Messias, um sacerdotal e outro davídico,
subordinado ao primeiro .
Segundo Flávio Josefo , eles tinham uma visão fatalista da providência, e pregavam,
sobre a alma, uma doutrina alheia ao judaísmo. Além disso possuíam uma doutrina
secreta, reservada aos iniciados.
d) Área de influência
Viviam separados do povo, mas eram respeitados como monges ascéticos. Os essênios
se uniram aos outros grupos judeus na luta contra Roma (67-70 E.C.).
6) JUDAS GALILEU a) Época
Líder de um grupo revolucionário e originário de Gâmala, na Gaulanítide, Judas Galileu
conseguiu iniciar uma revolução popular contra Roma, nos anos 4 a.E.C. e 6 E.C., a
qual foi retomada nos anos da guerra judaica e resistiu até o ano 73 da E.C. O
movimento de Judas teve sua inspiração em uma outra liderança popular que o
antecedeu na luta contra Roma, o seu pai Ezequias, assassinado por Herodes.
b) Membros
Lideranças populares rebeldes.
c) Projeto e messianismo
Insurreição política contra Roma, visto que o povo estava caminhando para uma
submissão total ao império. Como atesta Flávio Josefo, Judas pregava que eles, os
judeus, não podiam aceitar mortais como mestres, depois de ter Deus como Senhor
(Ant. XVII, 271-2). Lutar contra a decisão romana de fazer um o senso demográfico, o
que era proibido pela lei judaica. Reagir contra as altas taxas do impostas pelo império
romano. Garantir a terra como dom e promessa de Deus. Pagar impostos da terra
significava perder esse direito sagrado. Nesse sentido, é que podemos falar de
messianismo no projeto de Judas Galileu. Ele resgata o ideal messiânico davídico. Deus
seria o único rei do povo de Israel.
d) Área de influência
Judas Galileu era muito respeitado no meio do povo. Os camponeses da Galiléia
aderiram em massa a sua proposta. Os romanos conseguiram destruir o movimento de
Judas, mas ele renasceu mais tarde no grupo dos Zelotas.
7) ATRONGES a) Ëpoca
Camponês de notória estatura e força, Atronges liderou o movimento nacionalista contra
Roma, no período do reinado a Arquelau, propriamente nos anos 4 a.E.C. a 6 E.C.
Astronges tinha quatro irmãos, os quais, sob sua liderança, dirigiam grupos rebeldes.
b) Membros
Rebeldes armados, camponeses e pastores.
c) Projeto e messianismo
Retomar o reino de Israel. Matar as milícias romanas. Atronges chegou a ser designado
rei e, portanto, usava um diadema real, o que configura o seu movimento como o
messiânico, isto é, esperança de um rei-messias (ungido) que libertaria Israel do
domínio romano.
d) Área de influência
O povo, com Atronges, viu fortalecida a esperança escatológica de um rei que
restauraria Israel. O diadema usado por ele simbolizava a resistência aos romanos.
Arquelau perseguiu Atronges e pôs fim ao seu movimento.
8) JOÀO BATISTA a) Época
O movimento batista surgiu por volta do ano 20 E.C., no deserto da Judéia e à beira do
rio Jordão. João Batista era filho do sacerdote Zacarias.
b) Membros
Populares que se empolgavam com a sua pregação.
c) Projeto e messianismo
Anunciar o batismo e a conversão dos pecados para obter o perdão. O batismo na água
colocava as pessoas em relação direta com Deus. Não eram mais necessárias as práticas
rituais do templo de Jerusalém. Assim, os batistas se tornaram perigosos para ordem
judaica estabelecida a partir do templo, bem como para o império romano. João
conclamava o povo a ir ao deserto, o que, simbolicamente retomava a figura de Moisés
e o êxodo. E do deserto, de novo, o povo entraria na terra da promessa. Para tanto, era
necessária a preparação prévia com o batismo na água e de conversão dos pecados. Os
evangelhos sinóticos apresentam a pregação escatológica de João sobre o juízo e a vinda
do reino de Deus e do messias.
d) Área de influência
Povo simples que não tinha como oferecer sacrifícios no templo de Jerusalém. Herodes
Antipas, prevendo uma rebelião de João contra Roma, mandou decapitá-lo.
9) JESUS a) Época
A vida pública de Jesus durou apenas três anos, entre 30 a 33 da Era Comum.
b) Membros
Pescadores, mulheres, doentes. Povo pobre, mais também gente influente na sociedade,
como os fariseus e publicanos.
c) Projeto e messianismo
Por meio de uma pregação objetiva e popular, contando parábolas e fazendo denúncias,
Jesus tinha como projeto despertar a consciência do povo em relação à opressão
romana. Anunciando o Reino de Deus, ele priorizava o contato com o povo nas suas
casas. Não são poucas as passagens dos evangelhos que falam de Jesus na casa de
Zaqueu, de Marta e Maria, de Pedro, de um Fariseu, dos discípulos de Emaús, etc. No
seu projeto missionário, a cruz não foi prevista, mas acabou sendo conseqüência de sua
atuação missionária. A história conservou a memória da cruz vazia como anuncio de
certeza de que Jesus continua vivo, ele ressuscitou, o que configurava como afronta e
negação do império romano, o qual não foi capaz de impedir a eficácia da pregação
missionária de Jesus. O nascimento de Jesus em Belém, terra de Davi, atestado nos
evangelhos, mesmo que seja somente um dado de fé, provou que ele era o messias
esperado pelos profetas.
d) Área de influência
Multidões seguiram os ensinamentos de Jesus. Jerusalém o acolheu como messias. O
império romano, tendo percebido a força de sua atuação político-revolucionária,
mandou crucificá-lo e iniciou um processo de perseguição aos seus seguidores. Três
séculos depois, o império romano acabou assimilando o cristianismo no “seu projeto”.
A romanização do cristianismo possibilitou a sua expansão no mundo ocidental. Hoje,
um terço da população é cristã.
10) TEÚDAS a) Época
Teúdas surgiu no cenário político revolucionário da Palestina por volta do ano 44 da Era
Comum.
b) Membros
Pessoas simples do povo. At 5,36 fala de 400 homens que o seguiram.
c) Projeto messiânico
O povo devia ajuntar seus pertences e acompanhar Teúdas até o rio Jordão, onde se
cumpriria a sua proposta profética escatológica, de inspiração messiânica. O historiador
Flávio Josefo assim escreve sobre Teúdas: “Ele se dizia profeta, e que à sua ordem o ri o
Jordão se separaria em dois abrindo fácil passagem para eles, de modo que o povo aí
reunido poderia cruzá-lo a pé enxuto” . Esse gesto proposto por Téudas relembra a
mesma atitude em relação às águas realizadas pelos profetas Moisés e Elias. A abertura
do rio Jordão simbolizava o desejo de retomada da Palestina como terra da promessa.
Teúdas seria o líder messiânico que levaria o povo a um novo tempo. Ele mesmo teria
se proclamado como messias ou profeta . Ademais, entre o povo circulava a idéia da
volta de Moisés como precursor da figura do messias . E Teúdas seria o “novo Moisés”.
d) Área de influência
Os judeus, que sofriam com a exploração político-econômico de Roma, aderiram ao
projeto de Teúdas. Por outro lado, o império romano logo também intuiu o perigo que
Teúdas representava para ele. Assim, Fado mandou uma cavalaria que perseguiu, matou
a muitos, e dispersou o movimento. Teúdas foi preso e levado decapitado a Jerusalém.
11) O EGÍPICIO a) Época
Nunca saberemos o nome desse egípcio que nos anos 52-54 E.C. organizou uma revolta
contra Roma.
b) Membros
O historiador Josefo fala que cerca de trinta mil pessoas seguiram o Egípcio. Já Atos
dos Apóstolos mencionam quatro mil ‘bandidos’ (Sicários?) adeptos.
c) Projeto e messianismo
Com voz profética e escatológica, o Egípcio convocou os seus seguidores a passarem
pelo deserto e ir até o monte das Oliveiras, onde sob suas ordens os muros de Jerusalém
cairiam e a cidade seria tomada por eles. Inspirado nas figuras históricas de Moisés e
Josué (deserto e tomada de Jericó), o movimento do Egípcio acreditava numa redenção
messiânica de Israel. A entrada (tomada) de Jerusalém teria uma conotação messiânica.
Entre o povo havia a idéia que o messias se revelaria no monte das Oliveiras.
d) Área de influência
Roma, no comando de Félix, conseguiu atacar o Egípcio e seus seguidores, matando a
uns, prendendo outros. O egípcio conseguiu fugir. O povo e até mesmo os romanos
acreditavam que ele voltaria (At 21,38).
12) SIMÀO BAR GIORA e) Época
Natural de Gerasa, zona rural da Iduméia, pastor e líder carismático, Simão bar Giora
iniciou um movimento revolucionário contra Roma, no ano 66 da Era Comum.
f) Membros
Populares revoltosos, pessoas influentes da sociedade, escravos e salteadores.
d) Projeto e messianismo
Justiça para os pobres. Organizar uma revolta popular em vista da libertação da
Palestina do poderio romano. Josefo informa, com desdenho, que Simão bar Giora
saqueava as casas dos ricos, maltratava as pessoas (Guerras II, 652-3). Nas cavernas e
depositava tesouros e pilhagens de guerra. Seus seguidores o consideravam rei (Guerras
IV, 507-13). O movimento de Simão bar Giora esperava um libertador da casa real de
Davi que viria para libertar o povo da dominação estrangeira, libertar os escravos e
melhorar as condições de vida da população. Como Davi, Simão também era um
simples pastor.
e) Área de influência
Os camponeses miseráveis e a população de Jerusalém aderiram ao movimento de
Simão, por acreditarem que a independência nacional teria chegado. Quando entrou em
Jerusalém, na páscoa de 69 E.C., ele foi aclamado pelo povo como rei-messias. Ele
esteve unido na luta de libertação ao movimento de João de Giscala e Zelotas.
Capturado pelos romanos, em 70 E.C., Simão foi levado para a Roma como trunfo de
vitória e morto pelo General Tito.
13) JOÃO DE GISCALA a) Época
João de Giscala, filho de Levi, atuou na Galiléia nos anos 66 a 70 da E.C., época da
guerra judaica contra Roma. João de Giscala era um pobre camponês que ‘usava uma
foice para ceifar’, mas que se tornou, mais tarde, um revolucionário. Na sua época, a
situação de revolta popular contra Roma tinha tomado proporções sem precedentes. No
início de seu movimento, João de Giscala defendia um acordo pacífico com os romanos.
b) Membros
Habitantes da cidade de Giscala e agricultores.
c) Projeto e messianismo
Resistir contra os altos tributos impostos por Roma aos camponeses. Luta armada contra
as milícias romanas instaladas na Galiléia. Josefo conta que “no momento da entrada de
João de Giscala em Jerusalém, toda a população se lançou à sua frente e cada um dos
fugitivos estava cercado por uma vasta multidão” (Guerra Judaica IV,121). Esse fato
demonstra o caráter messiânico dado pelo povo de Jerusalém a João de Giscala, quem
acabou liderando a guerra contra Roma. Um futuro promissor de redenção de Israel
estava próximo.
d) Área de influência
A atuação de João de Giscala despertou no povo o ideal messiânico, adormecido no
inconsciente coletivo . A sua presença em Jerusalém uniu as forças populares
messiânicas contra Roma. O historiador Rapapport admite que o movimento de João
recebeu influência dos Zelotas . Para liderar a revolução contra Roma, João de Giscala
fez aliança com outros grupos revolucionários.
14) MENAHEM a) Época
Filho de Judas Galileu, Menahem, nome que significa ‘o Consolador’, catalisava
esperança messiânica judaica. Segundo a crença judaica, Menahem designava
simbolicamente a esperança de um messias da linhagem de Davi que deveria nascer em
Belém. Menahem atuou como líder revolucionário, nos anos da Guerra Judaica (66-70
E.C.).
b) Membros
Guerrilheiros e campesinos.
c) Projeto e messianismo
Revolução armada, de inspiração messiânica, contra Roma. Um futuro triunfante para a
Palestina estava próximo. Para expressar o seu projeto de realeza, Menahem entrou na
esplanada do templo trajando uma túnica real. Organizou sua entrada messiânica em
Jerusalém, como rei de Israel (Guerras II, 434). Os ideais monárquicos de Menahem
eram inspirados no seu pai Judas Galileu, Ezequias e Davi.
d) Área de influência
Menahem conseguiu mobilizar as massas para atacar o palácio de Herodes, em Masada,
e organizou o cerco do palácio, em Jerusalém. Mehahem era um dos lideres dos
‘sicários’. Muitos do povo viram em Menahem o esperado ‘redentor’ da Palestina,
embora a sua luta não obteve o esperado sucesso. Menahem foi assassinado, quando
disputava com Eleazar ben Hananiah a liderança dos revoltosos de Jerusalém.
15) JÔNATAS a) Época
Tecelão e comerciante, Jônatas atou na região de Cirene, onde havia se estabelecido,
quando Vespasiano era o imperador romano (69-79 E.C.)
b) Membros
Pobres da região de Cirene.
c) Projeto e messianismo
Jônatas convocava o povo para ao deserto, onde ele realizaria sinais e prodígios. Um
novo êxodo aconteceria com eles. O deserto era associado à expectativa profética
messiânica.
d) Área de influência
Roma conseguiu minar o movimento de Jônatas, prendendo-o em 72 E.C.
16) ANDREAS LUKAS a) Época
Judeu da diáspora, de Cirene, Andreas Lukas organizou os judeus da diáspora para lutar
contra Roma, nos anos 114-117 E.C., quando Trajano era o imperador romano.
b) Membros
Judeus da diáspora.
c) Projeto e messianismo
Luta armada contra Roma. Fortalecer o ideal messiânico dos judeus da diáspora,
levando-os a crer que seria possível retornar à pátria, reconquistando Jerusalém das
mãos dos pa’gàso romanos. Implantar o reino do messias com uma grande guerra
escatológica.
d) Área de influência
Andreas Lukuas liderou a guerra dos judeus contra Roma no Egito, em Chipre e
Pentápolis. Multidões o seguiam nos campos de batalha. Roma, com muito custo,
destruiu o movimento nacionalista messiânico de Andreas Lukuas.
17) SIMÀO BAR KOCKHBA a) Época
Ultimo líder judeu de ideal messiânico na resistência contra Roma, Simão bar Kokhba
liderou, nos 132-135 E.C., a segunda grande guerra judaica, quando Adriano era o
imperador romano.
b) Membros
Populares e camponeses desejos de retomar o anseio de libertação nacional, destruído
pelos romanos na rebelião de 114-117 liderada por Andreas Lukuas.
c) Projeto e messianismo
Redenção de Israel através de uma luta armada de caráter escatológico-messiânico-
revolucionária. O nome Kokhab significa estrela,o que levava o povo a se recordar de
Nm 24,17: “Uma estrela de Jacó se torna rei, um cetro se levanta , procedente de Israel”.
O reino messiânico seria instalado definitivamente com a sua luta.
d) Área de influência
Bar Kokhoba gozava de muita popularidade na Judéia. Restos arqueológicos
encontrados nas cavernas da Judéia trazem inscrições que intitulam Bar Kokhoba como
“Presidente de Israel”. Simão Bar Kokhoba foi vencido pelos romanos e com ele
terminou o ciclo de movimentos messiânicos de libertação nacional, que começara no
tempo dos Macabeus (167 a.E.C.). Simão bar Kokhoba foi reconhecido como messias
pelo sábio e notável Rabbi Akiba ben Yosef, o qual o abençoou com as palavras “Este é
o rei messias” (TJ Ta’anit IV.8). Já um dos Padres da Igreja, Eusébio, chamou Bar
Kokhoba de “bandido sanguinário que sob a força e impacto de seu nome, como se ele
tivesse escravos com que lidar, exibiu-se como uma luz cintilante que desceu dos céus a
fim de iluminar seus miseráveis” (Eusébio, História Ecclesiastica,IV, 6).
3 – Conclusão: o rei-messias resgata o nacionalismo e a esperança
A análise do perfil dos movimentos acima apresentados e de suas respectivas lideranças
nos leva, inevitavelmente, a concluir o seguinte:
- Em perspectiva política, podemos classificar os movimentos acima apresentados em
grupos favoráveis à ordem social estabelecida (judaica e romana) e os de oposição às
injustiças cometidas pelo império romano.
- Os romanos trataram com desdenho e humilhação as lideranças messiânicas da
Palestina. Simão de bar Giaro foi humilhado publicamente até à morte.
- O sentimento nacionalista do povo judeu e a reconquista da terra prometida
funcionaram como gasolina na condução da maioria dos movimentos messiânicos.
- Muitos movimentos de resistência tinham, na origem, um caráter meramente social,
mas ganharam, depois, a dimensão religiosa messiânica, própria do período
intertestamentário.
- Muitos líderes revoltosos eram sicário ou zelota. O historiador Flávio Josefo enquadra
no termo zelota todos os revolucionários.
- Se o império romano foi duramente criticado pelos messias e profetas, há de se
considerar que Jerusalém, o templo e o povo judeu não ficaram imunes às denuncias
dessas lideranças. Nesse sentido, notória é a figura de um camponês chamado Jesus,
filho de Ananias, que passou sete anos andando pelas ruas de Jerusalém gritando sem
cessar: “uma voz do leste, uma voz do oeste, uma voz dos quatro ventos, uma voz sobre
Jerusalém e o templo, uma voz sobre o noivo e a noiva, uma voz sobre todo o povo”
(Josefo, Bell 6,300-306). O procurador romano, Albino, após açoitá-lo, o considerou
louco, libertando-o.
- A maioria dos movimentos messiânicos atuava fora do espaço sagrado do templo, o
que lhes garantiam a condição de movimentos alternativos de resistência ao pensamento
oficial judeu e ao império romano.
- O deserto, o rio Jordão e mar Vermelho fizeram parte do imaginário coletivo
messiânico de libertação do povo. Assim, muitas lideranças convidaram o povo para ir
ao deserto, passar a pé enxuto pelo rio Jordão para retomar a Palestina, a terra prometida
ocupando pelos pagãos e opressores romanos. Com João Batista, por exemplo, quem se
deixava batizar estava assumindo o compromisso de reconquistar a terra.
- Embora múltipla no entendimento do termo messias, a tradição da fé judaica se
encarregou de definir que Jesus não foi o messias esperado por eles. Vários motivos
concorrem para essa afirmação, dentre eles: o messias não podia ser Deus, pois Deus é
UM; Ele nasceria de uma mulher e homem normais; Poria fim ao sofrimento e guerra
no mundo; Faria com que o povo judeu voltasse a viver em paz, em Israel; O messias
jamais morreria pregado numa cruz. Como Jesus não preencheu esses e outros critérios
de identificação do messias, ele não o foi o salvador enviado por Deus.
- Mesmo que afirmemos que os judeus não aceitaram Jesus como messias, vale lembrar
que a questão não é essa. Jesus é o messias porque os seus seguidores creram nele e
difundiram a fé na messianeidade.
- A fé em Jesus-messias alimentou a esperança de muitos judeu-cristãos e não judeus
que se aderiram aos ideais libertários de Jesus. E tudo isso foi possível porque Jesus se
reconheceu como presença de Deus. Ademais, o ambiente da exploração romana foi
propício para o surgimento de messias.
- Após a famosa guerra de 70, o ideal messiânico continuou no imaginário coletivo dos
judeus da diáspora. Roma destruiu a pátria, mas não o sonho de libertação. Outros
líderes messiânicos continuaram a surgir, mesmo na diáspora. Andreas Lukuas, nos
anos 114-117, foi um deles. Mais tarde, entre 132-135, Simão bar Kokhba, na Palestina,
ressuscitou o movimento de Andreas. Ele foi proclamado messias pelo Rabino Akibba e
derrotado pelos romanos. Encerrando, assim, um ciclo do período messiânico de Israel,
mas a esperança do rei-messias não morreu nas terras do povo da Bíblia.
Os falsos messias da Judéia
Adicionar legenda
“Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor. Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome
não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci.
Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.” JESUS em Mateus 7:22-23.
Uma febre messiânica havia contagiado toda a Judéia. Todos esperavam ansiosamente
por um Messias que os livrasse do domínio romano. Uma das razões pelas quais os
judeus rejeitaram a Jesus, é que Ele não tinha o perfil do messias idealizado pelas
expectativas populares. Eles não queriam um pacifista como Jesus, mas um general que
inspirasse o povo judeu a uma revolta sangrenta contra Roma. Jesus, num certo sentido,
não correspondia aos anseios populares. Mesmo operando tantos milagres e sinais, Sua
mensagem era por demais pacifista. Ele, porém, já havia advertido a Seus discípulos
acerca do aparecimento de falsos cristos:
“Acautelai-vos, que ninguém vos engane. Pois muitos virão em meu nome,
dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos (...) Surgirão muitos falsos
profetas, e enganarão a muitos (...) Então, se alguém vos disser: Olhai, o Cristo
está aqui, ou ali, não lhe deis crédito. Pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, e
farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os
escolhidos. Prestai atenção, eu vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem:
Olhai, ele está no deserto! Não saiais; ou, Olhai, ele está no interior da casa! Não
acrediteis” (Mt.24:4-5, 11, 23-26).
O judaísmo apóstata provia um solo fértil para o aparecimento desses pseudocristos. E
muitos deles surgiram do seio da própria igreja. Disso João atesta em sua primeira
epístola, quando afirma:“...já muitos anticristos têm surgido, pelo que conhecemos
que é a última hora. Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos. Pois se
tivessem sido dos nossos, teriam ficado conosco...” 1 JOÃO 2:18.
Um exemplo clássico disso foi o caso de Simão, o Mago (At.8:9-23). Eusébio, bispo de
Cesaréia, conta que “Simão tornara-se tão célebre naquele tempo e exercia tamanha
influência sobre aqueles que eram enganados por suas imposturas, que o consideravam
o grande poder de Deus. Esse mesmo Simão, porém, admirado com os milagres
extraordinários realizados por Filipe pelo poder de Deus, astutamente assumiu e até
fingiu fé em Cristo, a ponto de ser batizado; e o surpreendente é que o mesmo é feito até
hoje por aqueles que adotam sua mais torpe heresia. Esses, à maneira de seu fundador,
insinuando-se na igreja como uma doença pestilenta e leprosa, infectaram com a maior
corrupção as pessoas em quem conseguiram infundir seu veneno secreto, irremediável e
destrutivo.
Muitos desses, aliás, já foram expulsos depois de apanhados em sua perversão; como o
próprio Simão sofreu seu merecido castigo quando detectado por Pedro. Simão era um
que preenchia todos os requisitos básicos para ser classificado, tanto como “falso
cristo”, quanto como “falso profeta”.
João tinha toda razão em dizer que o espírito do anticristo já estava operando em seus
dias (1 Jo.4:3).
Eusébio nos informa que “o inimigo da salvação engendrou um estratagema para
conquistar para si a cidade imperial e levou até ali Simão (...) Com a ajuda de artifícios
insidiosos, ele agregou a si muitos dos habitantes de Roma”.
Eusébio cita a apologia de Justino Mártir endereçada ao imperador Antonino, onde se
lê:“Após a ascensão de nosso Senhor ao céu, certos homens foram subornados por
demônios como seus agentes e diziam serem deuses. Esses foram não somente
tolerados, sem perseguição, como até considerados dignos de honra entre vós. Um
deles foi Simão, certo samaritano da vila chamada Gitão. Este, no reinado de
Cláudio César, ao realizar vários rituais mágicos pela operação de demônios, foi
considerado deus em vossa cidade imperial de Roma e foi por vós honrado como
um deus, com uma estátua entre as duas pontes no rio Tibre (numa ilha), tendo a
subscrição em latim: Simoni Deo Sancto, ou seja, A Simão, o Santo Deus; e quase
todos os samaritanos, também uns poucos de outras nações, o cultuam,
confessando-o como o Deus Supremo.”
Quem diria? Um samaritano figurando no panteão romano! De todos os falsos messias,
nenhum obteve o destaque de Simão. Embora samaritano, suas pretensões eram de
envenenar todo o mundo com suas heresias. A prova disso é que, astutamente, Simão
desenvolveu uma doutrina trinitariana, proclamando-se “Pai” para os samaritanos,
“Filho” para os judeus, e “Espírito Santo” para os romanos e demais
nacionalidades. Jerônimo creditou a Simão a seguinte afirmação: “Sou a Palavra de
Deus; eu sou o Consolador; sou o Todo-Poderoso, eu sou tudo quanto há de Deus”. Não
é à toa que seu nome é freqüentemente mencionado em antigos escritos fora da Bíblia,
sendo considerado o arquiinimigo da igreja primitiva, e um dos principais líderes da
heresia gnóstica. Irineu o considerava como uma das fontes dessa heresia. Sua
influência foi tamanha que os hereges em geral eram apelidados pelos crentes primitivos
de “simonianos”.
De todos os sinais que supostamente eram realizados por Simão Mago, o que mais
chama a atenção é o citado por Clemente, que diz que Simão declarara ser capaz de
transmitir vida e movimento às estátuas. De acordo com o Apocalipse, era justamente
isso que a segunda besta se propunha a fazer:"Foi-lhe concedido também que desse
fôlego à imagem da besta, para que ela falasse, e fizesse que fossem mortos todos os
que não adorassem a imagem da besta.”APOCALIPSE 13:15.
Os falsos profetas e os pseudocristos foram para a igreja primitiva o que Janes e
Jambres foram para Moisés diante de Faraó. Bastava que Moisés fizesse um sinal, e
logo os dois magos egípcios o copiavam. O primeiro sinal feito por Moisés foi a
transformação de seu bordão em serpente. Aliás, foi Arão quem protagonizou esse sinal.
Mas para surpresa deles, os magos conseguiram realizar o mesmo sinal. Porém, “a vara
de Arão tragou as varas deles”(Êx.7:12). Assim como os sinais feitos por Filipe em
Samaria desbancaram a impostura de Simão. A propósito, segundo relatos antigos, foi
no Egito que Simão Mago aprendeu as artes mágicas.
Paulo advertiu a Timóteo acerca desses impostores: “E, como Janes e Jambres
resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens
corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante;
porque a todos será manifesta a sua insensatez, como aconteceu com a daqueles”(2
Tm..3:8-9). De fato, nenhum deles foi avante. De acordo com Hipólito, a última e mais
ousada exibição de poder de Simão foi justamente a que resultou em sua morte. Ele foi
capaz de sepultar-se vivo, afirmando que em três dias reapareceria vivo. Entretanto, não
o fez. Por fim, foi declarado: “Ele não era o Cristo”.
Pedro tinha inteira razão ao repudiar Simão em sua tentativa de adquirir o dom do
Espírito Santo por dinheiro. “Tu não tens parte nem sorte neste ministério”,
declarou o santo apóstolo. O ministério de Simão era outro; aquele que Paulo
chamou de “mistério da injustiça”, que é “segundo a eficácia de Satanás, com todo
poder, e sinais e prodígios da mentira”(2 Ts.2:7a,9).
Eusébio cita vários deles. Fala, por exemplo, de um tal Menander, discípulo de Simão, o
Mago, que, segundo ele, “manifestou-se em sua conduta um instrumento de perversão
diabólica não inferior ao predecessor (...) revelou pretensão ainda mais arrogante a
milagres; dizendo ser na verdade o Salvador”.
Citando Josefo, Eusébio fala sobre um impostor egípcio, citado também em Atos dos
Apóstolos:
“Depois de entrar no país e assumir autoridade de profeta, reuniu cerca de trinta
mil que foram enganados por ele. Depois os levou do deserto para o monte das
Oliveiras, determinado entrar em Jerusalém pela força e, após subjugar a
guarnição romana, tomar o governo do povo, empregando seus seguidores como
escolta. Mas Félix, antecipando-se ao ataque, saiu a seu encontro com o exército
romano, e todo o povo participou da defesa, de modo que quando se travou a
batalha, o egípcio fugiu com uns poucos e a maior parte dos que o acompanham foi
destruída ou capturada.”
Josefo diz que Jerusalém estava infestada de ladrões e magos. “Enquanto os
ladrões enchiam Jerusalém de crimes, os magos, por seu lado, enganavam o povo e
o levavam ao deserto, prometendo-lhe mostrar milagres e prodígios. Mas Félix
castigou-os imediatamente, por sua loucura; mandou prender e matar a vários.
Por esse mesmo tempo veio um homem do Egito a Jerusalém, que se vangloriava
de ser profeta. Persuadiu um grande número de pessoas que o seguisse ao monte
das Oliveiras, que estava muito perto da cidade, apenas distante uns cinco estádios
e garantiu-lhes que, depois de ter ele proferido algumas palavras, veriam cair os
muros de Jerusalém, sem que mais fossem necessárias as portas para lá se entrar.”
Jerônimo fala acerca de um tal Barcocabe que fingia vomitar fogo da própria
boca. Esse homem, além de ser aclamado por muitos como sendo o messias, teve
sua reivindicação messiânica confirmada pelo famoso rabino Akiba. Inicialmente,
fora chamado de Barcocabe, que quer dizer “filho da estrela”, mas quando seu
engodo foi descoberto, passou a ser chamado de Barcoziba, “filho da mentira”.
Foi por ver o fim de muitos movimentos “messiânicos”, que Gamaliel emitiu o famoso
veredicto acerca da uma nova “seita” que surgia no cenário judaico. Levantando-se no
Sinédrio, o respeitado religioso disse:
"Israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens. Algum
tempo atrás levantou-se Teudas, dizendo ser alguém, e a este se ajuntou cerca de
quatrocentos homens. Ele foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos, dispersos e
reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do
recenseamento, e levou muito povo após si. Mas também este pereceu, e todos os
que lhe deram ouvidos foram dispersos. Por isso vos digo: Dai de mão a estes
homens, deixai-os, pois se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, mas
se é de Deus, não podereis desfazê-la, para que não aconteça serdes também
achados combatendo contra Deus.”ATOS 5:35-39.
Foi aos pés desse mestre que Paulo foi educado. Parece, porém, que Paulo não deve ter
ouvido tal conselho, pois ninguém combateu mais a nova “seita” naqueles dias do que
ele. Porém, a sua conversão ao cristianismo demonstrou que Gamaliel tinha toda razão.
No fim o “cajado” da Igreja acabou engolindo as serpentes dos falsos profetas.
O fazer descer fogo do céu não deve ser entendido literalmente. Trata-se de uma
hipérbole intencional, que visava enfatizar a malignidade e o poder com que tais
profetas enganariam o povo e impressionaria a própria besta.
De acordo com Alford, “a aristocracia romana estava peculiarmente debaixo da
influência dos astrólogos e dos mágicos, alguns dos quais eram judeus”.
Sabe-se que as autoridades romanas eram freqüentemente atraídas por tais
manifestações prodigiosas. Lucas registra em Atos que Paulo e Barnabé “acharam certo
judeu mágico, falso profeta, chamado Bar-Jesus, o qual estava com o procônsul Sérgio
Paulo, homem prudente. Este, chamando Barnabé e Saulo, procurava muito ouvir a
palavra de Deus. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador ( que assim se interpreta o seu
nome ), procurando apartar da fé o procônsul. Todavia Saulo, que também se chama
Paulo, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos nele, disse: Ó filho do diabo, cheio de
todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de
perturbar os retos caminhos do Senhor? Agora a mão do Senhor está contra ti, e
ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. No mesmo instante caiu sobre ele uma
névoa e trevas, e, andando à roda, buscava quem o guiasse pela mão. Então o
procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do
Senhor”(At.13:6b-12).
O nome Barjesus significa literalmente “filho de Jesus’, ou “filho da salvação”;
ironicamente, Paulo o chamou de “filho do diabo”, o mesmo nome dado por Jesus aos
religiosos judeus que se diziam filhos de Abraão (Jo.8:44). Assim como aconteceu com
Moisés e os magos egípcios, o poder que havia em Paulo se mostrou superior à mágica
daquele falso profeta.
Bar kochba
Bar Kochba, o Messias guerreiro.
Uma figura controversa que liderou uma revolta judaica contra o Império
Romano no século 2º.
Na história do judaísmo, poucos personagens são tão enigmáticos e polêmicos como
Bar Kochba. Para alguns, ele foi um grande comandante militar que liderou os judeus
contra a opressão do Império Romano no século 2º. Para outros, ele não passou de um
indivíduo egocêntrico que, em função das circunstâncias da época, foi alçado à condição
de messias, ou seja, de redentor de seu povo.
São poucas as informações escritas disponíveis sobre essa figura quase lendária. Seu
nome original era Simão Bar Kosiva. O sobrenome Kosiva pode ter vindo de seu pai
(“Bar Kosiva” significa “filho de Kosiva”) ou ser uma referência a uma vila rural onde
ele teria sido criado como filho único. Ao ser consagrado como líder dos judeus, teve
seu nome alterado para Bar Kochba, que significa “filho de uma estrela”, em alusão a
um versículo bíblico do livro Números. Essa estrela seria uma referência à vinda do
messias – a profecia de que um descendente do rei David chegaria ao mundo para
restaurar a nação de Israel e a paz na Terra.
Como líder militar, Bar Kochba revelou-se um chefe ao mesmo tempo talentoso e
brutal. Dizia-se que ele costumava testar seus soldados exigindo que eles cortassem um
dedo das mãos, como prova de bravura. De todo modo, por sua audácia, Bar Kochba
logo se tornaria reconhecido como um grande guerreiro, principalmente entre os
membros de sua seita, os zelotes. De acordo com Andréia Cristina Lopes Frazão da
Silva, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os zelotes eram
um grupo religioso com forte caráter militarista. “Eles se recusavam a reconhecer o
domínio romano. Respeitavam o Templo e a Lei. Opunham-se ao helenismo.
Professavam um messianismo radical e só acreditavam em um governo teocrático,
ocupado por judeus. Viam na luta armada o único caminho para enfrentar os inimigos e
acelerar a instauração do Reino de Deus”, afirma Andréia Cristina em seu texto “A
Palestina no Século 1º d.C.”.
Roma versus Judéia
Estamos falando de uma época em que a Judéia era uma província romana. Povo
monoteísta contrário à idolatria de imagens, os judeus viviam em conflito com a Roma
politeísta, veneradora de ídolos. Embora existissem membros da elite judaica
interessados em manter uma boa relação com os romanos, havia também um crescente
sentimento de insatisfação popular. É nesse ambiente que começaram a crescer as
diversas ondas de messianismo entre judeus, incluindo a de Jesus Cristo. Esse
movimento gerou uma primeira grande revolta, nos anos 66 a 70, ferozmente esmagada
pelo imperador Vespasiano, que ordenou a destruição do Templo de Herodes. As
rebeliões populares contra Roma ressurgiram por volta do ano 115, já sob o governo de
Trajano. O imperador romano reprimiu duramente esses movimentos, o que apenas
tornou a situação ainda mais difícil para seu sucessor, Adriano, que assumiu o Império
no ano 118.
No início, Adriano parecia simpático aos judeus, tanto que permitiu que eles
retornassem a Jerusalém e reconstruíssem seu Templo Sagrado. No entanto, educado em
Atenas, Adriano logo mostrou sua intenção de helenizar todo o Império, unificando-o
não apenas politicamente, mas também do ponto de vista cultural. Algumas de suas
políticas adotadas em Jerusalém, como a abertura de escolas para o ensino de letras
gregas, escandalizou os judeus da velha cidade. Outra medida que enfureceu os judeus
foi a publicação, em 127, de uma lei proibindo a circuncisão dos recém-nascidos.
É nesse contexto que, a partir de 131, começou a ganhar forma uma nova revolta dos
judeus. Na clandestinidade, os zelotes foram se organizando, formando milícias,
preparando passagens secretas subterrâneas e dando consistência a seu plano de retomar
Jerusalém. Foi aí que se destacou Bar Kochba, um homem comum que, de repente,
tornou-se um importante líder e foi considerado até mesmo um messias, graças ao
decisivo apoio do rabino Akiva, a maior liderança espiritual da Judéia. Bar Kochba logo
demonstrou seu talento militar. Ciente das limitações de seus comandados, ele evitou o
combate aberto com as forças romanas, claramente superiores, recorrendo a táticas de
guerrilha. Organizou pequenos grupos regulares de combate e, pouco a pouco,
conseguiu expulsar as tropas romanas de suas posições. Cerca de três anos após o início
da revolta, Bar Kochba conduziu seus soldados até Jerusalém, reconquistando a cidade e
proclamando o restabelecimento da independência do Estado Judeu.
Nomeado nasi (príncipe), Bar Kochba obteve amplos poderes e estabeleceu um Estado
teocrático. Nos anos que governou, ele ficou conhecido por seu estilo centralizador e
pragmático, adaptando as formas de administração romanas às novas condições. Suas
preocupações mais urgentes foram organizar um novo Exército nacional, controlar
pontos estratégicos para evitar a reação romana e redistribuir terras ao maior número
possível de agricultores a fim de garantir suprimentos em casos de emergência.
A resistência em Betar
Após os primeiros reveses, porém, a poderosa Roma reestruturou suas forças para
contra-atacar, enviando para a região mais soldados e seus melhores generais. Os
romanos começaram a construir estradas desde os portos no Mediterrâneo até os centros
das rebeliões. Com isso, foram derrubando posições importantes, menos ocupadas, mas
que eram fundamentais para o avanço militar. Já a partir de 133, Roma devastou regiões
como as de Beit Govrin (área de cultivo agrícola) e assentamentos das chamadas
“montanhas reais”. O objetivo era derrubar as posições, uma a uma, de forma que elas
não pudessem retornar às mãos dos judeus, isolando-os em Jerusalém e em outros
pontos afastados. Assim, Roma foi deixando os judeus sem suprimento de alimentos e
outros itens essenciais para a manutenção da estrutura do Reino de Israel.
Na primeira investida, que foi até 134, os judeus ainda resistiram. Mas já na primavera
do mesmo ano, os romanos atacaram de novo, cercando Jerusalém e isolando a cidade.
Os líderes da revolta, incluindo Bar Kochba, escaparam com suas tropas e refugiaram-se
em Betar, cidade próxima a Jerusalém. Ali resistiram até agosto de 135, quando
finalmente a fortaleza de Betar ruiu. Bar Kochba foi preso pelos soldados romanos e
condenado à morte. Decapitado, teve sua cabeça levada ao imperador Adriano como
troféu. Para os romanos, não bastou. A reação, espalhou-se por toda a Judéia, onde
cerca de 5 mil fortificações foram destruídas, quase mil aldeias foram arrasadas e mais
de 500 mil pessoas foram mortas. Dezenas de milhares de judeus, homens e mulheres,
foram capturados e vendidos como escravos. Foi a tragédia definitiva que arrasou
Jerusalém. Os judeus foram proibidos de pôr os pés na Terra Santa. Banidos do Império,
no evento conhecido historicamente como Diáspora, milhares deles espalharam-se
mundo afora. Depois disso, Jerusalém seria reconstruída pelos romanos, mas o
imperador Adriano ordenou a mudança do nome para Aelia Capitolina, para evitar
qualquer associação com a cidade sagrada que ele acabara de destruir.
A revolta liderada por Bar Kochba até hoje divide os historiadores. Alguns descrevem
esse episódio histórico como resultado de uma ação estúpida e desnecessária, que
causou sofrimento a um grande número de judeus. Outros consideram a rebelião como
um exemplo épico do heroísmo desse povo na luta contra a opressão dos romanos.
Outros candidatos a Messias. Além de Bar Kochba, vários outros personagens
despontaram, ao longo da história, como possíveis candidatos a messias para libertar os
judeus.
Veja os principais:
Menachem Ben Yehuda Entre tantos líderes messiânicos, o mais conhecido é Jesus Cristo. Mas, pouco depois do
ano 33, surgiu Menachem Ben Yehuda. Como Bar Kochba, ele também era um zelote e
liderou uma revolta contra Agripino II, atacando a fortaleza de Massada. Acabou
assassinado.
Nissin Ben Abraham Viveu no século 13 na cidade de Ávila, Espanha. Dizia ser um operador de milagres e
seus seguidores acreditavam que era abençoado por um anjo. Nissin fixou uma data em
1295 para a vinda do messias. Mas a previsão não se confirmou.
Shabbetai Zevi Viveu em Izmir no século 17, à época parte do Império Otomano. Conquistou muitos
seguidores, mas foi expulso e migrou para Salônica. Posteriormente, conquistou a
confiança de um rabino da cidade de Gaza, que corroborou suas pretensões messiânicas.
O sultão Memeht IV, no entanto, deu a ele a opção de morrer ou converter-se ao Islã.
Para surpresa de todos, Zevi ficou com a segunda alternativa.
Menachem Mendel Schneerson Último dos modernos proclamados messias, é o sétimo nome das lideranças do
movimento judaico ortodoxo Chabad Lubavitch, originário da Europa Oriental e hoje
sediado em Nova York. Essa onda expandiu-se especialmente a partir dos anos 1980,
encerrando-se após a morte de Schneerson, em 1994. Embora apontado por seus
seguidores como messias, ele nunca viajou para o Estado de Israel.
O messias tipifica Israel
O messias tipifica Israel Quando analisamos as escrituras e vemos nos evangelhos a história de Jesus, podemos
perceber que sua história tipifica a história de Isarael e do povo judeu em geral. Até
algumas profecias messianicas, confunden-se com porfecias para os Israelitas.
Muito já se foi discutido, entre judeus e cristãos, por exemplo, a profecia do servo
sofredor, de
Isaias 53; que o judaísmo defende ser Israel o servo sofredor, e a teologia cristã
enchergou em Jesus esse oraculo. Na verdade até Rabinos divergiram quanto a esta
profecia. Alguns acreditavam que o servo seria o messias, enquanto que outros, Israel.
Na verdade, a profecia poderia ser aplicada a ambos, devido a sua ambiguidade, e não
somente esta, mas várias profecias que o messias cumpriu, vemos uma situação
semelhante com relação aos judeus em geral.
Jesus começou sua pregação, com aproximadamente 30 anos, segundo os evangelhos
sinóticos e nada sabemos de sua infância ou o que ele fez antes disso. Isto nos lembra
dos judeus, fechados, retraidos, vivendo em progrons, aprendendo e levando uma vida
discretamente na sociedade, muitas vezes nem sendo percebidos. Muitas vezes,
sobretudo na idade média, as pessoas nem sabiam quem eram judeus, devido a sua
discrição e vida retraida.
Jesus Cristo começa então sua pregação revelando a palavra do próprio Deus. Segundo
Lucas, ele inicia sua pregação lendo o livro do profeta Isaías, e atribui a profecia a sí
mesmo:
"E, chegando a Nazaré,
onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e
levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro,
achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me
ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, A
pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os
oprimidos, A anunciar o ano aceitável do SENHOR. E, cerrando o livro, e tornando-o
a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos" Lc
4,16,21
Essa mesma profecia, o profeta Isaías atribuiu a sí mesmo, e alguns sábios judeus ao
povo judeu. "O espirito do Senhor esta sobre mim". No caso de Jesus, é claro que
isto não foi bem aceito pelos ouvintes da época, da mesma maneira que muitos não
aceitam que os judeus são o povo que Deus formou e o espirito de Deus esta sempre
com eles.
Jesus então é rejeitado, e perseguido até pela sua pregação. E vemos o que no povo
judeu, perseguição e rejeição! Jesus operou milagres e curas, como sinal de que fora
enviado por Deus, e mesmo assim, isto não amoleceu o coração das pessoas da época.
Da mesma maneira, vimos os judeus se destacando nas artes, na literatura, na ciência, na
politica e em todos os campos, e mesmo isto não os livrou das inquisições, cruzadas e
holocaustos!
Aliás, bem anterior a Jesus, vemos este mesmo tipo de atitudes em outros personagens
que pregavam a palavra de Deus e também tipificavam Israel. Moisés, Elias, jeremias,
Isaias, Rei David etc..... Todos padeceram na mão dos homens, sofreram rejeição e
foram perseguidos! Talvez o servo sofredor não seja uma pessoa, mas uma tipificação
de várias pessoas e de um povo!
Por fim, vemos o julgamento de um inocente, sua condenação e morte. O mesmo que
vimos na história, com o povo judeu. Passaram pelos tribunais do santo oficio, pelas
sharias islamicas, pela SS nazista etc.... e foram todos julgados e considerados culpados.
E condenados a morte.
E depois, finalmente, vemos Jesus ressuscitando ao terceiro dia, com poder e glória,
para testemunho de que Deus estava com ele. A mesma profecia que a teologia cristã
aplica a Jesus é a mesma que os judeus aplicam a sí mesmos, e o resurgimento de Israel:
"Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos
diante dele." (Oséias 6 : 2)
Considerando que para Deus um dia é como mil anos, os judeus foram perseguidos por
praticamente dois dias (dois mil anos) e no terceiro dia (milenio) resurgiram como
nação novamente.
Fora as analogias simples, como por exemplo, Jesus teve doze apostolos, representado
cada uma das doze tribos de Israel, dentre outras. Por isso, o messias tipifica seu próprio
povo. Perseguido, rejeitado, julgado e condenado, morto e por fim, ressussitado para
mostrar a glória e o poder de Deus! Por mais que os judeus passem por provações, eles
sempre tem a capacidade de recomeçar e de se reerguer.
A bíblia inteira aponta para o messias. E o messias tipifica Israel.
Yeshua no Talmud parte I
Yeshua HaMashiach
Yeshua no Talmud - por Rabino Joe Shulam(*) Uma concepção errônea tanto no mundo judaico como no cristão nos diz que o Novo
Testamento (B'rit HaDashá) pertence à Igreja e não ao povo judeu, que Jesus (e não
Yeshua) fundou uma nova religião, tornando obsoleto o Judaísmo como a religião da
Verdade e do único e verdadeiro D’us do povo judeu, o povo escolhido. Qualquer
concepção que pregue um novo Israel ou sobre um Israel espiritual reflete essa idéia –
que é corrente e prevalecente no mundo cristão –, que a Igreja tomou o lugar de Israel e
dos judeus, e que, por conseguinte, se os judeus quiserem ser salvos, precisam se tornar
cristãos, o que implica em deixar o judaísmo para trás.
-
Quando examinamos a Bíblia e documentos pós bíblicos do Judaísmo, vemos que o
Novo Testamento, seus ensinamentos, suas personagens e sua mensagem estão
profundamente enraizados no mundo do primeiro século, na Terra de Israel e na herança
judaica; tanto na herança bíblica do
Antigo Testamento, como, naturalmente, na herança rabínica contemporânea de Yeshua
HaMashiach. Tendo isso em vistas, essa série de palestras pretende apresentar o
conhecimento e a experiência que o judaísmo rabínico possui em relação ao tema do
Messias, e, mais especificamente, tratar da
questão de como as passagens literais do Talmud e da Mishná afetam nosso
entendimento sobre o mundo de Cristo e do próprio Novo Testamento.
Existem algumas definições que precisamos especificar e clarificar antes de iniciarmos,
de fato, nosso assunto. A primeira delas diz respeito ao que é o Novo Testamento: é um
documento da igreja ou é um documento histórico do povo judeu? Mas antes de
responder a essa pergunta, vamos analisar o termo “Novo Testamento”.
-
Está fixada no Cristianismo a percepção de que há um Novo e um Antigo Testamento.
O termo Novo Testamento, obviamente, não é advindo do livro que nós hoje assim
chamamos. O termo aparece pela primeira vez na boca do profeta Jeremias. No capítulo
31, verso 31 do Livro de Jeremias, o profeta diz, em nome do Senhor, que D’us fará um
novo testamento, um novo pacto, um novo contrato com o povo da Judéia e com o povo
de Israel. O termo nesse contexto não implica nem se refere a um livro. Refere-se a uma
aliança, como a aliança feita com Israel no Sinai, ou como a aliança feita com Abraão
no Monte Moriá. Chamar esses livros “Antigo Testamento” e “Novo Testamento”
implica numa designação incorreta. Esses livros são, na verdade, coleções que contêm o
mateial escrito durante um período de milhares de anos por, diriam alguns, mais de
quarenta autores diferentes, e esse material compilado forma a Bíblia. Considerando
apenas o vasto período de tempo e os variados ambientes culturais nos quais a Bíblia foi
escrita, temos uma gama de conformações históricas que vai da peregrinação no deserto
com Moisés ao governo do Reino de Israel pela Casa de David; do reino dividido em
seguida, sob forte influência e assédio da Assíria e, mais tarde, da Babilônia, ao retorno
do exílio sob a liderança de Esdras e Neemias. As centenas de anos pelos quais se
estendem esses períodos e as diferentes linguagens deixaram suas marcas sobre o povo
de Israel, e toda essa influência se faz sentir fortemente nos textos bíblicos. Da mesma
maneira, o Novo Testamento foi escrito durante um período que cobre uma centena de
anos, de Jesus ao final do primeiro século.
-
Também possui muitos escritores, alguns israelitas, outros imigrantes em Israel,
visitantes, ou estudantes estrangeiros, como o apóstolo Paulo, que era da cidade de
Tarshish, e foi para Jerusalém estudar na escola de Gamaliel. Entre eles há, inclusive,
um gentio [prosélito], Lucas, um médico grego. Em outras palavras, temos aqui uma
coleção de livros inspirados pelo Espírito Santo, escritos ao longo de milhares de anos,
e seria uma grande simplificação referir-se a essa compilação como Antigo e
Novo Testamento.
-
Sim! O livro que chamamos em português de Antigo Testamento é o mesmo TaNa'CH
hebraico, formado pela Torah, Neviim u’Ktuvim, suas três grandes divisões que
conhecemos, respectivamente, pelos nomes Pentateuco, Profetas e Escritos. Nele há
vários estilos literários diferentes, não se tratando somente de um contrato legal ou de
um testamento. Encontramos nele poesia, como o livro de Cânticos, que reúne belos
poemas de amor, ou o Canto de Débora, memorial de guerra pela vitória de Débora e
Baraque contra os Caananitas. Também há os Salmos de David, que são hinos
profundamente devocionais e emocionantes em louvor a D'us ou em petição por Seu
socorro. Inclui documentos históricos como porções dos livros de Samuel, 1º e 2º Reis e
1º e 2º Crônicas, e, igualmente, profecias, como os registros dos profetas clássicos
Isaías, Jeremias, Ezequiel, Miquéias, Amós e Habacuque. Este livro é uma abrangente
obra literária que possui desde documentação legal até narrativas contadas ao redor de
fogueiras, de poesia a documentos históricos. Ninguém pode simplesmente amontoar a
coisa toda e então dizer: bem, isso é a Lei tão somente.
-
No Novo Testamento também encontramos uma grande variedade de estilos literários,
inclusive material jurídico, visto que há leis no Novo Testamento. Paulo muitas vezes
fez (e também os apóstolos em Atos 15), sem dúvida, exigências legais; leis que estão
permanentemente sobre a Igreja, sobre todos os seguidores de Yeshua HaMashiach,
sejam eles judeus ou gentios, havendo exigências específicas para cada um
estabelecidas pelos apóstolos, pelo poder do Espírito Santo. Então,ninguém pode dizer,
como o Cristianismo tradicional tem dito, que o Velho Testamento é Lei, e oNovo
Testamento é Graça. Não! Há graça na Lei, e há lei na Graça que recebemos de
Jesus Cristo.Amontoar essas coisas e dizer “Velho Testamento” e “Novo Testamento”
é um erro, uma grave incompreensão. A terminologia bíblica não é essa. Aqueles termos
originam-se na tradição cristã e foram atribuída aos livros que chamamos de Bíblia.
Sendo assim, quando nos referirmos ao Novo Testamento, a pergunta que precisa ser
feita é: este é um livro do Cristianismo, ou é um livro judaico? Quando alguém examina
o Cristianismo, mesmo no segundo século ou no século XX, imediatamente percebe que
os problemas com os quais o Novo Testamento trata são problemas não-cristãos; não
trata de problemas eclesiásticos, não trata de problemas como a Imaculada Conceição
(nascimento virginal), ou do Papa, ou de arcebispos,cardeais, nenhuma dessas coisas
que são todas próprias do Cristianismo. Nem os dias santos, nem a política, nem a
doutrina básica cristã é assunto discutido no Novo Testamento. Todas as questões
mencionadas nele estão circunscritas ao mundo judaico do primeiro século. Por
exemplo, um dos principais problemas que Paulo examina numa série de cartas, foi o
que fazer com os gentios: se deveriam manter a lei de Moisés ou não, se deveriam ser
circuncidados ou não. Esse não é um problema da Igreja gentílica, mas judeus fazem
essas perguntas e judeus deram respostas para essas
questões por inspiração de D’us e do Espírito Santo.
A estrutura que sustenta o Novo Testamento é a estrutura do Judaísmo, a igreja
primitiva era uma igreja judia. De fato, D’us precisou convencer a Pedro, por meio de
uma visão sobrenatural, que ele teria que pregar aos gentios, naquela ocasião, Cornélio e
sua família em Cesaréia. D’us não havia tornado claro para os apóstolos, antes daquela
visão, que os gentios também deveriam ser alcançados pelo Evangelho. Isso teve que
esperar, e foi revelado apenas ao final do ministério de Yeshua, depois de sua
ressurreição e antes de sua ascensão, quando enviou os apóstolos a todas as nações. Em
outras palavras, por três anos o Messias ensinou aos apóstolos, ao povo de Israel,
debateu com os fariseus e com os saduceus, e, durante esses três anos, não temos
registro que tenha dito: “Escutem, o profeta de Israel, Isaías, disse: minha casa será
chamada casa de oração para todas as nações”1. Ao invés disso, temos um relato
muito diferente sobre uma mulher siro-fenícia que veio até Yeshua para ser curada2. Ele
disse a ela: “ninguém dá a comida dos filhos para os
cãezinhos”. Somente após ela ter insistido e comovido Yeshua com sua humildade e
avidez por ser curada pelo nome do D’us de Israel, ele curou sua filha. Não há indícios
que em seu ministério os gentios teriam direito a alguma parte no domínio da salvação.
E o domínio da salvação para Yeshua e seus apóstolos está no mundo judaico, no
mundo da Torá, no universo da Terra de Israel noprimeiro século, do qual Yeshua nunca
se separou nem se ausentou. Ele nunca foi à escola em Roma, muito menos se graduou
em Harvard.
Retomemos nossa questão: o Novo Testamento é um livro judeu, sim ou não? Se for um
livro judeu, então para entendê-lo, nós precisamos recolocá-lo em seu lugar de origem,
de volta ao seu ambiente histórico, lingüístico, cultural e religioso originais. Creio que
essa é a única forma pela qual podemos entender o Novo Testamento e seu real
significado para nós hoje.
...Mesmo se o
tornarmos de volta ao contexto do primeiro século, nesse contexto, que é judaico,
alguém poderia
objetar que aí também encontraríamos relações e a presença de elementos do judaísmo
helenístico;
-
mas, ainda assim, não é o Helenismo propriamente dito, mas o judaísmo helenístico,
que era um dos constrangimentos culturais nos quais a Terra de Israel estava
mergulhada naquele momento. Ainda assim, continua sendo um livro judeu, com uma
mensagem judaica3.
Ele começa com as seguintes palavras: “Esse é o livro das gerações de Yeshua, o
Messias, o filho de David, o filho de Abraão”. Esse versículo por si só enquadra todo o
contexto do Evangelho dentro do Judaísmo. Em primeiro lugar, o escritor diz que este é
o livro das gerações. Se alguém checar a terminologia, notará algo muito interessante
nessa passagem. Existe somente um outro lugar na Bíblia em que essa frase é usada, em
Gênesis capítulo 5, versículo 1: “Esse é o livro das gerações de Adão”. O escritor de
Mateus, por inspiração, principiou o Evangelho com essas palavras a fim de relembrar
ao leitor que D’us criou o homem. Ele o criou do pó da terra, soprou dentro dele o
fôlego da vida, e D’us, que criou o homem, não enfrenta problema algum para fecundar
uma mulher de maneira sobrenatural, fazendo vir Seu Filho para o mundo em carne; e,
segundo, assevera que Ele cumpriu sua promessa de que o Messias procederia do Rei
David e de
Abraão.
-
Nota do Tradutor: 1 Nota do Tradutor: Na verdade, na descrição da expulsão dos vendilhões do Templo,
tanto Mateus (21:13) quanto Lucas (19:46) reproduzem a fala de Yeshua citando, de
fato, o profeta Isaías (Is 57: 6), omitindo, porém, a parte final do versículo (...para
todas as nações), que apenas aparece em Marcos (11: 17). João (2: 16) não inclui os
versos de Isaías seu relato. Em todo caso, é preciso esclarecer que aqui o Rabino
Shulam refere-se à omissão, no mínimo, da extensão das Boas Novas aos gentios
durante o ministério de Yeshua. Mesmo na forma encontrada em Marcos,(11: 17). João
(2: 16) não inclui os versos de Isaías
em seu relato. Em todo caso, é preciso esclarecer que aqui o Rabino Shulam refere-se à
omissão, no mínimo, da extensão das Boas Novas aos gentios durante o ministério de
Yeshua. Mesmo na forma encontrada em Marcos, a citação de Isaías não pode ser
tomada como evidência explícita da inclusão dos gentios no ministério de Yeshua, pelo
menos não antes da ordenação da missão universal aos discípulos (Mt 28: 19; Mc 16:
15 e 16; Lc 24:47) pouco antes da Ascensão. Ao contrário, segundo vemos nas
instruções aos doze em Mateus (Mt 10: 5 e 6), o Mestre instrui seus discípulos a se
“desviar dos gentios e samaritanos” e dirigir-se às “ovelhas perdidas da Casa de
Israel”. Somado a isso, a citação não se encontra num contexto de debate sobre o papel
e participação dos gentios, mas é uma exortação cheia de zelo contra os vendilhões e
todos os que desfiguravam o ambiente e propósito do Templo. 2 Mc 7:26
---------------------
O Rei David e Abraão, por sua vez, são as duas figuras na História Israelita que
receberam uma promessa da parte de D’us, uma promessa incondicional que inclui a
salvação do povo de Israel e benção para todas as nações, e são, portanto, mencionadas
no primeiro versículo do Evangelho de Mateus para relembrar o leitor que aquilo que irá
ler, a história do Messias, de Yeshua, de Jesus, é um capítulo dentro da História de
Israel.
-
Não é a história de Roma, não é a história do Protestantismo, não é a história de Calvino
ou Lutero,é a história de povo judeu, e Jesus é aquele mesmo Messias esperado por
nossos antepassados. E essa espera, essa expectativa pela vinda do Messias, é, foi e
sempre será a esperança de Israel. Essa não é a esperança do mundo, porque o mundo
naquele tempo e ainda hoje, em sua maior parte, é idólatra; adoram a uma
multiplicidade de deuses, não ao Uno e Único D’us, de quem nós dizemos:
“Shmá Yisrael, Adonay Eloheynu, Adonay Echad” – “Ouve, Ó Israel, o Senhor seu
D’us é Um”.
3 Nota do Tradutor: Segundo Oskar SKARSAUNE “o judaísmo absorveu idéias helenísticas sem perder sua
identidade e sem comprometer seus princípios essenciais. Essas novas idéias
[helenísticas] foram usadas, nas
palavras de M Avot 1.1, 'para erigir uma proteção em torno da Torá', para glorificá-la,
e não para destruí-la. (...)Assim, uma vez reconhecidas a exclusividade do Israel de
D'us e a validade absoluta de sua Lei, os sábios podiam usar de larga liberalidade na
aplicação das idéias e dos conceitos gregos em suas reflexões sobre a Torá” (À sombra
do Templo. São Paulo: Editora Vida, 2004). Ou seja, uma vez resguardada a
prescedência da Torá como verdade revelada, qualquer idéia ou conceito que
“sobrevivesse” ao seu rigoroso crivo poderia ser, e acabou por ser, absorvido e
integrado ao pensamento judaico. O caso mais famoso e significante, presente,
inclusive, no NovoTestamento, é a identificação do logos, a lei oculta que rege todo o
universo ou razão divina, com a Torá, o padrão eterno mediante o qual tudo foi criado.
Portanto, mesmo o judaismo helenístico está longe de ser uma espécie de judaísmo
“paganizado”, antes, é mais uma expressão da
autonomia e consistência do pensamento judaico frente às mais elevadas formas de
pensamento pagão.
É importante, então – e mais importante para nós se realmente quisermos saber a
verdade e entender
qual é a vontade de D’us –, entendermos que aquilo com que estamos tratando aqui é
um livro judaico. Estamos tratando com um livro que é judeu em sua profundidade, em
sua linguagem, em sua teologia e em seu universo conceitual. Para entende-lo, temos
que voltar ao primeiro século, e tentar compreender o que os ensinamentos, as
parábolas, as declarações de Yeshua, o que as histórias e os conflitos com os fariseus e
com os saduceus realmente significam naquele contexto.
Somente então podemos estar seguros que realmente temos uma concepção bíblica de
fé, graça,esperança, vida eterna e salvação.
-
Vejamos, então, quais ferramentas temos que nos ajudam a compreender o universo de
Yeshua HaMashiach, o mundo judaico do primeiro século. Quais ferramentas temos à
nossa disposição e que nos possibilitam fazer tal coisa? Primeiro e antes de tudo, temos
o Antigo Testamento (do qual já falamos), o livro santo que Yeshua usou, que leu na
sinagoga em Nazaré, o mesmo livro que citou várias vezes diante de seus oponentes, o
livro sobre o qual o apóstolo Paulo disse: “Toda escritura é inspirada por D’us, e é
proveitosa para exortar e corrigir, ensinar e instruir”4. É esse livro que Paulo usava para
provar, nas sinagogas em Tessalônica, Beréia e Corinto, que o Messias havia vindo.
Quando Paulo ensinava, fazia citações do Antigo Testamento, da Torá, que diziam que
ele (o Messias) devia sofrer, ser enterrado, devia ressuscitar dos mortos e assentar-se à
direta de D’us. Ele não tinha Mateus, Marcos, Lucas e João à sua disposição, não tinha
nem mesmo a epístola aos Gálatas, uma vez que ele não a havia escrito ainda.
Tampouco possuía o livro de Romanos quando estava andando por Listra e Pérgamo,
Icônio, Éfeso e Colossos, ensinando a judeus e gentios que Yeshua é o Messias. O que
possuía eram os livros de Moisés, e, talvez, alguns dos livros dos profetas à sua
disposição – isso era tudo o que tinha.
Então, a primeira fonte para compreender o Novo Testamento, naturalmente, é o
chamado Velho
Testamento, mas existem outras fontes. No próprio Novo Testamento, nós temos
citações de muitos
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4 1Tm 3:16 -----------
dos mais populares livros no tempo de Yeshua HaMashiach. Temos citações de Enoch,
do livro de
Eclesiástico, ou ben Sira em hebraico. Nós temos citações de material rabínico, e temos
uma sériede fontes que são citadas e claramente procedem do ambiente judaico daquele
período, e foram usadas para apresentar Yeshua como Messias.
Além dessas fontes do período intertestamental, que estão parcialmente citadas no Novo
Testamento pelos próprios apóstolos e evangelistas, temos Josefo – Josephus Flávios,
Yosef ben Mattityahu, em hebraico. Ele era um general das forças de resistência contra
os Romanos, mas foi capturado, levado cativo e adotado pela Casa dos Flávius, a
família dos Imperadores. Tito e Vespasiano adotaram Josefo e o transformaram numa
espécie de historiador particular da família.
Como parte de sua reação à guerra Romana, ele escreveu as duas mais importantes
obras para se
entender o primeiro século, as Antiguidades Judaicas e Guerras Judaicas.
Após Josefo temos uma “pausa” no tempo até Judá HaNasy, um rabino da Terra de
Israel que viveu
na Galiléia e coletou, no final do segundo século, as deliberações e discussões dos
rabinos entre o
primeiro século aEC e o primeiro século EC, e também de parte do segundo século. Ele
reuniu os relatos com o propósito de preservar o processo de discussão pelo qual os
rabinos chegaram às
conclusões dos aspectos práticos do cumprimento da lei na realidade pós Templo. Como
é sabido, o
Templo foi destruído em 70 EC, e desde então nunca mais foi reconstruído. Após sua
destruição,
aconteceu a revolta de Bar Kochba (c. 135 EC) e os judeus foram perversamente
dispersos pelos
romanos. Por essa razão (a diáspora), Rabi Judá considerando ser importante preservar
essas
deliberações legais, as reuniu num volume que passou a ser conhecido
como Mishná. -
A palavra Mishná vem do hebraico “lishnot” que significa “estudar”, ou, numa
tradução mais livre, as discussões, ou os estudos dos rabinos a respeito das leis,
especialmente no Judaísmo pós Templo. Muitas deliberações legais remontam ao
primeiro século aEC, e são citadas por rabinos contemporâneos a Yeshua, em Israel, já
no primeiro século EC. Essa é, portanto, a Mishná. No começo do 4º século havia uma
compilação formada pelas discussões dos rabinos sobre a Mishná; em outras palavras,
os rabinos continuaram suas discussões tentando entender e chegar ao cumprimento
pleno das leis apresentadas na Mishná. Isso foi feito tanto na Babilônia, como na Terra
de Israel, resultando em dois Talmudes. Talmude é, por conseguinte, a discussão
rabínica sobre o material que Rabi Judá HaNasy reuniu, e formado por duas seções: a
Mishná, e a discussão sobre a Mishná, chamada Guemará.
-
Guemará no dialeto aramaico significa “estudo”. Mishná também significa “estudo”,
mas em hebraico, e refere-se aos primeiros estudos dos rabinos, também chamados
tannaim. Assim, os rabinos que estão discutindo na Mishná são chamados tannaim, e os
que estão na Guemará são chamados ammoraim. Os tannaim são frequentemente
citados pelos rabinos na Guemará, os ammoraim, uma vez que são rabinos anteriores.
Existem também passagens ou discussões que pertencem ao primeiro século, do período
tannaítico, chamadas Baráita – passagens externas à Mishná, que foram preservadas
pela tradição judaica oralmente em sua maior parte, mas não somente assim.
-
Temos, então, no Talmude, muitas passagens que pertencem ao tempo de Yeshua. Elas
não são de todo confiáveis, mas dispomos de métodos críticos que salientam pela
linguagem, e a contento, se realmente pertencem ao tempo de Yeshua, ao primeiro
século EC, ou se foram produzidos posteriormente e atribuídos a escritores e rabinos
anteriores. A crítica textual é feita pela análise e comparação dos diferentes costumes,
semelhanças e proximidades entre os rabinos do Talmude.
Logo, não precisamos temer em considerar o Talmude um documento válido para a
compreensão do contexto em que se insere o Novo Testamento. Desse modo,
encontramos passagens e discussões relevantes que descrevem realidades
contemporâneas ao apóstolo Paulo e às palavras de Yeshua HaMashiach. Essa é a razão
pela qual precisaremos examinar todo esse material ao tentar compreender o Novo
Testamento em seu contexto histórico. O elemento pertencente ao mesmo contexto, que
lança luz sobre que acontecia no mundo do Novo Testamento e que está ao nosso
dispor, como acabamos de ver, é a literatura judaica daquele período. Daremos um
pequeno exemplo antes do final dessa primeira lição introdutória.
-
Tomemos o caso do apóstolo Paulo. Foi-nos dito no Livro de Atos que o apóstolo Paulo
participou da execução do diácono Stephanus, Estavão, segurando as capas das pessoas
que o condenaram e que, em seguida, o levaram para fora da cidade e o apedrejaram. A
impressão que é deixada nos leitores é que Paulo seria uma espécie de mordomo ou
criado. As pessoas deixavam suas capas nas mãos dele, ou aos seus pés, e logo depois
seguiam para apedrejar Estevão. Entretanto, mais tarde lemos que Paulo chamou a si
mesmo de “o chefe dos pecadores”. Ali ele se refere ao apedrejamento de Estevão como
um evento muito traumático, e está atribuindo a si uma profunda culpa (que nunca foi
completamente minorada na consciência de Paulo). Anos mais tarde ele continua
mencionando o evento. Entretanto, ser apenas um rapaz que guarda chapéus e capas não
deveria fazer com que alguém se sentisse tão culpado. A fim de entender o que isso
significa, precisamos procurar no Talmude, que nos diz como uma pessoa era levada
para fora da cidade para ser apedrejada, o procedimento que isso envolvia e o
verdadeira papel que esse guarda-capas desempenhava durante o prosseguimento da
execução.
-
O Talmude Babilônico, no tratado Sanhedrin, p. 42 a, b e também p. 43 a, b descreve o
processo de
execução e nos conta que quando tiravam alguém da corte para ser apedrejada fora dos
muros em Jerusalém, um homem era enviado a cavalo, ou posicionado em algum lugar
alto, no meio do caminho entre o tribunal e o local da execução – que era usualmente
um lugar baixo, como o fundo de um vale, presumivelmente de onde a pessoa pudesse
ser arremessada de um penhasco ou barranco. A esse homem a cavalo, ou posicionado
de forma visível e destacada, era dado, o Talmude diz, um sudar – do grego sudarus, a
mesma raiz das palavras suéter e sudário. Ele recebia esse sudar, uma espécie de lenço
ou xale, e permanecia sobre no cavalo e posicionado a meio caminho, entre o local da
execução e o tribunal; esse homem era, geralmente, o promotor do caso,ou seja, o
responsável pela acusação. A razão pela qual se posicionava dessa maneira se deve ao
simples fato de que, uma vez que naquela época não existirem telefones celulares, era
esta a forma mais rápida de comunicar o surgimento de alguma nova evidência ou
testemunha, caso fosse apresentada ao tribunal depois que a execução começasse, ou se
alguém apresentasse nova alegação para defender o acusado. O Talmude descreve em
detalhes como esse promotor poderia, permanecendo lá, num lugar alto ou sobre o
cavalo, sacudir o lenço (o sudar), e suspender a execução instantaneamente, mesmo
depois de iniciada.
-
Esse era o trabalho de Paulo, e por isso ele sentia tanta culpa, uma vez que de fato era o
responsável jurídico pela execução. Ele era o promotor do caso, e sabia, em seu coração,
que Estevão estava sendo executado não por um crime contra o Templo, não por um
crime contra o povo judeu, mas porque cria que Yeshua de Nazaré levantou-se da
morte, que era o Messias de quem os profetas falaram, a única esperança de salvação
para o povo judeu e para todo o mundo. Aquela culpa era porque Paulo poderia parar a
execução, porque Paulo sabia que a acusação era falsa e foi trazida por falsas
testemunhas. A culpa por não ter parado a execução de Estevão fazia com que se
sentisse o maior dentre todos os pecadores.Sem conhecer esses pequenos detalhes que
nos são revelados no Talmude, nós seríamos deixados no escuro quanto às reais razões
pelas quais Paulo sentia-se tão culpado. Existem muitos outros detalhes que nas
próximas lições iremos usar para clarificar os textos, e tentar entender o contexto e
ambiente do Evangelho, as Boas Novas que estão registradas para nós no livro que
chamamos Novo Testamento.
Os sinais em jerusalém,segundo Josefo
História dos hebreus de Flavio Josefo
Historiador judeu do primeiro século
Todos os que acreditam na Volta de Jesus (1ª Tessalonicenses 5: 1 a 11), devem
observar o relato do Escritor Judeu Flávio Josefo (37 a 103 DC) no seu Livro “A
História dos Hebreus”- Obra Completa –II Parte – livro sexto, capítulo 31, página 680
e 681, publicado pela CPAD – em que Deus procura de todos os meios, avisar antes de
executar o Seu Juízo.
O relato de Flávio Josefo se refere aos Sinais antes da destruição de Jerusalém no ano
70 DC, os quais eu transcrevo na sequência. O relato de toda a operação de Guerra dos
Romanos contra a Cidade por ser muito extenso não tenho como transcrever. É
impressionante como Deus usou , e usa, dos mais variados modos para avisar.
Todo evangélico deve conhecer esse relato antes de formular opinião apressada ou
irônica sobre o que afirmo em relação “A Volta de Jesus”.
Abaixo transcrevo na íntegra o relato de Flávio Josefo, sobre os Sinais antes da
destruição:
“Sinais e predições da desgraça que sobreveio aos judeus, aos quais eles não deram
crédito.
Relatarei aqui alguns desses sinais e dessas predições. (relato de Flávio Josefo)
Um cometa, que tinha a forma de uma espada (CRUZ), apareceu sobre Jerusalém,
durante um ano inteiro.(Mt 24,30)
Antes de começar a guerra, o povo reunira-se, a oito de abril, para a festa da Páscoa, e
pelas nove horas da noite, viu-se, durante uma meia hora, em redor do altar do Templo,
uma luz tão forte que se teria pensado que era dia.
Os ignorantes tiveram-na como um bom augúrio, mas os instruídos e sensatos,
conhecedores das coisas santas, consideraram-na como um presságio do que depois
sucedeu. Durante essa mesma festa uma vaca que era levada para ser sacrificada, deu à
luz, um cordeiro no meio do Templo.
Pelas seis horas da tarde a porta do Templo que está do lado do oriente e que é de
bronze e tão pesada que vinte homens mal podem empurrar, abriu-se sozinha, embora
estivesse fechada com enormes fechaduras, barras de ferro e ferrolhos, que penetravam
bem fundo no chão, feito de uma só pedra.
Os guardas do Templo avisaram imediatamente o magistrado do que acontecera e lhe
foi bem difícil tornar a fechá-la.
Os ignorantes interpretaram-no ainda como um bom sinal, dizendo que Deus abria em
seu favor suas mãos liberais, para cobri-los de toda sorte de bens. Mas, os mais sensatos
julgaram o contrário, isto é, que o Templo destruir-se-ia por si mesmo e que a abertura
de sua porta era presságio, o mais favorável, que os romanos pudessem desejar. Um
pouco depois da festa, a vinte e sete de maio aconteceu uma coisa que eu temeria
relatar, de medo que a tomassem por uma fábula, se pessoas que também viram, ainda
não estivessem vivas e se as desgraças que se lhe seguiram não tivessem confirmado a
sua veracidade.
Antes do nascer do sol viram-se no ar, em toda aquela região, carros cheios de homens
armados, atravessar as nuvens e espalharem-se pelas cidades, como para cercá-las.
(Mt 24:30)
No dia da festa de Pentecoste, os sacrificadores estando à noite, no Templo interior,
para o divino serviço, ouviram um ruído e logo em seguida uma voz que repetiu várias
vezes: Saiamos daqui !
Quatro anos antes do começo da guerra, quando Jerusalém gozava ainda de profunda
paz e de fartura, Jesus, filho de Anano, que era um simples camponês, tendo vindo à
festa dos Tabernáculos, que se celebra todos os anos no Templo, em honra a Deus,
exclamou: “Voz do lado do oriente, voz do lado do ocidente, voz do lado dos quatro
ventos, voz contra Jerusalém e contra o Templo: voz contra todo o povo”.
Dia e noite ele corria por toda a cidade, repetindo a mesma coisa. Algumas pessoas de
condição, não podendo compreender essas palavras de tão mau presságio, mandaram
prendê-lo e vergastá-lo; mas ele não disse uma só palavra para se defender, nem para se
queixar de tão severo castigo e repetia sempre as mesmas coisas.
Os magistrados, então, pensando, como era verdade, que naquilo havia algo divino,
levaram-no a Albino, governador da Judéia. Ele mandou açoitá-lo até verter sangue e
nem assim conseguiram arrancar-lhe um único rogo, nem uma só lágrima, mas a cada
golpe que se lhe dava, ele repetia com voz queixosa e dolorida: “desgraça sobre
Jerusalém”.
Quando Albino lhe perguntou quem ele era, de onde era, o que o fazia falar daquela
maneira, ele nada respondeu. Assim despediu-o como um louco e não o viram falar com
ninguém, até que a guerra começou.
Ele repetia somente e sem cessar as mesmas palavras: “Desgraça, desgraça sobre
Jerusalém”, sem injuriar nem ofender aos que o maltratavam, nem agradecer aos que lhe
davam de comer. Todas as suas palavras reduziam-se a tão triste presságio e as proferia
com uma voz mais forte nos dias de festas. Assim continuou durante sete anos e cinco
meses, sem interrupção alguma, sem que sua voz se enfraquecesse ou se tornasse rouca.
Quando Jerusalém foi cercada viu-se os efeitos de suas predições. Fazendo então a
volta às muralhas da cidade, ele se pôs ainda a clamar: “Desgraça, desgraça sobre a
cidade, desgraça sobre o povo, desgraça sobre o Templo”. Tendo acrescentado
“desgraça sobre mim”, uma pedra atirada por uma máquina, derrubou-o por terra e ele
expirou proferindo ainda as mesmas palavras.
Se quisermos considerar tudo o que acabo de dizer, veremos que os homens perecem
somente por própria culpa, pois não há meios de que Deus não se sirva para procurar-
lhes a salvação e manifestar-lhes por diversos sinais o que eles devem fazer. Assim, os
judeus, depois da tomada da fortaleza Antônia, reduziram o Templo a um quadrado
embora não pudessem ignorar o que está escrito nos livros sagrados, que a cidade e o
Templo seriam destruídos quando aquilo viesse a acontecer.
Mas o que levou principalmente a encetar aquela infeliz guerra, foi a ambiguidade de
outra passagem da mesma Escritura, que dizia que se veria naquele tempo, um homem
de seu país, governar toda a terra.
Eles o interpretavam em seu favor e vários mesmo dos mais hábeis enganaram-se” (Até
aqui o relato de Flávio Josefo)
Como disse Jesus: "Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que
todas estas coisas aconteçam" Mt 24,34
O preterismo prova através da bíblia e da história que a grande tribulação já aconteceu!
Ignorar isto é transformar Jesus em um falso profeta!
Os ensinos de Jesus e dos Rabinos
O Mashiach Yeshua deixou muitos ensinamentos, não escreveu nenhum livro mas sua
biografia foi exposta em quatro livros chamados de Evangelhos, muitos religiosos,
educadores e até mesmo filósofos ao longo dos
séculos vêm se maravilhando com tais ensinamentos deixados pelo Grande Rabbi judeu
que viveu no primeiro século, porém, para os ocidentais que desconhecem em sua
grande maioria os escritos judaicos que compõem o Talmud não percebem uma grande
semelhança de ensinamentos do Talmud com os ensinos de Yeshua,
em consequência deste fato, os judeus hassídicos acusam Yeshua de ter
cometido plágio, isto é, ter copiado ensinamentos de rabinos que viveram antes
dele, dentre estes rabbis, o que é mais citado ou pelo menos seus ensinamento muito se
parecem com os de Yeshua, estou me referindo ao grande e respeitado Rabbi Hillel,
algumas citações deste Rabbi chegam ser as mesmas citações na íntegra de Yeshua.
Sobre Hillel o Talmude Sukot 28a. nos dá algumas informações, judeu da tribo de
Benjamim que viveu entre os anos de 60ac. à 9dc., era um Rabbi amável com seus
discípulos e com estranhos também, tinha 80 discípulos dispostos em pares(2 em 2) que
difundiam seus ensinamentos, o que nos chama a atenção é o fato de Yeshua também
possuir discípulos dispostos em pares de 2 em 2, apenas com uma diferença, Yeshua
tinha 70 discípulos(Lucas10:1). Para que os chaverim possam analisar melhor
esta questão, passarei a expor uma lista das principais citações de Hillel,juntamente com
as citações de Yeshua e no final farei uma análise geral do assunto.
As citações de Yeshua e de Hillel - Semelhanças Passarei agora a mostrar as principais citações de Yeshua que são muito parecidas
quando não idênticas com as citações do Rabbi Hillel que chegou a ser contemporâneo
de Yeshua, quanto este era menino.
Yeshua: "Bendizei aos que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam"(Lucas6:28)
Hillel: "Se alguém busca em te fazer o mal, farás bem em orar por ele"(Talmud Bavil
Shabat 158c)
Yeshua: "Porque eu vos digo: até que o céu e a terra passem, nenhum yod ou til jamais
passará da Torah, até que tudo se cumpra"(Mateus5:18)
Hillel: "Nenhuma letra da Torah jamais será abolida"(Talmud Shemot Raba 6.1)
Yeshua: "Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão
misericórdia"(Mateus5:7)
Hillel: "Aquele que é misericordioso para com os outros receberá misericórdia do
Céu"(Talmud Bavil Shabat 158b)
Yeshua: "Porque vês o cisco no olho de teu irmão, e não reparas a trave que está no teu
próprio olho"(Mateus7:3)
Hillel: "Eles falam: 'Remova o cisco de teu olho', e ele retrucará: 'Remova a trave que
está em seu próprio olho"(Talmud Bavil Baba Bathra 15b)
Yeshua: "O Shabat foi feito por causa do homem e não o homem por causa do
Shabat"(Marcos2:27)
Hillel: "O Shabat foi feito em prol do homem e não o homem por causa do
Shabat"(Talmud Bavil Yoma 85b)
Yeshua: "Tudo, quanto pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós a
eles, porque esta é a Torah e os Profetas"(Mateus7:12)
Hillel: "Não faça aos outros o que não deseja que façam a você, esta é toda a Torah, o
restante é comentário, vai e pratica isto"(Talmud Bavil Shabat 31a)
Yeshua: "Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança fora de
ti........"(Mateus5:29)
Hillel: "Se o teu olho direito de ofende, arranca-o e corta fora......(Talmud Bavil Nidah
13b)
Yeshua: "Não julgueis para não serdes julgado, pois, com a medida com que julgares,
sereis julgado também, e com a medida com que tiverdes medido vos medirão
também"(Mateus7:1e2)
Hillel: "A mesma medida com que um homem mede, eles usarão para medi-lo em
retorno"(Talmud Sotah 8b - middah keneged middah)
Yeshua: "Qualquer, porém, que fizer ropeçar a um destes meus pequeninos que creem
em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de
moinho, e fosse afogado nas profundezas do mar"(Mateus18:6)
Hillel: "Com tamanha pedra amarada ao pescoço, como poderá ele ocupar-se de estudar
a Torah"(Talmud Bavil Kidushin 29b)
Yeshua: "Estava nu e me vestistes, enfermo e me visitastes, preso e foste ver-
me"(Mateus25:36)
Hillel: "Adonai Eterno é descrito vestindo os nus(Adão e Eva - Gên.3:21), visitando os
doentes(Abraão - Gên.18:1), confortando os enlutados(Isaak - Gên.24:63) e sepultando
os motos(Moisés - Deut.34:5e6)"(Talmud Sotah 14a)
Esta próxima citação de Yeshua é muito semelhante a de um outro Rabbi chamado
Shammai que foi também contemporâneo de Hillel e que aliás eram opositores um do
outro, Yeshua concorda com Shammai no caso do divórcio.
Yeshua: "Eu porém, vos digo: Qualquer que repudiar sua mulher, exceto no caso de
relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera......"Mateus5:32)
Shammai: "Vocês só deverão dar carta de divórcio se vossas mulheres cometerem
adultério....."(Talmud Bavil em Mishinah Gittin 9:10)
Nisto vemos que Yeshua conhecia muito bem o Talmud ensinado em seu tempo, e em
sua grande maioria são bons ensinamentos, não concordo com meus irmãos hassídicos
quando acusam Yeshua de plagiar os rabinos do passado, afinal, isto é muito comum até
hoje, um rabino usar ensinamentos de outro rabino famoso, entendo que foi o que
aconteceu com Yeshua.
Quem tomou de quem?
"Os rabinos costumam dizer: “Yeshua, o Nazareno, não ensinou coisas novas; todos os
belos provérbios que ele usava não provinham dele. Todas as palavras de moral que
ensinava não eram dele. Ele bebeu toda sua inovação dos ensinos rabínicos.” Opiniões
como esta são as difundidas nos meios judaicos, e que freqüentemente os propagadores
das Boas Novas de Yeshua o Messias se deparam com ela freqüentemente"
“Nas próximas linhas, serão comparadas as proclamações do “Nazareno” e as
proclamações de diferentes rabinos, com seus respectivos nomes, bem como a época
que viveram. Com isso, discutiremos quem poderia ter recebido de quem seus
respectivos ensinamentos.
1. Rabi Gamaliel Barabi, disse: “todo aquele que se compadece pelas pessoas, haverá
compaixão sobre ele desde os Céus; e todo aquele que não se compadece pelas pessoas,
não virá
sobre ele a compaixão desde os Céus.” (Talmude babilônico, Shabat 151a).
Yeshua, o Nazareno, disse: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles
alcançarão misericórdia.” (Mt 5;7).
Estes dois ditos são semelhantes, sendo um longo e o outro curto. Quem foi o primeiro a
ensinar ao mundo a importância da misericórdia e a sua grandeza? Sem dúvida que foi
Yeshua, o Nazareno, que viveu quase duzentos anos antes de Rabi Gamaliel Barabi!
2. Disse o Rabi Abahu: “Um homem deve sempre tentar ser [parte do grupo] dos
perseguidos, e não [ser parte do grupo] dos perseguidores, já que não existe
nenhuma dentre as aves mais perseguidos do que pombas e pombos, e ainda Escritura
os [privilegiou] serem preparados sobre o altar1. (Talmude Babilônico, Bavá Qamá
93a).
Disse Yeshua o Nazareno: “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da
justiça, porque deles é o Reino dos Céus.” (Mt 5:10). Yeshua precedeu a Abahu em 300
anos; por isso não há como argumentar que ele extraiu suas palavras de Rabi Abahu.
3. Resh Lakish disse: “Todo [aquele que] estende a mão contra seu companheiro se
chama iníquo”2.
Yeshua disse: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu
irmão, será réu de juízo;” (Mt 5:22).
Entre estes dois princípios há uma similaridade interna e não exterior. Há entre eles uma
relação sinalizando que os dois procederam de uma única origem. Qual é a origem?
Yeshua, o Nazareno, já que Resh Lakish não nascera a não ser quase 180 anos depois de
Yeshua, o Messias.
4. Disse Rabi Yossi, em [nome de] Rabi Yehudá: “Será, pois, teu sim justiça e o teu não
justiça!”, Abaiê disse: “que não fale uma coisa no coração e outra pela boca” (Baba
Metsiá 49a).
Yeshua, o Nazareno, disse: “Seja, pois, teu falar sim sim e não não” (Mt 5:37). Rabi
Yossi e Abaiê ensinaram sua doutrina 250 anos depois de Yeshua.
5. Raba disse: “Todo [aquele] que perdoa as suas retaliações, são perdoados todos os
seus pecados” (Derech Eretz Zutá 8).
Yeshua, o Nazareno, disse: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai celestial vos perdoará a vós;” (Mt 6:14) –quase 300 anos antes de Raba.
6. Ensinava Rabi Shimeon bar Eliezer: “Vistes dentre teus dias animais e aves que
possuem criadores e eis que se alimentam estes seres e não vivem em sofrimento, e não
foram criados a não ser para nós os usemos? E eu, que fui criado para se utilizar
da criação, não terei minhas necessidades, pois, saciadas e não serei livrado de
aflições”? (Talmude Babilônico, Kidushin 82a).
Yeshua, o Nazareno, ensinou: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem
ceifam, nem ajuntam em
celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?” (Mt
6:26). Yeshua ensinou este princípio 200 anos antes do Rabi Shimeon bar Eliezer
7. Rabi Eliezer disse: “Todo aquele que tem uma fatia de pão no seu cesto e diz: que
comerei amanhã?
Este é o que possui um ato digno dos pequenos de fé” (Talmude Babilônico, Sotá 48b).
Yeshua, o Nazareno, cem anos antes do grande Rabi Eliezer, tinha dito: “Portanto, não
vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com
que nos havemos de vestir? [...] Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o
dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mt 6:31;34).
8. Rabi Meir tinha dito: “Na medida em que um homem mede lhe medirão.”
(Sanhedrin 2b).
Yeshua, o Nazareno, dizia: “Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com
a medida com que medis vos medirão a vós.” (Mt 7:2). Rabi Meir viveu e exerceu [seu
ministério] quase que 130 anos depois de Yeshua, o Messias.
9. Palavras do Rabi Yochanan, filho de Nafcha: “Diz-lhe: lança o argueiro de entre os
teus olhos; diz-lhe: Lança a trave de entre os teus olhos” (Talmude Babilônico, Baba
Batra 15b).
As palavras de Yeshua, o Nazareno, 180 anos antes do Rabi Yochanan: “E por que vês
o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?” (Mt 7:3).
10. Ensinou Elisha ben Abuyá: “um homem que tem boas obras e ensina muito a Torá,
a quem ele se
assemelha? Ao homem que constrói pedras em baixo e depois tijolos; e, vindo muitas
águas e irem de encontro a elas, não as mudam de lugar. E um homem que não tem boas
obras e estuda a Torá, a quem ele se assemelha? A um homem que construiu
inicialmente [com] tijolos e depois [pôs] as pedras; e, vindo então muitas águas
correntes, de repente as despedaça [as pedras e os tijolos]” (Pirkêi de-Rabi Natan 24;1-
2).
Yeshua, o Nazareno, ensinou, quase 200 anos antes de Ben-Abuyá: “E aquele que ouve
estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou
a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e
combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda” (Mt 7;26-27).
11. Disse o Rabi Shimeon ben Gamaliel: “não é o estudo o fundamental, mas a
prática” (Talmude Babilônico, Avôt 1;7).
100 anos antes deste disse Yeshua: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no
Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt 7;21).
12. Rabi Tarfon disse: “hoje [o dia está] curto e muita é a obra, e os que trabalham
são preguiçosos e o galardão é muito e o dono da casa está necessitado”.
Yeshua, o Nazareno, 100 anos antes de Rabi Tarfon, disse: “Então, disse aos seus
discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos são os obreiros” (Mt 9;37).
13. Rabi Shmuel haKatan, disse aos seus discípulos: “da forma como ensinei
[diligentemente] ante vós de graça, do mesmo modo ensinareis [diligentemente] de
graça”.
200 anos antes dele, disse Yeshua, o Nazareno, aos seus discípulos: “de graça o
recebestes, de graça o daí” (Mt 10;8b).
14. Ensinava Rabi Yirmeyah: “todo aquele que humilha a si próprio por causa das
palavras da Torá neste
mundo, será engrandecido no mundo vindouro; e todo [aquele que] se coloca como um
servo, por causa das palavras da Torá, neste mundo, será feito livre no mundo vindouro”
(Talmude Babilônico, Bavá Metziá, 85b).
Ensinou Yeshua, o Nazareno, 200 anos antes daquele: “Porque o que a si mesmo se
exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mt 23;12).
15. Yochanan, em [nome de] Rabi Yosef pôs [em questão]: “o Shabat foi entregue em
vossas mãos, e nãos vós entregues a ele [ao Shabat]” (Talmude Babilônico, Yomá, 85b).
Yeshua, o Nazareno, ensinou: “O Shabat foi feito por causa do homem, e não o homem,
por causa do Shabat” (Mc 2;27).
16. Disse Rav Sheshet: “todo [aquele que] olhar para o menor dedo de uma mulher, é
como se olhasse para a vergonha [dela]” (Talmude Babilônico, Shabat, 64b).
Disse Yeshua, o Nazareno: “qualquer que atentar numa mulher, para a cobiçar, já em
seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5;28).”
Isso nos mostra duas coisas fundamentais:
Primeiro que Yeshua conhecia o Talmud e também extraiu o de melhor dos sábios
Rabinos de sua época.
Segundo que os Rabinos posteriores, também extrairam o que há de melhor no Talmud
e chegaram a conclusões semelhantes as de Jesus.
Ou seja, o judaísmo e o cristianismo são religiões distintas, mas em essência, pregam a
mesma filosofia altruista.
Shavuot/Pentecostes, a festa que une judeus e Cristãos
SHAVUOT = PENTECOSTE: UMA FESTA QUE UNE JUDEUS E CRISTÃOS
por: Shalom Israel
Shavuot
Inicia-se esta noite, após o pôr do sol, a festa judaica do Shavuot, ou das Semanas, ou
dos Primeiros Frutos. Amanhã, Domingo, os cristãos também celebram pelo mundo
fora a Festa do Pentecoste, ou o "50º dia".
Pensa-se muitas vezes que a festa judaica do Shavuot e que a festa cristã do Pentecoste
têm pouco ou nada em comum. Nada podia estar mais longe da realidade. As 2 festas
são realmente na mesma data, a mesma celebração, apesar das variadas tradições e uma
extensiva interpretação feita do lado cristão.
Até mesmo o nome Pentecoste (literalmente, no grego: "o 50º dia") é uma referência a
um dos elementos chave do Shavuot: a contagem dos 50 dias a partir da Páscoa judaica,
conhecido no mundo judaico como "contagem do omer". Tal como o Shavuot ocorre
50 dias após a Páscoa, o Pentecoste é também contado exactamente 50 dias depois da
Páscoa.
O tema do Pentecoste é também um tipo de extensão do tema do Shavuot, que é uma
celebração da dádiva da Torah (Palavra de Deus) a Moisés, no Monte Sinai. Os cristãos
acreditam que Jesus é a "Palavra encarnada" (João 1:14) e que o Pentecoste é o
momento seguinte à morte e ressurreição quando essa Palavra foi espiritualmente
implantada nos corações dos Seus seguidores.
Faz então algum sentido os cristãos celebrarem a festa bíblica do Shavuot juntamente
com o Pentecoste?
Claro que sim! O povo judeu e cristão pode estar juntos na celebração da entrega da
Palavra, ainda que para os primeiros signifique ainda a Palavra escrita em tábuas de
pedra, enquanto que para os cristãos a Palavra já foi escrita em tábuas de carne, isto é,
nos seus corações.
Mas a coincidência das duas datas é de suprema importância para os cristãos, uma vez
que foi exactamente no dia da Festa do Shavuot, um Domingo (o 50º dia após o sábado
da semana da Páscoa) que Deus visitou o Seu povo em Jerusalém, constituindo a Sua
família espiritual, iniciando uma nova era, a "era do Espírito", em que o Espírito Santo
enviado pelo Messias (em cumprimento da Sua promessa antes de partir) iria baptizar e
habitar todos aqueles homens e mulheres, de todas as raças, tribos, línguas e nações,
formando a Igreja, o Corpo do Messias Jesus!
Pentecostes
Esta festa tão importante para Israel é também chamada de "Festa das Semanas",
"Festa da Colheita", ou ainda "Festa das Primícias, ou dos Primeiros Frutos"
(Deuteronómio 16:10), uma vez que é nesta época que os primeiros frutos da terra são
recolhidos (leia-se Rute) - simbolizando os "primeiros frutos" para Cristo, a Sua Igreja,
o Seu povo. A próxima festa em Israel é a Festa das Trombetas, daqui a uns 4 meses,
portanto um extenso período de crescimento e colheita da seara, simbolizando o tempo
em que o Espírito do Eterno Deus está semeando a Palavra (a semente de Deus) nos
corações de milhões de homens e mulheres ao longo destes quase 2 mil anos, até que se
ouça o "toque da Trombeta" de Deus, finalizando assim este período de sementeira e
colheita, quando o Messias recolherá para Si todos os "escolhidos desde os quatro
cantos da terra" e que estará para muito breve.
O judeu é assim fruto da Lei dada no Monte Sinai, mas o cristão está em vantagem, uma
vez que tem a Lei implantada no seu coração, foi "visitado" pelo Espírito de Deus no
Dia de Pentecoste, e aguarda o final da colheita, este longo período que antecede o
regresso do Messias Jesus para recolher o Seu "fruto".
Por isso mesmo, o cristão deve orar pela salvação dos judeus (Romanos 10:1) , para
que eles, que já foram privilegiados com a primeira visita do Eterno Deus no Monte
Sinai, possam agora também receber a visita do Altíssimo ao Monte Sião, o lugar onde
a nossa história comum se iniciou!
A primeira Igreja (conhecida como: "Igreja primitiva") era composta exclusivamente de
judeus, mas logo se expandiu por todo o mundo conhecido de então. Foi em Jerusalém
que ela se reuniu nos primeiros anos. Foi sobre Jerusalém que a bênção veio sobre os
judeus. Foi em Jerusalém que a Igreja nasceu.
O cristão e o judeu nascido de novo, o "judeu messiânico" (crente no Senhor Jesus
como Messias) podem então celebrar juntos o aniversário do seu nascimento comum, na
Igreja, o Corpo do Messias, agora composto de ambos os povos, sem barreiras nem
distinções.
Se há então uma festa que o cristão deve celebrar é o aniversário da Igreja, nascida há
quase 2 mil anos em Jerusalém, no coração dos judeus e agora uma dádiva do Eterno
Deus à humanidade!
Manuscrito do mar morto revela que o messias ressuscitaria
INTRIGANTE ROLO DO MAR MORTO DIZ QUE O MESSIAS "HAVERIA
DE VIR, MORRER E RESSUSCITAR AO TERCEIRO DIA"!
Um respeitado erudito israelita e professor na Universidade Hebraica está criando
"agitação nas águas" do judaísmo, ao trazer um intrigante e apelativo caso relacionado
com uma noção distinta da vinda do Messias para morrer como "servo sofredor",
como expiação dos pecados e redenção de Israel, para depois ressuscitar da morte ao
terceiro dia!
Fundamentado nos seus muitos anos de pesquisa e na recentemente analisada evidência
arqueológica - incluindo um rolo do "Mar Morto" que ainda não tinha sido estudado - o
erudito e estudioso está também alegando que a sua noção do Messias ressuscitar ao
terceiro dia é um conceito pré-cristão que data de um período anterior ao do nascimento
de Jesus em Belém Efrata.
A causa defendida pelo Dr. Israel Knohl atraiu atenção significativa, incluindo um
artigo importante no "New York Times" e diversos artigos na conceituada revista
"Biblical Archaeology Review".
O artigo no "Times", sob o título: "Tábua antiga despoleta debate sobre o Messias e a
Ressurreição" começa desta forma:
"Uma tábua de 90 cms, com 87 linhas em hebraico, que peritos acreditam datar de
décadas antes do nascimento de Jesus está causando uma silenciosa agitação nos
círculos bíblicos e arqueológicos, especialmente porque pode estar a falar acerca de um
messias que se erguerá dos mortos após três dias."
A tábua foi denominada pelos eruditos como "Revelação de Gabriel", uma vez que ela
sugere que o anjo Gabriel foi instruído por Deus para anunciar que o Messias se
levantaria dos mortos ao terceiro dia.
Na verdade, isto não é novidade. A tábua de pedra foi descoberta há cerca de quinze
anos e é pertença de um judeu suíço-israelita chamado David Jeselsohn, que não
entendeu o significado da mesma quando a adquiriu. O artigo no Times foi publicado
em 2008. O Dr. Knohl publicou então um livro (em 2009) acerca de toda esta questão,
entitulado: "Messias e a Ressurreição na 'Revelação de Gabriel'". Essa obra foi a
continuação de outra anterior: "O Messias antes de Jesus: o Servo Sofredor dos Rolos
do Mar Morto" publicado inicialmente em hebraico no ano 2000 e depois em inglês no
ano 2002. Nesse livro, o Dr. Knohl explica as várias teorias judaicas acerca do Messias,
incluindo a do "Messias filho de David" que reinará na terra tal como o rei David, e
um "Messias filho de José" que será rejeitado pelos seus irmãos, maltratado, deixado
como morto, mas reaparecendo mais tarde e que salva não só a nação de Israel, mas o
mundo, tal como José no Livro dos Gênesis.
Para nós, cristãos, isto não surpreende, embora possa vir a ser uma tremenda evidência
da realidade em que acreditamos mas que precisa de ser acreditada e aceita pelos
judeus. Essa é a grande realidade-pilar da fé cristã:
"Irmãos, lembro-vos do Evangelho que vos preguei, o qual também recebestes e no
qual estais firmes. Por meio dele também sois salvos, desde que vos apegueis com
convicção à Palavra que vos anunciei; caso contrário, tendes crido em vão.
Porquanto, o que primeiramente vos transmiti foi o que também recebi: que Cristo
morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no
terceiro dia, conforme as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois
disso, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez..." (1 Coríntios 15:1-5 edição
King James).
As antigas Escrituras judaicas já falavam acerca de um Messias sofredor que morreria
para expiar os pecados da humanidade - Isaías 53, Salmo 22 e 69, e Daniel 9:26. Neste
último texto diz ainda que o Messias seria "cortado" e que depois o Templo e Jerusalém
seriam destruídos.
Mas, mais importante ainda é aquilo que eu quero que você hoje considere: 1 - E se a história do Evangelho for verdadeira?
2 - E se Jesus realmente não só morreu pelos nossos pecados mas foi também sepultado
e ressuscitou ao terceiro dia, de acordo com as antigas profecias?
Se assim é, e eu acredito que sim, que importância tem isto para si? Como vai responder
a esta realidade?
Que Deus o abençoe ao responder positivamente a estas incontornáveis realidades!
JESUS foi o messias? 1-A maldição de Jeconias
Muitos irmãos que estão fazendo teshuvá, buscando as raízes judaicas do cristianismo,
estão se deparando com alguns obstáculos ao caráter messiânico de Jesus, e alguns estão
até se convertendo ao judaísmo crendo que Jesus não foi de fato o messias. Devido a
isso, estarei postando refutações plausíveis acerca de alguns argumentos comuns, que
tem desviado alguns de sua fé no Messias.
Rei Josias e Manassés
Na genealogia de Jesus vemos um personagem que segundo a tradição judaica, não
deveria figurar na descendência do messias, pois foi amaldiçoado pelo Eterno, Jeconias
(Mateus 1,11-12)
Vou começar repostando um texto de Rajmiel Frydland acreca da maldição de
Jeconias, argumento muito utilizado principalmente por judeus, que segundo eles
impossibilita Yeshua de ser o Mashiach. Já havia postado este texto no ínicio de meu
blog, mas como ficou no esquecimento e muitos tem me perguntado acerca disso, vou
reposta-lo e com um título mais apropriado.
Em Jeremias 22:30, está Escrito:
“Assim diz o Eterno: Inscrevei que este homem está privado de filhos, alguém que
não teve sucesso nos seus dias; porque ninguém de sua descendência prosperará,
para se assentar no trono de Davi, e governar de novo em Judá.” .
O texto anterior menciona una maldição por parte de Deus que encerra três aspectos:
1- Jeconias morreria sem filhos.
2- Ele não prosperaria.
3- Que sua descendência não prosperaria (assentar-se) no trono de Davi.
Se a maldição se cumprisse, conseqüentemente esta eliminada toda possibilidade de que
o Messias pudesse chegar ao trono de Davi por meio de seu filho Salomão.
Porém logo em I Crônicas 3:17,18; foi escrito o seguinte:
“E os filhos de Jeconias: Salatiel, seu filho; depois Malquirão, Pedaías, Senazar,
Jecamias, Hosama, e Nedabias.” .
Evidenciando que a primeira parte da maldição havia sido retirada posteriormente por
Deus.
Comentario pessoal: Salatiel significa: "Aquele que pedi a Elohim"
A isto segue o relato de II Reis 25:27,28.
“Depois disto sucedeu que, no ano trinta e sete do cativeiro de Joaquim, rei de Judá,
no mês duodécimo, aos vinte e sete do mês, Evil-Merodaque, rei de Babilônia, no ano
em que reinou, levantou a cabeça de Joaquim, rei de Judá, tirando-o da casa da
prisão. E lhe falou benignamente; e pós o seu trono acima do trono dos reis que
estavam com ele em Babilônia.” .
Indicando que a segunda parte da maldição foi retirada também. Os rabinos explicarão
no Midrash Yalkut, que as maldições foram removidas de Jeconias:
“Nabucodonosor tomou a Jeconias e o colocou na prisão".
“…O concilio religioso judaico se reuniu para considerar este assunto, porque
temiam que o Reino de Davi chegasse ao fim, de quem está escrito: ‘Sua
descendência durará para sempre, e o seu trono como o sol diante de mim. (Salmo
89:36).
“O que podemos fazer para ajudar? Para que as Sagradas Escrituras possam se
cumprir? Iremos e suplicaremos a governanta, e a governanta suplicará a rainha,
e a rainha ao rei.” .
Isso indica que os rabinos antigos compreendiam que se a maldição sobre Jeconias não
fosse retirada, então toda as esperança de um reino messiânico chegou ao fim; porque
antes da maldição Jeconias era o único rei que estava qualificado para a semente do
Messias que viria.
O Midrash Yalkut continua com o rabino Shabetay que disse:
“Jeconias não deixou a prisão até que se arrependeu por completo e Elohim perdoou
seus pecados e…sua esposa ficou grávida como está escrito: Salatiel seu filho, Asir seu
filho”.
.
Salatiel significa “Aquele que eu pedi a Elohim”. Asir significa “Prisioneiro”. Os
rabinos entenderam que isto indicava que Jeconias pediu a Elohim que lhe perdoasse,
enquanto ele estava na prisão, e Elohim demonstrou seu perdão pelo fato que lhe deu
filhos.
Como conseqüência, retornando os judeus da Babilônia, nomearam Jeconias para ser o
seu príncipe, uma expectativa total por parte nos nossos antigos sábios que continuaram
a revelar que se Elohim retirou as primeiras duas maldições, então talvez ele também
retiraria a terceira para que a esperança do reino messiânico continuasse.
Como está escrito em Zacarías 4:7-10 concernente a Zorobabel, o descendente de
Jeconias:
“Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel tornar-te-ás uma campina;
porque ele trará a pedra angular com aclamações: Graça, graça a ela. E a palavra de
YHWH veio novamente a mim, dizendo: As mãos de Zorobabel têm lançado os
alicerces desta casa; também as suas mãos a acabarão, para que saibais que YHWH
dos Exércitos me enviou a vós.”
. Mostrando que, apesar da terceira maldição ainda não ter sido removida, o povo, e os
nossos antigos sábios, em função do cancelamento das duas maldições anteriores, ainda
tinham esperança que a terceira seria removida também. Isto é ainda respaldado por 1
Crônicas 3:19-24, o que reflete na única genealogia real que foi preservada e registrada
após a morte de Zorobabel, não há outra genealogia a não ser a do próprio Zorobabel.
Isto indica duas coisas:
1- A ausência de qualquer outra genealogia fora de Zorobabel após a sua morte
demonstra que não existia nenhuma expectativa para a linhagem messiânica através de
qualquer outro descendente de Salomão.
2- A preservação de seis gerações da genealogia de Zorobabel após a sua morte
demonstra claramente a contínua esperança do nosso povo, e dos sábios, para a chegada
do Messias através desta linhagem – apesar da maldição. Acreditando de maneira plena,
que da mesma maneira que Elohim removeu as primeiras duas maldições, do mesmo
modo, talvez ele removeria eventualmente a terceira. Como resultado dessas esperanças,
nossos sábios antigos continuaram diligentemente traçando as genealogias, que se
ramificavam desta linha em particular, até a época da destruição do Segundo em 70 E.C.
Como é evidente, até hoje, nenhum descendente desta linhagem nunca subiu ao trono de
Davi.
No Talmud babilônico - Sanhedrin 96b-99a, está escrito:
“O mundo durará 6.000 anos, e em 1.000 anos será destruído. Isto é, os inimigos de
Elohim serão destruídos, do qual está escrito: YHVH só será exaltado naquele
dia.” .
Como a cada sete anos, é um ano de referência, então nos sete mil anos do mundo, no
sétimo milênio será os 1.000 anos de remissão, de modo que Elohim só será exaltado
naquele dia. Neste ponto e segundo este entendimento dos anciões e os quais declaram
que o sétimo milênio será separado dos demais.
No Midrash Rabá sobre Bereshit, 98:3, está escrito:
“O mundo está destinado a 6.000 anos. 2.000 anos vazios sem a Torá; 2.000 anos
com a Torá; e 2000 anos de Era messiânica. .
E no Sanhedrin 97 a-b, disse:
“No terceiro milênio que se segue a 2.000 anos de Era messiânica (o sétimo
milênio), a ressurreição dos mortos ocorrerá.” .
Como está escrito em Oséias 6:1,2:
“Vinde, e tornemos ao Eterno, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos
atará a ferida. Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará,
e viveremos diante dele.” .
Esta expectativa do Reino messiânico depois de 4.000 anos foi devida principalmente
por causa da profecia do profeta Daniel, o qual predisse a vinda do Messias no final de
69 semanas; Daniel 9:24-26. Portanto essa profecia das 70 semanas (69 semanas de
anos até o Messias, e uma semana de anos para o Pacto final), os sábios situarão a
vinda do Messias esperado na primeira metade do século I E.C.
Como foi declarado pelo rabino Moshé Avraham Leví:
“Eu tenho analisado e investigado todas as Sagradas Escrituras e eu não tenho
encontrado o tempo claramente definido para a vinda do Messias, exceto nas palavras
de Gabriel ao profeta Daniel, as quais estão Escritas no nono capítulo da profecia de
Daniel
E también no Targum dos profetas, Meguilá 3a, onde está declarado:
“E a Voz do céu veio e exclamou: Quem é aquele que tem revelado meus segredos à
humanidade?…Ele continuou investigando a revelação o Targum o significado interno
da Hagiografía, porém uma Voz do céu veio e exclamou: “Suficiente”, E qual foi o
motivo? Porque a data do Messias foi predita nesta passagem.”
.
A profecia de Daniel também declara que o Templo seria destruído em algum momento
depois das 70 semanas, como esta declarado no tratado Nazir 32b, onde o rabino Yosef
falou concernente ao tempo do Segundo Templo, dizendo:
"Se eu estivesse lá, teria dito: “Não está escrito, o Templo de Adonai, o Templo de
Adonai, o Templo de Adonai são estes, o qual aponta para a destruição do Primeiro e
Segundo Templo?"
Que seja acordado que eles sabiam que seriam destruídos, mas conheciam eles quando
isto devia ocorrer? Rabino Abayé responde ao rabino Yosef: “Não sabiam eles
quando?” Não está escrito, 70 semanas (70 semanas de anos) estão determinadas para o
povo, e para a Cidade Santa?”
.
Isto também está em Yalkut, volumen 2, página 79d, e diz que esta profecia de Daniel
era a que revelaria a cronometragem da vinda do Messias, e da destruição do Templo. E
concernente as duas perspectivas sobre o Messias, uma é Ben Yosef, e a outra é Ben
David.
Rabí Yehoshúa Bar Leví declara no Sanedrín 98a:
"O verso diz: Eis aqui com as nuvens do céu vem um como um Filho de Homem;
Daniel 7:13, e em outro verso diz, “humilde, e montado num jumento”; Zacarias 9:9.
Se formos dignos, o Messias virá sobre as nuvens do céu; se não formos dignos, ele virá
humilde e montado num jumento.”
O fato que nos tem sido permitido somente construir o Templo no tempo em que nós
como nação formos merecedores, e que Elohim permitiu que o Segundo Templo fosse
destruído a dos mil anos porque éramos indignos do Messias, indica que a destruição do
Segundo Templo mencionada por Daniel seria resultado da indignidade daquela
geração.
Também, em Suká 51a, esta escrito:
“O Messias que descende de Yossef (José) Aparecerá primeiro para trazer salvação ao
povo judeu. No entanto, ele será morto…e a completa redenção se realizará somente
através do Messias que descende de David.”
.
E continua declarando:
“No período do Messias descendente de Yossef (José)…a morte e o pecado seguirão
existindo. Mas o período do Messias que descende de David liderará uma nova ordem
natural, em que a morte e o pecado não terão lugar.”
.
Mostrando um entendimento que de que o Messias Ben Yossef apareceria primeiro, e
que sofreria e seria morto, e que o Messias Ben David apareceria depois. E que sob o
Messias Ben Yossef, o pecado e a morte continuariam existindo no mundo; mas que sob
o domínio do Messias Ben David, um novo mundo onde o pecado e a morte não
seguiriam existindo.
Também está escrito em Bereshit 49:10:
"O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de chefe
de entre seus pés, até que Venha Shiló; e a ele se
congregarão os povos.” [Shiló é uma referencia ao poderoso rei
Messias].
comentário pessoal: O cetro já se afastou de Judá no primeiro século!!!
O Targum Onkelos declara o significado disto como a continuação:
“A transmissão do domínio não cessará da casa de Judá, nem os escribas de entre
seus filhos, para sempre, até que o Messias venha.” .
O Targum Yerushalmí do mesmo modo disse:
“Reis não cessarão da casa de Judá…até a vinda do rei Messias…a quem todas as
autoridades da terra se subordinarão.” E em Sanhedrin 98b:
“O mundo foi criado em vista do Messias, qual é o nome do Messias? A escola do
rabino Shila disse: “Seu nome é Shiló, porque está escrito: Até que venha Shiló."
E concernente a remoção do cetro, o Talmud de Jerusalém, o folio 24 do Sanedrín,
declara:
“Um pouco mais de 40 anos antes da destruição do Templo, o poder de pronunciar
sentenças capitais foi tirado dos judeus.”
.
Como está escrito no Talmud Babilônico, capitulo 24, folio 37:
“Quando os membros do Sanhedrin se encontraram privados de seu direito sobre a vida
e a morte, uma consternação geral tomou posição, e eles cobriram as suas cabeças com
cinza, e seus corpos com saco, e exclamaram: “Quem estará conosco
porque o cetro foi removido de Judá e o Messias não
veio?”
Isto foi proclamado na época de Yeshua quando eles reconheceram que o cetro tinha
sido removido de Judá; mas em vez de aceitar Yeshua como o Messias, declararam: “e
o Messias não veio”, portanto, negaram a incapacidade da profecia, e negaram os
escritos interpretativos dos sábios antigos.
Em Rosh Hashaná 31b está escrito:
“40 anos antes da destruição do Templo, a porção da mão direita do Cohen HaGadol
(Sumo Sacerdote) sobre os sacrifícios das cabras cessou como era anteriormente, e o
cordão escarlate posto em Yom Kippur nunca mais se tornou em branco o qual indicava
o perdão de Elohim sobre os pecados de Israel."
.
Isto também ocorreu nos dias de Yeshua, de fato no mesmo ano da norte e ressurreição
de Yeshua. Também está declarado em Yoma 39b:
"Neste mesmo tempo, 40 anos antes da destruição do Templo, a luz ocidental não
seguia acesa como era anteriormente, e portas do Templo nunca mais se abriram por si
mesmas."
Com base nas passagens da Torá citados anteriormente, do Tanach, e nos Escritos dos
sábios antigos no Talmud e em outras fontes, a seguinte conclusão pode ser alcançada.
1. Que o mundo iria durar 7.000 anos, e que o sétimo milênio seria separado dos outros;
(Sanedrín 96b-99a).
2. Que o Messias viria após 4.000 anos, e que a Era messiânica que seguirá durará 2.000
anos depois. (Midrash Rabá 98:3, sobre Bereshit).
3. Que o terceiro milênio que se segue aos 2.000 anos da Era messiânica (o sétimo
milênio), a ressurreição dos mortos terá lugar, donde viveremos na presença de Elohim.
(Sanedrín 97a-b; Óseas 6:1,2).
4.Que o Messias depois de 4.000 anos:
a) viria na primeira metade do primeiro século E.C; na semana 69 de Daniel. (Daniel
9:24; Rabino Moshé Avraham Leví; Targum dos profetas, Meguilá 3a).
b) E que o Templo seria destruído em algum momento depois das 69 semanas, e previu
o pacto dos 7 anos do final, semana setenta. (Daniel 9:26, 27; Nazir 32b, y el Yalkut,
volumen 2 página 79d).
5. Que o Messias viria "pobre e montado num jumento" se a geração a que ele chegara
fosse indigna dele, se quebrantarem os mandamentos e não cumprirem o acordo com o
Senhor, a destruição do Segundo Templo indica que eles eram a geração de dois mil
anos e o Messias de fato veio e eles desse modo. (Sanedrín 98 a; Daniel 7:13; Zacarías
9:9).
6. Que o Messias Ben Yossef viria antes que o Messias Ben David, e seria morto porque
lhe tiraram a vida injustamente; e que o pecado e a morte continuariam existindo sobre a
terra depois de sua morte. (Suká 51a).
7. Que o fato de que o cetro que fora removido de Judá seria um sinal de que o Messias
havia chegado a Israel. (Génesis 49:10; Targum Onkelos; Targum Yerushalmi; Sanedrín
98b).
8. Que na primeira metade do século I E.C, e antes da destruição do Segundo Templo, o
Sanedrín reconheceu que o cetro havia sido removido de Judá. (Talmud Babilónico,
capitulo 24, folio 37; Talmud Yerushalmi, Sanedrín, folio 24).
9. E que 40 anos antes da destruição do Segundo Templo, a porção na destra do Sumo
Sacerdote sobre os sacrifícios de cabras havia cessado, e que e que o cordão escarlate
deixou de tornar-se em branco (o qual indicava que as iniqüidades Israel já não estavam
sendo expiadas por Deus por meio do sacrifício de Yom Kippur), as luzes ocidentais
cessaram de está acesas (o qual indicava que a presença de Deus se havia retirado do
Templo), e as portas do Templo cessaram de abrir-se por si mesmas. (Rosh Hashaná
31b, Yoma 39b).
De acordo com todos estes Escritos da Torá, Tanach, Talmud e outras fontes judaicas, o
Messias devia vim na primeira metade do primeiro século D.E.C justamente como o
indicava a conta dos anos segundo a tradição judaica; no tempo em que o cetro foi
removido de Judá, e antes da destruição do Segundo Templo.
Que ele seria morto. Que o pecado e a morte seguiriam no mundo depois de sua morte.
E que a ressurreição dos mortos ocorreria 2.000 anos depois.
Vós examinais as Escrituras, pensando encontrar nelas a vida eterna; ora, são elas que
dão testemunho de mim; vós, porém, não quereis vir a mim para ter a vida! (João 5:39-
40)
Dos dois bodes, aquele que foi morto e o sangue espargido; e o segundo ato, quando
então Arão colocou as suas duas mãos sobre ele passando para ele o pecado do povo.
Dois mil anos depois acontece o segundo ato, quando então o pecado, ao Novo Arão,
colocar as suas mãos sobre a cabeça da Serpente Original, então o pecado do mundo
desaparece, passado para ela. É o iníco do Milênio.
Resumindo: O messias tinha um prazo para vir e isso foi datado por sinais e os rabinos
sabiam disto, e como Deus não mente e suas profecias não falham: JESUS FOI
O MASHIACH !
O Messias do ponto de vista rabínico e a maldição de Jeconias
O Messias do ponto de vista rabínico Pois se [realmente] confiásseis em Moisés, confiaríeis em mim; porque foi a meu
respeito que ele escreveu. Mas, se não confiais nos escritos dele, como confiareis em
minhas palavras? João 5:46-47.
Por Rajmiel Frydland
Yeshua
.
Em Jeremias 22:30, está Escrito:
“Assim diz o Eterno: Inscrevei que este homem está privado de filhos, alguém que não
teve sucesso nos seus dias; porque ninguém de sua descendência prosperará, para se
assentar no trono de Davi, e governar de novo em Judá.”
.
O texto anterior menciona una maldição por parte de Deus que encerra três aspectos:
1- Jeconias morreria sem filhos.
2- Ele não prosperaria.
3- Que sua descendência não prosperaria (assentar-se) no trono de Davi.
Se a maldição se cumprisse, conseqüentemente esta eliminada toda possibilidade de que
o Messias pudesse chegar ao trono de Davi por meio de seu filho Salomão.
Porém logo em I Crônicas 3:17,18; foi escrito o seguinte:
“E os filhos de Jeconias: Salatiel, seu filho; depois Malquirão, Pedaías, Senazar,
Jecamias, Hosama, e Nedabias.”
.
Evidenciando que a primeira parte da maldição havia sido retirada posteriormente por
Deus.
A isto segue o relato de II Reis 25:27,28.
“Depois disto sucedeu que, no ano trinta e sete do cativeiro de Joaquim, rei de Judá, no
mês duodécimo, aos vinte e sete do mês, Evil-Merodaque, rei de Babilônia, no ano em
que reinou, levantou a cabeça de Joaquim, rei de Judá, tirando-o da casa da prisão. E lhe
falou benignamente; e pós o seu trono acima do trono dos reis que estavam com ele em
Babilônia.”
.
Indicando que a segunda parte da maldição foi retirada também. Os rabinos explicarão
no Midrash Yalkut, que as maldições foram removidas de Jeconias:
“Nabucodonosor tomou a Jeconias e o colocou na prisão".
“…O concilio religioso judaico se reuniu para considerar este assunto, porque temiam
que o Reino de Davi chegasse ao fim, de quem está escrito: ‘Sua descendência durará
para sempre, e o seu trono como o sol diante de mim. (Salmo 89:36).
“O que podemos fazer para ajudar? Para que as Sagradas Escrituras possam se cumprir?
Iremos e suplicaremos a governanta, e a governanta suplicará a rainha, e a rainha ao
rei.”
.
Isso indica que os rabinos antigos compreendiam que se a maldição sobre Jeconias não
fosse retirada, então toda as esperança de um reino messiânico chegou ao fim; porque
antes da maldição Jeconias era o único rei que estava qualificado para a semente do
Messias que viria.
O Midrash Yalkut continua com o rabino Shabetay que disse:
“Jeconias não deixou a prisão até que se arrependeu por completo e Elohim perdoou
seus pecados e…sua esposa ficou grávida como está escrito: Salatiel seu filho, Asir seu
filho”.
.
Salatiel significa “Aquele que eu pedi a Elohim”. Asir significa “Prisioneiro”. Os
rabinos entenderam que isto indicava que Jeconias pediu a Elohim que lhe perdoasse,
enquanto ele estava na prisão, e Elohim demonstrou seu perdão pelo fato que lhe deu
filhos.
Como conseqüência, retornando os judeus da Babilônia, nomearam Jeconias para ser o
seu príncipe, uma expectativa total por parte nos nossos antigos sábios que continuaram
a revelar que se Elohim retirou as primeiras duas maldições, então talvez ele também
retiraria a terceira para que a esperança do reino messiânico continuasse.
Como está escrito em Zacarías 4:7-10 concernente a Zorobabel, o descendente de
Jeconias:
“Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel tornar-te-ás uma campina; porque
ele trará a pedra angular com aclamações: Graça, graça a ela. E a palavra de YHWH
veio novamente a mim, dizendo: As mãos de Zorobabel têm lançado os alicerces desta
casa; também as suas mãos a acabarão, para que saibais que YHWH dos Exércitos me
enviou a vós.”
.
Mostrando que, apesar da terceira maldição ainda não ter sido removida, o povo, e os
nossos antigos sábios, em função do cancelamento das duas maldições anteriores, ainda
tinham esperança que a terceira seria removida também. Isto é ainda respaldado por 1
Crônicas 3:19-24, o que reflete na única genealogia real que foi preservada e registrada
após a morte de Zorobabel, não há outra genealogia a não ser a do próprio Zorobabel.
Isto indica duas coisas:
1- A ausência de qualquer outra genealogia fora de Zorobabel após a sua morte
demonstra que não existia nenhuma expectativa para a linhagem messiânica através de
qualquer outro descendente de Salomão.
2- A preservação de seis gerações da genealogia de Zorobabel após a sua morte
demonstra claramente a contínua esperança do nosso povo, e dos sábios, para a chegada
do Messias através desta linhagem – apesar da maldição. Acreditando de maneira plena,
que da mesma maneira que Elohim removeu as primeiras duas maldições, do mesmo
modo, talvez ele removeria eventualmente a terceira. Como resultado dessas esperanças,
nossos sábios antigos continuaram diligentemente traçando as genealogias, que se
ramificavam desta linha em particular, até a época da destruição do Segundo em 70 E.C.
Como é evidente, até hoje, nenhum descendente desta linhagem nunca subiu ao trono de
Davi.
No Talmud babilônico - Sanhedrin 96b-99a, está escrito:
“O mundo durará 6.000 anos, e em 1.000 anos será destruído. Isto é, os inimigos de
Elohim serão destruídos, do qual está escrito: YHVH só será exaltado naquele dia.”
.
Como a cada sete anos, é um ano de referência, então nos sete mil anos do mundo, no
sétimo milênio será os 1.000 anos de remissão, de modo que Elohim só será exaltado
naquele dia. Neste ponto e segundo este entendimento dos anciões e os quais declaram
que o sétimo milênio será separado dos demais.
No Midrash Rabá sobre Bereshit, 98:3, está escrito:
“O mundo está destinado a 6.000 anos. 2.000 anos vazios sem a Torá; 2.000 anos com a
Torá; e 2000 anos de Era messiânica.
.
E no Sanhedrin 97 a-b, disse:
“No terceiro milênio que se segue a 2.000 anos de Era messiânica (o sétimo milênio), a
ressurreição dos mortos ocorrerá.”
.
Como está escrito em Oséias 6:1,2:
“Vinde, e tornemos ao Eterno, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a
ferida. Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos
diante dele.”
.
Esta expectativa do Reino messiânico depois de 4.000 anos foi devida principalmente
por causa da profecia do profeta Daniel, o qual predisse a vinda do Messias no final de
69 semanas; Daniel 9:24-26. Portanto essa profecia das 70 semanas (69 semanas de
anos até o Messias, e uma semana de anos para o Pacto final), os sábios situarão a vinda
do Messias esperado na primeira metade do século I E.C.
Como foi declarado pelo rabino Moshé Avraham Leví:
“Eu tenho analisado e investigado todas as Sagradas Escrituras e eu não tenho
encontrado o tempo claramente definido para a vinda do Messias, exceto nas palavras
de Gabriel ao profeta Daniel, as quais estão Escritas no nono capítulo da profecia de
Daniel
E também no Targum dos profetas, Meguilá 3a, onde está declarado:
“E a Voz do céu veio e exclamou: Quem é aquele que tem revelado meus segredos à
humanidade?…Ele continuou investigando a revelação o Targum o significado interno
da Hagiografía, porém uma Voz do céu veio e exclamou: “Suficiente”, E qual foi o
motivo? Porque a data do Messias foi predita nesta passagem.”
.
A profecia de Daniel também declara que o Templo seria destruído em algum momento
depois das 70 semanas, como esta declarado no tratado Nazir 32b, onde o rabino Yosef
falou concernente ao tempo do Segundo Templo, dizendo:
"Se eu estivesse lá, teria dito: “Não está escrito, o Templo de Adonai, o Templo de
Adonai, o Templo de Adonai são estes, o qual aponta para a destruição do Primeiro e
Segundo Templo?"
Que seja acordado que eles sabiam que seriam destruídos, mas conheciam eles quando
isto devia ocorrer? Rabino Abayé responde ao rabino Yosef: “Não sabiam eles
quando?” Não está escrito, 70 semanas (70 semanas de anos) estão determinadas para o
povo, e para a Cidade Santa?”
.
Isto também está em Yalkut, volumen 2, página 79d, e diz que esta profecia de Daniel
era a que revelaria a cronometragem da vinda do Messias, e da destruição do Templo. E
concernente as duas perspectivas sobre o Messias, uma é Ben Yosef, e a outra é Ben
David.
Rabí Yehoshúa Bar Leví declara no Sanedrín 98a:
"O verso diz: Eis aqui com as nuvens do céu vem um como um Filho de Homem;
Daniel 7:13, e em outro verso diz, “humilde, e montado num jumento”; Zacarias 9:9. Se
formos dignos, o Messias virá sobre as nuvens do céu; se não formos dignos, ele virá
humilde e montado num jumento.”
O fato que nos tem sido permitido somente construir o Templo no tempo em que nós
como nação formos merecedores, e que Elohim permitiu que o Segundo Templo fosse
destruído a dos mil anos porque éramos indignos do Messias, indica que a destruição do
Segundo Templo mencionada por Daniel seria resultado da indignidade daquela
geração.
Também, em Suká 51a, esta escrito:
“O Messias que descende de Yossef (José) Aparecerá primeiro para trazer salvação ao
povo judeu. No entanto, ele será morto…e a completa redenção se realizará somente
através do Messias que descende de David.”
.
E continua declarando:
“No período do Messias descendente de Yossef (José)…a morte e o pecado seguirão
existindo. Mas o período do Messias que descende de David liderará uma nova ordem
natural, em que a morte e o pecado não terão lugar.”
.
Mostrando um entendimento que de que o Messias Ben Yossef apareceria primeiro, e
que sofreria e seria morto, e que o Messias Ben David apareceria depois. E que sob o
Messias Ben Yossef, o pecado e a morte continuariam existindo no mundo; mas que sob
o domínio do Messias Ben David, um novo mundo onde o pecado e a morte não
seguiriam existindo.
Também está escrito em Bereshit 49:10:
"O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de chefe de entre seus pés, até que Venha
Shiló; e a ele se congregarão os povos.” [Shiló é uma referencia ao poderoso rei
Messias].
O Targum Onkelos declara o significado disto como a continuação:
“A transmissão do domínio não cessará da casa de Judá, nem os escribas de entre seus
filhos, para sempre, até que o Messias venha.”
.
O Targum Yerushalmí do mesmo modo disse:
“Reis não cessarão da casa de Judá…até a vinda do rei Messias…a quem todas as
autoridades da terra se subordinarão.”
E em Sanhedrin 98b:
“O mundo foi criado em vista do Messias, qual é o nome do Messias? A escola do
rabino Shila disse: “Seu nome é Shiló, porque está escrito: Até que venha Shiló."
E concernente a remoção do cetro, o Talmud de Jerusalém, o folio 24 do Sanedrín,
declara:
“Um pouco mais de 40 anos antes da destruição do Templo, o poder de pronunciar
sentenças capitais foi tirado dos judeus.”
.
Como está escrito no Talmud Babilônico, capitulo 24, folio 37:
“Quando os membros do Sanhedrin se encontraram privados de seu direito sobre a vida
e a morte, uma consternação geral tomou posição, e eles cobriram as suas cabeças com
cinza, e seus corpos com saco, e exclamaram: “Quem estará conosco porque o cetro foi
removido de Judá e o Messias não veio?”
Isto foi proclamado na época de Yeshua quando eles reconheceram que o cetro tinha
sido removido de Judá; mas em vez de aceitar Yeshua como o Messias, declararam: “e o
Messias não veio”, portanto, negaram a incapacidade da profecia, e negaram os escritos
interpretativos dos sábios antigos.
Em Rosh Hashaná 31b está escrito:
“40 anos antes da destruição do Templo, a porção da mão direita do Cohen HaGadol
(Sumo Sacerdote) sobre os sacrifícios das cabras cessou como era anteriormente, e o
cordão escarlate posto em Yom Kippur nunca mais se tornou em branco o qual indicava
o perdão de Elohim sobre os pecados de Israel."
.
Isto também ocorreu nos dias de Yeshua, de fato no mesmo ano da norte e ressurreição
de Yeshua. Também está declarado em Yoma 39b:
"Neste mesmo tempo, 40 anos antes da destruição do Templo, a luz ocidental não
seguia acesa como era anteriormente, e portas do Templo nunca mais se abriram por si
mesmas."
Com base nas passagens da Torá citados anteriormente, do Tanach, e nos Escritos dos
sábios antigos no Talmud e em outras fontes, a seguinte conclusão pode ser alcançada.
1. Que o mundo iria durar 7.000 anos, e que o sétimo milênio seria separado dos
outros; (Sanedrín 96b-99a).
2. Que o Messias viria após 4.000 anos, e que a Era messiânica que seguirá durará
2.000 anos depois. (Midrash Rabá 98:3, sobre Bereshit).
3. Que o terceiro milênio que se segue aos 2.000 anos da Era messiânica (o sétimo
milênio), a ressurreição dos mortos terá lugar, donde viveremos na presença de
Elohim. (Sanedrín 97a-b; Óseas 6:1,2).
4.Que o Messias depois de 4.000 anos:
a) viria na primeira metade do primeiro século E.C; na semana 69 de Daniel. (Daniel
9:24; Rabino Moshé Avraham Leví; Targum dos profetas, Meguilá 3a).
b) E que o Templo seria destruído em algum momento depois das 69 semanas, e previu
o pacto dos 7 anos do final, semana setenta. (Daniel 9:26, 27; Nazir 32b, y el Yalkut,
volumen 2 página 79d).
5. Que o Messias viria "pobre e montado num jumento" se a geração a que ele chegara
fosse indigna dele, se quebrantarem os mandamentos e não cumprirem o acordo com o
Senhor, a destruição do Segundo Templo indica que eles eram a geração de dois mil
anos e o Messias de fato veio e eles desse modo. (Sanedrín 98 a; Daniel 7:13; Zacarías
9:9).
6. Que o Messias Ben Yossef viria antes que o Messias Ben David, e seria morto porque
lhe tiraram a vida injustamente; e que o pecado e a morte continuariam existindo sobre a
terra depois de sua morte. (Suká 51a).
7. Que o fato de que o cetro que fora removido de Judá seria um sinal de que o Messias
havia chegado a Israel. (Génesis 49:10; Targum Onkelos; Targum Yerushalmi; Sanedrín
98b).
8. Que na primeira metade do século I E.C, e antes da destruição do Segundo Templo, o
Sanedrín reconheceu que o cetro havia sido removido de Judá. (Talmud Babilónico,
capitulo 24, folio 37; Talmud Yerushalmi, Sanedrín, folio 24).
9. E que 40 anos antes da destruição do Segundo Templo, a porção na destra do Sumo
Sacerdote sobre os sacrifícios de cabras havia cessado, e que e que o cordão escarlate
deixou de tornar-se em branco (o qual indicava que as iniqüidades Israel já não estavam
sendo expiadas por Deus por meio do sacrifício de Yom Kippur), as luzes ocidentais
cessaram de está acesas (o qual indicava que a presença de Deus se havia retirado do
Templo), e as portas do Templo cessaram de abrir-se por si mesmas. (Rosh Hashaná
31b, Yoma 39b).
De acordo com todos estes Escritos da Torá, Tanach, Talmud e outras fontes judaicas, o
Messias devia vim na primeira metade do primeiro século D.E.C justamente como o
indicava a conta dos anos segundo a tradição judaica; no tempo em que o cetro foi
removido de Judá, e antes da destruição do Segundo Templo.
Que ele seria morto. Que o pecado e a morte seguiriam no mundo depois de sua morte.
E que a ressurreição dos mortos ocorreria 2.000 anos depois.
Vós examinais as Escrituras, pensando encontrar nelas a vida eterna; ora, são elas que
dão testemunho de mim; vós, porém, não quereis vir a mim para ter a vida! (João 5:39-
40)
Dos dois bodes, aquele que foi morto e o sangue espargido; e o segundo ato, quando
então Arão colocou as suas duas mãos sobre ele passando para ele o pecado do povo.
Dois mil anos depois acontece o segundo ato, quando então o pecado, ao Novo Arão,
colocar as suas mãos sobre a cabeça da Serpente Original, então o pecado do mundo
desaparece, passado para ela. É o iníco do Milênio.