o surgimento da encadernaco

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  • O surgimento da encadernao

    e sua evoluo atravs dos sculos

    Cida Mrsico

    Conservadora e Restauradora - Fundao Biblioteca Nacional

    Mestre em Histria da Arte Universidade Federal do Rio de Janeiro

    A encadernao: do rolo ao codex

    A encadernao, uma das mais antigas prticas de conservao

    preventiva, surgiu com a passagem do rolo (volumen) a codex (em cadernos),

    formato que se sistematizou no Imprio Romano a partir do sculo I. A origem

    da encadernao est na razo direta do aparecimento do livro, como o

    compreendemos hoje.1

    Encadernar a operao de juntar as folhas de um livro, costurando os

    cadernos e cobrindo o corpo do volume com uma capa mais grossa e slida que a

    folha vulgar2, com a finalidade de proteg-lo e embelez-lo. Os primeiros livros

    eram compostos por folhas simples de pergaminho dobradas ao meio, formando

    cadernos.

    Encadernao bizantina (sculos IV a VI)

    Nos primeiros sculos do cristianismo, os livros sagrados tornaram-se

    verdadeiras obras de arte, um meio luxuoso de valorizar a palavra divina. A

    encadernao bizantina, executada por artistas, era ricamente ornamentada: as

    capas eram de placas de marfim ou metais como cobre e prata, com incrustaes

    de pedras preciosas, ouro macio, ou pintura em esmaltes coloridos. Pela riqueza

  • dos materiais empregados, esta encadernao denominada de ourivesaria, e

    era geralmente destinada ao uso litrgico.

    Encadernao bizantina (ourivesaria)

    (Ornamentada com marfim esculpido, metais dourados, pedras preciosas e esmaltes de cores vivas, com figuras de santos e outros motivos religiosos)

    Encadernao Medieval

    A encadernao medieval teve sua origem nos mosteiros da Idade Mdia,

    sendo anterior descoberta da imprensa. tambm denominada de

    encadernao gtica ou monstica.

    A partir do sculo XII, as placas de marfim, utilizadas na encadernao de

    ourivesaria, foram substitudas por tbuas muito espessas (10 mm).

    O carter higroscpio do pergaminho, o manuseio e o acondicionamento

    levavam degradao das folhas inicias e finais dos cadernos. A fim de evitar

    este problema, passou-se a prender as folhas costuradas entre tbuas, criando,

  • assim, o embrio da encadernao como hoje concebida. A encadernao

    medieval estabelece solidariedade com o bloco dos cadernos. O que significa

    que, enquanto encadernao, no um simples envelope de revestimento ou

    capa de proteo.3

    (Capa de madeira)

    (Costura em nervo duplo)

    As tbuas da encadernao medieval no apresentam seixas e encaixe.

    Pelo menos at o sculo XIII/XIV, as tbuas so cortadas na medida exata dos

    flios dos cadernos e no apresentam margens salientes, nem cabea nem ao p

    ou ainda na goteira.4

  • (Sem seixas e encaixe)

    At o Renascimento, os livros no eram acondicionados na vertical, mas

    deitados em prateleiras ou mesas. Suas capas continham espcies de calombos,

    feitos de metal ou pedra incrustada, que os mantinham erguidos acima da

    superfcie, driblando a umidade. A lombada, pouco visvel, no continha o ttulo,

    sendo este escrito em etiquetas, no raro protegidas por chifre transparente,

    atadas capa. Para evitar a ondulao do pergaminho, fechos e broches nas

    bordas das pranchas de madeira mantinham o livro bem fechado. 5

    (Capa de madeira, cantoneiras de metal, prego, broche central. Costura com nervos, fechos.)

  • O formato plano do livro favorecia a sua ornamentao. Na Idade Mdia a

    ornamentao era feita por impresso a seco (gofragem), mtodo que no

    utilizava tinta ou ouro para a estampagem, a marca deixada sobre as capas era

    resultado de ferros aquecidos sobre o couro mido.

    A arte de decorar a capa e a lombada com folha de ouro denominada de

    dourao e tem origem rabe, aparecendo no Marrocos a partir do sculo XII. As

    primeiras capas decoradas aparecem na Europa na Itlia a partir de 1459. Na

    Espanha, elas surgem por volta do fim do sculo XV. A sua tcnica consiste

    basicamente em uma impresso a ferro quente e folha de ouro na

    encadernao.

    Avaliar as primeiras douraes tarefa muito difcil, pois no sabemos ao

    certo se o ouro foi realmente impresso sobre o couro, com um instrumento

    quente, ou foi pintado depois de feita uma impresso a seco. Isto , se foi

    realizada uma impresso a seco com pintura dourada nos sulcos ou se foi feita

    uma dourao com uso de folha de ouro.

    Uma forma de estabelecer a diferena observar as marcas profundas

    (sulcos) deixadas no couro. Na impresso a seco, com pintura dourada,

    detectamos as marcas do pincel que comprovam que foi realizada uma pintura e

    no a impresso. A diferena entre as duas tcnicas torna-se difcil de identificar

    hoje em dia devido degradao das obras atravs dos tempos.

    A Encadernao: do mosteiro ao atelier

    A difuso do livro na Renascena resultado da conjuno de diversos

    fatores: o advento da imprensa no sculo XV; o emprego do papel em

    substituio ao pergaminho, ocasionando custos mais baixos e, portanto,

    barateamento do livro, e a substituio das pranchas de madeira por papelo, o

    que conferiu mais leveza s capas.

  • A passagem da Idade Mdia para a Era Moderna significou passar da

    idade corporativa para a da propriedade privada: as encadernaes agora

    deixam os mosteiros e so realizadas em atelis especializados, que trabalham

    por encomenda de abastados mecenas, biblifilos e colecionadores.7

    A encadernao adquiriu grande importncia no Renascimento

    especialmente na Frana, Itlia e Alemanha. O seu apogeu acontece nos sculos

    XVII e XVIII, sobretudo na Frana, onde muitas famlias cultivavam o ofcio de

    gerao em gerao, acompanhando os estilos mais apreciados de cada perodo e

    as tendncias estticas gerais.

    Principais Estilos de Encadernao

    Espanha estilo mudjar (sculos XII e XVI)

    Mudjar, em rabe, significa "domstico" ou "domesticado. O termo

    utilizado para designar os mulumanos espanhis que permaneceram vivendo

    em territrio conquistado pelos cristos e sob o seu controle poltico, durante o

    longo processo da chamada Reconquista, que se desenvolveu ao longo da Idade

    Mdia, na pennsula Ibrica. Durante a Idade Mdia foram obrigados a se

    converterem ao cristianismo, passando assim a serem chamados de mouriscos.

    O estilo Mudjar de encadernao floresce na Espanha. Seus ferros tm

    forma de cordas retorcidas, e permitem infinitas combinaes e padres

    geomtricos. A capa de carto muito grosso ou de madeira, forrada de couro

    de bezerro. O resultado, belssimo, uma capa muito adornada, com poucos

    espaos vazios. A expresso foi cunhada em 1859 por Amador de los Rios em

    seu discurso de ingresso na Real Academia de Belas Artes de So Fernando O

    estilo mudjar na arquitetura.

  • (Ferros estilo Mudjar)

    (Encadernao Mudjar)

    Itlia - Aldo Pio Manuzio (sculo XV)

    A arte de encadernao tambm floresceu na Itlia, pas que trouxe do

    Oriente a tcnica da dourao. Da pennsula italiana, estendeu-se para outros

    pases europeus. Quem primeiro teve seu nome associado a um estilo foi Aldo

  • Pio Manuzio, o impressor que se tornava clebre pelas inovaes que fazia,

    rompendo definitivamente com os pesados padres anteriores.

    As suas encadernaes, chamadas de aldinas, so executadas em Veneza

    nos finais do sculo XV por Aldus Manuzio e seus discpulos. Eram em couro

    marroquim, caracterizando-se pelo emprego, na sua decorao, de folhas

    estilizadas terminadas em espiral, filetes a seco, retos e curvos, entrelaando-se a

    flores no centro e nos cantos.8

    (Ferros de Aldo Manuzio aldinos) - Folhas estilizadas)

    Noctes Atticae - 1515, Library of Congress

    (Encadernao estilo aldino, executada por Jean Grolier)

  • Frana

    Jean Grolier (1479-1565)

    Era tesoureiro real alm de mecenas. Trouxe de suas viagens Itlia seu

    entusiasmo pelo trabalho de Aldo. Comeou utilizando os prprios ferros

    aldinos, mas soube a partir deles chegar a uma infinidade de modelos em forma

    de folha, que vazou e listrou (fundo raiado), criando belssimo efeito. Combinava

    os flores em forma de ramos e unia os filetes com grande preciosismo.

    Ferros de Grolier

    (Modelos em forma de folha, vazada e listrada - fundo raiado)

  • Estilo Jean Grolier

    (Detalhe da dourao - folha, vazada e listrada - fundo raiado)

    Thomas Maioli (1549-65)

    Tambm conhecido por Tomasso Maioli e Thomas Mahieu.

    Biblifilo e grande apaixonado da arte da encadernao est no mesmo

    nvel de Aldo Manuzio e de Jean Grolier. Nascido na Itlia, foi secretrio de

    Catherine de Medicis (1549-1569) e depois secretrio do tesouro da Frana, como

    Grolier, que muito provavelmente conheceu.

    Lutou para criar um estilo prprio, mas se manteve muito influenciado

    por seus antecessores. Modificava os ferros acrescentando pontilhados no fundo.

    Usava com frequncia desenhos geomtricos, com um refinamento

    surpreendente: formado por ferros curvos e flores com filete duplo.

    Ao lado de Grolier, o estilo Maioli passou a constituir um dos estilos

    universais de encadernao.

  • (Encadernao Thomas Maioli)

    Estilo Fanfare (sculos XVI -XVII)

    Seus principais artesos foram os ve, Nicolas e Clovis, pai e filho,

    encadernadores e douradores do Rei. O novo estilo decorativo, de execuo

    complexa, consistia em linhas curvas que representavam flores, folhas, ramos

    espiralados que cobriam a capa por inteiro. Uma soluo muito usada era a do

    filete duplo ou triplo na cercadura.

    O nome Fanfare foi cunhado pelo escritor e biblifilo Charles Nodier, no

    sculo XIX, quando o encadernador francs Joseph Thouvenin relanou o

    estilo para encadernar La Fanfare des Courves Abbadesques (seria possvel dizer

    que obra essa, o ano de publicao, autor etc?).

  • (Ferros Fanfare)

    (Estilo Fanfare)

  • Du Seuil - Augustin Du Seuil (1673-1740)

    Tornou-se conhecido pelo gnero de dourao a mo de fino gosto: a

    caracterstica de seus desenhos consiste em trs filetes no contorno da capa dois

    juntos e finos na beirada e outro mais grosso um pouco mais distante e mais

    um quadro de filetes. Sendo o primeiro mais grosso e outros mais finos. Nas

    quatro metades do segundo quadro Du Seuil colocava quatro meios-crculos,

    dando a encadernao grande beleza. O centro combinado por flores

    pequenos e mdios, formando uma roseta no estilo renascentista.

    Estilo Dentelle (sculo XVIII)

    Nicolas Denis Derme (Derme, o jovem) foi o mais ilustre representante das

    vrias geraes da famlia Derme. Os Derme foram os grandes difusores do

    estilo dentelle, que um tipo de encadernao no qual os elementos ornamentais

    imitam as rendas

    Ele utilizava os ferros dentelle, ou seja, em combinao e no em

    repetio. Uma caracterstica da decorao de Nicolas Derme a presena de

    pequenos pssaros com as asas e abertas.

  • (Encadernao Dentelle - rendas)

    Dentelle loisseau

    (Nicolas Derme presena de pequenos pssaros com as asas e abertas)

    Estilo Pontilhado - Le Gascon (sculo XVII)

    um estilo luxuoso de dourao, feito com pequenos pontos e curvas.

    Surgiu na Frana na primeira metade do sculo XVII, foi muito utilizado por

    nmeros encadernadores franceses Florimon Badier e Mac Ruette. No

    entanto, o termo alcana a magnitude de execuo com as encadernaes

    associadas ao nome Le Gascon.

  • (Estilo Pontilhado - Le Gascon)

  • Antoine Michel Padeloup (1685-1758)

    Foi encadernador real de Luis XV, em 1733. Geralmente utilizava a decorao

    dentelle. Tambm atribuda a ele a introduo da repetio de desenhos. Suas

    capas eram cheias de desenhos e, nos espaos livres, Padeloup aplicava a flor de

    lis e rosas pequenas, gostava muito dos mosaicos coloridos.

    Foi o primeiro a fazer guardas dos livros forradas de seda.

    (Estilo mosaico)

    Encadernao no Brasil

    Encadernao Imperial Segundo Reinado

    A encadernao imperial um estilo particular de encadernao

    armoriada (ou brasonada), de uso muito difundido no segundo reinado. Ela se

    distingue pelas armas do imprio em dourado, no centro das capas.

    Um livro possuir as armas do Imprio na encadernao no significa que

    o exemplar pertenceu ao Imperador. Indica que pertenceu a alguma repartio

    pblica. Eram encadernaes oficiais. Nestes casos o couro da encadernao

  • verde e a combinao do ouro da gravao forma as cores nacionais, verde e

    amarelo.9

    No final do sculo XIX, o veludo foi um material muito utilizado para a

    cobertura das capas e da lombada das encadernaes imperiais. A preferida era

    o verde, mas usava-se tambm veludo azul e roxo, ou, mais raramente o

    vermelho. 10

    As armas imperiais eram gravadas no centro da capas.

    (Encadernao imperial acervo biblioteca nacional)

  • (Encadernao imperial acervo biblioteca nacional)

    (Encadernao imperial, veludo vermelho acervo biblioteca nacional)

  • Roteiro para descrio de encadernao

    Relao das principais caractersticas da encadernao que devem ser observadas para a descrio da obra

    CAPAS

    De marfim

    De madeira

    De papelo

    De papel

    COBERTURA

    Couro (cor)

    Pergaminho

    Tecido

    Veludo

    Cetim

    Seda

    Papel

    LOMBADA

    Nervos

    Sem nervos

    Dourao

    Sem dourao

    FOLHA DE

    Pergaminho

    Papel

  • GUARDA

    Seda

    Marmorizada

    Impressa

    CORTES

    Dourado

    Cinzelado

    Pintado

    Marmorizado

    Salpicado

    CABECEADO

    Manual

    Industrial

    TIPO

    Inteira

    Meia

    Meia com cantos

    DOURAO

    Impresso a seco

    Impresso com ouro

  • Concluso

    A importncia de fenmenos novos capazes de provocar mudanas

    significativas em um determinado contexto social e cientfico explicada por

    Thomas Kuhn, em seu livro A Estrutura das Revolues Cientificas. 11

    Mostra que idia de anomalia desempenha um papel importante na

    emergncia de novos tipos de fenmenos.12 Ao serem assimilados pela

    sociedade, eles instauram uma ruptura com uma prtica cristalizada de um

    determinado perodo histrico, dando origem a uma mudana de paradigma.

    Este ltimo, um termo que usado mais genericamente para descrever uma

    modificao profunda em nossos pontos de referncia.

    A inovao estrutural derivada da passagem do rolo ao codex possibilita o

    surgimento de uma mudana de paradigma na histria do livro: o livro plano e a

    encadernao. Fazendo com que o formato rolo caia em desuso no sculo V.

    Na Idade Mdia, o livro ser o veculo ideal para a propagao da palavra

    divina, revelando um valor litrgico e domnio do poder eclesistico. So

    Jernimo (331-420), em uma epstola do sculo IV, protestava: Enquanto se

    cobrem os pergaminhos de ouro e pedras precisas, morrem os pobres nas ruas,

    com frio, e Cristo morreu nu. No Renascimento, seguindo a mudana de

    paradigma da poca, o livro acompanha a secularizao da sociedade, surgindo

    os atelis particulares de encadernao e dourao.

    A encadernao e a dourao atingem o seu apogeu nos sculos XVII e

    XVIII, na Itlia, Frana e Alemanha. Os biblifilos mandavam fazer

    encadernaes de luxo para seus volumes, difundindo esta arte de embelezar e

    proteger uma obra. Testemunho de uma poca, a encadernao e dourao so

    valores simblicos agregados ao livro e que devem ser sempre muito bem

    avaliados e cuidados para manter e preservar a identidade de uma determinada

    arte em uma poca.

  • O estudo da histria da encadernao possibilita ao bibliotecrio, aos

    responsveis por bibliotecas, aos historiadores, aos livreiros e aos colecionadores

    identificar e dimensionar a importncia do objeto livro raro. O

    desconhecimento de estilos e caractersticas de poca das encadernaes levam

    perda de um importante testemunho histrico de uma tcnica to minuciosa e

    nica na histria do livro.

    _______________________

    Glossrio 13

    * Definies retiradas do livro:

    FARIA, Maria Isabel, PERICO, Maria da Graa. Dicionrio do livro: terminologia relativa ao suporte, ao texto, edio e encadernao, ao tratamento tcnico etc. [Lisboa]: Guimares Editores, [c1988]. p. 114.

    A SECO Expresso para indicar uma decorao em encadernao de pele, pergaminho ou tecido, mediante a aplicao de um ferro ou puno muito quente sem dourado ou cor, como por exemplo, nas encadernaes monsticas. ARMAS Insgnias de quem possui ou possuiu um livro, podendo ser gravadas, douradas ou contornadas de ornamentos e usadas nas encadernaes ou com tema decorativo ou comprovao de propriedade. ARMORIAL Livro que contm armas e brases de nobreza. AZURADO Ferro estriado de linhas oblquas utilizado para a decorao de encadernaes. CABEA A parte superior de qualquer forma ou pgina, parte superior do livro. CADERNO Conjunto de folhas de pergaminho ou papel dobradas ao meio encartadas umas nas outras e constituindo os elementos de um manuscrito ou de um livro antigo.

    CAPA

    Parte exterior de um documento, seja de que matria for, destinada a proteg-lo.

  • CERCADURA

    Elemento decorativo, formado por quatro bordaduras, utilizado em composio, gravura

    e encadernao.

    CHAGRIN (palavra francesa derivada do turco sagri) Pele de aspecto granuloso preparada com quarto traseiro do cavalo, do burro, da cabra caracterizada por um gro muito mido e regular; empregou-se na encadernao apenas depois da segunda metade do sculo XIX, alguns dicionrios adotam a forma Chagrm. CINZELADO Ornamentao de luxo no corte dos livros. CINZELAR O CORTE Operao levada a cabo no corte dos livros, por meio da qual se gravam motivos ornamentais no mesmo. CINZELADO SIMPLES Aquele em que, aps a dourao do corte do livro, se procedeu gravao do desenho, mediante instrumentos prprios. CODEX (CODICE) Livro manuscrito organizado em cadernos solidrios entre si, por costura e encadernao. CONTRACAPA Lados internos da capa. COSTURA Ato de costurar livros; uma operao levada a cabo no dorso dos cadernos com linha para unir uns aos outros, segundo a sequncia normal da obra. CRAVO (PREGO) Prego de metal colocado nos ngulo das pastas do livro. DOURADO Impresso a ferro quente e folha de ouro na encadernao. DOURAR Estampar ou revestir com ouro ou outro metal, legendas e motivos ornamentais na capa, lombada e corte dos livros. DOURAR O CORTE Revestir a ouro o corte do livro, s cabea ou nos trs lados. ENCADERNAO Operao de juntar as folhas de um livro, costurando os cadernos e cobrindo o corpo do volume com uma capa mais grossa e slida que a folha vulgar.

  • ENCADENAO DENTELLE (encadernao rendada) Tipo de encadernao em que os elementos ornamentos ornamentais imitam as rendas. ENCADERNAO FANFARE Tipo de encadernao do sculo XVII, caracterizada por motivos simples e delicados, formados quase exclusivamente por linhas curvas que representam flores, folhas, ramos espiralados que cobrem a capa por inteiro; inspirada nos trabalhos de Clvis e Nicolau Eve.

    ENCADERNAO ALDINA

    Nome pelo qual so conhecidas as encadernaes de marroquim trabalhado executadas em Veneza nos finais do sculo XV, por Aldus Manutius e seus discpulos; caracterizam-se pelo emprego na sua decorao de folhas estilizadas terminando em espiral, filetes a seco, retos e curvos, entrelaando-se flores no centro e nos cantos.

    ENCADERNAO BIZANTINA

    Encadernao ornamentada com marfim esculpido, metais dourados e esmaltes de cores vivas, com figuras de santos e outros motivos religiosos.

    ENCADERNAO BRASONADA Encadernao que apresenta, em uma ou em ambas as pastas, um braso que pode pertencer ao possuidor ou a outro personagem a quem o exemplar dedicado.

    ENCADERNAO EM MOSAICO Designa um tipo de encadernao polcroma. Obtida com lacas e vernizes de cores variadas ou com a aplicao de pedacinhos de peles de vrias cores e qualidades. ENCADERNAO INTEIRA Aquela em que, para a cobertura da lombada e das pastas se emprega um nico tipo de material; tanto pode ser o couro (inteira de couro), como o tecido (inteira de tecido). ENCADERNAO MONSTICA

    Encadernao anterior descoberta da imprensa, tambm conhecida como gtica ou medieval; teve origem nos mosteiros e conventos da Idade Mdia; caracterizada pela impresso a seco, em couro natural, de motivos severos, muito usados nos sculos XIV e XV; dentre esses motivos destacam-se os traos verticais ou em diagonal, os losangos, cruzes, figuras humanas ou animais fantsticos, especialmente drages, flores, folhas, leva em geral contos e fechos de metal. ENCADERNAO MUDJAR Encadernao do sculo XV em tbua ou carto muito forte, forrada de couro de bezerro ou outro, quase sempre repuxada ou gofrada com pequenos ferros de estilo rabe. ENCADERNAO MOURISCA Aquela que apresenta na sua decorao filetes entrelaados que formam figuras geomtricas ou arabescos nas pastas e quadrados com diagonais na lombada.

  • ENCADERNAO PADELOUP Estilo de decorao de encadernao praticada pela famlia Padeloup, na Frana, no sculo XVIII, caracterizado por embutidos de peles coloridas de formas geomtricas simples, desprovidas de floreados. ESTAMPAR A SECO Imprimir com ferros de dourador, deixando apenas as marca de presso, no utilizando ouro nem tinta. FILETE Em encadernao, adorno dourado igual e repetido em traos paralelos, que se encontra em alguns livros. GOFRAR Estampar a seco. GOTEIRA Lado oposto ao lombo quando as folhas frente tm a forma de meia cana. GUARDA Pgina branca colocada no incio e fim do livro e que no conta na paginao. LOMBADA Parte do livro oposta ao corte de dianteira onde so costurados os cadernos. MARROQUIM Pele de cabra curtida, a tanino, apresentando um gro irregular, muito brilhante e lustrosa. NERVO Tira de nervo de boi, couro, tripa enrolada (no livro antigo) ou fio, qual esto presos, de um lado os fios da costura dos cadernos que compem um livro e do outro os planos; designa-se igualmente desse modo a salincia que se encontra na lombada do volume. NERVO FALSO Pedao de cordo para imitar o relevo produzido pelos nervos verdadeiros. P Margem inferior do livro, oposto cabea e goteira.

    ______________ Referncias 1 CASTELO BRANCO, Zelina. Encadernao. So Paulo: Editora Hucitec, 1978. p.3.

    2 FARIA, Maria Isabel, PERICO, Maria da Graa. Dicionrio do livro: terminologia relativa ao suporte, ao texto, edio e encadernao, ao tratamento tcnico etc. [Lisboa]: Guimares Editores, [c1988]. p. 114.

  • 3 NASCIMENTO, Aires Augusto e DIOGO, Antonio Dias. Encadernao Portuguesa Medieval. Portugal: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1984, 28p 4 NASCIMENTO, Aires Augusto e DIOGO, Antonio Dias. Idem p.29.

    5 BRUCHARD, Dorothe. A Encadernao , disponvel em http://escritoriodolivro.com.br acessado em maro de 2009. 6 FARIA, Maria Isabel, PERICO, Maria da Graa. Idem. p. 102

    7 BRUCHARD, Dorothe. Idem

    8 FARIA, Maria Isabel, PERICO, Idem. p. 115. 9 MORAES, Rubens Borba. O Biblifilo Aprendiz. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 2a edio, revista e aumentada, 1975, p. 64.

    10 Idem nota 9.

    11 KUHN, Thomas. A Estrutura das Revolues Cientficas. Editora Perspectiva:So Paulo, 5 edio, 1998. 12 Idem nota 11, pgina 94. 13 FARIA, Maria Isabel, PERICO, Maria da Graa. Dicionrio do livro: terminologia relativa ao suporte, ao texto, edio e encadernao, ao tratamento tcnico etc. [Lisboa]: Guimares Editores, [c1988].

    Outras Fontes de Pesquisa.

    www.cyclopaedia.org/16c/1573point.jpg

    libweb5.princeton.edu/.../images/4.thumb.jpg

    http://www.wlb-stuttgart.de/sammlungen/alte-und-wertvolle-drucke/bestand/einbaende/einbandsammlung/

    Especialistas Consultados Ana Virginia da Paz Pinheiro - Bibliotecria, Professora Adjunta da Universidade do Rio de Janeiro, Chefe da Diviso de Obras Raras da Fundao Biblioteca Nacional. Carmem Lucia da Costa Albuquerque Bibliotecria, Conservadora e Restauradora da Fundao Biblioteca Nacional, Especialista em encadernao e restaurao de obras rara.

  • CURRICULO RESUMIDO Maria Aparecida de Vries Mrsico

    Maria ApareCida de Vries Mrsico (MS), Tcnica em Conservao e Restaurao da Fundao Biblioteca Nacional (desde 1986) e Professora, (MEC-Reg LP/11556), com cursos e estgios de aperfeioamento na Biblioteca Nacional da Frana (Paris, 2002) e no Tokyo National Research Institute of Cultural Properties (Kyoto, 1997), Mestre em Histria da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001); e Especialista em Cincia da Conservao, Restaurao e Encadernao pelo Colchester Institute School of Printing (Inglaterra, 1983-85) e pela East Anglian Regional Advsory Council for Further Education/ Bolsa CAPES (Inglaterra, 1985); e em Restaurao de Obras de Arte sobre Papel pelo Northeast Document Conservation Center/Bolsa Fullbright (EUA, 1991). Agraciada com o ttulo de Conservadora Honorria da Biblioteca e Arquivo Nacionais da Bolvia (2009). colaboradora do grupo de trabalho do Projeto Conservao Preventiva em Bibliotecas e Arquivos, patrocinado pela Commission on Preservation and Access (IFLA) e agraciado com o Prmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 1998 (www.cpba.net). Chefe da Diviso da Conservao de Restaurao da Biblioteca Nacional (1990-2003). Professora de Conservao de Obras de Arte no curso e ps-graduao em Arte Visuais da Universidade Estcio de S (2004 -2008). Participa de eventos cientficos ministra cursos e seminrios sobre conservao preventiva e publica nas reas de Preservao, Conservao, Restaurao e Artes Plsticas. Endereo eletrnico: [email protected].