o sus na mídia
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IZAMARA BASTOS MACHADO / OBSERVATÓRIO SAÚDE NA MÍDIA Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde - LACES Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde / ICICT - FIOCRUZTRANSCRIPT
Brasília, 18/11/2013
IZAMARA BASTOS MACHADO / OBSERVATÓRIO SAÚDE NA MÍDIA Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde - LACES
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde / ICICT - FIOCRUZ
O SUS NA MÍDIA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS VISIBILIDADES E OS SENTIDOS DO SUS
NOS JORNAIS O GLOBO E FOLHA DE SÃO PAULO
Seminário: “As Relações da Saúde Pública com a Imprensa: SUS na Mídia”
O SUS...
Sabemos que...
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi resultado da luta pela Reforma Sanitária
– especialmente através da agenda de reivindicações produzida a partir
das Conferências Nacionais de Saúde, com destaque para a VIII (1986).
E entendemos que...
Desde a sua criação, o SUS tem estado em meio a um campo de tensões que
às vezes polariza defensores ferrenhos de um lado, e críticos vorazes de
outro. Gestores, políticos, usuários, imprensa apresentam uma
multiplicidade de perspectivas sobre o que é e o que deveria ser o Sistema
Único de Saúde brasileiro, catalisando por vezes debates acalorados.
Seminário: “As Relações da Saúde Pública com a Imprensa: SUS na Mídia”
Brasília, 18/11/2013
Por que observar a mídia?
Meios de comunicação
Lugares de embate e de interesses divergentes:
Mídia como espaço articulado e coerente de disputa do poder,
expressão dos interesses do capital X Dimensão crítica do
jornalismo, cuja função seria controlar e denunciar as mazelas
sociais, políticas e econômicas.
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A partir dessas reflexões...
Surge o Observatório Saúde na Mídia (OSM)
O Observatório surgiu a partir do reconhecimento do lugar central que os meios de comunicação de massa ocupam nas sociedades contemporâneas, constituindo-se espaços privilegiados na formação do olhar que a população lança sobre o mundo e as relações sociais, bem como mediante à percepção da crescente importância da saúde como objeto de interesse midiático.
Objetivo do Observatório: Analisar como os meios de comunicação de massa produzem sentidos sobre a saúde.
O Observatório é uma iniciativa do Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde (LACES) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
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Brasília, 18/11/2013
Metodologia do Observatório
- O Observatório tem seu campo observacional a partir do segundo
semestre de 2008, sem data para ser concluído.
- A metodologia adotada pelo Observatório Saúde na Mídia tem como
base uma pesquisa documental em jornais impressos:
- Rio de Janeiro: O Globo e O Dia;
- São Paulo: Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo
(anteriormente JT);
- Pernambuco: Folha de Pernambuco, Jornal do Commercio;
- Distrito Federal: Correio Braziliense.
- EQUIPE: Multidisciplinar (RJ) / Parceiros: FIOCRUZ Brasília e Recife
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Poder simbólico (Bourdieu) – poder de fazer ver e fazer crer dos meios de comunicação.
Noção de discurso (Bakhtin) – conceitos de polifonia e dialogismo.
Enquadramento: “Produzir um enquadramento é selecionar alguns aspectos da realidade
percebida e dar a eles destaque maior no texto comunicativo, gerando interpretação, avaliação
moral e/ou tratamento recomendado para o item descrito (...). Para identificar o enquadramento de
uma reportagem, primeiro é preciso ir em busca da definição do problema apresentado, verificando
se ele é político ou econômico”. (Robert Entman)
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...
“As pessoas agendam seus assuntos e suas conversas em função do
que a mídia veicula”.
(Citado em Barros Filho, 1995,p.169)
“Em consequência da ação dos jornais, da televisão e de outros meios
de informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura,
realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos”.
(Donald L.
Shaw)
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Objetivo desta Comunicação:
Analisar os sentidos construídos sobre o Sistema Único de Saúde (SUS)
em 02 jornais de referência do país: o Globo e a Folha de São Paulo.
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...ENTÃO...se
Entendemos que os meios de comunicação interferem diretamente na
construção e na transformação da realidade da população, além de
influenciarem na percepção que cada indivíduo tem da realidade...
Nossa hipótese é que os discursos midiáticos interferem na
construção de uma imagem do SUS e dos discursos que o
avaliam.
No entanto, não se trata de um processo homogêneo: há distinções
entre os veículos, contradições internas, resistências etc.
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METODOLOGIA
Trabalhamos com os pressupostos da Análise Social de Discursos (Pinto, 1999 e Araújo, 2000), que correlaciona os textos com suas condições de produção e circulação, entendendo estas como condições sociais, econômicas, políticas, institucionais e situacionais. Análise não apenas das marcas textuais da notícia – o que aparece de fato no jornal – mas levando em conta o(s) contexto(s) de produção da notícia.
Mapeamento: “Saúde” em geral - Fevereiro e Março de 2013: jornais O
Globo e Folha de São Paulo;
Mapeamento “SUS” em específico - Recorte para Análise : Semanas
de 03 à 09 e 17 à 23 (Fevereiro e Março 2013)
Critérios de escolha dos jornais: jornais de maior circulação no país (IVC),
grande relevância política e capacidade de formação de opinião. São
monitorados pelo OSM.Seminário: “As Relações da Saúde Pública
com a Imprensa: SUS na Mídia”Brasília, 18/11/2013
RESULTADOS PRELIMINARES – SUS nos Jornais (por 04 semanas)
... METODOLOGIA
- Incluímos tanto os textos que utilizavam a nomenclatura “SUS”, como
aqueles que se referiam a algum elemento que constitui o SUS (mesmo
que não citassem o nome Sistema Único de Saúde (SUS));
- Buscamos identificar quais os dispositivos de enunciação utilizados
para falar do SUS e os contextos em que isso ocorreu.
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RESULTADOS PRELIMINARES
MÊS/JORNAL O GLOBO FOLHA S.PAULO TOTAL
FEVEREIRO 239(8,5 texto/dia)
304(10,8 texto/dia)
543
MARÇO 333(10,7 texto/dia)
209(6,7 texto/dia)
542
TOTAL 572 513 1085
Saúde em Geral ao longo dos 2 meses nos 2 Jornais:
“SUS” aos longo das 04 semanas: duas em Fev. e duas em Março
MÊS/JORNAL O GLOBO FOLHA S.PAULO TOTAL
FEVEREIRO 56 40 96
MARÇO 30 19 49
TOTAL 86 59 145
OBS.: SUS nomeado/citado no texto ou não
ÁREAS TEMÁTICAS mais apresentadas nas páginas dos jornais no período
analisado: Semanas de 03 à 09 e de 17 à 23 (Fevereiro e Março 2013)
1º) Doenças: Saúde mental (31 textos); infecto-contagiosas (dengue (04), H1N1(01));
câncer (03), obesidade (03), entre outras pulverizadas nos jornais sendo apresentadas por
diversificados olhares: do ponto de vista do tratamento, da prevenção, do diagnóstico, dos
sintomas, do investimento do governo, das políticas públicas, etc.
OBS: Crack / Internação Involuntária (predominância de opinativos) : 18 textos
2º) Formação dos Médicos (Cursos de Medicina) e Distribuição dos Profissionais pelo
território nacional: 13 textos
3º) Atendimento na Rede Pública sob perspectiva da gestão (textos tanto trazendo relatos
de deficiência do sistema quanto apresentando investimentos e ampliação nos setores e
serviços): 08 textos
Outras Observações...
DESTAQUE: ANVISA ( atuação/ fiscalização – Medicamentos/Alimentos/Ambientes):
11 textos;
OUTROS TEMAS presentes na cobertura: Atuação Profissional e investigação (caso
médica de Curitiba); Medicamentos; Pesquisas/Estudos; Diagnósticos; Alimentação
Saudável; SUS X Saúde privada; Tragédia em Santa Maria (atuação do SUS e ações
do Ministério da Saúde); ETC.
- Saúde pública como tema que mobiliza espaços nobres do jornal (Capas,
Artigos, ...):
- Recorrência dos mesmo temas nos dois jornais (agendamento);
- O Globo: saúde pública ocupa importante espaço nas discussões políticas
(nacional) e nas coberturas “locais” (Editoria Rio);
- Folha de SP: caracteriza-se pelo destaque aos temas da pesquisa e também nas
discussões sobre saúde sendo discutidas na editoria local (Cotidiano). Saúde
ocupou mais as Capas/1ª Página (12 capas em 4 semanas);
- Convergência na cobertura: O Globo e Folha SP - Saúde pública como espaço
da cidade, do cotidiano, mas também da Política e da Ciência.
RESULTADOS PRELIMINARES
... RESULTADOS PRELIMINARES...
- Nomenclatura “SUS” : existe um “jogo” de visibilidade e invisibilidade na
construção das noticias.
- A nomenclatura “SUS” aparece com mais freqüência nas matérias que falam
de “um SUS que não funciona” , que nas matérias que falam da eficiência do sistema.
- Se diz que é eficiente nomeação “SUS” é praticamente invisível.
- Quando o “SUS” é considerado eficiente: há uma tendência a atribuir ao
governo local.
- Quando tende a apresentar um “SUS ineficiente” – Política Nacional / Governo Federal
Ex.: “Abandonados até pelo SUS”
“Ministério reconhece que apenas 38% da população carcerária recebe atendimento e que
cobertura de saúde mental é ainda mais baixa”.
Série de reportagens do jornal O GLOBO: “Loucura atrás das Grades”, 19/02/2013. Editoria: PAÍS,
PÁG.3)
“Dilma vai acabar com o SUS”
“O desmonte final do Sistema único de Saúde (SUS) vem sendo negociados a portas fechadas,
em encontros da presidente Dilma Roussef com donos de planos de saúde, entre eles
financiadores da campanha presidencial de 2010 e sócios do capital estrangeiro, que acaba de
atracar faminto nesse mercado nacional.(...) O Sus é uma reforma incompleta, pois o gasto
público com saúde é insuficiente para um sistema de cobertura universal e atendimento integral.
Isso resulta em carência de profissionais, baixa resolutividade da rede básica de serviços e
péssimo atendimento à população. (...) É inaceitável, em uma sociedade democrática, a intenção
do governo de abdicar da consolidação do SUS, de insistir no subfinanciamento do público e
apostar no avanço de um modelo privado, estratificado, caro e ineficiente.(...)
Folha de São Paulo, 05/03/2013, Editoria de Opinião - TENDÊNCIAS/DEBATE, Pág. A3.
Artigo assinado por: Ligia Bahia (profª do Instituto de Saúde Coletiva da Univ. Fed. RJ); Luis Eugenio Portela (profº da Univ. Fed. Da Bahia
e presidente da Abrasco); Mário Scheffer (profº Depart. De Medicina Prventiva da Fac. Medic. Da Univ. de SP).
- Há um clima de “desconfiança” na eficiência do sistema público. Essa desconfiança se consolida (especialmente) nas cartas de leitores, colunas assinadas ou em artigos assinados. “Desconfiança” algumas vezes explícitas, outras na contraposição ao Sistema de Saúde Privado (que tende a ser tratado como a opção ao SUS que não funciona).
Ex.: “Cirurgia pelo SUS”
“Assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia resistiu à tentação de ‘operar o coração no
Hospital Sírio Libanês, em São Paulo’. Sofreu pressão da família, do médico das
celebridades políticas e da presidente Dilma. Mas se internou no Instituto de Cardiologia,
em Brasília. E fez todos os procedimentos pelo Sistema Único de Saúde”.
(O Globo, 07/03/13 – Editoria: PAÍS, pág.2/ Coluna Panorâma
Político)
“Uma radiografia da situação no Brasil”
Tetxo fala das dificuldades enfrentadas pelos pacientes para conseguir diagnóstico e
tratamentos adequados no SUS.
(O Globo, 18/03/2013 - Caderno Especial Projetos de Marketing, Pág. 04 e 05)
- No entanto, cabe destacar que a “desconfiança” não é unanimidade na cobertura. Há textos que mostram ações positivas no que se refere à saúde pública do País.
Ex.: “Governo acelera inclusão de drogas no SUS”
“Só em 2012, 29 medicamentos e procedimentos foram incorporados à rede pública, contra 81 entre
2006 e 2011(...) Médicos e pacientes, no entanto, criticam rejeição a remédios já usados com sucesso
na prática clínica(...). (Folha de S.Paulo, 09/02/2013.Editoria:Saúde+Ciência, pág. B8)
“Sai registro de 1º remédio biológico 100% nacional”
“A Anvisa concedeu registro para a fabricação do primeiro medicamento biológico 100% nacional.(...)
O produto brasileiro deverá custar 50% menos que o importado em cinco anos, segundo o Ministério
da Saúde.(...) A expectativa do Ministé rio da Saúde é que gere uma economia de R$ 726 milhões no
período à pasta. (...) O medicamento (Etanercepte – que trata de artride reumatóide e outras doenças
crônicas que afetam as articulações) é oferecido á 16.431 pacientes do Sistema único de Saúde
(SUS). A previsão é que o remédio esteja pronto para a comercialização em 2016. é um produto de
saúde pública...”
Folha de São Paulo, 19/02/13. Editoria Mercado, pág. B2
Folha de São Paulo,
09/02/2013
O Globo,
19/02/2013
O GLOBO, 08/02/2013 FOLHA DE SÃO PAULO, 05/0302013
Diante disso...
Acreditamos que a visibilidade ou invisibilidade de um tema na mídia colabora
enormemente para que possamos ter a capacidade de construir um sentido
sobre um assunto;
... As observações que fazemos neste trabalho sugerem tendências da
cobertura da mídia;
... Acreditamos que os sentidos produzidos pela mídia, refletem não só em
quem utiliza diretamente os serviços do SUS, como influencia, de algum modo,
inclusive, a percepção daqueles que dizem não fazer uso do Sistema Único de
Saúde do Brasil.
Nossa intenção com nossos estudos é colaborar para o fortalecimento do SUS
como uma política nacional que merece seu devido reconhecimento.
POR FIM...ESPERA-SE QUE...
“O Observatório Saúde na Mídia (OSM) possa contribuir para o desenvolvimento de um conhecimento aprofundado sobre os modos pelos quais os meios de comunicação constituem
os sentidos públicos sobre a saúde...
&
Partimos do pressuposto de que este conhecimento interessa ao SUS e, particularmente, ao campo da
comunicação e saúde, em suas dimensões de ensino, pesquisa e serviços”.
(Projeto do Observatório Saúde na Mídia, 2008)
Coordenadora Executiva do Observatório Saúde na Mídia
Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde (LACES)
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT)
www.icict.fiocruz.br
OBRIGADA!
IZAMARA BASTOS MACHADOEmail:
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde