o tesouro de bat - santillanao tesouro de bat 001158 017-032.indd 17 27/04/17 15:40 001158...
TRANSCRIPT
Um conto asiático adaptado por Sílvia Moral
Ilustrado por Carmen Queralt
O tesouro de Bat
001158 017-032.indd 17 27/04/17 15:40
001158 081-096.indd 81 27/04/17 15:46
18
Nasan era um velho que vivia numa vasta estepe da Mongólia,
um enorme e longínquo país.
001158 017-032.indd 18 27/04/17 15:40
19
Até ter quase 100 anos, Nasan levantava-se todos os dias muito cedo
para cuidar dos seus animais. Ele tinha cavalos, ovelhas e cabras.
Com o leite das éguas, Nasan preparava uma bebida chamada airag.
001158 017-032.indd 19 27/04/17 15:40
20
Uma manhã, Nasan levantou-se mais cedo do que era costume.
Saiu da sua yurta, assim se chamava a tenda onde vivia, e partiu em busca
de alguns dos seus animais que tinham fugido durante a noite.
001158 017-032.indd 20 27/04/17 15:40
21
Pelo caminho, encontrou um rapaz que parecia estar muito triste.
O ancião sentiu pena e decidiu parar e ir falar com ele.
001158 017-032.indd 21 27/04/17 15:40
22
— Como te chamas, rapaz? Porque estás tão triste? — perguntou Nasan.
— Eu chamo-me Bat — respondeu o rapaz. — E estou triste porque
não tenho família nem um sítio onde morar.
001158 017-032.indd 22 27/04/17 15:40
23
Então, Nasan explicou-lhe que não devia estar triste.
— Mas como posso não me sentir triste? — quis saber o rapaz. — Não tenho nada…
— Isso não é verdade, Bat. Tens muitos tesouros — disse o velho.
001158 017-032.indd 23 27/04/17 15:40
24
Bat ficou muito surpreendido com o que o velho lhe disse e perguntou-lhe:
— Porque brincas comigo, velho? Eu não tenho nenhum tesouro.
— Oh! Mas claro que tens! Queres fazer uma troca comigo?
001158 017-032.indd 24 27/04/17 15:40
25
— Que troca? O que poderia eu dar-te? — perguntou Bat.
— Bem, eu dou-te seis das minhas ovelhas se tu me deres um braço —
respondeu Nasan.
001158 017-032.indd 25 27/04/17 15:40
26
— Um braço? Por seis ovelhas? Nem pensar! — exclamou Bat.
— Pois, então, dar-te-ei todas as minhas ovelhas e seis cabras se me deres
um braço e uma perna — propôs o velho.
001158 017-032.indd 26 27/04/17 15:40
27
— Um braço e uma perna? Não, não tos darei! — disse o rapaz.
— Dar-te-ei a minha yurta e todos os meus animais, mas tu terás de me dar
em troca ambos os braços, as duas pernas e um olho — ofereceu o velho.
001158 017-032.indd 27 27/04/17 15:40
28
— Mas tu enlouqueceste, velho? Nem por todo o ouro do mundo te daria
os meus braços e as minhas pernas e muito menos um dos meus olhos —
enfureceu-se o rapaz.
001158 017-032.indd 28 27/04/17 15:40
29
— Percebes agora, Bat? Tu tens muitos tesouros. E todos são mais valiosos
do que os meus animais ou a minha casa — explicou Nasan.
Bat entendeu o que o velho quis ensinar-lhe e agradeceu-lhe.
001158 017-032.indd 29 27/04/17 15:40
30
— Não precisas de me agradecer, rapaz — disse Nasan.
— Queres vir comigo e ajudar-me a recolher o rebanho? Depois comeremos.
Eu trouxe um ótimo airag.
001158 017-032.indd 30 27/04/17 15:41
31
E, naquele dia, Bat ganhou um novo tesouro à sua já grande lista de riquezas:
uma amizade tão grande como a extensa planície da Mongólia.
001158 017-032.indd 31 27/04/17 15:41