o trabalhador de saÚde mental: complexidades e … · pela própria característica da pesquisa,...
TRANSCRIPT
O TRABALHADOR DE SAÚDE MENTAL: COMPLEXIDADES E PARADOXOS
NO COTIDIANO DE TRABALHO EM UM CAPS
Maria aparecida de Moraes Burali / Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-SP1
Odair Furtado / Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-SP2
Resumo: Este trabalho é parte da tese de doutorado que está sendo desenvolvida junto ao
Programa de Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) no
Núcleo de Pesquisa Trabalho e Ação Social (NUTAS), sob a coordenação do Prof. Dr. Odair
Furtado. Propõe como objetivo apresentar reflexões pautadas nos resultados da pesquisa
desenvolvida com trabalhadores de saúde mental em um Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS), tipo II, no Município de Maringá, PR. Trata-se de uma pesquisa qualitativa em
Psicologia Social na abordagem Sócio-histórica, que a partir de um viés crítico se propõem
fazer uma análise da realidade, trazendo para a cena os trabalhadores de saúde mental e as
dimensões subjetivas que atravessam, bloqueiam e criam (im) possibilidades na construção de
alternativas antimanicomiais, para pensar, num âmbito mais amplo, os desafios postos na
implementação da Política Nacional de Saúde Mental, que ao passar pelos “crivos”
Estadual/Municipal, sofrem conformações e até deformações, que poderão seguir na contra
mão dos ideários da Reforma psiquiátrica.
Palavras-Chave: Trabalho, Trabalhador de saúde mental; Reforma Psiquiátrica; CAPS.
Introdução:
Este trabalho traz como questão central a problematização do trabalho e do trabalhador
em saúde mental no contexto da implantação dos serviços substitutivos, na singularidade dos
Centros de Atenção psicossocial (CAPS). Pois ainda que a história da luta pela Reforma
Psiquiátrica e nos desdobramentos que se seguiram após a aprovação da Lei 10216/2001,
demonstre o protagonismo dos trabalhadores neste processo, a questão após 12 anos de
aprovação da Lei da Reforma Psiquiátrica, que se segue é: quem são estes trabalhadores?
Quais respaldos são oferecidos no desenvolvimento dos seus múltiplos fazeres? Qual a
realidade concreta do dia a dia desses trabalhadores em municípios de pequeno e médio porte,
no cumprimento da Lei 10216/2001? Como os CAPS tem sido implantados e como os
1 Docente da Universidade Estadual de Maringá – PR – BR. Doutoranda no Programa de Psicologia
social/PUC/SP. 2 Orientador. Docente e Coordenador do Programa de Pós-graduação em Psicologia social/ PUC/SP.
trabalhadores estão sendo inseridos nesses serviços? Se o CAPS é este lugar que promete
fazer a crítica ao mundo manicomial, com quais desafios os trabalhadores se deparam no seu
dia a dia na missão de produzir práticas alternativas e substitutivas?
A tese que defendemos é que devemos considerar o lugar ocupado pelo trabalhador de
saúde mental na implantação de uma rede substitutiva, pois a luta pela emancipação do
“doente mental”, está associada diretamente a luta pela emancipação do trabalhador de saúde
mental. Pois se não houver condições de dignidade de trabalho, condições políticas que de
fato valorize e reconheça o trabalhador de saúde mental na complexidade deste trabalho, que
como define Merhy: [...] é de alta complexidade, múltiplo, interdisciplinar, interprofissional,
transdisciplinar e intersetorial [...] (2007, p. 57-58), teremos sérios obstáculos na implantação e
consolidação desses serviços, e na reprodução de um agir manicomial que destoa e rompe
com a criação de um outro lugar para as pessoas em sofrimento psíquico.
Scarcelli (1998) em sua dissertação de mestrado já apontava as muitas contradições e
conflitos que se faziam presentes entre os trabalhadores na implantação dos primeiros
serviços substitutivos no município de São Paulo. Contradições entre saberes e práticas do
modelo psiquiátrico tradicional x modelo antimanicomial e conflitos de natureza objetiva e/ou
subjetiva, emergentes no contexto de trabalho relacionados principalmente a concepção da
loucura, a constituição da equipe multidisciplinar e formação de trabalhadores em saúde
mental na construção de práticas inspiradas pelos princípios antimanicomiais. Constatou-se
que contradições (loucura/doença mental x saúde mental; loucura/desrazão x razão;
anormalidade/patologia x normalidade; saber x não saber; modelo médico x modelo não
médico; terapêutico x não terapêutico) provenientes da quebra do modelo manicomial,
desencadeiam processos de indiscriminação, emergentes de relações intersubjetivas, tendo
como efeito a perda de limites ( trabalhadores x usuários; técnicos x não técnicos; neurose x
psicose; eficiência x ineficiência; público x privado).
Assim, a construção destes novos modelos, ligada a desconstrução do manicômio,
apresenta-se como uma tarefa complexa, cuja realização não se restringe ao âmbito de
práticas, pois carrega em si, contradições inerentes ao sistema social do qual advém
(burguesia x proletariado; movimentos sociais x Estado; sociedade global x instituição de
saúde; instituição x trabalhadores; trabalhadores de saúde mental x usuários/familiares).
Observamos que no cenário atual, muitas questões persistem, pois são inerentes as próprias
contradições do sistema capitalista e ao campo da saúde mental, contudo o rumo que se dá na
implementação da Política Nacional de Saúde mental, ao passar pelo crivo Estado e
municípios, vão tomando formas diversas, que refletem a política local, a ideologia mais ou
menos alienante, que serão refletidas no modo como são implantados os serviços, no espaço
designado para ser ocupado pelos “loucos e desviados”, no modo que se pensa políticas que
incluam os trabalhadores também como sujeitos de direitos.
Destacamos neste trabalho como o poder instituído pela classe dominante e a particularidade
da história local do município são determinantes nas acomodações e deformações que
produzem e instituem formas particulares de lidar com a “coisa mental”. Estes aspectos ao
serem considerados, ajudam-nos a refletir sobre vários ângulos: como garantir um sistema de
avaliação dos serviços substitutivos, em nível Federal, que não priorize somente a
quantificação que resultam gráficos, que não incluem outras dimensões da qualidade dos
serviços, da resolutividade, da capacitação dos trabalhadores? Como incluir as universidades
nesta roda de formação de profissionais da saúde pública, já que ainda uma grande maioria
não inclui nos seus currículos o tema da Reforma Psiquiátrica, priorizando uma formação
embasada no modelo médico, e não no modelo de atenção psicossocial? Como garantir que o
trabalhador de saúde, saia da precariedade do trabalho, do anonimato, da invisibilidade, da
desqualificação, não só profissional, mas também social?
Essas questões podem sugerir uma resposta: pela mobilização social. Contudo, o que
observamos mediante o trabalho realizado, é que o discurso ideológico produzido pelo poder
instituído se apresenta muitas vezes, de modo tão imbricado no tecido social que invade e
contamina os espaços que poderiam ter potencial de resistência, enfrentamento e mobilização.
Quais possíveis saídas? Este trabalho pretende pela explanação parcial dos resultados
desenvolver algumas reflexões que contribuam para este debate.
Método
A abordagem teórica e metodológica utilizada neste trabalho foi da Psicologia Sócio-
histórica, que tem suas bases na Psicologia Histórico-cultural de Vigotski (1896-1934) e nos
pressupostos do materialismo histórico e dialético de Marx e Engels. Como cita Lane (1995),
partimos da concepção de que o psiquismo se “[...] constitui na materialidade histórica de
cada sociedade, de cada cultura – portanto, não há homens universais [...] o ser humano se
constitui em função de sua história social e cultural [...] (p.74). Portanto, este homem não é
um ser passivo frente a natureza, mas é um ser ativo, social e histórico. De modo que a
concepção do fenômeno psicológico defendida por essa abordagem é de que ele não pertence
à natureza humana, não é preexistente ao homem; mas reflete a condição social, econômica e
cultural em que vivem os homens, por isso, falar de subjetividade é falar da objetividade em
que vivem os homens.
Esse é eixo norteador desta pesquisa, de modo que o método na psicologia sócio-histórica,
não se restringe a utilização de um mero conjunto de procedimentos e técnicas, mas significa
uma determinada perspectiva que permite ao pesquisador penetrar o real, objetivando
compreender o fenômeno em sua totalidade, buscando apreender a complexidade do real, no
esforço de produzir um conhecimento que se aproxime do concreto, a síntese de múltiplas
determinações.
Com esse objetivo escolhemos como método balizador da pesquisa de campo, o método de
Investigação Qualitativa em Psicologia proposto por González Rey (1999). A investigação
qualitativa que defendemos substitui a resposta pela construção, a verificação pela elaboração
e a neutralidade pela participação. O investigador entra no campo com o que lhe interessa
investigar, no qual não supõe o encerramento no desenho metodológico de somente aquelas
informações diretamente relacionadas com o problema explícito a priori no projeto, pois a
investigação implica a emergência do novo nas idéias do investigador, processo em que o
marco teórico e a realidade se integram e se contradizem de formas diversas no curso da
produção teórica (GONZÁLEZ REY, 1999, p. 42) .
O conjunto de procedimentos e ferramentas utilizados: observação participante, diário de
campo, rodas de conversa, entrevistas semi-estruturadas, não foram definidas previamente,
mas foi no processo de investigação que esses recursos foram utilizados, não de maneira
estática e pré-determinada, mas como resultado da inserção da pesquisadora no campo e do
engajamento com o grupo de trabalhadores.
Destacamos, entre esses procedimentos de investigação, o modelo de rodas de conversa
proposto por Campos (2000), que foi um diferencial no processo da pesquisa. Esclarecendo
que o utilizamos, não como modelo de co-gestão, mas recortando deste método, o formato da
roda como uma estratégia de pesquisa nos reportamos à noção de roda como um espaço de
ressonância coletiva, no sentido de criar espaços de diálogo, de trocas, de escutas, de reflexão
e, sobretudo, produzir ou pelo menos criar um espaço que produza compromisso e
solidariedade, na medida em que os participantes podem ouvir o outro e a si mesmos. E como
o mesmo autor parafraseia : “a roda como espaço democrático, um modo para operacionalizar
a co-gestão. Mas também a vida girando e se movimentando, sempre: a roda” (CAMPOS,
2000, p. 14).
A pesquisa no CAPS transcorreu entre os meses de março/2012 a novembro de 2012, com
carga horária inicial da pesquisadora de 4 horas diárias durante 04 dias da semana (alternando
os turnos manhã e tarde), acumulando uma carga semanal de 16 horas, durante os três
primeiros meses, e posteriormente de 10 horas semanais até o término da pesquisa.
Os participantes da pesquisa no âmbito geral foram trabalhadores de saúde mental dos vários
serviços e em vários níveis hierárquicos nos diferentes espaços de circulação em que a
pesquisadora teve acesso, e no âmbito da singularidade, os trabalhadores de um CAPS, tipo II,
com uma equipe composta por : enfermeiras (3), psicólogos (2), assistente Social (1),
Terapeuta ocupacional (2), técnicos de enfermagem (2), auxiliar de serviços gerais (2),
motorista (1), coordenadora (1); no total somam 14 trabalhadores, sendo 11 do sexo feminino
e três do sexo masculino. Vale destacar que destes trabalhadores, somente 02 trabalhadoras
(terapeutas ocupacionais) exercem outra função fora do CAPS: uma atua junto ao NASF (
Núcleo de atenção à Saúde da Família) e a outra é Coordenadora de saúde mental do hospital
psiquiátrico de Maringá.
Pela própria característica da pesquisa, investigação qualitativa, o que implica a circulação e
participação da pesquisadora no cotidiano do serviço, se produziu como registro dos “dados”
o Diário de campo, onde foram anotados os eventos, acontecimentos do dia a dia e as
observações em campo. Foram realizadas 14 rodas de conversa e ao todo 16 entrevistas, que
foram gravadas e transcritas na sua íntegra.
Análise e resultados
As informações obtidas no curso do processo investigativo, foram reunidas num corpus da
pesquisa, contendo o conjunto das falas, dos depoimentos dos trabalhadores, do CAPS, como
singularidade, e de todos outros espaços (reuniões, conversas espontâneas) que expressavam
opiniões e posicionamentos dos profissionais sobre a saúde mental (totalidade). Para a análise
desse corpus, recorremos a metodologia de análise desenvolvida por Aguiar & Ozella (2006),
“Núcleos de significação e apreensão de sentidos”.
Iniciamos uma leitura horizontal e intencionada de todo esse conjunto, abrindo todas as telas
ao mesmo tempo, na busca por identificar as palavras, frases, expressões, que se repetiam no
conjunto, recortando-as do todo para agrupá-los por similaridade ou contradição de conteúdo,
esses se constituíram nos primeiros pré-indicadores, que após análise do todo foram
agrupados em indicadores e, no processo de síntese final resultaram em quatro Núcleos de
significação. De forma sucinta apresentaremos os núcleos e utilizaremos as falas do coletivo,
demonstrando os paradoxos, e contradições presentes nos discursos e uma breve análise que
inclua o contexto sócio histórico, para fugir de qualquer tipo de inferência que responsabilize
somente o trabalhador, e venha a culpabilizá-lo neste processo.
Segue abaixo uma breve apresentação dos Núcleos de significação levantados no processo de
análise, seguidos das falas representativas do conteúdo do núcleo:
1)Históricas concepções da loucura e do louco e suas determinações na contemporaneidade
da assistência em saúde mental:
Esse núcleo trata de como a dimensão subjetiva da loucura inscrita no tecido social, com suas
diferentes concepções atravessam épocas, seguem no bonde da história, se constituindo em
muitos fios da trama, que vão determinar na contemporaneidade da Assistência Mental,
modos declarados ou sutis de saberes e fazeres que reencarnam tais preceitos, reproduzindo-se
nas práticas do cuidado e na determinação do lugar do “louco e da loucura” no contexto social
mais amplo.
Fala coletiva: “nós somos um tentativa de lidar de um modo diferente com a loucura, mas o que
predomina é o modelo biomédico (...) X O CAPS é um equipamento riquíssimo, que dá resultado, aqui
testemunhamos como o “paciente” chega pós-internação, totalmente dopado, sem vida, sem expressão,
e.. (..) vai havendo mudança”; o “paciente”psiquiátrico é diferenciado, ele precisa ter supervisão
contínua, ele precisa de certa rigidez nos horários” X aqui nós precisamos ensinar essas pessoas a
querer, e se expressarem como sujeitos...se mantivermos a postura de controle, rigidez..de novo
estamos vendo só a doença”; “há uma concordância de que a pessoa em surto só melhora se
internada’; “parece que existe um grupo convencido e que quer provar que o HP é necessário e sem
ele não dá pra ficar... e até nós profissionais acreditamos nisso”; “não podemos ignorar a
especificidade do doente mental... difícil pensar neles internados em leitos comuns de hospitais gerais,
parece ser uma tentativa equivocada” X enquanto o HP tiver aí reinando e existir.. ele sempre vai ser
usado e vai servir de impedimento para o funcionamento da rede; “existe muita resistência dos
hospitais gerais”; “as pessoas com transtorno mental precisam ser incluídos, mas a inclusão tem seus
limites”; “sou contra o HP... mas aqui em Maringá houve muito mudança, o HP está humanizado, não
dá prá pensar a rede de SM sem o HP”; “não temos como fugir do Hospital Psiquiátrico... ele é
necessário”; “a Reforma psiquiátrica foi um fato na história, mas na prática estamos longe deste
acontecimento.. a realidade é outra”; “aqui no Paraná, nossa história é outra, o HP faz parte de nossa
rede de Saúde mental, porque entendemos que ele só não será necessário o dia em que tivermos os
serviços estruturados e funcionando”.
Essas falas expõem paradoxos e ambiguidades, pois são falas de profissionais envolvidos com
a saúde mental. Se analisarmos isoladamente podemos inferir que comentários e falas como
essas refletem a falta de conhecimento todo movimento da Reforma psiquiátrica, despreparo
profissional, conformismo. Contudo, quando analisamos esses aspectos à luz co contexto
sócio-histórico, compreendemos como de forma declarada ou sutil, os discursos produzidos
na própria história da cidade vão não só determinando formas de pensar sobre dado
fenômeno, como no plano do concreto essas concepções vão definindo no espaço da cidade o
lugar que pode ser ocupado por cada um e conformando os saberes e fazeres produzidos neste
contexto.
O que chama atenção no município é defesa que se faz do HP, de modo que há uma
naturalização na inclusão do HP na rede, inclusive nas festividades alusivas à Saúde mental, e
em especial, no dia 18/05 “dia Nacional da Luta Antimanicomial”, essa instituição participa
expondo atividades desenvolvidas com seus “pacientes”.
Não se trata de um fato isolado, mas das imbricadas relações que se interpenetram no decorrer
do processo histórico e criam uma aparência de “verdades postas”. Assim, Campos (2001),
expõem como Maringá, uma cidade planejada, construída para ser bela e fundada no auge das
idéias progressistas que embalava o país, tratou os seus pobres, miseráveis, mendigos, e como
o hospital psiquiátrico, inaugurado em 1962, 11 anos após a fundação da cidade, cumpriu sua
função neste contexto.
E hoje, doze anos após a aprovação da Lei da Reforma Psiquiátrica, verificamos que se repete
o ciclo da história, ainda, que hoje se conte com o respaldo das políticas públicas em Saúde
Mental, o município caminha, em alguns aspectos, na contra mão da Reforma, ao construir
um Complexo de Saúde Mental (CSM) ou um Centro Integrado de Saúde que reunirá todos os
prédios dos CAPS em um único lugar, um ao lado do outro, num bairro de difícil acesso,
afamado por ser ponto de tráfico de drogas, lugar dos pobres e excluídos, tornando-se
evidente a concepção determinística do município sobre o “louco e a loucura”.
Ilustramos a localização dos serviços na cidade, para demonstrar como sutilmente num
discurso de reforma psiquiátrica, se reproduz lugares outros de manicomialização, que traz
para os trabalhadores desafios imensos no sentido de desenvolver suas atividades na lógica a
territorialidade, intersetorialidade, inclusão social, etc. No plano do discurso se criam serviços
”porta aberta”, mas inacessíveis à comunidade, fora dos olhos e da vista.
Observamos na figura abaixo, o mapa do município, e os serviços que hoje funcionam em
prédios alugados distribuídos em alguns bairros da cidade (CAPSII, CAPSad, CAPSi;
CISAM), serão reunidos no CSM (Complexo de Saúde Mental), região Sul da cidade, sendo
que o próprio afunilamento do mapa, demonstra que a região mais populosa da cidade
concentra-se na zona norte. Uma contradição.
Legenda: CSM – Complexo de Saúde Mental (CISAM, CAPS CANÇÃO, CAPS ad, CAPSi).
HM/EP - Hospital Municipal/Emergência Psiquiátrica
HP - Hospital Psiquiátrico de Maringá
ASM- Associação Maringaense de Saúde Mental
Observamos que ainda que na avaliação dos serviços substitutivos, uma avaliação que
prioriza o quantitativo, Maringá, apareça com média acima da média nacional (7,6), e conte
com três CAPS ( CAPS II, CAPS ad III, CAPSi), um ambulatório de Saúde Mental ( CISAM,
em vias de ser habilitado para CAPS III), Três Residências Terapêuticas; uma Emergência
psiquiátrica, no hospital Municipal; 26 UBSs (Unidades básicas de Saúde); 7 equipes do
NASF ( Núcleo de Atenção à Saúde da Família). A rede está em construção, mas por
iniciativa isolada de alguns profissionais que lutam para tecer teias, já que existe uma política
de verticalização no sistema de gestão, que fragmenta e aumenta ainda mais as distâncias, de
modo que cada serviço passa a funcionar muito mais numa lógica de sistema fechado.
Esses aspectos evidenciam os desafios postos na implantação dos serviços substitutivos, como
os mesmos podem ser cooptados pelas teias do poder local, demonstrando os impasses e (im)
possibilidades produzidos para os trabalhadores em saúde mental e todos envolvidos com a
luta antimanicomial.
2) Formação, capacitação e educação continuada como estratégia para re-significação
do trabalho em saúde mental:
Esse núcleo traz a baila os paradoxos: teoria/prática; universidades/serviços;
formação/atuação profissional, demonstrando o distanciamento entra as instituições, a falta de
investimento no trabalhador de saúde mental, o que repercute em despreparo para o trabalho.
O investimento,com todos impasses, em serviços substitutivos em saúde mental, é uma
realidade, contudo, existe a necessidade de se fazer valer as políticas que tratam dos direitos
dos trabalhadores e lhes garantam condições dignas de trabalho, já que contam como
‘ferramenta” de trabalho a sua própria subjetividade. De modo, que a falta de capacitação
desmonta possibilidades riquíssimas de formação de uma cultura antimanicomial, produzindo
modos de funcionamento e relações de trabalho que desestabilizam o funcionamento da
equipe, impossibilitando a construção de um projeto coletivo.
Fala coletiva: “é despreparo mesmo, tanto na formação não se tem nada sobre reforma psiquiátrica,
quanto depois que a gente passa no concurso a gente vem para o serviço sem base nenhuma”; “depende da
busca individual, mas a gente é tão desestimulada porque se quiser fazer alguma coisa é fora do horário do
expediente”; “há um preconceito na graduação como se trabalhar em saúde mental fosse algo menor”; “não
é culpa do trabalhador, a gestão não disponibiliza nenhuma qualificação pra gente; é o próprio profissional
que tem que se esforçar para entender este contexto”; “as vezes penso que a prefeitura, a gestão não tem
interesse de nos qualificar por causa da visão predominante da loucura... tendo um prato de arroz e feijão ta
bom”; “lidamos com àqueles que não interessam a sociedade; e o que acontece é tão fragmentado que não
temos nem noção do que é passado no módulo da saúde mental no PSF”; “não existe um protocolo, não
existe um direcionamento não existe se quer uma folha de orientação, a visão passada é do profissional que
te acolheu”; “ o novo profissional chega totalmente cru, tem que se achar e ir de integrando a rotina de
trabalho. ele não tem nenhuma capacitação;aqui você entra tenta se achar, escolhe alguém pra seguir e vai
reproduzindo...aprende fazendo”; “isso aqui me desqualifica,pois não estudei pra vir aqui fazer fuxico; “nós
não somos respeitados como pessoas, como trabalhadores, dificilmente somos informados de algum
curso”; “parece que a política de humanização não inclui os trabalhadores’; “ jogar os trabalhadores daqui
para lá sem nenhuma orientação e informação é muito desumano, gera muito sofrimento... como podemos
falar em humanização do atendimento? ”; “também tem outro lado a preparação de fato se dá no dia a dia
de trabalho... isso aqui não é só oficinas”; “as universidades precisam entrar na roda.. abordas sobre
políticas públicas, falar a língua dos serviços”.
Se esse núcleo expõe a falta de assistência aos trabalhadores, a falta de preparo, observamos
que alguns trabalhadores recorrem as práticas aprendidas nos manicômios para fundamentar
seus fazeres, outros fogem do prescrito e criam saberes e fazeres no ato do trabalho, que os
leva a resistir a manicomialização, e no contato com os sujeitos da loucura, vão criando uma
outra compreensão sobre este universo e vão inventando suas próprias ferramentas. De modo
que o CAPS também funciona como uma oficina de saberes e fazeres, que reflete na prática o
dia a dia dos trabalhadores e usuários, e ainda, que apareça um discurso de “desqualificação”,
esses processos não são percebidos como aprendizagem, como saberes construídos em ato.
Esse núcleo nos leva a pensar sobre a necessidade de reunir e registrar saberes e fazeres já
construídos nestes espaços e reposicionar quem são os sujeitos dos saberes produzidos em
saúde mental? O que é capacitar para o trabalho em saúde mental? Com garantir de fato,
espaços de educação continuada?
3- Dimensões subjetivas nas relações de trabalho em saúde mental: que trabalho é esse?
Recorreremos as próprias falas do coletivo para explicar o conteúdo deste núcleo:
“Aqui é um trabalho de louco... se mistura muitas coisas ao mesmo tempo; é lidar com o imprevisto
sempre.. você faz coisas que jamais imaginou que faria”; “você tem que testar..se não dá certo você
inventa sem saber no que vai dar’; “ a rotina do hospital era a base, e aqui é totalmente diferente, sem a
rotina, a gente fica perdida”; “as vezes a gente se envolve tanto na oficina que é o fazer substituindo a
atenção ao paciente”; “muitas vezes contemplamos nosso desejo ao propor uma oficina e não a
necessidade do paciente”; “aqui você tem que ter jogo de cintura pra manter o equilíbrio quando o
paciente explode”; “trabalhar com saúde mental é conviver com o diferente.. o tempo todo você é
impactada com seus próprios preconceitos”; “é um trabalho deveria ser muito flexível e se adequar as
necessidades dos pacientes... mas acabamos sendo engessados pela rotina... que criamos pra conseguir
trabalhar”; “tem que ter flexibilidade não estamos numa instituição fechada”; “aqui nos aproximamos
com o interesse em conhecê-los para além da doença ele é uma pessoa; o que encanta aqui é a liberdade
de criar... se você se envolve você se encanta”; “você trabalha com um povo muito sofrido e carente em
todos os sentidos”; “o ideal é que pudéssemos ser mais flexíveis nas atividades porque este tipo de
paciente se desconcentra muito facilmente e tem que haver um planejamento, uma rotina; mas por outro
lado criamos uma rotina e para propor algo novo é um caos”; “o foco deste trabalho é acolhimento,
atenção, é inserção social, é olhar de fato para o paciente, é observar atentamente”; “existe o perigo da
rigidez que mata a vida’; “com a proximidade da relação o manejo é totalmente diferenciado”; “aqui o
contato é direto, é intenso... você se usa inteiro”; “você não pode olhar para a pessoa como se ela fosse
um estranho a ser catequizado”; “Nós temos que ter na cabeça que estamos aqui para receber pessoas
que estão em intenso sofrimento”; “você acaba desenvolvendo um feeling, um radar ligado o tempo
todo”; “precisamos entender que a oficina terapêutica não é simplesmente jogar, estamos ali para nos
relacionar com os pacientes.. que ali naquele momento de descontração é que ele se expõe, fala de si,
isso não sairia num momento estático da consulta”; “precisamos ter uma visão que é por meio da
atividade é que eles vão se expressar e isto seria impossível a um ser inerte numa cama’; “o que interessa
é o que esse fazer desperta naquela pessoa, lembranças, recordações... e vai ajudando a sair do tema da
doença para ir explorando outras potencialidades”; “A função do caps é estimular cada vez mais o
usuário para ele se dê conta da capacidade que ele tem”.
4-Subjetividade do trabalhador na produção do cuidado: entre o sofrimento psíquico e a
resistência:
Esse núcleo aborda a questão do sofrimento no trabalho, já que o trabalhador em saúde mental
utiliza sua própria subjetividade como matéria prima na produção do cuidado. No uso de si, o
trabalhador convive com o sofrimento psíquico, com profundo desgaste físico e mental, que
oferece riscos concretos de adoecimento, mas também é neste espaço de sofrimento como luta
que ele também resiste, para prosseguir significando e buscando sentido para seu trabalho.
Assim observamos a urgente necessidade de implementação de políticas públicas que
priorizem condições de saúde no trabalho, e isto passa por fazer cumprir a legislação em
saúde Mental nos quesitos que asseguram tais direitos aos trabalhadores.
Fala coletiva: “ as vezes adoecemos, e não temos consciência da nossa própria loucura”; “tudo aqui
é muito intenso... a gente é impactada o tempo todo, aqui não é tranquilo...você tem que estar
disponível para o outro o tempo todo, não há um horariozinho para descanso’; “parece que a gente não
faz muita coisa... mas a gente não pára nem pra respirar, pra ir ao banheiro, se a gente não se cuidar
vai adoecendo mesmo, a gente vive isso aqui sonha com eles, sofre por eles e por aqueles que passam
pela abordagem e não conseguimos fazer nada”; “as vezes a atitude de um paciente desperta raiva na
gente... mas a gente tem respirar fundo e lembrar que isso é da doença”; “aqui tem situação que
impacta muito a gente; tem dia que saio daqui destruída”; “é barra lidar com esse dia a dia”, onde você
coloca suas frustrações? há muito sofrimento psíquico”; “ alguns trabalhadores desestabilizam e
explodem como o paciente;” “cada um sofre sozinho não há saída coletiva”; “Aqui a gente tem que
saber separar e manter o controle sobre nossas emoções porque somos referência para os pacientes”;
“por mais que tentemos disfarçar.. isso aqui gera sofrimento”; “tentamos separar as doenças e a saúde
mental deles e nossa..mas as vezes tudo se mistura... a gente acaba se doando tanto... que em alguns
momentos a gente se perde”; “a gente deveria ter um suporte para agüentar esse dia a dia aqui, mas
não temos um espaço para nós”; “no dia a dia você vai levando, se envolvendo e ficando meio
anestesiado... mas tem hora que o corpo grita... a sobrecarga é grande”; ”não temos nenhum suporte,
apoio”; “dizem que o prazo de validade aqui é dois anos.. o meu já venceu a muito tempo”; “deveria
ter férias duas vezes ao ano porque o desgaste é grande”; “aqui você não tem este refugio, nem no
banheiro é o tempo todo e esse contato direto você tem que estar disponível”; “a nossa rotina é lidar
com muito sofrimento, as vezes agressão entre os pacientes; a gente tem que ser meio louco pra
aguentar isso aqui todo dia”; “o portador de transtorno ele te suga muito e te consome muito, é
repetição.é ouvir mil vezes a mesma história.tem dia que a cabeça parece que vai explodir”; “me sinto
consumida no final do dia, é prazeroso ajudar, ouvir, mas é muito desgastante mesmo”, “se o
profissional não cuidar muito bem de sua saúde mental, ele se mistura e acaba adoecendo junto”; “se
você não se cuidar você acaba reproduzindo lá fora um contexto de doença”; “você vê muito
sofrimento e parece que ele vai penetrando em você”; “ temos que manter o controle até sobre o tom
de voz quando falamos porque se o paciente chega agitado.. nossa voz o acalma”; este trabalho gera
muita angústia porque as famílias nos procuram querendo ser socorridas...são muitas necessidades..”e
o sentimento de impotência é muito grande!!”.
Constatamos, portanto, que esses trabalhadores lidam no seu cotidiano com pessoas em
intenso sofrimento, que sem dúvida gera muito sofrimento, impotência, intenso desgaste
físico e psíquico, pois solicita utilizar-se de si como recurso na manutenção do equilíbrio do
outro e recorrer a sua própria subjetividade como “caixa de ferramenta” no cuidado com o
outro.
Por outro lado, nos perguntamos o que sustenta esses trabalhadores e os leva a resistir frente a
tantas adversidades? Eles respondem:
“...o que dá sentido ao meu trabalho e me mantêm aqui é ver que isso funciona, é ver o progresso do
paciente, a alegria pela liberdade; ver como chegam aqui completamente comprometidos, sem
nenhuma expressão, perdidos e depois ver essa pessoa conversando, participando das atividades”; “é
dar voz a quem nunca foi ouvido mas foi esmagado pelo sistema”; “ tem dia que me sinto acabada,
minha vida ta explodindo lá fora, mas quando cruzo aquele portão e eles vêm me abraçar ou
simplesmente me olham... esqueço tudo... isso aqui é pura emoção...solicita o coração”.
Considerações finais
As questões abordadas neste trabalho trazem com o objetivo central contribuir para o debate
em Saúde mental, ainda que os aspectos apresentados se refiram a resultados preliminares da
pesquisa desenvolvida, o processo da pesquisa em campo, possibilitou desenvolver algumas
reflexões cuidadosas, no sentido de pensar sobre as peculiaridades do trabalho num CAPS; o
trabalhador e os desafios e impasses postos no seu dia a dia de trabalho. Destacamos, que uma
análise deste contexto não pode estar descolada do contexto sócio-histórico em que os
serviços são implantados, pois existe uma tendência a se repetir as concepções enraizadas,
cristalizadas e inscritas no tecido social de dada sociedade. Questões essas que perpassam
sutilmente as várias esferas do poder e se naturalizam em nossas ações, (re) produzindo,
muitas vezes, práticas que servem a manutenção do instituído no contexto político-social.
A pesquisa desenvolvida buscou dar visibilidade aos trabalhadores num CAPS, para pensar
os desafios postos no cotidiano dos serviços em saúde mental.
Constatamos que de fato, a luta pela emancipação do “doente mental”, está associada
diretamente a luta pela emancipação do trabalhador de saúde mental. E isso, dentre outras
coisas, passa pela necessidade de investimento na melhoria de condições de trabalho, da
assistência e humanização voltada aos trabalhadores; de programas efetivos de formação e
capacitação para o trabalho pautada nos saberes e fazeres já construídos, na vivência cotidiana
dos envolvidos com a “coisa mental”, de modo que possam teorizar sobre suas práticas, e
retroalimentar o processo de aprendizagem e programas desenvolvidos pelas instâncias
formadoras. Entretanto, torna-se também premente o investimento na formação de gestores
comprometidos com esse processo de construção em saúde mental, na busca por gerar
conscientização e romper com modelos de gestão verticalizados, que centralizam e
concentram o poder, “engessando” os trabalhadores em campo.
Finalizamos, corroborando com a afirmativa de que o trabalho no CAPS é de alta
complexidade, múltiplo, e solicita para que se efetive, que seja, interdisciplinar, interprofissional,
transdisciplinar e intersetorial, contudo, a falta de inclusão do trabalhador como sujeito de direito, tem
impossibilitado avanços importantes na consolidação desses dispositivos, que poderiam ser
irradiadores na derrubada dos muros manicomiais.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, W. M. J. A pesquisa em psicologia sócio-histórica: contribuições para o debate
metodológico. In: BOCK, A. G. M.; FURTADO, O. (Org.). Psicologia sócio-história: uma
perspectiva critica. São Paulo: Cortez, 2001. p .129 -140.
AGUIAR, W. M. Consciência e atividade: categorias fundamentais da psicologia Sócio-
histórica. In: BOCK, A. M. B.; GONÇALVES, M. G. M.; FURTADO, O. (Org.). Psicologia
Sócio-Histórica: uma perspectiva crítica em Psicologia. São Paulo: Cortez, 2009. p. 95-112.
AGUIAR, W. M.; OZELLA, S. Núcleos de significação como instrumento para a apreensão
da constituição dos sentidos. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, DF, v. 26, n. 2, p. 222-
245, jun. 2006.
AMARANTE, P. D. C. (Org.). Psiquiatria social e reforma psiquiátrica. Rio de Janeiro:
Fiocruz, 1994.
AMARANTE, P. D. C. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil. 2. ed.
Rio de Janeiro: Fiocruz, 1995.
BOCK, A. A psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia. In: BOCK, A;
GONÇALVES, M. G. M.; FURTADO, O. (Org.). Psicologia sócio-histórica. São Paulo:
Cortez, 2003.
CAMPOS, G. W. S. Um método para co-gestão de coletivos: a constituição do sujeito, a
produção do valor e a democracia nas instituições. São Paulo: Hucitec, 2000.
CAMPOS, P. F. S. Moralizando o pobre: vadios, baderneiros, na cidade tecnicamente
plamejada para se r bela e sem problemas. In: DIAS, R. B.; GONÇALVES, J. H. R. (Org.).
Maringá e o norte do Paraná: estudos da história regional. Maringá: EdUEM, 2001. p. 315-
331.
CAMPOS, P. F. S. Os enfermos da razão: cidade planejada, exclusão e doença mental
(Maringá 1960-1980). São Paulo: Annablume: FAPESP, 2004.
FURTADO, O. O psiquismo e a subjetividade social. In: BOCK, A. M.; GONÇALVES, B.;
FURTADO, O. (Org.). Psicologia sócio-histórica, uma perspectiva crítica em psicologia. São
Paulo: Cortez, 2001. p. 75-94
GONZÁLEZ REY, L. F. La investigación cualitativa en psicologia: rumbos y desafios. São
Paulo: Educ, 1999.
LANE, S. T. M. Avanços da Psicologia Social na América Latina. In: LANE, S. T. M.;
SAWAIA, B. B. (Org.). Novas Veredas da Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense: EDUC,
1995. p. 67-81.
LANE, S. A psicologia social e uma nova concep VYGOTSKY, L. S. Teoria e Método em
Psicologia. Tradução Claúdia Berliner. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
MERHY, E. E. Os CAPS e seus trabalhadores: no olho do furacão antimanicomial. Alegria e
Alívio como dispositivos analisadores. In: MERHY, E. E.; AMARAL, H. (Org.). A reforma
psiquiátrica no cotidiano II. São Paulo: Aderaldo & Rothschild: Campinas, SP: Serviço de
Saúde D. Candido Ferreira, 2007. p. 55-66. Saúde Loucura, 22.
VYGOTSKY, L. S. Teoria e Método em Psicologia. Tradução Claúdia Berliner. 3. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2004.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. Tradução José Cipolla Neto. Luís Silveira Menna Barreto. Solange
Castro Afeche. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. Tradução José Cipolla Neto. Luís Silveira Menna Barreto. Solange
Castro Afeche. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.