o uso de produtos de sensoriamento remoto como suporte ao planejamento e gestÃo do parque nacional...

8/6/2019 O USO DE PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO COMO SUPORTE AO PLANEJAMENTO E GESTO DO PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA

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O USO DE PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO COMO SUPORTE AOPLANEJAMENTO E GESTO DO PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA

Monika RichterCarla Bernadete Madureira

Paulo Mrcio Leal de MenezesLeonardo de CarvalhoValentim da Silva

Danielle Rodrigues MedeirosUniversidade Federal do Rio de JaneiroDepartamento de Geografia

Programa de Ps-Graduao em GeografiaLab. de Cartografia GEOCART e

Lab. de Geografia Marinha - Grupo de Sensoriamento RemotoIlha do Fundo s/n, CCMN, bloco H Cep: 21010 -280 Rio de Janeiro / RJ

RESUMO

A criao e a implantao de reas protegidas vem sendo considerada como estratgica para a conservao dabiodiversidade in situ. Porm, para que os objetivos de criao sejam atingidos, imprescindvel que o manejo da rea seja baseado em um planejamento participativo, dinmico e periodicamente atualizado. Dessa forma, o uso de geoteconologiaspermite uma viso integrada dos diferentes elementos da paisagem como uso do solo e cobertura vegetal. O presente trabalhoanalisa o uso dessa ferramenta para o manejo ambiental do Parque Nacional do Itatiaia, destacando o uso de produtos de

sensoriamento remoto.

ABSTRACT

The creation and implementation of natural protected areas has been considered strategic for biodiversityconservation in situ. However, to reach the objectives, the management should be based on a participative, dynamic andfrequently review planning. Therefore, the use of geotecnologies allows an integrated view of different elements such as landuse. The present study analyses the potential of these tools for the environmental management of Itatiaia National Park,

emphasizing the use of remote sensing products.

1 INTRODUO

Um dos biomas brasileiros mais ameaados, aMata Atlntica, soma cerca de 1.300.000 km, distribudos

Atualmente, dentre as principais ameaas para a proteo da biodiversidade, as referentes ocupao dosolo so consideradas determinantes (SALA, O.E., 2000).


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inserido no bioma Mata Atlntica, apresentar diversasfitofisionomias como: campos de altitude, enclave de

floresta mista de araucria, e a floresta ombrfila densa;estar inserido no corredor ecolgico da Serra doMar/Mantiqueira; e ser a primeira Unidade de Conservaocriada no pas (1937).

2 OBJETIVOS

O objetivo principal do presente trabalho foi o dedemonstrar a importncia do uso de produtos desensoriamento remoto, obtidos atravs de tcnicas de processamento digital de imagens como a classificaoautomtica, aliada interpretao visual como instrumento bsico para um processo de planejamento e gestoparticipativos do Parque Nacional do Itatiaia.

Dentre os objetivos especficos destacam-se acaracterizao do estado de conservao geral, assim comopor unidades administrativas e por bacias hidrogrficas emsuas pores compreendidas pelo Parque, de maneira a permitir que as comunidades entendam os benefcios domesmo para a sua qualidade de vida como: (i) proteo dasnascentes, (ii) diminuio dos riscos de deslizamentos deterra e enchentes provocados por assoreamento de rios, (iii)qualidade do ar; (iv) e beleza paisagstica do entorno,atraindo uma das atividades econmicas mais potenciaspara a regio: o ecoturismo.

3 REA DE ESTUDO

O Parque Nacional do Itatiaia localiza-se na regiosudeste, abrangendo parte dos municpios de Resende eItatiaia, no estado do Rio de Janeiro, e municpios deItamonte e Bocaina de Minas no estado de Minas Gerais.

Na ocasio de sua criao, tinha uma rea de

aproximadamente 12.000 ha. Posteriormente, foi ampliado para cerca de 30.000 ha, atravs do decreto Federal no87.586/82. Como o plano de Manejo foi publicado antes daampliao da rea do Parque e at o momento no houvereviso do mesmo, o zoneamento est definido somentepara a rea original.

propiciar uma melhor integrao dos Municpios com oParque, sendo de extrema importncia que participem do

processo de gesto da rea, dado o poder local que possuem. Da mesma forma, a avaliao por baciahidrogrfica permitir s comunidades do entorno e asresidentes no interior da rea que conheam a sua realidadee os benefcios que o Parque traz para a qualidade de vida.

Fig. 1 Carta-Imagem com o limite do Parna Itatiaia emamarelo.

4 MATERIAIS E MTODOS

Primeiramente foi confeccionado o mapa baseutilizado-se o programa GEOVEC e os fotolitos das cartasAgulhas Negras, Alagoa e Passa Quatro do IBGE na escala1:50.000 no sistema de projeo UTM e datum SAD 69.Posteriormente, a delimitao da rea do Parque seguiu oDecreto Federal no 87.586/82 que estabelece os limitesatuais, bem como foram vetorizadas as bacias hidrogrficase as unidades administrativas conforme dados do IBGE de2000.


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O mapa de usos da terra gerado foi entoexportado para o sistema Arc View, onde foram calculadas

as reas das classes estabelecidas para o Parque em geral,por bacia de drenagem e por municpio.

5 RESULTADOS

5.1 Cobertura vegetal e uso da terra

O mapa temtico gerado a partir da classificaoda imagem resultou nas seguintes unidades de mapeamentoe respectivas quantificaes em ha e percentagem deocupao:

1. reas alteradas reas ocupadas com construesassociadas vegetao extica 27.5 ha (0.1%);

2. Campos de altitude - Vegetao predominantementeherbcea constituda principalmente por espciesgraminoides e pequenos arbustos esparsos 4608 ha(15.6%);

3. Capoeirinha - Regenerao da cobertura florestal emestgio inicial, constituda predominantemente dearbustos e samambaias com a presena de espcies

pioneiras como a candeia 277 ha (0.9%);4. Capes de altitude manchas de floresta Alto-montana

com a presena de espcies dos campos de altitude.Ocorrem no planalto do Itatiaia, nas reas mais midas e

protegidas dos ventos 273 ha (0.9%) ;5. Floresta Alto-montana formao florestal acima dos

1.800m de altitude 3225.86 ha (10.9%);

6. Floresta Alto-montana com presena de Araucria ocorre tambm acima dos 1.800 m de altitude, pormdiferencia-se da formao acima por localizar-se emregio de menor precipitao, temperatura mais amenae pela presena marcante da espcie Araucriaangustiflia ( pinheiro do Paran) 9110.6 ha (30.9 %)

7. Floresta Montana floresta acima dos 1.000m dealtitude 4023 ha (13.6%);

8. Floresta Montana com a presena de Araucria diferencia-se da formao acima, por localizar-se em

regio de menor precipitao, temperatura mais amena e pela presena da espcie Araucria angustiflia(pinheiro do Paran) 5292 ha (18%);

9. Floresta Su-bmontna ocorre ate os 1.000 de altitude.Caracteriza-se pela presena marcante do palmito Euterpe edulis. Ocorre somente na vertente sul doParque 1111.77 ha (3.8%);

Confirmando a pesquisa de Brandom (2000), queanalisou 71 parques de 24 pases, demonstrando que apesar

de todas as ameaas, a simples criao de uma unidade deconservao minimiza o desflorestamento acelerado(observar na figura 1 o parque em relao ao entorno).Observa-se com os resultados que o estado de conservaogeral bom, mantendo altas percentagens de coberturavegetal preservadas.

Dentre os setores do parque, o norte o maisimpactado principalmente pela pecuria, e sendo por ondegeralmente se iniciam os focos de incndio, que muitasvezes atingem os campos de altitude, uma das formaesmais sensveis e frgeis. Atualmente, essa regio seencontra em transio entre a pecuria e o turismo. Ovilarejoda Vargem Grande, prximo a divisa e localizadono municpio de Itamonte/MG, j apresenta uma srie denovas construes, predominando segundas residncias.

A preservao do setor sul do Parque deve-se emgrande parte a acentuada declividade do relevo e proximidade com a sede administrativa.

As reas construdas no interior do parque so poucas, concentrando-se nos setores norte, na vila daVargem Grande, e sul, ao longo da estrada Parque Nacional, nesse ultimo predominam hotis e pousadas,alm de algumas casas de veraneio. De acordo com o mapafundirio, nesse setor existem diversos lotes ainda noindenizados. Entretanto, segundo resultados obtidos, asdificuldades encontradas para construir em rea de mataatlntica e o fato de estar prximo a sede administrativa doParque vm contendo o processo de ocupao imobiliria.

A categoria capoeirinha em termos relativosapresentou uma reduzida percentagem (cerca de 1%), porm deve ser destacado o fato de serem 277 ha decobertura vegetal se recuperando naturalmente.

5.2 Avaliao das classes de uso da terra ecobertura vegetal por municpios

Com o objetivo de subsidiar uma articulao juntoaos municpios com relao a gesto participativa doParque destacando-se o fato de ser o maior atrativo para o


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TABELA 1 MUNICPIOS ABRANGIDOS PELOPARNA ITATIAIA, SUA REA TOTAL, POPULAO

E PERCENTAGEM DO TERRITRIO DENTRO DOSLIMITES DO PARQUE

Municpio reakm2

Populao rea noParque

km2Resende/RJ 1113 104.549 46.21

(4.15%)Itatiaia/RJ 225 24.739 79.56

(35.36%)Bocaina deMinas/MG

501 4983 56.79(11.34%)

Itamonte/MG 431 12.197 96.03(22.28%)

Os resultados obtidos por classe encontram-se nofinal do trabalho (tabela 2).

Para uma anlise mais detalhada, considerou-seapenas as classes reas alteradas e pastagem, bem como aclasse capoeirinha, figurando como aspecto positivo.

reas Alteradas:

Resende

(RJ)

14%

Itatiaia

(RJ)

25%Itamonte

(MG)

49%

Bocaina de

Minas

(MG)

12%

Itamonte responsvel por quase metade das reas

alteradas dentro parque, destacando-se a as construesexistentes na vila de Vargem Grande e construesexistentes ao longo da estrada de acesso ao pico dasAgulhas Negras. Em segundo lugar est Itatiaia comdiversas casas e hotis, bem como benfeitorias do Parqueconcentradas ao longo da estrada do Parque.

Capoeirinha:

Resende

25%

Itamonte

42%

Bocaina de

Minas

9%

Itatiaia

24%

Essa classe foi considerada na anlise por ser um

indicador positivo. Observa-se que Itamonte apresentou42% da regenerao em estgio inicial encontrada nointerior do Parque. Isso ocorre devido ao gradual abandonoda atividade agropecuria.

5.3 Avaliao das classes de uso da terra ecobertura vegetal por bacias hidrogrficas

Assim como para as unidades administrativas, a

ocupao do solo foi tambm analisada em funo de suasprincipais bacias hidrogrficas.

Essa diviso considerou a homogeneidade dacomunidade com relao aos seus usos prioritrios e nouma classificao hierrquica da drenagem. Ou seja, a baciado rio Airuoca compreende as comunidades da VargemGrande, Serra Negra, Fragria, Capivara, Monte Belo eDois Irmos, todas com a economia voltada para uma

pecuria emdeclnio e apresentando um crescente e recenteinteresse turstico, aumentando o nmero de pousadas esegundas residncias.

A Bacia do rio Preto, tambm conhecida comoregio de Visconde de Mau, um dos maiores complexoshoteleiros da regio e apresenta uma crescente ocupao doentorno imediato ao parque aumentando a presso sobre omesmo, sendo constatada algumas construes adentrandoos limites.

A bacia do rio Campo Belo, que abastece boa parteda populao do municpio de Itatiaia apresenta em seutrecho na floresta sub-montana, uma considervelconcentrao de construes, sendo freqentes as queixascom relao ao saneamento.


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A bacia do rio Grande, no trecho mais ao norte,localiza-se entre as comunidades de Dois Irmos, SantoAntonio e Prata, e possui alguns fragmentos de mata AltoMontana com a presena de Araucrias circundadas porcampos de altitude, que so utilizados como pastagens parao gado de invernada. Nesse caso a nomenclatura campos dealtitude poderia ser alterada para campos nativos, por seremutilizados para pasto mantidos freqentemente por fogo,diminuindo a diversidade comumente encontrada nesseambiente.

A bacia do rio Capivari, no setor oeste do Parque, uma das reas notavelmente recuperadas, quandocomparadas com as cartas do IBGE geradas a partir desobrevos da dcada de 60. Segundo relatos dos moradoresda Vargem Grande, essa recuperao ocorreu aps oabandono da estrada que liga essa comunidade zonaurbana de Itamonte. Porm, algumas residncias foramconstatadas prximo aos limites do Parque, bem como reasde pastagem j no interior do mesmo.

A bacia do rio do Salto, devido declividadeacentuada tambm no apresentou ameaas ao Parque. Oelevado percentual comparativo de solo exposto nessa bacia decorrncia dos diversos deslizamentos causados pelaschuvas intensas do vero de 2000. Nessa bacia, grande parte do entorno do Parque est ocupado porreflorestamentos, alguns abandonados, sendo notria aregenerao da floresta atlntica no sub-bosque dessaformao.

Duas outras bacias, a da gua Branca e daCalunga, tambm se apresentam bem preservadas emfuno do relevo.

Os resultados obtidos por classe encontram-se nofinal do trabalho (tabela 3).

Tambm para as bacias de drenagem foram

destacadas as classes reas alteradas e pastagem, por seremas mais impactantes e a classe capoeirinha por seu aspecto.

reas Alteradas:

Pastagem:

Airuoca

91%

Capivari

3%Preto

6%

Capoeirinha:

49%

4%

42%

4%

1%

Airuoca Capivari Grande Pirapitinga Preto

Nas trs classes analisadas, a bacia do rio Airuoca,integralmente localizado no municpio de Itamonte, foi oque apresentou os maiores valores, o que demonstra a

necessidade de intensificar as aes de fiscalizao.

6 CONCLUSES

O presente trabalho demonstrou a importncia dese trabalhar com informaes atuais de ocupao da terrano planejamento e gesto de Unidades de Conservao.Essas informaes podem ser obtidas a partir do

processamento digital de imagens de satlite, devendo serconsiderada a escala de trabalho pretendida, pesando-se oscustos e benefcios.

7 AGRADECIMENTOS


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Reserva da Biosfera da Mata Atlntica. So Paulo,(Caderno, 4). 70pginas.

SALA, E. O. et al., 2000. Global biodiversity scenarios forthe year 2100. In: Science, vol 287, 1770 1774pp.

VICENS, R. et al., 2001. Sensoriamento remoto e SIGcomo suporte ao desenvolvimento do subprojeto PROBIO"Conservao e Recuperao da Floresta Altntica". In: I.Garay & B. Dias. Conservao da biodiversidade emecossistemas tropicais: avanos conceituais e reviso denovas metodologias de avaliao e monitoramento. EditoraVozes, Petrpolis, 317-337pp..


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TABELA 3) CLASSES DE USO DO SOLO POR BACIA HIDROGRFICA

CLASSES DE USO (%)BACIAS

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

gua Branca - 5.01 - 1.87 16.38 - 11.02 - - - - - - - - -Airuoca 40.72 31.96 48.67 37.33 - 46.18 - 19.40 - 91.42 100.00 40.24 - 17.17 - 30.30Alambari - - - - 2.13 - 5.68 - - - - - - 1.83 - -Bonito - - - - 2.01 - 10.28 - 29.44 - - - - - - -

Calunga - - - - - - 5.42 - 1.98 - - - - - - -Capivari 8.25 0.28 4.36 - - 19.72 - 9.53 - 2.52 - - - - - 69.70Campo Belo 30.65 30.14 - 36.91 25.39 - 39.51 - 67.70 - - - 66.43 47.39 100.00 -Grande - 2.34 3.87 - - 4.89 - 2.87 - - - - - - - -Pedras - - - - 0.20 - 8.60 - - - - - - 0.78 - -Pirapitinga - 2.53 0.75 0.01 7.62 - 6.22 - - - - 21.31 - 0.32 - -Preto 11.78 23.02 42.35 17.89 - 29.21 -- 68.20 - 5.97 - 5.12 5.49 25.76 - -Salto 8.59 4.71 - 5.99 46.27 - 13.27 - 0.88 - - 33.33 28.07 6.76 - -

TABELA 4) CLASSES DE USO DO SOLO POR UNIDADE ADMINISTRATIVA (MUNICPIO)

CLASSES DE USO (%)MUNICPIO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Resende (RJ) 13.78 24.99 0.72 24.99 65.34 - 30.45 0.72 0.88 - - 52.89 77.24 37.92 - -Itatiaia (RJ) 25.45 31.28 14.42 23.6 34.61 5.01 69.55 18.5 99.12 2.41 - - 9.76 33.72 100.00 -Itamonte (MG) 49.13 32.37 52.93 42.49 0.02 65.53 - 28.85 - 93.89 100.00 36.79 8.78 16.11 - 100.00Bocaina deMinas (MG)

11.64 11.35 31.93 8.91 0.02 29.47 - 51.93 - 3.69 - 10.32 4.23 12.25 - -

o uso de produtos de sensoriamento remoto como suporte ao planejamento e gestÃo do parque nacional...

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