o xvii congresso - lado humano · nosso patrono dr. paulo skaf – presidente da abit, com seu alto...
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O XVII CONGRESSO - LADO HUMANO
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Não podemos iniciar este editorial sem dedicar algumas linhas, prestando homenagempóstuma, ao Dr. Luis Galaggi, amigo e colega profissional que nos deixou recentemente.
Químico Têxtil da década de 1940, foi sempre um grande exemplo e paradigma deprofissional competente. Dedicado exclusivamente à química têxtil de alta performance, nuncadeixou de prestar atenção ao lado humano, no cumprimento de suas metas, encontrandosempre palavras encorajadoras nos momentos difíceis. Vinha ocupando, há mais de trêsdécadas, a direção técnica da Estamparia e Tinturaria Salete, empresa do grupo Rosset.
Para o amigo que se foi, as nossas preces.Exportação e qualidade são os temas do momento para a nossa indústria têxtil. Neste
mundo cada vez mais competitivo, a cada dia aparecem novas ferramentas para fazer mais,melhor ou novo, em qualquer ramo. É, portanto, o momento mais do que oportuno pararessaltar a importância do lado humano da qualidade, pois, por mais moderna que seja umaplanta fabril, a conformidade dos produtos depende da performance individual de muitaspessoas.
Refletindo um pouco, veremos que um produto, desde o início (seja no fio, no monômero oumolécula de um produto químico ou têxtil) até a expedição, passa por muitas intervençõeshumanas, onde a qualidade final será a soma de acertos e erros no desempenho de cadaindivíduo envolvido no processo.
Porque esta referência? Simplesmente para dar sentido a tudo que nós, da ABQCT eFLAQT, temos feito por este Congresso que se aproxima.
São muitas horas de trabalho, de muitos que aderiram a essa empreitada de responsabi-lidade de nossa Associação.
Tem este trabalho em fase de conclusão, desde o início, uma única preocupação: O altoconteúdo científico e tecnológico, para transformar-se em real oportunidade de valorização dolado humano da qualidade.
Está ai o grande sentido deste Congresso: criar oportunidades para pessoas que quereme precisam se valorizar, agregando conhecimentos aos já existentes, a custo baixo secomparado a outros eventos similares, graças às empresas e pessoas que, movidas pelosmesmos ideais, já se engajaram ou ainda estão se engajando neste evento.
Gratificante está sendo trabalhar com uma equipe coesa e aguerrida, tanto nas reuniõescomo nas atividades resultantes delas.
As Diretorias da ABQCT, da FLAQT e Comissão Organizadora, juntas, procuram dar omelhor de cada uma, e, consagrando a sinergia reinante entre a Federação e a AssociaçãoBrasileira, excepcionalmente este editorial leva dupla assinatura.
Bom Congresso para todos.
Gastão Leônidas de Camargo Antonio Ajudarte Lopes FilhoPresidente da FLAQT Presidente da ABQCT
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOSE COLORISTAS TÊXTEIS
Membro titular FLAQT
AATCC Corporate Member
site: www.abqct.com.br
DIRETORIA NACIONAL
Presidente : Antônio Ajudarte Lopes FilhoVice-Presidente : José Clarindo de Macedo1º Secretário : Calil Hafez Neto2º Secretário : Haroldo Castanho Pedro1º Tesoureiro : Agostinho de Souza Pacheco2º Tesoureiro : Tiago J. FonsecaDiretor Técnico : Frits V. Herbold
Núcleo Santa Catarina
Coordenador Geral : Carlos Eduardo E. Ferreira AmaralVice-Coordenador : Clovis RiffelSecretário: Wilson França de Oliveira FilhoTesoureiro : Gilmar Jadir BressaniniSuplente : Lourival Schütz Junior
Núcleo Rio de Janeiro
Coordenador Geral : Francisco José FontesVice-Coordenador : Francisco Romano PereiraSecretário : Ricardo Gomes FernandesTesoureiro : Emanuel de Andrade SantanaSuplente : Antonio Wilson Coelho
Núcleo Rio Grande do Sul
Coordenador Geral : Clóvis Franco EliVice-Coordenador : Eugênio José WitriwSecretária : Maria Julieta E. BiermannTesoureiro : José Ariberto JaegerSuplente : João Alfredo Bloedow
CORPO REVISOR
A revista Química Têxtil conta com uma equipe técnicapara revisar os artigos que são publicados. Os autoresdevem enviar seus artigos para publicação com pelomenos 3 meses de antecedência. A equipe é formadapelos seguintes profissionais:
Abrão Jorge Abrahão IPT Antônio Ajudarte Lopes Filho Rosset Ivonete Oliveira Barcellos FURB Luiz Cláudio R. de Almeida SENAI/CETIQT Úrsula Axt Martinelli FURB Vidal Salem VS Consultoria
EXPEDIENTE
Química Têxtil é uma publicação da Associação Brasilei-ra de Químicos e Coloristas Têxteis. Os artigos aquipublicados são de inteira responsabilidade dos autores.Periodicidade : Trimestral (mar./ jun./ set./ dez.)
e-mail: [email protected]
ISSN 0102-8235
Distribuição : mala-direta: associados da ABQCT, indústri-as têxteis, tinturarias e entidades filiadas à FLAQT e AATCC.
Circulação : São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro,Minas Gerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná.
Jornalista Responsável :Solange Menezes (MTb 14.382)e-mail: [email protected]/telefax 3735.3727
Produção Editorial : Evolução ComunicaçõesImpressão : Ipsis Gráfica
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CORRESPONDÊNCIA
Por gentileza vossa, recebo a vossa revista em casa desde o nº70 econtinuo a achar que é a melhor publicação técnica da área têxtil emportuguês; em Portugal não temos nada que se compare. Atualmente trabalhonuma empresa em que sou o responsável técnico das seções de tinturaria eacabamentos e como tal tenho imenso interesse na vossa revista
Estou atualmente a iniciar um trabalho (em produção) sobre preparaçãoenzimática ( "bioscouring" e desencolagem ) de telas e malhas em jiggers, emjet e por pad-batch. Por isso, gostaria que me enviassem (se possível) tudo oque tiverem sobre este tipo de processo. Tenho também interesse em outrosprocessos têxteis enzimáticos ( a utilização de amilases, catalases e celulasesjá são relativamente comuns entre nós ).
Eduardo BrancaEstamparia Têxtil Adalberto Pinto Silva, [email protected]
Sr. Eduardo,o material solicitado já foi enviado por e-mail.
SUMÁRIO
Editorial .............................................................................................. 3
QT entrevista sr. Gastão L. Camargo sobre o Congresso ................... 5
Indústria têxtil perde um grande colaborador ..................................... 8
Tendência ecológica - o pacote de baixo impacto ecológico ambiental(Agrício de Castro) ........................................................................................... 9
Tolerância de cor na indústria têxtil(David M. Jordam) ..............................................................................................16
Maiô - 100 anos de praia ........................................................................... 30
Os defeitos do tingimento - uma visão geral(Javier Sánchez e Luis Sánchez Martin) ......................................................... 32
Modificação da estrutura fina do poliéster no tingimento em altatemperatura(J. Gacén, D. Cayuela, J. Maillo e I. Gacén) ..................................................... 44
Seleção natural(Gordon Mackie) ....................................................................................... 54
Descrude do algodão com pectinasas, proteasas e lipasas(Johanna Buchert e outros) ............................................................................ 62
Acabamento têxtil como fator de diferenciação .............................. 72
Produtos & Serviços ...................................................................... 76
A revista Química Têxtil entrevistou o sr. Gastão
Leônidas de Camargo, Presidente da FLAQT, para falar
sobre o XVII Congresso Latino Americano de Química
Têxtil, que acontece em São Paulo de 4 a 7 de agosto. A
seguir transcrevemos na integra a entrevista concedida:
QT: Estamos nos aproximando da realização desse
grande evento. O senhor poderia nos falar alguma coisa
sobre as emoções que isso lhe desperta?
Gastão: São muitas e variadas: Ansiedade para que tudo
saia próximo da perfeição, expectativa de rever tantos
amigos, satisfação de estar tentando contribuir para o
aprimoramento técnico dos químicos têxteis Latino-ame-
ricanos e é claro um certo nervosismo, pois o dia D se
aproxima, cada vez, com maior velocidade.
QT: O que o senhor nos diz sobre o conteúdo do Con-
gresso?
Gastão: Esse será sem dúvida o ponto alto, e disso
estamos bastante orgulhosos. A equipe liderada pelo Frits
– Diretor Técnico da ABQCT e do Congresso, e todos
nós, mesmo que em menor escala, não medimos esforços
para trazer o que poderíamos encontrar de melhor do ponto
técnico e cientifico. Para se ter uma idéia, para 36 Confe-
rências previstas tivemos 86 propostas de participação.
A escolha final está sendo difícil, porém, com resultados
que, estou seguro, agradarão a todos os participantes.
QT: Que me diz da participação que se espera?
Gastão: Nesse ponto estamos bastante otimistas. A
ABQCT, organizadora do Congresso, através do Presi-
dente Sr. Antonio Ajudarte Lopes Filho e de toda a Di-
retoria, somando ao trabalho da Comissão Organizadora,
está trabalhando intensamente em todos os sentidos com
afinco. Os mais de dois mil associados da ABQCT es-
tão sendo incentivados para fazer logo suas inscrições.
Os industriais têxteis, tanto no Brasil como nos paí-
ses filiados à FLAQT, têm mostrado boa vontade não
só de inscrever seus técnicos como o de facilitar a vinda
deles para São Paulo, em agosto próximo.
As Associações, tanto patronais como as filiadas à
FLAQT, têm se empenhado na divulgação e incentivo.
Nosso patrono Dr. Paulo Skaf – Presidente da ABIT,
com seu alto tino de organização empresarial, não tem
medido esforços no sentido de propiciar facilidades para
o nosso trabalho. Estará inclusive promovendo em pa-
ralelo um encontro das “ABITS” Latino-Americanas
para tratar de interesses comuns.
No Chile e na Argentina, que visitamos há poucos
dias, encontramos empenho e entusiasmo para que as
Delegações daqueles países irmãos sejam numerosas e
bem representativas. Dentro de poucos dias estaremos
visitando as Associações dos outros países filiados à
FLAQT, com o objetivo de divulgar, explanar e também
ouvir sobre o nosso Congresso.
QT: O senhor me falava sobre algo no sentido pedagó-
gico. O que seria?
CongressoQuímica Têxtiln° 75/jun.04
Química Têxtil entrevista
sr. Gastão Leônidas de Camargo
sobre o Congresso
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Gastão: Verdade. Veja, para quem é feito o Congresso?
Claro que para todos os técnicos e pessoas ligadas à
Química Têxtil. O apetite maior, porém, creio que será
dos jovens técnicos que, pouco a pouco, irão substituir
a nós, veteranos, nos postos chave das empresas. Estes
jovens naturalmente estarão ainda mais ávidos no afã
de ampliar seus conhecimentos. Assim, em reuniões pa-
ralelas às Conferências, teremos troca de idéias entre
mentores de Universidades e Escolas Técnicas, para o
aprimoramento dos cursos ministrados.
Também com subvenção conseguida, a FLAQT estará
patrocinando anualmente a um técnico de cada país filiado,
cursos de aperfeiçoamento na Universidade de Catalunha
na Espanha. As regras para a escolha do agraciado de cada
país, estarão sendo discutidas e definidas pala Comissão
de Estatutos e Regulamento durante o Congresso.
QT: Não queremos tomar muito o seu tempo; para fi-
nalizar, o senhor me dizia alguma coisa sobre coinci-
dências felizes de datas?
Gastão: Realmente, se não tivéssemos nada a comemo-
rar, e temos muito pela excelência do Congresso, come-
moraríamos coincidências interessantes e felizes:
· Em 1954: Fundação da AAQCT – Associação Ar-
gentina;
· Em 1964: Fundação da FLAQT;
· Em 1974: Fundação da ABQCT – Associação Brasileira.
A cada década, portanto, acontecimentos importan-
tes para Brasil, Argentina e toda América Latina. Ainda
na década de 60, praticamente todas as Associações La-
tino-Americanas se formaram.
Num ponto de vista estritamente pessoal, é com orgu-
lho que pela segunda vez tenho a honra de presidir a
FLAQT. É fato inédito e de difícil possibilidade de ocor-
rer porque, com o número que esperamos ver crescer de
Associados à FLAQT, a repetição de país e conseqüente-
mente de Presidência levará muitos anos para acontecer.
O meu forte desejo e augúrio, no entanto é que isso
se torne novamente realidade, pois representará o se-
guinte: Um jovem técnico com boa formação, coragem,
e amor à profissão, tendo assumido tal função, muitos
anos mais tarde, ainda com a mesma dedicação, poderá
somar, às qualidades iniciais, a experiência e a vivência
adquiridas no caminho profissional.
Química Têxtil: Obrigado.
A ABQCT DÁ AS BOAS VINDASAOS NOVOS SÓCIOS
Antonio Gustavo Nascimento Santos Olinda PE Dirceu Ferreira Brito São Paulo SP Fernanda Pires Bacelli Guarulhos SP Frederico H.H. de Vasconcelos São Paulo SP Germano Maragno Turvo SC João Espindola Tubarão SC José Scharf Júnior Brusque SC Lícia Gomes Viegas Bayeux PB Maria Aparecida Gomes São Paulo SP Nicola Ruachioni Neto São Paulo SP Wilson José Ferreira São Gonçalo RJ
Estamos orgulhosos de tê-los conosco, pois o apoio e a participação dos associados são de suma impor-tância para o fortalecimento da Associação e para o aprimoramento técnico do setor têxtil brasileiro.Nós da ABQCT procuramos sempre fornecer informações atualizadas através da revista Química Têxtil eabrir canais de comunicação entre os profissionais através de cursos, palestras e outros eventos de integração.
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A indústria têxtil brasileira perdeu um grande téc-
nico, que dedicou toda sua vida profissional ao aper-
feiçoamento das técnicas de tinturaria e estamparia.
No dia 7 de março, aos 87 anos, faleceu o químico
Luiz Afonso Galaggi.
Dotado de um carisma, simplicidade e simpatia sin-
gulares, Luiz Galaggi deixou saudades nos amigos,
parentes e funcionários da Tinturaria e Estamparia
Salete Ltda., empresa que adquiriu nos anos 50 e para
a qual dedicou a maior parte de sua vida profissional.
“Além de sua dedicação profissional, o sr. Luiz tinha
um carinho muito grande pelos funcionários”, lem-
bra Valdir Siani Medeiros, diretor técnico da Tintura-
ria Salete e sobrinho de Galaggi. “Ele sempre teve
uma palavra amiga para os funcionários e nunca ne-
gou ajuda a quem o procurava. Mesmo depois que
vendeu a empresa, ele continuou dedicando a mesma
atenção ao pessoal e sempre teve o carinho, admira-
ção e respeito de todos”.
Luiz Galaggi teve uma rápida ascensão profissio-
nal, embora não tenha trabalhado em muitas empre-
sas. Em 1940 ele se formou em Química no Mackenzie
e logo começou a trabalhar em sua área de atuação.
Seu primeiro emprego foi na indústria Crespi, no bair-
ro da Moóca, em São Paulo, onde ficou por alguns
anos. Na seqüência, se transferiu para as Indústrias
Matarazzo e, em 1950, foi trabalhar na Tinturaria e
Estamparia Salete Ltda., empresa que mais tarde se
tornaria sua. Em 1975 ele vendeu a Salete para o Gru-
po Rosset, mas continuou na empresa como colabo-
rador até janeiro deste ano. “Ele só teve esses empre-
gos, mas em to-
dos eles atuou
com intensa de-
dicação”, lembra
Valdir, salientan-
do que Luiz
Galaggi foi uma
pessoa que sem-
pre estudou mui-
to. “Nos fins de
semana, enquan-
to todos se diver-
tiam, ele aprovei-
tava para se intei-
rar mais sobre sua profissão. Ele tinha um apego, um
amor a essa empresa que era impressionante. Dedi-
cava integralmente o tempo dele ao trabalho. Acredi-
to seguramente que ele estava entre os maiores técni-
cos do Brasil”.
Além de sua dedicação à empresa, Luiz Galaggi
também foi um grande incentivador da fundação da
ABQCT - Associação Brasileira de Químicos e
Coloristas Têxteis, onde era o sócio número 76. “Ele
ajudou muito na criação da associação”, lembra Agos-
tinho Pacheco, tesoureiro da entidade.
Além dos amigos que fez ao longo da vida, Luiz
Galaggi deixou a esposa, dona Leonor; duas filhas,
Marli e Marisa, e seis netos. Com certeza, seu exem-
plo de amor, dedicação, perseverança e simplicidade
será sempre lembrado por todos como uma dádiva
que Deus concede apenas a pessoas especiais.
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Falecimento Química Têxtiln° 75/jun.04
Indústria têxtil perde um grande colaborador
Solange Menezes
Sulphur Black
A atual conscientização em nível mundial pelos proble-
mas ligados ao meio ambiente tem nos levados a buscar
alternativas que sejam renováveis e a desenvolver produ-
tos que possuam características de baixo impacto am-
biental, compatível com tratamento biológico de efluentes.
O Preto Cassasulphur BRA Eco (Sulphur Black) é consti-
tuído de corante especialmente pré-reduzido e estabiliza-
do, não contendo sulfeto na sua pré-redução e estabiliza-
ção que, em comparação aos corantes sulphur convencio-
nais, permite um tingimento ecológico mais favorável.
O agente redutor é à base de carboidratos biodegra-
dáveis de efeito inibidor sobre o processo de purifica-
ção ecológica. Os agentes oxidantes são sais halogênios,
estabilizados biodegradáveis, isento de metais pesados
não cancerígenos.
Vantagens do Preto Cassasulphur BRA Eco
Menor contaminação das águas residuais e ausência
de odores durante o tingimento e nas estações de trata-
mento de efluentes.
Maior facilidade na remoção de agentes redutores.
Baixo índice de sujidade e contaminação nos equipa-
mentos.
Melhor estabilidade ao frio e ao calor.
A grande utilização de Preto Cassasulphur BRA Eco e
outros corantes sulphur está associada à relação custo
benefício nos tingimentos de fibra celulósicas e suas
misturas com boas propriedades de solidez. Além de
sua utilização em processo tradicional e sua versatilida-
de, permite aplicação também em máquinas contínuas,
máquinas de índigo, tingimentos desbotáveis tipo canvas
e Grament dyeing.
Estudo do tratamento de efluentes
Tecnologia EcologiaQuímica Têxtiln° 75/jun.04
Tendência ecológicaO pacote de baixo impacto ecológico ambiental
Agrício de CastroCassema Corantes
O efluente equalizado não teve o pH corrigido e seu
aspecto era preto, sem transparência e sem odor. A uni-
dade de flotação foi operada dentro dos seguintes
parâmetros:
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pH do efluente equalizado 7,5.
Pressão de dissolução do ar: 1,5 Kg/cm².
Dosagem de sulfato de alumínio de 400 mg/h (solução
% vazão 2000Lt/h ).
Aspecto após flotação: colorido levemente esverdeado.
Tansparente sem odor.
A unidade biológica foi operada dentro das condi-
ções normais de um tratamento biológico por todas as
atividades. O tratamento foi ativado com lodo de cura
estação de tratamento de águas sanitárias.
Em todas as etapas, tingimento, coleta, estocagem e
tratamento, não houve formação de H2S que provocas-
se maus odores. A redução da cor foi de 98%, isso indi-
ca um efluente perfeitamente clarificado, não alterando
o corpo receptor. O efluente final lançado no corpo re-
ceptor encontra-se dentro dos parâmetros ambientais da
legislação brasileira.
Efeito tendering
Ocorrência
O efeito tendenrig pode ser entendido como o fenô-
meno físico-químico de degradação de fibras celulósicas
tintas, causado por ácido, à cadeia molecular da celulo-
se. Essa degradação pode ser bastante acentuada, in-
clusive chegando ao apodrecimento total.
O efeito tendering em preto
O efeito tendering com preto enxofre é causado por
uma oxidação mal conduzida após a operação de
tingimento. Normalmente, esse efeito é evidenciado
quando o material tinto é armazenado em condições des-
favoráveis de temperatura e umidade. Para melhorar o
entendimento desse fenômeno, são imprescindíveis al-
gumas noções básicas da estrutura desse corante e de
seu processo de oxidação.
Estrutura do preto
Os corantes ao enxofre são aquelas substâncias
corantes cujo produto de redução originam derivados
aromáticos possuidores de grupamento ativos (s-h+). Esse
tipo derivado ou corante na forma leuco são as substân-
cias que apresentam afinidade pela fibra celulósica, sen-
do conhecidos como corantes.
O preto ao enxofre é um dos mais importantes com-
ponentes da linha do mercado corante e dentro de toda
a gama de diversas linhas de corantes para tingimento
de fibras celulósicas. É um dos mais usados mundial-
mente, devido ao seu baixo custo, aliado a uma superior
qualidade, como a ser atestado por seus índices gerais
de solidez de cor.
Processo oxidante do preto
O tratamento oxidativo nada mais é do que o veículo
para a obtenção de forma insolúvel do mercado corante.
A oxidação do preto ao enxofre, de uma forma bem
conduzida, deve levar sua forma mercado à forma
sulfoxida, passando antes por um estado intermediário
sob a forma disulfídica.
É de suma importância notar que sempre durante a
oxidação de forma mercado do preto há a formação de
tiosulfato de sódio. Esse tiosulfato, que é inerte em
meio alcalino, em meio ácido, por um processo suces-
sivo de oxidação, dá origem ao ácido sulfúrico. Sem-
pre que houver má oxidação em pH fortemente ácido,
o tiosulfato poderá fornecer de imediato ácido sulfúri-
co ao meio que, não neutralizado, levará a fibra
celulósica a um processo de degradação.
Causas do efeito tendering
Conforme já citado anteriormente, o efeito tendering
não é causado pelo corante e sim por uma oxidação mal
conduzida em pH ácido, gerando tiosulfato de sódio que
se degrada, produzindo enxofres livres e ácido sulfúrico.
A oxidação do preto sendo conduzida unicamente até a
forma sulfoxida em meio alcalino não tem condições de
provocar o apodrecimento das fibras celulósica, mesmo
sob a ação de luz, umidade e calor.
Os desvios na oxidação correta são fundamentalmen-
te: a oxidação parcial e a superoxidação.
Tecnologia Ecologia Química Têxtil - n° 75/jun.04
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oxidação parcial - o agente oxidante insuficiente não
dará forma sulfoxida e sim a forma disulfídica que po-
derá se decompor em ácido sulfúrico.
superoxidação - durante o processo oxidativo, o
oxidante em excesso leva o derivado sulfóxido às for-
mas mais ricas em oxigênio. A formação desse deriva-
do em condição de superoxidação está condicionada pelo
valor do pH do meio oxidativo.
Como evitar o efeito tendering
Ficou evidenciado, como fator de mai-
or importância, o valor de pH, que quan-
do situado do lado ácido, no mínimo acar-
retará o aparecimento do efeito tendering,
em virtude da decomposição do tiosulfato
de sódio presente no processo.
É importante notar que a presença na
fibra de formas polisulfídicas, tiosulfídicas
ou mesmo de tiosulfato de sódio não são
eliminadas pela lavagem e em condições
de temperatura ambiente mais altas ace-
lerará a decomposição da mesma. É o caso típico do
tendering que se manifesta durante a estocagem, princi-
palmente no verão e em locais úmidos.
Acabamento
Os amaciantes catiônicos são os mais desfavoráveis
para uso por motivo básico, ambos indesejáveis sob o
ponto de vista tendering. Para uma melhor performance
um pH ácido é utilizado.
Tecnologia Ecologia Química Têxtil - n° 75/jun.04
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Tingimento sobre tecido de malha de algodão
Tingimento de fio de algodão processo ECO
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Efeito Canvas (desbotável)
É um aplicativo simples, rápido e oferece custo/be-
nefício maior que a utilização de pigmentos. Os corantes
sulfurosos Linha ECO oferecem um melhor toque e
melhor solidez ao tecido, com controle de desbote.
Máquina de Índigo
Os corantes sulfurosos da linha ECO são corantes
de oxidação e de comportamento físico-químico similar
ao Índigo.
Tecnologia Ecologia Química Têxtil - n° 75/jun.04
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A maior parte da fabricação têxtil é de tecidos colo-
ridos, dos quais se exige que a cor das sucessivas pro-
duções coincida com a cor original. Sem dúvida, não é
tão fácil que isso ocorra porque a fabricação de têxteis
coloridos depende de muitas variáveis, portanto, é im-
prescindível fixar tolerâncias de cor. Essas tolerâncias
podem ser fixadas em termos visuais ou instrumentais.
Como se pode fixar tolerância? Quais seriam as
tolerância de cor razoáveis?
As respostas a estas perguntas são temas de consi-
derável interesse, tanto para os fabricantes de materi-
ais têxteis coloridos como para seus clientes.
Este artigo descreve a maioria dos fatores que de-
vem ser considerados ao fixarem-se as tolerâncias.
No mundo real
Processos e variabilidade
Sempre que se trabalha com sistemas de medição
e com processos, estes terão algum grau de variação.
Por exemplo, desejamos determinar a dimensão de
um salão, teremos que usar uma trena e medi-lo e se
outra pessoa repetir o processo, é possível que en-
contre uma medida ligeiramente diferente. Quais se-
riam as medidas corretas? As duas medições estari-
am corretas ou incorretas? Na realidade, podemos
conhecer a verdadeira medida, mas a precisão neces-
sária e a variação permitida devem ser conhecidas
antes de realizarmos as medições.
Tomemos um exemplo da indústria têxtil, supondo
que estamos em uma tinturaria de peças que usa proces-
sos Batch. Estamos tingindo tecidos de malha, 100%
algodão, com corantes reativos. A tinturaria mantém
tecnologia atualizada nos equipamentos de tingimento e
acabamento, mas mesmo realizando um efetivo contro-
le computadorizado para minimizar a variação dos pro-
cessos, essa variabilidade não pode ser eliminada total-
mente porque, mesmo que uma determinada cor seja
processada da mesma forma, serão usadas diferentes
partidas de fibras têxteis e/ou diferentes partidas de
corantes e/ou auxiliares, diferentes máquinas e/ou dife-
rentes operários, água diferente etc..
Vemos que se torna impossível repetir o processo
da mesma forma e portanto não pode ser surpresa que
existam variações em nossa produção. A chave, então,
será minimizar as variações em todas as etapas do pro-
cesso de produção, conservando a eficiência nos custos.
Essa tarefa é muito importante e deve ser de interesse
para ambos: produtor e comprador. Quando avaliamos as
características de cor de um produto final, por exemplo
peças acabadas de tecidos coloridos, consideramos as
variações acumuladas dos processos de tingimento e aca-
bamento, além da variação do próprio processo de medi-
ção. Se essa variação é maior do que os limites de tole-
rância estabelecidos, estaremos fabricando lotes de "se-
gunda qualidade ou produto não conforme", que terá um
custo adicional por reprocesso. Portanto, para poder rea-
lizar melhoras contábeis nos processos, devemos estar
Tecnologia Qualidade Química Têxtiln° 75/jun.04
Tolerância de cor na indústria têxtil
David M. Jordam - DyStar L.P. Charlote, N.C.Artigo publicado em "Book of Papers" da AATCC
Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT
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seguros de que podemos fazer medições precisas das
variáveis dos processos em questão.
Estatísticas: uma ferramenta útil
A estatística é uma ferramenta que pode ser empre-
gada na produção para melhorar a precisão e a reprodu-
tibilidade.
Mencionamos anteriormente que devemos ser ca-
pazes de efetuar medições precisas que assegurem a
conformidade do produto com as especificações estabe-
lecidas. Um método possível seria fazer um número
infinito de medições sobre todos os lotes produzidos e
em seguida estabelecer um valor médio para se obter o
valor que seria considerado "verdadeiro". Esse méto-
do funcionaria, mas o seu custo seria excessivo. Ne-
cessitamos encontrar outra forma de obter dados váli-
dos sem incrementar os custos de mão-de-obra a ní-
veis excessivos. Aplicando técnicas básicas de esta-
tística, calculando valores médios, desvios padrão, co-
eficientes de variação e intervalos de confiança, pode-
mos começar a definir as incertezas do nosso processo
de medição e estabelecer dados válidos.
Poderíamos dizer muito mais sobre métodos estatísti-
cos, mas esse não é o propósito deste artigo. Para maiores
informações, verificar a lista de referências nos itens 1 e 2.
Estabelecendo tolerâncias
Em um mundo ideal as tolerâncias seriam zero ou
um valor menor do que o limite detectável. Se quere-
mos oferecer ao mercado o melhor produto possível,
poderíamos estabelecer níveis muito baixos de tolerân-
cias, mas estaríamos incrementando a produção de mer-
cadorias de qualidade "não conforme" e como conseqü-
ência o custo do produto. Fixar tolerâncias sempre re-
presenta um compromisso econômico.
Os exemplos extremos são bem conhecidos: no se-
tor de maternidade de um hospital a tolerância para que
as enfermeiras deixem cair os recém nascidos é zero;
mas, ao contrário, quando compramos pedras para cons-
truir uma parede, exceto pela aparência geral, a tolerân-
cia para selecionar as pedras é muito ampla.
No mundo comercial as tolerâncias estão relaciona-
das com a satisfação do cliente em termos de valor re-
cebido por preço pago. Para sermos competitivos, os
processos de fabricação precisam ser elaborados de tal
forma que o custo seja o mínimo possível.
As tolerâncias representam o compromisso entre a
satisfação do cliente, em termos de aparência visual e
utilidade funcional, e o custo da mercadoria comprada.
Como sabemos, as tolerâncias de fabricação para têx-
teis são fixadas principalmente em valores de diferen-
ças de cor. Para estabelecer tolerâncias que sejam úteis
na prática é necessário que na discussão participem pelo
menos duas das partes interessadas: o comprador e o
vendedor/produtor. Esse processo será proveitoso quan-
do cada uma das partes tenha a vontade de entender as
possibilidades e as limitações da outra. Se cada uma
delas tiver expectativas irreais quanto a outra, as duas
perderão inevitavelmente.
Quando se estabelecem tolerâncias de cor, poderia
parecer mais fácil avaliar visualmente, mas se deve ter
em conta que seriam avaliações subjetivas. O vendedor
controlará o lote de produção contra o padrão do com-
prador. Considerará que é "aceitável" e o enviará ao
comprador. Pode ocorrer que o comprador o rejeite, já
que o que é aceitável para uma pessoa pode não o ser
para outra. Deverá então ser desenvolvido algum méto-
do objetivo de arbitragem para avaliar o produto.
Problemas a resolver
Objetivo versus Subjetivo
Quando observamos cores, os observadores indivi-
duais variam significativamente na percepção de dife-
renças de cor. Mesmo quando estabelecemos instruções
para as condições de observação, tais como a fonte de
luz, o ângulo de observação e a superfície circundante,
ainda assim não poderemos padronizar a percepção das
diferenças de cor. Devemos levar em consideração, além
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disso, muitas características físicas que são específicas
de cada indivíduo.
A capacidade de um indivíduo para comparar e ava-
liar cor é influenciada por fatores como a idade, o esta-
do geral de saúde e inclusive por seu estado de ânimo.
Para estabelecer uma observação média das diferenças
de cor de um par de amostras, devem ser considerados
pelo menos 35 observadores. Do ponto de vista estatís-
tico, o coeficiente de variação para avaliações individu-
ais é de 20%. Isto é, se temos um valor médio de 1,0, a
variação será de 0,6 a 1,4 unidades.
O efeito de metamerismo
Sempre que se recebe uma amostra de cor do com-
prador para ser imitada e fabricada no estabelecimento
do vendedor entra em jogo uma ampla gama de variá-
veis. A amostra pode ser um pedaço de tecido, um car-
tão pintado, um plástico colorido ou qualquer outro ob-
jeto. A tarefa do vendedor é reproduzir as característi-
cas dessa cor sobre um pedaço de tecido. As possibili-
dades de reproduzir exatamente essa tonalidade são
poucas, para não dizer nenhuma.
Dizemos que existe "metamerismo" quando a amos-
tra padrão e sua imitação não são iguais em cor, quando
comparadas sob todas as fontes de luz. O que ocorre
realmente é que não coincidem as curvas de reflectância
dos dois objetos (padrão e imitação). Isso acontece quan-
do os corantes usados para tingir o padrão são diferen-
tes dos usados para tingir a amostra. Mesmo quando se
tem capacidade de produzir uma amostra tinta dentro
de tolerâncias instrumentais aceitáveis, pode ser que esta
seja rejeitada porque o comprador a avalia visualmente.
Neste caso, se torna evidente a vantagem de utilizar um
método de avaliação "objetivo/instrumental".
Se tivermos discordância por imitações metaméricas
(e mesmo que não sejam) entre diferentes observadores
sobre a qualidade da imitação, em geral isso é comple-
tamente honesto. Os dois observadores estão corretos,
porque os dois informam o que estão vendo, com seu
aparelho de visão pessoal. Quando não existe concor-
dância no que diz respeito a "aceitabilidade versus tole-
rância", como podemos arbitrar sem levar em conside-
ração unicamente os dados instrumentais?
Se, como comprador, enviamos uma cor para imitar
em diferentes produtores potenciais, teremos grandes pos-
sibilidades de metamerismo. Esse efeito pode ser mini-
mizado desenvolvendo a cor em um produtor e em segui-
da ter outros produtores que usem a mesma fórmula de
cor. Uma vez que a cor tenha sido definida, uma amostra
das primeiras produções deve ser selecionada para arqui-
vo como padrão para essa cor específica. Isso vai asse-
gurar que as sucessivas produções não sejam metaméricas,
a menos que o produtor substitua os corantes usados.
Fórmulas de diferença de cor e seus erros
O objetivo das fórmulas de diferenças de cor é defi-
nir precisa e objetivamente uma diferença de cor de modo
que coincida com a média das avaliações visuais de cor.
Estatisticamente, o coeficiente de variação da fórmula
CIELAB é aproximadamente 30%. Isso significa que a
diferença de cor vista pelo observador médio como uma
unidade pode variar de 0,4 a 1,6 unidades.
Novas fórmulas têm maior coincidência com o obser-
vador médio do que a fórmula CIELAB. Atualmente as
fórmulas CMC (2;1), BFD ou CIE 94 são uma escolha
melhor. É difícil dizer qual delas é a melhor, pois todas
são boas. O coeficiente de variação dessas fórmulas é de
aproximadamente 20% ou quase tão bom quanto a avali-
ação de um só observador. A vantagem dessas fórmulas
está baseada no fato de que se ajustam para uma superfí-
cie circundante cinza claro e a fórmula CIELAB não.
Continuam as investigações para melhorar as fórmu-
las de diferenças de cor, mas ainda não é previsível ob-
servar grandes progressos.
Medição de cor e sua variabilidade
Como já vimos, o equipamento também está sujeito
a variabilidade. Para medição de cor, essa variabilidade
tem três componentes:
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- o instrumento e sua geometria de medição;
- o tamanho e a espessura das amostras;
- a estrutura superficial das amostras.
Os espectrofotômetros modernos são famosos por
sua estabilidade. Os avanços em microeletrônica, fon-
tes de luz muito estáveis etc. tornaram possível uma nova
geração de instrumentos de menor tamanho e menos
sensíveis ao meio ambiente.
Usando peças de cerâmica como amostras foram
obtidas repetibilidades menores do que 0,01 unidades
de diferença CIELAB. A reprodutibilidade é também
excelente, 0,10 unidades de diferença CIELAB.
Devemos ser cuidadosos no que diz respeito a geo-
metria dos instrumentos. Os espectrofotômetros são
compostos por três elementos principais: uma fonte de
luz que fornece a iluminação das amostras, o
monocromador que decompõe a luz em seus compo-
nentes individuais a cada longitude de onda e um siste-
ma detetor que quantifica a quantidade de luz a cada
longitude de onda. A geometria implica o modo como
se ilumina e também como se observa a amostra.
Os instrumentos atuais podem usar iluminação
direcional, circunferencial ou difusa. Nos instrumentos com
iluminação direcional tais como 0/45 ou 45/0 a luz chega à
amostra com um ângulo diferido enquanto que no caso de
iluminação difusa, a luz se difunde em uma esfera.
Isso faz com que os instrumentos de iluminação difusa
sejam menos sensíveis à estrutura superficial da amos-
tra, portanto, permitem medir as amostras têxteis de cor
sem dar muita importância à sua estrutura superficial.
Por exemplo, se tomamos um pedaço de tecido plano
de algodão mercerizado que tem uma textura muito su-
ave e medimos com um instrumento direcional, quando
comparamos com a medição feita por um instrumento
de geometria difusa, veremos a influência da estrutura
que foi detectada pelo instrumento direcional (tabela 1).
Apesar de as diferenças observadas parecerem peque-
nas, a medida que a textura for maior, essas diferenças
podem ser aumentadas. Esse fato não exclui o uso de ins-
trumentos direcionais na medição de cor. Podem ser usa-
dos com êxito em controle de qualidade quando o padrão e
a amostra tenham a mesma textura e as medições sejam
realizadas de forma comparativa. Sem dúvida, no trabalho
de desenvolvimento de cores, onde se pode ter uma amos-
tra de cor em tecido plano 100% algodão mercerizado,
que deve ser imitada em tecido de malha 50/50 poliéster-
algodão; a geometria difusa é a melhor escolha porque é
menos afetada pela textura da superfície.
A apresentação da amostra também é importante para
se obter uma medição precisa. De uma forma ideal, a
amostra deverá ser suficientemente grande para permi-
tir o requisito de múltiplas camadas quando necessário,
mas pequena o suficiente para ser manipulada facilmente
durante o procedimento de medição. Deverá ser
colocada na área de medição na forma mais pla-
na possível. Muitos espectro-fotômetros ofere-
cem diferentes tamanhos de área de medição. Na
prática, é melhor medir com a maior área possí-
vel; dessa forma se permitirá que maior energia
luminosa chegue tanto à amostra como ao detetor,
o que aumentará a precisão da medição.
A amostra deve ser opaca e não permitir que
a luz seja refletida. Se a opacidade das amostras
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varia, se acrescenta uma variação adicional ao processo
de medição. Como se pode ver no exemplo da tabela 2,
quando uma amostra não é opaca, isso deve ser com-
pensado dobrando-a em várias camadas até torna-la
opaca a ponto de reduzir a variabilidade.
A amostra de tecido de malha da tabela 2 não mostra
a mesma variabilidade do que o poliéster porque é mui-
to mais opaca em uma só camada de tecido.
Também devem ser tomadas precauções para que to-
das as partes que avaliam as amostras contra o padrão usem
sistema e condições de medição similares. Muitas vezes
acabam sendo comparadas maçãs com laranjas. Precisa-
mos estar seguros de que o instrumento, a apresentação da
amostra etc. sejam o mais similares possíveis.
Podemos verificar na tabela 4 que, mesmo quando
se avalia o mesmo par de amostras, diferentes condi-
ções de medição nos laboratórios apresentam elevados
graus de variabilidade.
Tingimento e sua variabilidade
Existe um grande número de fatores que influem na
variabilidade do processo de tingimento. Desde a pre-
paração do tecido até o processo de acabamento, deve-
mos dedicar todo o nosso esforço para minimizar a va-
riabilidade de cada etapa.
Os efeitos do tipo de corante, padronização do
corante, qualidade da fibra, variáveis dos processos de
tingimento e acabamento contribuem para a variabilida-
de total do processo. Como a produção têxtil inclui
muitos tipos de fibras e misturas, é necessário usar uma
ampla faixa de classes de corantes para satisfazer todas
as necessidades. A repetibilidade de tingimento varia
segundo a classe de corante utilizada. Isso se deve em
parte à complexidade do processo de tingimento e tam-
bém ao mecanismo de tintura de cada corante. A tabela
5 mostra a variabilidade das diferentes classes de
corantes em termos do coeficiente de variação (CV) tal
como foi definido por Kuehni, que descreve esse resul-
A uniformidade da "amostra de cor padrão" é de gran-
de importância para o comprador. Quando o comprador
recebe a cartela de cores selecionadas pelo estilista para
um determinado produto, esta se apresenta como sendo
uma "coleção" de pequenos pedaços de tecido. Estes po-
dem ser de diferentes origens ou adquiridos comercialmente
de cartelas de cores disponíveis em diferentes substratos:
têxteis, papéis, cartões, plásticos etc. Em muitos casos, por
razões de custos e prazos de entrega, o comprador envia
as tonalidades a serem imitadas para vários produtores.
Nesse caso, é necessário o cuidado de enviar a mesma
amostra para todos os possíveis fornecedores.
Mesmo no caso de utilizar como padrão de cores
amostras de cartelas comerciais (ex: Color Index) exis-
tem variações que se observam de uma edição para ou-
tra, tal como está demonstrado na tabela 3.
Usando como padrão uma amostra suficientemente
grande e uniforme que possa ser dividida em pedaços
menores e entregue a cada produtor, começamos a re-
duzir essa variabilidade. O pedaço de amostra entregue
ao produtor como padrão deve ser grande o suficiente
para permitir realizar uma adequada medição e avalia-
ção. A diferença de cor entre os diferentes pedaços en-
tregues aos produtores deve ser menor ou igual a 0,2
DE MEC unidades.
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tado como "o que se pode esperar de um laboratório
bem controlado e com pessoal experiente".
Os valores da tabela confirmam nossas afirmações pré-
vias sobre o fato de que a complexidade dos processos e
os mecanismos de tingimento das diferentes classes de
corantes afetam a variabilidade. Vemos que os corantes
reativos têm um coeficiente CV maior do que os corantes
ácidos, básicos ou dispersos. O mecanismo de reação mais
complexo, o gradiente de temperatura, a concentração de
eletrólito e a de álcali são fatores que contribuem para
aumentar o coeficiente CV do processo de tingimento de
reativos. Se observa uma variabilidade significativa nos
processos de tingimento, mesmo quando estes são reali-
zados em laboratórios competentes. A fabricação e
padronização de um têxtil são também afetadas
pelas variações no tingimento e nos processos de
medição de cor. Atualmente, empregando técnicas
e equipamentos adequados são tolerâncias típicas:
Concentração +/- 2%
Diferença de cor residual = 0,5 DE CMC (2:1)
ó +/- 0,3 DC, DH, DL (CMC 2:1)
Todavia, essas diferenças só podem ser obti-
das utilizando múltiplos tingimentos e múltiplas
medições. Melhorar significativamente essas to-
lerâncias requer uma maior inversão em equipa-
mentos e em recursos humanos, "acreditamos
que a padronização de corantes em +/- 2% de
concentração é um compromisso viável entre
as necessidades do tintureiro e os custos de
produção".
Como essas tolerâncias afetariam a
reprodutibilidade no processo de tingimento
na produção?
Normalmente, o processo de tingimento de tecidos
em laboratório é minimamente afetado porque é usada
amostra padrão de corante para tingir. Sem dúvida, esse
não é o caso na Área Produtiva. As diferentes partidas
de corantes usadas podem variar sua concentração em
relação ao padrão e se apresentar tanto 2% mais fracas
como 2% mais fortes. Como essa variação afeta uma cor
tinta com uma combinação de três corantes diferentes,
dependerá da cor, ou seja, se ela for brilhante ou opaca,
fraca ou intensa. A tabela 6 mostra o efeito sobre o banho
de tingimento das diferenças de concentrações de corantes
no banho em três exemplos de cor/formulação.
A fórmula 1 foi composta por três corantes opacos (baixo
Croma), enquanto que as fórmulas 2 e 3 utilizam três
corantes brilhantes (alto Croma). A fórmula 3 é aproxima-
damente duas vezes mais intensa do que a fórmula 2, para
mostrar o efeito da intensidade no tingimento. As três fór-
mulas representam cores da faixa mais neutra, (exemplo
beje, marrom e cinza) que são as mais afetadas. Depen-
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dendo da situação, as diferenças residuais de cores podem
ser somadas ou compensadas. Na tabela anterior, vemos
que a combinação de diferenças de concentração e de to-
nalidade para um tingimento com três corantes dentro de
tolerâncias pode resultar em diferenças entre o padrão e a
amostra de aproximadamente 1,0 DE CMC (2:1) unida-
des. Seria de grande ajuda corrigir na cozinha de cores da
tinturaria a quantidade de corante a ser pesada, usando os
dados de concentração da partida de corante, informada
pelo fabricante no certificado de análise.
A qualidade da fibra é outro fator importante no pro-
cesso de tingimento. O fabricante têxtil de hoje se en-
contra com muitas fibras diferentes, assim como com
muitas misturas e tipos de tecido, sejam de fibras natu-
rais ou manufaturadas.
O algodão, sendo uma fibra natural, apresenta mui-
tas características que afetam a variabilidade do pro-
cesso de tingimento. O processo de crescimento do al-
godão pode afetar o rendimento da cor, por exemplo:
trata-se de um algodão que cresceu naturalmente irriga-
do pela chuva ou por irrigação artificial. A maturação
do algodão pode também afetar o rendimento colorístico;
quanto mais imaturo maior é a superfície de dispersão e
menor o rendimento colorístico. Outro fator é o grau de
brancura. Nos processos de alvejamento é difícil con-
trolar o grau de brancura obtido, isso afeta principal-
mente os tingimentos claros e médios.
Os processos de mercerização do algodão também
afetam o rendimento colorístico e o rendimento aparente
da cor, já que reduzem a dispersão da luz. Todos esses
fatores também contribuem para a variabilidade do pro-
cesso e afetam diretamente a possibilidade de obter a cor
correta na produção sem necessidade de correções.
A variabilidade de corantes e de fibras não é o único
problema no processo de tingimento; também temos que
levar em consideração a variabilidade do processo em
si mesmo. Existem muitas variáveis no processo de
tingimento que devem ser controladas para produzir um
tingimento uniforme e assegurar a reprodutibilidade. Por
exemplo, quando usamos corantes reativos em algodão,
seriam parâmetros críticos os seguintes:
- relação de banho e qualidade da água;
- concentrações de álcali e eletrólito;
- tempo e temperatura;
- movimento relativo do banho e do substrato.
Dado que o tingimento de algodão com corantes reativos
é uma reação química, isso se torna particularmente sensí-
vel a variações de qualquer um desses parâmetros. As va-
riáveis de processo podem facilmente resultar em varia-
ções de DE em 3-5 CMC (2:1) unidades. Isso faz com que
o processo de tingimento e o controle de seus parâmetros
sejam uma parte crítica na variabilidade do resultado final
do tingimento. Uma adequada seleção dos corantes em-
pregados reduz o impacto das variações nos parâmetros.
Variabilidade causada por acabamento
Nos processos de tingimento em "batch", uma das
etapas mais difíceis é a avaliação da aparência depois
do acabamento. Normalmente, a cor é controlada no fi-
nal do processo de tingimento para determinar se está
na tonalidade desejada em comparação com o padrão.
Se não estiver, o processo de tingimento continuará agre-
gando um corante adicional para ajustar a tonalidade ou
reprocessando a partida.
Como o processo de acabamento afetará a tonalida-
de final, será difícil predizer o resultado devido aos efei-
tos mecânicos e aos processos que podem causar alte-
rações significativas na cor do material têxtil tinto. Esse
efeito ótico dependerá da cor e da estrutura do material
e não pode ser previsto quantitativamente. É comum em
lotes tintos, observarmos diferenças médias de 1,0 uni-
dade DE CMC (2:1), antes e depois do acabamento.
Fica a critério da experiência do tintureiro conhecer qual
deve ser o ajuste para compensar a alteração de tonali-
dade que possa ocorrer no processo de acabamento.
Variabilidade peça a peça
As variações peça a peça são muito comuns dada a
complexidade do processo de tingimento de tecido e
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não seria realista esperar uma completa uniformidade.
Quando se está trabalhando com mercadoria fabricada
em processos de tingimento por repouso, devemos usar
métodos "shade sorting" (seleção e agrupamento de lo-
tes de uma mesma tonalidade de acordo com sua nuance)
para minimizar as diferenças entre lotes. Sem dúvida,
"shade sorting" pode não ser prática quando se trabalha
com fabricação "just in time".
Uma quantidade limitada de dados derivados de lotes
tintos na planta de produção sobre tecidos de malha 100%
algodão com corantes reativos apresenta como resultado
uma diferença média de cor igual a 0,4 DE CMC (2:1)
com um desvio padrão de 0,2, que indica que existe 95%
de probabilidade de que o resultado real de diferença de
cor se encontre em uma faixa de 0 a 0,8 unidades.
Variações dentro do lote
Como afetam o corte na confecção
A avaliação dessas diferenças de cor entre partes de
uma prenda é um dos mais severos testes de aceita-
bilidade. O contraste de cor é mais intenso se o pedaço
é grande e se a superfície vizinha ou adjacente é muito
similar à cor padrão. As diferenças entre zonas vizinhas
de um pedaço de tecido ou entre os bolsos e o tecido
base de uma camisa são notadas até 3 vezes mais distin-
tas do que quando se observa uma amostra de 5 centí-
metros quadrados contra um fundo cinza claro. Portan-
to, é crítico selecionar as peças que serão utilizadas para
cortar prendas. Como foi visto, cada etapa do processo
tem uma variabilidade que se soma à variação total. As
variações nunca são desejáveis mas, em alguns casos,
elas se compensam umas as outras.
Recomendações
Nesse processo, comprador e produtor têm um objeti-
vo em comum: produzir um produto de boa qualidade e
obter benefícios. O negócio das duas partes depende de
que venham a atingir essa meta tão eficientemente quanto
seja possível e para obter sucesso deve ser estabelecida
uma ponte de comunicação entre produtor e comprador. O
comprador tem expectativas que o produtor deve enten-
der. O produtor tem possibilidades e limitações que o com-
prador deve entender. Estabelecendo clara e abertamente
expectativas e capacidades em uma atmosfera de mútua
sinceridade será facilitado o sucesso do resultado final.
A seguir, vamos citar algumas recomendações ge-
rais que podem ser úteis na discussão entre comprador
e produtor sobre "tolerâncias".
Para o comprador
Durante a fase inicial de imitação de cor:
- entregar ao produtor um padrão que não tenha uma
diferença maior do que 0,2 DE CMC (2:1) unidades em
comparação ao padrão do comprador. Variações maio-
res podem ser a causa de devoluções desnecessárias de
mercadorias entregues;
- estar seguro de que o tamanho da amostra padrão é
suficientemente grande para que o produtor possa reali-
zar medições precisas. Recordar que a precisão será me-
lhor quanto maiores forem o tamanho da amostra e a
área de medição do instrumento. Amostras pequenas que
não são oticamente opacas podem introduzir erros adi-
cionais à medição;
- o instrumento de medição é o melhor arbitro. O produtor
deve medir a cor em todas as etapas, desde o laboratório;
- quando se rejeita uma imitação, a resposta não deve
ser uma avaliação visual, mas sim deverá incluir dados
DE CMC e outras informações sobre os componentes
da diferença (DL, DC e DH);
- quando o padrão da produção é estabelecido para uma
cor, o comprador deve estar seguro de que todos os ou-
tros produtores receberão amostras desse mesmo padrão.
Quando se avaliam imitações de laboratório:
- repartir a mesma amostra para diferentes produtores;
- preservar a integridade do padrão, assegurando que a
amostra aprovada e o padrão não tenham diferença maior
do que 0,2 DE CMC unidades da medição original;
- manter sempre ótimas condições de medição quando se
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avalia as amostras contra a amostra padrão. As amostras
devem ser oticamente opacas, medidas em grandes áreas,
com luz difusa e pelo menos que a leitura considerada de-
finitiva seja a média de 3 leituras repetidas por amostra;
- a avaliação visual pode ser usada, mas somente como
confirmação da avaliação instrumental.
Avaliação de diferentes tipos de componentes:
- quando temos que fazer imitações sobre diferentes
materiais que são usados em uma prenda (ex: uma pren-
da de algodão com um adorno de poliéster) devemos
avaliar visualmente a cor de todos os materiais para ver
o efeito conjunto. Uma vez que isso foi feito, devemos
medir cada um dos materiais componentes (amostra
opaca, luz difusa, grande área, leitura média) para fixar
as tolerâncias de trabalho para cada material no contro-
le dos lotes de produção. Devido as diferenças de bri-
lho, estruturas etc., os valores L*, a*, b* para o padrão
de cada material serão diferentes.
Para o produtor:
- medir sempre as amostras de laboratório e lotes de
produção antes de enviar ao comprador e incluir os da-
dos de medição correspondentes;
- usar metodologia estatística de controle de processo,
tomando as medições de cor para controlar o desempe-
nho da produção;
- considerar o uso de um processo de melhoria contínua
para reduzir a variabilidade nas áreas de laboratório,
produção e medição de cor;
- empregar sempre boas práticas de medição. Assegu-
rar-se de que a amostra é oticamente opaca, usar a mai-
or área de medição possível que o instrumento permitir
e tomar a média de várias medições repetidas;
- praticar um rígido controle do padrão;
- quando forem feitas avaliações visuais, estar seguro
de que estejam disponíveis lâmpadas apropriadas e con-
dições acertadas com o comprador;
- comunicar abertamente ao comprador as possibilida-
des e as limitações.
Conclusões
Temos visto que fixar tolerâncias não é uma proposi-
ção confortável. Para estabelecer um sistema de tolerân-
cias prático é necessário conhecimento dos processos e
do equipamento envolvido, além de uma boa comunica-
ção entre as partes. Devemos lembrar que o processo de
tingimento, composto por muitos subprocessos e variá-
veis, é o elemento com o qual estamos tratando de en-
contrar um ponto de referência no espaço tridimensional
de cor estabelecido ao redor do padrão. Como já vimos,
muitas variáveis influem na decisão sobre a aceitação ou
não de um tingimento, mas devemos sempre tomar essa
decisão de acordo com as tolerâncias estabelecidas.
O produtor deve fazer todas as tentativas possíveis
para reduzir as variações, lembrando que as melhoras
serão obtidas dentro de um compromisso econômico. É
fundamental que ambos, comprador e produtor, tratem
de estabelecer as tolerâncias de cor de forma conjunta e
de modo que ambos se sintam beneficiados.
Nota do autor: os dados usados no desenvolvimento
deste artigo foram extraídos de um número relativa-
mente pequeno de amostras e os resultados dever ser
usados somente como orientação. Para estabelecer
parâmetros precisos e para casos concretos devem ser
avaliados os dados reais do usuário, usando um núme-
ro significativo de amostras para obter o melhor resul-
tado estatisticamente válido.
Bibliografia
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Berns, Roy S., color Research and Application, vol. 16,
nº 5, October 1991, p. 297-316.
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Pode não parecer, mas do traje que cobria o corpodo pescoço até o joelho para ir à praia, até o macacãoque vai do tornozelo à cabeça usado para nadar, muitacoisa mudou. Se nos anos 20 a quantidade de pano so-bre o corpo era proporcional ao recato exigido para darum mergulho no mar, hoje a roupa que esconde o corpo(mas é tão colada que revela as formas) é usada poratletas de alta performance para quebrar recordes. Maiôé sinônimo de tecnologia e pode fazer a diferença entreganhar ou não uma medalha.
A exposição "Maiô - 100 anos de história", realiza-da pela Speedo em dezembro/2003, em São Paulo, mos-trou a evolução do traje de banho, tanto para lazer quantopara esporte, desde as roupas de natação usadas nosanos 20 até os atuais maiôs de competição "fast skin".
Acompanhe resumidamente essa evolução:Anos 20 e 30: a roupa de natação padrão, tanto de
homens quanto de mulheres, era uma peça única, emalgodão, que vestia as pessoas do pescoço aos joelhos.No início da década de 30 a Speedo lançou o "RacerBack", peça alta e estreita que permitia liberdade de mo-vimentos para os ombros e músculos das costas. As rou-pas de natação eram de seda pura e as de treinamentoainda usavam algodão.
Anos 40: os maiôs começaram a ter seus tamanhosreduzidos. Em 3 de junho de 1946, Louis Reard apre-sentou ao mundo o biquini. A seda, por sua resistência,leveza, elasticidade e toque, era usada nas roupas denatação para os competidores de ponta.
Anos 50: nas Olimpíadas de Melbourne, em 1956,os maiôs de seda com algodão estiveram em evidência,mas a década ficou marcada pela introdução do nylon.A adequação dessa matéria-prima para as roupas de na-tação era ainda realçada pela repelência à água, garan-tindo uma secagem rápida.
Anos 60: reconhecendo as boas propriedades detingimento e estamparia do nylon, a Speedo introduziuà moda as listras em roupas de banho de competição.Nessa época, as misses continuavam de maiô, mas asgarotas de praia já ousavam mostrar os umbigos. NoBrasil, a garota de Ipanema foi um ícone dessa época.
Anos 70: os jogos Olímpicos de Munique, em 1972,foram o trampolim para que a Lycra (da DuPont) se tor-nasse um tecido muito utilizado em roupas de natação.A Speedo foi a primeira empresa a utilizar o fio nasroupas para o esporte.
Anos 80: essa década exigia corpos perfeitos, mode-lados em academias de ginástica e exibidos nas praiasno verão. A Lycra era usada tanto nas vestimentas deacademia como nos biquínis e maiôs. Os surfistas usa-vam calções longos e coloridos, enquanto as mulhereschegavam ao auge da nudez. O biquíni asa delta erareduzido ao fio dental.
Anos 90: em 1992, a Speedo lançou o maiô deperformance S2000, com microfilamento de poliéster efibra elastômera, que evitava a formação de bolhas de ar- pois tinha uma porcentagem maior de elastano - e tinhaum processo de secagem mais eficiente do que a Lycra,além do coeficiente hidrodinâmico ser 15% maior. Em1996, nas Olimpíadas de Atlanta, a grife apresentou oAquablade. Usando maiôs feitos com esse produto, atle-tas conquistaram 77% de todas as medalhas na natação.
Novo Milênio: nas Olimpíadas de Sidney (Austrá-lia), em 2000, foi apresentada a mais revolucionáriatecnologia para maiôs de competição, o Fast Skin, fei-to de microfilamentos de poliéster (75%) e fios deelastano (25%), um tecido que imita a pele do tubarãoe se molda ao desenho dos músculos. Resultado: 126das 153 medalhas em disputa ficaram com atletas queusavam o Fast Skin.
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Maiô, 100 anos de praia
30
Apesar do muito que se tenha avançado em matéria
de controle dos defeitos no tingimento de materiais têx-
teis, são ainda muitas as causas que podem conduzir a
cometê-los. Neste artigo, abordamos de forma sis-
tematizada o estudo dos defeitos mais correntes, assim
como suas procedências e, em muitos casos, a forma
de evita-los. Colocamos especial insistência no erro
humano que, não nos esqueçamos, está presente em
uma alta porcentagem dos problemas que conduzem a
defeitos de tinturaria.
1. Introdução
As modernas tinturarias trabalham cada vez mais com
maior confiabilidade, tanto no que se refere a reprodução
de cores como a sua igualização. Para isso, tem contribuí-
do decisivamente a maior implantação das cozinhas de cores
e o aperfeiçoamento dos aparelhos de tingimento, com pro-
gramadores informatizados e dosificadores automáticos.
O tintureiro dispõe da ajuda inestimável do colorí-
metro para a obtenção de novas receitas, a correção das
mesmas e a comparação objetiva de amostras, além de
outros serviços como a determinação de graus de bran-
co, metamerias etc. Os produtos auxiliares são cada vez
melhores e os corantes dão resultados mais uniformes.
Mesmo assim, a informação técnica sobre eles é também
muito completa e fácil de ser consultada e entendida.
Colocando as coisas assim, pode parecer que o
tintureiro não vai encontrar dificuldades técnicas na re-
alização de suas tarefas e que a possibilidade de obter
um tingimento falho será uma simples exceção. Sem
dúvida, nada mais distante da realidade, posto que, como
veremos mais adiante, os problemas que podemos en-
contrar são múltiplos e suas soluções nem sempre são
simples, o que em muitas ocasiões, nos obrigará a re-
correr ao reprocesso da mercadoria.
Neste primeiro artigo, pretendemos abordar o tema
dos defeitos no tingimento de uma forma geral, para que
em trabalho posterior se possa estudar com mais deta-
lhe os problemas e defeitos mais correntes do ponto de
vista dos corantes empregados e da fibra a ser tinta.
2. As causas dos defeitos: sua classificação
Como as etapas do processo de enobrecimento têxtil
são a preparação, o tingimento e o acabamento, os de-
feitos poderão ser produzidos em qualquer dessas eta-
pas. Também, em alguns casos, o tecido tinto manifes-
tará defeitos que procedem de operações anteriores,
como a fiação ou a tecelagem.
A classificação dos defeitos pode ser abordada de
diferentes perspectivas e a descrição de cada um deles
poderia ser muito extensa. Por isso, e com o objetivo de
sintetizar, foi realizada uma divisão em grupos de defei-
tos (quadro 1) que, sem ser exaustiva, pretende enume-
rar e explicar as causas dos mais correntes.
2.1. Defeitos devidos ao material têxtil
Quando se utilizam fibras de algodão que contêm al-
godão morto ou imaturo serão produzidos pontos claros
Tecnologia Tingimento Química Têxtiln° 75/jun.04
Os defeitos do tingimentouma visão geral
Javier Sánchez e Luis Sánchez Martín
32
no tingimento, pois nem todos os corantes compensam
as diferenças que existem entre as fibras. Algo parecido
ocorre com as lãs que contêm fibras mortas que não
absorvem o corante.
Do mesmo modo, quando se misturam algodões
de diferentes origens ou grau de maturidade, vamos
obter tingimentos picados, o que também poderia su-
ceder misturando partidas de lã de diferentes proce-
dências, ou de ovelhas de diferentes raças, ou lãs de
diferentes qualidades.
Quanto a mistura de fibras químicas do mesmo tipo,
porém de diferentes partidas, poderiam originar desi-
gualdades no tingimento, como sucede por exemplo no
caso de poliamidas com diferentes graus de estiragem e
suas mudanças de afinidade pelos corantes em função
dessa variável.
As fibras regeneradas merecem menção a parte, pois
suas origens são muito diferentes e podem variar desde
os desperdícios de lavagem, das cardas, fiações, teares,
até os tecidos já usados, que são triturados e suas fibras
voltam a ser fiadas. A diversidade de matérias e seu
grau de deterioração vão originar múltiplos problemas
na tinturaria, especialmente um rendimento mais baixo
do que as fibras de qualidade, tendo, além disso, o in-
conveniente de sua baixa resistência, pelo que a possi-
bilidade de reprocesso, nesse caso, é mínima.
2.2. Defeitos devidos a uma preparação incorreta
Uma desengomagem, descrude, lavagem ou alveja-
mento incompletos ou mal realizados podem influir no-
tavelmente no resultado do tingimento.
As gomas devem ser eliminadas totalmente, pois seus
restos diminuem a hidrofilidade e, se forem eliminadas
desigualmente, produzem tingimentos manchados, com
zonas mais claras e outras mais escuras.
Um descrude deficiente pode deixar sem destruir par-
te das impurezas naturais que tem o algodão, com especi-
al incidência na capacidade de absorção do material,
podendo originar uma igualização precária no tingimento
posterior. Os problemas de tingimento podem também
vir de uma neutralização incompleta do álcali.
No alvejamento do algodão são eliminadas, em meio
oxidante, as cascas que ainda podem estar nas fibras, as-
sim como os pigmentos, além de se conseguir uma base
limpa para o tingimento de cores claras ou para outras co-
res cuja pureza de tonalidade a necessitem. A acidulação
posterior deve eliminar os restos de água oxigenada não
consumida no alvejamento, pois existem corantes que não
são estáveis em presença da mesma. Se o alvejamento for
excessivo, pode provocar uma perda de resistência do te-
cido por oxidação de boa parte da celulose a oxicelulose,
além de produzir tonalidades mais claras no tingimento.
2.3. Defeitos devidos a água e vapor utilizados
Entre os numerosos defeitos que podem ser produzidos
no processo de tingimento, merecem ser citados de forma
especial os que têm sua origem na qualidade da água em-
pregada, que precisa ser a mais depurada possível. Para
isso, necessitamos considerar os seguintes fatores.
Em primeiro lugar, temos que observar sua turbidez,
que pode ser devida a presença de partículas em sus-
pensão, seja de natureza inorgânica, tal como a terra, ou
orgânica, como matéria vegetal, microorganismos, óle-
os etc. Essas partículas deixam as cores opacas e po-
dem produzir manchas nos tecidos, pelo que uma pre-
caução elementar será filtrar inicialmente a água.
Em segundo lugar, sua alcalinidade e seu grau de
salinidade. A alcalinidade provém dos hidróxidos, bicar-
bonatos ou carbonatos de metais alcalinos ou alcalinos
terrosos que contêm e que podem modificar o pH inicial
de tingimento, pelo que sempre é conveniente comprovar
esse detalhe para evitar esgotamentos inadequados,
tingimento desiguais ou até prejuízo para as fibras. A sali-
Quadro 1. Classes de defeitos
- Devidos ao material têxtil.- Devidos a uma preparação incorreta.- Devidos a água e ao vapor utilizados.- Devidos ao equipamento.- Derivados à má seleção ou má aplicação dos corantes.- Devidos a erros humanos.
Tecnologia TingimentoQuímica Têxtil - n° 75/jun.04
33
nidade prejudica especialmente o tingimento em tonali-
dades claras de fibras de celulose com corantes diretos.
Em terceiro lugar, a dureza da água devida a presença
de sais de cálcio e magnésio que, em alguns casos, pro-
duzem compostos insolúveis que precipitam sobre as fi-
bras de forma irregular, produzindo manchas no tingi-
mento. Assim, no caso da lã, uma excessiva dureza da água
fará com que depois de tingir e secar fique uma quantidade
de cal depositada sobre a mesma, de forma que, segundo
determinadas cores, apagará sua vivacidade. O problema
da dureza é maior quando a água procede de poços.
Em quarto lugar, o conteúdo de determinados me-
tais, especialmente o ferro. O ferro pode estar contido
na água devido a sua origem, especialmente quando pro-
cede de mananciais ferruginosos, ou ainda devido a cor-
rosão de tubulações ou depósitos. Inclusive, está com-
provado que pequenas quantidades de ferro tornam a
água inadequada para a obtenção de tonalidades vivas.
Por outro lado, os sais que formam esses metais
“amarelam ou acastanham” as fibras têxteis, atuando como
agentes catalíticos nos processos de alvejamento e dani-
ficando seriamente as propriedades das fibras. No tingi-
mento, produzem precipitações dos corantes, alterando
sua tonalidade, a intensidade e inclusive as solidezes.
Quanto ao vapor, é conveniente conhecer as impure-
zas que arrasta, especialmente quando se trabalha com
aquecimento por vapor direto. De todos os modos, o maior
problema que produz o vapor direto é a corrosão quando
as tubulações são de ferro, arrastando partículas desse
metal e produzindo os problemas citados no caso da água.
Também temos que estar atentos aos descal-
cificadores de água por que, as vezes, por avaria ou mal
funcionamento do descalcificador ou de alguma válvula
“by pass”, entra água dura no sistema de água branda,
com os conseqüentes problemas.
2.4. Defeitos devidos ao equipamento
Quanto ao equipamento de tingimento, este poderá
ocasionar problemas por três causas principais:
- Construção inadequada: uma construção defeituosa que
tenha como conseqüência uma deterioração parcial ou
geral do aparelho, com o tempo pode originar defeitos
de todos os tipos. Acontece que, algumas vezes se aponta
um defeito de construção, o que na realidade não é mais
do que um problema de manutenção inadequada ou de
ter sido superado o ciclo de vida útil do equipamento.
- Deterioração por uso ou por imperfeições devidos a
uma manutenção inadequada. Uma máquina que está
funcionando com freqüência e que não recebe a manu-
tenção adequada terminará dando problemas. É por isso
que as vezes se produzem alterações nas características
físicas dos tecidos, ocasionadas por tensões imprópri-
as, ou aparecem de forma inexplicável partes raspadas
e marcadas no tecido, ou se produzem tingimentos desi-
guais, ou que restos de corante depositados em algum
ponto escondido venham a gotejar no momento mais
inoportuno, manchando o tecido.
- Utilização incorreta: quando se usa para aplicações
não previstas pelo fabricante, ou quando são forçadas
as condições de trabalho, seja por excesso ou defeito da
carga, ou por velocidades inadequadas etc.
2.5. Defeitos derivados de má seleção ou má
aplicação dos corantes
Uma seleção incorreta dos corantes pode ser conse-
qüência de incompatibilidade entre eles ou de que suas
solidezes não sejam suficientes e pode conduzir a um
tingimento não reprodutível ou desuniforme. No quadro
2 estão representados alguns dos fatores mais impor-
tantes para uma boa seleção de corantes.
Em primeiro lugar, e ainda que pareça óbvio, deve-
rão ser selecionados os mais adequados para cada tona-
lidade desejada, visto que, se partirmos de cores croma-
Quadro 2. Para a correta seleção de corantes
- Selecionar os indicados para a tonalidade desejada.- Boa compatibilidade entre eles (tricromia).- Que possam obter cores uniformes.- Que os tingimentos tenham reprodutibilidade.- Solidezes adequadas à aplicação prevista para a finali-
dade do produto têxtil.
Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 75/jun.04
34
ticamente pouco adequadas o esforço e o gasto
despendidos serão muito maiores.
A compatibilidade entre os corantes é necessária,
visto que a maior parte dos tingimentos é feita com três
ou mais corantes e, portanto, devem poder combinar
entre si sem interferências negativas, além de ter veloci-
dades de tingimento similares e solidezes parecidas.
Também as solidezes das cores devem ser suficientes
para as aplicações as quais os tecidos acabados são des-
tinados e de acordo com as exigências do cliente.
A reprodutibilidade dos corantes garante que quan-
do se repete um tingimento nas mesmas condições se-
jam obtidos os mesmos resultados. A uniformidade do
tingimento determina que o poder de igualização da
mistura de corantes seja suficiente para que ao se depo-
sitar e se fixar no têxtil, o faça de modo regular.
Quanto a aplicação dos corantes, em primeiro lugar
devemos ter em conta que uma dissolução imperfeita
dos mesmos pode ocasionar irregularidades no tingimen-
to. Os outros fatores que intervêm e que temos que con-
trolar muito bem são: a temperatura, o pH, os momen-
tos de adição de cada um dos produtos auxiliares da
receita, o tempo etc. Como foi dito no início deste tra-
balho, serão objetos de outro trabalho posterior os pro-
blemas concretos que podem acontecer no tingimento
com diferentes tipos de corantes.
2.6. O erro humano
O erro humano está presente as vezes de forma clara
e outras nem tanto, em muitos dos problemas que aca-
bam produzindo um defeito. Por isso, é conveniente
agrupar esses erros segundo os especialistas que nor-
malmente intervêm na operação de tingimento, que são:
o técnico de tinturaria, o auxiliar de laboratório e os
operários (quadro 3).
2.6.1. Do técnico de tinturaria
- Escolher erradamente as operações de preparação apli-
cadas no material têxtil. A experiência do tintureiro,
auxiliado sempre pelas provas de laboratório, deve ser
suficiente para evitar esse problema.
- Escolha de uma receita problemática. Dificilmente se
obtém a tonalidade desejada. Os corantes não foram bem
escolhidos porque não atingem as solidezes exigidas ou
por outra causa (metameria, incompatibilidade etc.)
- Os produtos auxiliares usados não são os mais idône-
os ou suas quantidades estão erradas.
- O processo de tingimento está mal elaborado ou errado.
- Não programar um número suficiente de enxágües pré-
vios e posteriores ao tingimento, porém, tendo sempre
em conta a racionalização no consumo de água.
- Confusão no cálculo ou na transcrição da receita, tan-
to no nome do produto quanto nas quantidades corres-
pondentes. Parece difícil, mas as vezes ocorre.
- Confusão no número ou indicação dos processos.
- Adições incorretas.
- Falha ou falta de precisão no julgamento da qualidade
(passa - não passa).
- Não programar o equipamento adequado para o artigo
a tratar, ou porque não está disponível ou por qualquer
outra razão ou equivoco. Quando se utiliza o equipa-
mento adequado para o artigo pode acontecer que a car-
ga, a velocidade ou a relação de banho seja imprópria
em relação às cores ou para o processo realizado.
2.6.2. Do auxiliar de laboratório
- Erro na preparação das dissoluções dos corantes.
- Erro nas dosagens pipetadas.
- Utilizar produtos diferentes dos que serão consumidos
na produção.
- Não empregar artigo representativo como prova de
laboratório.
- Não usar no laboratório processo equivalente à produ-
ção (alteração dos parâmetros).
Quadro 3. O erro humano
Do técnico de tinturariaDo auxiliar de laboratório
Do operário
Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 75/jun.04
36
2.6.3. Dos operários
- Pesagem errada de corantes ou de produtos auxiliares.
Troca de produtos.
- Dissolução incorreta dos produtos.
- Adição de produtos em momento inadequado.
- Condução errônea de programas ou interpretação de-
ficiente destes, especialmente quando se trabalha de for-
ma manual.
- Carga irregular da mercadoria.
- Limpeza deficiente do equipamento quando da troca
de cores, especialmente de escuras para as mais claras.
- Se a máquina não dispõe de certos mecanismos de
segurança, como o dispositivo de controle de parada,
falta de atenção para detectar qualquer anomalia que
possa afetar a qualidade do tingimento.
- Atenção geral: não obstante o que foi dito, a tinturaria é
uma fábrica onde trabalham muitas pessoas e, portanto, os
erros humanos produzidos no primeiro escalão podem ser
detectados e corrigidos no segundo ou terceiro escalão.
3. Um exemplo: defeitos mais correntes no tingimento
por esgotamento de tecidos em corda
Dado o amplo leque de formas de apresentação da
mercadoria a tingir, nos concentramos como exemplo
no tingimento de tecidos em peça por esgotamento, em
corda. Os aparelhos utilizados para esse tipo de
tingimento são normalmente as barcas de torniquete e
os Jets. Nesse caso concreto, e sem pretender ser exaus-
tivo, poderíamos encontrar um ou mais dos defeitos enu-
merados a seguir, a maioria deles válidos para qualquer
tipo de fibra, se bem que outros se referem somente ao
caso de fibras celulósicas.
- Falta de uniformidade centro-orelas e entre as orelas.
- Faixas de cor mais intensa no urdume/trama, por mis-
tura de fios de diferentes partidas.
- Alteração de tonalidade entre as peças, no mesmo ba-
nho de tingimento, por utilização de diferentes partidas
de fios ou por mistura de peças de diferentes partidas.
- Manchas produzidas por diferenças de afinidade no teci-
do devido a deficiência na desengomagem ou no descrude.
- Manchas intensas produzidas por precipitação do corante
devido a dureza da água ou a presença de sais metálicos.
- Manchas locais nas cores verdes e turquesas tintas com
corantes reativos, devido a precipitação do corante.
- “Bronzeados” em algumas zonas do tecido no tingi-
mento com corantes diretos do tipo “B”, por dosificação
deficiente do eletrólito neutro.
- Manchas brancas regulares produzidas por ataque da
umidade à fibra ou tecido durante armazenamento em cru.
- Salpicado de manchas brancas por ataque local de al-
gum produto químico.
- Manchas brancas de amaciante por reação com restos
de produtos do tingimento.
- Manchas de cal em cores escuras por tratar o tecido
com água dura.
- Marcas de rugas com rajadas mais escuras por exces-
so de carga no aparelho ou nos tecidos muito grossos,
como os felpudos.
4. O reprocesso
O reprocesso do material tinto consiste em todas as
operações que seriam necessárias realizar para corri-
gir um resultado inadequado. Essas operações (qua-
dro 4) nas quais se atua sobre os defeitos detectados e
que só se efetua quando não existe outro remédio, con-
some tempo e dinheiro, atrasa o serviço com o conse-
guinte aborrecimento do cliente e diminui a qualidade
do artigo pelos sucessivos tratamentos, em alguns ca-
sos muito agressivos e que o deterioram por ataques
tanto físicos como químicos, levando, em ocasiões
extremas, à perda do mesmo.
Quadro 4. Inconvenientes do reprocesso
- Aumenta o tempo de tratamento com a conseguinte di-minuição da produção.- Supõe um custo econômico importante.- Diminui a qualidade do artigo, podendo inclusivedeteriorá-lo gravemente.- Atrasa o serviço, gerando aborrecimento do cliente.- Prejudica sempre a imagem da empresa.
Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 75/jun.04
38
O reprocesso faz com que diminua significativamen-
te a produção, especialmente no caso de tingimentos
defeituosos nos quais se toma necessário desmontar a
cor, o que daria lugar às seguintes etapas:
- Retirada do acabamento (se já foi atingido tal ponto).
- Desmontagem da cor (na maioria das ocasiões são
várias desmontagens, posto que ao se tentar fazer de
uma só vez, a concentração de produtos usados para
isso poderia danificar seriamente o produto).
- Comprovar que a desmontagem foi corretamente efe-
tuada e que teremos uma base uniforme e de intensida-
de inferior a cor requerida.
- Se após a desmontagem o tecido não ficar branco, de-
vemos realizar provas no laboratório, pois normalmente
esse tratamento abaixa o rendimento do corante.
- Voltar a tingir.
- Se o novo tingimento for perfeito, voltar a realizar o
acabamento.
Em ocasiões, e a juízo do técnico, se o tingimento
apresenta defeitos locais e que não se repetem com fre-
qüência, podem ser considerados como passíveis de des-
contos e, nesse caso, chegar a um acordo com o cliente
para abonar o prejuízo econômico parcial e com isso
salvar o tecido. De todos os modos, essa solução, que é
vantajosa para a tinturaria (pois diminui os reprocessos),
sem duvida prejudica a imagem da empresa.
5. A prevenção de defeitos
Para prevenir a existência dos defeitos, isto é, para
que um tingimento se apresente igualizado e que se possa
obter um rendimento adequado da produção da tintura-
ria, devemos ter principalmente em consideração os se-
guintes fatores:
- Que os fios utilizados sejam da mesma procedência e, na
medida do possível, da mesma partida de matéria-prima.
- Tecido perfeitamente limpo de impurezas naturais, as-
sim como de gomas e demais produtos utilizados nas
operações preliminares. Isso fará com que se apresente
com uma boa hidrofilidade.
- Equipamentos apropriados para os artigos que vamos
tingir, com cargas e velocidades adequadas às suas ca-
racterísticas.
- Água livre de impurezas que possam produzir reações
indesejadas e precipitações (ferro, cálcio, magnésio etc.).
- Seleção de corantes com propriedades e curvas de
tingimento similares. Teremos em conta, além da ob-
tenção da tonalidade, os requerimentos necessários,
como o nível de solidezes e outros.
- Seleção de produtos auxiliares de acordo com o pro-
cesso selecionado, os tipos de corantes e as proporções
dos mesmos.
- Seleção do processo de tingimento em relação a famí-
lia de corantes e a quantidade dos mesmos segundo a
intensidade da tonalidade.
Por último, e para concluir, não convém esquecer que
a melhor forma de evitar os problemas é preveni-los. Para
isso, o melhor é contar com pessoal que tenha uma for-
mação técnica adequada e que disponha de boa informa-
ção sobre os diversos aspectos do trabalho que realiza.
Bibliografia
J. Cegarra, Fundamentos y tecnología deI blanqueo de
materias textiles, UPC (1997).
J. Cegarra, P. Puente y J. Valldeperas, Fundamentos ci-
entíficos y aplicados de Ia tintura de materias textiles,
UPC (1981).
D. Codina, Notas sobre defectos de fabricación,
Ingeniería Textil, 60 (1946), 176-183.
A. della Giovanna, G. Poles, Defectos de fabricación
en los tejidos, Montesó, Barcelona (1959).
SM Suchecki, Problemas en tintorería y como
corregirlos, Textiles Hispanoamericanos, diciembre
(1978), 10-77.
ANUNCIE NA REVISTA
QUÍMICA TÊXTILTel. (11) 4195.4931
40
Tecnologia Tingimento Química Têxtil - n° 75/jun.04
ABQCT e ABTTABQCT e ABTTnesta parceria quem ganha é você
A ABQCT - Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis e a ABTT - Associa-
ção Brasileira de Técnicos Têxteis firmaram uma parceria que beneficiará os associados
das duas entidades. De agora em diante, os associados da ABQCT e da ABTT terão os
mesmos descontos nos eventos promovidos pelas duas associações. Ou seja, os associados
da ABQCT pagarão os mesmos valores dos associados da ABTT nos cursos, congressos,
palestras e outros eventos da associação e os associados da ABTT terão as mesmas vanta-
gens nos eventos promovidos pela ABQCT.
Em agosto, durante o XVII CONGRESSO LATINO AMERICANO DE QUÍMICA TÊXTIL ,
promovido pela ABQCT, os associados da ABTT terão direito aos descontos oferecidos aos
associados da ABQCT. O Congresso acontece de 4 a 7 de agosto de 2004, no Gran Meliá WTC,
em São Paulo SP.
Os associados da ABQCT também terão os mesmos descontos dos associados da ABTT
durante o XXI CONGRESSO NACIONAL DOS TÉCNICOS TÊXTEIS , promovido
pela ABTT. Este evento acontece de 7 a 11 de setembro de 2004, em Natal - RN. Simulta-
neamente serão realizados a VII FENATÊXTIL - Feira Nacional Têxtil e Confecções e o II
SIENTEX - Simpósio Internacional de Engenharia Têxtil.
Maiores informações sobre os eventos da ABQCT e da ABTT
você encontra nos sites das associações:
ABTT: www.abtt.org.br
ABQCT: www.abqct.com.br
Introdução
Em um trabalho anterior (publicado na edição n° 74,
Março/2004 da revista Química Têxtil) foi estudada a
modificação da estrutura fina da fibra de poliéster (PET)
que se produz no tratamento térmico próprio do
tingimento em alta temperatura ou do tingimento em
presença de um carrier(1). Para isso foram tomados como
ponto de partida substratos estabilizados em diferentes
temperaturas (180-220ºC) em planta de produção. Os
ensaios foram realizados com ausência de corantes.
Este novo estudo se refere à modificação que o
tingimento em alta temperatura produz em um fio contí-
nuo, texturizado (fricção/torção/estiramento) de PET.
Para isso, foram efetuados tingimentos com dois corantes
de diferente tamanho molecular e ao correspondente tra-
tamento cego. A caracterização da estrutura fina foi ba-
seada em medidas da cristalinidade/densidade e em en-
saios físicos/químicos (tempo crítico de dissolução, so-
lubilidade diferencial e absorção de iodo). Trata-se de
um trabalho que antecede outro, no qual estamos estu-
dando a modificação que o tingimento em alta tempera-
tura produz em substratos de PET termofixados a diver-
sas temperaturas (160-220ºC).
A variação da estrutura fina da fibra de poliéster em
tingimento com corantes dispersos foi estudada por Lipp-
Symonowicz(2, 3, 4). A autora ensaiou o tingimento de poli-
éster, em presença de carrier, a alta temperatura e segundo
o processo termosol, com quatro corantes que diferiam em
seu tamanho molecular, linearidade e polaridade. Também
aplicou os correspondentes tratamentos com ausência de
corante. Os substratos tintos e os submetidos a tratamento
cego foram caracterizados no que se refere a sua estrutura
fina, recorrendo a técnicas de difusão de raios X e de
calorimetria diferencial, assim como a medidas de
birrefringência e de densidade. Deste modo Lipp-Symono-
wicz avaliou sua anisotropia ótica ou birrefringência, a
orientação dos agregados cristalinos e das regiões amorfas,
a cristalinidade (raios X, densidade, calorimetria diferen-
cial) e o tamanho médio das regiões cristalinas.
Dos resultados obtidos pela autora cabe destacar que
o tratamento cego ocasiona sempre uma diminuição da
birrefringência, assim como do índice de orientação dos
agregados cristalinos e do fator de orientação das zonas
não cristalinas. Quando estudou os tratamentos cegos a
alta temperatura e segundo o processo termosol,
Symonowicz detectou um aumento importante da
cristalinidade do substrato original, ao passo que o
tingimento cego com carrier produzia um decréscimo
apreciável desse parâmetro da estrutura fina. A influen-
cia dos diferentes corantes na estrutura fina do poliéster
tinto não pode ser avaliada com clareza, já que os valo-
res dos diferentes parâmetros eram dificilmente
interpretáveis, em alguns casos pela escassa diferença
entre eles e também com os substratos tratados com
ausência de corante. Em outros casos, as diferenças fo-
ram tão altas (5 ou 13 unidades percentuais de
cristalinidade) que dificilmente podem ser atribuídas ao
efeito produzido por um determinado corante(2).
Tecnologia Fibras Química Têxtiln° 75/jun.04
Modificação da estrutura fina do poliésterno tingimento em alta temperatura
J. Gacén, D. Cayuela, J. Maillo e I. GacénUniversidade Politécnica da Catalunha - Espanha
Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT
44
Posteriormente(3), a mesma autora deduziu que o
tratamento térmico próprio do tingimento a 130ºC pro-
duz, sobretudo, uma desorientação das regiões cris-
talinas e, ocasionalmente, uma recristalização. A in-
tensidade da modificação depende do tipo de corante
(polaridade, linearidade e tamanho de sua molécula).
Segundo essa autora, os corantes de maior polarida-
de produzem um aumento da desorientação que afeta
unicamente as zonas amorfas. Por outro lado, os de
baixa polaridade e de forma geométrica linear neu-
tralizam em boa parte os efeitos produzidos pelo tra-
tamento térmico. Disso se deriva uma inibição da de-
sorientação nas zonas amorfas e uma destruição par-
cial das zonas cristalinas da fibra. Os efeitos
destrutivos são conseqüência da inclusão ou penetra-
ção das moléculas de corante nas regiões cristalinas
menos perfeitas. Esses efeitos estão também relacio-
nados com a estrutura fina inicial da fibra e com a
intensidade do tratamento térmico associado ao pro-
cesso de tingimento.
Parte experimental
Material
- Tecido de poliéster, massa laminar de 160 g/m².
- Trama: poliéster semimate texturizado, título nominal,
167 dtex/30f.
- Urdume: fio paralelo de poliéster brilhante
(multilobulado), título nominal 120 dtex/46fil.
Tratamentos
Descrude
O tecido foi primeiramente lavado para eliminar a
engomagem. Em seguida, foi descrudado a 80ºC duran-
te 30 minutos em uma solução que continha 0,2%
(s.p.m.) de Detergente PS (mistura de tensoativos
aniônicos e não-iônicos) e 0,2% de Detergente 124 (mis-
tura de tensoativos e dissolventes). Finalmente, se pro-
cedeu primeiro a uma lavagem com água morna e por
último uma lavagem com água fria.
Tingimento
Os tingimentos foram realizados em um equipamen-
to piloto industrial, com os corantes Vermelho Brilhante
Foron E-2BL (Clariant) de molécula pequena e Azul
Marinho Serilene GR-LS (Yorkshire) de molécula gran-
de, com pesos moleculares de 331 e 621 respectiva-
mente. Também foram efetuados os tratamentos com
ausência de corantes (tingimento cego).
As condições de tingimento foram as seguintes:
A relação tempo/temperatura do processo foi a seguin-
te: o material (pedaços de tecido de 200 gramas) foi in-
troduzido em um banho de tingimento a 40ºC e em um
tempo de 30/35 minutos se alcançou a temperatura de
130ºC. Essa temperatura foi mantida durante 30 minutos
e em seguida o banho foi resfriado até 90ºC. A seguir, os
substratos foram submetidos aos seguintes tratamentos:
1. água a 60ºC durante 10 minutos;
2. banho redutor, com uma concentração de 2 g/l de
hidrossulfito sódico e 2 g/l de NaOH 18M, a 70ºC, du-
rante 15 minutos;
3. água na temperatura ambiente durante 10 minutos;
4. solução de 50 ml de ácido acético 70% em 50 l de
água, durante 10 minutos;
5. água na temperatura ambiente durante 10 minutos.
Caracterização da estrutura fina
A caracterização da estrutura fina, segundo as técni-
cas que serão descritas, foi realizada sobre a trama do
tecido utilizado após seu tingimento nas condições assi-
naladas.
Calorimetria diferencial de varredura
Se considera como temperatura efetiva de termofi-
xação a correspondente ao pico da "endoterma" prévia
Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 75/jun.04
46
à fusão principal (PEP, premelting endothermic peak),
que corresponde à fusão dos pequenos cristais que se
formam na cristalização secundária do poliéster que tem
lugar na termofixação.
Para determinar a endoterma foi utilizado um equi-
pamento Perkin Elmer DSC-7 nas seguintes condições:
temperatura inicial: 50ºC, temperatura final: 300ºC, ve-
locidade de aquecimento: 20ºC/minuto, fluxo de gás iner-
te (nitrogênio) 2 kg/cm².
A cristalinidade foi calculada a partir da expressão:
onde ∆H é a entalpia em J/g obtida mediante DSC e 117,5
J/g é a entalpia de fusão de um cristal de poliéster.
Cristalinidade
Foi calculada a partir da densidade obtida fazendo
uso de uma coluna de gradiente de densidades
(Davenport), aplicando a equação de Dauber, Bunn e
Braun(5).
onde: α é a fração cristalina do substrato,
1,455 é a densidade do PET totalmente cristalino,
1,355 é a densidade do PET totalmente amorfo.
Tempo crítico de dissolução (TCD)
Esse parâmetro da estrutura fina da fibra de poliéster
constitui uma medida global da coesão intermolecular das
fibras de poliéster. Quanto maior é a cristalinidade da fibra
mais alto é o valor do TCD. Gacén e Canal descreveram
com detalhes essa técnica em publicações anteriores(6).
O ensaio foi realizado em várias temperaturas, com
uma mistura de fenol/tetracloroetano (Ph/TCE) 50/50.
Solubilidade diferencial
A solubilidade diferencial das fibras de poliéster se
define como a porcentagem de fibra dissolvida depois
de permanecer 30 minutos em contato com uma mistura
(Ph/TCE) a uma temperatura determinada. Quanto mai-
or é a cristalinidade da fibra menor é sua solubilidade
diferencial(7, 8). O ensaio foi realizado a várias tempera-
turas empregando uma mistura 30/70 (Ph/TCE).
Absorção de iodo
É a quantidade de iodo (em miligramas) absorvida
por uma grama de fibra de poliéster depois de permane-
cer em contato durante 20 minutos a uma determinada
temperatura com uma solução 0,5M de iodo em água
que contenha fenol como agente de inchação. A solu-
ção utilizada continha 350 ml/l de fenol(9, 10).
Quanto maior é a cristalinidade e/ou a orientação
menor é a absorção de iodo. As misturas Ph/TCE utili-
zadas nos ensaios do TCD e da solubilidade diferencial
foram as mesmas usadas na ocasião da caracterização
da estrutura fina dos substratos termofixados em dife-
rentes temperaturas(11). Isso significa o emprego de mis-
turas muito mais ricas em fenol do que quando se trata
de material não termofixado. Pela mesma razão, tam-
bém a concentração de fenol no ensaio de absorção de
iodo foi maior do que a habitual.
Resultados e discussão
Como já foi assinalado, todos os resultados se refe-
rem ao componente trama do tecido utilizado. Com a
finalidade de comparação, foram incluídos os valores
da densidade, TCD, solubilidade diferencial e absorção
de iodo do mesmo substrato original, termofixado em
uma planta industrial em temperatura nominal de 160ºC
(temperatura efetiva 165ºC), a mais baixa do intervalo
160-220 ao qual se tenha feito referência.
A tabela 1 contém os valores da densidade, assim
como os da cristalinidade calculada a partir dela. Como
se pode apreciar, o tratamento de descrude produz no
substrato cru um aumento da densidade/cristalinidade
superior ao que tem lugar no tingimento cego do
substrato descrudado. Também se observa que os
substratos tintos apresentam a mesma densidade, inde-
pendentemente do corante utilizado.
Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 75/jun.04
48
Por outro lado, a cristalinidade dos substratos tintos
é aparentemente algo superior (0,5 unidades percentuais)
àquela dos substratos tratados com ausência de corante.
Em relação ao substrato original, o tingimento cego pro-
duz um aumento da cristalinidade da ordem de 2 unida-
des percentuais.
O aumento da densidade que tem lugar na operação
de tingimento pode ser atribuído a uma cristalização
secundária, segundo podemos deduzir da endoterma
prévia à fusão principal que aparece nos corresponden-
tes termogramas. A maior densidade dos substratos tin-
tos com respeito ao tratado em ausência de corante po-
deria ser atribuída a ocupação, pelo corante, de ocos ou
poros presentes na estrutura fina da fibra. Por essa ra-
zão, é muito provável que à sua maior densidade não
corresponda uma maior cristalinidade. Por último, cabe
assinalar que a cristalinidade do substrato tratado em
ausência de corante difere em somente 1,4 unidades
percentuais daquele que foi termofixado a 160ºC.
uma cristalização secundária. Isso não é estranho, já que
a temperatura se situa acima da transição vítrea (67ºC)
e o tempo foi suficientemente prolongado.
Os tratamentos de tingimento nas condições descri-
tas provocam um aumento da temperatura efetiva, de
modo que esta passa a 157-157,2ºC, sem que nesse va-
lor influa a presença ou o tipo de corante utilizado. Nem
o valor da entalpia de fusão nem o da cristalinidade a
partir dela deduzido depende da presença ou ausência
de corante no banho de tratamento.
Como resumo, pode-se assinalar que a temperatura
efetiva do substrato descrudado é de 147ºC e que passa
para 157ºC ao ser submetido a operação de tingimento
em alta temperatura (130ºC), independentemente da pre-
sença ou ausência de corante no banho. Assim, as varia-
ções que se produzem na estrutura fina do substrato, detec-
táveis por DSC, devem ser atribuídas exclusivamente ao
tratamento e não são induzidas pela presença de corante.
A tabela 2 mostra os valores do TCD dos substratos
original, descrudado e tintos, assim como o do substrato
termofixado normalmente a 160ºC. Nesta tabela pode-
se apreciar que o descrudado aumenta a compactação
da fibra, segundo se deduz do importante aumento do
TCD. O tingimento em alta temperatura produz,
logicamente, um aumento do TCD, sem que se obser-
vem diferenças entre os substratos tintos e os tratados
com ausência de corantes.
Os substratos tintos com os corantes vermelho e azul
apresentam TCD apenas diferentes, se bem que parece
que o tecido tinto com o corante vermelho apresenta
valores ligeiramente superiores. No que se refere ao
substrato termofixado a 160ºC, os valores do TCD são
Analisando os valores dos picos das endotermas prévia
e principal, assim como a entalpia de fusão e a cristalinidade
dos substratos referenciados, percebe-se que o termograma
do substrato descrudado apresenta uma pequena endoterma
prévia à fusão princi-
pal com um pico lo-
calizado a 146,9ºC.
A presença dessa
endoterma significa
que o tratamento de
descrude (80ºC, 30
minutos) produziu
Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 75/jun.04
50
praticamente iguais aos dos substratos tintos. Dessa for-
ma, podemos acreditar que o tratamento térmico pró-
prio do tingimento em alta temperatura produz sobre a
estrutura da fibra efeitos muito similares aos produzi-
dos pela termofixação a 160ºC, pelo menos no que essa
técnica de caracterização se refere.
Na tabela 2 também estão contidos os valores da ener-
gia de ativação aparente (Ea) do processo de desmoro-
namento do edifício macromolecular, que tem lugar no
ensaio do TCD. Pode ser observado que aumenta ligei-
ramente ao aumentar a intensidade dos tratamentos tér-
micos experimentados pelo substrato. Também sucede
que todos os substratos tratados, com ou sem corante, e
o termofixado a 160ºC apresentam o mesmo resultado.
O valor das correspondentes energias de ativação foi
calculado representando o In (1/TCD) em função do
inverso da temperatura absoluta já que Ea é proporcio-
nal à pendente da linha reta que os relaciona(12).
A tabela 3 contém a resposta do ensaio de solubili-
dade diferencial aos tratamentos térmicos aplicados ao
substrato. Também contém os valores da temperatura
de média solubilidade (T1/2s
), entendendo-se como tal
aquela na qual teoricamente se dissolveria 50% do
substrato. O tratamento de descrudado diminui muito a
solubilidade diferencial do substrato inicial, o que fica
refletido no fato de que a temperatura de média solubi-
lidade do descrudado é 7ºC superior à do cru. A aplica-
ção de um tratamento de tingimento cego ao substrato
descrudado significa também uma diminuição da solu-
bilidade, que se traduz em um aumento de 4ºC na tem-
peratura de média solubilidade. Por sua parte, o
tingimento em presença de qualquer um dos dois corantes
parece que conduz a solubilidades inferiores àquela que
se produz em um tingimento cego, o que também se
reflete em um ligeiro aumento da temperatura de média
solubilidade. De tudo isso se conclui que os substratos
tintos possuem uma estrutura fina mais compacta ou
menos acessível à mistura Ph/TCE do que o submetido
a um tingimento cego.
Por último, cabe indicar que o substrato termofixado
a 160ºC apresenta solubilidades claramente inferiores a
dos tintos em qualquer condição.
A partir destes dados, percebe-se que o ensaio de
solubilidade é mais sensível do que o de TCD para ma-
nifestar diferenças de estrutura fina entre substratos tra-
tados com ou sem corante, assim como entre os tintos e
o termofixado a temperatura nominal de 160ºC.
Os valores de absorção de iodo dos substratos estuda-
dos estão contidos na tabela 4. Nela se pode apreciar que
o tratamento de descrude ocasiona uma notável diminui-
ção da absorção de iodo comparado com o substrato cru
e também que o tingimento cego produz uma importante
diminuição da absorção de iodo em relação ao descrudado.
Tudo isso ocasiona o deslocamento das correspondentes
curvas de absorção, de modo que, como é bem conheci-
do(11), a medida em que aumenta a intensidade do trata-
mento térmico é maior a temperatura na qual se atinge a
absorção máxima e diminui o valor desta. A tabela tam-
bém apresenta o valor da temperatura na qual, teorica-
mente, um determinado substrato apresentaria uma ab-
sorção igual a metade da absorção máxima.
Por outro lado, pode-se observar também que a pre-
sença de qualquer um dos dois corantes no banho de
tingimento modifica pouco o comportamento do
substrato quanto a absorção de iodo comparado com a
absorção do substrato tratado sem a presença de
corante. Por último, ao comparar a absorção dos
substratos tintos com a do termofixado a 160ºC, pode-
mos dizer que, apesar das diferenças de absorção a 40
e 45ºC, os valores dos quatro resultados apresentam
uma curva de absorção comum.
Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 75/jun.04
52
Salientamos nesta apreciação da tabela 4 que pode-
mos observar que o substrato tinto com o corante de
molécula pequena apresenta em quase todos os interva-
los de temperaturas absorções menores do que o tinto
com o corante de molécula grande.
Conclusões
Nas condições experimentais próprias deste estudo,
podemos concluir que:
1. O tratamento de descrude ocasiona uma variação da
estrutura fina do substrato cru superior a que produz o
tingimento posterior no substrato descrudado.
2. O valor do TCD do substrato correspondente ao
tingimento cego e o correspondente aos tingimentos com
os corantes de molécula pequena (vermelho) e grande
(azul) é praticamente o mesmo, qualquer que seja a tem-
peratura do ensaio. O substrato termofixado a 160ºC
também apresenta um valor muito similar.
3. A solubilidade diferencial dos substratos tintos é cla-
ramente inferior a do substrato tratado com ausência de
corante.
4. Foram constatadas diferenças na absorção de iodo
dos substratos tratados em ausência ou presença de qual-
quer um dos dois corantes. Não obstante, parece que no
tingimento com o corante de molécula pequena a absor-
ção é algo menor do que no tingimento com o corante
de molécula grande.
5. O substrato descrudado e depois de termofixado a 160ºC
apresenta valores de TCD e de absorção de iodo similares
aos dos substratos tratados em tingimento cego ou com
qualquer um dos dois corantes. Ao contrário, a solubilida-
de diferencial do substrato termofixado a essa temperatura
é apreciavelmente inferior a dos substratos tintos, e, sobre-
tudo, a do substrato tratado em ausência de corante.
Agradecimento
Este estudo faz parte do Projeto MAT-97-1186 fi-
nanciado pela Comissão Interministerial de Ciência e
Tecnologia (CICYT) dentro do programa de Materiais.
Os autores desejam expressar seu agradecimento à em-
presa Tints i Aprestos Valls e a seu administrador Sr.
Valls Palou (Conrado), pelo uso de suas instalações e
pelo oferecimento de sua valiosa experiência na planifi-
cação do mencionado Projeto.
Bibliografia
1. J. Gacén, J. Maillo e I. Gacén; Color. Technol. nº
117, 2001, p.24.
2. B.Lipp-Symonowicz e G.W. Urbanczyk; Melliand
Textilberichte, Enero 1974, p.59.
3. B.Lipp-Symonowicz; Melliand Textilberichte, Junio
1979, p.506.
4. B.Lipp-Symonowicz e G. Urbanczyk; Melliand
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5. R.P. Daubeny, C.W. Bunn e J. Brown, Proc. Roy.
Soc. 1954, A 226.
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11. J. Gacén, D. Cayuela,
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Tinctoria, 5/2000, p.28.
12. J. Gacén e J.M. Canal;
Bull. Scient. I.T.F., nº 28,
Noviembre 1978, p.427.
53
Tecnologia FibrasQuímica Têxtil - n° 75/jun.04
Neste artigo Gordon Mackie, vice-presidente exe-
cutivo da Geerdes International, revisa o desenvolvi-
mento das fibras naturais no século XX e as perspecti-
vas para o novo milênio.
Introdução
Em 1900, as fibras manufaturadas acabavam de se tornar
uma proposição comercial. O filamento de viscose, promovi-
do por Samuel Courtauld, desafiou a seda natural no segmen-
to de mercado de forros de ataúdes e resultou no primeiro
exemplo de um têxtil fabricado com um propósito
"descartável". A seda não desapareceu como alguns pensa-
ram e sim triplicou seu volume de produção no final do século.
O algodão foi a estrela na maior parte do século XX.
Em 1900, constituiu 50% de todas as fibras naturais e
no ano 2000 subiu para 75%. Todas as outras fibras
naturais cresceram em volume no princípio e logo de-
pois declinaram a medida em que ondas de filamentos
manufaturados penetraram, uma a uma, em seus mer-
cados. Este artigo tenta lançar alguma luz sobre
quando e como ocorreram essas mudanças e quais
são as projeções prováveis para cada uma das fi-
bras naturais para as próximas duas décadas.
A figura 1 ilustra como o algodão consolidou sua
posição. As outras fibras naturais estavam, em gran-
de parte, concentradas em têxteis industriais e foram
superadas tecnicamente pelos sintéticos. Em segui-
da, como a tecnologia melhorou e a economia da pro-
dução se estendeu em larga escala, os sintéticos se
tornaram imprescindíveis.
Apesar da probabilidade de os preços da energia serem
relativamente mais altos durante a primeira metade do século
XXI, as fibras manufaturadas capturaram todo o crescimento
disponível no mercado têxtil. A figura 2 mostra as projeções a
longo prazo para as fibras naturais comparadas com as ma-
nufaturadas, enquanto que a figura 3 ilustra os mesmos dados
em termos de consumo per capita. Esse formato ressalta
ainda mais o mercado declinante das fibras naturais.
Tecnologia Fibras Química Têxtiln° 75/jun.04
Seleção natural
Gordon Mackie - Geerdes International (USA)Artigo publicado na Revista Galaxia - Argentina
Tradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT
54
Algodão
O Poliéster é a nova "rainha" em um matrimônio arran-
jado com o "rei" Algodão. Essa rainha se mistura com seu
rei, mas se reserva o direito de ir sozinha na forma de
filamento contínuo de poliéster.
Antes dos anos 80, os preços do algodão fixavam os
valores das fibras cortadas, mas durante os anos 90 o poli-
éster finalmente ganhou a batalha e não parece que vá
perder o controle. A Austrália é o produtor mais barato de
algodão no mundo, mas mesmo ali não é rentável cultivar
algodão de qualidade mediana para vender a menos de US$
1300/tonelada. Nos Estados Unidos e na maioria dos ou-
tros países que subsidiam seus produtores de algodão, o
custo real para cobrir os gastos da produção de algodão é
de aproximadamente US$ 1500/tonelada.
Os custos do poliéster, seja ele produzido na Ásia ou em
outro lugar, dependem muito dos custos iniciais do ácido
tereftálico e do etileno glicol. Sempre e quando esses ingre-
dientes permaneçam ao redor de US$ 600 e US$ 400 por
tonelada, respectivamente, a fibra cortada de poliéster
pode ser produzida e vendida rentavelmente a US$ 1150
por tonelada. As conseqüências comerciais foram que
o algodão teve que incrementar o mercado e improvi-
sar com uma declinante porção do mesmo. Na figura 4
é demonstrada uma comparação de preços (com valo-
res constantes de 1990) de algodão e poliéster cortado.
Nas duas décadas seguintes, a produção de algo-
dão poderia ainda crescer cerca de 10%, permane-
cer estancada ou ficar logo abaixo do atual pico de
produção que se situa ao redor de 19 milhões de toneladas.
O uso da terra para o algodão permaneceu, nos últimos 50
anos, em 33 milhões de hectares + 5% em todo o mundo e
um incremento maior do rendimento por hectare não alte-
rará a economia básica do cultivo do algodão.
A nova biotecnologia pode certamente ajudar a reduzir
a aplicação de pesticidas tóxicos e melhorar os rendimen-
tos, mas o resultado bruto não dará ao algodão muito alívio
da pressão competitiva do poliéster, especialmente devido
a crescente hesitação dos governos em promover o cultivo
do algodão com subsídios aos produtores, ou com custos
menores de fornecimento de água para irrigação.
A produção de algodão pode estar sob ataque, mas per-
manece como escolha de uso confortável para aqueles que
podem pagar seu preço. As expectativas de vendas nos
Estados Unidos de 14 quilos de algodão per capita no ano
2000 somam cerca de 40% do consumo têxtil de todo o
país. Em contraste, na China o consumo do algodão estará
logo abaixo de 3 quilos per capita (37% do consumo total
da população), enquanto que o poliéster sobe para li-
derar o consumo com 39% do mercado.
A pergunta é: quanto o poliéster pode simular o fa-
tor conforto do algodão e, por sua vez, quanto pode o
algodão imitar o fácil cuidado do poliéster? Acredita-
mos que estão sendo feitos progressos em ambas as
direções mas, sem um claro vencedor em perspectiva.
Fibra de lã
Desde 1990, a lã tem experimentado um dramático
revés sobre os volumes crescentes obtidos no início do
Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 75/jun.04
56
século. Hoje, as lãs híbridas permanecem com maior oferta
do que procura e as lãs merino lutam para obter preços rentá-
veis. Não existe uma explicação simples para essa desordem.
A "Nova Lã Pura" permanece como um produto de prestígio
garantido pela etiqueta Woolmark, embora muitos consumi-
dores tenham decididamente mudado os seus trajes para rou-
pas menos formais. As fibras acrílicas são baratas e funcio-
nais e dominam o mercado massivo dos tecidos. Os tapetes,
um uso tradicional da lã, perderam mercado com os revesti-
mentos celulósicos nos mercados, e também sofreram por
décadas uma incessante concorrência do nylon e das olefinas.
Finalmente, o evento chave que fez com que a lã perdesse
sua maior porção do mercado foi o colapso do consumo têxtil
e de lã na anterior União Soviética e em grande parte da Eu-
ropa do Leste. Nesses países (com uma população combina-
da de 400 milhões de habitantes), o consumo de lã para o ano
2000 era de 180.000 toneladas menos do que durante a déca-
da de 90. Em geral, se esperava que os volumes de lã mudas-
sem um pouco menos, como se mostra na figura 5.
As ovelhas estão sendo criadas mais para os matadou-
ros e exploração da carne do que para a utilização da lã,
por isso talvez se deva fazer maiores esforços para criar
animais com duplos e melhores propósitos.
Na Europa, a Itália mantém a liderança do mercado da lã
em indumentárias, mas não obstante (parece que os produ-
tores australianos e neozelandeses ganharam) tem que in-
vestir grande quantidade de dinheiro no marketing da lã e
agredir o mercado para manter os atuais volumes e preços.
Linho
O linho esteve em declínio na maior parte do Século
XX, mas ainda estará entre nós durante o Século XXI. É
agora um simples nicho têxtil, tendo sido forçado a deixar
seus mercados tradicionais nas indústrias têxteis.
A antiga União Soviética foi a grande líder no volume
de produção de linho. Quando sua indústria têxtil entrou
em colapso, seguindo os eventos de 1990, a saída de mer-
cadorias de linho foi reduzida em 20% sobre os níveis an-
teriores. A indústria do linho na Rússia provavelmente che-
gou a um ponto mínimo e qualquer recuperação será dolo-
rosamente lenta porque o capital para tecnologia moderna
ou inversão é praticamente inexistente.
A figura 6 mostra o perfil da produção de linho e seu
consumo durante o último século e antecipa uma maior con-
tração sobre as próximas duas décadas devido aos subsídios
agrícolas que foram bastante cortados na Europa em geral e
praticamente eliminados na Europa Oriental e Rússia.
Os anos 40 mostraram uma dramática queda quando a
Segunda Guerra Mundial prejudicou a produção de linho
na Rússia. O abrupto declínio, logo após 1990, foi causado
pela atual desordem econômica na Rússia e Ucrânia. Ape-
sar desses reveses, o linho captou a atenção e estima dos
lançadores de moda, os quais o incluem em suas coleções
de verão ano após ano. As recentes melhorias no acaba-
mento de tecidos mantém a promessa de artigos de linho
de cuidado fácil, que terão melhor aparência.
Quando o linho for direcionado para um círculo de de-
Tecnologia FibrasQuímica Têxtil - n° 75/jun.04
57
manda de moda (em aproximadamente 2 a 5 anos), os fabri-
cantes de fios de algodão usarão um linho "algodonizado" ou
de fibra curta (em misturas com algodão ou viscose) para
aproveitar a oportunidade do mercado. Alguns desses arti-
gos mistos são marcadamente parecidos com o linho e esta-
rão disponíveis pela metade do preço dos clássicos produtos
de linho puro. Não eliminemos o linho no Século XXI, pois
existe um grande número de possibilidades para essa fibra,
posto que é magnificamente fresca e confortável para o uso.
Rami
A maioria das pessoas nunca ouviu falar em rami e se
ouviu freqüentemente o confundiu com o linho. O rami é uma
longa fibra cortada, principalmente cultivada e processada na
China. Permaneceu pouco conhecida fora da Ásia e Brasil
(onde foi introduzida por imigrantes japoneses) até que no fi-
nal dos anos 70 os chineses descobriram que não estava co-
berta por cotas de importação de têxteis nos Estados Unidos.
Como se pode notar na figura 6, a produção do rami foi
duplicada, partindo de uma base pequena nos anos 70, até que
se estabeleceu a cota de importação no final dos anos 80.
Agora, a produção está se revertendo ao seu volume "nor-
mal" de mercado, que é inferior a 100.000 toneladas por ano.
O rami é uma fibra de alto rendimento de cultivo que custa
menos do que o linho, mas requer um tratamento extenso de
desengomagem prévia à fiação e acaba custando mais do que
o algodão. Os acessórios do lar feitos de rami têm um merca-
do tradicional na Ásia, mas sua utilização mais ampla em pren-
das (concorrendo com o linho) não é provável devido a um
toque mais áspero e menor conforto no uso, comparado ao
linho. Mesmo tendo tanto ou mais a oferecer no uso têxtil do
que o cânhamo, o rami parece tender a permanecer como
uma estrela não apreciada entre as fibras naturais.
Juta
Entre as fibras naturais a juta é a segunda colocada,
vindo logo após o algodão. Mas está muito longe dele, com
somente 3 milhões de toneladas de cultivo. A figura 5 mos-
tra como a juta esteve em declínio desde 1980. A indústria
de processamento da juta (mundial) foi empurrada para
seu próprio território, o subcontinente hindú, não obstante
algumas poucas fábricas permanecerem ativas na China,
África, Brasil e Tailândia.
A juta foi alvo de depreciações desde a chegada da
manipulação em massa e especialmente desde a criação
dos plásticos, em forma de filme de polipropileno, em for-
ma de fitas e bases de tapetes. Em 2000, o consumo mun-
dial de sacolas de juta foi de mais ou menos 3 bilhões, mas
as sacolas de polipropileno somaram mais de 20 bilhões,
uma assombrosa mudança em apenas 30 anos.
A juta está sustentando precariamente seu mercado de
sacolas na Índia, onde são utilizadas 1 bilhão delas cada
ano, por aproximadamente 1 bilhão de pessoas. A China
tem um consumo estimado de 3 bilhões de sacolas no mo-
mento, mas somente 1 em 5 é fabricada com juta e o resto
é de polipropileno. Bangladesh ainda é o maior fornecedor
de juta e sacolas para exportação. As fábricas de juta do
país, muitas em mãos do governo, têm séria sobreca-
pacidade e também estão mal gerenciadas. Agregado a
isso, as fábricas devem aos bancos um equivalente a 1
bilhão de dólares e não têm capacidade de pagar. Isso deve
ser algum tipo de recorde mundial para a indústria têxtil.
As exportações de fibra fiada e retorcida constituem
um espaço brilhante para a juta, com 250.000 toneladas
destinadas ao subcontinente hindú, para as tecelagens de
tapetes e outros usuários, mas mesmo nesse setor existe
um excesso de capacidade de produção e a ameaça da
substituição por sintéticos espreita em segundo termo, po-
dendo baixar os preços da juta sem processamento ou da
fibra fora de linha. Um maior declínio parece inevitável.
Os produtores de juta podem ao menos mudar para outros
cultivos, mas a perspectiva para as 500.000 pessoas que
trabalham na indústria da juta é desoladora, os números
possivelmente se reduzam pela metade para o ano 2020.
Fibras duras (sisal)
Antigamente, as cordas eram feitas de uma ampla varie-
dade de fibras, incluindo o cânhamo suave, linho, sisal, cânha-
mo de Manila, Ixtle do México e várias outras. Gradualmente,
o sisal dominou, mas por sua vez foi substituído pelo polipropileno
Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 75/jun.04
58
e outros sintéticos. Hoje, 80% do cultivo de sisal é produzido e
manufaturado na África, Brasil, México e América Central.
A figura 7 mostra como a produção de sisal aumentou rapida-
mente para cobrir a demanda de cordas e cordões logo após o
fim da Segunda Guerra Mundial. A chegada de fibras corta-
das de filme de polipropileno baratas, porém mais fortes, du-
rante a década de 60 foi um ponto de mudança na indústria e
terminou com o domínio do sisal no mercado de cordas.
O mercado total de cordas e cordões tem crescido enor-
memente nos últimos cem anos e alcançou ao redor de 2 mi-
lhões de toneladas ao ano. As fibras naturais, incluindo o sisal,
e outras contribuem agora (no máximo) com cerca de 20%
da demanda, enquanto os sintéticos cobrem os outros 80%.
O mercado de sisal em fardo retorcido está em si mesmo
ameaçado, posto que foram estabelecidos novos filmes plásti-
cos para envoltórios. Isso deixará o sisal com uma posição
menor como especialidade utilizada em esteiras ou tapetes,
junto com a fatia de mercado que sobre a medida em que as
velhas máquinas de fardos gradualmente forem desaparecendo.
A maioria das pessoas não sabe que existe a fibra de coco,
que é extraída da casca da fruta, deixando de lado o fato de
que é um significativo recurso como fibra natural. Como mai-
or exemplo de sua utilização, citamos os tapetes felpudos usa-
dos nas portas de entrada das residências. Quase toda fibra
de coco comercial é extraída, fiada e tecida a mão no sul da
Índia e Sri Lanka. A fibra de coco provou ser quase impossí-
vel de mecanizar sua produção, de maneira que é uma fonte
principal de emprego local. Uma parte da fibra de coco é
consumida em cordas, mas o grosso destina-se a esteiras e
tapetes. A maioria é exportada para os Estados Unidos e mer-
cados europeus e o resto é utilizado na Índia como cordoaria.
Em muitas outras partes do mundo onde cresce o coco,
simplesmente não é econômico extrair a fibra da casca de
maneira que tudo é desperdiçado. Os plásticos moldados tive-
ram um impacto pequeno no mercado dos felpudos, assim, as
perspectivas para a fibra de coco são razoavelmente brilhan-
tes. Não obstante, é uma atividade de trabalho muito intensiva
e a quantidade de cocos disponíveis no sul da Índia é limitada.
Por essas razões é pouco provável que a indústria mantenha o
significativo crescimento que teve até o ano 2000. As tendên-
cias passadas e futuras estão demonstradas na figura 7.
Cânhamo
O linho e o cânhamo costumavam dividir o mercado de
fibras industriais. O cânhamo era dominante nas cordas e
o linho em lonas e velas marítimas. Na primeira metade do
século, ambas fibras foram cultivadas em volumes simila-
res, mas os volumes do cânhamo declinaram como o sisal
e os sintéticos os tiraram do mercado.
É irônico que o uso do cânhamo como uma fonte de THQ
(a droga ativa da Cannabis) levou a extinção do cultivo do
cânhamo na maioria dos países e acelerou seu declíneo como
fibra têxtil. O manufaturado que contenha a fibra de cânhamo
dificilmente terá algo de THQ, que está concentrado nas flo-
res e sementes da planta. Hoje, a maior parte da fibra de
cânhamo é cultivada na China, junto com alguns poucos luga-
res de produção na Europa. Uma grande quantidade de câ-
nhamo sem fibra é cultivada para extração de THQ na Índia
e em menores quantidades na América e Norte da África.
O "lobby" Eco tem uma grande fé no cânhamo como
um cultivo ambientalmente benéfico e desde o advento de
variedades de baixo conteúdo de THQ obtidas na França,
se prognostica uma reativação do cultivo em todo o mun-
do. A figura 6 sugere que pode ocorrer uma pequena recu-
peração para o ano 2020, mas se deve notar que o grosso
dos cultivos será utilizado para a indústria do papel e outras
aplicações industriais, deixando pouco para os têxteis. As
Tecnologia Fibras Química Têxtil - n° 75/jun.04
60
fábricas chinesas reconheceram a demanda ecológica dos
têxteis de cânhamo nos Estados Unidos e Europa e hoje
são as principais fornecedoras de materiais de cânhamo.
Seda
Longe de ser substituída pela viscose, a produção de
seda sobreviveu e ainda prosperou especialmente na Chi-
na e Índia. Comparada com outras fibras, os volumes de
venda são pequenos, mas ao preço de 20 ou 30 dólares por
quilo a seda mantém um lugar significativo em termos de
mercado. A figura 5 mostra que os volumes de fabricação
da seda são pequenos em comparação com outras fibras
naturais, mas que tem subido gradualmente e a projeção a
longo prazo para a seda natural é de um crescimento lento
mas seguro. Apesar do fato de os tecidos de filamentos de
microdenier de poliéster (desenvolvidos no Japão, um usu-
ário tradicional de seda) serem quase idênticos aos de seda
natural, a cada ano existem mais consumidores ao redor
do mundo que demandam seda real e podem pagar por ela.
A seda tem um nome maravilhoso e reputação como arti-
go de luxo o que assegura seu futuro, a longo prazo, como um
"têxtil posicional", ou seja, um item de luxo adquirido em parte
para mostrar o bem estar e estatus social do proprietário.
Existem desenvolvimentos da verdadeira "seda artificial",
mas isso ainda está no rascunho, posto que a biologia do bicho
da seda que produz um fio de alta tenacidade está sob intensi-
va investigação. Poderá levar alguns anos, mas alguns de nós
viveremos para ver que os têxteis produzidos biologicamente
substituirão alguns dos atuais têxteis químicos.
Conclusão
Tendo recorrido toda a família das fibras naturais é
aparente que elas, apesar de terem perdido mercado com-
paradas com as fibras manufaturadas (algumas muito sig-
nificativamente), ainda estão conosco e se consolidaram
em nichos de produtos.
O marketing verde ou ambientalmente dirigido não ate-
nuou seu declínio. Tais táticas de marketing são questionáveis
de todos os modos, posto que o cultivo de algodão parece
ser muito menos ambiental do que poderia ser. Os cultivos
industriais não são necessariamente "verdes" em termos
ambientais ou políticos. O cultivo de linho, juta, cânhamo,
sisal ou fibra de coco tem um impacto ambiental muito
menor do que o do algodão. Por sua vez, todas as fibras
naturais, incluindo o algodão, têm demandas de energia fóssil
muito mais baixa do que as fabricadas pelo homem.
Apesar de toda a hipérbole do mercado a favor dos produ-
tos naturais, é difícil perceber se as fibras naturais têm real-
mente tirado proveito e, por outro lado, é claro notar que as
dificuldades na concorrência com as fibras manufaturadas e
sintéticas têm causado severas penas. Não está claro se as
produções de fibras naturais se estabilizarão nos volumes atu-
ais (como sugere a figura 1) ou começará a decair a medida
que diminuam as terras de cultivo de fibras em direção da
produção alimentícia. A figura 8 mostra o uso total mundial de
terra para a produção de fibras (excluindo lã). Mostra tam-
bém uma estimativa otimista do emprego de mão-de-obra e o
uso comercial de energia na produção de fibras naturais.
O emprego de mão-de-obra obviamente cairá a medida
que se desenvolva a mecanização do cultivo e da colheita.
Por outro lado, o uso de energia em forma de fertilizantes e
combustível continuará crescendo como tem sido na maior
parte do Século XX. Na análise final, a produtividade hu-
mana é o fator decisivo. É impossível ignorar o fato de que
na média anual uma pessoa pode escassamente produzir 2
toneladas de fibras naturais, comparada com as 22 tonela-
das ou mais de fibras manufaturadas.
Tecnologia FibrasQuímica Têxtil - n° 75/jun.04
61
Foram utilizados diferentes tipos de pectinasas,
proteasas e lipasas para tratar as fibras de algodão e
artigos de malha. O efeito da ação enzimática foi ana-
lisado usando HPLC e ESCA e foram determinadas
as propriedades técnicas dos artigos tratados. As im-
purezas do algodão puderam ser removidas com
enzimas específicas, porém, a escolha da enzima teve
um grande impacto sobre o efeito da mesma.
Introdução
O algodão contém impurezas tais como ceras,
pectinas, ácidos orgânicos, proteínas, polisacárideos não
celulósicos e cinzas, como também uma certa propor-
ção de substâncias lignificadas. A quantidade total de
impurezas depende da origem do algodão e da maturi-
dade das fibras. Muitas dessas impurezas estão locali-
zadas na superfície externa das fibras(1, 2).
As ceras que constituem aproximadamente 0,4 a 1,2%
do peso do algodão são as mais difíceis de serem elimi-
nadas. Essas ceras são substâncias muito complexas,
compostas por um ou mais álcool de alto peso molecular
e ácidos graxos livres ou esterificados. Também acredi-
ta-se que estes estejam ligados quimicamente à celulo-
se ou pectina, ou alternativamente a proteínas residuais.
As proteínas do algodão, por sua vez, são resíduos
protoplasmáticos e, segundo se acredita, causam a co-
loração do algodão(1).
A remoção das impurezas durante o descrude é neces-
sária para obter uma boa umectação do material para o
posterior alvejamento ou tingimento. O maior obstáculo
para a umectação são as ceras, apesar de não ter sido en-
contrado correlação entre a absorção aquosa da fibra de
algodão e seu conteúdo natural de ceras. A distribuição da
cera residual determina a absorção aquosa(1). Tradicional-
mente, o processo de descrude era realizado mediante ebu-
lição com hidróxido de sódio, utilizando grandes quantida-
des de água e energia, as quais criam problemas ambientais.
O efluente alcalino requeria tratamento especial.
Devido a especificidade e as condições moderadas
de reação, as enzimas são ferramentas potenciais para
remover as impurezas do algodão. Foram testadas dife-
rentes enzimas para o biodescrude(3, 5). Tanto as celulasas
como as pectinasas melhoraram a umectação do algo-
dão. Efetuando um pré-tratamento dos materiais a 100ºC
ficou claro que se realça ainda mais o efeito das
pectinasas e das celulasas(6). Nos tratamentos com lipasas
ou proteasas não se percebeu melhoras na umectação
ou nos valores de retenção aquosa e nem em outras pro-
priedades técnicas do algodão(6).
Neste trabalho foram utilizados diferentes tipos de
pectinasas, proteasas e lipasas para o tratamento de fi-
bras e artigos de malha de algodão. O efeito da ação
enzimática foi analisado utilizando cromatografia líqui-
da de alta pressão (HPLC) e espectroscopia de elétron
para análise química (ESCA). Também foram determi-
nadas as propriedades técnicas dos artigos tratados.
Tecnologia Preparação Química Têxtiln° 75/jun.04
Descrude do algodãocom pectinasas, proteasas e lipasas
Johanna Buchert e Jaakko Pere - VTT Biotecnologia, Espoo, FinlândiaArja Puolakka e Pertti Nousiainen - Universidade Tampere de Tecnologia, Finlândia
Artigo publicado na Revista TCC & ADR - USATradução: Agostinho S. Pacheco - ABQCT
62
Materiais e métodos
Algodão
Foi utilizado algodão cru de origem russa, de uma
fiação local (Finlayson Ltd., Kajaani). As fibras foram
abertas em laboratório com um abridor em escala
(Schirp) e foram cardadas utilizando uma carda indus-
trial em escala (Ingolstadt). As cintas foram estiradas
duas vezes em equipamento próprio (Ingolstadt) antes
da fiação, que foi efetuada em um equipamento de rotor
(Suessen). O fio obtido foi tecido em um tear de labora-
tório (Mellory Bromley). O título do fio era de 40 tex e
o peso do tecido interlock, de 320 g/m².
Enzimas
Para remover as impurezas foram utilizadas enzimas
comerciais. Neste estudo, as enzimas de pectinas são
identificadas como pectinasa A, B e C; as proteasas como
proteasa A e B; e as lipasas como lipasa A e B. As
atividades das celulasas (HEC), proteasas, lipasas,
pectinasas, xilanasas e mananasas nas preparações fo-
ram analisadas de acordo com os métodos descritos nas
referências 7 - 12 respectivamente (tabela 1).
Tratamentos enzimáticos
Fibras de algodão
Os tratamentos enzimáticos das fibras de algodão fo-
ram feitos em buffers adequados para cada enzima: buffer
de acetato de sódio 50mM, pH 5 (pectinasas), buffer de
fosfato 50mM, pH 7 (proteasa S, lipasa A, e lipasa B); e
Tris HCL 100 mM, pH 9 (proteasa B). O tempo de trata-
mento foi de duas horas a 45ºC. A consistência da fibra
foi 2-10%. Os tratamentos de referência foram feitos de
forma similar, sem a adição de enzima. Em alguns casos
foi adicionado 2% de Berol aos tratamentos. Após o tra-
tamento, as fibras foram separadas e lavadas com água
destilada. Nos filtrados foi feita a análise da presença de
proteína, hidrolisados de pectina e ácidos graxos.
Tecidos de algodão
Os tecidos de algodão foram tratados em uma má-
quina Linitest por duas horas a 40ºC, utilizando ao re-
dor de 10 gramas de material, em um buffer de acetato
de sódio 50 mM (pH 5) ou em um buffer de fosfato 50
mM (pH 7). A relação de banho foi de 1:10. A agitação
mecânica foi ajudada pela colocação de cinco discos de
aço inoxidável em cada caneca do Linitest. Após os tra-
tamentos, as enzimas foram desativadas mediante ebu-
lição por 5 minutos e os tecidos lavados posteriormente
com água normal. Nos filtrados foi procedida a análise
da presença de pectinas, hidrolisados de proteínas e áci-
dos graxos. Foi realizada uma lavagem alcalina dos te-
cidos de algodão tratados enzimaticamente com 0,01 M
de hidróxido de sódio a 80ºC durante 30 minutos.
Análises químicas
O conteúdo de
pectina nas fibras
foi analisado por
metanólise ácida(13).
As proteínas foram
analisadas multipli-
cando o nitrogênio
total obtido pelo
método Kjehdhal
por 6.25(14). As ce-
ras foram analisa-
Tecnologia Preparação Química Têxtil - n° 75/jun.04
64
das gravimetricamente após uma extração com CO2
supercrítico. O conteúdo de cinzas foi analisado por inci-
neração (550ºC) e o conteúdo de metal por AAS (absor-
ção atômica). A análise ESCA das fibras secas foram fei-
tas segundo descreve Laine (1994)(15). O tratamento alcali-
no das fibras de algodão, anterior à análise ESCA, foi feito
a 80ºC durante 30 minutos, utilizando NaOH 0,05M.
Após os tratamentos enzimáticos, a composição dos
carboidratos nos filtrados foi analisada com Dionex,
depois de uma hidrólise enzimática secundária a
monosacarídeos(16 - 17). Os hidrolisados de proteínas fo-
ram analisados pelo método Lowry(18). Os ácidos graxos
liberados no tratamento com lipasas foram analisados
com um kit de análise Boehringer.
Ensaio de tecidos
A resistência a tração dos tecidos foi medida por rup-
tura de uma carga de fios, segundo SFS 2810 (determi-
nação da carga de ruptura e alongamento na carga de
ruptura dos fios). O desvio padrão das medições foi de
10%. A absorção de água foi medida segundo a norma
DIN 53 924 (velocidade de umectação em água de teci-
dos têxteis, método para a determinação da altura de
subida). As medições de cor (L* a* b*) foram tomadas
com um Minolta Chroma meter CR-100.
Resultados e discussão
Impurezas nas fibras de algodão
As impurezas presentes no algodão cru foram de 1,3%
de pectinas, 1,2% de proteínas, 1,0% de ceras, 0,2% de
metais e 1,7% de
cinzas, com um to-
tal de conteúdo de
impurezas de
5,4%, todas calcu-
ladas sobre o peso
seco. Portanto, as
pectinas e proteí-
nas constituíram a
maior quantidade de impurezas orgânicas. Esses resul-
tados são consistentes com informes prévios.
Tratamento enzimático de fibras de algodão
Foram selecionadas enzimas comerciais com ativi-
dade sobre pectinas, proteínas ou ceras para os trata-
mentos (tabela 2). As enzimas tinham diferentes perfis
de atividade e pH ótimo. Das pectinasas, a pectinasa B
continha o mais baixo conteúdo relativo de atividade de
celulasa, enquanto que a atividade mais alta de celulasa
era a do preparado da pectinasa C.
As atividades das mananasas estiveram em uma fai-
xa similar a de todas as pectinasas, considerando que a
pectinasa A tinha uma atividade relativa de xilanasa li-
geiramente menor. As proteasas e lipasas foram relati-
vamente puras e não continham atividades de celulasas.
Pectinasas
As pectinasas foram dosificadas de acordo com a ati-
vidade de poligalaturonasa com dois diferentes níveis de
dosagem; isto é, 200 nkat/g e 2000 nkat/g de fibra a 10%
de consistência, pH 5 e 45ºC. Com a dosagem mais alta,
as pectinasas A e C liberaram praticamente as mesmas
quantidades de pectina do algodão medidas como ácido
galacturônico nos filtrados por HPLC, removendo por-
tanto 28% e 25% das pectinas iniciais, respectivamente.
A pectinasa B, por outro lado, não foi tão eficiente na
remoção de pectinas (4%). No caso das pectinasas A e C
também foram detectadas quantidades substanciais de
glucosa nos hidrolisados, como resultado da atividade da
celulasa presente nos preparados de enzimas (figura 1).
Tecnologia Preparação Química Têxtil - n° 75/jun.04
66
Como podia ser esperado dos perfis de atividade, a
solubilização da celulose foi mais alta no tratamento com
a pectinasa C. Parece que a atividade da celulasa aumen-
ta a hidrólise da pectina, posto que a pectinasa B teve o
conteúdo menor de atividade de endoglucanasa (HEC)
comparada com as pectinasas A e C. De acordo com
Lange(19), a remoção de pectinas pode ser obtida com uma
pectinasa clonada sem atividade presente de celulasa.
Xilo- e mano-oligosacarídeos também se liberaram nos
tratamentos com pectinasa A e C, indicando a presença
de xilano e manano nas fibras de algodão.
ceras foram hidrolisadas a ácidos graxos, indicando uma
baixa acessibilidade das ceras nas fibras ou, alternativa-
mente, um baixo conteúdo de triglicéridos nas ceras (ta-
bela 3). De forma similar, a ineficiência da lipasa
Pseudomona mendocina sobre as ceras do algodão já
havia sido reportada previamente(6). A aptidão de outras
lipasas ou enzimas completamente diferentes, que atuem
sobre as ceras do algodão, ainda necessita ser investigada.
Propriedades da superfície
O efeito da pectinasa A, proteasa A e lipasa A na
química da superfície das fibras de algodão foi analisa-
do posteriormente por ESCA. O método ESCA havia
sido utilizado previamente para a análise das superfíci-
es de polpa de fibras(15). Com o ESCA se pode determi-
nar o conteúdo relativo de carbono, oxigênio ou outros
átomos com uma profundidade de análise de 0-10nm.
Mais ainda, as alterações químicas do carbono podem
ser classificadas posteriormente em quatro categorias,
dependendo da quantidade de ligações com o oxigênio,
como foi visto por Laine(15). Por isso, os dados quantita-
tivos na superfície química podem ser obtidos princi-
palmente da relação oxigênio/carbono. Em substratos
celulósicos, o carbono sem oxidar (C-C) corresponde a
lignina ou seus extratos, dependendo do tipo de fibra.
Surpreendentemente, as fibras de algodão continham
altas quantidades de carbono sem oxidar, isto é, 78,2
mol%, portanto, o quociente O/C foi 0,18 (tabela 4). O
valor teórico de O/C na celulose é significativamente mais
alto: 0,83 e o valor O/C na polpa de papel alvejada se
apresenta com 0,8(15). A lignina e seus extratos, por sua
Proteasas
As fibras também foram tratadas com duas proteasas
diferentes utilizando duas dosagens, isto é, 0,5 mg/g e
5,0 mg/g sobre a fibra de algodão. Devido aos diferen-
tes pH ótimos das enzimas, os tratamentos foram feitos
com dois valores de pH diferentes: pH 7 e 9. Com a
dosagem mais alta, a proteasa A foi mais eficiente na
remoção de proteínas do algodão, resultando em 50%
de solubilização da proteína inicial, sem nenhuma ação
notável sobre os carboidratos do algodão (tabela 2). A
proteasa B foi significativamente menos eficiente,
hidrolisando somente 17% da proteína inicial.
Lipasas
Para a remoção de ceras, foram testadas as lipasas A
e B. Como resultado do tratamento, somente 1% das
Tecnologia Preparação Química Têxtil - n° 75/jun.04
68
vez, têm um quociente O/C de 0,32 e 0,11 respectiva-
mente(1, 2). O baixo valor O/C no algodão cru indica uma
concentração muito alta de extratos na superfície das fi-
bras. Pode ser afirmado que a cobertura superficial de
extratos é ao redor de 90%, de acordo aos cálculos apre-
sentados por Laine(15). A lavagem alcalina incrementou o
quociente O/C somente em 0,20, indicando que as condi-
ções de reação utilizadas não foram suficientemente se-
veras para remover completamente as ceras (tabela 4).
Tratamento enzimático de tecidos de algodão
Foi ensaiado posteriormente o efeito da pectinasa A
e da proteasa A sobre as propriedades técnicas de ma-
teriais tecidos. As propriedades técnicas dos tecidos
foram medidas diretamente após o tratamento enzimático
e também após uma ligeira lavagem alcalina. O trata-
mento com pectinasa A resultou na solubilização de 0,9%
de carboidratos do algodão, enquanto que com a proteasa
A a remoção de proteína foi de 1%. Tendo em conta a
solubilização do algodão nos tratamentos de referência,
a solubilização real dos carboidratos durante o trata-
mento com a pectinasa A foi de 0,3% e a das proteínas
de 0,5% sobre o peso do material (figura 2).
De acordo com as análises de HPLC, cerca de 30% da
pectina foi removida durante o tratamento com a pectinasa
A. A perda de peso causada pelo tratamento com a pectinasa
foi 1,1%, enquanto que o tratamento com a proteasa so-
mente causou uma perda muito limitada de peso (figura 3).
A lavagem alcalina aumentou significativamente
a perda de peso obtida com a pectinasa A, apa-
rentemente devido a solubilização de
oligosacarídeos de cadeias carbonadas mais lon-
gas do material em condições alcalinas.
Os tratamentos enzimáticos não tiveram efei-
to sobre a resistência a tensão sem nenhum trata-
mento alcalino (fig.4). No caso do tratamento com
a pectinasa A, foi observada uma ligeira redução
da resistência à tensão após a lavagem alcalina,
aparentemente devido a presença de celulasas no
preparado da pectinasa. Como se esperava, o tratamento
com a proteasa A não afetou a resistência do material.
Também foi medido o efeito dos tratamentos
enzimáticos sobre a luminosidade (L*) e a absorção
aquosa. A proteasa A melhorou a luminosidade dos
Tecnologia PreparaçãoQuímica Têxtil - n° 75/jun.04
69
materiais, ajudando a proteína na coloração do algodão.
Aparentemente a eficiência das proteasas sobre a prote-
ína no algodão varia significativamente, como foi men-
cionado em estudo sobre a proteasa Bacillus Sublitis,
que não tem efeito sobre o valor de luminosidade(6).
O tratamento com pectinasa A, por outro lado, não
tem efeito sobre o valor de luminosidade, apesar da lava-
gem alcalina (figura 5). Não obstante, a absorção aquosa
melhorou no tratamento com pectinasa A (figura 6). Isso
confere com os resultados do ESCA (tabela 4) e apóia a
hipótese de uma união química entre as pectinasas e as
ceras(1). Resultados similares foram obtidos por Lange(19).
Surpreendentemente, a remoção de proteína do material
de algodão prejudicou a absorção aquosa do mesmo.
Conclusões
As impurezas do algodão podem ser removidas com
enzimas específicas. Cerca de 30% das pectinas e 50%
das proteínas podem ser eliminadas das fibras nos
tratamentos enzimáticos, onde as ceras são menos
suscetíveis à ação enzimática. A remoção de
pectinas resulta em menores quantidades de ceras
na superfície do algodão e, conseqüentemente, em
uma melhora da absorção aquosa do material. A
remoção das proteínas melhora a cor do material.
Neste trabalho as pectinasas, lipasas e proteasas
foram utilizadas separadamente, não obstante, com
o uso simultâneo se espera obter mais benefícios
adicionais e potenciais das enzimas.
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Tecnologia Preparação Química Têxtil - n° 75/jun.04
70
Fator determinante para a aquisição de artigos têx-
teis, o toque de tecidos é conseqüência, nos processos
pós-tecelagem, de:
- Remoção de óleos de ensimagem e engomagem de
urdumes de tecidos planos.
- Remoção de óleos de ensimagem e lubrificantes de
malhas.
- Correta aplicação de produtos auxiliares de acabamento.
Para execução dos dois primeiros itens são necessá-
rios produtos auxiliares de preparação com as seguintes
características:
- Surfactantes que proporcionem umectação rápida (prin-
cipalmente para fios de open end), detergência, disper-
são/emulsificação, reumectação, além de baixa forma-
ção de espuma.
Inpalene XP 9 - Composição de surfactantes etoxilados
e etoxilados carboxilados de baixa espuma, com alto
poder umectante e emulsionante.
Solvitex TER - Composição de surfactantes etoxilados,
etoxilados carboxilados, derivados graxos e solventes
naturais. Detergente com poder emulsionante de óleos
minerais e de silicone.
Inpalem P - Composição de álcoois etoxilados e deriva-
dos graxos. Emulsionador de óleos e parafinas.
- Enzimas amilolíticas para degradação e conseqüente
solubilização de amidos naturais utilizados na engomagem.
Alfamil A 10.000 - alfa amilase com 1.000 BAUS de
potência.
Alfamil A 2.000 - alfa amilase com 200 BAUS de po-
tência.
- Seqüestrantes/dispersantes de metais pesados e alcali-
nos terrosos.
Inpalquest HE - Composição de fosfonatos com ação
seqüestrante/dispersante de metais pesados e alcalino
terrosos, indicado para estabilização de peróxidos em
desengomagens oxidativas (não indicado para uso em
tingimentos).
Tanestab OR conc - Composto orgânico polihidroxi-lado
com excelente poder seqüestrante de metais pesados em
meios fortemente alcalinos.
Inpalclean A 30 - Poliacrilato com ação seqüestrante/
dispersante de sais de cálcio e magnésio.
Inpalclean OPT - Composição de fosfatos inorgânicos
para complexação de cálcio e magnésio principalmente
em alvejamento ótico.
Os auxiliares utilizados para a remoção de produtos de
engomagem e óleos de ensimagem dos substratos têxteis,
além dos processos de tinturaria e/ou estamparia, também
removem as matérias graxas e cerosas que proporcionam
às fibras naturais uma lubrificação e maciez natural. Com
isso, os substratos ficam desagradáveis ao tato e necessi-
tam de processos químicos e mecânicos para torná-los mais
agradáveis ao contato com as mãos e a pele.
O termo acabamento é usado para designar o trata-
mento químico e/ou físico que é aplicado ao substrato
têxtil, visando modificar suas características sensoriais,
destacando-se o toque (maciez, lisura, corpo e
resiliência) e o visual (caimento, brilho etc.).
Tecnologia Acabamento Química Têxtiln° 75/jun.04
Acabamento têxtil como fator de diferenciação
Artigo apresentado no XIX Congresso Nacional de Técnicos Têxteis,em setembro de 2000 - Fortaleza CE
72
Modificadores de toque: amaciantes, encorpantes e re-
sinas.
Características de toque:
Maciez - exprime o quanto o artigo avaliado é flexível, não
rígido, sem apresentar resistência ao ato de ser amassado.
Lisura - exprime a sensação de toque superficial sem
aspereza, com baixo coeficiente de atrito.
Corpo - idéia de consistência do tecido, caracterizando
tecido mais pesado.
Resiliência - caracteriza uma resistência ao
amarrotamento.
Amaciantes:
- Não-iônicos: de baixa afinidade pelas fibras, devem
ser aplicados preferencialmente por impregnação em
foulard para proporcionar melhor igualização na distri-
buição dos produtos. Não afetam as tonalidades de arti-
gos tintos nem brancos.
- Derivados de ácidos graxos:
Inpalsoft G 200 - etanolamidas graxas
Inpalsoft G 20 - etanolamidas graxas
Inpalsoft G 100 - esteres graxos
Inpalsoft LAV - esteres graxos
Inpalsoft APG - esteres graxos polietoxilados e
polietileno.
- Emulsões de polietileno: proporcionam principalmen-
te efeito lubrificante, facilitando processos mecânicos
posteriores.
Permalene VN - emulsão de polietileno de alto peso
molecular.
Permalene 4210 - emulsão de polietileno e parafina.
- Emulsões de silicone aminofuncional: responsáveis
pelos efeitos de lisura, maciez e resiliência.
Inpalsil conc, Inpalsil FIT, Inpalsoft ARX, Inpalsil MI e
Inpalsil JS.
Diferenciam-se pelas diferentes concentrações de
silicone sendo que o Inpalsil conc caracteriza-se ainda
por não afetar a hidrofilidade dos substratos têxteis.
- Graxos siliconados:
Inpalsoft G20SI- esteres graxos e micro emulsão de
silicone.
Inpalsoft HSI - esteres graxos polietoxilados, emulsão
de polietileno e micro emulsão de silicone.
Amaciantes catiônicos: são os amaciantes que conferem
o maior grau de maciez aos substratos, apresentando con-
tudo inconvenientes como afetar a tonalidade de artigos
brancos e, em alguns casos, a hidrofilidade dos substratos.
Celolub QUAT - sais quaternários de amônio.
Inpalsoft QUAT - sais quaternários e sais de amino
amidas.
Inpalsoft K - sais de amino amidas siliconados.
Inpalsil QUAT - sais quaternários e micro emulsão de
silicone.
Ainda como amaciantes podemos considerar os au-
xiliares de sanforização, embora estes apresentem uma
ação lubrificante superior à do amaciante.
Inpalsoft CPS - emulsão de polietileno e graxos
polietoxilados.
Inpalsanfor F 79 - graxos sulfonados, polietileno e óle-
os lubrificantes.
Inpalsanfor P 50 - lubrificantes graxos polietoxilados e
emulsão de polietileno.
Encorpantes: alguns tecidos, devido a sua construção
e tipo de fibra utilizada, apresentam excessiva maciez
que prejudica seu desempenho nas etapas posteriores
de processamento ou mesmo no uso final, havendo ne-
cessidade de aplicação de produtos que proporcionem
um toque mais firme e cheio, aparentando mais peso.
São usualmente polímeros naturais ou sintéticos e os de
nossa fabricação destacamos:
Inpalpret ST - dispersão em amidos quimicamente mo-
dificados.
Inpalpret PA - solução de álcool polivinílico com alto
grau de hidrólise.
Esses dois encorpantes proporcionam toque rígido
"empapelado" e podem ser removidos por lavagem a
fervura. No caso de se desejar acabamentos com maior
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Tecnologia Acabamento Química Têxtil - n° 75/jun.04
solidez a lavagem, estes podem ser insolubilizados so-
bre os tecidos através da reticulação com resinas do tipo
N-metilol.
Permaflex conc - látex com alta temperatura de transição
vítrea proporcionando toques encorpados sem rigidez.
Resinas
Nos acabamentos que possibilitam às fibras naturais
(principalmente algodão) apresentarem características
de não-amarrotamento e estabilidade contra o encolhi-
mento progressivo durante as lavagens, as mais indicadas
são as DMDHEU (dimetilol dihidroxi etileno ureias) com
destaque para o Permatron 248, que apresenta excelen-
te estabilidade durante o processo de polimerização,
apresentando baixos teores de formol livre.
Para o caso de encorpamento de artigos de fibras
sintéticas (poliéster e poliamida) bem como reticulação
de encorpantes como dispersões de amido ou álcool
polivinílico, a mais recomendada é a Isapret 50 que tam-
bém apresenta baixos teores de formol livre.
Na última década, observou-se um crescimento mui-
to grande de tecidos planos para serem confeccionados
e posteriormente tingidos e acabados. Tais artigos de-
nominados "PT" (prontos para tingir) são pré-alvejados
quimicamente e os acabamentos devem apenas propor-
cionar boas condições de pré-encolhimento e
costurabilidade, além de não interferirem nos processos
de tingimento.
Para o acabamento das peças confeccionadas, os pro-
dutos devem apresentar afinidade com as fibras, sendo
mais recomendado o emprego de produtos catiônicos
que não afetem os aviamentos e acessórios utilizados.
Para melhor orientação, recomendamos entrar em con-
tato com os técnicos do fabricante que certamente indi-
carão os produtos mais recomendados para atender suas
necessidades.
75
Tecnologia AcabamentoQuímica Têxtil - n° 75/jun.04
76
Tingimento Space Dyeing
A Studio Tessile assinou contrato de representação
com a empresa S.W.A. da Itália, especializada no tingi-
mento Space Dyeing. A S.W.A. produz máquinas que
permitem o tingimento de fios em bobinas e meados
com desenhos pré-definidos e máquinas para executar o
mesmo efeito em tecidos e peças confeccionadas.
Site: www.studiotessile.com.br.
Cassema Corantes completa 15 anoscom certificação da ISO 9001:2000
No ano em que completa 15 anos de empresa, a
Cassema Corantes vive um momento muito especial de
grande prosperidade e sucesso. Além de seu aniversário,
comemora também a obtenção do certificado de aprova-
ção da ISO 9001:2000, que veio
somente para comprovar a excelên-
cia em qualidade de sua dedicação
e esforço contínuos para o melhor
desempenho possível e satisfação
máxima de seus clientes.
Aquele diferencial de atendimento e osuporte ao cli-
ente, que sempre foram sua marca registrada, ganham
ainda mais força e credibilidade, pois as recentes via-
gens da diretoria ao exterior (participação na Tex-Styles
Índia - New Délhi - 2004 Fair e na Feira de Corantes e
Pigmentos de Shangai - China) culminaram em uma série
de novidades, como a parceria com uma das maiores
fábricas de corantes do mundo (produtora de 6 milhões
de quilos de corantes por mês) e a criação da Cassema-
China, além de colocar à disposição de seus clientes as
mais variadas e recentes novidades do mercado têxtil
mundial, em se tratando de produtos, técnicas e moda.
Todos esses fatores vêm apenas para consolidar a
Cassema Corantes como uma das empresas que mais
vêm crescendo e se destacando no mercado têxtil.
Makeni recebe certificado Prodir
A Makeni Chemicals é a primeira empresa do setor
de distribuição de produtos químicos do Brasil a rece-
ber o certificado Prodir, durante a realização do
EBDQUIM 2004 - 2º Encontro Brasileiro de Distribui-
dores de Produtos Químicos e Petroquímicos. O Prodir
– Programa de Distribuição Responsável consiste numa
série de códigos e práticas aplicadas ao transporte e
manuseio de produtos químicos, estabelecida em 2001
pela Associquim - Associação Brasileira do Comércio
de Produtos, com base no RDP, certificação atribuída
pela NACD – National Association of Chemical
Distributors, dos Estados Unidos desde 1992.
O PRODIR consiste em nove códigos e 34 práti-
cas gerenciais. Os códigos a serem adotados pelas em-
presas que desejam receber a certificação são:
gerencia-mento de riscos; atendimento a legislação e
normas; seleção de transportadores; manuseio e ar-
mazenagem; gerenciamento de resíduos; atendimen-
to a emergências e preparação da comunidade;
integração da comunidade e gerenciamento do pro-
duto. Assim que os procedimentos foram implanta-
dos, a Makeni entrou em contato com a certificadora
inglesa BSI – British Standards Institution, uma das
mais importantes do mundo, com mais de 100 anos
de experiência. Além do Prodir, a BSI também con-
cede certificações ISO.
A Makeni Chemicals atua no mercado desde 1981,
comercializando produtos químicos para os mais diver-
sos segmentos de mercado. A empresa possui a
certificação da ISO 9000 – 2000, o PRODIR – Processo
de Distribuição Responsável, Padrão Normativo: ISO
9001:2000 – Certificado FS 66070 e Certificadora: BSI
– British Standards Instituion.
Henkel apresenta relatório deSustentabilidade 2003
O prof. dr. Ulrich Lehner e o dr. Wolfgang Gawrisch,
chefe de Tecnologia (CTO) de Pesquisa/Tecnologia e
presidente do Conselho de Sustentabilidade da Henkel
apresentaram o Relatório de Sustentabilidade 2003. O
desempenho do Grupo Henkel em sustentabilidade de
1999 a 2003 publicado nesse relatório confirma o alto
nível de proteção ambiental e segurança ocupacional.
As vendas subiram em 20% e o lucro operacional (EBIT)
em 17% nesse mesmo período. Como exemplo, as emis-
sões de dióxido de carbono por tonelada métrica de sa-
ída diminuíram em 14% nos últimos cinco anos. A ten-
dência em segurança ocupacional é também positiva.
Desde 1999, a taxa de incidência de acidentes caiu em
40%. O objetivo de longo prazo da Henkel permanece
em zero acidente ocupacional.
“Estou grato em anunciar que nós realizamos pro-
gressos em práticas de negócios sustentáveis novamen-
te em 2003”, disse Lehner. “Num verdadeiro espírito de
parceria com nossos fornecedores, clientes e todos os
grupos sociais, nós trabalhamos para atingir nossa vi-
são: fazer a vida das pessoas mais fácil, melhor e mais
bonita com as marcas e tecnologias da Henkel”.
O Relatório de Sustentabilidade 2003 mostra como a
Henkel transfere conhecimento em colaboração com
seus parceiros. Em 2000, a Henkel adquiriu a participa-
ção majoritária na indústria de detergentes estatal da
Argélia. Esse é o mais importante projeto de privatização
no país. A Henkel comprometeu-se a investir conside-
ráveis somas na modernização da fábrica e treinamento
dos funcionários argelinos. “A introdução de processos
de produção de detergentes livres do desperdício de água
nas duas fábricas, em Ain Temouchent e Chelghoum
Laid, tornou possível o corte de 300.000 metros cúbi-
cos no consumo de água e economizar o equivalente a
mais de 200.000 euros nos custos operacionais por ano”,
explicou Jürgen Seidler, responsável da divisão alemã e
internacional de detergentes para lavanderia na Henkel.
Além disso, junto com a Sociedade Alemã de Coopera-
ção Técnica, a Henkel lançou um projeto de qualifica-
ção para integração de segurança, saúde e gerenciamento
ambiental. Os participantes nesse projeto incluem não
somente os responsáveis da empresas mas também os
fornecedores, agências ambientais e universidades.
No Brasil, o sucesso da Henkel se baseia na tecnologia
avançada, com qualidade assegurada pelos certificados
ISO/QS 9000, ISO/TS16949, ISO 14001 e OHSAS
18001, permitindo o oferecimento ao mercado de produ-
tos sempre inovadores. A empresa atua no país em três
segmentos: adesivos destinados ao consumidor final, co-
loração e tratamento capilar e Henkel Technologies, com
adesivos industriais e de engenharia.
Cursos de extensão na área de Química Têxtil
O curso Físico -Químico do Processamento Químico
Têxtil visa dar ao aluno uma compreensão abrangente
dos princípios físicos químicos relevantes para o
processamento químico têxtil que lhes permita a
otimização e controle eficiente dos processos utilizados
na química têxtil, bem como viabilizar o desenvolvi-
mento e domínio de novos processos.
Pré-requisito: Nível médio. Dirigido para alunos com
curso superior ou significativa experiência industrial.
Período: 13/07 a 26/08 / 2004. Carga horária: 45 horas.
As inscrições devem ser feitas até 15 de junho de 2004.
O valor do curso é de R$ 525,00 para pagamento à vista,
feito até 29 de junho, ou duas parcelas de R$ 270,00.
Professor responsável: Dr Edison Bittencourt.
O curso Corantes e Colorimetria visa o estudo da
estrutura molecular dos corantes e do mecanismo de
tingimento - pigmentos e sua aplicação é de fundamen-
tal importância para o controle e otimização do seu em-
prego industrial. Este estudo viabiliza a redução dos
custos, minimizando danos ao meio ambiente
objetivando a durabilidade da cor e resistência ao uso.
Pré-requisito: Nível médio/superior.
Período: 09/09 a 09/11 / 2004. Carga horária: 45 horas.
Inscrições devem ser efetuadas até 12 de agosto. O
valor do curso é de R$ 480,00 para pagamento à vista
ou duas parcelas de R$ 247,00.
Professor responsável: Dr Edison Bittencourt.
Contatos: [email protected]
[email protected] - tel.: (19) 3788-3907.
Camuflagem antifogo de alta tecnologia
A empresa Kermel, que lidera o mercado europeu de
fibras metaramídeas para roupas de proteção contra o
calor e as chamas, e a DyStar, líder mundial em corantes
têxteis e preparações pigmentares, desenvolveram uma
tecnologia excepcional que permite obter tecidos estam-
pados não inflamáveis. Esses tecidos atendem às exi-
gências atuais particularmente severas em matéria de
detecção visual e por visor infravermelho dos bombei-
ros. Essa propriedade vem complementar com conforto
as características antifogo oferecidas pela mescla
Kermel®/Viscose FR, garantindo a manutenção das co-
res em relação à luz e ao desgaste com as lavagens.
78
79
Kermel® é uma fibra aramídea destinada principalmen-
te à confecção de roupas de proteção contra o calor e as
chamas. Ela é usada nos trajes de intervenção e de trabalho
permanente dos bombeiros, nos trajes especiais de vôo e
de tripulações blindadas dos militares, nos trajes de manu-
tenção da ordem das forças de polícia, bem como nas rou-
pas de trabalho nas indústrias de risco. Esse tecido man-
tém o aspecto impecável das vestimentas, garantindo que
conservem os parâmetros de reflexos infravermelhos du-
rante o seu tempo de duração. A linha de tecidos camufla-
dos está em conformidade com a norma EN 531 (roupas
de proteção contra o calor e as chamas). Site:
www.kermel.com E-mail: [email protected].
ABQTIC lança guia durante a Fimec
A ABQTIC - Associação Brasileira dos Químicos e
Técnicos da Indústria do Couro lançou o Guia Brasilei-
ro do Couro 2004 durante a Fimec, evento que reúne
equipamentos, matérias-primas e componentes usados
em curtumes. O Guia, editado em português e inglês, é
um cadastro completo de informações sobre 500 em-
presas do setor de couros, entre curtumes, fornecedores
de químicos, máquinas, serviços e entidades.
Em setembro deste ano, a Revista do Couro estará
completando 30 anos de existência. Para marcar a data,
desde janeiro a ABQTIC vem publicando reportagens
sobre fatos relevantes para o setor de couros, como o
início da Escola de Curtimento, fundação da entidade e
criação da revista. "É um louvável trabalho iniciado
pela nova diretoria de publicações, que torna a revista
cada vez mais atraente, confirmando-a como o princi-
pal elo de ligação do associado com sua entidade" diz o
presidente da ABQTIC, Carlos Guilherme Kiefer.
ABQTIC: tel.: 561-3400
Novo membro da AATCC
Pedro José Ferraz Jr, gerente da Santista Textil S/A,
de Tatuí - SP, é o novo membro brasileiro da AATCC -
American Association of Textile Chemists and Colorists.
Sua adesão foi publicada na edição de dezembro/03 (pá-
gina 43) da AATCC Review.
TIQ Brasil r ecebe homenagem em Taubaté
Aconteceu no mês de março a 1ª Reunião Plenária
do CIESP - Taubaté e a TIQ Brasil foi um dos desta-
ques do evento pela sua escolha como a "Empresa do
Mês". A Engª Maria Aparecida Cabral, encarregada da
Engª Maria Aparecida Cabral, durante o evento.
supervisão do Controle de Qualidade da empresa, ex-
planou detalhadamente sobre a introdução, manutenção
e repercussão das Certificações ISO 9001:2000 - Ges-
tão da Qualidade e a ISO 14001 - Gestão Ambiental. O
evento reuniu uma platéia de mais de 150 empresário
da região, ávidos por informações sobre qualidade total
e preservação ambiental.
Sintequímica faz 50 anos
Em um estado com reduzido número de fábricas vol-
tadas para o setor químico, a Sintequímica do Brasil Ltda
completa este ano, 50 anos de atividade ininterrupta.
Fundada em 4 de fevereiro de 1954 pelos irmãos Hilton
e Aécio Duarte Ribeiro, a indústria teve sua primeira
unidade em Peixinhos (Olinda), onde permanece até
hoje. Em 1965, fundou uma filial em São Paulo, que
funcionava inicialmente como ponto de distribuição.
Desde sua fundação, a Sintequímica especializou-se
em fabricar produtos para a preparação de tecidos bru-
tos e dispersão de pigmentos para estamparia têxtil com
a marca Sinterdye, tornando-se a pioneira em dispersar
pigmentos no Brasil. No decorrer dos anos, o leque de
produtos da fábrica foi se expandindo para outros seto-
res industriais. Atualmente, além de dispersão para uso
têxtil, suas dispersões coloridas são empregadas em
borracha, plásticos, tintas industriais e imobiliárias, grá-
ficas, espumas e domissanitários. A Sintequímica tam-
bém distribui os produtos da Scott Bader (Inglaterra)
para o setor têxtil e da Rohm and Haas Química Ltda
para o setor têxtil e tintas gráficas.
A empresa possui certificação do sistema de gestão de
qualidade segundo as normas ISO 9001:2000 e em breve
espera obter a certificação do sistema de gestão ambiental
segundo as normas ISO 14001 em sua matriz.
Hoje, a empresa é administrada pelos srs. Silvino
Pedro da Silva e José Clarindo de Macedo. Além da
unidade de Olinda/PE, a empresa possui também a uni-
dade de Caieiras/SP, que está iniciando sua produção.
A Sintequímica entrou para o mercado de exporta-
ção em 2000, expandindo seus negócios para empresas
na América do Sul e países do Caribe como Porto Rico,
El Salvador e agora também para os Estados Unidos.
A empresa iniciou-se pequena e regional e hoje é a
maior fabricante de capital 100% nacional de disper-
sões pigmentárias, sempre com a mesma marca
Sinterdye, e sem nenhuma interrupção ou troca da ra-
zão social nestes 50 anos. Esse crescimento indica que
a Sintequímica ainda poderá trilhar muitos caminhos,
todos levando ao desenvolvimento maior de nosso país.
Döhler monta show-room em Nova York
Uma das líderes brasileiras na fabricação de artigos
para cama, mesa, banho e decoração, a catarinense
Döhler S.A. está investindo no mercado norte-america-
no. Em março de 2004, inaugurou show-room na 5a Ave-
nida, epicentro comercial de Nova York. Para tanto, a
empresa constituiu uma subsidiária, denominada Döhler
USA Inc. Os Estados Unidos recebem, hoje, a principal
fatia das vendas internacionais da Döhler, que exporta
40% da sua produção. ''Com o escritório, teremos uma
referência local para participar das market-weeks, gran-
des eventos de negócios que se realizam quatro vezes
por ano em Nova York'', afirma o presidente Udo Döhler.
A estilista Elizabeth Sharp, que atua no novo escritório,
é bacharel pela Cooper School of Art (Cleveland, Ohio) e
cursou Ilustração Gráfica/Desenho Gráfico na Parsons
School of Design (Los Angeles, Califórnia). Na Döhler,
ela vai elaborar designs para coleções de cama, mesa e
banho voltadas aos mercados norte-americano e europeu,
criando padrões específicos para os clientes internacionais.
GB recebe prêmio de Qualidade no Trabalho
A GB lavanderia e Tinturaria, de Colatina ES, rece-
beu o prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho na cate-
goria empresa de pequeno porte, por ações na melhoria
de qualidade no trabalho e relações interpessoais. Esse
prêmio é um incentivo às empresas que adotam políti-
cas que assegurem o bom relacionamento entre em-
pregadores e funcionários e estimulem a produtivida-
de e a competitividade.
80
Solvay forma primeira turmade técnicos em química
As empresas Solvay Indupa e Solvay Polietileno,
pertencentes ao do Grupo Solvay, realizam no dia 27 de
maio a formatura de 40 funcionários que durante dois
anos freqüentaram o Curso Técnico em Química, mi-
nistrado pelo Senai Mário Amato, no complexo indus-
trial do Grupo, em Santo André. Essa foi a primeira ex-
periência do tipo na empresa, que espera colher frutos
dentro de três meses, prazo estipulado para começar a
medir resultados.
A iniciativa partiu dos próprios funcionários que ga-
nharam apoio total do departamento de Recursos Hu-
manos. "Depois que decidimos montar o curso na fábri-
ca, fomos buscar as escolas que poderiam nos atender e
o Senai foi o que apresentou a melhor proposta", afirma
Marc Demoustiez, diretor de RH da Solvay Indupa
Mercosul, que coordenou o projeto.
Segundo Demoustiez, o curso freqüentado pelos fun-
cionários da Solvay foi idêntico ao ministrado nas de-
pendências do Senai Mario Amato, em São Bernardo
do Campo. "As aulas, os professores e a matérias estu-
dadas eram as mesmas, com exceção das aulas em labo-
ratórios, que eram dadas no próprio Senai", diz. Minis-
trado em três turnos (manhã, tarde e noite), o curso aten-
deu todas as expectativas dos funcionários, que podiam
escolher o melhor horário para estudar, e também da
empresa, que ganhou mão-de-obra qualificada.
Rhodia anuncia novos desinvestimentos
A Rhodia anunciou em abril vários desdobramentos
de seu programa de desinvestimento. Entre eles está:
• A venda de sua participação acionária de 50% na em-
presa chilena Extractos Naturales Gelymar SA para a
Sintex SA e a Algina Inversion SA. Atualmente, a Sintex
SA e a Algina Inversion SA detêm 50% da Gelymar.
• A assinatura de um contrato de exclusividade com a
Thermphos, envolvendo a negociação da unidade euro-
péia de especialidades de fosfatos da Rhodia.
81
• A assinatura de uma carta de intenção para a venda de
sua propriedade Rhodia Research, localizada em
Aubervilliers, para à Compagnie des Entrepôts et
Magasins Généraux de la Ville de Paris (EMGP).
Os desinvestimentos da unidade de especialidades
de fosfatos e da propriedade Rhodia Research devem
ficar concluídos, no segundo trimestre de 2004. Com
essas três novas operações, juntamente com a venda de
sua unidade de ingredientes alimentícios para a Danisco
e com a venda de sua participação na Baïkowski Chimie,
a Rhodia arrecadará a soma aproximada de 400 milhões
de euros no primeiro semestre de 2004.
Congresso de Engenharia de Incêndio
De 25 a 27 de agosto de 2004 acontece o XIII
COBENI - Congresso Brasileiro de Engenharia de In-
cêndio, maior evento do setor na América Latina. No
evento serão apresentadas as últimas novidades em ser-
viços e equipamentos usados no combate ao fogo, a aná-
lise de incêndios recentes ocorridos no Brasil, palestras
ministradas por especialistas na área.
O encontro é destinado a profissionais como bom-
beiros civis e militares, administradores de áreas indus-
triais, shopping centers, hospitais e hotéis, engenheiros
e técnicos em segurança e estudiosos do assunto. O
Cobeni será realizado simultaneamente à Fire Show –
Feira Internacional de Prevenção e Combate a Incêndi-
os. Informações pelos tels.: (11) 5589.1489 / 5585.4353;
[email protected] / www.pacin.com.br.
Ciba promove conferência sobre estampariapor jato de tinta nos Estados Unidos
A Ciba Specialty Chemicals promoverá a conferên-
cia “Ink jet printing for textiles in USA”, dias 7 e 8 de
junho, em Nova Iorque. Após o sucesso da conferência
européia no ano passado, a Ciba pretende mostrar o po-
tencial da estamparia por jato de tinta na indústria têxtil
Informações e inscrição:www.cibasc.com/textileconferencing oue-mail: [email protected].