obesidade infantil na educaÇÃo fÍsica escolar...
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OBESIDADE INFANTIL NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
OBESIDADE EM ESCOLARES
Rosiane Ferreira RA: 001200601256
Orientadora científica profª. Ms. Débora Reis Garcia
Universidade São Francisco
Curso de Educação Física - Licenciatura
Avenida São Francisco de Assis, 218
Jardim São José
CEP 12916-900
Bragança Paulista-SP
e-mail: [email protected]
RESUMO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é
considerada atualmente a maior epidemia de saúde pública do mundo,
ressaltando assim a necessidade de intervenções para reverter essa situação.
A atividade física associada à dieta e bons hábitos de saúde garantem uma
resposta positiva em todo processo de reversão do quadro, logo a relação dos
conteúdos da educação física escolar para a promoção e prevenção da saúde,
desenvolvidos por meio de uma metodologia baseada na ludicidade, propõe
uma nova visão aos alunos a fim de que os mesmos sintam-se incentivados à
participar da aula e a desenvolver o hábito da prática de atividade física. Este
estudo teve por objetivo investigar e esclarecer questões relacionadas à
obesidade infantil e as relações na vida das crianças bem como os benefícios
vindos da prática de atividade física, em especial a influência de boas aulas de
educação física para estimular a formação do hábito de tal prática, para esta
população para a prevenção e promoção da saúde contra as patologias
desencadeadas pela obesidade.
Palavras chave: Obesidade infantil, exercício físico e educação física escolar.
ABSTRACT
According to organization mundial of health (OMS), obesity is considered now a
days the most health epidemic public of the world, evident this way the
necessity of intervention to revert this situation. The physical activities
associated to diet an good health’ habit the positive answer in all process of
revertion this problem, soon the relation of physical education content in the
school to promove and prevent health, develop by methology based on plays
propose a new vision to students so as to same feel yourselves incentived to
participate of class and developed physical activity habit of pratice. This study
has to purpose investigate and clarify the questions related to obesity child and
the relations of children’s life has like the benefit came to pratice of physical
activity, in special influence of good class of physical education to stimulate the
habit formation, for this population to prevent and to promove the health against
pathologies caused by obesity.
Key word: child obesity; physical exercises; physical education school.
1
1- INTRODUÇÃO
Segundo Dâmaso (2003), durante séculos a alimentação foi vista como
símbolo de prosperidade e posição social, sendo capaz de expressar carinho e
fraternidade. As crianças “gordinhas” eram vistas como bem cuidadas e por
isso estavam dentro da normalidade.
Segundo Oliveira e Fisberg (2003), nas últimas décadas, a maior
disponibilidade de alimentos, guloseimas, a comodidade de transportes e os
avanços da tecnologia como os computadores, vídeos-games, televisões e
eletrônicos dos mais variados, possibilitaram uma mudança na rotina das
pessoas, facilitando a ingestão de mais alimentos e fazendo com que as
crianças gastassem menos energias, aumentando assim o número de crianças
acima do peso.
A obesidade deixou de ser um problema de classe social e tornou-se um
problema nutricional presente em todas as classes sociais, sendo necessários
maiores diversidades de conhecimentos relacionados à obesidade (DÂMASO,
2003).
Segundo Abrantes et al (2002), foi desenvolvida na região nordeste e
sudeste uma pesquisa sobre a prevalência de sobrepeso e obesidade entre
crianças e adolescentes, chegando a resultados surpreendentes. Em
adolescentes brasileiros o índice de sobrepeso variou entre 1,7% no Nordeste,
e 4,2% no Sudeste. Nos casos de obesidade a prevalência em adolescentes
variou entre 6,6% e 8,4%, e em crianças entre 8,2% e 11,9%, nas regiões
Nordeste e Sudeste, respectivamente. Mostrando que no nordeste a
prevalência do sobrepeso e da obesidade é menor que na região sudeste do
país.
2
As publicações citadas evidenciam ainda mais a necessidade de
intervenção nas aulas de Educação Física Escolar na saúde do escolar entre
outras ações preventivas, oportunizando a prática da atividade física e a
obtenção de hábitos saudáveis para buscar ou tentar assim minimizar os casos
de obesidade e sobrepeso, realizando atividades com intensidades que
respeite o princípio da individualidade para que se sintam interessados e
motivados a participar das aulas e que participem de forma a melhorar a
qualidade de vida.
Ligadas ao fator endógeno da obesidade, como a genética, segundo
pesquisas realizadas por Dâmaso (2003) e Hegarty (1988), apud AQUINO et al
(2008), a probabilidade de crianças se tornarem obesas a partir de seus pais
serem obesos é de 80% para Dâmaso e de 75% para Hegarty. Se apenas um
dos pais for obeso a probabilidade cai para 40% em ambos os autores. Para os
casos em que nenhum dos pais apresenta obesidade, a probabilidade é de 7%
e 10%, respectivamente.
A prática de atividade física é fundamental para o desenvolvimento
saudável do homem e cidadão (GUEDES et al, 1995). Para as crianças a
prática da atividade física deve ser incentivada, proporcionando o prazer e
satisfação, para buscar melhora na qualidade de vida e consequentemente
tentar reverter os casos de obesidade infantil no âmbito escolar.
2 – OBJETIVOS
2.1 - Geral
Este estudo teve como objetivo ampliar o conhecimento sobre as
características da obesidade infantil e possibilitar a reflexão sobre a relação da
3
prática do exercício físico nas aulas de educação física escolar como uma ação
preventiva.
2.2 - Específicos
• Conhecer as características da obesidade infantil;
• Informar sobre a importância da educação física escolar como um
espaço para a prática de exercícios físicos;
• Relacionar o caráter lúdico das aulas de educação física escolar como
forma de incluir alunos que se apresentarem com sobrepeso ou
obesidade em programas de exercício.
• Abordar atividades que possam resultar em sensação de satisfação do
aluno.
3 – DESENVOLVIMENTO
3.1 - Obesidade
A etiologia da obesidade segundo Dâmaso (2003), ainda não é
esclarecida, sendo caracterizada como multifatorial. Havendo os fatores
endógenos, que são os fatores internos, envolvendo a genética, endócrinos,
psicogênicos, medicamentosos, neurológicos e metabólicos e ainda os fatores
exógenos, que são os fatores externos, alimentação, estresse e inatividade
física.
Em relação aos fatores endógenos, como afirma Domingues Filho (2000),
“a genética predispõe, mas não obriga os indivíduos a terem a obesidade”, mas
4
a localização das gorduras sofre grande influência genética. Salientando
Ledoux (1985 apud DOMINGUES FILHO, 2000 p. 24) diz que “a principal
causa geradora da obesidade é o desequilíbrio calórico e que os casos de
origem genética ou mesmo hormonal são muito poucos”.
Segundo Dâmaso (2003), os fatores exógenos, como a alta ingestão
alimentar e a inatividade física podem ser os grandes responsáveis pelo
acúmulo excessivo de tecido adiposo. Acreditando ainda que a forma mais
eficaz no tratamento em longo prazo da obesidade é manter um equilíbrio entre
o gasto energético e a ingestão calórica, colocando a inatividade física como a
principal causa de desenvolvimento da obesidade.
O exercício físico além de proporcionar a redução e controle de peso,
promove importantes alterações na composição corporal, aumentando a massa
magra e diminuindo o tecido adiposo. Contudo a dieta hipocalórica estimula a
redução de peso, mas culmina em diminuição de massa magra (DÂMASO,
2003).
Quando a ingestão alimentar é reduzida e aumentada à atividade física
(gasto energético), ocorre o balanço energético negativo. Quando acontece o
inverso ocorre o balanço energético positivo. A obesidade é caracterizada pela
alta ingestão calórica e o baixo gasto energético (DÂMASO, 2003).
A Obesidade Infantil, por sua vez, é preocupante, necessitando
urgentemente de mudança nos hábitos alimentares, estimulando as crianças
para uma vida repleta de exercícios físicos e atividades físicas, favorecendo o
seu melhor desenvolvimento, dentro da sua infância e consequentemente
tendo uma adolescência saudável, tal como a sua fase adulta. Nos últimos
anos, o interesse sobre os efeitos do ganho de peso excessivo na infância tem
5
aumentado, devido ao fato de que o desenvolvimento de tecido adiposo neste
período será determinante nos padrões de composição corporal de um
indivíduo adulto (DÂMASO, 2003).
“A preocupação com o aumento da obesidade infantil se justifica pelo
aumento de sua permanência na vida adulta, por ser um fator de risco para
doenças crônico-degenerativas e pelo desenvolvimento precoce de doenças
como hipertensão arterial e diabetes mellitus não insulino-dependente, já em
adolescentes obesos” (LEÃO et al, 2003; BALABAN; SILVA, 2004 apud
SANTOS et al, 2007). As maiores prevalências de obesidade têm sido
observadas na faixa de 4 a 8 anos, porém acredita-se que quanto mais precoce
o surgimento da obesidade maior a chance do problema perdurar até a vida
adulta (SANTOS et al, 2007).
Segundo McArdle et al (1998), as crianças com 4 a 6 anos de idade, que
tem o dispêndio energético menor, através de dietas, ainda são consideradas
obesas, pelo fato de não praticar exercícios físicos regulares. O peso corporal
excessivo não se relaciona exclusivamente a alta ingestão calórica, mais
diretamente ao número de horas gastas assistindo televisão, brincando com
jogos de vídeos, permanecendo assim inativos. Minimizando esse período
ocioso, pode-se ajudar a combater a obesidade na segunda infância.
Um nível maior de atividade física regular, combinado com uma restrição
dietética, proporciona mudanças significativas no equilíbrio energético no
sentido de redução ponderal, além de aprimorar a aptidão física, alterações
favoráveis na composição corporal e distribuição de gordura corporal
(MCARDLE et al, 1998).
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Através do metabolismo energético pode-se entender um pouco sobre as
fontes de energia e associar aos fatores desencadeantes da obesidade e do
gasto energético promovido pelo exercício.
3.2 – Metabolismo energético
Relacionando os hormônios ao metabolismo energético para elucidar
como o exercício pode favorecer o balanço energético negativo, Tani et al
(1988) afirma que, “o tecido adiposo é um grande reservatório de gordura e
pode suprir o organismo da energia necessária para as atividades normais de
um homem durante 3 a 4 semanas”. Durante a atividade muscular a reserva
pode ser mobilizada e captada por diversos tecidos, constituindo-se em fonte
adicional para a produção de energia, com esse mecanismo os músculos em
atividade passam a consumir menos glicose.
Afirmando Tani et al (1988 p.31):
Estas respostas metabólicas estão sob estreito controle
hormonal, principalmente através da insulina, glucagon,
adrenalina, cortisol e hormônio de crescimento. O primeiro
diminui durante a atividade muscular, enquanto que os
demais aumentam no sangue, cujo efeito final é o
aumento na glicogenólise, gliconeogênese e mobilização
de gorduras.
Os hormônios desempenham um papel importante na regulação dos
depósitos hepáticos e musculares de glicogênio por controlarem o nível de
açúcar sanguíneo circulante (MCARDLE et al, 1998).
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O glucagon aumenta a síntese e a liberação de glicose a partir do fígado
para dentro dos líquidos corporais circulantes. Os principais efeitos do
glucagon sobre o metabolismo da glicose são a quebra do glicogênio hepático
(glicogenólise) e gliconeogênese é aumentada no fígado. Ambos estes efeitos
acentuam muito a disponibilidade da glicose para os outros órgãos do corpo
(GUYTON, 1997). O glucagon estimula o AMP cíclico nas células hepáticas e
acarreta o fracionamento do glicogênio hepático para glicose, promovendo
efeito estimulante sobre a gliconeogênese, ocorrendo a captação de
aminoácidos pelo fígado (MCARDLE et al, 1998).
De acordo com Guyton (1997), o cortisol tem efeito sobre o controle do
metabolismo de carboidratos, metabolismo das proteínas, metabolismo das
gorduras (ácidos graxos livres). Age no organismo como antiinflamatório
natural, combatendo as inflamações ou curando-as. E ainda tem efeito
importantíssimo em relação ao nível de controle dos estresses, tanto físico
como mental.
Segundo McArdle et al (1998), os níveis de cortisol tendem a aumentar
menos em indivíduos treinados que em pessoas sedentárias, realizando o
mesmo nível de exercício submáximo. A secreção de cortisol acelera a
mobilização das gorduras para a obtenção de energia durante a inanição e o
exercício intenso e prolongado.
O cortisol é controlado pelo nível de estresse tanto físico, como
emocional. Se o hipotálamo for estimulado pelo estresse e assim estimular a
glândula hipófise a produzir a ACTH, estimulando o Córtex Adrenal a produzir o
Cortisol, depois de produzido ele gera no organismo efeitos sobre vários
metabolismos (carboidratos, proteínas, gorduras), acontece à sensação de
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alivio do estresse. Sendo muito importante para o controle da obesidade, pois o
cortisol interfere diretamente no metabolismo energético, sendo possível
relacioná-lo com os fatores exógenos da obesidade, como no caso o estresse
(GUYTON, 1997).
O cortisol segundo McArdle et al (1998), promove o fracionamento da
proteína para aminoácidos em todas as células do organismo, menos a do
fígado. A circulação leva esses aminoácidos até o fígado para ser
transformados em glicose através da gliconeogênese. Facilita ainda a ação de
outros hormônios, como o glucagon no processo de gliconeogênese. Inibe a
captação e oxidação da glicose, sendo contrário a insulina. Tem importante
ação no fracionamento dos triglicerídeos no tecido adiposo para glicerol e
ácidos graxos.
De acordo com McArdle et al (1998), a adrenalina é um hormônio do
sistema nervoso simpático, tem ação de acelerar o ritmo com que a fosforilase
cliva um componente da glicose de cada vez e o separa da molécula de
glicogênio, promovendo a ativação rápida da mobilização do glicogênio.
A adrenalina é secretada pela medula supra-renal e representa 80% das
secreções da mesma. A adrenalina afeta o coração, os vasos sanguíneos e as
glândulas, mas sua função primária no metabolismo energético é estimular a
glicogenólise (no fígado e músculos ativos) e a lipólise (no tecido adiposo e nos
músculos ativos) (MCARDLE et al, 1998).
Os efeitos do exercício físico, dependendo da intensidade que é realizado,
atua ativando o sistema nervoso Autônomo por meio da ação simpática que
controla a liberação dos hormônios supracitados (liberando-os e sintetizando-
os), o que significa para o organismo a necessidade de mobilização de energia
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vinda da quebra do ATP para o fornecimento de energia e conseqüente
contração muscular. Todo o movimento corporal baseia-se nesse mecanismo
para a mobilização de energia.
3.3 – Exercício Físico
A atividade física promove benefícios e melhorias de qualidade de vida,
mas em alguns casos o exercício físico é o grande diferencial para se alcançar
os objetivos. A atividade física é todo movimento corporal voluntário humano,
produzido pela contração muscular, resultando em gasto energético acima dos
níveis de repouso (McARDLE et al, 1998). Sendo caracterizada pelas
atividades do cotidiano e pelos exercícios físicos. Trata-se de comportamento
inerente ao ser humano com características biológicas e sócio-culturais.
Já o exercício físico engloba também todos os movimentos, mas de forma
sistematizada, sendo executado de forma planejada, repetitiva e intencional,
para atingir um determinado objetivo (McARDLE et al, 1998).
Estudos demonstram que os exercícios são caracterizados pela alteração
da respiração durante a atividade desenvolvida, segundo afirmação de Green,
(1951, P. 53-54), apud McArdle et al, (1998).
A mim não parece que todo movimento seja exercício, a
não se quando vigoroso. No entanto, como vigor é
relativo, o mesmo movimento poderia ser exercício para
um e não ser para outro. O critério de vigor é a mudança
da respiração; os movimentos que não alteram a
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respiração não são denominados exercícios. Contudo, se
alguém é compelido por qualquer movimento a respirar
mais ou menos profundamente ou com maior rapidez,
esse movimento passa a ser um exercício para essa
pessoa.
Atualmente, o exercício físico é uma necessidade absoluta para o homem,
pois com o desenvolvimento científico e tecnológico advindo da revolução
industrial e da revolução tecnológica, pela qual a sociedade se depara, com
elevado nível de estresse, ansiedade e sedentarismo, o que compromete a
saúde de boa parte das pessoas dos países desenvolvidos e em
desenvolvimento, podem ser minimizados com a prática de exercícios físicos
regulares (ANTUNES et al, 2006).
Para Domingues Filho (2000), utilizando como umas das estratégias na
prevenção da obesidade na infância, o exercício físico tem papel adjuvante no
tratamento da obesidade, pois o gasto calórico proveniente do exercício físico
se mostra como grande aliado na perda de gordura corporal, sendo também
fator contribuinte para o aumento nos níveis de aptidão física.
De acordo com McArdle et al (1998), o exercício aeróbio regular reduz a
massa (peso) corporal e gordura corporal, aumentando a massa corporal
magra com treinamento de resistência. O exercício isoladamente ou combinado
com dieta hipocalórica, garante maior resposta em relação à perda de gordura
corporal, do que em casos somente de dietas, pois exercícios promovem a
conservação de tecido corporal magro.
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Os exercícios físicos aeróbios de baixa intensidade eram vistos como
maior oxidante de gorduras do que exercícios realizados em intensidade
moderada, no entanto, o total de energia consumida em 30 minutos em
intensidade moderada é maior em situações de exercícios mais baixos. Para os
quadros de obesidade, em que os indivíduos não conseguem manter o nível
intenso de atividade, devem priorizar o exercício moderado, pois utiliza de
maior fonte de calorias (DÂMASO, 2003).
Os especialistas consideram a falta de exercício físico da criança urbana
como uma das principais causas da atual epidemia de obesidade infantil.
Vários estudos mostram que para cada hora de exercício físico moderado ou
forte praticado diariamente pela criança, o risco de obesidade caiu 10%,
indicando ainda que as crianças que praticam algum exercício físico são mais
magras que as outras que se movimentam pouco (GUEDES, 1995).
Na ordem inversa em que ganha peso, a criança vai diminuindo sua auto-
estima, catalisando a angústia e a ansiedade, que quase sempre só encontram
ego na gula. Daí a importância de um acompanhamento psicológico,
paralelamente ao de um endocrinologista e do Profissional de Educação Física.
Prevenir a obesidade é de suma importância para o desenvolvimento da
criança, caso chegue à fase adulta com excesso de peso, ela terá mais
dificuldades para perder peso e terá aumentado o risco de várias doenças
(DOMINGUES FILHO, 2000).
Atividades físicas podem incluir exercícios estruturados como caminhar,
correr, praticar basquetebol ou outros esportes. Pode-se incluir atividades
cotidianas como afazeres domésticos, trabalhos no jardim ou caminhar com o
cachorro como formas de atividade física.
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3.4 - Benefícios do exercício físico
Segundo Domingues Filho (2000), exercício físico auxilia as crianças no
controle do peso e podem ajudar a reduzir seu risco ou controlar doenças
crônicas como diabetes mellitus não insulino-dependente, hipertensão,
hipercolesterolemia, doenças cardíacas, osteoporose, artrite e alguns tipos de
câncer.
Mantêm músculos, articulações e ossos saudáveis; diminuem as taxas
sangüíneas do mau colesterol (LDL) e estimulam a produção do bom colesterol
(HDL); ajudam a estabilizar e diminuir a pressão arterial, colaborando no
tratamento de hipertensão; torna o coração mais eficiente (bpm); auxilia na
redução da gordura corporal; melhora a circulação periférica, tornando os
músculos mais capilarizados, o que contribui para que maior quantidade de
sangue e oxigênio chegue ao corpo todo; a captação de oxigênio no pulmão
fica mais eficiente, aumentando sua resistência à fadiga; melhora o equilíbrio e
flexibilidade; ajuda a combater a insônia, melhorando a qualidade do sono;
melhora a qualidade de vida; melhora a autoconfiança e auto-estima; aumenta
a energia e disposição; previne a depressão; melhora o humor e sensação de
bem-estar (DOMINGUES FILHO, 2000).
Para melhores resultados nos tratamentos é importante a cooperação dos
pais, que devem estar conscientes de que a obesidade é um risco e que gera
problemas na vida adulta. A escola também tem um papel fundamental ao
modelar as atitudes e comportamentos das crianças sobre exercícios físicos
que levam a melhoria dos estados físicos das crianças nas aulas. (DÂMASO,
2003).
13
3.5 - Educação física escolar
A Educação Física no Brasil, desde sua implantação em 1930, teve suas
características militares com o objetivo de formar cidadãos fortes para a defesa
do país. Posteriormente sofreu influência biológica, despertando no aluno o
sentido de saúde e higiene. Ocorrendo ainda o despertar para o fenômeno
esportivo de 1946 a 1968 (CASTELLANI FILHO, 1988). Tornou-se então,
segundo a LDB (1961), obrigatório a educação física desde o primário até
ensino médio, reforçando está idéia pela LDB 9.394/96, em que “a Educação
Física é componente curricular da Educação Básica”. Em 2001, na tentativa de
garantir a presença da Educação Física em toda a Educação Básica, foi
acrescentado o termo “obrigatório” a esse texto.
Portanto, a Educação Física é componente curricular obrigatório da
Educação Básica, que compreende a Educação Infantil, o Ensino Fundamental
e o Ensino Médio, neste sentido Freire (1997), afirma que a experiência motora
adequada reflete-se também na alfabetização e raciocínio lógico-matemático.
GALLAHUE (2005):
Enfatiza a relevância do desenvolvimento integral do
indivíduo, compreendendo os aspectos motor, cognitivo e
afetivo-social, havendo uma interdependência entre esses
aspectos. Salienta também, ser entre dois e sete anos, a
fase de aquisição dos movimentos fundamentais (andar,
correr, saltar, arremessar, receber, chutar, quicar), que
vão se constituir na base de toda aquisição motora
posterior. Sem a aprendizagem efetiva desses
movimentos, é difícil e impróprio aprender um esporte,
14
uma dança, ginástica ou luta (modalidades compostas de
movimentos especializados). (GALLAHUE, 2005, apud
MAGALHÃES et al, 2007).
Na Educação Infantil, a Educação Física desempenha um papel de
elevada importância, pois a criança desta fase está em pleno desenvolvimento
das funções motoras, cognitivas, emocionais e sociais, passando da fase do
individualismo para a das vivências em grupo. A aula de Educação Física é o
espaço propício para um aprendizado através das brincadeiras desenvolvendo-
se os aspectos cognitivo, afetivo-social, motor e emocional, tal como a
consciência corporal para criar hábitos da prática de atividades físicas.
De acordo com a LDB, artigo 22º, “a Educação Básica tem por finalidade
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para
o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em
estudos posteriores” (BRASIL, 1996).
Os objetivos do PCN para a Educação Física é o desenvolvimento da
consciência do corpo e da prática da atividade física, da estética, da
consciência crítica a respeito de modelos pré-estabelecidos na mídia e de
como usar exercícios em benefícios próprios e para a prática da cidadania.
Através do meio lúdico pode-se trabalhar vários aspectos de uma criança,
podendo ela absorver de forma descontraída todo o conteúdo necessário para
desenvolver-se no meio social e buscar realizar práticas corporais durante sua
vida.
A importância do brincar na Educação Infantil é objeto de estudo de Rolim
(2003):
15
É por meio da Educação Física e da Educação Infantil,
com a utilização de brincadeiras, jogos e brinquedos que
a criança já conhece que ela interage no mundo e na
sociedade, aprende regras, torna-se crítica, é incentivada
a falar e ouvir os outros (ROLIM, 2003, p. 174, apud
BATISTA, 2007).
De acordo com Magalhães et al (2007), “a aula de Educação Física é o
espaço propício para um aprendizado através das brincadeiras,
desenvolvendo-se os aspectos cognitivo, afetivo-social, motor e emocional
conjuntamente”.
Para Kunz, 2003;
O saber que falta é um saber empírico sobre as
possibilidades e os limites da organização e da estrutura
dos interesses e das perspectivas das crianças e dos
adolescentes em suas brincadeiras e seus jogos no
cotidiano para satisfazer uma inerente necessidade que
ainda possuem em relação a uma vida plena de
significados e valores no seu se movimentar (p.93).
O brincar torna-se para a criança a sua forma de expressão. No seu
brincar a criança constrói simbolicamente sua realidade e recria o existente,
sendo visto como um mecanismo psicológico que garante a criança mantenha
uma distância em relação ao real e fiel, relacionando o ato de brincar à
atividade do trabalho adulto. Porém, este brincar criativo, simbólico e
imaginário enquanto poder infantil de conhecer o mundo e se apropriar
16
originalmente do real está ameaçado de desaparecimento. O responsável por
esse desaparecimento é justamente o poder da tecnologia (KISHIMOTO,
2002).
Nos casos de obesidade infantil a ludicidade pode ser um fator que
influenciará muito em relação a melhores qualidades de vida, os jogos como
afirma Kishimoto (2002), pode estar relacionado a um contexto cultural,
permitindo dar sentido às atividades.
Os jogos cooperativos podem exercer grandes influências para um melhor
desenvolvimento da criança que apresentar um grau de obesidade ou mesmo o
sobrepeso, pois ela se sentirá envolvida na atividade, estimulando-a para a
realização dos exercícios propostos em aulas de educação física. Salienta Tani
et al (1988, p.132), “a cooperação é um processo orientado para um objetivo,
implicando em esforço consciente dos membros participantes”.
Brotto (2002), afirma que os jogos cooperativos são exercícios de
convivência fundamental para o desenvolvimento pessoal e para a
transformação.
Segundo a afirmação de Brotto, 2002:
A convivência é uma condição inexorável da vida
cotidiana. Na medida em que melhoramos a qualidade de
nossas relações inter-pessoais e sociais, aperfeiçoamos
nossas competências para gerar soluções benéficas para
problemas comuns e aprimoramos a qualidade de vida na
perspectiva de melhorá-la para todos.
Nos jogos cooperativos pode-se envolver a brincadeira, a ginástica, a
dança, as lutas, o esporte e considerando ainda uma grande melhoria na
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qualidade de vida. Através das suas dimensões, garantem o despertar pela
atividade física ou exercício físico, estimulando os benefícios sem que haja
cobranças de metas a serem alcançadas. Tornado assim lúdico e constituindo
uma prática prazerosa (BROTTO, 2002).
4-CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a revisão de literatura pode-se observar a importância de dietas
hipocalóricas e exercícios físicos regulares, associados ainda a bons hábitos,
para manter saudáveis as crianças que estão com sobrepeso ou com
obesidade no âmbito escolar. Através de pesquisas sobre os benefícios dos
exercícios físicos pode-se concluir que com os exercícios aeróbios regulares as
crianças podem ter grande redução de gordura corporal, sem perder massa
magra, evitando problemas de saúde, como a diabetes mellitus não insulino-
dependente, tal com a hipertensão e hipercolesterolemia, melhorando ainda a
aptidão física e satisfação corporal.
A intervenção do professor de educação física, para os alunos que tem
obesidade, deve ser cada vez mais disponibilizada em todas as escolas, com
maior importância, pois a obesidade infantil vem crescendo conforme estudos
de McArdle et al (1998), possibilitando a eles o estímulo físico necessário para
melhorar a qualidade de vida, ao mesmo tempo em que lhes traga a sensação
de bem estar e satisfação em atividades apresentadas pelo professor nas aulas
de educação física escolar.
Os exercícios físicos trabalhados em aula, com forma lúdica e mesmo
cooperativa, podem favorecer a formação do hábito do exercício físico e ajudar
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na perda ponderal dos alunos, sendo ainda muito importante à conscientização
dos mesmos a realizarem regularmente os exercícios para manter as aptidões
físicas adquiridas e manutenção dos hábitos saudáveis de vida.
Na educação física escolar, na educação fundamental, principalmente nos
1º e 2º ciclo, os alunos estão em formação corporal, sendo possível uma maior
intervenção do docente, no que se trata de corporeidade e construção de
conhecimento, no que permite grandes chances de reversão do quadro de
obesidade infantil, favorecendo a esses alunos mudanças de hábitos e
melhoria na qualidade de vida, formando um cidadão consciente.
5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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