óleo de soja - processamento
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Tecnologia para produodo leo de soja:
descrio das etapas,equipamentos, produtose subprodutos
Londrina, PR2001
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria
Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
Centro Nacional de Pesquisa de Soja
ISSN 1516-781X
Setembro, 2001
171
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Embrapa 2001
Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:
Embrapa SojaRodovia Carlos Joo Strass - Distrito de WartaCaixa Postal, 231 - CEP: 86001-970Fone: (43) 371 6000Fax: (43) 371 6100
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1 edio1 impresso 09/2001: tiragem: 1000 exemplares
Todos os direitos reservados.A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte,
oconstitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610).
Mandarino, Jos Marcos GontijoTecnologia para produo do leo de soja: descrio
das etapas, equipamentos, produtos e subprodutos / JosMarcos Gontijo Mandarino, Antnio Carlos Roessing. -Londrina: Embrapa Soja, 2001
40p. --(Documentos / Embrapa Soja, ISSN 1516-781X;n. 171).
1.Soja-leo. 2.Tecnologia de Alimento. 3.leo vegetal.
I. Roessing, Antnio Carlos. II.Ttulo. III.Srie.CDD 664.368
ALEXANDRE LIMA NEPOMUCENOANTNIO RICARDO PANIZZI
CARLOS ALBERTO ARRABAL ARIASFLVIO MOSCARDIJOS FRANCISCO F. DE TOLEDOLO PIRES FERREIRANORMAN NEUMAIERODILON FERREIRA SARAIVA
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Jos Marcos Gontijo Mandarino
Farmacutico-Bioqumico, M.Sc.Embrapa Soja, Caixa Postal, 231CEP 86001-970 - Londrina, [email protected]
Antonio Carlos Roessing
Engenheiro Agrnomo, Ph.D.Embrapa Soja, Caixa Postal, 231CEP 86001-970 - Londrina, [email protected]
Autores
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Apresentao
impossvel cobrir, num s texto, todos os tpicos necessrios ao bom
domnio de um tema como os processos tecnolgicos da industrializao da
soja. Por essa razo, o objetivo deste documento se resume numa descrio
sucinta das principais etapas do processamento da soja e dos equipamentos
necessrios para tal.
O documento endereado principalmente a tcnicos envolvidos com a
agroindustrializao da soja, estudantes, profissionais da Assistncia Tcnica,
oficial e privada e profissionais liberais em geral que atuam na rea agrcola.
Este texto procura informar, da maneira mais didtica possvel, os diversos
aspectos do processamento da soja, incluindo custos, at o consumidor final.
Espera-se, dessa maneira, estar contribuindo para o avano da Pesquisa eDesenvolvimento desse produto to importante na economia nacional.
Jos Renato Bouas Farias
Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento
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Sumrio
Resumo
Abstract
1. Armazenamento
2. Preparao2.1. Pr-Limpeza2.2. Descascamento2.3. Condicionamento2.4. Triturao e Laminao2.5. Cozimento
3. Extrao do leo Bruto3.1. Prensagem Mecnica3.2. Extrao com Solvente Orgnico
3.3. Extrao Semicontnua3.4. Extrao Contnua3.5. Destilao de Miscela3.6. Dessolventizao e Tostagem do Farelo3.7. Recuperao do Solvente
4. Processo de Refinao do leo Bruto4.1. Degomagem4.2. Neutralizao
4.2.1. Neutralizao Descontnua4.2.2. Neutralizao Contnua4.2.3. Neutralizao pelo Mtodo Zenith4.2.4. Rendimento da Neutralizao
4.3. Branqueamento4.4. Desodorizao
5. Aproveitamento da Borra
6. Refinao Fsica
7. Hidrogenao
7.1. Hidrogenao Descontnua7.2. Hidrogenao Contnua
Referncias Bibliogrficas
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descrio das etapas,equipamentos, produtose subprodutos
Resumo
Os processos de industrializao de soja no Brasil, apesar de tecnologicamente
semelhantes aos de outros pases, podem ganhar competitividade com
investimentos em tecnologia, principalmente no fator escala. O objetivo do
trabalho foi descrever os processos tecnolgicos para produo de leo desoja, suas etapas, os equipamentos e os produtos e subprodutos resultantes.
Alm disso, calculou-se o custo do processo, desde a produo do farelo at o
leo refinado.
palavras chave: agronegcio, soja, processos industriais, custos.
AbstractSoybean crushing processes in Brazil, which are technologically similar to the
ones adopted in other countries, can achieve improved competitiveness as a
result of investments in technology, mainly in the factor of industrial scale. The
objective of this paper was to describe the technological processes for the
production of soybean oil, their steps and equipments, and their final products
and subproducts. Additionally, processing costs were estimated, from meal to
refined oil.
Key words: agribusiness, soybean, crushing processes, costs.
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Tecnologia para produodo leo de soja:
descrio das etapas,equipamentos, produtose subprodutos
1Jos Marcos Gontijo Mandarino
1Antonio Carlos Roessing
1 Pesquisador da Embrapa. Caixa Postal 231 CEP 86001-970 Londirna PR
O processo de industrializao da soja, de maneira geral, divide-se em duas
etapas principais: a produo de leo bruto, tendo como resduo o farelo, e o
refino do leo bruto produzido.
A obteno do leo bruto e do farelo ocorre em trs etapas:
1) armazenamento dos gros;
2) preparao dos gros;
3) extrao do leo bruto.
1. Armazenamento
No perodo que antecede o processo da produo do leo bruto e do farelo,
deve-se salientar a importncia das condies do armazenamento da soja, pois
incidem diretamente no rendimento e na qualidade do produto final. Quando as
sementes oleaginosas so armazenadas em ms condies, podem ocorrer
problemas, tais como: aquecimento da semente, chegando at a carbonizao,0caso esteja com umidade acima da crtica (13 C); aumento de acidez;
escurecimento do leo contido na semente, tornando difcil a refinao e a
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clarificao; modificaes organolticas, influindo no sabor e no aroma dos
farelos e leos produzidos, e modificaes estruturais, como a diminuio do
ndice de iodo aps armazenamento prolongado da semente de soja.
2. Preparao
2.1. Pr-limpeza
Os gros colhidos nos campos de produo ou armazenados nos centros de
distribuio so transportados por via rodoviria, ferroviria ou hidroviria at
as indstrias de esmagamento.
Na matria-prima recebida, so avaliados por amostragem: o teor de umidade,
a quantidade de material estranho e a incidncia de gros quebrados, avariados
e ardidos. Muitas impurezas, freqentemente, se misturam aos gros. A
eliminao da sujidade mais grossa antes do armazenamento na indstria
denominadapr-limpeza.
realizada por mquinas especiais, dotadas de peneiras vibratrias ou de outro
dispositivo, que separam os gros dos contaminantes maiores. A pr-limpeza,
antes do armazenamento, diminui os riscos de deteriorao e reduz o uso
indevido de espao til do silo.
2.2. Descascamento
Os gros limpos, dos quais se deseja separar os cotildones (polpas) dos
tegumentos (cascas), no devem sofrer compresso durante o descascamento,
pois nesse caso, parte do leo passaria para a casca e se perderia, uma vez
que as cascas, normalmente, so queimadas nas caldeiras destinadas
gerao de calor ou vapor nas indstrias. Os descascadores so mquinas
relativamente simples, onde as cascas so quebradas por batedores ou facas
giratrias e so separadas dos cotildones por peneiras vibratrias e insuflao
de ar.
2.3. Condicionamento
Os cotildones separados (duas metades) aps o descascamento sofrem um
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0aquecimento entre 55 e 60 C.
2.4. Triturao e laminao
A extrao de leo dos gros facilitada pelo rompimento dos tecidos e das
paredes das clulas. A triturao e laminao diminui a distncia entre o centro
do gro e sua superfcie e aumentando, assim, a rea de sada do leo.
A triturao e a laminao so realizadas por meio de rolos de ao inoxidvel
horizontais ou oblquos. Os flocos ou lminas obtidas possuem uma espessura
de dois a quatro dcimos de milmetro, com um a dois centmetros de
superfcie.
A desintegrao dos gros ativa as enzimas celulares, especialmente a lipase e
a peroxidase, o que tem um efeito negativo sobre a qualidade do leo e da
torta ou farelo. Portanto, a triturao dos cotildones e a laminao das
pequenas partculas obtidas devem ser efetuadas o mais rpido possvel.
2.5. Cozimento
O processo de cozimento visa o rompimento das paredes celulares para facilitar
a sada do leo. O cozimento se processa em equipamentos denominados
cozedores, constitudos de quatro ou cinco bandejas sobrepostas, aquecidas
a vapor direto ou indireto. O aquecimento indireto feito na camisa de vapor
do cozedor e o direto se d com a introduo direta de vapor no interior do
mesmo que, alm de umidecer o material, possibilita uma rpida elevao da
temperatura. Nesse processo, a temperatura e a umidade dos flocos so0 0elevadas de 70 C a 105 C e 20%, respectivamente.
O aumento da umidade dos flocos, o rompimento das paredes celulares e o
subseqente aumento na permeabilidade das membranas celulares, facilita a
sada do leo, diminuindo sua viscosidade e sua tenso superficial, o que
permite a aglomerao das gotculas de leo e sua subseqente extrao.
O cozimento coagula e desnatura parcialmente as protenas e inativa enzimas
lipolticas, o que diminui a produo de cidos graxos livres e o contedo de
compostos de enxofre. O cozimento tambm diminui a afinidade do leo pelaspartculas slidas do gro.
Na ltima bandeja, a mais baixa, os flocos so submetidos secagem, que ser
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3. Extrao do leo Bruto
Nas plantas de indstrias esmagadoras mais antigas, o leo parcialmenteextrado por meio mecnico de presso em prensas contnuas ou expelers,
seguido de uma extrao com solvente orgnico. A torta que deixa a prensa
submetida ao do solvente orgnico, que dissolve o leo residual da torta,
deixando-a praticamente sem leo. O solvente recuperado e o leo separado do
solvente misturado ao leo bruto que foi retirado na prensagem. Essa mistura
dos dois leos submetida a uma filtrao para eliminar suas impurezas
mecnicas, que so partculas arrastadas dos cotildones dos gros. A torta ou
farelo extrado, contendo menos de 1% de leo, submetido a uma moagem e em seguida armazenado em silos ou ensacado.
Nos processos mais modernos, os flocos so introduzidos diretamente
nos extratores e o leo extrado diretamente com o solvente orgnico.
3.1. Prensagem Mecnica
A prensagem mecnica realizada em prensas contnuas onde, ocorre a remooparcial do leo, seguida pela extrao com o solvente orgnico, constituindo o
chamado processo misto.
Os gros entram na prensa ou expeller (Figura 1) por meio de um eixo
alimentador. A prensa consiste de um cesto formado de barras de ao
retangulares distanciadas por meio de lminas. O espaamento das barras
regulado para permitir a sada do leo e, ao mesmo tempo, atuar como filtro
para as partculas do resduo da prensagem (torta). No centro do cesto gira,
uma rosca que movimenta o material para frente, comprimindo-o ao mesmo
tempo. A presso regulada por meio de um cone na sada e pode alcanar2centenas de atmosferas por cm .
3.2. Extrao com solvente orgnico
Nesse processo, o leo obtido por meio de extrao com solvente qumico
orgnico. O solvente utilizado atualmente o hexano, com ponto de ebulioprximo de 70C.
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Figura 1. Prensa contnua Expeller: 1- Motor eltrico, 2- Redutor, 3- Entrada dos groscondicionados, 4- Rosca helicoidal, 5- Cesto, 6- Cone de sada, 7- Sada do farelo outorta
Os flocos laminados so introduzidos no extrator e o leo aparece no material
submetido extrao de duas formas: na forma de uma camada ao redor das
partculas laminadas, que recuperado por processo de simples dissoluo, ou
contido nas clulas intactas, sendo removido do interior destas por difuso.
A extrao consiste em dois processos: o de dissolio, rpido e fcil, e o de
difuso, mais demorado, dependente da mistura de leo e solvente atravs
da parede celular semi-permevel. Assim, durante a extrao, a velocidade do
desengorduramento dos gros laminados , no comeo, muito rpida,
decrescendo com o decurso do processo. Na prtica, no ocorre extrao
completa. O menor contedo de leo no farelo aps a extrao gira em torno
de 0,5% a 0,6%.
A soluo do leo no solvente chamada miscela e o fator que define a
velocidade de extrao a obteno do equilbrio no sistema leo-miscela-
solvente. As principais condies que facilitam o processo de difuso so a
espessura dos flocos resultantes da laminao, a temperatura prxima ao
ponto de ebulio do solvente 70C, e a umidade apropriada do material.
O hexano satisfaz uma srie de exigncias de um solvente apropriado: dissolve
com facilidade o leo, sem agir sobre outros componentes dos gros; possui
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composio homognea e estreita faixa de temperatura de ebulio; imiscvel
em gua, com a qual no forma azetropos; e tem baixo calor latente de
ebulio. Contudo, apresenta algumas desvantagens, tais como a alta
inflamabilidade e, atualmente, o alto custo. Portanto, o uso de outrossolventes, como o etanol, pode oferecer uma possibilidade industrial no futuro.
3.3 Extrao Semicontnua
Normalmente, esta extrao efetuada empregando-se uma bateria de trs a
seis extratores que apresentam tanques cada um com uma tela na parte
inferior.
O solvente movimenta-se em contra-corrente com o material, ou seja,
o solvente novo entra em um extrator que contm o material quase
completamente desengordurado e bombeado atravs dos tachos seguintes,
produzindo uma miscela cada vez mais concentrada, sendo o ltimo extrator
carregado com material no desengordurado. Subseqentemente, faz-se a
descarga do primeiro extrator que, em seguida, passa a ser o ltimo do grupo.
O sistema simples, a construo e a montagem rpidas e osaparelhos exigem uma pequena rea. No entanto, o rendimento de leo
relativamente baixo e exige mais mo-de-obra.
3.4. Extrao Contnua
Os sistemas contnuos foram introduzidos no Brasil em meados dos anos 50
(1955 1958). Quase todos foram importados ou construdos no Brasil com
know-how estrangeiro, com exceo do sistema CODIC.
O sistema CODIC consiste em roscas colocadas em posio inclinada. A parte
inicial da rosca alargada, sendo a torta proveniente da pr-prensagem
mergulhada em um banho de solvente ou miscela e transferida por movimento
espiral para o extrator seguinte.
Em algumas instalaes, a rotao dos extratores varivel; outros efetuam a
passagem da miscela de um extrator para o outro por fora gravitacional. Essesistema de fcil construo e montagem e de custo relativamente baixo. A
quantidade de mo-de-obra empregada muito menor do que na extrao
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semi-contnua. A torta permanece em contato com a miscela por um perodo
determinado, e a extrao da massa uniforme. Porm, devido
movimentao da massa, existe o problema da presena de finos, em
quantidades s vezes excessiva.
O sistema LURGI, usado em algumas indstrias nacionais, utiliza uma esteira
horizontal munida de semicanecas. A esteira movimenta-se independente de
uma tela ou chapa perfurada que tambm gira. Uma vlvula rotativa regula o
enchimento das canecas que, depois de atingirem o fim da esteira, continuam
o percurso, deixando cair o seu contedo e retornando. O solvente e a miscela,
respectivamente, so injetados na esteira superior e tela inferior, o que
assegura a extrao completa, sendo o material extrado entregue no final dasada e depois transportado para os secadores ou dessolventizadores.
O extrator contnuo MIAG trabalha com o princpio semelhante, mas usando
canecas inteiras.
O sistema SMET, um dos mais usados no pas, utiliza tambm uma esteira e
baseia-se no princpio da chuva de solvente. O extrator consiste de um corpo
horizontal de chapa soldada, no qual o material a ser extrado levado pelaesteira, constituda por uma srie quadros articulados. Um registro regula a
altura da camada do material a ser extrado, sobre o qual h uma srie de
atomizadores do solvente. Sob a esteira transportadora, h uma srie de
receptculos da miscela. Cada receptculo ligado a uma bomba centrfuga,
que alimenta um atomizador correspondente, enquanto cada seo de irrigao
seguida de uma seo de escorrimento da miscela.
Aps a sada do material, a esteira transportadora continuamente limpa poruma escova cilndrica rotatria. O material no sendo submetido a nenhum
movimento e constituindo uma espessa camada, faz com que a miscela saia
praticamente livre de finos e sua filtrao pode ser, em geral, dispensada.
O sistema ROTOCEL tem a forma de um cilindro dividido em setores, nos
quais colocada a matria-prima (flocos), mantidos baixa rotao. A matria
inicial percolada pela miscela mais concentrada e depois gradativamente, com
miscelas mais diludas, at a entrada do solvente puro, onde a parte inferiorcom uma tela se abre e deixa cair a torta ou farelo, que transferido para o
dessolventizador. Devido ao seu formato, a instalao ocupa menos espao do
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que outros extratores contnuos, no h movimentao da massa e pode-se
alcanar boa altura do material nos compartimentos individuais, o que, como
no sistema de SMET, impede a contaminao da miscela com os finos.
3.5. Destilao da Miscela
A miscela que sai do extrator usualmente filtrada, para remover os finos, e
transferida para um destilador contnuo, no qual o leo separado do solvente0por aquecimento sob vcuo, temperatura de 70 C a 90C. Nesse
equipamento, o contedo de solvente no leo pode ser reduzido at cerca de
5%. O hexano residual destilado em um evaporador de filme com insuflao
de vapor direto.
3.6. Dessolventizao e tostagem do farelo
O farelo de soja deve passar por um processamento trmico para inativar os
fatores antinutricionais como os inibidores de tripsina, as lectinas ou
fitohemaglutininas, bem como as substncias que causam o sabor indesejvel.
H alguns anos, a dessolventizao do farelo, era efetuada em secadores de
roscas horizontais. Atualmente, o equipamento mais usado odessolventizador-tostador, um aparelho vertical que combina a evaporao do
solvente com uma coco mida.
Esse equipamento consiste de sete estgios. O vapor direto entra no segundo
estgio, sendo distribudo pelo farelo no terceiro estgio atravs de venezianas
laterais. O solvente eliminado quase completamente nos dois primeiros
estgios, com simultnea umidificao do farelo, que adquire um teor de 18%
a 20% de umidade. Nos estgios seguintes, o farelo tostado e, a fim de
reduzir esse teor de umidade ao limite desejado, o material novamente seco
aps a sada do tostador. O tempo de permanncia do farelo no tostador de
cerca de uma hora e a temperatura nos estgios individuais de 85C a
115C. Alguns desses aparelhos tm altura total de 10 metros e recuperam o
solvente, efetuando a tostagem de at 1000 toneladas de farelo de soja em 24
horas. O produto final armazenado em silos e sua umidade no deve
ultrapassar 12%.
3.7. Recuperao do Solvente
A dessolventizao da miscela e do farelo remove praticamente todo o solvente
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utilizado na extrao do leo. A solubilidade do hexano na gua, proveniente
do vapor direto usado durante a dessolventizao e tostagem, mnima. A
principal causa de perda do solvente , portanto, a mistura incondensvel
formada entre seus vapores e o ar. A recuperao do solvente contido nessa
mistura efetuada com o emprego de compressores de frio ou, nas instalaes
mais modernas, por colunas de absoro com leo mineral. Isso possvel
devido maior solubilidade do hexano em leo mineral do que no ar. Nessas
instalaes, os gases incondensveis entram na parte inferior da coluna e o
solvente absorvido pelo leo mineral em contracorrente, sendo esse contato
aumentado por meio de anis Raschig ou por atomizao.
A seguir, apresenta-se o esquema simplificado do processo de extrao
recepo
pr-limpeza
secagem 14% de umidade
armazenagem
secagem 10,5% a 11% de umidade
quebra
descasque cascas
condicionamento 55 a 60 C
laminao 0,25mm a 0,35mm de espessura
solvente recuperado solvente recuperado
Micela (extrator)
extrao com solvente orgnico
(hexana comercial)
flakes midos desengordurados
leo + solvente
desolventizao / tostagem
evaporao
secagem / resfriamento
degomagem
leo de soja brutomoagemdegomado
farelo de soja desengordurado
Figura 02. Processamento para obteno do leo de soja bruto e do farelodesengordurado.
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4. Processo de refinao do leo bruto
A refinao pode ser definida como um conjunto de processos que visam
transformar os leos brutos em leos comestveis. Embora existam casos deconsumo de leos brutos, como o azeite de oliva, e o azeite de dend. A
finalidade da refinao uma melhora de aparncia, odor e sabor do leo
bruto, por meio da remoo dos seguintes componentes:
a) substncias coloidais, protenas, fosfatdeos e produtos de sua
decomposio;
b) cidos graxos livres e seus sais, cidos graxos oxidados, lactonas, acetais epolmeros;
c) substncias coloridas como clorofila, xantofila, carotenides, incluindo-se
neste caso o caroteno ou pr-vitamina A;
d) substncias volteis como hidrocarbonetos, lcoois, aldedos, cetonas e
steres de baixo peso molecular;
e) substncias inorgnicas como os sais de clcio e de outro metais, silicatos,
fosfatos, dentre outros minerais; e
f) umidade.
As principais etapas do processo de refinao do leo bruto de soja so:
4.1. degomagem ou hidratao;
4.2. neutralizao ou desacidificao;
4.3. branqueamento ou clarificao;
4.4. desodorizao.
4.1. Degomagem
Esse processo tem a finalidade de remover do leo bruto os fosfatdeos,
dentre eles a lecitina, que possui valor comercial, as protenas e as substncias
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coloidais. A degomagem reduz a quantidade de lcali a ser utilizado durante a
subseqente etapa de neutralizao. A quantidade de fosfatdeos no leo bruto
de soja pode alcanar teor em torno de 3%. Os fosfatdeos e as substncias
coloidais chamadas gomas, na presena de gua, so facilmente hidratveise tornam-se insolveis no leo, o que possibilita sua remoo.
O mtodo de degomagem mais utilizado consiste na adio de 1% a 3% de0gua ao leo bruto aquecido a 60 C-70C, sob agitao constante, durante 20
a 30 minutos. O precipitado formado, removido do leo por centrifugao a
5000rpm/6000rpm. As gomas, assim obtidas, que contm 50% de umidade,
so secas sob vcuo (aproximadamente 100 mm de Hg de presso)
temperatura de 70C a 80C.
O produto denominado lecitina comercial, que extrada nessa etapa, consiste
em cerca de 60% da mistura de fosfatdeos (lecitina, cefalina e fosfatidil-
inositol), 38% de leo e 2% de umidade.
A degomagem pode ser efetuada tambm de maneira contnua, injetando gua
ao leo aquecido a 60C. O tempo de hidratao , nesse caso, reduzido a
alguns minutos.
Um outro mtodo de degomagem utiliza de 0,1% a 0,4% de cido fosfrico
numa concentrao de 85%, que misturado com o leo bruto temperatura
de 60C a 65C, seguido, s vezes, pela adio de 0,2% de terra diatomcea
ou terra branqueadora. A separao das gomas se d por filtrao ou
centrifugao.
Enquanto a degomagem com gua remove usualmente de 70% a 80% dosfosfatdeos presentes no leo bruto, o tratamento com cido fosfrico permite
a remoo de 90% das gomas, mas a lecitina resultante impura. O esquema
simplificado de degomagem apresentado na Figura 03.
4.2. neutralizao
A adio de soluo aquosa de lcalis, tais como, hidrxido de sdio, ou s
vezes carbonato de sdio, elimina do leo de soja degomado os cidos graxos
livres e outros componentes definidos como impurezas (protenas, cidos
graxos oxidados e produtos resultantes da decomposio de glicerdeos). O
processo acompanhado por branqueamento parcial do leo.
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leo Bruto
Misturador
Fosfolipdeos
PigmentosBorraCentrfugaleo Bruto
Metais
leo Degomado
gua
Figura 03. Degomagem do leo bruto.
A neutralizao ocorre na interfase do leo e da soluo alcalina. Sendo essas
fases no intersolveis, a neutralizao exige uma disperso da soluo alcalina noleo. Existem dois mtodos principais de neutralizao: o mais antigo o
descontnuo e o mais moderno o contnuo. Alm disso, existem dois modos de
aplicao da soluo alcalina: a adio de soluo de hidrxido de sdio ao leo,
mtodo mais usado, e a adio de leo soluo aquosa de hidrxido de sdio,
mtodo contnuo Zenith. De acordo com o contedo de cidos graxos livres no
leo bruto, aplicam-se diferentes concentraes de soluo alcalina e condies
de processo apropriadas. Atualmente o processo descontnuo s utilizado em
indstrias de pequeno porte; o processo Zenith s usado por uma indstria noBrasil.
4.2.1 Neutralizao Descontnua
O leo colocado num tacho com capacidade de 6 toneladas a 15 toneladas,
que provido de agitador mecnico, camisa ou vapor indireto e chuveiro ou
atomizador para a soluo alcalina e para a gua, respectivamente (Figura 4).
As concentraes de hidrxido de sdio e outros parmetros da neutralizao so
apresentados na Tabela 1.
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Figura 4. Neutralizador descontnuo:1- Motor eltrico,2- Atomizador,3- Agitador,4- Entrada do vapor,5- Sada do condensado,6- Deaerao da camisa de vapor,7- Escoamento do leo neutralizado
Tabela 01. Concentraes de hidrxido de sdio na neutralizao.
Percentagem de cidosgraxos livres no leo
Concentrao (%) da soluode hidrxido de sdio
Temperatura finaldo leo (C)
1 a 1,5
1,5 a 3,0Acima de 3,0
3 a 5
5 a 1012 a 18
90 a 95
65 a 7050 a 55
No caso do leo com baixa acidez, adiciona-se, s
vezes, a soluo aquosa e quente, de hidrxido de sdio, ao leo aquecido a
90C 95C, sem agit-lo. Aos leos com acidez elevada, a soluo alcalina
mais concentrada adicionada, temperatura ambiente, sob intensa agitao,
para facilitar o contato entre as duas fases. Depois de 15 a 30 minutos,aquece-se a mistura temperatura apropriada (50C a 70C) para quebrar a
emulso, com velocidade do agitador reduzida. Em seguida, a mistura
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deixada em repouso por algumas horas at a separao do sabo formado ou
da chamada borra. Aps a retirada da borra pela torneira no fundo do
tacho, o leo lavado de trs a quatro vezes com pores de 10% a 20% de
gua fervente, em relao quantidade de leo, deixando a carga em repouso
por cerca de 30minutos a cada lavada.
4.2.2. Neutralizao Contnua
A maioria das indstrias esmagadoras de soja utiliza o mtodo contnuo, que
permite economia de tempo e de perdas no processo. A soluo de hidrxido
de sdio adicionada ao leo aps seu aquecimento temperatura de 65C a
90C. O leo neutralizado separado da borra por centrifugao. Alm do
hidrxido de sdio, existe a possibilidade do emprego do carbonato de sdio ou
da mistura de ambos os reagentes; o gs carbnico formado durante a
neutralizao eliminado por um dispositivo especial. O uso do carbonato de
sdio reduz a saponificao do leo neutro ao mnimo, mas afeta a eliminao
dos fosfatdeos, corantes e outras impurezas. Por isso, sua aplicao diminuiu
nos ltimos anos.
O leo neutralizado submetido a uma ou duas lavagens com pores de 10%
a 20% de gua aquecida temperatura de 80C a 90C e centrifugado
novamente para remover o sabo residual.
4.2.3. Neutralizao pelo mtodo Zenith
Nesse sistema, o leo bruto aquecido a 95C sobe, em forma de gotculas com
1 mm de dimetro, atravs de uma coluna de soluo alcalina diluda e pr-
aquecida a 95C.
O sistema consiste de trs unidades: a primeira serve para o tratamento com
cido fosfrico; a segunda, como neutralizador propriamente dito, no qual o
leo, transformado em gotculas por um dispositivo de aletas, entra em contato
com a soluo de hidrxido de sdio; e a terceira elimina os traos dos sabes
no leo neutralizado, por meio da adio de cido ctrico. Nesse sistema, as
perdas so mnimas, apesar do fato de a separao do leo e da soluo de
sabes ser efetuada por fora de gravidade, sem o uso de centrfugas.
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4.2.4. Rendimento da neutralizao
As perdas resultantes da neutralizao so devidas ao arraste de leo neutro
pela borra e pela saponificao do leo neutro por excesso de soluo de
hidrxido de sdio empregada. H dois modos de se expressar a perda ou
rendimento. Um deles consiste em relacionar a quantidade percentual de leo
neutro obtido com a percentagem de leo neutro presente no leo brutoAssim,
o rendimento de neutralizao igual a
% de leo neutralizado obtido x 100
% de leo neutro presente no leo bruto
Uma neutralizao eficiente resulta num valor acima de 99%.
O outro mtodo, relaciona a perda percentual do leo resultante da
neutralizao com o contedo de cidos graxos livres presentes no leo bruto.
Assim, o chamado fator de perda igual a:
% da perda na neutralizao
% de cidos graxos livres no leo bruto
Em geral, esse fator fica abaixo de dois, mas depende da acidez e do contedo de
impurezas presentes no leo bruto. Na Figura 5, apresenta-se o esquema resumido
do processo de neutralizao.
4.3. Branqueamento
O processo de degomagem remove boa quantidade dos pigmentos presentes
no leo de soja e a neutralizao com lcalis tambm apresenta um efeito
branqueador, devido coagulao e ao qumica, respectivamente.
Entretanto, os consumidores exigem, leos quase incolores, o que atingido
pela adsoro dos pigmentos com terras clarificantes, ativadas ou naturais,
misturadas, s vezes, com carvo ativado, em propores que variam de 10:1
a 20:1. As terras ativadas so quimicamente preparadas a partir de silicato de
alumnio. As terras naturais tm um poder clarificante bem inferior quele das
terras ativadas, mas seu preo bem mais baixo e elas retm menos leo.
O leo neutralizado e lavado sempre contm umidade mesmo aps a
centrifugao. A ao das terras clarificantes mais eficiente no meio anidro e,
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leo degomado
Misturador
Centrfuga Borra
cidolcali
2F.F.A.SabesFosfatdeosCarotenidesMetais Pesadosleo Neutro
SabesFosfatdeosleo Neutro
Centrfuga
Secador
leo Neutro Seco
Misturador
Figura 5. Neutralizao do leo degomado
portanto, a primeira etapa do branqueamento a secagem. No processo
contnuo da neutralizao, essa secagem , s vezes, efetuada de maneira
contnua. Alternativamente, o leo seco no branqueador a temperaturas entre
80C e 90C, sob vcuo, durante 30 minutos. Em seguida, a terra clarificante
adicionada, usualmente por suco, na quantidade apropriada. O leo
misturado com a terra clarificante por meio de agitao temperatura de 80C
a 95C durante 20 a 30 minutos. Subseqentemente, o leo resfriado a 60C
70C e filtrado em filtros prensa.
No Brasil, o branqueamento realizado de maneira descontnua.
Entretanto, existem indstrias esmagadoras que empregam o processo
contnuo, no qual a terra clarificante introduzida ao leo aquecido na forma
2 F.F.A: cidos graxos livres (free fat acids)
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de uma suspenso a 10%. A mistura de leo e de terra passa atravs do
branqueador durante cerca de 20 minutos e depois bombeada ao filtro
prensa. Dos vrios tipos de filtro prensa, o mais usado o de placa, que
permite a obteno de bolo (resduo) de grande espessura. Por outro lado, asaltas temperaturas aplicadas durante o branqueamento e na subseqente
desodorizao facilitam o branqueamento trmico, reduzindo assim a
quantidade de terra clarificante necessria para obteno da cor desejvel no
produto acabado. Assim, processos de branqueamento do leo de soja que
anteriormente necessitavam de 2% a 3% de terra clarificante precisam agora
de 0,1% a 0,5%.
Depois da filtrao, o bolo no filtro contm aproximadamente 50% de leo. Aaplicao de ar comprimido reduz esse contedo a 30% 35%. O contedo de
leo pode ser ainda mais reduzido com insuflao de vapor direto, mas isso
tem efeito adverso sobre os panos do filtro prensa e produz um leo de baixa
qualidade. O bolo de filtragem, depois desse tratamento, usualmente
desprezado. Um esquema simplificado do processo de branqueamento
apresentado na Figura 6.
leo Neutro
Secagem
leoNeutro seco
Borra
rgilaVcuo Pigmentos
AcidezSabesPerxidosAldedosFsforoMetais pesados
Filtro
leo Branqueado
Branqueador
Figura 6. Branqueamento do leo neutro seco.
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4.4. Desodorizao
A ltima etapa da refinao do leo de soja a desodorizao, que visa a remoo
dos sabores e odores indesejveis. Durante essa etapa so removidos:
a) compostos desenvolvidos na armazenagem e processamento dos gros e do
prprio leo, tais como, aldedos, cetonas, cidos graxos oxidados, produtos de
decomposio de protenas, carotenides, esteris, fosfatdeos e outros;
b) substncias naturais presentes no leo, tais como hidrocarbonetos insaturados
e cidos graxos de cadeia curta e mdia; e
c) cidos graxos livres e perxidos.
As substncias odorferas e de sabor indesejvel so, em geral, pouco volteis,
mas sua presso de vapor bem superior quela do cido olico ou esterico.
Assim, sob as condies mantidas durante o processo, ou seja, presso
absoluta de 2 mm Hg a 8 mm Hg e temperatura de 20C a 25C com
insuflao direta de vapor, alcana-se no somente a completa desodorizao
mas tambm uma quase completa remoo dos cidos graxos livres residuais.
O alto vcuo essencial, porque sua aplicao reduz o consumo de vapor
direto, o tempo do processo e o perigo de oxidao e hidrlise do leo.
O vcuo produzido por ejetores, bombas mecnicas ou ambos.
Anteriormente, o custo de obteno do vcuo nos dois sistemas era quase
igual e os ejetores apresentavam menor desgaste, devido ausncia de peas
mveis. Atualmente, o custo dos combustveis encareceu tanto a gerao de
vapor que as bombas mecnicas produzem vcuo a um custo bem menor do
que os ejetores. Existe, portanto, a tendncia de se usar bombas mecnicas em
novas instalaes industriais e mesmo substituir ejetores por bombas
mecnicas, nos sistemas existentes.
A desodorizao efetuada de maneira descontnua, semicontnua ou
contnua. O desodorizador descontnuo, usualmente um tacho vertical com
capacidade de 6 mil a 15 mil litros, munido com uma serpentina para o vapor
indireto e dispositivo para insuflao de vapor direto. Embora a presso
absoluta na superfcie do leo seja de poucos mm de Hg, a presso aumentagradualmente, descendo ao fundo do equipamento, devido crescente coluna
de leo e, portanto, o tempo de desodorizao estende-se de seis horas a oito
horas.
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Num desodorizador contnuo, devido ao alto vcuo (de 2 mm a 6 mm) e
temperatura de 240C a 260C, o tempo de desodorizao reduzido de uma
hora e meia a duas horas e meia.
Contudo, o aparelho mais usado nas indstrias de mdio e grande portes o
semicontnuo do tipo Girdler (Figura 7). O aparelho tem um corpo de ao
comum, no qual so colocadas cinco ou mais bandejas de ao inoxidvel. Nas
primeiras bandejas, o leo pr-aquecido, nas intermedirias aquecido
temperatura de 230C a 240C com insuflao de vapor direto e, na ltima,
resfriado a 40C 45C. O aquecimento efetuado por dow-therm (uma
mistura de difenila e xido de difenila), leo trmico ou, s vezes, por vapor
indireto de alta presso. O leo permanece em cada bandeja durante cerca de
meia hora, passando de uma para outra por controle automtico. O emprego
das bandejas oferece duas vantagens importantes: economia de ao inoxidvel
e proteo contra oxidao, com a vantagem adicional de que o ar oriundo de
qualquer vazamento escapa sem atingir o leo.
Figura 7. Equipamento Girdler de desodorizao semicontnua.
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Enquanto num desodorizador semicontnuo o resfriamento sempre efetuado
no prprio aparelho, o leo processado num desodorizador descontnuo
usualmente transferido por gravidade a um tacho, munido com uma serpentina
e um agitador, onde resfriado temperatura ambiente, sob vcuo. Depois do
resfriamento, o leo, em ambos os casos, armazenado em tanques,
preferencialmente de alumnio ou ao inoxidvel, sob a atmosfera de um gs
inerte, como nitrognio.
5. Aproveitamento da borra
A borra, que consiste na mistura de sabo, leo arrastado, substncias
insaponificveis e impurezas, tais como gomas e fosfatdeos, pode ser usadacomo tal para a fabricao de sabo em p ou em barra. O produto original
contm cerca de 50% de gua e, para reduzir o custo de seu transporte, a
matria graxa , s vezes, recuperada por acidificao com cido sulfrico, em
tachos de madeira revestidos com chumbo ou ao inoxidvel, resistentes
ao dos cidos minerais. Depois da separao da fase aquosa, a borra
acidulada contm usualmente mais de 60% de cidos graxos livres, sendo o
restante glicerdeos e substncias no graxas.
Existem instalaes de acidulao contnua de borra, nas quais o cido
sulfrico adicionado por meio de um proporcimetro, seguido de aquecimento
e separao de matria graxa da fase aquosa por centrifugao.
O produto assim obtido tem tonalidade mais clara e seu contedo de
impurezas menor do que com a acidulao descontnua.
6. Refinao fsica
A refinao, como realizada geralmente no Brasil e no exterior, uma mistura
de processos qumicos e fsicos. Das trs operaes principais da refinao, a
neutralizao com lcalis um processo qumico, enquanto o branqueamento e
a desodorizao so processos fsicos de adsoro e destilao,
respectivamente. Isso significa que, para tornar o processo atual em umprocesso fsico, necessrio substituir a neutralizao com lcalis por uma
desacidificao de carter diferente.
30 Tecnologia para produo do leo de soja
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Como mencionado anteriormente, a neutralizao alcalina apresenta alguns
aspectos desfavorveis: saponificao e arraste de leo neutro, com
resultantes perdas de refinao, dificuldades de se tratar leos com alta acidez
e produo de borras com baixo valor comercial. Pode-se tambm considerar
que o tratamento de um leo comestvel com soda custica (hidrxido de
sdio) um mtodo excessivamente drstico.
Essas e outras consideraes conduziram ao desenvolvimento de sistemas
alternativos de refinao. Um dos mais utilizados a substituio da
neutralizao com lcalis por destilao dos cidos graxos livres, o que tornou
este tipo de refinao em um processo essencialmente fsico.
As primeiras patentes industriais para a remoo de cidos graxos livres por
destilao, tiveram a finalidade de reduzir a acidez at um valor
suficientemente baixo para possibilitar a neutralizao alcalina e evitar perdas
de refinao. A finalidade dispensar completamente a neutralizao alcalina.
Para isso, so necessrias algumas modificaes no processo usual.
A degomagem indispensvel na refinao fsica e deve ser to completa
quanto possvel. Ela seguida pelo branqueamento, e o leo assim pr-tratado submetido destilao a vcuo, para remover os cidos graxos livres e
depois desodorizado, podendo ambos os processos ser conduzidos
simultaneamente em um desacidificador-desodorizador.
A degomagem completa apresenta problemas quando os leos apresentam alto
contedo de fosfatdeos, como o caso do leo de soja. O tratamento com
cido fosfrico parece ter um efeito favorvel. O tratamento com pequenas
quantidades (de 0,1% a 1%) de anidrido actico, seguido por lavagem comgua, produz um leo de soja de boa qualidade comestvel sem neutralizao
alcalina. A degomagem do leo de soja com detergentes sintticos tambm foi
proposta.
A segunda fase da refinao fsica o branqueamento, e esta fase
que determina a possibilidade de aplicar a desacidificao sem o emprego de
lcalis. Essa etapa conduzida com terras clarificantes, com ou sem adio de
carvo ativado. s vezes, a adio de um cido, por exemplo cido oxlico,ajuda no branqueamento.
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A possibilidade de remover os cidos graxos livres por destilao baseia-se na
considervel diferena entre os pontos de ebulio de cidos alifticos e seus
steres de glicerol. Esses pontos de ebulio variam de acordo com a presso
absoluta. Com a diminuio da presso, ocorre, tambm, a diminuio nospontos de ebulio, tanto dos cidos graxos quanto dos steres de glicerol e,
conseqentemente, do leo. Como, por exemplo, o ponto de ebulio do leo
de soja a uma presso absoluta de 0,05 mm de Hg de 308C, e 0,001 mm
Hg de 254C, e os pontos de ebulio dos steres trilaurina, tripalmitina e
triestearina so, respectivamente, 244C, 298C e 313C 0,05 mm de Hg e
188C, 239C e 253C 0,001 mm de Hg.
Alm do vcuo, o emprego do vapor de gua permite baixar a temperatura dedestilao dos cidos graxos. O processo pode ser conduzido em
desodorizadores descontnuos de ao inoxidvel, que trabalham com
temperatura acima de 200C e presso absoluta de 3 mm de Hg a 5 mm de
Hg, com algumas modificaes para transform-lo em um desacidificador.
Entretanto, melhores resultados so obtidos em desodorizadores semicontnuos
tipo Girdler, equipados com bandejas de ao inoxidvel, que trabalham
presso de 0,5 mm de Hg a 1 mm de Hg.
A refinao fsica reduz as perdas do leo e produz, ao invs de borra, cidos
graxos 80% a 90% puros. Entretanto, a contnua melhora na qualidade dos
leos brutos, com decrscimo da acidez, diminui as vantagens do processo.
Assim, encontram-se agora no mercado leos de soja brutos com 0% a 1% de
cidos graxos livres. Considerando esta baixa acidez e a dificuldade de sua
satisfatria degomagem, o leo de soja no se apresenta como uma matria-
prima prpria para a refinao fsica.
7. Hidrogenao
Antes da hidrogenao, todos os leos vegetais devem ser submetidos ao
processo de refinao e isto, claro, inclui o leo de soja. O hidrognio usado
no processo deve ser de alta pureza (99,5% ou mais). O monxido de carbono,
sulfeto de hidrognio e, em menor grau, o vapor d'gua, agem como
venenos, diminuindo gradativamente a atividade do catalizador, por meio do
envenenamento de seus centros ativos e, portanto, essas substncias nodevem estar presentes durante o processo de hidrogenao. No processo, so
utilizados diferentes catalizadores que aumentam suas eficincia e rapidez.
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A hidrogenao visa conservar o leo de soja, por meio da eliminao das
duplas ligaes entre os tomos de carbono dos cidos graxos insaturados,
que formam os triglicerdeos que compem o leo, bem como dos cidos
graxos livres. Essas duplas ligaes constituem-se em pontos de oxidao dosleos e sua conseqente rancificao. O leo de soja hidrogenado constitui-se
numa das matrias primas que entram na formulao para a produo de
margarinas.
7.1. Hidrogenao Descontnua
O leo purificado e seco bombeado para a autoclave que serve como
hidrogenador. Normalmente, esses equipamentos tm capacidade de cinco avinte toneladas, e sua altura deve ser duas vezes maior que o dimetro.
munido de um agitador, de preferncia na forma de uma turbina. Uma
serpentina serve para o aquecimento com vapor e para resfriamento com gua,
que necessrio para eliminar o considervel calor de reao e reduzir a
temperatura do leo no final do processo.
H duas maneiras de suprir o equipamento com hidrognio: o gs circulado
atravs do leo em agitao por meio de uma bomba, enquanto no sistemaalternativo a disperso do gs efetuada somente por agitao.
A reao exotrmica, ou seja, gera e libera calor para o meio, o que resulta
em um aumento de temperatura de 1,4C at 1,7C para diminuio de cada
unidade no ndice de iodo. A temperatura tima do processo situa-se entre
160C e 180C, mas na fase final pode alcanar 200C. A presso de
hidrognio de duas atmosferasa seis atmosferas na autoclave, normalmente
construda para uma presso mxima de 10 atmosferas.
O controle do processo efetuado retirando periodicamente amostras e
determinando o ndice de refrao do leo de soja, que est estritamente
relacionado ao ndice de iodo. Aps a obteno do desejado grau de
insaturao, o leo resfriado e filtrado atravs de um filtro-prensa.
7.2. Hidrogenao Contnua
Teoricamente, um sistema de hidrogenao contnua oferece uma srie de
vantagens. Na instalao descontnua, a autoclave serve no somente como
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reator, mas tambm como pr-aquecedor e recipiente durante a filtrao, o que
torna o processo descontnuo demorado. No processo contnuo, o pr-
aquecimento e o resfriamento podem ser efetuados utilizando a troca de calor,
que possibilita economia energtica e melhor utilizao do equipamento. Existeuma variedaade de sistemas que visam a hidrogenao contnua na forma de
uma srie de tanques reatores com agitao vertical. Outros modelos
consistem em colunas empacotadas com catalizador na forma de pellets,
atravs dos quais o leo de soja e o hidrognio passam no mesmo sentido ou
em contracorrente.
Custo de processamento de produtos derivados da soja farelo e leo
A fabricao do leo refinado de soja a partir do gro se processa em duas
etapas: extrao e refino.
Essas duas etapas do processo podem ser executadas por uma mesma
empresa ou por empresas distintas.
O custo de extrao do leo bruto de soja para uma esmagadora que processa
2.000 toneladas de soja por dia e que opera durante 300 dias por ano deUS$ 8,10/t de soja.
A composio do custo de extrao do leo bruto e de refino constam nas
Tabelas 2 e 3.
Tabela 2. Custo da extrao do leo bruto e do farelo de soja.
Itens Custos US$/t1. Energia eltrica
2. leo combustvel
3. Solvente (hexano)
4. Mo-de-obra direta
5. Materiais e despesas de manuteno
6. Depreciao
7. Remunerao do investimento
8. Servios administrativos9. Total
1,51
1,37
0,76
2,09
0,61
1,13
0,38
0,258,10
Fonte: Mdia das informaes de 5 empresas esmagadoras, em 1999.
34 Tecnologia para produo do leo de soja
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Tabela 3. Custo do refino do leo bruto de soja.
Tabela 4. Custo do leo bruto em uma planta extratora (US$/t).
Itens
Itens
Custos US$/t
Valores US$/t
1. Energia eltrica
2. leo combustvel e lenha
3. Insumos qumicos
4. Mo-de-obra direta
5. Materiais e despesas de manuteno
6. Depreciao
7. Remunerao do investimento
8. Servios administrativos
9. Total
1,66
1,67
2,45
1,98
0,80
8,09
3,86
0,68
21,19
Fonte: Mdia das informaes de 5 empresas esmagadoras, em 1999.
Utilizando os custos de extrao e de refino do leo de soja, conjuntamente
com os preos pagos pelo gro e recebidos pelo leo e farelo, por parte da
indstria, pode-se calcular o custo do leo bruto, como consta na Tabela 4.
a) preo da tonelada de soja na indstria
b) custo de esmagamento/t de soja
sub-total
(menos) sub-produto: farelo (0,79x143.47)
custo do leo bruto/t de soja
custo de uma t de leo bruto na indstria
(custo do leo/0,19)
165,34
8,10
173,44
113,34
60,10
316,31
Fonte dos dados bsicos: ABIOVE, 1999
O clculo realizado da seguinte maneira: o valor US$165,34 o preo que aindstria paga pela tonelada de soja (preo mdio de maio de 2001); US$8,10
o custo do esmagamento de uma tonelada de soja. US$173,44 significa a
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soma do custo da matria prima mais o custo do esmagamento. O valor
US$113,34 o preo de venda dos 790kg de farelo resultantes do
esmagamento de uma tonelada de soja (uma t de soja=79% de farelo). Como
o preo de venda de uma tonelada de farelo de US$143,47, o valor do fareloem uma tonelada de 0,79x143,47=113,34. O custo US$ 60,10 do leo
bruto por tonelada de soja esmagada (173,44-113,34). Para se conseguir uma
tonelada de leo bruto necessrio esmagar 5,263 t de soja gro (uma
tonelada de soja=19% de leo). Dessa forma, dividindo o custo de uma
tonelada de gros pelo ndice tcnico de extrao (19%), tem-se o custo da
extrao de uma tonelada de leo bruto, incluindo o custo da matria-prima.
Na Tabela 5 so apresentados os custos do leo refinado na refinadora. Nessaetapa, so consideradas duas situaes de aquisio do leo bruto. A primeira
a situao de uma extratora integrada refinadora, sendo o custo do leo
bruto, nesse caso, o constante da Tabela 4. A segunda situao a de uma
refinadora independente, que adquire leo bruto no mercado interno para
refinar.
Tabela 5. Custo do leo refinado de soja na refinadora, no perodo 2000/2001,segundo o nvel de integrao da refinadora (US$).
Itensrefinadora
integradaextratora independente
custo de aquisio do leo bruto
custo do refino do leo bruto
custo da t de leo refinado
custo do leo refinado caixa 20 u.
custo da embalagem e enlatamento
custo da caixa de papelo
custo total da caixa com 20 latas
de 900ml de leo refinado
Custo por lata de 900ml
316,31
21,19
337,50
5,89
2,82
0,15
8,86
0,443
319,47
21,19
340,66
5,94
2,82
0,15
8,91
0,446
Fonte: Tabelas de custos anteriores. Para transformar o custo do leo de tonelada em
unidades de 900ml utilizou-se o valor de 0,97 para a densidade do leo refinado.
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Analisando os dados da Tabela 5, pode-se verificar a importncia da matria-
prima na industrializao do leo de soja, pois a mesma participa com 66% do
custo final do produto.
Existe uma quantidade muito grande de produtos derivados da soja. No
entanto, esses produtos ainda no so responsveis pela formao da demanda
industrial da matria-prima. Na verdade, a grande demanda de soja ainda
aquela derivada de farelos proticos para alimentao animal, e isso se aplica
ao mundo todo. Os mercados segmentados esto crescendo, mas ainda no
conseguem alterar a oferta e preos da soja. A Tabela 6 d uma idia da
composio qumica da soja. Na Figura 8 apresenta-se o processo simplificado
dos principais itens que compem o Agronegcio da soja.
Como o ttulo do trabalho indica, o objetivo foi apenas a descrio das etapas e
do custo do processo tecnolgico de esmagamento da soja, no cabendo um
captulo conclusivo.
37Tecnologia para produo do leo de soja
RecursoNatural
Insumos
Exportao
Farelos Raes
leo Refinado
Refinarias
Gord. Hidrog.
Margarinas
Carnes
leo Bruto
Exportao
Alimentos Proteicos
Matria
Prima
Tecnologia(Pesquisa eExtenso
Indstria
Processadora
30%
70%
30%
Fonte: ABIOVE
Figura 8. Fluxograma dos principais itens do agronegcio da soja.
-
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38 Tecnologia para produo do leo de soja
Tabela6
.Composioqumicada
sojaemgro.
E
B1
B2
Niacina
SolveisHO
2
NoSolveisHO
2
To
tais
Energia
Kcal A
mg/100
gUmidade
%
Proteinas
%
Lipdios
%
Carboidratos
acares
g/100g
Cinzas
%
Ca
P
Fe
Na
K
Mg
mg/100g
mg
/100g
g/100g
Zn
Cu
Minerais
mg/100g
417
11,0
38,
0
19,0
23,
0
4,0
5,
0
240
580
220
980
9,4
1,
0
1900
3200
Fib
raAlimentar*
Vitaminas
12
1,
80
0,8
3
0,3
0
2,2
1,8
15,3
1
7,1
*Afibraalimentarconstitudapelote
ordasfibraspropriamenteditasepeloteordoscarboidratosinsolveis
Fonte:
KAGAWA,
1995.
fibra
s
g/100g
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39Tecnologia para produo do leo de soja
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