operação zelotes: decisões e despachos da 10ª vara federal
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DECISAO OPERAÇÃO ZELOTESTRANSCRIPT
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
toa VARA FEDERALDECISÃO N° 110/2015PROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400CLASSE: 15202 - MEDIDA CAUTELAR/BUSCA E APREENSÃO
(...) considera-se que a MPV n. 512, de 2010, mnstitui mais um exemplo decomo o instituto das medidas provisórias pode ser prejudicial àsboas práticas republicanas.
Sua edição se fez sem debates, audiências públicas, apresentação decontraditório, transparência quanto aos ol:jetivos e critérios de decisão, sugerindo faltade apego ao princípio da impessoalidade na a,PIicacão dos recursos ,públicosmediante a mncessão de ben~flcios e incentivos/iscais.
(...) as primipais conclusões deste trabalho consistem na constatação de quefaltou transparência ao processo de decisão da aplicação de vultosos recursospúblims mediante renúncia fiscal (...).
Assim, entendemos que a MPV 512/2010 merece discussão ampla noCongresso Nacional, a fim de que a entrega dos vultosos recursos de que trata sf!ja
feita deforma mais transparente e em consonância com as reais necessidadesdo País. 1
Cuida-se de representação por prisões preventivas, conduções
coercitivas e buscas e apreensões formulada por Delegado de Polícia Federal
da Divisão de Repressão a Crimes Fazendários da Coordenação-Geral de
Polícia Fazendária da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime
organizado do Departamento de Polícia Federal (fls. 2-B/164). A
representação é instruída com farta documentação (fls. 165/545).
't1 o desenvolvimentoro de Estudos da
e Poücia Federal (fIs.
CÉUA REGINAODYBERNARDES,Juíza Fe
1 MIRANDA, Ricardo Nunes de; SANTOS, Gáudio Borges dos. Polítim de i enf os fis.-regional. uma cótica à MP 512. Textos para discussão, n. 87, fev. 201 . B asília:Consultoria do Senado, 2011. p. 17-18. O texto instrui a representação o ele520/521 dos autos).
Argumenta, em síntese, que a investigação objetiva apurar a
prática dos crimes de advocacia administrativa fazendária, tráfico de
influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa, organização
criminosa e lavagem de dinheiro, ocorridos em negociações escusas realizadas
em processos que tramitaram no Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais (CARF) promovidos por alguns Conselheiros e outros particulares.
Especificamente neste procedimento, foi aprofundada a ação de
"tráfico de influência e/ou corrupção nos bastidores
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aprovação de legislação que trouxe benefícios fiscais para empresas do setor
automobilístico e de quebra ainda resultou em economia de bilhões de reais
para empresas que possuíam créditos tributários constituídos em discussão no
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais" (fi. 7).
o Ministério Público Federal manifesta-se favoravelmente à
representação e adita o pedido para incluir mais um pedido de busca e
apreensão (fls. 572/3 e 702), fazendo-o com fundamento em robustos
relatórios (fls. 574/669 e 703/707).
As medidas requeridas pela Polícia Federal e pelo Ministério
Público Federal são as seguintes:
1) Prisão preventiva de:
1.1) ALEXANDRE PAES DOS SANTOS;
1.2) JOSÉ RICARDO DA SILVA;
1.3) EDUARDO GONÇALVES VALADÃO;
1.4) MAURO MARCONDES MACHADO;
1.5) CRISTINA MAUTONI MARCONDES MACHADO;
1.6) HALYSSON CARVALHO SILVA;
2) Condução coercitiva de:
2.1) JOSÉ JESUS ALEXANDRE DA SILVA;
2.2) INDIANARA DE CASTRO BISERRA;
2.3) RAIMUNDO NONATO LIMA DE OUVEIRAJUNIOR;
2.4) LTIRA BATTISTON SPÍNDOLA;
2.5) VLADMIR SPÍNDOLA SILVA;
2.6) MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARI
2.7) PAULO ARANTES FERRAZ;
2.8) EDUARDO DE SOUZA RAMOS;
2.9) CARLOS ALBERTO DE OUVEI
,Ju' Federal Substituta da IO'Vara/DF, p. 2/31."
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3) Busca e apreensão em residência~ e sedes de escritórios de advocacia
e empresas:
3.1) Residência de EDUARDO GONÇALVES VALADÃO;
3.2) Residência de MAURO MARCONDES MAQ-lADO e CRISTINA
MAUfONI MARCONDES MAQ-lADO;
3.3) Residência de HALYSSON CARVALHO SILVA;
3.4) Residência de FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA;
3.5) Residência de FRANQSCO MIRTO FLORÊNQO DA SILVA;
3.6) Residência de LYTHA BATTISTON SPÍNDOLA;
3.7) Residência de VLADMIR SPÍNDOLA SILVA;
3.8) Residência de MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARINHO;
3.9) Residência de PAULO ARANTES FERRAZ;
3.10)Escritório de Spíndola Palmeira Advogados;
3.11)Escritório de Marcos Vilarinho e Sede da St. Martins's Negócios e
Participações Ltda.;
3.12) Sede da CVEM Consultoria;
3.13)Sede da Green CentU1)'Consultoria Empresarial e Participações;
3.14)Sede da MMC Automotores do Brasil Ltda. e da CERFCO
Participações Ltda.;
3.15) Sede da Wagner & Nakagawa Intermediação de Negócios Financeiros
Ltda.; e
3.16)Sede da LFT Marketing Esportivo.
É o que basta a relatar.
Decido.
1) DAS PRISÕES PREVENTIVAS
Os pressupostos da prisão pre e
comissi deJicti, consubstanciado na rova
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indício suficiente de autoria e o (1.2) periculum libertatis, requisito que
diz respeito a seus fundamentos (artigo 312 do CPP), quais sejam, garantia da
ordem pública; garantia da ordem econômica; conveniência da instrução
criminal; assegurar a aplicação da lei penal; ou o descumprimento de qualquer
das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares.
As hipóteses de admissibilidade da prisão preventIva
dizem respeIto aos crimes relacionados no artigo 313 do CPP e são as
segumtes:
1) crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a
4 (quatro) anos;
2) condenação por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado,
ressalvado o disposto no 64 I CP;
3) se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
execução das medidas protetivas de urgência;
4) quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta
não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra
hipótese recomendar a manutenção da medida.
el a decretação daApós analisar os pedidos, reput
Por fim, a prisão preventiva somente pode ser decretada se
mexIStIrem no caso quaisquer excludentes de ilicitude e de c
(estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento aexercício regular de direito; justificantes da parte esp i e leis
especiais; inimputabilidade; obediência hierárquica; co
inexigibilidade de conduta diversa etc.).
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prisão preventiva, pois a maioria dos cnmes imputados aos investigados
(tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e
extorsão) são crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos.
Não vislumbro a existência de qualquer excludente de ilicitude
e de culpabilidade.
Por fim, considero que caminharam bem a Polícia Federal e o
Ministério Público Federal ao terem requerido a prisão preventiva
limitadamente aos principais envolvidos na atividade criminosa, em respeito à
presunção de não culpabilidade dos investigados. Em um contexto de
criminalidade desenvolvida de forma habitual, profissional e sofisticada, não
há, porém, como não reconhecer a presença de risco à ordem pública, a
justificar a prisão preventiva para interromper o ciclo delitivo, de modo que,
para os principais envolvidos na atividade criminosa, não vislumbro medida
cautelar diversa capaz de substituir a prisão preventiva.
A seguir, serão analisados os pressupostos e os fundamentos
da prisão preventiva ora requerida.
1.1)Fumus comissi deJicti: prova da existência do enme e indício
suficiente de autoria
o esquema
verificou-se a potencial
administrativo fiscal n.
ARDES,fuíza Federal Substituta da 10' Vara/DF, p. 5/31
dos contribuintes em situações suspeitas que teriam
cnmmoso.
Segundo o Ministério Público
a análise do contribuinte MMC Automot es
interferência cnmmosa no
As investigações no âmbito da "operação Zelotes"
efeito pela Receita Federal do Brasil, Corregedoria do Ministé' da
Polícia Federal e Ministério Público Federal estão sendo r função
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10120.016270/2008-95, em trâmite no Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais do Ministério da Fazenda - CARF/1v1F, que resultou na exoneração de
crédito fiscal no valor de R$265.502.036,88 (...).
Todavia, além do procedimento no CARF, a análise da
situação da MMC permitiu identificar o potencial pagamento de propina pela
aquisição da Medida Provisória n. 471/09, posteriormente convertida na Lei
n. 12.218/10. A empresa CAOA Montadora de Veículos S.A também teria
participado da empreitada ilícita com aMMC."
Informam a Polícia Federal e o Ministério Público Federal,
ainda, que as investigações em curso alcançam, também, a negociação da
Medida Provisória n. 512/10, posteriormente convertida na Lei n. 12.407/11
(fls. 115 e seguintes), e, ainda, a Medida Provisória n. 627/13, convertida na
Lei n. 12.973/14 (fI. 550).
Os valores envolvidos nessas condutas cnrmnos as são
elevadíssimos. Não bastasse a exoneração de crédito tributário no valor
ao
, íza Federal Substituta da 10' Vara/DF, p. 6/31CÉUA REGINAOOY E
Ou seja, as investigações já r
R$265.502.036,88 (pAF n. 10120.016270/2008-95, CARF/1v1F) que a MMC
deixou de verter ao erário, está-se diante de indícios veementes de compra de
legislação, especificamente de prática criminosa que levou os envolvidos a
obterem "êxito na edição de mais uma medida provisória 'sob encomenda',
mas dessa vez não para obter algum tipo de incentivo benefício direto do
governo, mas com o sórdido objetivo específico de criar um fato
viria a fulminar de uma vez por todas as discussões dentro acerca
de créditos tributários constituídos em razão de cum centlvos
fiscais envolvendo empresas do setor automobilístico, saber
FORD, exonerando créditos tributários que (.. soma
montante maior que R$2.000.000.000,OO (dois b' ões d
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grau razoável de certeza, porquanto os pedidos se fundamentam em farta
documentação, que os investigados atuam de maneira concertada para o
cometimento dos crimes de que são acusados há vários anos, porquanto os
documentos apontam para condutas praticadas nos anos de 2009, 2010, 2013
e 2014 (fI. 558). Não é temerário afirmar que as condutas praticadas pelo
grupo continuam produzindo efeitos até hoje, porquanto há documentos nos
autos que demonstram que a última parcela do pagamento devido pela MMC
ao "consórcio SGR/Marcondes e Mautoni" deverá ocorrer em 10/12/15, no
valor de R$1.200.000,00 (fls. 651t Portanto, concluo, em cognição sumária,
que o grupo criminoso atua concertadamente para exonerar créditos
tributários e comprar legislação que beneficia grupos empresariais privados há
pelo menos 6 anos, o que permite dizer que se trata de pessoas para quem o
crime é meio de vida, sendo absolutamente imprescindível a decretação de sua
prisão preventiva para interromper o ciclo delitivo.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal trazem ao
conhecimento deste juízo ordens distintas de fatos criminosos que envolvem
pessoas diferentes, o que será objeto dos próximos tópicos.
1.1.1)Exoneração do crédito tributário discutido no PAF n.
10120.016270/2008-95 (CARF/MF), no mteresse da MMC
Automotores do Brasil Ltda.
e Investigação da Receitaenda cuja ementa é: "Caso
13. Leis 12.218/10 e 12.973/14.ação coordenada de agentes públicos
e substancioso relatório que consta dos
2 Relatório de Análise elaborado pela Coordenação-Geral e Pes .FederaV Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda/.tvfi .stério dMMC/CAOA Venda de Legislação. Medidas Provisórias 1/09 eEvidências de esquema de delituoso. Material probatório e revelae privados para alteração de normas de natureza tributá' ." Tratautos entre as fIs. 574 e 668.
CÉuAREG
Em um primeiro momento, as empresas Marcondes e
Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Corporativa e SGR
Consultoria Empresarial Ltda. iniciaram uma parceria cri .
a MMC Automotores do Brasil Ltda. do pagame
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discutido no PAF n. 10120.016270/2008-95 (CARF/MF) no valor
R$265.502.036,88. As pessoas envolvidas nesse fato são os sócios na SGR
Consultoria Empresarial Ltda., ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, JOSÉ
RICARDO DA SILVA e EDUARDO GONÇALVES VALADÃO, bem
como os sócios da Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia
Corporativa Ltda., MAURO MARCONDES MAQ-IADO e CRISTINA
MAUTONI MARCONDES MAQ-IADO. Os documentos que comprovam
sua destacada participação são os constantes nos autos às fls. a seguir
indicadas:
- fls. 5/6: e-mails trocados entre JOSÉ RICARDO DA SILVA, MAURO
MARCONDES MAQ-IADO e PAULO ARANTES FERRAZ;
- fls. 25 e seguintes: emails trocados entre JOSÉ RICARDO DA SILVA,
ALEXANDRE PAES DOS SANTOS e FRANOSCO MIRTO
FLORÊNOO DA SILVA
Em que pese ALEXANDRE PAES DOS SANTOS ter
negado em depoimento ser sócio de JOSÉ RICARDO DA SILVA, os
documentos juntados aos autos demonstram de forma incontestável o
contrário, eis que documentos de autoria do próprio ALEXANDRE PAES
DOS SANTOS demonstram que as empresas de ambos funcionam na mesma
sede, têm o mesmo quadro de funcionários e procedem a divisão dos custos,
o que para a autoridade policial, acertadamente, evidencia o context ático de
uma sociedade (fls. 28 e 75/76). Os documentos 6 e 34 i~~lruem a
representação (fls. 197/233 e 374/376) demonstram que ALE i RE
PAES DOS SANTOS e JOSÉ RICARDO DA SILVA di~dem sI. ustos e os
I d,. d' /d~'ucros os negoclOs, a ponto e ate mesmo a co;pra e , eIras para o
escritório de ambos ser custeada igualmente pelos sócios.
Portanto, reputo suficienteme~ d onstrada prova da
CÉUA REGINAQDY BERN ES,
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materialidade e a presença de fortes indícios de autoria dos investigados
ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, JOSÉ RICARDO DA SILVA,
EDUARDO GONÇALVES VALADÃO, MAURO MARCONDES
MACHADO e CRISTINA MAUTONI MARCONDES MACHADO.
1.1.2) Compra das Medidas Provisórias n. 471/10 (Lei n. 12.407/11),
512/10 (Lei n. 12.407/11) e 627/13 (Lei 12.973/14), no interesse da
MMC Automotores do Brasil Ltda. e da CAOA
Em 2009, as empresas Marcondes e Mautoni
Empreendimentos e Diplomacia Corporativa Ltda. e SGR Consultoria
Empresarial Ltda. foram contratadas pela MMC Automotores do Brasil
Ltda. e pela CAOA "para viabilizar a edição de medida provisória, a ser
convertida posteriormente em lei, prorrogando por cinco anos os benefícios
estabelecidos pela Lei n. 9.826/99. Em outras palavras, compra de legislação"
(fI. 552). Ainda segundo o MPF, a parceria criminosa se repetiu em relação à
edição de ao menos três Medidas Provisórias e suas respectivas conversões em
Lei: MP n. 471/10 (Lei n. 12.407/11), MP 512/10 (Lei n. 12.407/11) e MP
627/13 (Lei 12.973/14). As condutas criminosas teriam ocorrido, assim, tanto
no âmbito do Poder Executivo quanto no do Poder Legislativo, havendo
indicativos de que vários servidores públicos possam ter recebido vantagem
indevida para colaborar no processo de edição da Medida Provisória.
No âmbito do Poder Executivo, os autos demonstram que
LYTHA BATIlSTON SPÍNDOLA, Secretária Executiva da
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comérci
Ministério que assina a MP 471/09, recebeu ao me s
intermédio do escritório de advocacia Spíndola P
filho VLADMIR SPÍNDOLA SILVA A
proprietária da Green Century Consulto 'a
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que recebeu R$ 60.000,00 da Marcondes e Mautoni Empreendimentos e
Diplomacia Corporativa Ltda. em 2014, ano da Lei 12.973/14.
No Poder Legislativo, há documentos nos autos que
demonstram o apoio remunerado de FERNANDO CESAR DE MOREIRA
MESQUITA, na época dos fatos Diretor da Secretaria de O:>municaçãoSocial
do Senado. Os e-mails constantes no documento 25 (fls. 61 e 351)
demonstram que FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA era
remunerado pelo grupo criminoso liderado por ALEXANDRE PAES DOS
SANTOS. Mas os autos demonstram que a relação entre ambos vai muito
além: "por ocasião da execução do mandado de busca e apreensão na
residência de ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, foi encontrado Relatório
de Inteligência Policial, de maio de 2008, em que constam informações
obtidas a partir de monitoramento realizado na residência de FERNANDO
CESAR DE MOREIRA MESQUITA, onde se verificou que ele utilizada um
automóvel de propriedade de ALEXANDRE PAES DOS SANTOS" (fi. 565
e 598). O relatório que vem de ser referido se encontra na íntegra às fls.
541/545 (documento 66, que instrui a representação da autoridade policial) e
sua leitura é ainda mais estarrecedora quando se lê que, durante a vigilância na
residência de FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA, este
recebeu a visita de Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho, Delegado de Polícia
Federal que já atuou no Núcleo de Inteligência Policial.
As pessoas envolvidas nesses fatos, como contratantes, são os
ex-diretores da MMC, PAULO ARANTES FERRAZ e
SOUZA RAMOS, assim como o presidente da CAOA,
DE OliVEIRA ANDRADE. Q)mo contratados
destacada participação, os sócios na SGR mpresarial Ltda.,
ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, J S
EDUARDO GONÇALVES VALAD como os sócios da
aUA REGINAo Y E S,]uíza Federal Substituta da 10'Vara/DF, p. 10/31'"
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Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia (})rporativa Ltda.,
MAURO MARCONDES MAmADO e CRISTINA MAUTONI
MARCONDES MAmADO. Como "colaboradores" do grupo criminoso,
tem-se, aparentemente, a partIcIpação de LYTHA BAmSTON
SPÍNDOLA, VLADMIR SPÍNDOLA SILVA e FERNANDO CESAR DE
MOREIRA MESQUITA OS documentos que comprovam sua destacada
participação são os encontrados nas fls. dos autos a seguir indicadas:
- fls. 7/8: emails trocados entre ALEXANDRE PAES DOS SANTOS,
FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA e FRANOSCO
MIRTO FLORÊNOO DA SILVA);
- fls. 13, 15, 18 e 24: "Relatório SGR" encaminhado por email por
ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, com veementes indícios de corrupção;
- fls. 25 e seguintes: emails trocados entre JOSÉ RICARDO DA SILVA,
ALEXANDRE PAES DOS SANTOS e FRANOSCO MIRTO
FLORÊNOO DA SILVA;
- fls. 31/34: emails trocados entre JOSÉ RICARDO DA SILVA,
ALEXANDRE PAES DOS SANTOS e EDUARDO GONÇALVES
VALADÃO; no documento indicado à fI. 34, observa-se que muito além de
mero convencimento retórico quanto a supostos aspectos técnicos das
propostas, era necessário muito dinheiro para pagar os "colaboradores".
- fI. 44: emails trocados entre os envolvidos demonstram que a MP, ainda
sem número, já circulava entre os lobistas, a demonstrar que receb
da versão final antes de sua publicação;
- fls. 36 e 44: apontam para documentos
relações pronúscuas por ao menos cinco anos e
MAmADO e CRISTINA MAUTONI
servidor da Presidência da República;
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- fls. 15/20, 50, 122, 131: apontam para documentos indicadores de relações
promíscuas entre LYTHA BAITISTON SPÍNDOLA, VLADMIR
SPÍNDOLA SILVA, PAULO ARANTES FERRAZ, MAURO
MARCONDES MACHADO, CRISTINA MAUfONI MARCONDES
MACHADO e servidores da Presidência da República e do MDIC;
- fls. 61 e 66/67: apontam para documentos que estabelecem relações entre
MAURO MARCONDES MACHADO, ALEXANDRE PAES DOS
SANTOS, JOSÉ RICARDO DA SILVA, EDUARDO GONÇALVES
VALADÃO e FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA e
apontando para a corrupção de parlamentares que seriam "colaboradores" do
grupo;
- fls. 68/69: apontam para e-mails e regIstros de reuniões entre MAURO
MARCONDES MACHADO, ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, JOSÉ
RICARDO DA SILVA, EDUARDO GONÇALVES VALADÃO,
FRANOSCO MIRTO FLORÊNOO DA SILVA e FERNANDO CESAR
DE MOREIRA MESQUITA acerca de compra de legislação e quebra de
confiança por parte da CAOA, que se recusa a pagar sua parte do "contrato".
1.1.3) Extorsão contra a MMC Automotores do Brasil Ltda.
De acordo com o Ministério Público Federal (£1.555), "O
consórcio formado pela SGR e Marcondes e Mautoni tinha a expectativa de
receber, pela Lei n. 12.218/10, um total de trinta e dois milhões de reais, custo
a ser dividido de forma igual pela MMC e CAOA Cada empres
receberia metade e, como combinado, empregaria até 40°
propina. O resto (piso de 60%) seria a remuneração da
Mautoni pelos serviços."
Robusta prova
R$17.400.000,OOao "consórcio SGR/Marco autoni", mas a CAOA
CÉUAREGINA OOyBE ,Ju' Federal Substituta da 10'Vara/DF, p. 12/31
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não pagou sua parte, o que gerou tensão tal entre os envolvidos que acabou
culminando na prática do crime de extorsão por HALYSSON CARVALHO
SILVA contra a própria MMC (fls. 92/93 - email com a primeira ameaça).
As autoridades que conduzem a investigação trabalham com
duas hipóteses quanto à conduta de HALYSSON CARVALHO SILVA A
primeira, menos provável, é que HALYSSON CARVALHO SILVA falava
em nome de parlamentares que ainda não tinham recebido sua parte na
propina, o que reforçaria o crime de corrupção. A segunda hipótese, mais
provável em vista da farta prova documental acostada aos presentes autos,
indica que a SGR, por indicação de seu parceiro MARCOS AUGUSTO
HERNARES VILARINHO (a Marcos Vilarinho Advogados e a St. Martins's
Negócios e Participações Ltda. funcionam no mesmo endereço), contratou os
serviços de HALYSSON CARVALHO SILVA para extorquir a MMC
A extorsão foi praticada mediante o encaminhamento de um
email por HALYSSON CARVALHO SILVA a EDUARDO DE SOUZA
RAMOS, no qual exige US$ 1,5 milhão para não entregar um dossiê sobre o
caso para a imprensa ou para a oposição ao governo. O caminho desse email
foi percorrido pela autoridade policial e revelou que o destinatário tinha
registro na empresa CERFCO (situada no mesmo endereço da MMq e que o
remetente utilizou os dados de JOSÉ JESUS ALEXANDRE DA SILVA,
INDIANARA DE CASTRO BISERRA e RAIMUNDO NONATO LIMA
DE OUVEIRAJUNIOR
A mensagem foi imediatamente encaminhada
MARCONDES MAQ-IADO e CRISTINA
MAQ-IADO, que aCIOnaram a empresa
Intermediação de Negócios Financeiros Ltda.
alvos indicados por seus clientes.
CÉUA REGINA QDY B
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400
Portanto, as pessoas envolvidas na extorsão são: o ex-diretor
da MMC, EDUARDO DE SOUZA RAMOS, os sócios da SGR
ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, JOSÉ RICARDO DA SILVA e
EDUARDO GONÇALVES VALADÃO, bem como os sócios da
Marcondes e Mautoni, MAURO MARCONDES MACHADO e
CRISTINA MAUfONI MARCONDES MACHADO, bem como aWagner
& Nakagawa Intermediação de Negócios Financeiros Ltda .. Atuaram,
ainda, o grupo residente no Piauí, HALYSSON CARVALHO SILVA, e, em
medida ainda desconhecida quanto às respectivas participações nos fatos
criminosos, JOSÉ JESUS ALEXANDRE DA SILVA, INDIANARA DE
CASTRO BISERRA e RAIMUNDO NONATO LIMA DE OUVEIRA
JUNIOR Os documentos que comprovam sua destacada participação são
encontrados nos autos às fls. a seguir indicadas:
- fls. 92/93: email com a primeira ameaça;
- fls. 97/98 e 102 e seguintes: e-mails demonstrando as relações entre as
pessoas acima narradas;
tação das
crimes de
Presentes, portanto, os pressupostos
prisões preventivas requeridas: boa prova da mate
tráfico de influência, corrupção, associaçã%rgani a
CÉUA REGINA QDY BERNARDES, u'
- fI. 110: email com passagens aéreas compradas em nome de HALYSSON
CARVALHO SILVA, que viajou exatamente no período da extorsão;
indicação de telefonema de telefone fixo da SGR para HALYSSON
CARVALHO SILVA no período da extorsão;
- fI. 110/115: intensa troca de e-mails entre JOSÉ RICARDO DA SILVA,
MAURO MARCONDES MACHADO, CRISTINA
MARCONDES MACHADO, Wagner & Nakagawa
praticada por HALYSSON CARVALHO SILVA
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO NO 55233-74.2015.4.01.3400
de dinheiro, e de autoria em relação a AIEXANDRE PAES DOS
SANTOS, JOSÉ RICARDO DA SILVA, EDUARDO GONÇALVES
VALADÃO, MAURO MARCONDES MACHADO, CRISTINA
MAUfONI MARCONDES MACHADO e HALYSSON CARVALHO
SILVA Resta analisar a presença dos fundamentos necessários à decretação
da medida cautelar.
1.2)Periculum Jibertatis: fundamentos (artigo 312 do CPP)
1.2.1) Ordem pública
O aprofundamento das investigações no âmbito da "operação
Zelotes", tem revelado um quadro, em cognição sumária, de tráfico de
influência, corrupção e lavagem de dinheiro sistêmicas. Em um contexto de
criminalidade desenvolvida de forma habitual, profissional e sofisticada, não
há como não reconhecer a presença de risco à ordem pública, a justificar a
prisão preventiva para interromper o ciclo delitivo.
são
,.E , Juíza Federal Substituta da 10'Vara/DF, p. 15/31CÉUA REGINA OOY E
Além disso, os valores envolvidos
elevadíssimos, alcançando a cifra dos bilhões de re .
esses valores efetivamente foram desviados em
ora descritas e, por isso, deixaram de in e
A dimensão concreta dos fatos delitivos, e não a gravidade em
abstrato, também pode ser invocada como fundamento para a decretação da
prisão preventiva. Como bem asseverou o MPF (fI. 564), "não se trata de um
crime ordinário de corrupção. A elaboração de leis é pilar do regime
democrático. O Supremo Tribunal Federal, empregando argumentação nessa
linha, acaba de proibir o envolvimento de pessoas jurídicas no financiamento
de campanhas. Na hipótese concreta, há elementos apontando até para o
possível envolvimento de servidor da Presidência da República. Is falar
do Congresso Nacional."
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400
conclusão inafastável é que a prática desses crimes causou impacto gigantesco
e intolerável na implementação de políticas públicas conducentes à
concretização de direitos fundamentais sociais tão prometidos pela
Omstituição da República de 1988 quanto sonegados na amarga realidade
social de exclusão e desigualdade que experimenta a maioria da população
brasileira.
Necessária, portanto, a prisão preventiva para proteção da
ordem pública, em vista da gravidade em concreto dos crimes em apuração e
da necessidade de prevenir a sua reiteração, já que o esquema criminoso
continua produzindo efeitos. (Dmo dito acima, há documentos nos autos que
demonstram que a última parcela do pagamento devido pela MMC ao
"consórcio SGR/Marcondes e Mautoni" deverá ocorrer em 1/12/15, no
valor de R$1.200.000,OO(ver item 1.1, acima). Portanto, concluo que o grupo
criminoso atua concertadamente para exonerar créditos tributários e comprar
legislação que beneficia grupos empresariais privados há pelo menos 6 anos, o
que permite dizer que se trata de pessoas para quem o crime é meio de vida,
sendo absolutamente imprescindível a decretação de sua prisão preventiva
para interromper o ciclo delitivo.
a prisão
, JuíZa Federal Substituta da 10' Vara/DF, p. 16/31! -CÉliA REGINA ODY BE
Quanto a ALEXANDRE PAE
preventiva se faz necessária tanto para garant" a or
Para garantia da ordem pública, portanto, DECRETO A
PRISÃO PREVENTIVA das seguintes pessoas, por fazerem da prática de
crimes seu meio de vida: ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, JOSÉ
RICARDO DA SILVA, EDUARDO GONÇALVES VALADÃO
MARCONDES MACHADO, CRISTINA MAUTONI
MACHADO.
1.2.2) Ordem pública e instrução criminal
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N' 55233-74.2015.4.01.3400
proteger a instrução criminal. Informa o MPF (fi. 565) que "durante a
execução de mandado de busca e apreensão em sua residência foi encontrado
Relatório de Inteligência Policial, produzido pela Diretoria de Inteligência
Policial do Departamento de Polícia Federal, que tinha como objetivo levantar
informações sobre Fernando Cesar de Moreira Mesquita (...). O relatório
identificou e citou nominalmente Alexandre Paes dos Santos como parceiro
de Fernando Cesar de Moreira Mesquita, pois o último estava usando seu
carro. O problema é que se trata de relatório sigiloso e, em situação normal,
jamais poderia estar na posse do próprio Alexandre Paes dos Santos."
Além disso, o Relatório .de Inteligência Policial apreendido (fls.
541/545, documento 66, que instrui a representação da autoridade policial)
informa que, durante a vigilância na residência de FERNANDO CESAR DE
MOREIRA MESQUITA, este recebeu a visita de Reinaldo de Almeida Cesar
Sobrinho, Delegado de Polícia Federal que já atuou no Núcleo de Inteligência
Policial.
É necessário, portanto, esclarecer em que medida o
investigado ALEXANDRE PAES DOS SANTOS mantém relacionamentos
escusos dentro do próprio sistema de segurança pública, mas, enquanto isso, e
para salvaguardar a instrução criminal, é necessário afastá-lo de seu meio de
influência. Tem razão o MPF ao afirmar (fI. 565) que tal fato demonstra a
amplitude do elevado e comprovado poder de influência do investigado
ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, que chega ao "ponto de obter
documento sigiloso na diretoria que tem como meta produzir informação
sensível dentro de um órgão como a Polícia Federal."
Tendo em vista seu comprovado raio
somente no "mundo da intermediação de interesses em
13) mas também no próprio sistema de segurança
CÉliA REGINA ODY BERN
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO NO 55233-74.2015.4.01.3400
com base em elementos concretos de convenCImento que, em liberdade,
ALEXANDRE PAES DOS SANTOS atrapalhará a completa elucidação dos
fatos.
Portanto, especificamente em relação a ALEXANDRE PAES
DOS SANTOS, decreto sua prisão preventiva para garantir a ordem
pública e também para proteger a instrução criminal.
Por fim, a autoridade policial noticia que o investigado
ALEXANDRE PAES DOS SANTOS tem imóvel e empresas no exterior e
que suas viagens para o exterior são frequentes, requerendo, por isso, a
decretação de sua prisão preventiva para resguardar a futura aplicação da lei
penal (fI. 139 e documentos 65 e 66). Entendo que esses elementos são
importantes, mas não suficientes para a decretação da prisão preventiva.
Reputo suficiente para garantir a aplicação da lei penal as seguintes
medidas cautelares: proibição de o investigado ALEXANDRE PAES DOS
SANTOS sair do território nacional sem prévia autorização judicial e
apreensão de seu passaporte, as quais decreto com fundamento nos artigos
319, IV c/c 320 do CPP.
1.2.3) Ordem pública e aplicação da lei penal
eu nome depois de
árias quebras de sigilo
MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARINHO e j'
outro crime de extorsão envolvendo negociação de p r' eo
que está sendo apurado no âmbito das investigaç-
Além disso, a autoridade policial somente c
inúmeros procedimentos investigatórios in
CÉUA REGINA ODY B
Em relação a HALYSSON CARVALHO SILVA, também se
faz necessária a sua prisão preventiva para garantir a ordem pública, eis que
os autos noticiam que praticou extorsão não somente no caso ver: do nos
presentes autos, mas, ao que tudo indica, mantém u
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400
telefônico e telemático, eis que HALYSSON CARVALHO SILVA usou
nomes de terceiros para praticar a extorsão como forma de preservar sua real
identidade, o que demonstra a necessidade da prisão preventiva para tutelar a
aplicação da lei penal.
Portanto, tendo em visa ser necessária para garantir a ordem
pública e tutelar a aplicação da lei penal, decreto a prisão preventiva de
HALYSSON CARVALHO SILVA
1.2.4) CONCLUSÃO
Em que pese as críticas de parcela importante da doutrina
nacional quanto à natureza ordinariamente não cautelar da prisão preventiva
para garantia da ordem pública, JOÃO MARcos Burn3 esclarece que, "aindaque passível de radicais críticas de cunho constitucional, é possível pensar em
prisão cautelar por garantia da ordem pública, desde que nos estritos
pressupostos e limites constitucionais e legais", a saber, os seguintes três
requisitos cumulativos:
1) A pena prevista para o cnme imputado, o que se liga com a ideia de
proporcionalidade, de modo que "não seria proporcional a prisão
provisória do imputado cuja pena prevista no respectivo crime não implica
privação de liberdade"; esse requisito está plenamente configurado no caso
dos autos, pois a maioria dos crimes imputados aos investigados (tráfico de
influência, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e extorsão) são
crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima enor a
4 (quatro) anos.
2) As circunstâncias e a forma demonstradas de
crime, que se ligam "ao fato de que o modo co
3 BUCH, João Marcos. O novo regime da prisão cautelar a partir ri 711: o paradigma constitucionalgarantis ta. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012. p. 73.
CÉUA REGINA ODY Juíza Federal Substituta da 10aVara/DF, p. 19/31
BATTISTON
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N' 55233-74.2015.4.01.3400
maior conotação aos fatos do que o crime em si"; no caso dos autos, a
conduta criminosa alcança as mais altas esferas de poder da República e
envolve, literalmente, bilhões de reais, o que evidencia a gravidade concreta
da conduta;
3) Uma relação temporal entre o conhecimento da autoria e do ato imputado
e o instante da determinação da prisão cautelar, a significar que "quanto
maior o tempo decorrido desde aquele marco tanto menor será a
necessidade de se efetuar a prisão provisória." A relação temporal apontada
pelo autor recomenda a decretação da prisão preventiva, eis que o
conhecimento da autoria e do ato criminoso imputado foi manifestada a
este juízo somente em 28/9/ 15, ou seja, há pouco mais de uma quinzena.
Por tudo isso, concluo serem suficientes e necessários os
fundamentos para decretar a prisão preventiva de ALEXANDRE PAES DOS
SANTOS, JOSÉ RICARDO DA SILVA, EDUARDO GONÇALVES
VALADÃO, MAURO MARCONDES MACHADO, CRISTINA
MAUTONI MARCONDES MACHADO e HALYSSON CARVALHO
SILVA
2) DAS CONDUÇÕES COERCITIVAS
Q)mo medida invasiva de grau mínimo, entendem a Polícia
Federal e o MPF ser necessária a condução coercitiva dos investigados
envolvidos no crime de extorsão aOSÉ JESUS ALEXANDRE
INDIANARA DE CASTRO BISERRA, RAIMUNDO
DE OLIVEIRA JUNIOR, MARCOS AUGU
VILARINHO), alguns dos investigados por serem c
do "consórcio SGR/Marcondes e Mautoni"
Provisórias e posterior conversão em
SPÍNDOLA e VLADMIR SPÍNDOLA SILV
Federal Substituta da 10' Vara/DF, p. 20/31
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400
das empresas MMC e CAGA nas negociações com o "consórcio
SGR/Marcondes e Mautoni" (PAULO ARANTES FERRAZ, EDUARDO
DE SOUZA RAMOS e CARLOS ALBERTO DE OliVEIRA
ANDRADE).
Concordo com o pedido formulado, porquanto há prova
documental robusta do envolvimento de cada uma dessas pessoas nos fatos
investigados, sendo desejável que "os episódios sejam esclarecidos sem a
contaminação do contato com outros investigados", respeitado, por óbvio o
fundamental direito constitucional de silêncio titularizado por todos os
investigados e acusados.
3) DAS BUSCAS E APREENSÕES
As medidas de busca e apreensão requeridas pela autoridade
policial são imprescindíveis para as investigações, porquanto sua realização é
indispensável para a instrução do inquérito policial e para o acervo probante,
inclusive para que se possam obter maiores informações sobre a estrutura e o
funcionamento do grupo criminoso, identificando-se outros integrantes.
Saliento que, no presente caso, há elementos suficientes para
se afastar a inviolabilidade dos escritórios de advocacia Spíndola Palmeira
Advogados e Marcos Vilarinho Advogados. Observe-se que, quanto aos
fatos criminosos em apuração, os próprios advogados são investigados pelo
cometimento de crimes, e não seus eventuais clientes.
Assim, no que se refere aos escritórios de advoc
Palmeira Advogados e Marcos Vilarinho Advogad s,
apreendidos os elementos relacionados aos supramenc.
vedada, contudo, a apreensão/ utilização dos docu
pertencentes a clientes dos advogados averig
com a presente investigação, bem como os
Federal Substituta da 10aVara/DF, p. 21/31
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400
que contenham infórmações sobre clientes/ fatos que não estejam envolvidos
ou ligados ao presente caso.
Outro alvo de busca e apreensão que merece maIores
considerações é a LFT Marketing Esportivo, objeto de aditamento
formulado pelo MPF (fls. 570/573, 702) com fundamento nos itens 158/169
do Relatório de Análise elaborado pela Coordenação-Geral de Pesquisa e
Investigação da Receita Federal! Corregedoria-Geral do Ministério da
Fazenda/Ministério da Fazenda (fI. 660t Explica o MPF que a l\1MC e a
CAOA pagaram à Marcondes e Mautoni, cada uma, cerca de
R$8.400.000,00 pela edição da Medida Provisória 627/13, convertida na Lei n.
12.973/14, valores esses declarados ao Fisco em 2014. Ocorre que, ao
verificar a movimentação financeira de saída em 2014, percebe-se que a
Marcondes e Mautoni repassou quase R$3 milhões a Mauro Marcondes (1°),
R$1 milhão a Cristina Mautoni (30), R$200 mil a SGR (4°) e, em 20 lugar, fica
a LFT Marketing Esportivo, que recebeu R$1.501.600,OO (fI.660).
Tem razão o MPF ao afIrmar ser "muito suspeito uma
empresa de marketing esportivo receba valor tão expressivo de uma empresa
especializada em manter contatos com a Administração Pública (Marcondes
e Mautoni)" (fI. 572), o que justifica a execução de busca e apreensão na sede
da empresa.
Quanto aos demais alvos, as condutas que lhes são imputadas
já se encontram descritas no item 1, acima desenvolvido.
Por todo o exposto, DEFIRO as
apreensão requeridas em relação aos seguintes alvos:
4 Relatório de Análise elaborado pela Coordenação-Geral d e nvestigação da ReceitaFederal/Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda/~Iinist' . da cuja ementa é: "CasoMMC/CAOA Venda de Legislação. Medidas Provisórias 471 e 627 . Leis 12.218/10 e 12.973/14.Evidências de esquema de delituoso. Material probatório que r -o coordenada de agentes públicose privados para alteração de normas de natureza tributária." stancioso relatório que consta dosautos entre as fls. 574 e 668.
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400
1) Residência de EDUARDO GONÇALVES VALADÃO;
2) Residência de MAURO MARCONDES MAO-IADO e CRISTINA
MAUTONI MARCONDES MAO-IADO;
3) Residência de HALYSSON CARVALHO SILVA;
4) Residência de FERNANDOCESARDE MOREIRA MESQUITA;
5) Residência de FRANOSCO MIRTO FLORÊNOO DA SILVA;
6) Residência de LYTHA BATTISTON SPÍNDOLA;
7) Residência de VLADMIR SPÍNDOLA SILVA;
8) Residência de MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARINHO;
9) Residência de PAULO ARANTES FERRAZ;
10) Escritório de Spíndola Palmeira Advogados;
11) Escritório de Marcos Vilarinho Advogados;
12) Sede da St. Martins's Negócios e Participações Ltda.;
13) Sede CVEM Consultoria;
14) Sede Green Century Consultoria Empresarial e Participações;
15) Sede da MMC Automotores do Brasil Ltda.;
16) Sede da CERFCO Participações Ltda.;
17) Sede da Wagner & Nakagawa Intermediação de Negócios Financeiros
Ltda.; e
18) Sede da LFT Marketing Esportivo.
4) DO SIGILO DAS INVESTIGAÇÕES
Em que pese caracterizar-se o inquérito policial como um
procedimento sigiloso, o princípio da publicidade dos atos pr lS vem
inscrito na Constituição da República (artigos 5°, XXXII
Convenção Americana de Direitos Humanos (art. o Decreto
678/92), na qual se lê que "o processo penal dev
for necessário para preservar os interesses d JUs '. Com efeito, a
publicidade dos atos processuais garante o iodos os cidadãos aos
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400
atos praticados no curso do processo e "revela uma clara postura democrática
cujo objetivo precípuo é o de garantir a transparência da atividade
jurisdicional, oportunizando sua fiscalização não só pelas partes, como por
toda a comunidade. Traduz-se, portanto, numa exigência política de se afastar
a desconfiança da população na administração da ]ustiça."s
Apesar de a publicidade ser a regra no processo judicial, o
próprio ordenamento jurídico a excepciona em algumas situações, a exemplo
da defesa da intimidade, do interesse social no sigilo ou imprescindibilidade à
segurança da sociedade e do Estado. No caso dos presentes autos, o sigilo é
essencial à efetividade das investigações policiais e ministeriais.
Por isso, em atenção ao item 5 do pedido formulado pela
Polícia Federal (fI. 164), decreto o sigilo da presente decisão e mantenho o
sigilo sobre os presentes autos até seu integral cumprimento. O uso seletivo
dos elementos eventualmente descobertos é inadmissível e deve ser impedido
pelos agentes públicos que têm do dever de manter sigilo sobre o conteúdo
desta investigação. Ainda que concorde com a relevância do caso e reconheça
o interesse público envolvido, entendo que o momento não é adequado para
levantar o sigilo dos fatos, notadamente em face da informação contida nestes
autos no sentido de que o investigado Alexandre Paes dos Santos teve acesso
a relatórios da inteligência policial, o que denota notável infiltração no sistema
de segurança pública.
Federal Substituta da lOaVara/DF, p. 24/31CÉUA REGINA ODY BE
5 UMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penaL 3. ed. Salv
Tendo em vista essa informação, mantenho o
ora investigados e determino que TODOS os procedi
"operação Zelotes" tramitem nesta Vara Federal em re e es e lalíssimo de
sigilo, de modo que apenas e tão-somente o Dire
Federal com atribuição para esses feitos tenham a sso a
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400
Entendo, ainda, que uma vez cumprida integralmente esta
decisão e realizadas as medidas ora deferidas, o sigilo não mais será necessário
para preservar as investigações objeto destes autos, razão pela qual defiro o
levantamento do sigilo a partir do momento em esta decisão for integralmente
cumprida. Penso que a natureza e magnitude dos crimes ora investigados,
bem como o interesse público e o direito fundamental processual à
publicidade dos atos processuais previsto no artigo 5°, inciso LX, da
Constituição da República de 1988 recomendam a publicidade sobre a
investigação objeto dos presentes autos. A publicidade sobre as atuais
investigações garantirá, aos investigados, a possibilidade de exercer em sua
plenitude seu direito fundamental à ampla defesa, e aos cidadãos, seu direito à
informação sobre o funcionamento da Administração Pública e à formação de
opinião quanto a esta decisão e, de um modo mais amplo, sobre a atuação do
sistema federal de justiça criminal.
DISPOSITIVO
Ante o exposto, DEFIRO parcialmente os pedidos
formulados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal e:
ES,JuÍZa Federal Substituta da lO"Vara/DF, p. 25/31'"
CÉUA REGINA QDY
1) DECRETO a prisão preventiva de (tabela 01, fI. 159):
1.1) ALEXANDRE PAES DOS SANTOS;
1.2) JOSÉ RICARDO DA SILVA;
1.3) EDUARDO GONÇALVES VALADÃO;
1.4) MAURO MARCONDES MAQ-IADO;
1.5) CRISTINAMAUfONI MARCONDES
1.6) HALYSSON CARVALHO SILVA;
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400
2) AUTORIZO a condução coercitiva de (tabela 03, fls. 163):2.1) JOSÉ JESUS ALEXANDRE DA SILVA;2.2) INDIANARA DE CASTRO BISERRA;2.3) RAIMUNDO NONATO LIMA DE OLIVEIRAJUNIOR;2.4) LYTHA BATTISTON SPÍNDOLA;2.5) VLADMIR SPÍNDOLA SILVA;2.6) MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARINHO;2.7) PAULO ARANTES FERRAZ;2.8) EDUARDO DE SOUZA RAMOS;2.9) CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA ANDRADE;
3) AUTORIZO que se proceda a busca e apreensão nos seguinteslocais (tabela 02, fls. 160/161; fI. 573):3.1) Residência de EDUARDO GONÇALVES VALADÃO;3.2) Residência de MAURO MARCONDES MACHADO e CRISTINA
MAUTONI MARCONDES MACHADO;3.3) Residência de HALYSSON CARVALHO SILVA;3.4) Residência de FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA;3.5) Residência de FRANQSCO MIRTO FLORÊNQO DA SILVA;3.6) Residência de LYTHA BATTISTON SPÍNDOLA;3.7) Residência de VLADMIR SPÍNDOLA SILVA;3.8) Residência de MARCOS AUGUSTO HERNARES VILARINHO;3.9) Residência de PAULO ARANTES FERRAZ;3.10)Escritório de Spíndola Palmeira Advogados;3.11)Escritório de Marcos Vilarinho3.12)Sede da St. Martins's Negócios e Participações Ltda.;3.13)Sede da CVEM Consultoria;3.14) Sede da Green CentU1YConsultoria Empresarial e Participações;3.15)Sede da MMC Automotores do Brasil Ltda.3.16)Sede da CERFCO Participações Ltda.;3.17) Sede da Wagner & Nakagawa Intermediação de Negócios Fina
Ltda.; e3.18) Sede da LFT Marketing Esportivo.
4) DECRETO em relação ao investigado ALEXANDR
SANTOS, as medidas cautelares consistentes em: (
do território nacional sem prévia autorização judiei
seu passaporte; nos termos dos artigos 319,
determino, ainda:
4.1) À autoridade policial que providen
CÉUA REGI:-<AOOY BERNARDES Ju'
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400
investigado no programa de impedidos de se ausentar do País; e
4.2) À autoridade policial que providencie o recolhimento do
passaporte do investigado;
5) DETERMINO que seja consignado nos mandados de prisão que a
utilização de algemas fica autorizada na efetivação da prisão ou no
transporte dos presos caso as autoridades policiais imediatamente
responsáveis pelos atos específicos reputem imprescindível, devendo, em
qualquer caso, ser observado, pelas autoridades policiais, o inteiro teor
do enunciado n.o 11 da Súmula Vinculante do Supremo Tribunal
Federal;
6) DETERMINO que seja consignado nos mandados de prisão que
o preso será informado de seus direitos de permanecer calado (direito de
silêncio, que abrange a proteção ao silêncio do imputado e a proteção
contra a sua autoincriminação) e de contar com a assistência de sua
família e de seu advogado/ defensor público, nos termos do inciso LXIII
do art. 50 da Constituição da República e, caso o autuado não informe o
nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria Pública, nos
termos do ~4° do art. 289-A do ap; para conferir a máxima eficácia à
norma, DETERMINO, ainda, que, nos mandados de prisão, seja
transcrito, em extenso e relevo, o disposto no ~4o do art. 289- A do
ap;
CÉUA REGINA QDY BERN
D~TERMINO à autoridad~ policial que proceda, opo~a~ente, ao
regIstro do mandado de pnsão no banco de dado( ma.:'tmo pelo
Conselho Nacional de Justiça para essa finalidad~o tlnn~ do art.
289-AdoCPP; ~~
DETERMINO que se expeçam mand~d par mprimento da
ordem judicial de condução coercitiva s ~ as indicadas no item
7)
8)
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400
2, acima, identificadas na tabela 03 (fls. 163); esses mandados deverão ser
entregues às pessoas que serão conduzidas coercitivamente por ocasião
do cumprimento da ordem judicial de busca e apreensão ora deferida, no
endereço residencial, comercial ou profissional ou onde quer que a
pessoa seja encontrada para que seja imediatamente conduzida à
presença de uma autoridade policial para prestar declarações acerca dos
fatos investigados;
9) DETERMINO que, nos mandados para cumprimento da ordem
judicial de condução coercitiva, seja consignado o número deste feito,
a qualificação do investigado e o respectivo endereço extraído da
representação. Consigne-se no mandado que não deve ser utilizada
algema, salvo se, na ocasião, evidenciado risco concreto e imediato à
autoridade policial, devendo, em qualquer caso, ser observado, pelas
autoridades policiais, o inteiro teor do enunciado n. 11 da Súmula
Vinculante do Supremo Tribunal Federal;
10) DETERMINO que, nos mandados para cumprimento da ordem
judicial de condução coercitiva, seja consignado que a pessoa
conduzida será informada acerca de seu direito de permanecer calada
(direito de silêncio, que abrange a proteção ao silêncio do imputado e a
proteção contra a sua autoincriminação);
11) DETERMINO que se expeçam mandados para cum . ento da
ordem judicial de busca e apreensão ora deferida n s e
se encontram na tabela 02 (fls. 160/161), durante
buscar e apreender documentos, agendas, ano
pastas, telefones, smartphones, quaisquer
(HDs, HDs externos, Pen Drives etc.), co e quaIsquer outros
objetos que possam robustecer o co ário e que guardem
CÉliA REGINA0DY BE
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400
correlação com os crimes de advocacia administrativa fazendária, tráfico
de influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa,
organização criminosa, lavagem de dinheiro ou qualquer outro delito,
bem como joias, obras de arte, utensílios domésticos de grande valor,
veículos (automóveis, motocicletas, lanchas, aeronaves etc.), dinheiro em
espécie, cheques ou quaisquer bens e valores, e de modo geral tudo o
que possa ser produto de atividade criminosa ou venha a demonstrar a
materialidade do crime de lavagem de dinheiro;
12) DETERMINO que, nos mandados de busca e apreensão, conste
ordem expressa de arrombamento de portas e cofres na hipótese de
resistência ao seu cumprimento, bem como de busca pessoal nos
presentes, caso haja suspeita de que escondam elementos úteis à prova
dos fatos, bem como a ordem de que os executores da medida restritiva
não poderão se valer de qualquer expediente vexatório ou indiscreto,
caso venha a ser realizada alguma prisão em flagrante;
13) DETERMINO que, nos mandados de busca e apreensão, em razão
do sigilo das investigações, deverá constar também que a Polícia Federal
se absterá de informar aos familiares dos alvos qualquer dado sobre a
natureza, o objeto ou a finalidade das diligências, na medida do possível,
observando o previsto no art. 247 do ap;
aUA REGINAODY E
14) DETERMINO, quanto aos escritórios de advocacia, que os
mandados de busca e apreensão deverão ser específicos e
pormenorizados, vedada a utilização dos documentos, das / la , dos
objetos e de instrumentos de trabalho pertencente do
advogado averiguado que não estejam envolvidos os fat v tigados,
conforme ressalvado acima e previsto nos pa /graf o artigo 7°
da Lei nO 8.906/94;
--I
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N" 55233-74.2015.4.01.3400
15) DETERMINO, ainda, quanto aos escritórios de advocacia, com
vistas a assegurar o previsto no art. 7°, II, da Lei nO8.906/94, que a
própria autoridade policial notifique as seccionais da OAB, a fim de
facultar a seus representantes o acompanhamento das buscas requeridas;
16) DETERMINO que todos os mandados cuja expedição ora
determino sejam entregues em envelope lacrado e sigiloso, em
mãos, ao Delegado de Polícia Federal indicado pela Divisão de
Repressão a Crimes Fazendários da Coordenação-Geral de Polícia
Fazendária da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime organizado
do Departamento de Polícia Federal, que deverá se identificar e assinar
recibo;
17) DETERMINO que a autoridade policial providencie vista dos autos ao
MPF (17.1) para que possa acompanhar as medidas ora deferidas e
também (17.2) para que informe o juízo acerca das providências tomadas
para esclarecer: (17.2.1) em que circunstâncias ocorreu a visita realizada
por Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho, Delegado de Polícia Federal
que já atuou no Núcleo de Inteligência Policial, ao investigado
FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA; (17.2.2) o fato de
ter sido encontrado, na residência do investigado ALEXANDRE PAES
DOS SANTOS, Relatório de Inteligência Policial da Polícia Federal (fls.
541/545);
a sede
que todo o
ral pelo prazo
ederal, de modo
18) Para fins de cumpnmento dos mandados de busca
DETERMINO que o espelhamento de mídias sej
da Polícia Federal e, portanto, determino qu odo
apreendido seja removido para a sede da Políci eder
material original seja mantido na posse da
recomendado pela área técnico-científica
PODERJUDIOÁRIOSEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERALPROCESSO N° 55233-74.2015.4.01.3400
que se o(s) investigado(s) achar(em) convemente, autonzo que
entregue(m) mídia para que a Polícia Federal realize o espelhamento na
mídia fornecida;
19) AUTORIZO a participação de servidores da Receita Federal do Brasil e
da Q)rregedoria do Ministério da Fazenda nas equipes de buscas e
apreensões;
20) DETERMINO o afastamento do sigilo fiscal, bancário e sobre o
fluxo de comunicações e de dados em sistemas de informática e
telemática de todo o material apreendido, de maneira que a Polícia
Federal possa examinar computadores e mídias, e, se for o caso, sujeitá-
los à perícia;
21) DEFIRO parcialmente o pedido formulado pela Polícia Federal (fI. 164)
e pelo Ministério Público Federal (fI. 572) para manter o sigilo dos fatos
ora investigados até o cumprimento integral desta decisão; após a
realização de todas as medidas ora determinadas, determino o
levantamento do sigilo para que a presente investigação passe a tramitar
em regime de publicidade.
stituta da 10aVara FederallDF
/
CÉUA REGINA ODY BERNARDES, Juíza Federal Substituta da 10aVara/DF, p. 31/31