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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALForça-Tarefa Greenfield
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 10ª VARAFEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
Referências: PIC 1.16.000.001753/2017-73, IPL 22803-9820174013400, PIC 1.16.000.002425/2018-75, IPL 452/2017
Conexão processual: processo nº 35352-77.2016.4.01.3400
Denúncia nº 1/2019 (PR-DF-00011433/2019 )
Operação Circus Maximus
(Desdobramento da Operação Greenfield)
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL vem à presença de
Vossa Excelência, com fulcro no artigo 129, inciso I, da Constituição Federal, no artigo
6º, inciso V, da Lei Complementar nº 75/93 e no art. 257, inciso I, do Código de
Processo Penal, promover
AÇÃO PENAL PÚBLICA
(DENÚNCIA)
em face de
1. RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL , ,
brasileiro,
;
1
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2. HENRIQUE DOMINGUES NETO ,
brasileiro,
3. ARTHUR CÉSAR DE MENEZES SOARES FILHO ,
4. PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO ,
5. RICARDO SIQUEIRA RODRIGUES,
6. HENRIQUE LEITE DOMINGUES ,
7. VASCO CUNHA GONÇALVES ,
2
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8. NILBAN DE MELO JÚNIOR ,
9. FELIPE BEDRAN CALIL ,
10. FELIPE BEDRAN CALIL FILHO ,
11. NATHANA MARTINS BEDRAN CALIL ,
;
12. DIOGO RODRIGUES CUOCO ,
3
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13. ADRIANA FERNANDES BIJARA CUOCO ,
14. ADONIS ASSUMPÇÃO PEREIRA JÚNIOR ,
15. PAUL ELIE ALTIT ,
16. PAULO RICARDO BAQUEIRO DE MELO ,
17. DILTON CASTRO JUNQUEIRA BARBOSA ,
4
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1. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: SÍNTESE DOS FATOS; IMPUTAÇÃO
A organização criminosa pode se estruturar de maneira vertical ou
horizontal. Na modalidade vertical, a organização criminosa pode ser representada
graficamente por uma árvore hierárquica. A estrutura horizontal, por sua vez, é
fragmentada de maneira funcional, com núcleos exercendo atividades específicas em
atividade de rede.
Em crimes de natureza econômica como a corrupção e os crimes
financeiros em geral, a estrutura mais comum é a funcional em rede. Esses delitos
conseguem ser bem-sucedidos exatamente por essa segmentação, “cegando” os
membros dos demais núcleos para a visão total do esquema. Dessa forma, quando um
núcleo fica comprometido, o esquema pode sobreviver por meio da sua substituição.
Cada núcleo conta com um indivíduo que exerce a função de “elo” com outro núcleo,
formando assim uma verdadeira rede. Dentro de cada núcleo é possível a verticalização,
como de fato aconteceu no presente caso.
Cada membro de um núcleo, mesmo não conhecendo a extensão dos
demais núcleos, objetivamente assume o risco de compor a organização criminosa como
um todo diante de fatores que manifestam a complexidade do esquema total. Dessa
forma, o funcionário público que efetivamente recebe elevados valores em dinheiro em
espécie, maiores que R$ 100 mil, aquiesce com o risco de estar compondo uma
organização criminosa com um complexo sistema de operadores financeiros. Por uma
questão objetiva, R$ 100 mil fora do sistema bancário e do controle estatal não é algo
que seja atingível facilmente pela maioria das pessoas ou sem a colaboração de uma
pluralidade de pessoas, mesmo que o valor esteja dentro da sua capacidade econômica.
Em relação à estabilidade e permanência, os denunciados participaram
da organização com certa variação de tempo e atos entre si, mas comungando de5
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estabilidade, especialização e permanência. A pluralidade de crimes fica caracterizada
por aproximadamente 50 pagamentos detectados entre os anos de 2013 e 2017. Mesmo
com alguma variação, nenhum dos membros permanentes da organização criminosa a
que se imputa este crime atuou em período menor do que dois anos. Em relação a
RICARDO LEAL e ADONIS ASSUMPÇÃO, hipótese específica, o vínculo pré-data a
estruturação da organização criminosa, remetendo ao início da década de 2000.
Dessa forma, é delimitável que o grupo agiu coletivamente ciente de
que a execução do negócio comportou uma complexidade organizacional que, inclusive,
proporcionou-lhes segurança para a prática continuada de crimes.
1.1. O núcleo criminoso no BRB
A partir do ano de 2014, agentes do Banco Regional de Brasília e suas
subsidiárias, passaram a se organizar de maneira a negociar decisões de investimentos
com recursos de RPPS, fundos de pensão e fundos privados administrados pela BRB
DTVM, braço do banco responsável pela gestão de recursos, distribuição de títulos e
valores mobiliários e administração de ativos.
Os agentes do BRB, ao mesmo tempo que possuíam a administração
de ativos (fundo de investimento imobiliário, ou FII, e fundo de investimento em
participações, ou FIP), também geriam recursos de terceiros que os depositaram em
fundos geridos pela BRB DTVM ou os entregaram para custódia, notadamente recursos
de fundos de pensão, RPPS e fundos privados com recursos de particulares. Dessa
forma, consolidaram em uma única estrutura a decisão do investidor e do investido, o
que lhes dava grande autonomia para determinar o resultado de uma decisão de
investimento.
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Os primeiros negócios irregulares apurados apontam que a estrutura
inicial era limitada a HENRIQUE NETO e seu filho HENRIQUE LEITE, que era
Diretor de Administração de Recursos de Terceiros na BRB DTVM. A direção de
recursos de terceiros lhe garantia posição privilegiada para determinar o investimento de
recursos que a BRB DTVM fazia gestão.
HENRIQUE LEITE mantém seu pai constantemente informado sobre
os negócios da BRB DTVM. A cada e-mail recebido, que ele julgue ser uma
oportunidade para interesses privados estranhos às suas funções normais, HENRIQUE
LEITE encaminhava a mensagem ou inseria seu pai em cópia nas respostas (às vezes
mesmo em cópia oculta, sem que o destinatário principal soubesse).
Figura 1 - Trocas de mensagens sobre assuntos da BRB com e-mails particulares depai [HENRIQUE NETO] e filho [HENRIQUE LEITE] em cópia1
1 Os e-mails utilizados nesta denúncia foram obtidos a partir da Quebra de Sigilo Telemático deferidanos autos nº JF-DF-41860-68.2018.4.01.3400.
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Aliás, são dezenas de e-mails como o mesmo modus operandi:
resposta com cópia ou encaminhamento para endereços de e-mails particulares dos dois.
No período que ocupou a direção na BRB DTVM, HENRIQUE
LEITE permaneceu acionista, juntamente com HENRIQUE NETO, em várias empresas,
inclusive a BI ASSET e a BIAM COMPANHIA SECURITIZADORA, locais de
entrega de propinas. HENRIQUE LEITE continua, inclusive, exercendo papel nas
assembleias da companhia.
Figura 2 - Atividade de HENRIQUE LEITE na BIAM durante exercício da diretoria noBRB indicando dupla atuação2
Dessa forma, em um primeiro momento, há mera associação entre pai
e filho para cometerem crimes. HENRIQUE LEITE é alçado a diretor da BRB DTVM
por influência de seu pai, HENRIQUE NETO, com o objetivo claro de instrumentalizar
seu cargo em favor das empresas do pai em que o filho mantinha participação acionária.
2 Dado obtido a partir de pesquisa na internet. Documento disponível no link:<https://economia.estadao.com.br/fatos-relevantes/pdf/19903633.pdf>.
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HENRIQUE NETO cobra valores de empresários para que seu filho
HENRIQUE LEITE favoreça com decisões na BRB DTVM. Como gestor de recursos
de terceiros e administrador de ativos e carteiras, ao mesmo tempo que carrega a
administração de uma “bandeira” forte de um banco público, HENRIQUE LEITE tem o
poder de determinar a execução de investimentos na modalidade de equity com grande
autonomia e facilidade.
Nesse primeiro momento, HENRIQUE LEITE e HENRIQUE NETO
distribuem cotas do FII SIA e FIP LSH mediante pagamento de propinas com uma
estrutura criminosa limitada. Apesar de serem dois empreendimentos aparentemente
desconexos, a ordem dos investimentos executados por HENRIQUE NETO e
HENRIQUE LEITE apresentam notável simetria nos dois fundos.
O cenário se torna mais complexo no início de 2015, com a troca de
governo e a costumeira realocação de indicados políticos. O BRB passa a comportar o
comando de RICARDO LEAL como presidente do Conselho de Administração da
instituição financeira, após a indicação do acionista controlador. No referido posto,
RICARDO LEAL foi responsável por manter HENRIQUE LEITE, já que – segundo
HENRIQUE NETO comunicou ao colaborador RICARDO RODRIGUES – era
praticamente um “afilhado” de RICARDO LEAL.
RICARDO LEAL passa a operar a renovação da composição da
instituição com pessoas de sua confiança, significando dizer que eram pessoas dispostas
a seguir suas orientações para a prática de atos ilícitos. Nesse momento, no começo de
2015, assume VASCO GONÇALVES como presidente do BRB e NILBAN JUNIOR,
como presidente da BRB DTVM.
A indicação de VASCO ocorre juntamente à indicação de seu
cunhado, Marco Aurélio, em que pese a posse ter ocorrido em momentos distintos em9
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razão de trâmites distintos para os dois cargos. Os dois foram alçados a seus cargos pela
intermediação de RICARDO LEAL.
Figura 3 - Pedido de cargos para VASCO e MARCO AURÉLIO
VASCO GONÇALVES, mesmo antes de assumir a presidência, se
corresponde diretamente com RICARDO LEAL, em seus respectivos e-mails
particulares, apesar de VASCO GONÇALVES possuir e-mail corporativo do banco
BRB e da existência de meios oficiais de comunicação disponíveis para respostas
relativas às informações requisitadas.
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Figura 4 - Envio de informações da BSB ATIVOS a RICARDO LEAL por VASCO em2014
Figura 5 - Envio de informações sobre licitações a RICARDO LEAL por VASCO em2014
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Todos os e-mails datam de 2014 e demonstram áreas estratégicas na
estrutura do BRB, representando setores que permitem a “monetização” de interesses
privados.
A influência de RICARDO LEAL no Governo do Distrito Federal
(GDF) era sólida. VASCO GONÇALVES considerava RICARDO LEAL um “portal de
desejos” dentro do GDF, encaminhando inclusive pedidos de seus familiares.
Figura 6 - Pedido de cargo para a esposa por VASCO a RICARDO LEAL no GDF
São pelo menos uma dezena de e-mails nesse estilo, cuja reprodução
tornaria essa peça extensa.
A relação de NILBAN JUNIOR e VASCO GONÇALVES pré-data à
entrada de ambos na estrutura superior do BRB. Os dois mantêm relações pessoais e
negociais fora da instituição, especialmente em contratos de imóveis.
NILBAN JUNIOR ingressou na BRB DTVM e garantiu que
HENRIQUE LEITE continuasse a sua atividade. É relatado que NILBAN JUNIOR
praticamente se ausentou da presidência, deixando para HENRIQUE LEITE a
administração de fato da BRB DTVM. Nesse sentido o depoimento de MAYANA
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SUELLEN MAGALHÃES DE PINHO, funcionária da BRB DTVM: “QUE NILBAN
ficava sempre no terceiro andar3, salvo raras exceções; QUE HENRIQUE LEITE,
praticamente dirigiu todas as áreas da DTVM”.
No entanto, nas negociações a respeito do LSH, SIA e CORREIO
BRAZILIENSE, sua presença se faz em todos os e-mails, significando dizer que, em
relação aos interesses em negócios ilícitos, sua atenção era peculiar em relação aos
negócios mais ordinários da BRB DTVM. Tal fato é corroborado pelo depoimento de
funcionários da BRB DTVM:
QUE Henrique Leite, Jorge Wilson e Nilbam demonstraraminteresse na venda no mercado secundário de cotas do FIP LSHpertencente a Ricardo Siqueira; QUE estranhou o fato de Nilbamdemonstrar interesse nessa venda secundária do FIP LSH.(depoimento de Jared Capanema Jorge);
QUE ficou sabendo que Nilban e o Presidente Vasco fizerampressão para aquisição de debêntures do Correio Braziliense(depoimento de Ranayza Madlum de Paula);
QUE o Diretor Nilban compareceu uma vez na GECAP parasaber da operação de venda das cotas de Ricardo Siqueira(depoimento de Sidney Alcântara Viana da Silva);
QUE Henrique Leite, Nilban e Jorge Wilson ficaram, certa vez,atrás da mesa da depoente esperando a realização de uma operação,não sabendo precisar qual; QUE não sabe precisar se foi algumaoperação do Ricardo, da debênture do LSH ou do Correio Braziliense;QUE nos meses de junho/julho de 2016, houve pressão de JorgeWilson e Henrique Leite no setor da depoente (depoimento de TawanaSantos Cardoso Lima).
HENRIQUE LEITE transita por diversas áreas da BRB DTVM dando
ordens a subordinados de diretorias que não lhe eram vinculadas formalmente.3 O 3º andar é onde ficava localizada a presidência e diretorias do Banco BRB.
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HENRIQUE LEITE utiliza o assédio moral de funcionários para conseguir dos técnicos
as decisões que lhe interessavam em razão das negociações executadas pelo pai. Nas
hipóteses em que não foi capaz de constranger funcionários, HENRIQUE LEITE
abusou de sua alçada e fez operações diretamente sem o processo regular de análise de
investimentos. Os depoimentos de funcionários da BRB DTVM confirmam essa
constatação:
QUE o Fundo Turmalina era um fundo externo; QUE a BRBDTVM adquiriu cotas no Fundo Turmalina; QUE não foi feita análisede risco para fins de aquisição de cotas do Fundo Turmalina; QUE nareestruturação da dívida do Correio Braziliense, não houve análise derisco; QUE no Fundo Turmalina, não houve análise de risco em razãode decisão de Henrique Leite; QUE Valdemir indagou a HenriqueLeite sobre a operação do Fundo Turmalina; QUE a AMBIMAsolicitou informações sobre o investimento; QUE em relação aoFundo Turmalina, Wendell foi pressionado por Henrique Leite, poisele era gestor da DTVM (depoimento de Ranayza Madlum de Paula);
QUE a ordem de compra de cotas do Fundo Turmalina veiodiretamente de Henrique Leite e acatada por Wendell; QUE Wendellnão estava confortável em fazer a operação, pois o fundo 61 (FIRF 1milhão) que aplicou era sadio (depoimento de Sidney Alcântara Vianada Silva).
Não há dúvida de que HENRIQUE LEITE favorecia seu pai,
HENRIQUE NETO. Mas a relação não era apenas de confiança em decorrência do
vínculo familiar. HENRIQUE LEITE recebia repasses do seu pai pelos negócios que
executava na BRB DTVM. HENRIQUE NETO mantinha registro de suas operações,
registrando-as em planilhas de Excel4. Em várias delas é possível extrair contabilidade
de repasse para HENRIQUE LEITE DOMINGUES.
4 Planilha obtida a partir da Quebra de Sigilo Telemático deferida nos autos nº JF-DF-41860-68.2018.4.01.3400.
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Em planilha apreendida a partir da quebra de sigilo telemático,
verifica-se que HENRIQUE NETO registrou como crédito de “HLD”, sigla para
HENRIQUE LEITE DOMINGUES, o repasse de valores pagos por “RIROD”, sigla
para RICARDO RODRIGUES5.
Figura 7- Contabilidade paralela6 de HENRIQUE NETO atribuindo crédito de valorespagos por RICARDO RODRIGUES ("RIROD") a HENRIQUE LEITE DOMINGUES
("HLD")
As datas dos pagamentos são compatíveis com as entregas de dinheiro
em espécie relatadas por RICARDO RODRIGUES a HENRIQUE DOMINGUES
NETO, confirmando a narrativa do colaborador. Não havia troca de dinheiro por essas
operações. Para que o filho usufruísse dos valores, HENRIQUE NETO pagava despesas
pessoais de HENRIQUE LEITE. Essas despesas também se encontram na planilha sob a
rubrica de “Débito” no campo “Pagamento”. Dessa forma, HENRIQUE NETO fazia
parecer que os pagamentos a HENRIQUE LEITE eram meras dádivas de pai para filho.
Mais tarde, em meados de 2015, fica claro que NILBAN JUNIOR e
VASCO GONÇALVES são participantes do esquema com HENRIQUE LEITE.
NILBAN JUNIOR e VASCO GONÇALVES – no termo utilizado pelo colaborador
5 A sigla “RIROD” consta do próprio endereço de e-mail de RICARDO RODRIGUES,[email protected] Alguns nomes e códigos de pagadores foram ocultados para a preservação de investigações emandamento; alguns lançamentos foram ocultados para preservar aspectos da vida privada do denunciadoque são estranhos aos fatos narrados; os dados integrais podem ser verificados na massa de dados brutos.
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RICARDO RODRIGUES – “bypassam”7 (passa por cima) a autoridade de RICARDO
LEAL e solicitam diretamente valores ao empresário. Mais, demonstram que o esquema
existente lhes favorecia anteriormente. No entanto, VASCO e NILBAN consideravam
os valores até então devidos como insuficientes.
Um encontro entre eles ocorre após o Rock in Rio em 2015. Um
programa do evento para o dia 18 de setembro de 2015 foi encontrado com VASCO
GONÇALVES, conforme figura colacionada abaixo. A presença no dia é compatível
com registro de voo fornecido por companhia aérea que mostra o retorno de VASCO
GONÇALVES e NILBAN JUNIOR no dia 19/09/2015 com passagens adquiridas pelo
BRB8:
7 “Bypassa” é o aportuguesamento do verbo em inglês “to bypass", que significa passar por cima ou dar a volta8 Relatório de Informação nº 002-2019 (Circus Maximus. Envelopes 01,02, 04 e 05).
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Figura 8 - Programa do Rock in Rio 2015 encontrado com VASCO GONÇALVES
Figura 9 - Registro de voo de VASCO com a forma de pagamento "ÓRGÃOGOVERNO"
Figura 10 - Registro de voo de NILBAN com a forma de pagamento "ÓRGÃOGOVERNO"
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VASCO GONÇALVES, apesar de não estar inserido na estrutura da
BRB DTVM, que é subsidiária da holding BRB, cuja a presidência exercia, mantinha
interesse direto nos empreendimentos LSH, SIA e CORREIO BRAZILIENSE, apesar
de declarações feitas no dia de sua prisão.
Foram apreendidas anotações em posse de VASCO GONÇALVES
com registros pessoais sobre esses empreendimentos9:
Figura 11 - Agenda de VASCO contendo anotações do SIA CORPORATE
9 Dados obtidos a partir da Busca e Apreensão deferida nos autos do Processo nº 0041857-16.2018.4.01.3400.
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Figura 12 - Agenda de VASCO contendo referência ao CORREIO BRAZILIENSE e a"RICO" [apelido de HENRIQUE NETO] seguido do valor "200 mil"10
Paralelamente à entrada de VASCO, opera-se significativa alteração
na estrutura de controle de regularidade de atos na BRB DTVM. A análise de risco, que
antes era feita por uma estrutura própria na BRB DTVM é desmantelada e passa a ser
exercida em setor do Banco BRB, vinculado à Diretoria de Risco e Controladoria,
comandada por MARCO AURÉLIO DE CASTRO, cunhado de VASCO
GONÇALVES. Dessa forma, apesar de VASCO GONÇALVES estar fora da estrutura
da BRB DTVM, tem controle de maneira indireta do dia-a-dia da instituição.
Além disso, VASCO GONÇALVES dirige as atividades de NILBAN
JÚNIOR na BRB DTVM.
10 Relatório de Informação nº 002-2019 (Circus Maximus. Envelopes 01,02, 04 e 05).19
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O empregado da BRB DTVM Wendell Feitosa Castro relata que
VASCO GONÇALVES o procurou diretamente na BRB DTVM para cobrar a
aprovação da Operação Correio Braziliense, também sob suspeita de irregularidade,
afirmando genericamente haver interesse que seja concretizada.
Karla Danielle Back Luz Lopes, secretária executiva de VASCO
GONÇALVES, recebia de HENRIQUE LEITE DOMINGUES a Carteira Diária de
posições da BRB DTVM e a encaminhava para a conta de e-mail particular de VASCO
para conferência.
Figura 13 - Envio da Carteira Diária da BRB DTVM de HENRIQUE LEITE para e-mail de sua secretária, que encaminha ao e-mail particular de VASCO GONÇALVES
Quanto a NILBAN, embora demonstre afastamento presencial no dia-
a-dia da BRB DTVM, está em contato direto com RICARDO RODRIGUES,
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empresário do LSH, discutindo juntamente com HENRIQUE DOMINGUES os
detalhes das operações:
Figura 14 - Comunicação entre RICARDO RODRIGUES [do LSH] e HENRIQUENETO e NILBAN
Há que se destacar um traço comum de todos. Apesar de possuírem
contas de e-mail do grupo BRB, o grupo fazia questão de manter as suas comunicações
totalmente fora do radar dos controles internos.
A Diretoria de Recursos de Terceiros era estratégica para o esquema,
sendo seu controle necessário e suficiente para a sua execução. No entanto, como se não
bastasse, fica claro, pela declaração de funcionários que a compartimentação de funções
no BRB e na BRB DTVM é puramente aparente. HENRIQUE LEITE se dirige,
questiona e emite ordens diretas a funcionários que não estão imediatamente na
estrutura formal de subordinados a ele. Durante boa parte dos eventos (2013 a 2016),
HENRIQUE LEITE acumulou três diretorias da BRB DTVM. CARLOS VINÍCIUS,
antes de integrar a estrutura da BRB DTVM, em pelo menos um episódio, questiona
funcionário a respeito da aquisição de debêntures do TURMALINA, utilizado para
triangular recursos administrados pela BRB DTVM até o FIP LSH. VASCO, como já
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exposto, estava sempre presente nas decisões estratégicas e se preocupava com os três
empreendimentos suspeitos (LSH, SIA e CORREIO BRAZILIENSE) de forma
peculiar.
Há, portanto, um clima informal, típico de empresa familiar, que
substituiu a gestão profissional esperada de uma instituição financeira pública. Essa
desestruturação, operada de forma proposital, permitiu que os agentes atuassem de
forma criminosa.
1.2. O núcleo criminoso de operadores financeiros de ARTHUR SOARES FILHO
Para que se operasse a corrupção foi essencial a montagem de uma
complexa estrutura de lavagem de dinheiro que permitiu manter fora dos olhos do poder
estatal qualquer movimentação financeira atípica.
Primeiro vieram os “geradores de dinheiro”, pessoas que
incorporaram na sua prática profissional a atividade de colocar à disposição dinheiro em
espécie para que empresários realizassem pagamentos ilícitos. Ainda que o uso de
dinheiro em espécie não seja por si só ilícito, a emissão de notas fiscais frias para a
colocação de grandes somas em disponibilidade de empresários objetivamente coloca os
agentes em condição de coautores da lavagem de dinheiro. O desconhecimento do
destino final do valor não exclui o crime, porque objetivamente é possível depreender
que os agentes assumiram o risco pela atividade. O desconhecimento é apenas elemento
da “cegueira deliberada” que lhes permite a ilusão de alegar a licitude de suas
atividades.
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Além disso, conforme se especificará, a origem dos valores das
empresas GLOBOMIX e MINISTER são objeto de apontamentos que indicam a
ilicitude de sua origem.
Os valores em questão possuem origem em atividades ilícitas e a
necessidade dos empresários simplesmente era uma conveniência diante da demanda em
se branquear dinheiro em espécie acumulado, que não poderia entrar novamente no
sistema legítimo sem uma base negocial com aparência de legitimidade.
Nessa condição se encaixam FELIPE BEDRAN CALIL, FELIPE
BEDRAN CALIL FILHO, NATHANA CALIL, DIOGO CUOCO e ADRIANA
CUOCO, que emitiram notas fiscais falsas e entregaram dinheiro em espécie para
RICARDO SIQUEIRA RODRIGUES.
FELIPE BEDRAN CALIL era proprietário da MINISTER, uma
gráfica do Rio de Janeiro especializada em produzir material para campanhas políticas.
FELIPE BEDRAN CALIL era amigo de ARTHUR SOARES FILHO, que realizou a
indicação do gestor da gráfica para a “geração” de moeda em espécie a RICARDO
RODRIGUES. FELIPE BEDRAN CALIL possuía excedente de moeda em espécie de
operações informais que realizava em razão de vedações impostas pela lei eleitoral,
conforme revela e-mail abaixo:
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Figura 15 - FELIPE CALIL menciona que "ARTHUR [SOARES] é um grande amigo"
Em sua casa foi apreendido material que demonstra contabilidade
paralela de serviços para políticos locais do Rio de Janeiro. Material idêntico de outros
períodos foi encontrado no apartamento de FELIPE BEDRAN CALIL:
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Figura 16 - Contabilidade paralela de cobrança de material publicitário de FELIPEBEDRAN CALIL
A gráfica MINISTER foi desativada em 2016, após as primeiras
apurações da macrocorrupção instalada governo local, municipal e estadual, do Rio de
Janeiro.
Apesar disso, a MINISTER continuou a operar informalmente no
ramo gráfico. Na residência de FELIPE BEDRAN CALIL11 foi encontrado material
publicitário produzido para a campanha de 2018, havendo indicação que permaneceu
nos negócios de produção gráfica, terceirizando a sua execução, mas mantendo a
negociação e geração de notas frias até a presente data. Na residência de FELIPE
BEDRAN CALIL foi encontrado material publicitário diagramado para as campanhas
de 2018:
11 Os objetos apreendidos com FELIPE BEDRAN CALIL estão descritos nos autos de apreensão nº 74e 76/2019, da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
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Figura 17 - Pasta de arquivos intitulada "Santinhos 2018" encontrada no computadorde FELIPE BEDRAN CALIL contendo material publicitário da campanha das Eleições
2018, há apenas 4 meses atrás; a pasta contém material publicitário nas três esferas(federal, estadual e municipal)
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Figura 18 - Santinho produzido por FELIPE BEDRAN CALIL para as Eleições de2018
Por sua vez, FELIPE BEDRAN CALIL FILHO foi responsável por
levar, em pelo menos três episódios, dinheiro em espécie para RICARDO
RODRIGUES para o pagamento de propinas. Seu papel inicialmente limitado no
esquema, no entanto, esconde uma participação mais acentuada.
NATHANA CALIL, irmã de FELIPE BEDRAN CALIL FILHO,
informa que ele não participava do dia a dia da MINISTER. Essa declaração é
aparentemente incompatível com o material encontrado nas caixas de e-mail de FELIPE
BEDRAN CALIL. Os e-mails revelam que FELIPE BEDRAN CALIL mantinha um
profícuo esquema de fornecimento de dinheiro em espécie e que seu filho agia
ativamente. Dessa forma, a declaração de NATHANA CALIL é parcialmente
verdadeira: FELIPE CALIL FILHO não possuía atividade regular na MINISTER,
atuando estritamente na parte ilícita da atividade, ou seja, convertendo ativos ilícitos. A
atividade de FELIPE BEDRAN CALIL FILHO era auxiliar seu pai, FELIPE BEDRAN
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CALIL, a realizar o gerenciamento de recursos frios e entregá-los a empresários do Rio
de Janeiro.
São centenas de pedidos que repetem o mesmo modus operandi:
Figura 19 - Esquema de geração de notas frias; dinâmica interna dos CALIL
Alguns pedidos de simulação são acompanhados de modelo de
contrato, distrato e indenização. No caso do LSH, um dos pedidos já acompanhava três
arquivos, um contendo o simulacro de pedido, um simulacro de cobrança e um
simulacro de resposta à cobrança, todos previamente preparados por FELIPE BEDRAN
CALIL:
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Figura 20 - E-mail contendo cobrança, réplica e tréplica na caixa de Felipe BedranCalil
Além disso, alguns pedidos são totalmente incompatíveis com as
posições de executivos de grandes empresas, como diretores, se ocupando de
encomendas de gráficas.
Figura 21 - Exemplo de pedido encaminhado ao e-mail particular de Felipe Calil Filho
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Figura 22 - Pedidos não são feitos por quantidades de materiais, mas por valores;nesse caso, empresa de ARTHUR SOARES FILHO (Laborvida)
Figura 23 - Pedido de notas por Eliane Cavalcante12 para a KB Participações, holding
12 Eliane Cavalcante também era a conselheira indicada por ARTHUR SOARES FILHO no Conselho de30
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com participação no LSH
FELIPE BEDRAN CALIL FILHO é o braço financeiro dos esquemas
de seu pai. Frise-se que seu patrimônio não está totalmente esclarecido e que o total dele
é aparentemente incompatível com as atividades que exerceu até hoje. Além disso,
possui um aparato organizacional financeiro extremamente complexo para as suas
atividades, possuindo empresas em paraísos fiscais (Ilhas Virgens Britânicas) e diversas
contas no exterior.
Figura 24 - Certificado de incorporação de empresa nas Ilhas Virgens Britânicas deFELIPE CALIL FILHO
NATHANA CALIL, por sua vez, orientada pelo pai FELIPE
BEDRAN CALIL, celebra com RICARDO RODRIGUES um contrato de locação com
o objetivo apenas de justificar a troca de dinheiro legítimo por dinheiro frio.
Administração do Hotel LSH31
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As tratativas da locação seguem o mesmo modelo já demonstrado para
as notas, inclusive a tratativa de distrato acompanhada ao contrato, com uma
clarividência atípica para essas operações, especialmente considerando que o prazo de
locação era de 60 meses:
Figura 25 - Distrato encaminhado juntamente com contrato; distrato ocorreria apenasem janeiro de 2017 sem o locatário sequer ocupar o galpão
NATHANA CALIL assina contrato com Ricardo Rodrigues, havendo
distrato logo em seguida. Ela recebe os valores em sua conta bancária no total de R$
3.000.000,00. Em depoimento, afirma que os valores foram para a realização de obra
determinada pelo locatário:
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Figura 26 - Contrato de demolição em valor muito inferior aos R$ 3 milhões entregues
No entanto, em busca por contratos firmados por NATHANA CALIL,
foram encontrados apenas um de valor mais expressivo, de apenas R$ 62.160,45, e
outros que juntos não somam R$ 5 mil. A obra, se existiu, foi um incidente conveniente
para a administração do imóvel, que já necessitava de renovações, mas não justifica o
pagamento de R$ 3 milhões de reais feitos por RICARDO RODRIGUES. O artifício
utilizado objetivou apenas criar a simulação sem sofrer os efeitos fiscais inerentes do
recebimento de R$ 3 milhões em parcelas de locação, nem ter que esperar o pagamento
parcelado em mensalidades dos valores.
Adicione-se a isso o fato de que nenhuma das medidas ordinárias
seguidas por NATHANA CALIL para a locação do imóvel em outras ocasiões33
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ocorreram. Não ocorreu vistoria e não havia previsão de garantia do aluguel (fiança,
caução, etc). O interessado – RICARDO RODRIGUES – nunca visitou o imóvel.
Curiosamente, o contrato previa a solidariedade recíproca entre fiador e locatário, mas a
previsão de fiança foi suprimida, demonstrando mais uma vez que se tratou de um
contrato atípico. O contrato, ajustado às pressas para atender à necessidade de lavagem
de dinheiro, acabou mantendo a cláusula de procuração recíproca por descuido:
Figura 27 - Cláusula de solidariedade entre fiador e locatário, apesar de o contratonão prever fiança conforme o modelo de negócios usualmente encontrado nos
contratos de NATHANA CALIL
Os procedimentos ordinários acima citados – visita, vistoria, garantia
– são realizados com outros locatários, conforme e-mails apreendidos (que não serão
reproduzidos para a preservação de terceiros em negócios aparentemente legítimos).
NATHANA CALIL se ocupa ordinariamente de cobrar por alugueres atrasados,
cadastro de fiadores, fotos de vistoria, agenda de visitação e outras medidas que se
espera de uma pessoa que exerce a atividade de locação de forma profissional. No caso
de RICARDO RODRIGUES, nada disso existiu. Fica claro que estava ciente da
atipicidade da locação e agiu orientada por seu pai, FELIPE BEDRAN CALIL.
DIOGO CUOCO, por sua vez, atuou na administração da
GLOBOMIX, após ser provocado por RICARDO RODRIGUES em razão de contato
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intermediado por ARTHUR SOARES FILHO. A GLOBOMIX, por meio da
administração da Hydra Engenharia, está envolvida em uma série de contratos suspeitos
no Rio de Janeiro para a execução de obras para as Olimpíadas de 2016.
Empregados da GLOBOMIX, Francisco de Assis Pereira de Araujo e
Paulo Henrique Marques Farias, em testemunho prestado na Polícia Civil do Estado do
Rio de Janeiro, no âmbito do IPL 042-04057/201, já declararam ter ocorrido o
recebimento de valores em dinheiro, entre R$ 100.000,00 e R$ 120.000,00, por ordem
de DIOGO CUOCO, nos meses prévios às Olimpíadas de 2016, nos anos de 2015 e
2016. Os e-mails apreendidos relatam que havia grande pressão para terminar as obras e
que entregas da GLOBOMIX foram realizadas sem a devida formalização. A grande
disponibilidade de dinheiro em espécie de DIOGO CUOCO, portanto, é explicada pelos
referidos negócios ilícitos.
DIOGO CUOCO mantinha também, em seus arquivos13, controle de
notas fiscais emitidas em razão de “relacionamento”14 pessoal com as pessoas
envolvidas. Em relação à LSH, são extraídas as seguintes entradas na planilha eletrônica
apreendida:
13 Dados obtidos a partir da Quebra de Sigilo Telemático deferida nos autos nº JF-DF-41860-68.2018.4.01.3400.
14 “PLANILHA DE NOTAS FISCAIS EMITIDAS - RELACIONAMENTO” é a expressão utilizada notítulo da planilha.
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Figura 28 - Planilhas encontradas nos arquivos de DIOGO CUOCO enumeramrelação de notas fiscais com valores das notas versus valores devolvidos
Todas as notas enumeradas na relação acima (com exceção da nota
fiscal 2795) foram apontadas pelo colaborador RICARDO RODRIGUES como falsas
previamente à apreensão. As datas constantes na planilha também são condizentes com
as notas apresentadas.
A planilha acima conta com duas colunas que merecem destaque:
“VALOR NF”, representando o valor bruto de face da nota, e “VALOR A
DEVOLVER”, cuja a expressão é autoexplicativa, mas não custa explicar, ou seja, são
valores que retornaram ao pagador das notas. O valor a devolver representa o desconto
de tributos além da taxa pelo “serviço”.
Em um episódio particular, DIOGO CUOCO atua juntamente com a
sua cunhada, ADRIANA BIJARRA CUOCO, que possui escritório de arquitetura, para
o branqueamento de valores. Conforme nota fiscal apresentada pelo colaborador
RICARDO RODRIGUES, ADRIANA CUOCO simulou a prestação do serviço de
arquitetura com o hotel LSH no valor de R$ 400 mil para a geração de dinheiro em
espécie para o pagamento de propinas aos funcionários do BRB. O serviço nunca foi
prestado:
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Figura 29 - Nota fiscal fria produzida por ADRIANA CUOCO
A narrativa se confirma por e-mail trocado com PAULO
FIGUEIREDO FILHO, CEO (“chief executive officer”, ou diretor-executivo, diretor-
presidente) do hotel LSH, em que ADRIANA CUOCO afirma que o restante –
equivalente a R$ 8.840,00 – do valor “líquido”, após a entrega de R$ 380.000,00, ainda
deveriam ser entregues.
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Figura 30 - ADRIANA CUOCO apresentando saldo do valor "líquido" a ser entregue
A discussão sobre o valor líquido a ser entregue ocorreu por uma
questão tributária. A nota fiscal inicialmente emitida na cidade de São Paulo gerou a
obrigação de retenção e o pagamento de tributo a maior. Com o cancelamento da nota e
emissão em outro local, o valor “líquido” a ser entregue aumentou para além dos R$
380.000,00 já entregues. ADRIANA CUOCO, dessa forma, certificou a PAULO
FIGUEIREDO FILHO que o valor “líquido” restante seria entregue.
Dessa forma, DIOGO CUOCO utilizou a atividade da cunhada, que
agiu conjuntamente e ciente da ilicitude do ato, para novamente se desfazer do
“excesso” de dinheiro em espécie que possuía, branqueando valores ilícitos e auxiliando
RICARDO RODRIGUES a pagar propinas.38
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1.3. O núcleo de operadores financeiros da ODEBRECHT e de RICARDO LEAL e
ADONIS
A condição de VINÍCIUS CLARET, CLÁUDIO FERNANDO
BARBOSA e FRANCISCO ARAÚJO JÚNIOR é ainda mais clara em razão dos
respectivos acordos de colaboração que celebraram com o Ministério Público Federal.
A estrutura utilizada pelo trio impressiona pela complexidade e
permite confirmar a ciência do caráter ilícito dos negócios de seus clientes. VINÍCIUS
CLARET e CLÁUDIO FERNANDO BARBOSA operavam no Brasil remotamente, a
partir do Uruguai, uma central de compensação de diversos doleiros e entregadores.
Conforme a demanda, eles determinavam a retirada de dinheiro que era oriundo de um
determinado esquema de corrupção para outro e faziam as devidas compensações.
FRANCISCO JUNIOR, na maior parte da sua atividade, estava
associado a CLARET e BARBOSA, que determinavam o local das entregas conforme
as demandas de seus clientes, entre eles as diversas empresas do grupo ODEBRECHT,
inclusive a ODEBRECHT REALIZAÇÕES, que, juntamente com a BRASAL
INCORPORAÇÕES, elaboraram o desenvolvimento do empreendimento PRAÇA
CAPITAL em Brasília.
A complexidade, o volume de operações e a quantidade de
colaboradores fez com que CLARET e BARBOSA mantivessem um sistema de
controle de transações que desenvolveram para uso próprio. Esse sistema, chamado
“ST”, possui um banco de dados de todas as operações realizadas pela dupla. O “ST”,
quando contraposto ao sistema Drousys, infame software de controle da propina do
grupo ODEBRECHT nos anos anteriores à celebração da leniência com o Ministério
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Público Federal, bem como à narrativa dos fatos de FRANCISCO JÚNIOR, permite
conhecer todo o caminho da propina.
Trata-se de uma corrida de revezamento, cada um passando o bastão à
frente. O gestor identifica a oportunidade de negócios mediante pagamento de propina.
O setor de operações estruturadas recebe um pedido, que é registrado no sistema
drousys. Logo em seguida, a demanda é encaminhada a CLARET e BARBOSA, que a
inserem no sistema “ST”, fazendo o ajuste contábil com outros doleiros que possam
fazer a compensação. Escolhido um doleiro, ele se encarrega de levar o dinheiro ao
local indicado. O desconhecimento do todo favorecia o esquema criminoso. Caso
houvesse o comprometimento de qualquer parte, garantia-se que o todo continuaria sem
se comprometer o todo. Cada elemento era uma parte da engrenagem que seria
facilmente substituída sem que as autoridades pudessem desmontar todo o esquema.
No caso específico, MARCO AURÉLIO SIQUEIRA fez os pedidos a
seus superiores, PAUL ALTIT e PAULO RICARDO, após tratar da propina com
HENRIQUE NETO e HENRIQUE LEITE. A ODEBRECHT REALIZAÇÕES
encaminhava a demanda ao setor de operações estruturadas via drousys. No setor de
operações estruturadas, encaminhava-se o pedido a CLARET e BARBOSA, que
cadastrava e fazia o ajuste no “ST”. Foi escolhido FRANCISCO JUNIOR para a
entrega, que a realizou conforme as orientações. FRANCISCO JUNIOR, talvez a pessoa
mais exposta, era propositalmente “cegada” dos detalhes, especialmente sobre a
qualificação do destinatário. FRANCISCO JUNIOR somente portava um endereço e
uma senha. Pontualmente, em razão da repetição de entregas, FRANCISCO JUNIOR
estava ciente da identificação do seu destinatário.
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Figura 31 - Extrato do sistema Drousys com entrega de valores no endereço da BIAM
contendo as senhas "MADEIRA" e "ALGODÃO"
Figura 32 - Extrato do sistema DS contendo as senhas "MADEIRA" e "ALGODÃO"
No sistema “ST”, “JUBRA” era a aglutinação de “Júnior” e
“Brasília”, cidade base do doleiro, identificando FRANCISCO JÚNIOR. “DH” no
nome se referia à forma de remessa, que era dinheiro. “DF” era o local da entrega.
“TUTA” era código para a ODEBRECHT.
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Entre os destinatários das operações, conforme uma das imagens, está
o endereço da BIAM COMPANHIA SECURITIZADORA, na torre corporativa do
Shopping Pátio Brasil, cuja entrega era endereçada a “HENRIQUE DOMINGUES”,
mediante as senhas “MADEIRA” e “ALGODÃO”.
A relação de FRANCISCO JUNIOR com RICARDO LEAL e
ADONIS e entre o primeiro e a ODEBRECHT é uma coincidência que acabou
redundando no encontro de dois fatos paralelos. FRANCISCO JUNIOR prestava
serviço para a ODEBRECHT, mas também já era conhecido de RICARDO LEAL e
ADONIS.
Ao mesmo tempo que atuava com CLARET e BARBOSA para
executar ordens da ODEBRECHT, de forma paralela, FRANCISCO ARAÚJO JÚNIOR
agia autonomamente, sem a intermediação de CLARET e BARBOSA, em favor de
RICARDO LEAL e ADONIS ASSUMPÇÃO. Conforme seu termo de declarações,
FRANCISCO JÚNIOR realizava entregas de valores entre R$ 100.000,00 e R$
300.000,00 para RICARDO LEAL em seu escritório no Edifício Palácio do Rádio II,
onde funcionava a sua empresa NUTRIZ.
FRANCISCO JÚNIOR também realizou operações para ADONIS
ASSUMPÇÃO, que foi buscar valores na garagem do edifício em que JÚNIOR
mantinha seu escritório e em outros locais que não lembra.
Além de entregas, sobre negócios tratados, JUNIOR explica que
discutiu poucas vezes sobre quais eram as atividades do RICARDO LEAL, lembrando-
se apenas de um episódio em que ele comentou sobre a necessidade de arrecadar valores
para a campanha de Rodrigo Rollemberg em 2014, questionando sobre pessoas
dispostas a contribuir. FRANCISCO JÚNIOR afirma que sabe que, em pelo menos uma
hipótese, RICARDO LEAL concretizou encontro para esse fim.42
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ADONIS ASSUMPÇÃO, por sua vez, foi responsável por obscurecer
das autoridades o patrimônio acumulado por RICARDO LEAL. Tal verifica-se pelos
documentos encontrados no escritório de RICARDO LEAL, que demonstram que o
patrimônio em nome de ADONIS ASSUMPÇÃO era administrado de perto por
RICARDO LEAL, sendo o provável real titular dos ativos.
ADONIS ASSUMPÇÃO foi preso com R$ 200 mil em espécie em
seu cofre. A atividade de venda de cavalos em eventos recentes, alegada por ADONIS
para justificar o valor é inverossímil. As cédulas de dinheiro estavam envoltas em fitas
do Banco BRB que datam saques entre agosto e dezembro de 2015, datas em que os
pagamentos dos esquemas em questão se intensificaram. Dessa forma, é seguro dizer
que ADONIS ASSUMPÇÃO ocultava em sua residência dinheiro recebido por
RICARDO LEAL a partir de seus esquemas de corrupção.
Ainda sobre RICARDO LEAL e ADONIS ASSUMPÇÃO, Fábio
Ferreira Cleto e Lúcio Funaro afirmam conhecer os dois e que praticavam negócios
ilícitos da mesma espécie pelos quais os levaram à colaboração com o Ministério
Público Federal. Apesar de manterem negócios separados, com atuações pontuais entre
si, os quatro trocavam informações sobre oportunidades em Brasília para cometerem
ilícitos, no que pode ser considerado uma verdadeira confraria de operadores na capital
federal. Fábio Cleto confirma a informação sobre a existência da conta de RICARDO
LEAL na Suíça, afirmando que RICARDO LEAL lhe apresentou Silvano Bernasconi,
pessoa responsável por manter os valores ilícitos de RICARDO LEAL no exterior, para
abrir uma conta com a mesma finalidade do denunciado.
1.4. O núcleo criminoso do LSH
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RICARDO SIQUEIRA RODRIGUES, ARTHUR CÉSAR DE
MENEZES SOARES FILHO e PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO
FILHO se associaram para desviar valores investidos para seus patrimônios pessoais por
meio da valorização artificial do empreendimento HOTEL LSH, seja por aportes no FIP
LSH, seja por meio de endividamento (emissão de debêntures) que permitiu a
construção do empreendimento.
Para tal, ARTHUR SOARES FILHO delegou a RICARDO
RODRIGUES a tarefa de conseguir aportes mediante o pagamento de vantagens
indevidas. Para que isso fosse possível, com a finalidade clara e deliberada de facilitar a
execução de atos de corrupção ativa e lavagem de capitais por parte da organização
criminosa, ARTHUR SOARES apresentou a RICARDO RODRIGUES (que não tinha
antes expertise em geração de caixa para corrupção e lavagem) as pessoas FELIPE
BEDRAN CALIL (que utilizou o auxílio de FELIPE BEDRAN CALIL FILHO e
NATHANA CALIL) e DIOGO CUOCO (que utilizou o auxílio de ADRIANA
CUOCO). FELIPE BEDRAN CALIL, FELIPE BEDRAN CALIL FILHO, NATHANA
CALIL, DIOGO CUOCO e ADRIANA CUOCO operaram para lavar dinheiro de
origem ilícita, dando a eles aparência de licitude.
Por sua vez, PAULO FIGUEIREDO FILHO ficou encarregado da
administração do HOTEL LSH e, somente por sua cooperação, foram pagas as notas
fiscais sem prestação correspondente que permitiu a “geração” de moeda em espécie
para pagamento das propinas. Por sua vez, ARTHUR SOARES FILHO era presença
constante nas discussões sobre o HOTEL LSH, tomando ciência dos negócios por meio
dos seus representantes e pelas vias eletrônicas.
ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO
também eram presenças constantes nas discussões por meio de e-mails com
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HENRIQUE DOMINGUES NETO e HENRIQUE LEITE DOMINGUES,
intermediador e receptor dos pagamentos ilícitos, tratando com detalhes sobre os
aportes.
Figura 33 - Comunicação entre ARTHUR SOARES e a administração do LSHacompanhada em cópia por HENRIQUE DOMINGUES NETO e RICARDO
RODRIGUES
ARTHUR SOARES FILHO é o elo desta célula com o núcleo
criminoso de operadores financeiros que gerou notas fiscais frias. ARTHUR SOARES
FILHO é pessoa próxima de FELIPE BEDRAN CALIL e DIOGO CUOCO, conforme
já demonstrado na narrativa sobre essas pessoas. Conforme e-mails apreendidos, a
atividade de emissão de notas frias era um serviço constante nas atividades empresariais
de ARTHUR SOARES FILHO (verdadeiro experto da organização criminosa no campo
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da geração de caixa para corrupção de agentes públicos e lavagem de capitais), tendo
apenas transplantado essa prática para mais uma de suas atividades criminosas.
Andrea Lopes Moreira, que esteve em contato com a gestão do Hotel
LSH por um período, afirma que ARTHUR SOARES FILHO mantinha conhecimento
constante sobre os negócios do empreendimento por meio de Eliana Cavalcante.
Figura 34 - ARTHUR SOARES FILHO comandando a atividade de Eliane Cavalcante
Eliane Cavalcante era conselheira no conselho de administração do
Hotel LSH e mantinha ARTHUR SOARES FILHO informado de todas as atividades.
Eliane ainda era a principal responsável pela gestão da KB Investpar, braço de
participações de ARTHUR SOARES FILHO que detinha a participação acionária no
LSH HOTELS em nome de ARTHUR SOARES FILHO.
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Um episódio relatado tanto por Andrea Lopes Moreira quanto por
RICARDO SIQUEIRA RODRIGUES demonstra o conhecimento de ARTHUR
SOARES FILHO sobre o dia a dia das finanças do hotel. PAULO FIGUEIREDO
FILHO, na qualidade de CEO do hotel, autorizou garantia de contrato de mútuo em
favor de seu pai, Paulo Figueiredo, no valor de R$ 5 milhões. ARTHUR SOARES
FILHO detecta a inadimplência e a garantia graciosa dada ao parente e, furioso, cobra
satisfações de PAULO FIGUEIRDO FILHO.
O evento serve para demonstrar tanto que ARTHUR SOARES FILHO
acompanha de perto os negócios e as finanças do Hotel LSH quanto demonstra a
autonomia financeira de PAULO FIGUEIREDO FILHO sobre o empreendimento. Isso
significa que PAULO FIGUEIREDO FILHO possuía alçada para realizar negócios de
grande vulto e pagar despesas regularmente, enquanto nenhum detalhe sobre as finanças
do hotel escapava ao escrutínio de ARTHUR SOARES FILHO.
Como se não bastasse, conforme episódio já narrado, PAULO
FIGUEIREDO FILHO trata diretamente com ADRIANA CUOCO sobre a remessa de
dinheiro para pagamento de propinas, acompanhando os valores devidos (ver Figura 30,
reproduzida acima).
A presença de PAULO FIGUEIREDO FILHO nas operações
financeiras irregulares também é atestada por vários e-mails que troca na condição de
CEO do HOTEL LSH:
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Figura 35 - Contatos entre PAULO FIGUEIREDO FILHO e HENRIQUE NETO para aaprovação expedita das debêntures do LSH
Portanto, PAULO FIGUEIREDO FILHO tinha a possibilidade e
capacidade de movimentar livremente o caixa da empresa, vindo a exercer essa
capacidade para benefício próprio; aprovava despesas; lidava com fornecedores que
efetivamente emitiram notas frias para o hotel (GLOBOMIX e ADRIANA CUOCO),
cujo dinheiro lavado foi destinado a pagar propinas para viabilizar operações financeiras
atípicas em que possuiu participação ativa. Seu conhecimento do esquema era inevitável
e indispensável.
1.5. O núcleo criminoso de empresários da ODEBRECHT e da BRASAL
PAUL ALTIT, PAULO RICARDO DE MELO e MARCO AURÉLIO
SIQUEIRA15, funcionários da ODEBRECHT REALIZAÇÕES, organizaram-se para
15 Em razão de imunidade conferida pelo acordo de leniência firmado com a Odebrecht, MARCOAURÉLIO SIQUEIRA não é denunciado na presente peça.
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pagar o funcionário HENRIQUE LEITE, diretor da BRB DTVM, por meio de seu pai,
HENRIQUE NETO.
Valendo-se de diversos pagamentos, os funcionários da Odebrecht,
conseguiram a aprovação de aportes do FII SIA, fundo de investimento que
proporcionava funding para o empreendimento PRAÇA CAPITAL, uma iniciativa de
desenvolvimento imobiliário da ODEBRECHT e da BRASAL INCORPORAÇÕES.
Do lado da BRASAL, atuava conjuntamente com MARCO
AURÉLIO SIQUEIRA, o diretor DILTON BARBOSA. Em diversos encontros com
HENRIQUE NETO, os dois receberam solicitações de dinheiro para a aprovação de
aportes de fundos administrados pela BRB DTVM. HENRIQUE LEITE participa ao
menos de uma reunião, ficando claro o seu conhecimento da origem do dinheiro.
HENRIQUE NETO menciona que os valores estão sendo cobrados em razão de
solicitação de RICARDO LEAL, arrecadador do antigo governador do DF.
MARCO AURÉLIO SIQUEIRA, diante das solicitações, ativou o
setor de Operações Estruturadas da Odebrecht que, como já é de conhecimento público,
compreendia um sistema elaborado de entrega de propinas para diversas instâncias da
estrutura do Estado brasileiro. Entra em cena a participação dos doleiros, já
mencionada, com a entrega sendo realizada por FRANCISCO JÚNIOR. Os valores
foram entregues no escritório da BIAM na torre corporativa do Pátio Brasil.
Diante das solicitações de HENRIQUE NETO e HENRIQUE LEITE,
DILTON BARBOSA demonstrou reciprocidade e prometeu a entrega de valores em
paridade aos valores. Mesmo após o representante da ODEBRECHT cessar a atividade
de pagamentos em razão do aprofundamento da Operação Lava Jato em Curitiba,
DILTON BARBOSA continuou a encontrar HENRIQUE NETO para fins criminosos,
conforme registros de encontros apreendidos que datam desde 18 de abril de 2017.49
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1.6. Imputação do crime de organização criminosa conforme a divisão relacional da
rede criminosa
Excluídos agentes que atuaram pontualmente e figuram na narrativa
como auxiliares pontuais, verifica-se a atividade dos seguintes núcleos de forma
permanente e coordenada:
1) RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, HENRIQUE DOMINGUES
NETO, HENRIQUE LEITE DOMINGUES, VASCO CUNHA
GONÇALVES, NILBAN DE MELO JÚNIOR e ADONIS
ASSUMPÇÃO PEREIRA JÚNIOR, funcionários do grupo BRB
ou terceiros a eles associados, bem como indivíduos não
identificados, reuniram-se de forma permanente e coordenada
entre si e com outros núcleos enumerados (2, 6 e 7), entre os anos
de 2014 e 2016, com o objetivo de praticar os crimes tipificados
no arts. 317 e 333 do Código Penal, arts. 4º e 5º da Lei n.
7.492/1986 e art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998;
2) ARTHUR CÉSAR DE MENEZES SOARES FILHO, PAULO
RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO e RICARDO
SIQUEIRA RODRIGUES, empresários do Hotel LSH, bem como
indivíduos ainda não identificados, reuniram-se de forma
permanente e coordenada entre si e com outros núcleos
enumerados (1, 3 e 4), entre os anos de 2012 e 2017, com o
objetivo de praticar os crimes tipificados no arts. 333 do Código
Penal, arts. 4º e 5º da Lei n. 7.492/1986 e art. 1º, parágrafo 1º,
inciso I, da Lei n. 9.613/1998;50
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3) FELIPE BEDRAN CALIL FILHO e FELIPE BEDRAN CALIL,
bem como indivíduos ainda não identificados, reuniram-se de
forma permanente e coordenada entre si e com outros núcleos
enumerados (2), entre os anos de 2012 e 2016, com o objetivo de
praticar o crime tipificado no art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei
n. 9.613/1998;
4) DIOGO RODRIGUES CUOCO e terceiros ainda não
identificados se reuniram de forma permanente e coordenada entre
si e com outros núcleos enumerados (2), entre os anos de 2012 e
2016, com o objetivo de praticar o crime tipificado no art. 1º,
parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998;
5) VINÍCIUS VIEIRA BARRETO CLARET, CLÁUDIO
FERNANDO BARBOSA e FRANCISCO ARAÚJO JÚNIOR,
operadores financeiros, bem como indivíduos ainda não
identificados, reuniram-se de forma permanente e coordenada
entre si e com outros núcleos enumerados (1, 2, 6 e 7), entre os
anos de 2013 e 2016, com o objetivo de praticar os crimes
tipificados no art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998;
6) FRANCISCO ARAÚJO JÚNIOR, RICARDO LUÍS PEIXOTO
LEAL e ADONIS ASSUMPÇÃO PEREIRA JÚNIOR, atuando
como operadores financeiros, reuniram-se de forma permanente e
coordenada entre si e com outros núcleos enumerados (1, 2 e 7),
entre os anos de 2013 e 2016, com o objetivo de praticar os crimes
tipificados no art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998; e
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7) PAUL ELIE ALTIT, MARCO AURÉLIO BENITO JUAREZ,
PAULO RICARDO BAQUEIRO DE MELO, funcionários da
ODEBRECHT REALIZAÇÕES, associados a representantes da
BRASAL INCORPORAÇÕES, incluindo DILTON CASTRO
JUNQUEIRA BARBOSA, reuniram-se de forma permanente e
coordenada entre si e com outros núcleos enumerados (1 e 6),
entre os anos de 2012 e 2016, com o objetivo de praticar os crimes
tipificados no arts. 333 do Código Penal, arts. 4º e 5º da Lei n.
7.492/1986 e art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
Dessa forma, ARTHUR SOARES FILHO, RICARDO RODRIGUES,
PAULO FIGUEIREDO FILHO, RICARDO LEAL, HENRIQUE NETO, HENRIQUE
LEITE, VASCO GONÇALVES, NILBAN JUNIOR, ADONIS ASSUMPÇÃO,
MARCO AURÉLIO SIQUEIRA, PAUL ELIE ALTIT, PAULO RICARDO DE MELO,
FRANCISCO JÚNIOR, VINÍCIUS CLARET e CLÁUDIO BARBOSA, incorreram no
crime de organização criminosa nos termos do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º,
da Lei 12.850/2013.
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2. IMPUTAÇÃO DE CORRUPÇÃO: FATOS DO EMPREENDIMENTO LSH
Figura 36 - Representação gráfica do esquema LSH
O FIP LSH tem como empreendimento subjacente o projeto de
construção do Trump Hotel na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, aproveitando os
benefícios oferecidos pelo município em razão dos Jogos Olímpicos de 2016, o
chamado “Pacote Olímpico”. Esse pacote fornecia vantagens para a construção de
novos hotéis que seriam necessários para o evento que surgiria. Dessa forma, em 2012,
RICARDO SIQUEIRA RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e PAULO
FIGUEIREDO FILHO estruturam um fundo de investimento em participações, ou FIP,
como forma financeira de acumular interessados em participar do investimento
disponde de capital.
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Em meados de 2014, RICARDO RODRIGUES procura HENRIQUE
NETO para que novos aportes fossem realizados no FIP LSH. A urgência decorrente da
necessidade de o empreendimento estar pronto para as Olimpíadas do Rio de Janeiro de
2016 fez com que RICARDO RODRIGUES e seus associados procurassem uma
maneira ilícita para atingir seu objetivo.
2.1. Vantagem indevida para distribuição de cotas do FIP LSH ao IGEPREV-TO
Em momento prévio à estrutura criminosa instalada no BRB,
HENRIQUE LEITE, mediante intermediação de seu pai, HENRIQUE NETO, exige
pagamento de R$ 2.500.000,00 de RICARDO RODRIGUES, autorizado por ARTHUR
SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO, para aporte de R$ 35.000.000,00
pelo IGEPREV-TO.
Para realizar o pagamento, que foi feito em dinheiro em espécie,
RICARDO RODRIGUES recorreu a FELIPE CALIL, que auxiliado por seu filho,
FELIPE FILHO, utilizou a empresa MINISTER para a emissão de duas notas fiscais
falsas (15116 e 15146) de valores R$ 1.700.000,00 (22/08/2014) e R$ 1.552.980,00
(04/09/2014).
No dia 28/08/2014, RICARDO RODRIGUES voou em seu avião
particular para entregar a HENRIQUE NETO uma mala contendo R$ 1.360.000,00 em
dinheiro em espécie. HENRIQUE NETO o pegou no aeroporto, quando RICARDO
RODRIGUES deixou a mala contendo o dinheiro no porta-malas do veículo de
HENRIQUE NETO. Os dois se dirigiram a um restaurante, almoçaram juntos e se
separaram.
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Em meados de setembro de 2014, HENRIQUE NETO envia um
portador para coletar o valor faltante, equivalente a R$ 1.140.000,00 em moeda
corrente, no escritório de RICARDO RODRIGUES no Leblon.
O aporte do IGEPREV-TO ocorre no dia 11/08/2014.
HENRIQUE NETO e HENRIQUE LEITE, respectivamente como
partícipe e autor, praticaram o crime do tipo do art. 317 do Código Penal, em
contrapartida às condutas de RICARDO RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e
PAULO FIGUEIREDO FILHO, que se amoldam à forma típica do art. 333 do Código
Penal. Além disso, HENRIQUE LEITE, praticou a conduta encartada no art. 4º,
“caput”, da Lei n. 7.492/1986 na instituição financeira BRB DTVM, tendo seu pai,
HENRIQUE NETO, bem como RICARDO RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO
e PAULO FIGUEIREDO FILHO, como partícipes, na forma do art. 29 do Código
Penal, se distanciando dos padrões técnicos e éticos de gestão.
HENRIQUE LEITE, como autor, e HENRIQUE NETO, lograram em
desviar R$ 35.000.000,00 em recursos para os patrimônios de RICARDO
RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO, no limite
de suas participações (15,56% cada), no dia 11/08/2014, de forma direta ou indireta,
incorrendo o primeiro, como autor, e os demais como partícipes, no crime do art. 5º,
“caput”, da Lei n. 7.492/1986.
FELIPE CALIL, FELIPE FILHO, HENRIQUE NETO, HENRIQUE
LEITE, ARTHUR SOARES FILHO, PAULO FIGUEIREDO FILHO e RICARDO
RODRIGUES praticaram o crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998,
ao utilizarem de forma fraudulenta para ocultação do valor utilizado para o pagamento e
conversão de ativos ilícitos.
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2.2. Vantagem indevida para distribuição ao IPREVSANTOS - Instituto de Previdência
Social dos Servidores Municipais de Santos
A partir de 2015 a estrutura no BRB se torna mais complexa com a
participação de RICARDO LEAL, colaborador de campanha do governador eleito, que
ocupa o conselho de administração e loteia o BRB com pessoas de sua confiança que
garantiriam a aprovação de aportes.
HENRIQUE NETO, a pedido de RICARDO LEAL, exige o
pagamento de R$ 250.000,00 de RICARDO RODRIGUES autorizado por ARTHUR
SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO, para o aporte de R$ 3.000.000,00
pelo IPREVSANTOS no FIP LSH.
Um primeiro pagamento é feito em moeda corrente no valor de R$
100.000,00 no dia 25/02/2015 para saldar uma dívida de campanha da eleição para o
governo distrital do ano anterior. Esse pagamento foi efetuado no escritório particular
de RICARDO LEAL, conselheiro do BRB, por RICARDO RODRIGUES, contando
com a presença ainda de HENRIQUE NETO, que orienta a atividade de HENRIQUE
LEITE, diretor da BRB DTVM. Nessa mesma ocasião foi celebrado o pacto que vigeria
até o fim dos aportes realizados pelo BRB no FIP LSH. O dinheiro foi transportado em
voo comercial pelo colaborador RICARDO RODRIGUES.
O valor em dinheiro em espécie foi gerado por meio da lavagem de
dinheiro por meio da empresa GLOBOMIX SERVICOS DE CONCRETAGEM LTDA
pelo seu administrador, DIOGO RODRIGUES CUOCO.
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O saldo restante da propina, equivalente a R$ 150.000,00, ficou para
liquidação em pagamento posterior.
O aporte do IPREVSANTOS ocorre no dia 13/02/2015.
Neste episódio, HENRIQUE NETO, RICARDO LEAL e HENRIQUE
LEITE, respectivamente como partícipe e coautores, praticaram o crime do tipo do art.
317 do Código Penal, em contrapartida às condutas de RICARDO RODRIGUES
ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO, que se amoldam à
forma típica do art. 333 do Código Penal. Além disso, RICARDO LEAL e HENRIQUE
LEITE, com a participação de HENRIQUE NETO, RICARDO RODRIGUES,
ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO, praticaram a conduta
encartada no art. 4º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986 nas instituições financeiras BRB ao
se distanciarem de padrões técnicos e éticos de gestão.
HENRIQUE LEITE, como autor, e HENRIQUE NETO, comandados
por RICARDO LEAL, lograram em desviar R$ 3.000.000,00 em recursos para os
patrimônios de RICARDO RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e PAULO
FIGUEIREDO FILHO, no limite de suas participações (15,56% cada), no dia
11/08/2014, de forma direta ou indireta, incorrendo o primeiro, como autor, e os demais
como partícipes, no crime do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986.
DIOGO CUOCO, HENRIQUE NETO, RICARDO LEAL,
HENRIQUE LEITE, ARTHUR SOARES FILHO, PAULO FIGUEIREDO FILHO e
RICARDO RODRIGUES praticaram o crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n.
9.613/1998 ao utilizarem de forma fraudulenta para ocultação do valor utilizado para o
pagamento e conversão de ativos ilícitos.
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2.3. Vantagem indevida para distribuição ao IPE do Rio Grande do Sul – IPERGS
(FUNDOPREV CIVIL)
Na etapa seguinte, em março de 2015, HENRIQUE NETO oferece o
aporte de R$ 4.700.000,00 no FIP LSH em troca do pagamento de R$ 370.000,00 por
RICARDO RODRIGUES autorizado por ARTHUR SOARES FILHO e PAULO
FIGUEIREDO FILHO.
Há que se lembrar, conforme já narrado, que todos os pedidos
executados por HENRIQUE NETO, a partir de então ocorrem por ordem do conselheiro
RICARDO LEAL, com auxílio do diretor HENRIQUE LEITE, conforme pacto firmado
no mês anterior.
A entrega do valor da propina acordada ocorreu em Goiânia, capital
de Goiás, no dia 01/04/2015. Em Goiânia, RICARDO RODRIGUES se encontra com
carregador a mando de HENRIQUE NETO, pessoa não identificada. Os dois se
encontram em frente ao Empório Piquiras, no Shopping Bougainville. RICARDO
RODRIGUES entrega o total de R$ 520.000,00, compreendendo o pagamento da
propina de R$ 370.000,00 pelo aporte do IPE-RS, além do saldo de R$ 150.000,00 pelo
aporte feito pelo RPPS de Santos.
O valor em moeda corrente foi gerado por meio da lavagem de
dinheiro utilizando-se a empresa GLOBOMIX por seu administrador, DIOGO CUOCO,
para emissão de três notas frias emitidas em 03/06/2015, 14/06/2015 e 18/06/2015.
O aporte do IPERGS ocorreu no dia 17/04/2015.
Neste episódio, HENRIQUE NETO, RICARDO LEAL e HENRIQUE
LEITE, respectivamente como partícipe e coautores, praticaram o crime do tipo do art.
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317 do Código Penal, em contrapartida às condutas de RICARDO RODRIGUES
ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO, que se amoldam à
forma típica do art. 333 do Código Penal. Além disso, RICARDO LEAL e HENRIQUE
LEITE, com a participação de HENRIQUE NETO, RICARDO RODRIGUES,
ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO, praticaram a conduta
encartada no art. 4º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986 na instituição financeira BRB DTVM
ao violarem os padrões técnicos e éticos de gestão.
HENRIQUE LEITE, como autor, e HENRIQUE NETO, comandados
por RICARDO LEAL, lograram em desviar R$ 4.700.000,00 em recursos para os
patrimônios de RICARDO RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e PAULO
FIGUEIREDO FILHO, no limite de suas participações (15,56% cada), no dia
11/08/2014, de forma direta ou indireta, incorrendo o primeiro, como autor, e os demais
como partícipes, no crime do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986.
DIOGO CUOCO, HENRIQUE NETO, RICARDO LEAL,
HENRIQUE LEITE, ARTHUR SOARES FILHO, PAULO FIGUEIREDO FILHO e
RICARDO RODRIGUES praticaram o crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n.
9.613/1998 ao utilizarem de forma fraudulenta para ocultação do valor utilizado para o
pagamento e conversão de ativos ilícitos.
2.4. Vantagem indevida para aporte em fundos de recursos de terceiros administrados
pela BRB DTVM (BRS FICFIM, BRB DTVM, BRB PREMIUM)
A compra de aportes dentro do BRB se estendeu a recursos de fundos
de recursos de terceiros administrados pela BRB DTVM. Esses fundos contêm recursos
de investidores privados e investidores institucionais (fundos de pensão e RPPS).
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Seguindo a mesma mecânica anterior, HENRIQUE DOMINGUES encaminhava
pedidos de valores, condicionando os aportes no FIP LSH, a RICARDO RODRIGUES,
autorizado por ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO.
A pedido de HENRIQUE NETO, que recebeu valores de RICARDO
RODRIGUES, foram feitos aportes utilizando recursos de terceiros ou da própria BRB
DTVM, com ação direta de HENRIQUE LEITE, diretor de recursos da BRB DTVM,
autorizado pelo conselheiro RICARDO LEAL, para aquisições de cotas do FIP LSH,
também administrado pela BRB DTVM:
1) No dia 10/08/2015, com recursos do fundo BRS FIC DE FIM, que
à época se encontrava sob a administração da BRB DTVM, no
valor de R$ 3.700.000,00;
2) No dia 09/10/2015, com recursos do fundo BRB DTVM FIM
CPLP, gerido pela BRB DTVM, no valor de R$ 8.000.000,00;
3) No dia 08/01/2016, com recursos do fundo BRB DTVM FIM
EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP, gerido pela BRB DTVM, no
valor de R$ 4.651.385,05; e
4) No dia 08/01/2016, com recursos do fundo BRB PREMIUM FIM
CRED PRIV, gerido pela BRB DTVM, no valor de R$
1.000.000,00.
No total, foram desviados R$ 17.361.385,05 por atos praticados
diretamente por HENRIQUE LEITE.
Valores em moeda foram pagos em pelo menos duas ocasiões. Em
algum momento do mês de agosto de 2015, HENRIQUE NETO, agindo em
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coordenação com seu filho HENRIQUE LEITE, diretor da BRB DTVM, enviou um
transportador seu para coletar R$ 206.000,00 no escritório de RICARDO RODRIGUES
no Leblon, na cidade do Rio de Janeiro.
O segundo pagamento em dinheiro ocorreu no dia 22/10/2015 na
cidade de São Paulo, no Café Santo Grão, localizado em frente ao Hotel Emiliano, na
Rua Oscar Freire. RICARDO RODRIGUES entregou R$ 470 mil a um transportador
credenciado por HENRIQUE NETO, agindo em coordenação com seu filho
HENRIQUE LEITE, diretor da BRB DTVM.
Para o primeiro pagamento, RICARDO RODRIGUES utiliza DIOGO
CUOCO que, na condição de sócio da GLOBOMIX, emite uma nota fiscal falsa no dia
06/07/2015 no valor de R$ 225.135,75, com a finalidade de branquear valores ilícitos.
Para o segundo pagamento, RICARDO RODRIGUES utiliza DIOGO
CUOCO, na qualidade de administrador da GLOBOMIX, que emite notas fiscais falsas
com a finalidade de branquear valores ilícitos:
1) No dia 16/10/2015, no valor de R$ 209.603,63; e
2) No dia 27/10/2015, no valor de R$ 218.410,50.
Concomitantemente, para a mesma finalidade, DIOGO CUOCO, em
coautoria com ADRIANA CUOCO, sua cunhada, simulam a prestação de serviço de
arquitetura no valor de R$ 400.000,00, emitindo uma nota fiscal falsa no dia
17/07/2015. O dinheiro lhe foi disponibilizado em data próxima ao pagamento (Figura
30).
Mais um pagamento foi realizado em transferência via TED para
HENRIQUE NETO no valor de R$ 100.000,00, no dia 15/01/2016.
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Neste episódio, HENRIQUE NETO, HENRIQUE LEITE e
RICARDO LEAL, respectivamente como partícipe e autores, praticaram o crime do
tipo do art. 317 do Código Penal, em contrapartida às condutas de RICARDO
RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO, que se
amoldam à forma típica do art. 333 do Código Penal. Além disso, RICARDO LEAL e
HENRIQUE LEITE, com a participação de HENRIQUE NETO, RICARDO
RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO,
praticaram a conduta encartada no art. 4º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986 na instituição
financeira BRB DTVM ao violarem os padrões técnicos e éticos de gestão.
HENRIQUE LEITE, como autor, e HENRIQUE NETO, comandados
por RICARDO LEAL, lograram em desviar R$ 17.361.385,05 em recursos para os
patrimônios de RICARDO RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e PAULO
FIGUEIREDO FILHO, no limite de suas participações (15,56% cada), entre os dias
10/08/2015 e 08/01/2016, de forma direta ou indireta, incorrendo o primeiro, como
autor, e os demais como partícipes, no crime do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986.
DIOGO CUOCO, HENRIQUE NETO, RICARDO LEAL,
HENRIQUE LEITE, ARTHUR SOARES FILHO, PAULO FIGUEIREDO FILHO e
RICARDO RODRIGUES praticaram o crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n.
9.613/1998 ao utilizarem de forma fraudulenta para ocultação do valor utilizado para o
pagamento e conversão de ativos ilícitos.
2.5. Vantagem indevida: camarote para o Rock in Rio 2015
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VASCO GONÇALVES e NILBAN JÚNIOR comparecem ao evento
Rock in Rio 2015 a convite de RICARDO RODRIGUES, que lhes forneceu os
ingressos para o camarote VIP, constituindo em si vantagem indevida.
A entrega da vantagem ocorre em setembro, em data desconhecida,
mas seguramente após o dia 18 de setembro de 2015, quando se iniciou o evento. Não
há dúvida que VASCO e NILBAN receberam os convites na qualidade de funcionários
públicos, respectivamente presidente do banco BRB e presidente da BRB DTVM, tendo
em vista que a passagem para o retorno do evento foi custeada pelo banco BRB.
Logo em seguida, RICARDO RODRIGUES ofereceu e VASCO
GONÇALVES e NILBAN JÚNIOR, no canteiro de obras do HOTEL LSH, aceitaram
recebimento de valores para a aprovação de dois aportes, de R$ 20 milhões e R$ 50
milhões, em condutas que se exauririam em eventos posteriores que serão narrados a
seguir. Por outro lado, NILBAN e VASCO demonstram conhecimento dos eventos
executados e aderência aos pedidos que se seguirão a partir da data deste encontro.
Pelo recebimento de vantagem in natura, qual seja os convites para
camarote VIP do Rock in Rio, VASCO GONÇALVES e NILBAN JÚNIOR praticaram
o crime do tipo do art. 317 do Código Penal, em contrapartida à conduta de RICARDO
RODRIGUES que se amolda à forma típica do art. 333 do Código Penal.
2.6. Vantagem indevida de R$ 60.000,00 para pagamento de NILBAN e VASCO como
entrada de propinas para aporte para primeira emissão de debêntures com recursos do
Fundo Turmalina (20 milhões)
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Em data incerta, mas entre a realização do Rock in Rio (18 de
setembro de 2015) e a escritura da 3ª emissão de debêntures pelo LSH BARRA
EMPRENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. (26 de fevereiro de 2016), sendo provável
que tenha ocorrido no final de outubro de 2015, VASCO GONÇALVES, NILBAN
JUNIOR e RICARDO RODRIGUES se encontram em reunião em que estavam
presentes os diretores MARCOS AURÉLIO e CARLOS VINÍCIUS no gabinete da
presidência do banco BRB. Nesse episódio, RICARDO RODRIGUES entrega a
NILBAN JÚNIOR e VASCO GONÇALVES R$ 60.000,00 em dinheiro em espécie,
logo após os dois deixarem a reunião.
Dessa forma, NILBAN JÚNIOR e VASCO GONÇALVES praticaram
o crime do tipo do art. 317 do Código Penal, em contrapartida à conduta de RICARDO
RODRIGUES que se amolda à forma típica do art. 333 do Código Penal.
2.7. Vantagem indevida de pagamento de buffet para casamento da filha de NILBAN
JÚNIOR equivalente a R$ 50.000,00
Após o episódio que solicitou R$ 60 mil reais a RICARDO
RODRIGUES em outubro de 2015, mas antes da realização do casamento de sua filha
em 05 de dezembro de 2015, NILBAN JÚNIOR solicita a RICARDO RODRIGUES o
pagamento de despesas pessoais relativas a serviços prestados para a realização da festa.
RICARDO RODRIGUES paga em favor de NILBAN o montante de R$ 50.000,00 a
pretexto de saldar despesas do casamento da filha.
Neste episódio, NILBAN JÚNIOR praticou o crime do tipo do art.
317 do Código Penal, em contrapartida à conduta de RICARDO RODRIGUES que se
amolda à forma típica do art. 333 do Código Penal.
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2.8. Vantagem indevida para aporte para primeira emissão de debêntures com recursos
triangulação do FIRF TURMALINA (20 milhões) para aquisição de fundos geridos
pelo BRB; vantagem indevida para a 4ª emissão de debêntures e substituição de
debêntures
Após comparecerem ao Rock in Rio, NILBAN JÚNIOR, VASCO
GONÇALVES e RICARDO RODRIGUES se reúnem nas dependências do hotel em
construção para tratar de novos aportes.
Conforme narrado anteriormente, RICARDO RODRIGUES já tinha
entregue R$ 60.000,00 para ter “acesso” à negociação diretamente com a presidência do
BRB. Posteriormente à reunião ocorrida na sala de VASCO GONÇALVES, RICARDO
RODRIGUES entrega o valor em dinheiro em espécie, em notas de R$ 100,00,
exaurindo a conduta iniciada anteriormente pela solicitação.
RICARDO RODRIGUES necessita que R$ 50.000.000,00 sejam
aportados no FIP LSH. Inicialmente, como proposta, VASCO GONÇALVES e
NILBAN JÚNIOR afirmam que conseguiriam o aporte do valor total por meio da
emissão de debêntures que seriam adquiridas por fundos administrados pelo BRB. Para
atender a necessidade urgente de recursos, deveria ser realizado um empréstimo-ponte
no valor de R$ 20.000.000,00. Para que esse negócio ocorresse, os funcionários
públicos NILBAN JUNIOR, VASCO GONÇALVES, HENRIQUE LEITE, em
associação a RICARDO LEAL e HENRIQUE NETO, solicitaram de RICARDO
RODRIGUES, autorizado por ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO
FILHO, R$ 600.000,00 em propina.
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Para o pagamento dos R$ 600.000,00, RICARDO RODRIGUES se
vale novamente de DIOGO CUOCO da GLOBOMIX, que emite três notas fiscais falsas
(3807, 3808 e 3867) nos valores de R$ 228.338,25 (06/11/2015), R$ 232.181,25
(06/11/2015) e R$ 210.084,00 (16/11/2015) e lhe entrega os valores líquidos em
dinheiro em espécie, decorrentes de operações ilícitas, fora do alcance de qualquer
fiscalização estatal.
A primeira parcela de R$ 600.000,00 foi entregue a FRANCISCO
JÚNIOR, portador de RICARDO LEAL e HENRIQUE NETO, em favor destes e de
NILBAN JUNIOR e VASCO GONÇALVES em meados de março de 2016 no
escritório de RICARDO RODRIGUES no Leblon, endereço Ataulfo de Paiva,
1251/501. O colaborador RICARDO RODRIGUES relata, é importante frisar, que
todos os serviços formalmente prestados pela BRB DTVM foram pagos em paralelo e
que esse valor de R$ 600.000,00, além dos demais, foram pagos adicionalmente,
espantando a dúvida de que fossem lícitos.
O empréstimo-ponte acaba não sendo viável. Posteriormente cogita-se
que o aporte deveria ocorrer com a aquisição de debêntures a serem emitidas pela
pessoa jurídica LSH BARRA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. Tal
operação era proibida. Segundo as normas internas da BRB DTVM, a aquisição
somente poderia ocorrer se a empresa conseguisse dois ratings de nível A- ou superior
de origem nacional ou um rating A- ou superior de uma agência internacional para
investimentos em renda variável. Foram emitidos dois ratings nacionais, um de grau A
emitido pela LF Rating e outro de grau BB emitido pela Liberum. Não havia
enquadramento para que a BRB DTVM investisse diretamente.
HENRIQUE LEITE e HENRIQUE NETO traçam uma engenharia de
forma a elidir as regras da instituição. Os gestores do hotel autorizam a 3ª emissão de
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debêntures no dia 26 de fevereiro de 2016. Por meio da ICLA TRUST, HENRIQUE
NETO determina a aquisição um fundo de investimento vazio para a aquisição dos R$
20 milhões em debêntures com remuneração por renda fixa. Ainda que o fundo
remunere por renda fixa, o ativo subjacente continuava com as classificações de risco
anteriormente mencionadas.
Logo em seguida, por ordem de HENRIQUE LEITE, a BRM DTVM
adquire todas as cotas do FIRF TURMALINA, contendo as debêntures do LSH, por
meio do fundo FIC BRB 1 MILHÃO. Por meio de artifício enganoso, de forma indireta,
após pagamento de propina, HENRIQUE LEITE, orientado por HENRIQUE NETO,
aportou recursos administrados pela BRB DTVM que estavam sob a sua gestão.
Cientes que a estratégia somente funcionaria temporariamente e que a
necessidade de RICARDO RODRIGUES por outro aporte criava uma nova
oportunidade de cobranças, o grupo formado por HENRIQUE NETO, HENRIQUE
LEITE, NILBAN JUNIOR e VASCO, propositalmente divide a operação em duas
etapas, fazendo-se uma nova emissão (4ª) de debêntures para regularizar a anterior.
No dia 17 de maio do mesmo ano, os gestores do hotel autorizam a 4ª
emissão de debêntures. HENRIQUE LEITE determina no dia 22 de junho de 2016 a
troca das debêntures da 3ª emissão por debêntures da 4ª emissão.
A forma como ocorreu a operação é atípica, conforme relatam
empregados da BRB DTVM. Alertado, HENRIQUE LEITE se manteve inamovível da
sua resolução em realizar a operação, motivada pelo recebimento de valores ilícitos. A
operação foi viabilizada com a cooperação de agentes da ICLATRUST (atualmente
NSG), que administrava o Fundo Turmalina. A operação – inerentemente atípica – foi
instrumentalizada em poucos dias, mais um elemento peculiar. A pressa é justificada
pela falta de caixa do HOTEL LSH, registrada em vários e-mails internos.67
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Essa operação foi realizada apenas para que se comprasse tempo e
uma nova emissão de debêntures fosse modelada internamente na BRB DTVM para a
aquisição total de R$ 50.000.000,00 em debêntures do LSH BARRA
EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. com recursos administrados pela BRB
DTVM e por recursos administrados por outros fundos de relacionamento de
HENRIQUE NETO e HENRIQUE LEITE.
A quarta emissão de debêntures tinha como interesse criar mais uma
oportunidade de cobrar propinas, fazendo-se a substituição da emissão anterior, que foi
realizada sem qualquer garantia real, inviabilizada diante da urgência do empresário na
aprovação da operação.
Para o novo aporte foi solicitado o total de R$ 1.500.000,00 em
propinas. RICARDO RODRIGUES afirma que foi surpreendido, porque entendia que o
pagamento de R$ 600.000,00 anteriormente feito cobriria toda a operação, inclusive a
nova emissão. Após negociação, conseguiu que fosse abatido desse valor o montante
pago formalmente à BRB DTVM.
Outro pagamento de R$ 870.000,00 foi possível por conta da emissão
de nota fiscal fraudulenta pela MINISTER (015829), emitida dia 13/06/2016, por via de
FELIPE CALIL e FELIPE CALIL FILHO. Dinheiro ilícito em moeda, sem forma de
rastreamento estatal, foi disponibilizado a RICARDO RODRIGUES para pagamento
recolhido por “JÚNIOR” em julho de 2016 no escritório do colaborador no Leblon.
Outros R$ 100.000,00 foram pagos de forma fracionada por meio do
sistema bancário. Note-se que nessa hipótese, como forma de ocultar o recebimento de
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valores ilícitos, uma parte é direcionada para contas da Naira Lee Paiva Domingues16,
esposa de HENRIQUE NETO.
Data Valor Forma de pagamento Beneficiária formal
18/07/2016 20,000.00 Depósito CCNAIRA DOMINGUES (em favor do marido)
09/08/2016 30,000.00 Depósito CCNAIRA DOMINGUES (em favor do marido)
23/08/2016 30,000.00 TEDNAIRA DOMINGUES (em favor do marido)
25/08/2016 20,000.00 TEDNAIRA DOMINGUES (em favor do marido)
Figura 37 – Tabela de pagamentos em favor de HENRIQUE DOMINGUES NETO utilizando a conta da esposa
O aporte de R$ 50.000.000,00 foi realizado na administração da BRB
DTVM e do FIP LSH, ambos de proeminente atuação de HENRIQUE LEITE e
NILBAN JUNIOR.
A quarta emissão de debêntures no valor de R$ 50 milhões ocorreu no
dia 17/05/2016. O total foi distribuído na seguinte proporção: 1) R$ 20 milhões,
aproximadamente, foram para a conversão de debêntures da 3ª emissão pelas de 4ª
emissão do FIRF TURMALINA, cujo cotista era 100% BRB DTVM; e o restante foi
distribuído para TMJ IMA-B FI RF, TOWER BRIDGE II RF FI IMA-B 5 e TOWER
BRIDGE RF FI IMA-B 5, fundos estruturados por pessoas de relacionamento pessoal
de HENRIQUE NETO17.
Neste episódio, VASCO GONÇALVES, NILBAN JÚNIOR,
RICARDO LEAL, HENRIQUE LEITE e HENRIQUE NETO, praticaram o crime do
16 Após oitiva de Naira Lee Domingues e confirmação de terceiros, soube-se que HENRIQUEDOMINGUES NETO já movimentava a conta da esposa há anos como se sua fosse em razão do arranjomatrimonial; planilhas eletrônicas apreendidas de HENRIQUE DOMINGUES NETO levam à mesmaconclusão aparente.17 A relação de como esse círculo pessoal de HENRIQUE NETO influiu para a realização do negócio e aforma de compensação em negócios comuns desse círculo, inclusive por meio de aportes realizados noFIP BIOTEC, em que HENRIQUE NETO possui 50%, serão objeto de apuração própria.
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tipo do art. 317 do Código Penal, em contrapartida às condutas de RICARDO
RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO, que se
amoldam à forma típica do art. 333 do Código Penal. Além disso, RICARDO LEAL,
VASCO GONÇALVES, NILBAN JÚNIOR e HENRIQUE LEITE, com a participação
de HENRIQUE NETO, RICARDO RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e
PAULO FIGUEIREDO FILHO, praticaram a conduta encartada no art. 4º, “caput”, da
Lei n. 7.492/1986 nas instituições financeiras Banco BRB e BRB DTVM ao violarem
os padrões técnicos e éticos de gestão.
HENRIQUE LEITE, VASCO GONÇALVES e NILBAN JÚNIOR,
como coautores, e HENRIQUE NETO como partícipe, comandados por RICARDO
LEAL, também coautor, lograram em desviar R$ 70 milhões em recursos para os
patrimônios de RICARDO RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO, PAULO
FIGUEIREDO FILHO e terceiros ainda não identificados, de forma direta ou indireta,
incorrendo o primeiro, como autor, e os demais como partícipes, no crime do art. 5º,
“caput”, da Lei n. 7.492/1986.
HENRIQUE NETO, HENRIQUE LEITE, RICARDO LEAL,
NILBAN JUNIOR, VASCO GONÇALVES, DIOGO CUOCO e RICARDO
RODRIGUES, em um episódio, e HENRIQUE NETO, HENRIQUE LEITE,
RICARDO LEAL, NILBAN JUNIOR, VASCO GONÇALVES, FELIPE CALIL,
FELIPE CALIL FILHO e RICARDO RODRIGUES, em outro, praticaram o crime do
art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
2.9. Vantagem indevida para a negociação no mercado secundário de cotas do FIP LSH
pertencentes a RICARDO RODRIGUES
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Após todos os aportes, o hotel fica pronto em maio de 2016.
Conforme relato do colaborador RICARDO RODRIGUES, nunca foi sua intenção se
tornar um empresário do ramo hoteleiro. O investimento em questão era apenas uma
forma de enriquecer. Dessa forma, RICARDO RODRIGUES decide liquidar sua
participação de R$ 58.684.266,67, parcela que PAULO FIGUEIREDO FILHO e
ARTHUR SOARES FILHO possuíam em equivalência. A cota do FIP LSH, que
inicialmente era avaliada em R$ 1.034,83, sofreu uma valorização de 6.411,73% !
Essa desproporcionalidade demonstra desde logo que os aportes dos
investidores se converteram em benefício indevido aos agentes RICARDO
RODRIGUES, ARTHUR SOARES FILHO e PAULO FIGUEIREDO FILHO, fruto de
desvio de valores. Os dois últimos fizeram aportes nominais iniciais da mesma grandeza
que RICARDO RODRIGUES. PAULO FIGUEIREDO FILHO, segundo o colaborador,
ainda logra em simular o aporte, estabelecendo de partida o retorno do valor aportado na
forma de pagamento por prestação de serviços.
Para liquidar os ganhos, novamente RICARDO RODRIGUES se vale
da estrutura do BRB para liquidar 47% da sua participação valendo-se do pagamento de
propinas. Além do Grupo do BRB já descrito, uma série de outras pequenas liquidações
ocorrem mediante essa mecânica e serão tratadas separadamente.
Ao comunicar a sua intenção em liquidar suas cotas, HENRIQUE
NETO e RICARDO LEAL procuram o colaborador com a proposta de liquidar suas
contas, conferindo-lhe preferência em relação à liquidação de cotas na carteira da
própria BRB DTVM. Ou seja, mediante o pagamento de propina, os agentes –
especialmente os integrantes dos quadros do grupo BRB – desviaram-se de sua função
de garantir os interesses de seus clientes e ofertaram as cotas de RICARDO
RODRIGUES com preferência em momento de grande valorização.
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Foi solicitado e pago 20% sobre o valor liquidado. Esse valor se
desvia de qualquer parâmetro aceitável de mercado e ocorreu paralelamente às taxas
devidas à BRB DTVM. E, como se não fosse suficiente para indicar a ilicitude da
conduta, os pagamentos foram realizados à margem das formas legais (dinheiro vivo,
notas frias, interpostas pessoas, etc). Além disso, RICARDO RODRIGUES paga à BRB
DTVM pelo serviço de liquidação pelas vias oficiais 0,5% do valor liquidado. Ou seja,
não há qualquer dúvida que o percentual de 20% é pago como valor indevido na
operação, beneficiando funcionários do BRB que formam o grupo de RICARDO
LEAL.
Conforme quadro detalhado elaborado pelo colaborador, foram pagos
R$ 6.795.695.00 em propinas:
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Figura 38 - Quadro de pagamento de propinas para liquidação de cotas
Os pagamentos em dinheiro em espécie no total de R$ 1.295.493,00
foram feitos ao portador de RICARDO LEAL e HENRIQUE NETO. O portador se
encaminhou ao escritório de RICARDO RODRIGUES no Leblon, Rio de Janeiro,
coletou os valores e os levou a HENRIQUE NETO e RICARDO LEAL. Os
recolhimentos dos valores em espécie foram feitos em visitas ao longo dos meses de
julho, agosto, setembro e outubro de 2016.
Foram realizados ainda depósitos utilizando interpostas pessoas e
conta própria de HENRIQUE DOMINGUES NETO:
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Pessoa Intermediária Data Valor DocumentoGNP GESTAO DE NEGOCIOS 20/07/2016 25000 848636G3 A CONS 21/07/2016 759493 897876G3 A CONS 09/08/2016 200000 677012NAIRA NASCIMENTO 23/08/2016 30000 636989COBRANÇA E ASSESSORIA 12/09/2016 50000 587086COBRANÇA E ASSESSORIA 14/09/2016 51000 636307GLOBALNET 19/09/2016 50000 727700DAVI GUEDES 29/09/2016 30000 921979
Figura 39 - Transferências realizadas a pedido de HENRIQUE DOMINGUES NETO
Segundo Lúcio Funaro, RICARDO LEAL fazia a redistribuição dos
valores aos seus associados no Banco BRB. Como já indicado, estão entre eles VASCO
GONÇALVES, NILBAN JÚNIOR e HENRIQUE LEITE.
Há um detalhe perverso na sistemática utilizada pelos indivíduos. A
BRB DTVM, como administradora do FIP LSH, era responsável por fazer a avaliação
do fundo e, consequentemente, do valor das suas cotas. Não surpreende, portanto, que
naquele momento as cotas estivessem em sua maior avaliação. Há logicamente um
grande problema de conflito de interesses – de vários interesses. Ao mesmo tempo que
avalia as cotas, a BRB DTVM intermedeia a sua venda, recebendo participação
percentual. Os indivíduos que integram o grupo de RICARDO LEAL, ao mesmo tempo
que administram o BRB DTVM e têm o poder de determinar o valor das cotas, estão
inevitavelmente comprometidos na medida que recebem valores externamente ao
negócio, na forma de propinas, na proporção do valor das cotas.
Não surpreende, portanto, que pouco antes de RICARDO
RODRIGUES alienar suas cotas, o seu valor tenha sofrido valorização. A cota, avaliada
no início de 2016 em R$ 43.493,54, passou a valer R$ 67.475,49. É argumentável
também que a cota estava em tendência de declínio em razão do endividamento do
HOTEL LSH (especialmente por causa da emissão das debêntures), tendo em vista que74
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em meados de 2015 era avaliada em valor superior (R$ 59.302,30). Ou seja, a cota que
vinha caindo em 2015, pouco antes da transferência operada pelos funcionários da BRB
DTVM, sofreu mudança de rumo exatamente na liquidação realizada por RICARDO
RODRIGUES.
Os fundos que adquiriram essas cotas inegavelmente absorveram
todas essas externalidades. O valor pago por esses agentes estava completamente
comprometido e sofreu um inegável prejuízo de partida.
Adquiriram cotas em razão da intervenção de HENRIQUE LEITE,
diretor da BRB DTVM, os seguintes fundos institucionais:
Fundo ValorBRB DTVM FIM EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP 2.999.964,25BRB DTVM FIM EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP 2.999.928,49PREVIG IGUABA GRANDE 2.000.000,00INST DE PREV SOCIAL DO MUN DE CAMPINAS 15.000.000,00BRB DTVM FIM EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP 1.000.000,00INST PREV SERV MUN CAMPOS DOS GOYTACAZES 14.000.000,00INST PREV SERV MUN CAMPOS DOS GOYTACAZES 1.000.000,00
Figura 40 - Aquisição de cotas mediante intervenção de HENRIQUE LEITEDOMINGUES
Além disso, R$ 17.596.065,09 em cotas foram transferidos em
operação para a EBPH PARTICIPAÇÕES S.A.18.
Para o pagamento de vantagens indevidas foi gerada nota fiscal falsa
(015829), por FELIPE BEDRAN CALIL e FELIPE BEDRAN CALIL FILHO, em
nome da gráfica MINISTER, e um contrato falso, com a participação de NATHANA
18 Da mesma forma que a operação de distribuição da 4ª emissão de debêntures do LSH, a relação docírculo pessoal de HENRIQUE NETO influiu para a realização do negócio e a forma de compensação emnegócios comuns desse círculo, inclusive por meio de aportes realizados no FIP BIOTEC, em queHENRIQUE NETO possui 50%, serão objeto de apuração própria.
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CALIL no montante de R$ 3.000.000,00 que resultou em depósitos na conta de
NATHANA CALIL.
Neste episódio, HENRIQUE NETO, VASCO GONÇALVES,
NILBAN JÚNIOR, RICARDO LEAL e HENRIQUE LEITE, respectivamente os dois
primeiros como partícipes e os demais como coautores, potencialmente praticaram o
crime do tipo do art. 317 do Código Penal, em contrapartida à conduta de RICARDO
RODRIGUES, que se amolda à forma típica do art. 333 do Código Penal. Além disso,
RICARDO LEAL e HENRIQUE LEITE, com a participação de HENRIQUE NETO e
RICARDO RODRIGUES, praticaram a conduta encartada no art. 4º, “caput”, da Lei n.
7.492/1986 na instituição financeira BRB DTVM ao violarem os padrões técnicos e
éticos de gestão.
HENRIQUE LEITE, como autor, e HENRIQUE NETO, comandados
por RICARDO LEAL, lograram em desviar R$ 27.581.605,34 em recursos para o
patrimônio de RICARDO RODRIGUES, de forma direta ou indireta, incorrendo o
primeiro, como autor, e os demais como partícipes, no crime do art. 5º, “caput”, da Lei
n. 7.492/1986.
HENRIQUE NETO, HENRIQUE LEITE, VASCO GONÇALVES,
NILBAN JUNIOR, RICARDO LEAL, FELIPE CALIL, FELIPE CALIL FILHO,
NATHANA CALIL e RICARDO RODRIGUES, em um episódio, e FELIPE CALIL,
FELIPE CALIL FILHO e RICARDO RODRIGUES, em outros dois, praticaram o
crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
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3. IMPUTAÇÃO DE CORRUPÇÃO NO CASO PRAÇA CAPITAL / FII SIA
CORPORATE; ATUAÇÃO DE HENRIQUE NETO, HENRIQUE LEITE E
RICARDO LEAL19
Figura 41 - Representação gráfica do esquema Praça Capital
Conforme já adiantado anteriormente, a investigação sobre os
integrantes do BRB também partiu de apuração sobre o empreendimento Praça Capital,
originado em uma sociedade de propósito específico (SPE) constituída entre a
ODEBRECHT REALIZAÇÕES e a BRASAL INCORPORAÇÕES.
19 A participação dos demais atores já narrados no esquema LSH nos negócios da PRAÇA CAPITAL serão aprofundadas com a continuidade das investigações; conforme exposto, VASCO GONÇALVES, presidente do Banco BRB, guardava em suas anotações referências sobre o empreendimento da Odebrecht, apesar de não se tratar de negócio de seu trato direto
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A SPE PRAÇA CAPITAL foi constituída pela BRASAL e pela
ODEBRECHT para a construção do empreendimento Praça Capital, um conjunto de
prédios área do SIA, em Brasília. Para captação de recursos, foi estruturado o FII SIA
CORPORATE, um fundo de investimento imobiliário. Para que os valores chegassem
ao empreendimento, interessados – investidores – deveriam adquirir suas cotas.
Dessa forma, era interesse da ODEBRECHT e da BRASAL que a
distribuição dessas cotas fosse bem-sucedida, de forma a minimizar a disponibilização
de recursos próprios por essas empresas na consecução do objetivo de desenvolvimento
imobiliário.
MARCO AURÉLIO SIQUEIRA, representante da ODEBRECHT, e
DILTON BARBOSA, representante da BRASAL, são os encarregados de procurar
oportunidades para que a colocação de cotas ocorresse.
HENRIQUE NETO apresenta-se como intermediário entre um grupo
empresário o empreendimento PRAÇA CAPITAL e os integrantes do BRB que cobram
vantagens indevidas para a aquisição de cotas em fundos de participação. HENRIQUE
NETO se vale da estrutura de sua empresa, a BIAM, para dar aparência da realização de
um negócio ilícito. No entanto, a BIAM, como já exposto em outras ocasiões, é mero
disfarce para a atividade de cobrança de propinas em favor do filho de HENRIQUE
NETO, o diretor da BRB DTVM, HENRIQUE LEITE.
Nos autos do IPL 689/2018, fls. 185 e ss., a CVM deixa claro que a
administração e distribuição de cotas está a cargo da BRB DTVM, na época em que
HENRIQUE LEITE, filho de HENRIQUE NETO, era diretor da instituição. Dessa
forma, HENRIQUE NETO não poderia estar exercendo essa atividade, tampouco o
poderia HENRIQUE LEITE em proveito próprio.
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Em relação aos encontros, inicialmente HENRIQUE NETO se
apresenta como alguém com facilidade em distribuir as ditas cotas. Posteriormente, fica
claro, inclusive com a participação de HENRIQUE LEITE nas reuniões de acertos de
valores, que os pagamentos se davam para viabilizar decisões de investimento com
recursos administrados pelo BRB. No segundo semestre de 2014, a rede de corrupção
fica mais completa quando HENRIQUE NETO afirma que os pagamentos visam a
viabilizar pretensões políticas e que RICARDO LEAL estava intermediando essas
pretensões.
Entre pagamentos detectados, há atualmente R$ 1.500.000,00
confirmados para a viabilização de aportes até julho de 2014. Entre julho de 2014 e
fevereiro de 2015, outros R$ 2.280.000,00 foram pagos.
Esses pagamentos ocorreram, como já ilustrado, com a utilização dos
do sistema Drousys e o auxílio dos doleiros “JUCA”, ou VINÍCIUS CLARET,
“TONY”, ou CLÁUDIO FERNANDO BARBOSA, ambos colaboradores da justiça, e
“JÚNIOR”, ou FRANCISCO ARAÚJO JÚNIOR.
3.1. Solicitação de valores para distribuição de R$ 3 milhões ao IPE do Rio Grande do
Sul – IPERGS (FUNDOPREV CIVIL)
MARCO AURÉLIO SIQUEIRA, representante da ODEBRECHT
REALIZAÇÕES, conheceu HENRIQUE NETO como um facilitador na colocação de
cotas em fundos de investimento. Após um encontro inicial no início do ano de 2014,
HENRIQUE NETO leva MARCO AURÉLIO SIQUEIRA e DILTON BARBOSA,
representante da BRASAL, para conhecer seu filho HENRIQUE LEITE, na qualidade
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de Diretor de Recursos de Terceiros, na BRB DTVM. Logo após esse encontro, os dois
ficam convencidos que HENRIQUE NETO pode facilitar seus objetivos.
HENRIQUE NETO, como representante de seu filho, HENRIQUE
LEITE, solicita a MARCO AURÉLIO SIQUEIRA e DILTON BARBOSA uma
participação de 4,5% sobre o valor aportado.
MARCO AURÉLIO SIQUERA e DILTON BARBOSA, cientes da
ilicitude do comportamento, aceitam a oferta e oferecem a realização de pagamentos em
quantias iguais, cada um pagando por sua parte de forma independente.
MARCO AURÉLIO SIQUEIRA pagou a HENRIQUE NETO e
HENRIQUE LEITE, por essa operação duas parcelas: R$ 155 mil e R$ 75 mil.
Figura 42 - Extrato do "ST" com o registro de pagamento de R$ 155 mil
Conforme já narrado, o pedido de pagamento era encaminhado de
MARCO AURÉLIO SIQUEIRA a seus superiores, PAUL ALTIT e PAULO
RICARDO BAQUEIRA. Após o registro no sistema drousys, o valor era entregue à
pessoa indicada.
Destaque-se que o valor em questão consta no drousys para entrega no
então endereço da BIAM na torre de escritórios do Shopping Pátio Brasil, em Brasília.
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Dessa forma, HENRIQUE NETO recebeu valores pelas operações
autorizadas por seu filho, HENRIQUE LEITE, para proveito dos dois, em data não
anterior ao dia 19/03/2014, mediante as senhas “MADEIRA” e “ALGODÃO”,
provenientes da ODEBRECHT, através de MARCO AURÉLIO SIQUEIRA, PAUL
ALTIT e PAULO RICARDO BAQUEIRO.
Em relação a DILTON BRASAL, todas as solicitações feitas ao
representante da ODEBRECHT foram dirigidas à BRASAL em condições idênticas e,
aceitas por DILTON, foram oferecidas a HENRIQUE NETO e HENRIQUE LEITE.
HENRIQUE NETO e HENRIQUE LEITE, respectivamente como
partícipe e autor, praticaram o crime do tipo do art. 317 do Código Penal, em
contrapartida às condutas de MARCO AURÉLIO SIQUEIRA, PAUL ALTIT, PAULO
RICARDO BAQUEIRA (na modalidade “pagar”) e DILTON BARBOSA (na
modalidade “oferecer”) que se amoldam à forma típica do art. 333 do Código Penal.
Além disso, HENRIQUE LEITE, praticou a conduta encartada no art. 4º, “caput”, da
Lei n. 7.492/1986 na instituição financeira BRB DTVM, tendo seu pai, HENRIQUE
NETO, MARCO AURÉLIO SIQUEIRA, PAUL ALTIT, PAULO RICARDO
BAQUEIRA e DILTON BARBOSA, como partícipes, na forma do art. 29 do Código
Penal, se distanciando dos padrões técnicos e éticos de gestão.
HENRIQUE LEITE, como autor, e HENRIQUE NETO, PAUL
ALTIT, PAULO RICARDO BAQUEIRA, MARCO AURÉLIO SIQUEIRA e DILTON
BARBOSA, lograram em desviar R$ 3.000.000,00 em recursos para os patrimônios da
ODEBRECHT REALIZAÇÕES e BRASAL INCORPORAÇÕES, no limite de suas
participações no empreendimento PRAÇA CAPITAL, de forma direta ou indireta,
incorrendo o primeiro, como autor, e os demais como partícipes, no crime do art. 5º,
“caput”, da Lei n. 7.492/1986.
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HENRIQUE NETO, HENRIQUE LEITE, PAUL ALTIT, PAULO
RICARDO BAQUEIRA, MARCO AURÉLIO SIQUEIRA, VINICIUS CLARET,
CLAUDIO BARBOSA e FRANCISCO JUNIOR RODRIGUES praticaram o crime do
art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998, ao utilizarem de forma fraudulenta
para ocultação do valor utilizado para o pagamento e conversão de ativos ilícitos.
3.2. Solicitação de R$ 2,28 milhões para transferência de R$ 7 milhões em cotas do FII
SIA ao IGEPREV-TO para fundos próprios geridos pela BRB DTVM, para aplicação
de valores com recursos de fundos próprios do BRB e aquisição no mercado secundário
de cotas mantidas pela BRASAL e ODEBRECHT por fundos próprios geridos pela
BRB
Após o primeiro evento, já no período eleitoral de 2014, HENRIQUE
NETO e HENRIQUE LEITE se encontram novamente com MARCO AURÉLIO
SIQUEIRA e DILTON BARBOSA no Hotel Kubitschek Plaza. HENRIQUE NETO
afirma que possui compromissos com RICARDO LEAL, futuro conselheiro do BRB e
então arrecadador de campanhas de Rodrigo Rollemberg para o GDF, que precisavam
ser saldados rapidamente.
A situação neste caso difere ligeiramente do que apurado no FIP LSH.
Enquanto o Hotel LSH possuía problemas de caixa e necessitava que aportes fossem
feitos para manter-se o empreendimento viável, a BRASAL e a ODEBRECHT
possuíam caixa suficiente para os aportes. O pagamento nessa hipótese é para que os
aportes feitos pelas duas empresas, além do aporte feito pelos fundos da BRB DTVM,
fossem em seguida negociados no mercado secundário.
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A primeira operação ocorre no dia 15/08/2014 para cessão de R$ 7
milhões da ODEBRECHT para o IGEPREV-TO com operação de transferência idêntica
de R$ 7 milhões da BRASAL para o IGEPREVT-TO. Outros aportes com recursos
geridos pela BRB DTVM são aportados em seguida nas mesmas condições.
Data De Para N. de cotas Valor
15/08/2014 BRASALInst de Gestão Prev Estado do Tocantns 70.000,00 R$ 7.000.000,00
15/08/2014 ODEBRECHTInst de Gestão Prev Estado do Tocantns 70.000,00 R$ 7.000.000,00
23/09/2014 BRASALBRB FIRF CRÉDITO PRIVADO LONGO PRAZO 10.000,00 R$ 1.005.855,20
23/09/2014 ODEBRECHTBRB FIRF CRÉDITO PRIVADO LONGO PRAZO 10.000,00 R$ 1.005.855,20
Figura 43 - Operações de transferência aprovadas pela BRB DTVM
Dessa forma, logo em seguida há aprovação de 5 operações de aporte,
inclusive 3 realizadas com recursos geridos pela BRB DTVM:
Data Empresa/fundo N. de cotas Valor do aporte05/01/2015 Brasal Incorp e Const de Imóveis LTDA 194.957,00 19.999.948,3005/01/2015 Odebrecht Realizações Imob e Part SA 194.957,00 19.999.948,3005/01/2015 BRB FIRF CRÉDITO PRIVADO LONGO PRAZO 58.500,00 6.001.307,8605/01/2015 BRB DTVM FIM EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP 26.794,00 2.748.701,5810/03/2015 BRB FIRF CRÉDITO PRIVADO LONGO PRAZO 9.750,00 999.987,20
Figura 44 - Aporte aprovado pela BRB DTVM
Em seguida, várias operações de transferência de cotas ocorrem entre
a ODEBRECHT e BRASAL para fundos administrados por HENRIQUE LEITE na
BRB DTVM.
Data De Para N. de cotas Valor
14/08/2015 BRASALBRB DTVM FIM EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP 21.450,00 R$ 2.199.930,27
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14/08/2015 ODEBRECHTBRB DTVM FIM EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP 21.450,00 R$ 2.199.930,27
02/10/2015 BRASALBRB DTVM FIM EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP 4.898,00 R$ 502.502,32
02/10/2015 ODEBRECHTBRB DTVM FIM EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP 4.898,00 R$ 502.502,32
29/10/2015 BRASALBRB DTVM FIM EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP 4.873,00 R$ 500.008,36
29/10/2015 ODEBRECHTBRB DTVM FIM EXCLUSIVO CRED PRIVADO LP 4.873,00 R$ 500.008,36
Figura 45 - Negociação no mercado secundário com recursos da BRB DTVM
Para que essas aprovações ocorressem, MARCO AURÉLIO
SIQUEIRA promete o pagamento de R$ 2,28 milhões, que foi realizado ao longo dos
anos de 2014 e 2015 para HENRIQUE DOMINGUES LEITE, HENRIQUE LEITE
DOMINGUES e RICARDO LUIS PEIXOTO LEAL.
Em relação a DILTON BRASAL, todas as solicitações feitas ao
representante da ODEBRECHT foram dirigidas à BRASAL em condições idênticas e,
aceitas por DILTON, foram oferecidas a HENRIQUE NETO e HENRIQUE LEITE.
Os pagamentos da ODEBRECHT podem ser verificados a partir do
sistema “ST” e pelo drousys, com as seguintes datas.
Data Valor Senha Fonte28/08/2014 R$ 280.000,00 Formiga Drousys/ST22/09/2014 R$ 600.000,00 Panqueca Drousys/ST26/09/2014 R$ 150.000,00 Perfuma Drousys/STTotal R$ 1.030.000,00
Figura 46 - Tabela de pagamentos realizados HENRIQUE NETO
O sistema drousys começou a ser desativado em 2015, em razão da
Operação Lava Jato. Dessa forma, os registros se limitam a essas datas, sendo que as
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solicitações seguintes foram atendidas por outra forma ainda não detectada. Um
documento avulso entregue por MARCO AURÉLIO SIQUEIRA indica pagamentos de
R$ 2 milhões foram executados no início do ano de 2015, data dos eventos.
Por sua vez, é importante destacar que DILTON BARBOSA
continuou a se encontrar, agora sem contar com a participação de MARCO AURÉLIO
SIQUEIRA, segundo relato do mesmo. Além disso, foi encontrado em resultado de
quebra de sigilo telemático a marcação de uma reunião entre DILTON BARBOSA,
HENRIQUE NETO e HENRIQUE LEITE em abril de 2017, indicando que relação se
prolongou.
Figura 47 - Marcação de encontro entre DILTON, HENRIQUE LEITE e HENRIQUENETO
HENRIQUE NETO, HENRIQUE LEITE e RICARDO LEAL,
respectivamente como partícipe e autores, praticaram o crime do tipo do art. 317 do
Código Penal, em contrapartida à conduta de MARCO AURÉLIO SIQUEIRA, PAUL
ALTIT, PAULO RICARDO BAQUEIRA (na modalidade “pagar”) e DILTON
BARBOSA (na modalidade “oferecer”) que se amolda à forma típica do art. 333 do
Código Penal. Além disso, HENRIQUE LEITE, praticou a conduta encartada no art. 4º,
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“caput”, da Lei n. 7.492/1986 na instituição financeira BRB DTVM, tendo seu pai,
HENRIQUE NETO, MARCO AURÉLIO SIQUEIRA, PAUL ALTIT, PAULO
RICARDO BAQUEIRA e DILTON BARBOSA, como partícipes, na forma do art. 29
do Código Penal, se distanciando dos padrões técnicos e éticos de gestão.
HENRIQUE LEITE, como autor, e HENRIQUE NETO, PAUL
ALTIT, PAULO RICARDO BAQUEIRA, MARCO AURÉLIO SIQUEIRA e DILTON
BARBOSA, lograram em desviar R$ 72.166.485,54 em recursos para os patrimônios da
ODEBRECHT REALIZAÇÕES e BRASAL INCORPORAÇÕES, no limite de suas
participações no empreendimento praça capital, de forma direta ou indireta, incorrendo
o primeiro, como autor, e o segundo como partícipes, no crime do art. 5º, “caput”, da
Lei n. 7.492/1986.
VINICIUS CLARET, CLAUDIO BARBOSA, FRANCISCO
JUNIOR RODRIGUES, PAUL ALTIT, PAULO RICARDO BAQUEIRO, HENRIQUE
DOMINGUES, HENRIQUE LEITE e RICARDO LEAL praticaram o crime do art. 1º,
parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998, ao utilizarem de forma fraudulenta para
ocultação do valor utilizado para o pagamento e conversão de ativos ilícitos.
4. ATOS DE LAVAGEM DE DINHEIRO IMPUTADOS A HENRIQUE
DOMINGUES NETO, RICARDO LEAL e ADONIS ASSUMPÇÃO
A par dos atos praticados de forma concatenada, comportamentos
específicos merecem destaque e imputação apartada.
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4.1. Fracionamento e uso de interpostas pessoas por HENRIQUE DOMINGUES NETO
HENRIQUE NETO utilizou de artifício enganoso para disfarçar as
suas operações de recebimentos de valores ilícitos. A par do recebimento de valores em
dinheiro em espécie de origem ilícita, bem como da redistribuição de maneira informal,
HENRIQUE NETO utiliza-se de interpostas pessoas, inclusive a sua então esposa,
Naira Lee, para ocultar o caráter ilícito da sua atividade.
Em um intervalo de menos de 2 meses, HENRIQUE NETO solicita de
RICARDO RODRIGUES o recebimento de valores em – conforme até então apurado –
30 atos de fracionamento utilizando contas próprias, de terceiros, pessoas físicas e
jurídicas:
Item Data Valor Forma1 29/06/2016 30.000,00 Depósito CC2 01/07/2016 100.000,00 Cheque3 06/07/2016 150.000,00 Cheque4 06/07/2016 9.900,00 Cheque5 08/07/2016 34.000,00 Depósito CC6 12/07/2016 9.900,00 Cheque7 13/07/2016 9.340,00 Cheque8 14/07/2016 7.500,00 Cheque9 14/07/2016 15.000,00 Cheque
10 15/07/2016 8.900,00 Cheque11 18/07/2016 20.000,00 Depósito CC12 18/07/2016 7.500,00 Cheque13 19/07/2016 9.900,00 Cheque14 19/07/2016 5.000,00 Cheque15 20/07/2016 9.900,00 Cheque16 21/07/2016 8.000,00 Cheque17 22/07/2016 8.000,00 Cheque18 22/07/2016 8.250,00 Cheque19 25/07/2016 9.500,00 Cheque20 26/07/2016 9.900,00 Cheque
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21 27/07/2016 9.900,00 Cheque22 27/07/2016 80.000,00 Dinheiro23 29/07/2016 9.500,00 Cheque24 01/08/2016 2.987.800,00 Cheque25 05/08/2016 10.000,00 Depósito CC26 09/08/2016 30.000,00 Depósito CC27 10/08/2016 2.788.800,00 Cheque28 23/08/2016 30.000,00 TED29 25/08/2016 20.000,00 TED30 28/08/2016 9.000,00 Cheque
Total 6.445.490,00
Figura 48 - Fracionamento de pagamentos de HENRIQUE DOMINGUES NETO
O fracionamento de pagamentos corresponde à primeira fase do ato de
lavagem de dinheiro (“smurfing”) na modalidade ocultação. Para que o crime de
lavagem se consume, a prática de qualquer uma das fases é suficiente. Da mesma forma,
o uso de terceiros para ocultar o recebimento de valores ilícitos, mesmo quando
utilizado como forma de compensação de despesas legítimas, demonstra o objetivo em
ocultar o recebimento proibido.
A respeito disso, parecer realizado pelo setor de pesquisas e análises
do MPF (Relatório de Análise ASSPA Nº 002/2019) reporta evolução patrimonial
incompatível e:
“a) Disponibilidade financeira negativa, isto é, os rendimentos totais
declarados insuficientes para pagamento das despesas ordinárias da
pessoa física, o que pode ser compensado pela venda de ativos ou
decréscimos patrimoniais;
b) Gastos elevados com cartão de crédito, consoante dados da
Decred, entre 2015 e 2017, totalizando R$ 1.551.383,42. Como não
há dados da movimentação financeira do investigado, estes gastos88
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são indícios de possível recebimento disfarçado de renda irregular
‘propina’, vide recorte parcial abaixo;
c) Disponibilidade financeira sem respaldo no decrescimento
patrimonial verificado no ano de 2015;
d) Empréstimos tomados junto à empresa Bio Serviços
(CNPJ/MF:16.096.121/0001-19), possibilitando justificar a evolução
patrimonial negativa, especialmente no ano de 2016;
e) Empréstimos concedidos a empresas sob sua administração,
possibilitando a geração de créditos fictícios com vistas a justificar a
aquisição de patrimônio real (bens imóveis) em momento posterior.”
A evolução patrimonial negativa é compensada pela entrada de
valores de maneira informal. Dessa forma, HENRIQUE DOMINGUES NETO é o
destinatário de valores recebidos informalmente, pagando por despesas além dos valores
recebidos informalmente, mascarando-os com contratos de mútuo por meio de empresas
que possui controle.
Dessa forma, pela conduta em questão, HENRIQUE DOMINGUES
NETO incorre no art. 1º, “caput”, da Lei nº 9.613/1998, além dos crimes já imputados.
4.2. Ocultação do produto do crime e simulação de negócios jurídicos: ADONIS
ASSUMPÇÃO e RICARDO LEAL
ADONIS ASSUMPÇÃO, por sua vez, ocultava em sua residência, até
a data de sua prisão, o equivalente a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) em dinheiro em
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espécie. Inicialmente, ADONIS ASSUMPÇÃO alegou que os valores em sua posse
decorriam da negociação de cavalos em época recente (ano fiscal corrente) e estavam
em seu cofre porque havia negociado há pouco tempo. Todavia, a alegação não se
sustenta.
Conforme indicado na apreensão, o dinheiro estava envolto em fitas
do banco BRB destinadas ao uso interno da instituição.
Figura 49 - Fitas que acompanhavam dinheiro apreendido de ADONIS ASSUMPÇÃO
As fitas apreendidas indicam que os valores, em maços de R$ 10 mil e
R$ 5 mil, foram empacotados entre os dias 15 e 21 de dezembro 2015.
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Figura 50 - Detalhes das datas nas fitas: "18 DEZ 2015" e "21 dez 2015"
As datas são compatíveis aos períodos de maior recebimento de
valores por RICARDO LEAL e seu grupo, sendo que ADONIS possui um extenso
histórico de atuar conjuntamente na ocultação de valores em nome de RICARDO
LEAL.
É confirmado por Lúcio Funaro e Fábio Ferreira Cleto que ADONIS
ASSUMPÇÃO e RICARDO LEAL compartilhavam o mesmo esquema de ocultação de
valores no Credite Suisse, utilizando os serviços de Silvano Bernasconi.
Além disso, conforme própria declaração de ADONIS ASSUMPÇÃO
no dia de sua prisão, confirmada no dia de sua audiência de custódia de forma
espontânea, o denunciado manteve a empresa BKK, imobiliária com vários negócios
realizados com RICARDO LEAL, na titularidade de seu irmão, José Alberto Silva
Pereira. A vedação para exercer a atividade empresarial não proíbe a titularidade de
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participação e a transferência da participação societária a parente, a título gracioso, tem
o objetivo exclusivo de ocultar a sua titularidade.
A respeito do patrimônio de ADONIS ASSUMPÇÃO, parecer do
Setor de Pesquisas e Análises do MPF (Relatório de Análise ASSPA Nº 005/2019)
reporta que o denunciado apresenta evolução patrimonial incompatível e que:
“Analisando a relação de Bens e Direitos para os anos-calendário,
constata-se decrescimento da evolução patrimonial em função da
redução do dinheiro em espécie em poder do investigado, contudo
não foi possível verificar a origem.
Chama-se a atenção para o valor em espécie mantido pelo
investigado (item 16), cujo saldo em 2014 correspondia a R$
400.000,00, e, em 2017 foi reduzido R$ 150.000,00.
Outro fato relevante refere-se ao empréstimo de R$ 1.250.000,00 à
empresa BKK CONSULTORIA E ADMINISTRACAO DE RECURSOS
LTDA, administrada pelo investigado entre 26/12/1997 a 12/02/2015,
e cujo valor declarado é anterior a 2015.
Cumpre ressaltar que declaração de altas quantias de valor em
espécie ou de transações entre partes relacionadas são indícios de
patrimônio inflacionado artificialmente para dar respaldo a entrada
de recursos de origem ilícita na aquisição de patrimônio real (bens
imóveis) em momento posterior.”
Por outro lado, no escritório de RICARDO LEAL também foram
encontrados diversos documentos de ADONIS ASSUMPÇÃO, demonstrando que
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RICARDO LEAL acompanha o patrimônio imobiliário de ADONIS ASSUMPÇÃO e
da BKK de maneira pouco usual.
Todos esses fatos demonstram um comportamento condizente com a
confusão patrimonial destinada à ocultação e dissimulação de bens, ou seja, ADONIS
ASSUMPÇÃO, manteve em sua guarda valores da organização criminosa pertencentes
a ele e a Ricardo Leal, ocultando o dinheiro e dissimulando a sua origem a partir de
declaração de posse de valores em espécie no seu imposto de renda.
No momento, o Ministério Público imputa à ADONIS ASSUMPÇÃO
e RICARDO LEAL a conduta do art. 1º, “caput”, da Lei nº 9.613/1998, além dos crimes
já imputados, pela ocultação de R$ 200.000,00 recebidos a título de propinas por
RICARDO LEAL e seu grupo no BRB.
5. CAPITULAÇÃO E DENÚNCIA
Conforme exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO denuncia:
5.1 RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, §§ 2º e 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens, 2.2, 2.3, 2.4, 2.8,
2.9, 3.2, recebido valores através de HENRIQUE LEITE DOMINGUES e HENRIQUE
DOMINGUES NETO, praticando atos de corrupção passiva por 21 VEZES, na
condição de partícipe, pelo crime do art. 317 do Código Penal;
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c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.2, 2.3, 2.4, 2.8,
2.9, 3.2, atuado em comunhão de esforços com HENRIQUE LEITE DOMINGUES,
praticando atos de gestão fraudulenta por 30 VEZES, pelo crime do art. art. 4º,
“caput”, da Lei n. 7.492/1986;
d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.2, 2.3, 2.4, 2.8,
2.9, 3.2, atuado em comunhão de esforços com HENRIQUE LEITE DOMINGUES,
praticando atos de desvios de recurso de instituição financeira por 30 VEZES, pelo
crime do art. art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986; e
e) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.2, 2.3, 2.4, 2.8,
2.9, 3.2, 4.1, praticando atos de lavagem de dinheiro por 19 VEZES, pelo crime do
art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
5.2 HENRIQUE DOMINGUES NETO
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 2.9, 3.1, 3.2, solicitado e recebido valores em favor de HENRIQUE LEITE
DOMINGUES, praticando atos de corrupção passiva por 25 VEZES, na condição de
partícipe, pelo crime do art. 317 do Código Penal;
c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 2.9, 3.1, 3.2, atuado em comunhão de esforços com HENRIQUE LEITE
DOMINGUES, praticando atos de gestão fraudulenta por 32 VEZES, na condição de
participe, pelo crime do art. 4º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986;
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d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 2.9, 3.1, 3.2, atuado em comunhão de esforços com HENRIQUE LEITE
DOMINGUES, praticando atos de desvios de recurso de instituição financeira por 32
VEZES, na condição de partícipe, pelo crime do art. art. 5º, “caput”, da Lei n.
7.492/1986; e
e) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 2.9, 3.1, 3.2, 4.1, praticando atos de lavagem de dinheiro por 22 VEZES, pelo
crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
5.3 HENRIQUE LEITE DOMINGUES
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 2.9, 3.1, 3.2, solicitado e recebido valores com auxílio do seu pai, HENRIQUE
DOMINGUES NETO, praticando atos de corrupção passiva por 25 VEZES, na
condição de partícipe, pelo crime do art. 317 do Código Penal;
c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 2.9, 3.1, 3.2, praticando atos de gestão fraudulenta por 32 VEZES, pelo crime do
art. 4º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986;
d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 2.9, 3.1, 3.2, praticando atos de desvios de recurso de instituição financeira por
32 VEZES, em favor dos empresários da ODEBRECHT, LSH e BRASASL, na
condição de pelo crime do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986; e
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e) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 2.9, 3.1, 3.2, praticando atos de lavagem de dinheiro por 21 VEZES, pelo crime
do art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
5.4 ADONIS ASSUMPÇÃO PEREIRA JÚNIOR
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”,§ 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013; e
b) por ter, conforme narrado e imputado no item 4.2, praticando
conduta de lavagem de dinheiro, pelo crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n.
9.613/1998.
5.5 VASCO CUNHA GONÇALVES
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput” c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens, 2.5, 2.6, 2.8, 2.9,
recebido valores e vantagens através de HENRIQUE LEITE DOMINGUES e
HENRIQUE DOMINGUES NETO e diretamente, praticando atos de corrupção
passiva por 16 VEZES, pelo crime do art. 317 do Código Penal;
c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.5, 2.6, 2.8, 2.9,
praticando atos de gestão fraudulenta por 9 VEZES, pelo crime do art. 4º, “caput”, da
Lei n. 7.492/1986;
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d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.5, 2.6, 2.8, 2.9,
praticando atos de desvios de recurso de instituição financeira por 9 VEZES, pelo
crime do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986; e
e) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.8, 2.9, 3.2, 4.1,
praticando atos de lavagem de dinheiro por 7 VEZES, pelo crime do art. 1º, parágrafo
1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
5.6 NILBAN DE MELO JÚNIOR
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens, 2.5, 2.6, 2.7, 2.8,
2.9, recebido valores e vantagens através de HENRIQUE LEITE DOMINGUES e
HENRIQUE DOMINGUES NETO e diretamente, praticando atos de corrupção
passiva por 17 VEZES, pelo crime do art. 317 do Código Penal;
c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.8, 2.9, praticando
atos de gestão fraudulenta por 9 VEZES, pelo crime do art. 4º, “caput”, da Lei n.
7.492/1986;
d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.8, 2.9, praticando
atos de desvios de recurso de instituição financeira por 9 VEZES, pelo crime do art.
5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986; e
e) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.8, 2.9, 3.2, 4.1,
praticando atos de lavagem de dinheiro por 7 VEZES, pelo crime do art. 1º, parágrafo
1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
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5.7 ARTHUR CÉSAR DE MENEZES SOARES FILHO
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens, 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, fornecido valores e vantagens diretamente ou através de HENRIQUE LEITE
DOMINGUES e HENRIQUE DOMINGUES NETO, praticando atos de corrupção
ativa por 12 VEZES, pelo crime do art. 333 do Código Penal;
c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 3.1, 3.2, atuado em participação a HENRIQUE DOMINGUES NETO, HENRIQUE
LEITE DOMINGUES, VASCO CUNHA GONÇALVES, NILBAN DE MELO
JUNIOR e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de gestão fraudulenta
por 9 VEZES, na condição de participe, pelo crime do art. 4º, “caput”, da Lei n.
7.492/1986;
d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 3.1, 3.2, atuado em comunhão de esforços com HENRIQUE DOMINGUES NETO,
HENRIQUE LEITE DOMINGUES, VASCO CUNHA GONÇALVES, NILBAN DE
MELO JUNIOR e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de desvios de
recurso de instituição financeira por 9 VEZES, na condição de participe, pelo crime
do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986; e
e) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 3.1, 3.2, praticando atos de lavagem de dinheiro por 14 VEZES, pelo crime do
art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
98
SGAS 604, Lote 23, Sala 107, Brasília-DF – CEP: 70.200-640
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5.8 PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens, 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, fornecido valores e vantagens diretamente ou através de HENRIQUE LEITE
DOMINGUES e HENRIQUE DOMINGUES NETO, praticando atos de corrupção
ativa por 12 VEZES, pelo crime do art. 333 do Código Penal;
c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 3.1, 3.2, atuado em participação a HENRIQUE DOMINGUES NETO, HENRIQUE
LEITE DOMINGUES, VASCO CUNHA GONÇALVES, NILBAN DE MELO
JUNIOR e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de gestão fraudulenta
por 9 VEZES, na condição de participe, pelo crime do art. 4º, “caput”, da Lei n.
7.492/1986;
d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 3.1, 3.2, atuado em comunhão de esforços com HENRIQUE DOMINGUES NETO,
HENRIQUE LEITE DOMINGUES, VASCO CUNHA GONÇALVES, NILBAN DE
MELO JUNIOR e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de desvios de
recurso de instituição financeira por 9 VEZES, na condição de participe, pelo crime
do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986; e
e) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 3.1, 3.2, praticando atos de lavagem de dinheiro por 14 VEZES, pelo crime do
art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
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SGAS 604, Lote 23, Sala 107, Brasília-DF – CEP: 70.200-640
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5.9 RICARDO SIQUEIRA RODRIGUES
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens, 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.5, 2.6, 2.7, 2.8, 2.9, fornecido valores e vantagens diretamente ou através de
HENRIQUE LEITE DOMINGUES e HENRIQUE DOMINGUES NETO, praticando
atos de corrupção ativa por 21 VEZES, pelo crime do art. 333 do Código Penal;
c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 2.9, atuado em participação a HENRIQUE DOMINGUES NETO, HENRIQUE
LEITE DOMINGUES, VASCO CUNHA GONÇALVES, NILBAN DE MELO
JUNIOR e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de gestão fraudulenta
por 16 VEZES, na condição de participe, pelo crime do art. 4º, “caput”, da Lei n.
7.492/1986;
d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 3.1, 3.2, atuado em comunhão de esforços com HENRIQUE DOMINGUES NETO,
HENRIQUE LEITE DOMINGUES, VASCO CUNHA GONÇALVES, NILBAN DE
MELO JUNIOR e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de desvios de
recurso de instituição financeira por 16 VEZES, na condição de participe, pelo crime
do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986; e
e) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.2, 2.3, 2.4,
2.8, 3.1, 3.2, praticando atos de lavagem de dinheiro por 17 VEZES, pelo crime do
art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
100
SGAS 604, Lote 23, Sala 107, Brasília-DF – CEP: 70.200-640
Tel.: (61) 3313-5268 / Fax: (61) 3313-5685 Assinado digitalmente em 12/02/2019 12:37. Para verificar a autenticidade acesse
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALForça-Tarefa Greenfield
5.10 FELIPE BEDRAN CALIL
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013; e
b) por ter, conforme narrado e imputado no item 2.1, 2.8, 2.9,
praticando conduta de lavagem de dinheiro por 5 VEZES, pelo crime do art. 1º,
parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
5.11 FELIPE BEDRAN CALIL FILHO
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013; e
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.1, 2.8, 2.9,
praticando conduta de lavagem de dinheiro por 4 VEZES, pelo crime do art. 1º,
parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
5.12 NATHANA MARTINS BEDRAN CALIL
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 2.9, praticando
conduta de lavagem de dinheiro, pelo crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n.
9.613/1998.
5.13 DIOGO RODRIGUES CUOCO
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput” c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013; e
101
SGAS 604, Lote 23, Sala 107, Brasília-DF – CEP: 70.200-640
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALForça-Tarefa Greenfield
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 2.2, 2.3, 2.4, 2.8,
2.9, praticando conduta de lavagem de dinheiro por 11 VEZES, pelo crime do art. 1º,
parágrafo 1º, inciso I, da Lei n. 9.613/1998.
5.14 ADRIANA FERNANDES BIJARA CUOCO
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 2.4, praticando
conduta de lavagem de dinheiro, pelo crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei n.
9.613/1998.
5.15 PAUL ELIE ALTIT
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens, 3.1, 3.2, fornecido
valores e vantagens diretamente ou através de HENRIQUE LEITE DOMINGUES e
HENRIQUE DOMINGUES NETO, praticando atos de corrupção ativa por 5 VEZES,
pelo crime do art. 333 do Código Penal;
c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 3.1, 3.2, atuado em
participação a HENRIQUE DOMINGUES NETO, HENRIQUE LEITE DOMINGUES
e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de gestão fraudulenta por 16
VEZES, na condição de participe, pelo crime do art. 4º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986;
d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 3.1, 3.2, atuado em
comunhão de esforços com HENRIQUE DOMINGUES NETO, HENRIQUE LEITE
DOMINGUES e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de desvios de
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recurso de instituição financeira por 16 VEZES, na condição de participe, pelo crime
do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986; e
e) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 3.1, 3.2, praticando
atos de lavagem de dinheiro por 4 VEZES, pelo crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso
I, da Lei n. 9.613/1998.
5.16 PAULO RICARDO BAQUEIRO DE MELO
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens, 3.1, 3.2, fornecido
valores e vantagens diretamente ou através de HENRIQUE LEITE DOMINGUES e
HENRIQUE DOMINGUES NETO, praticando atos de corrupção ativa por 5 VEZES,
pelo crime do art. 333 do Código Penal;
c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 3.1, 3.2, atuado em
participação a HENRIQUE DOMINGUES NETO, HENRIQUE LEITE DOMINGUES
e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de gestão fraudulenta por 16
VEZES, na condição de partícipe, pelo crime do art. 4º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986;
d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 3.1, 3.2, atuado em
comunhão de esforços com HENRIQUE DOMINGUES NETO, HENRIQUE LEITE
DOMINGUES e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de desvios de
recurso de instituição financeira por 16 VEZES, na condição de partícipe, pelo crime
do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986; e
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e) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 3.1, 3.2, praticando
atos de lavagem de dinheiro por 4 VEZES, pelo crime do art. 1º, parágrafo 1º, inciso
I, da Lei n. 9.613/1998.
5.17 DILTON CASTRO JUNQUEIRA BARBOSA
a) por ter, conforme narrado e imputado no item 1, mantido
organização permanente e estruturada com a finalidade de praticar crimes, pelo
crime do art. 2º, “caput”, § 4º, II, c/c art. 1º § 1º, da Lei 12.850/2013;
b) por ter, conforme narrado e imputado nos itens, 3.1, 3.2, fornecido
valores e vantagens diretamente ou através de HENRIQUE LEITE DOMINGUES e
HENRIQUE DOMINGUES NETO, praticando atos de corrupção ativa por 4 VEZES,
pelo crime do art. 333 do Código Penal;
c) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 3.1, 3.2, atuado em
participação a HENRIQUE DOMINGUES NETO, HENRIQUE LEITE DOMINGUES
e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de gestão fraudulenta por 16
VEZES, na condição de partícipe, pelo crime do art. 4º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986;
e
d) por ter, conforme narrado e imputado nos itens 3.1, 3.2, atuado em
comunhão de esforços com HENRIQUE DOMINGUES NETO, HENRIQUE LEITE
DOMINGUES e RICARDO LUÍS PEIXOTO LEAL, praticando atos de desvios de
recurso de instituição financeira por 16 VEZES, na condição de partícipe, pelo crime
do art. 5º, “caput”, da Lei n. 7.492/1986.
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6. INDÍCIOS DE AUTORIA E MATERIALIDADE E PROVAS A SEREM
PRODUZIDAS
A materialidade e a autoria dos crimes narrados na presente denúncia
estão comprovadas por meio dos documentos que constam do Procedimento
Investigatório Criminal nº 1.16.000.001753/2017-73 (Caso FII SIA), do Procedimento
Investigatório Criminal nº 1.16.000.002425/2018-75 (Caso FIP LSH e Corrupção no
BRB), do Inquérito Policial nº 22803-98.2017.4.01.3400 (Caso FII SIA), do Inquérito
Policial nº 452/2017 (Caso FIP LSH), Medida Cautelar nº 41857-16.2018 (MBA),
Medida Cautelar nº 41859-83.2018 (Prisões), Petição Criminal nº 41270-
91.2018.4.01.3400 (Homol. Adesão Leniência – Marco Aurélio Benito Juarez Gimenes
Siqueira), MC 41860-68.2018 (Sigilos Telef. Telemát. Fiscal. Banc), e do RE 002/2019-
SR/PF/DF (deflagração da Operação Circus Maximus), bem como dos documentos
anexados a presente denúncia (inclusive os gravados em HD externo encaminhado ao
juízo, em razão do volume e das limitações do sistema PJE), que instruem a presente
ação penal pública, com destaque para os seguintes documentos:
I - PIC nº 1.16.000.001753/2017-73 - FII SIA (Apenso 1 do IPL 22803-
98):
1. Documentos relativos às colaborações dos executivos da
Odebrecht PAULO RICARDO e PAUL ALTIT (fls. 69-86 do PIC):
Termo de Colaboração nº 5 que presta PAULO RICARDO
BAQUEIRO DE MELO, ref. Anexo V – Praça Capital e elementos de
corroboração; Termo de Colaboração nº 15/2016 que presta PAUL
ELIE ALTIT e elementos de corroboração;
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2. Documentos sobre o FII impressos a partir do site da CVM,
como consulta, regimento inicial e laudo de avaliação elaborado pela
empresa (fls. 87-156 do PIC);
3. Pesquisas relativas a BIAM COMPANHIA
SECURITIZADORA S/A, HENRIQUE DOMINGUES NETO,
HENRIQUE LEITE DOMINGUES e COLLIERS INTERNATIONAL
DO BRASIL (fls. 157-173 do PIC);
4. Ofício nº 78/2018/CVM/SIN/GIA, de 5 de abril de 2018, e
Ofício nº 83/2018/CVM/SIN/GIA , de 19 de abril de 2018, com
informações sobre o FII e seus distribuidores formais (BRB DTVM e
MANHATTAN AGENTE AUTÔNOMO DE INVESTIMENTO),
além de registros da BIAM, da BI ASSET, de HENRIQUE LEITE e
de HENRIQUE DOMINGUES (fls. 183-186);
5. Termo de Comparecimento e Oitiva de PAUL ELIE ALTIT (fl.
191 do PIC);
6. Termo de Comparecimento e Oitiva de PAULO RICARDO
BAQUEIRO DE MELO ALTIT (fls. 195-196 do PIC).
7. ANEXO 1: arquivos relativos à adesão de Marco Aurélio
Benito Juarez Gimenes Siqueira à leniência da ODEBRECHT, que
compõem a Petição Criminal nº 41270-91.2018.4.01.3400 (Homol.
Adesão Leniência), detalhada adiante.
8. ANEXO 2: Decisão de compartilhamento de provas da
Operação Câmbio Desligo - colaboração premiada dos doleiros
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CLÁUDIO FERNANDO BARBOSA e VINICIUS CLARET. Foi
juntado ainda no PIC posteriormente extrato de transações dos
doleiros para pagar propina no caso FII SIA;
II - PIC nº 1.16.000.002425/2018-75 - FIP LSH e BRB (Apenso 1 do
IPL 452/2017):
9. Termo de Comparecimento e Oitiva de RICARDO SIQUEIRA
RODRIGUES, de 24 de agosto de 2018 (páginas 2-7 do arquivo .pdf –
íntegra do PIC), anexo 5 – FIP LSH (páginas 34-78 do arquivo .pdf –
íntegra do PIC), e elementos de corroboração ali mencionados,
denominados LSH 1 a 70, como contratos, regimento, planilhas, notas
fiscais, e-mails, mensagens de celular, passagens aéreas (páginas 81-
1.065 do arquivo .pdf – íntegra do PIC);
10. Termo de Comparecimento e Oitiva de RICARDO SIQUEIRA
RODRIGUES, de 29 de outubro de 2018 (páginas 1.075-1.077 do
arquivo .pdf – íntegra do PIC);
11. Termo de Comparecimento e Oitiva de LÚCIO BOLONHA
FUNARO, de 24 de outubro de 2018 (páginas 1.082-1.083 do
arquivo .pdf – íntegra do PIC),
12. Relatórios de Pesquisa (páginas 1.096-1.995 do arquivo .pdf –
íntegra do PIC)20;20 Relatórios de qualificação, rastreamento societário e bens: Relatório de Pesquisa nº 10279/2018 –ADONIS ASSUMPCAO PEREIRA JUNIOR, Relatório de Pesquisa nº 9934/2018– ADRIANA BIJARRA CUOCO INTERIORES EIRELI, CNPJ 11.159.75210001-16; Relatório dePesquisa nº 9948/2018 – ADRIANA FERNANDES BIJARRA CUOCO, Relatóriode Pesquisa nº 9968/2018 – ANDREA MOREIRA LOPES, Relatório de Pesquisa
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13. Registros de viagem (entre as páginas 2.072 e 2.237 do
arquivo .pdf – íntegra do PIC)21;
14. Espelhamento de telefone (em pen drive) e documentos
apresentados por RICARDO SIQUEIRA RODRIGUES (páginas
2.247-2.282 do arquivo .pdf – íntegra do PIC), como contrato do
colaborador com CALIL CONSULTORIA LTDA. e NATHANA
MARTINS BEDRAN CALIL e rescisão do contrato; contrato do LSH
BARRA com ADRIANA BIJARRA CUOCO INTERIORES; e-mails
de/para FELIPE CALIL e NATHANA CALIL; contrato do LSH
BARRA com POSITIVA CTVM – distribuição de debêntures; folders
de fundos; Backup do aparelho telefônico de RICARDO SIQUEIRA
RODRIGUES (páginas 2.242-2.243 do arquivo .pdf – íntegra do PIC -
Pen Drive SanDisk Modelo: Cruzer Biade 128GB - BP181026552B,
nº 9963/2018 – ARTHUR CESAR DE MENEZES SOARES FILHO, ; Relatório dePesquisa nº 9977/2018 – DIOGO RODRIGUESCUOCO, ; Relatório de Pesquisa nº9950/2018 – FELIPE BEDRAN CALIL FILHO, Relatório de Pesquisa nº9949/2018 – FELIPE BEDRAN CALIL, Relatório de Pesquisa nº 9953/2018 –FONTAINE VILLE PARTICIPACOES S.A. (BIAM COMPANHIA SECURITIZADORA S/A), CNPJ14.333.683/0001-03; Relatório de Pesquisa nº 9973/2018 – GLOBOMIX SERVICOS DECONCRETAGEM LTDA, CNPJ 16.756.602/0001-03; Relatório de Pesquisa nº 9935/2018 – GMMINISTER EDITORA EIRELI, CNPJ 05.944.063/0001-10; Relatório de Pesquisa nº 9952/2018 –HENRIQUE DOMINGUES NETO, Relatório de Pesquisa nº 10277/2018 –HENRIQUE LEITE DOMINGUES, Relatório de Pesquisa nº 9965/2018 – KBPARTICIPACOES LTDA, CNPJ 12.449.867/0001-08; Relatório de Pesquisa nº 9966/2018 – MARCOAURÉLIO MONTEIRO DE CASTRO, Relatório de Pesquisa nº 9965/2018 –MORALL CAPITAL ADMINISTRACAO DE RECURSOS LTDA, CNPJ 03.196.101/0001-78; Relatóriode Pesquisa nº 9936/2018 – NATHANA MARTINS BEDRAN CALIL, Relatóriode Pesquisa nº 9956/2018 – NILBANDE MELO JÚNIOR, ; Relatório de Pesquisa nº9961/2018 – PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO, Relatóriode Pesquisa nº 9957/2018 – RICARDO LUIS PEIXOTO LEAL, Relatório dePesquisa nº 9969/2018 – RICARDO SIQUEIRA RODRIGUES, Relatório dePesquisa nº 9964/2018 – VASCO CUNHA GONÇALVES,21 Registros de viagem – GOL LINHAS AÉREAS – ADONIS ASSUMPÇÃO e HENRIQUE LEITEDOMINGUES; Registros de viagem – PASSAREDO – diversos investigados; Registros de viagem –LATAM – ADONIS ASSUMPÇÃO e HENRIQUE LEITE DOMINGUES; Registros de viagem –LATAM – diversos investigados; Registros de viagem – GOL LINHAS AÉREAS – diversos investigados;Registros de viagem – AZUL LINHAS AÉREAS – diversos investigados.
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armazenado no cofre da Força-Tarefa);
15. Registros de viagem – diversos investigados (páginas 2.285-
2.804 do arquivo .pdf – íntegra do PIC);
III - Petição Criminal nº 41270-91.2018.4.01.3400 (Adesão Leniência):
16. Termo de manifestação de adesão e depoimento de Marco
Aurélio Benito Juarez Gimenes Siqueira (fls. 4 a 5 da petição
criminal);
17. Termo de comparecimento e oitiva de Marco Aurélio Benito
Juarez Gimenes Siqueira (fls. 6 a 7 da petição criminal);
18. Documentos (extratos do sistema Drousys) apresentados por
Marco Aurélio (fls. 13 a 18 da petição criminal);
19. Decisão de homologação do termo de adesão à leniência, com
autorização de compartilhamento de provas (fls. 20 a 21 da petição
criminal);
IV - Medida Cautelar nº 41857-16.2018 (MBA);
V - Medida Cautelar nº 41859-83.2018 (Prisões);
VI - Documentos ref. RE 002/2019-SR/PF/DF (Operação Circus
Maximus):
20. Auto de Apreensão nº 64/2019 (mídias), EQUIPE - DF 02,
Alvo - Adonis Assumpção Pereira Junior;
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21. Auto de Apreensão nº 65/2019 (documentos), EQUIPE - DF
02, Alvo - Adonis Assumpção Pereira Junior;
22. Auto de Apreensão nº 71/2019 (documentos e moeda),
EQUIPE - DF 14, Alvo - Adonis Assumpção Pereira Junior;
23. Relatório de Diligência – busca e apreensão no BRB Seguros,
Alvo - Adonis Assumpção Pereira Junior;
24. Cumprimento do mandado de prisão preventiva de Felipe
Bedran Calil; Autos de Apreensão nºs 74/2019 (documentos) e
76/2019 (mídias e celular), EQUIPE - RJ 01, Alvo – Felipe Bedran
Calil; e Termo de declarações, com registro de que permaneceu em
silêncio;
25. Autos de Apreensão nºs 72/2019 (documentos, inclusive
passaporte português, e moeda) e 70/2019 (tablet e celular), EQUIPE -
RJ 02, Alvo – Felipe Bedran Calil Filho;
VII - Termos de comparecimento e oitiva:
26. Mayana Suellen Magalhães de Pinho, Jared Capanema Jorge,
Ranayza Madlum de Paula, Sidney Alcântara Viana da Silva e Tawana
Santos Cardoso Lima, todos funcionários da BRB DTVM; Naira Lee
Domingues; Fábio Ferreira Cleto; Francisco Araújo Júnior;
VIII - Relatórios de Análise:
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27. Relatório de Informação nº 002/2019 (Circus Maximus.
Material Apreendido. Envelopes 01, 02, 04 e 05 – RE002/2019-
SR/PF/DF);
28. Relatório Fiscais: Relatório de Análise nº 002-2019 (Henrique
Domingues Neto); e Relatório de Análise nº 005-2019 (Adonis);
IX – Outros documentos:
29. Termos dos acordos de colaboração de PAUL ELIE ALTIT e
PAULO RICARDO BAQUEIRO DE MELO;
Além dos documentos mencionados, que se requer que sejam
aproveitados no processo criminal como provas judiciais, o MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL requer ainda que os denunciados sejam interrogados em Juízo e que sejam
ouvidas as seguintes testemunhas ou colaboradores:
1. ANA CRISTINA FREITAS COLACO, ,
funcionária da BRB DTVM,
2. VANDERLEI MARTINS FRANÇA JÚNIOR,
ex-funcionário da BRB DTVM,
111
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3. JARED CAPANEMA JORGE, funcioná-
rio da BRB DTVM,
4. VALDEMIR PEDRO DE ALCANTARA JÚNIOR, funcionário da
BRB DTVM, ,
;
5. MARCUS VINÍCIUS DE CARVALHO TELES,
funcionário da BRB DTVM,
6. TAWANA SANTOS CARDOSO LIMA, ,
funcionária da BRB DTVM,
7. MAYANA SUELLEN MAGALHÃES DE PINHO,
funcionária da BRB DTVM,
8. MAÊVA FERREIRA BOTELHO SCHMEISCK,
funcionária da BRB DTVM,
;
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9. WENDELL FEITOSA CASTRO, funcio-
nário da BRB DTVM,
10. DHAYANA VASCONCELOS ROMÃO,
funcionária da BRB DTVM,
11. LUCIANE MORESCHI MARIANO, ,
funcionária da BRB DTVM
12. BRUNO DE OLIVEIRA WATANABE, ,
funcionário da BRB DTVM,
13. RANAYZA MADLUM DE PAULA,
funcionária da BRB DTVM,
14. SIDNEY ALCÂNTARA VIANA DA SILVA,
funcionário da BRB DTVM,
113
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15. FRANCISCO RODRIGUES DA VITÓRIA,
terceirizado da BRB DTVM,
16. NIVALDO ROSA FERREIRA, motorista
de Ricardo Rodrigues,
;
17. JOSIAS DOS SANTOS FERREIRA, se-
cretário de Ricardo Rodrigues,
18. NAIRA LEE PAIVA DOMINGUES, ex-
cônjuge de HENRIQUE NETO,
19. JOSÉ NILSON DOS SANTOS, motorista de Henrique Neto, resi-
dente na
20. FRANCISCO ARAÚJO COSTA JÚNIOR,
colaborador espontâneo, cujo endereço o MPF informará pos-
teriormente ao juízo;
21. LUCIO BOLONHA FUNARO, cujo en-
dereço não será declinado nesse momento em razão de sua condi-
ção de colaborador, obrigando-se o MPF a informar o endereço ao
juízo;
22. MARCO AURÉLIO BENITO JUAREZ GIMENES SIQUEIRA,
cujo endereço não será declinado nesse
114
SGAS 604, Lote 23, Sala 107, Brasília-DF – CEP: 70.200-640
Tel.: (61) 3313-5268 / Fax: (61) 3313-5685 Assinado digitalmente em 12/02/2019 12:37. Para verificar a autenticidade acesse
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 536B6097.FECDD895.C1866956.90C421A9
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALForça-Tarefa Greenfield
momento em razão de sua condição de colaborador, obrigando-se
o MPF a informar o endereço ao juízo;
23. FABIO FERREIRA CLETO, cujo ende-
reço não será declinado nesse momento em razão de sua condição
de colaborador, obrigando-se o MPF a informar o endereço ao juí-
zo;
24. VINÍCIUS VIEIRA BARRETO CLARET,
cujo endereço não será declinado nesse momento em razão de
sua condição de colaborador, obrigando-se o MPF a informar o
endereço ao juízo;
25. CLÁUDIO FERNANDO BARBOSA,
cujo endereço não será declinado nesse momento em razão de sua
condição de colaborador, obrigando-se o MPF a informar o ende-
reço ao juízo.
Diante do exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer o
recebimento e processamento da denúncia, com a citação dos denunciados para o
devido processo penal e oitiva das testemunhas e colaboradores, observando-se o teor
de seus acordos de colaboração premiada.
Em relação aos denunciados presos, requer a citação pessoal, nos termos
do art. 360 do Código de Processo Penal.
Em relação aos denunciados ARTHUR CÉSAR DE MENEZES
SOARES FILHO e PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO, cujos
115
SGAS 604, Lote 23, Sala 107, Brasília-DF – CEP: 70.200-640
Tel.: (61) 3313-5268 / Fax: (61) 3313-5685 Assinado digitalmente em 12/02/2019 12:37. Para verificar a autenticidade acesse
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALForça-Tarefa Greenfield
paradeiros são desconhecidos, requer a citação por edital, aplicando-se o art. 366 do
Código de Processo Penal, especialmente no que concerne à suspensão do prazo
prescricional, ressalvado o disposto no art. 2º, § 2º da Lei nº 9.613/98.
Confirmados os fatos imputados, requer a condenação dos denunciados,
ressalvados os acordos firmados com o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL,
determinando-se o valor de confisco, bem como um valor mínimo de indenização
correspondente ao triplo do valor desviado, de forma que seja suficiente para satisfação
dos danos materiais, morais e sociais causados.
Brasília/DF, 12 de fevereiro de 2019.
Anselmo Henrique Cordeiro LopesProcurador da República
(Coordenador da FT Greenfield)
Márcio Barra LimaProcurador Regional da República
(Coordenador da FT Greenfield)
Anderson Vagner Gois dos SantosProcurador da República
Andrey Borges de MendonçaProcurador da República
Cláudio Drewes José de SiqueiraProcurador da República
Felipe Torres VasconcelosProcurador da República
Frederico Siqueira FerreiraProcurador da República
Henrique de Sá Valadão LopesProcurador da República
Karen Louise Jeanette KahnProcuradora da República
Michel François Drizul HavrenneProcurador da República
Paulo Gomes Ferreira FilhoProcurador da República
Sara Moreira de Souza LeiteProcuradora da República
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