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ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL Secção de São Paulo
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA.
Distribuição urgente
ASSOCIAÇÃO DOS ADVOGADOS DE SÃO
PAULO – AASP (“AASP”) , entidade de fins não econômicos, inscrita no
CNPJ/MF sob o nº 62.500.855/0001-39, com sede na Rua Álvares
Penteado, nº 151, Centro, São Paulo – SP, CEP: 01012-905, ORDEM
DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SECÇÃO SÃO PAULO
(“OAB/SP”) , entidade de serviço público, inscrita no CNPJ sob o nº
43.419.613/0001-70, com sede na Praça da Sé, 385, São Paulo - SP, e
INSTITUTO DOS ADVOGADOS DE SÃO PAULO (“IASP”) , entidade
de fins não econômicos, inscrito no CNPJ sob o nº 43.198.555/0001-00,
com sede na Rua Líbero Badaró, 377, 26º andar, São Paulo - SP; vêm,
respeitosamente, apresentar
PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS COM MEDIDA ACAUTELADORA
em face de ato do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO (“TJSP”) , com fulcro no artigo 103-B, § 4º, II da Constituição
Federal e nos artigos 43, XI e 98 e seguintes do Regimento Interno do
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Conselho Nacional de Justiça, pelos motivos de fatos e de direito a seguir
aduzidos:
I - INTRODUÇÃO
1. Os Requerentes representam os profissionais da
advocacia no Estado de São Paulo (com exceção da AASP, que também
representa e atua em todos os demais Estados de nossa Federação), não só
prestando serviços dos mais diversos matizes, como também cuidando de
questões relacionadas às prerrogativas de tais profissionais.
2. Imbuídos desse mister, socorrem-se desse
Egrégio Conselho Nacional de Justiça pela premente necessidade de
interferência na forma de implantação do processo judicial eletrônico pelo
E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo no maior Fórum de nosso
país, qual seja o Fórum João Mendes Junior.
3. O digno mandatário do Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo, Sua Excelência Ivan Ricardo Garísio
Sartori, pretende implantar NO PRÓXIMO DIA 03 DE DEZEMBRO
DE 2012, de forma definitiva e exclusiva para os novos feitos, o
denominado processo judicial eletrônico no maior Fórum de nosso país (e
também da América Latina), todavia, caso se efetive, colocará em risco de
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colapso a atividade forense que envolve mais de 87 mil profissionais e, por
conseguinte, milhares de cidadãos que necessitam de tutela jurisdicional.
4. Como a seguir se verá, não obstante os
Requerentes apóiem séria e firmemente a implantação do processo judicial
eletrônico em todos os Fóruns de nosso país, a exigüidade do prazo para tal
providência no Fórum João Mendes Junior e as condições impostas se
mostram absolutamente divorciadas de nosso sistema jurídico, pois, além
de contrariar expressa disposição legal (Lei 11.419/2006), ainda ferem, de
morte, os princípios constitucionais da proporcionalidade e da
razoabilidade.
II – BREVE E NECESSÁRIO RETROSPECTO
5. A advocacia paulista foi surpreendida no dia
09/10/2012, com a publicação, no Diário da Justiça Eletrônico - DJe (favor
examinar cópia da publicação – doc. 01), de uma decisão cujo teor se
mostrou ambíguo, sem qualquer esclarecimento ou justificativa, conforme
se depreende do texto a seguir transcrito:
“PROCESSO No. 88.573/2012 – CAPITAL –
Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do
Tribunal de Justiça, em 05/10/2012, autorizou a
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suspensão do atendimento ao público e dos prazos
processuais no Distribuidor e Protocolo do Foro
Central Cível (atinente às matérias relativas às Varas
Cíveis neste Foro instaladas), nas Varas Cíveis do Foro
Central, bem como no Distribuidor do Serviço dos
Tribunais do Júri da Comarca da Capital e nas varas do
Tribunal do Júri, localizados no Complexo Judiciário
Criminal Ministro Mário Guimarães – Barra Funda, no
período de 16 a 29/10/2012, mantidas a recepção de
petições por meio de protocolo integrado, a
protocolização de casos urgentes, a realização das
audiências já designadas e o atendimento de casos
urgentes, aí incluídos os novos processos”.
6. Diante de tal situação, os Requerentes
participaram de diversas reuniões com a presença do digno Presidente do
TJSP, Exmo. Sr. Ivan Ricardo Garísio Sartori, e demais Juízes auxiliares,
buscando compreender os projetos do TJSP e a sua conciliação com as
condições reais dos profissionais envolvidos, tendo sido informados de que
a suspensão de prazos em referência se tratava de preparativos para a
implantação do denominado processo judicial eletrônico no maior Fórum
do país.
6.1. Foram entregues, em reuniões presenciais, 03
(três) ofícios (docs. 02, 03 e 04) ao digno Presidente do TJSP,
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demonstrando a disposição das entidades em apoiar e viabilizar a efetiva
implantação do processo judicial eletrônico no Fórum João Mendes Junior,
formulando sugestões de providências e cautelas a serem adotadas pelo
TJSP.
6.2. Apesar de os ofícios não terem sido
respondidos, as entidades tomaram conhecimento de deliberações que se
referiam a tais ofícios, divulgadas no sítio da internet do TJSP (favor
examinar as cópias das deliberações – docs. 05, 06 e 07).
6.3. No curso das medidas adotadas para a
implantação do processo judicial eletrônico no Fórum João Mendes
Junior, os Requerentes se depararam com um grande e importante
desafio, consistente na disponibilização de certificado digital para
todos os profissionais da advocacia.
7. Assim, tanto a OAB/SP quanto a AASP,
instituições certificadoras, em conformidade com o padrão ICP-BRASIL,
buscaram quantificar o número de profissionais que vem exercendo suas
atividades profissionais no Fórum João Mendes Junior, nos últimos 12
meses, a fim de verificar o tempo e estrutura necessários para a
disponibilização dos respectivos certificados.
8. De acordo com os levantamentos dos
Requerentes os advogados e advogadas que, nos últimos 12 meses,
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ajuizaram novas ações e peticionaram durante o andamento de tais
processos, totalizavam 87 mil profissionais (O TJSP afirmou,
posteriormente, que o número correto seria de 38 mil profissionais, mas,
todavia, somente levou em consideração os profissionais que constavam
das peças iniciais, sem considerar as mudanças e substabelecimentos dos
profissionais, a diversidade ocorrida durante o andamento dos processos, a
inclusão de novos procuradores etc). Favor examinar, a esse respeito,
relatório da AASP, no qual consta a forma de cálculo dos profissionais que
exercem suas atividades no Fórum João Mendes Junior (doc. 08).
9. De qualquer forma, os Requerentes
demonstraram, com base nos dados atualmente existentes, que a
certificação desse número tão expressivo de profissionais somente seria
possível em prazo mais dilatado, qual seja o prazo de 180 dias.
9.1. Note-se que, para ampliar rapidamente o
número de profissionais que adquirem certificados digitais, os Requerentes
adotaram as seguintes providências:
a) ampliaram a disponibilização de certificação
digital em determinadas Comarcas, de forma itinerante, bem como em
escritórios de advocacia (vide, por favor, a relação das Comarcas
abrangidas pela certificação da AASP e da OAB/SP – doc. 09);
b) aumentaram a freqüência do número de cursos
de certificação digital, conforme tabela em anexo (doc. 10);
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c) os Requerentes aumentaram a capacidade de
disponibilização de certificados digitais;
d) participaram da criação de estrutura de sala no
TJSP para a certificação de Advogados e Advogadas;
c) participaram da elaboração de uma cartilha de
orientação aos profissionais da advocacia (doc. 11).
Enfim, tudo que estava, e está ao alcance das
entidades tem sido feito, mesmo diante dos elevados custos para tais
providências, a fim de auxiliar e dar suporte ao Estado (Poder Judiciário)
na implantação do processo judicial eletrônico no Fórum João Mendes
Junior.
10. Todavia, o número de profissionais da
advocacia que obteve certificados digitais até a presente data alcança
apenas 35 mil, sendo que grande parte desses profissionais atuam perante a
Justiça do Trabalho e não perante a Justiça comum, uma vez que a Justiça
do Trabalho foi percussora da implantação do processo eletrônico em parte
de suas dependências.
10.1. Mas, uma constatação é de enorme
importância: ATÉ A PRESENTE DATA, NÃO HÁ QUALQUER
EXPERIÊNCIA DA IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO
ELETRÔNICO, DE FORMA DEFINITIVA, EM GRANDES
FORUNS DE NOSSO PAÍS, JUSTAMENTE EM DECORRÊNCIA
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DOS DESAFIOS LOGÍSTIVOS E OPERACIONAIS, QUE VÊM
SENDO EQUACIONADOS COM O PASSAR DOS MESES.
III - DA NECESSÁRIA SUSPENSÃO DA IMPLANTAÇÃO
DEFINITIVA DO PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO,
NO DIA 03 DE DEZEMBRO DE 2012
11. Com efeito, Excelência, há grave ilegalidade
e desproporcionalidade que vêm permeando as providências e condutas
adotadas pela maior Corte de Justiça Estadual de nosso país, que merecem
ser reconhecidas, com a correspondente suspensão da deliberação que é
aqui impugnada.
12. O TJSP pretende exigir a obrigatoriedade e
exclusividade de uso da certificação digital para a atuação do profissional
da advocacia no processo judicial eletrônico, no Fórum João Mendes
Junior, a partir de 03 de dezembro de 2012.
12.1. Com efeito, a Lei 11.419, de 19 de
dezembro de 2006 (lei que dispõe sobre a informatização do processo
judicial) estabelece, em seu artigo 1º., inciso III, alíneas “a” e “b”, o
seguinte:
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“Art. 1º. O uso de meio eletrônico na tramitação de
processos judiciais, comunicação de atos e transmissão
de peças processuais será admitido nos termos desta
Lei.
(...)
III – assinatura eletrônica (sic!) as seguintes formas de
identificação inequívoca do signatário:
a) assinatura digital baseada em certificado digital
emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na
forma de lei específica;
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário,
conforme disciplinado pelos órgãos específicos”.
12.2. Ora, a identificação e assinatura do
profissional responsável pelo uso do meio eletrônico nos processos
judiciais pode ser feita por meio de Certificado Digital ou de Cadastro,
exatamente em decorrência da carência de meios não só do Estado
brasileiro, como também dos profissionais da advocacia.
Onde a lei não restringiu não cabe aos órgãos
destinatários da norma o fazerem.
12.3. O TJSP não pode restringir o uso dos meios
eletrônicos nos processos judiciais e ou a transmissão de petições
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SOMENTE PARA AQUELES QUE DETÊM CERTIFICADOS
DIGITAIS, pois a lei não previu tal restrição.
12.4. Os Requerentes entendem e apoiam a
ampliação do uso de Certificados Digitais, mas essa medida não pode ser
promovida da forma como pretende o TJSP, pois inviabiliza o acesso da
população, por meio de seus representantes (profissionais da advocacia), ao
processo judicial eletrônico.
12.5. Em manifestação à Imprensa, o respeitado
especialista em processo judicial eletrônico, Dr. Sérgio Tejada Garcia (ex-
Secretário Geral desse Egrégio Conselho Nacional de Justiça) deixou
evidenciada a facultatividade da exigência de certificado digital ou cadastro
para o uso do processo judicial eletrônico:
“E entre os tantos temas relevantes que aguçam o
debate dos juristas da era da Justiça Informatizada, um
em especial está merecendo análise menos apaixonada
e mais técnica do ponto de vista jurídico, que consiste
no uso, ou não, de certificação digital pelos advogados.
Os especialistas em informática geralmente afirmam
que a única forma de garantir a segurança das
transações eletrônicas dos advogados é a assinatura
digital gerada debaixo da cadeia da ICP-BR
(Infraestrutura de Chaves Públicas do Brasil), que é
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administrada pelo ITI (Instituto Brasileiro de
Tecnologia da Informação), uma autarquia federal
criada pelo Poder Executivo através da Medida
Provisória 2.200/2000 e que funciona subordinada à
Casa Civil da Presidência da República.
(...)
O desacerto da tese é evidente, pois a própria MP 2.200
admite, no parágrafo 2º. do artigo 10, outras formas de
comprovação da autoria e integridade de documentos
em forma eletrônica, que não o certificado digital ICP-
BR. Ora, se outros formatos de assinatura digital fossem
inseguros a norma legal não os autorizaria.
(...)
Na prática, hoje a exigência de certificado digital ICP-
BR constitui-se em um grande problema para os
advogados. Isto porque a tecnologia ainda não está
suficientemente difundida e madura e não é incomum
surgirem incompatibilidades entre os sistemas
operacionais dos cartões (ou tokens) e os diversos
assinadores, ou entre estes e os diversos sistemas dos
tribunais” (favor examinar íntegra da entrevista –
doc.....) – grifos dos Requerentes.
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12.6. Em face do que fora exposto, evidencia-se a
ilegalidade da pretensão do TJSP, seja por deliberação de sua E.
Presidência, seja por meio de normas regulamentares, de exigir a
exclusividade e compulsoriedade de uso do certificado digital para o
processo judicial eletrônico a ser implantado no Fórum João Mendes
Junior.
E não é só!
13. Além disso, vale ressaltar que a fixação do dia
03 de dezembro de 2012 para a total e definitiva implantação do processo
judicial eletrônico no maior Fórum de nosso país (Fórum João Mendes
Junior) configura ato que fere de morte os princípios constitucionais da
proporcionalidade e da razoabilidade, que devem nortear o
administrador público.
14. Deve ser averiguada a sua adequação,
necessidade e justa medida (proporção) para que seja aferida a presença e
observância do princípio da proporcionalidade. De outro turno, a apuração
da correlação entre meios e fins deverá ser feita para a verificação da
obediência ao princípio da razoabilidade.
15. Esses dois princípios são, como não poderia
deixar de ser, reconhecidos pela nossa mais abalizada doutrina nacional. O
Professor Celso Antonio Bandeira de Mello (in Curso de Direito
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Administrativo, Editora Malheiros, p. 91) assim pontua sobre o princípio da
razoabilidade:
“(...) pretende-se colocar em claro que não serão
apenas inconvenientes, mas também ilegítimas – e,
portanto, jurisdicionalmente invalidáveis -, as condutas
desarrazoadas, bizarras, incoerentes ou praticadas com
desconsideração às situações e circunstâncias que
seriam atendidas por quem tivesse atributos normais de
prudência, sensatez e disposição de acatamento às
finalidades da lei atributiva da descrição manejada.”
15.1. E, mais adiante, sobre o princípio da
proporcionalidade (op cit, p. 93):
“Este princípio enuncia a idéia – singela, aliás,
conquanto freqüentemente desconsiderada – de que as
competências administrativas só podem ser validamente
exercidas na extensão e intensidade proporcionais ao
que seja realmente demandado para cumprimento da
finalidade de interesse público a que estão atreladas.
Segue-se que os atos cujos conteúdos ultrapassem o
necessário para alcançar o objetivo que justifica o uso
da competência ficam maculados de ilegitimidade,
porquanto desbordam do âmbito da competência; ou
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seja, superam os limites que naquele caso lhes
corresponderiam.”
15.2. Trazendo esta análise ao microcosmo da
presente demanda, mostra-se a deliberação do Egrégio Tribunal de Justiça
do Estado de São Paulo, de fixar um prazo exíguo para a implantação
definitiva do processo judicial eletrônico, mostra-se contrária ao princípio
constitucional da proporcionalidade, pois desconsidera a incipiente
estrutura do Estado brasileiro e dos cidadãos para a certificação e
implantação dessa novel ferramenta tecnológica para mais de 87 mil
advogados, de uma só vez, sendo que o decurso de mais poucos meses não
alterará os objetivos que o TJSP vem divulgando em todas suas
manifestações.
16. Invoca-se, em arremate, o escólio de Maria
Sylvia Zanella Di Pietro, com referência aos ensinamentos de Gordillo e da
Professora Weida Zancaner, exatamente na linha do quanto aqui debatido:
“Segundo Gordillo (1977:183-184), ‘a decisão
discricionária do funcionário será ilegítima, apesar de
não transgredir nenhuma norma concreta e expressa, se
é ‘irrazoável’, o que pode ocorrer, principalmente,
quando:
a) não dê fundamentos de fato ou direito que a
sustentam ou;
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b) não leve em conta fatos constantes do
expediente ou públicos e notórios; ou
c) não guarde uma proporção adequada entre os
meios que emprega e o fim que a lei deseja alcançar,
ou seja, que se trate de uma medida desproporcionada,
excessiva em relação ao que se deseja alcançar”
(Di Pietro, Maria Sylvia Zanella. Direito
Administrativo. 7 ed. São Paulo: Atlas,1996. Pág.72).
Grifos nossos.
“Em suma: um ato não é razoável quando não
existirem os fatos em que se embasou; quando os fatos,
embora existentes, não guardam relação lógica com a
medida tomada; quando mesmo existente alguma
relação lógica, não há adequada proporção entre uns e
outros; quando se assentou em argumentos ou em
premissas, explícitas ou implícitas que não autorizam
do ponto de vista lógico, a conclusão deles extraída.
(...)
Em face do exposto, pode-se concluir que o princípio
da razoabilidade determina a coerência do sistema e
que a falta de coerência, de racionalidade, de qualquer
lei, ato administrativo ou decisão jurisdicional gera
vício de legalidade, pois o Direito é feito por seres e
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para seres racionais, para ser aplicado em um
determinado espaço e em uma determinada época.
Através da análise da razoabilidade também se verifica
se os vetores que informam um determinado sistema
jurídico foram ou não obedecidos. A desobediência a
esses vetores macula de ilegalidade o ato expedido quer
em sede administrativa, legislativa ou jurisdicional.
Portanto, a razoabilidade não se restringe apenas a
mera análise para conferir se um ato, uma lei ou uma
sentença foram editados, ou não, de forma coerente com
as normas que os presidiram. O princípio da
razoabilidade compreende, além da análise da
coerência dos atos jurídicos, a verificação de se esses
atos foram ou não editados com reverência a todos os
princípios e normas componentes do sistema jurídico a
que pertencem, isto é, se esses atos obedecem ao
esquema de prioridade adotado pelo próprio sistema.
(...)
O princípio da razoabilidade propicia, portanto, a
fiscalização da obediência a todos os demais princípios
e regras albergadas pelo sistema. Assim, quando o
aplicador da norma elege prioridades sem atentar para
os vetores indicativos do sistema, está incorrendo em
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comportamento ilícito por desobediência ao princípio
da razoabilidade.
O princípio da razoabilidade transcende sua utilização
e compreensão como ‘critério de aplicação’ das normas
jurídicas para a concreção do direito posto. Ele é mais
do que mero critério para a verificação da correta
aplicação das normas encartadas em um direito
positivado. Ele deve ser alçado a ‘critério de
intelecção’ de todo e qualquer sistema jurídico que
pretende se perenizar. Não a perenização estática, mas
aquela que implica em movimento, atualização e em
aperfeiçoamento das instituições democráticas,
acompanhando o incessante ritmo da vida, ‘pois o
direito é feito para vida e não a vida para o direito’.
Como critério de intelecção, o princípio da
razoabilidade dá substância à lógica do sistema,
coerência ao mesmo, isto é, torna uma massa imensa
de normas jurídicas um todo coerente, com prioridades
e finalidades definidas e passíveis de serem
compreendidas e ordenadas.
Assim, o princípio da razoabilidade deve ser usado em
dois momentos distintos: na estática do direito, para a
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compreensão do sistema jurídico a ser objeto de
análise, hipótese na qual se constitui em um critério de
intelecção do direito e da dinâmica do direito, isto é
quando de sua aplicação para assegurar que o perfil
constitucional do Estado Social e Democrático do
Direito esteja devidamente concretizado”.
(Razoabilidade e Moralidade: Princípios
Concretizadores do Perfil Constitucional do Estado
Social e Democrático de Direito. Professora Weida
Zancaner. Revista Diálogo Jurídico. Ano I, nº 09,
Dezembro 2001, Salvador, BA, páginas 04 a 07)
17. Atente-se ainda para o fato de que os
fornecedores de insumos para a certificação digital (cartões inteligentes,
leitoras de cartões inteligentes ou token) afirmaram que não há
disponibilidade de insumos para fornecimento de certificado digital para
esse elevadíssimo contingente de advogados (87 mil).
17.1. Além da escassez de insumos, a capacidade
de atendimento de toda essa população se torna outro gargalo, sem
mencionar a falta de capacitação dos advogados para uso dos demais
equipamentos necessários ao processo eletrônico, bem como para a
utilização do sistema desenvolvido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
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18. Vale ressaltar ainda as milhares de
manifestações de advogados e advogadas paulistas, solicitando a
intervenção dos Requerentes, perante o Tribunal de Justiça para sensibilizar
a cúpula do Tribunal de que é necessário maior prazo para as adaptações
necessárias, sob o risco de prejuízo iminente não só aos advogados, mas
principalmente aos jurisdicionados.
19. É possível imaginar a quantidade de processos
futuros que poderão se tornar nulos ou anuláveis pela violação dos
princípios constitucionais acima citados.
20. Já existem diversas situações que são
verdadeiras armadilhas aos advogados e juridicionados, acarretando
prejuízos incomensuráveis, consoante disposto no recente julgado do
próprio TJSP, que demonstra os riscos dessa fase de transição do processo
físico para o eletrônico:
“RECURSO. PRAZO, APELAÇÃO. PROCESSO
DIGITAL. RESOLUÇÃO 551/2011, ALTERADA
PELA RESOLUÇÃO 559/2011. INTERPOSIÇÃO
POR PAPEL. INTERPOSIÇÃO POR MEIO
ELETRÔNICO DEPOIS DO PRAZO
IMPOSSIBILIDADE. INTEMPESTIVIDADE
CARACTERIZADA. Não pode ser admitida
petição em papel em processo eletrônico.
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Protocolo integrado que é admitido somente para
feitos não eletrônicos. Operadores do direito que
tiveram tempo suficiente para se acostumar com
procedimento. Preclusão temporal. Apelação
intempestiva. Recurso não provido”. (TJSP
0069243-17.2012.8.26.0000, Relator: Melo
Colombi, Data de Julgamento: 08/08/2012, 14ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
16/08/2012).
No mesmo diapasão ainda verificamos:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO - SEGURO
OBRIGATÓRIO DPVAT - AÇÃO DE
COBRANÇA - Ação julgada procedente -
Processo eletrônico - Admissibilidade da
interposição de recursos produzidos apenas de
forma eletrônica e enviados pelo sistema de
processamento do Tribunal de Justiça Exegese do
disposto nos arts. 7º, 8º, inc. II, 12, § 1º e 21, da
Resolução 551/2011 do Órgão Especial do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo –
Interposição eletrônica do recurso fora do prazo
legal – Intempestividade - Reconhecimento -
Interposição documental tempestiva do recurso de
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apelação – Prova – Inexistência – Pretensão à
aplicação do princípio da instrumentalidade –
Inviabilidade - Decisão mantida - Recurso
improvido”. (TJSP 00117698-13.2012.8.26.0000,
Relator: Luis Fernando Nishi, Data do
julgamento: 23.08.12, 32ª Câmara de Direito
Privado).
21. Ante todo o exposto, requer-se ao Conselho
Nacional de Justiça seja deferida medida acauteladora, nos termos do artigo
99 do Regimento Interno deste E. Conselho, determinando a imediata
suspensão do cronograma de implantação do processo eletrônico no Fórum
João Mendes Junior, submetendo-se posteriormente a matéria ao Plenário
do Conselho Nacional de Justiça, para que este assegure aos profissionais
da advocacia e jurisdicionados seus direitos Constitucionais ora ressaltados.
22. Por derradeiro, requer a este E. Conselho que
determine o prazo mínimo de 180 (cento e oitenta) dias para a implantação
definitiva do processo eletrônico no Estado de São Paulo, para que seja
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possível capacitar, orientar e equipar os profissionais da advocacia nesse
período.
Termos em que,
Pede deferimento.
De São Paulo para Brasília, 26 de novembro de 2012.
Luiz Flávio Borges D’Urso
Ordem dos Advogados do Brasil - SP
Arystóbulo de Oliveira Freitas
Associação dos Advogados de São Paulo - AASP
Ivette Senise Ferreira
Instituto dos Advogados de São Paulo - IASP