organizaÇÃo da informaÇÃo em repositÓrios … · lógica estrutural do texto, ... ranking...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CINCIAS DA EDUCAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA DA INFORMAO
GRAZIELA MARTINS DE MEDEIROS
ORGANIZAO DA INFORMAO EM REPOSITRIOS DIGITAIS: IMPLICAES DO AUTO-ARQUIVAMENTO NA
REPRESENTAO DA INFORMAO
Florianpolis 2010
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GRAZIELA MARTINS DE MEDEIROS
ORGANIZAO DA INFORMAO EM REPOSITRIOS DIGITAIS: IMPLICAES DO AUTO-ARQUIVAMENTO NA REPRESENTAO DA
INFORMAO
Dissertao apresentada Banca Examinadora do Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao do Centro de Cincias da Educao da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Cincia da Informao, rea de concentrao Gesto da Informao, linha de pesquisa Fluxos de Informao.
Orientadora: Dra. Lgia Maria Arruda Caf.
Florianpolis
2010
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M488o Medeiros, Graziela Martins de, 1985 - Organizao da informao em repositrios digitais :
implicaes do auto-arquivamento na representao da informao / Graziela Martins de Medeiros. 2010. 273 f.
Orientadora: Lgia Maria Arruda Caf.
Dissertao (Mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao, 2010.
1. Organizao da informao. 2. Peridico cientfico. 3. Indexao. 4. Resumo. I. Caf, Lgia Maria Arruda. II. Ttulo.
CDD (22. ed.) 025.4
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GRAZIELA MARTINS DE MEDEIROS
ORGANIZAO DA INFORMAO EM REPOSITRIOS DIGITAIS: IMPLICAES DO AUTO-ARQUIVAMENTO NA REPRESENTAO DA
INFORMAO
Dissertao de mestrado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao do Centro de Cincias da Educao da Universidade Federal de Santa Catarina em cumprimento a requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Cincia da Informao.
APROVADA PELA COMISSO EXAMINADORA
FLORIANPOLIS, 15 DE OUTUBRO DE 2010
Profa. Lgia Maria Arruda Caf, Dra.
Coordenadora do Curso
Profa. Dra. Nair Yumiko Kobashi PPGCI/USP (Examinadora)
Profa. Dra. Miriam Vieira da Cunha PPGCIN/UFSC (Examinadora)
Profa. Dra. Lgia Maria Arruda Caf PPGCIN/UFSC (Orientadora)
Prof. Dr. Angel Freddy Godoy Vieira PPGCIN/UFSC (Suplente)
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AGRADECIMENTOS Agradeo a todos que contriburam direta ou indiretamente na realizao dessa dissertao de
mestrado, em especial:
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pelo ensino gratuito e de qualidade.
Fundao de Apoio Pesquisa Cientfica e Tecnolgica do Estado de Santa Catarina
(FAPESC), pelo financiamento da pesquisa.
orientadora, profa. Dra. Lgia Maria Arruda Caf, pela dedicao e orientao.
A todos os professores do Departamento de Cincia da Informao da UFSC.
Aos familiares e amigos.
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RESUMO MEDEIROS, G. M. Organizao da informao em repositrios digitais: implicaes do auto-arquivamento na representao da informao. Dissertao (Mestrado em Cincia da Informao) Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2010. Esta dissertao trata da organizao da informao em repositrios digitais. O trabalho prope a discusso e avaliao da representao da informao utilizada em peridicos cientficos brasileiros disponibilizados no Sistema Eletrnico de Editorao de Revistas (SEER), por meio da anlise do contedo preenchido nos metadados por autores de artigos cientficos atravs do processo de auto-arquivamento. O objetivo foi verificar as implicaes do auto-arquivamento na representao da informao. Com o auto-arquivamento, os autores, alm de produzirem seus artigos, o representam para serem publicados em peridicos ou repositrios digitais e recuperados pela comunidade de cientistas de uma rea. Essa representao deve contemplar a noo de sistema de informao e ser elaborada conforme a comunidade cientfica da rea a utiliza. As solues tecnolgicas adotadas reforam a agilidade na disponibilizao da informao, mas no resolvem todos os problemas inerentes representao e recuperao da informao. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa, exploratria e documental. Nesta realizou-se uma anlise de peridicos cientficos brasileiros da rea de Cincia da Informao publicados on-line que utilizam a plataforma SEER/OJS, apresentam Qualis B1, B2 e B3 na rea de Cincias Sociais Aplicadas e que possuem cinco anos de existncia on-line. A amostra de artigos composta por artigos publicados no perodo de 1998-2008 que fazem parte dos temas Organizao da Informao, Organizao do Conhecimento, Recuperao da Informao e possuem os metadados resumo e palavras-chave. A anlise de dados se baseia na anlise de contedo de Bardin (1994). A anlise do metadado assunto tem base na Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT) de Cabr (1993), considerando os aspectos de sinonmia e polissemia. A anlise do metadado resumo deu-se com base na metodologia de Kobashi (1994), considerando o aspecto da superestrutura textual. Os resultados da anlise do metadado assunto mostram que os diferentes casos de sinonmia e de polissemia identificados na representao da informao podem resultar em baixa revocao e baixa preciso na recuperao da informao. Os resultados da anlise do metadado resumo mostram que a superestrutura possibilita a no descaracterizao da unidade lgica estrutural do texto, facilitando a identificao dos elementos do resumo na sua elaborao, tornando a recuperao da informao mais eficaz. Conclui que necessria a adoo de alguma forma de padronizao na representao e na recuperao da informao. Palavras-chave: Organizao da informao. Peridico cientfico. Indexao. Resumo.
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ABSTRACT
MEDEIROS, G. M. Organizao da informao em repositrios digitais: implicaes do auto-arquivamento na representao da informao. Dissertao (Mestrado em Cincia a Informao) Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2010. This dissertation is about the organization of information in digital repositories. The study proposes to discuss and evaluate the representation of information used in Brazilian scientific journals available in Sistema Eletrnico de Editorao de Revistas (SEER) by analyzing the contents filled in the metadata by authors of scientific articles through the process of self-archiving. The objective was to verify implications of self-archiving in the representation of information. With self-archiving, apart from producing their articles, the authors represent them to be published in journals or digital repositories and retrieved by the community of scientists from a specific field. This representation should include the notion of information system and be elaborated according to the way scientific community use it. The technological solutions adopted strengthen agility in the delivery of information, but do not solve all the problems inherent in representation and information retrieval. The research is characterized as qualitative, exploratory and documentary. It was made an analysis of Brazilian scientific journals published on-line from the field of Information Science which use the platform SEER/OJS, present Qualis B1, B2 and B3 in the area of Applied Social Sciences and have five years of existence on-line. The sample of articles contains the ones published between 1998-2008 that are part of the themes Information Organization, Knowledge Organization, Information Retrieval and have the abstract metadata and keywords. The data analysis is based on content analysis of Bardin (1994). The analysis of the subject metadata is based on the Communicative Theory of Terminology (TCT) of Cabr (1993), considering the aspects of synonymy and polysemy. The analysis of abstract metadata is given based on the methodology of Kobashi (1994), considering the aspect of textual superstructure. Results of the Analysis show that the different cases of synonymy and polysemy identified in the information representation can result in low recall and low precision in information retrieval. The results analysis of abstract metadata show that the superstructure allows non-distortion of the unit structural logic of the text, facilitating the identification of the elements of the abstract in its elaboration, making information retrieval more effective. It was concluded that it is necessary to adopt some form of standardization of representation and information retrieval. Key-words: Information organization. Scientific jounal. Indexing. Abstract.
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RESUMEN
MEDEIROS, G. M. Organizao da informao em repositrios digitais: implicaes do auto-arquivamento na representao da informao. Dissertao (Mestrado em Cincia da Informao) Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2010. Esta disertacin trata sobre la organizacin de la informacin en repositorios digitales. El documento propone la discusin y evaluacin de la representacin de la informacin utilizada en Revistas cientficas brasileas disponibles en el Sistema Electrnico de Edicin de Revistas (SEER), mediante el anlisis de los contenidos completados en los metadatos por los autores de artculos cientficos, a travs de un proceso de archivamiento automtico. El objetivo era estudiar las consecuencias del archivamiento automtico en la representacin de la informacin. Con el archivamiento automtico, los autores, adems de producir sus artculos, los representan para ser publicados en revistas o repositorios digitales y recuperados por la comunidad cientfica en un rea determinada. Esa representacin debe contemplar el concepto de sistema de la informacin, y debe estar preparada de acuerdo a la comunidad cientfica correspondiente. Las soluciones tecnolgicas adoptadas refuerzan la agilidad en la entrega de la informacin, pero no resuelven todos los problemas inherentes a la representacin y recuperacin de la informacin. La bsqueda se caracteriza por ser cualitativa, exploratoria, y documental. En esta investigacin, se realiz un anlisis de revistas cientficas brasileas publicadas on-line en el campo de la Ciencia de la Informacin, que utilizan la plataforma SEER/OJS, que presentan Qualis B1, B2 y B3 en el rea de Ciencias Sociales Aplicadas y que tienen cinco aos de existencia on-line. La muestra de artculos contiene los artculos publicados entre 1998-2008, que son parte de los temas Organizacin de la Informacin, Organizacin del Conocimiento, Recuperacin de la Informacin, y que contienen metadatos resumen y palabras clave. El anlisis de datos se basa en el anlisis del contenido de Bardin (1994). El anlisis del metadato asunto se basa en la Teora Comunicativa de la Terminologa (TCT) de Cabr (1993), considerando los aspectos de la sinonimia y la polisemia. El anlisis del metadato resumen es otorgado en base a la metodologa de Kobashi (1994), teniendo en cuenta el aspecto de la superestructura textual. Los resultados del anlisis del metadato asunto muestran que los diferentes casos de sinonimia y polisemia identificados en la representacin de la informacin pueden resultar en baja revocacin y baja precisin en la recuperacin de la informacin. Los resultados del anlisis del metadato resumen indican que la superestructura no permite la des-caracterizacin de la unidad lgica estructural del texto, facilitando la identificacin de los elementos del resumen en su elaboracin, tornando la recuperacin de la informacin ms eficaz. En conclusin, es necesaria la adopcin de algn tipo de normalizacin en la representacin y recuperacin de la informacin. Palabras-claves: Organizacin de la informacin. Revista cientfica. indexacin. Resumen.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Modelos de comunicao cientfica ........................................................................25 Quadro 2: Princpios da indexao...........................................................................................50 Quadro 3: Fatores que influenciam a indexao ......................................................................51 Quadro 4: Aspectos que diferenciam o resumo da indexao..................................................58 Quadro 5: Instrues de normas de resumo..............................................................................59 Quadro 6: Texto tipo 1: cientfico ............................................................................................62 Quadro 7: Texto tipo 2: argumentativo ....................................................................................63 Quadro 8: Texto tipo 3: expositivo...........................................................................................63 Quadro 9: Equivalncias entre as categorias ............................................................................63 Quadro 10: Metodologia de resumos: texto tipo 1 ...................................................................65 Quadro 11: Metodologia de resumos: texto tipo 2 ...................................................................65 Quadro 12: Metodologia de resumos: texto tipo 3 ...................................................................66 Quadro 13: Peridicos selecionados para a pesquisa ...............................................................83 Quadro 14: Informaes sobre os peridicos selecionados......................................................86 Quadro 15: Representao da anlise da sinonmia para os temas OI, OC, RI......................100 Quadro 16: Representao da anlise da polissemia para os temas OI, OC e RI...................103 Quadro 17: Sinonmia entre termos no singular e plural........................................................111 Quadro 18: Sinonmia entre termos de diferentes idiomas.....................................................112 Quadro 19: Outros casos de sinonmia...................................................................................113 Quadro 20: Polissemia por generalidade................................................................................114 Quadro 21: Polissemia por multiplicidade de sentidos ..........................................................115 Quadro 22: Ranking texto tipo 1 cientfico .......................................................................116 Quadro 23: Ranking texto tipo 2 argumentativo .................................................................117 Quadro 24: Ranking texto tipo 3 expositivo........................................................................117 Quadro 25: Ranking texto cientfico conforme Kobashi (1994) ............................................118 Quadro 26: Ranking texto argumentativo conforme Kobashi (1994) ....................................118 Quadro 27: Ranking texto expositivo conforme Kobashi (1994) ..........................................119
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Nmero de artigos selecionados ...............................................................................92 Tabela 2: Nmero de artigos por edio...................................................................................92 Tabela 3: Idioma dos artigos ....................................................................................................93 Tabela 4: Nmero de termos da amostra de OI ........................................................................93 Tabela 5: Termos mais incidentes da amostra de OI................................................................94 Tabela 6: Nmero de termos da amostra de OC.......................................................................95 Tabela 7: Termos mais incidentes da amostra de OC ..............................................................95 Tabela 8: Nmero de termos da amostra de RI ........................................................................96 Tabela 9: Termos mais incidentes da amostra de RI ................................................................96 Tabela 10: Tipologia dos textos da anlise.............................................................................105 Tabela 11: Tipologia dos resumos da anlise.........................................................................105 Tabela 12: Extenso dos resumos da anlise..........................................................................106 Tabela 13: Anlise resumo de texto cientfico OI ...............................................................107 Tabela 14: Anlise resumo de texto cientfico OC..............................................................107 Tabela 15: Anlise resumo de texto cientfico RI ...............................................................108 Tabela 16: Anlise resumo de texto argumentativo OI .......................................................108 Tabela 17: Anlise resumo de texto argumentativo OC......................................................108 Tabela 18: Anlise resumo de texto argumentativo RI .......................................................109 Tabela 19: Anlise resumo de texto expositivo OI .............................................................109 Tabela 20: Anlise resumo de texto expositivo OC ............................................................110
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LISTA FIGURAS
Figura 1: Estrutura open archives para mltiplas comunidades...............................................32 Figura 2: OC/RC, OI/REP. INF. ..............................................................................................44 Figura 3: Operaes para elaborao de resumos ....................................................................64 Figura 4: Tringulo Semitico..................................................................................................68
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas AD Anlise documentria CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior DC Dublin Core DCMI Dublin Core Metadata Initiative IBICT Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia ISO International Organization for Standardization LD Linguagem Documentria
OA Open Archives OAI Open Archives Initiative OAI-PMH Open Archives Initiative Protocol of Metadata Harvesting OC Organizao do conhecimento OI Organizao da Informao OJS Open Journal Systems RC Representao do Conhecimento RI Recuperao da Informao SEER Sistema Eletrnico de Editorao de Revistas SI Sistema de Informao SRI Sistema de Recuperao da Informao TCT Teoria Comunicativa da Terminologia TGT Teoria Geral da Terminologia
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SUMRIO
1 INTRODUO................................................................................................................................ 13
1.1 PROBLEMA ................................................................................................................................... 18 1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................................................ 20 1.3 OBJETIVOS.................................................................................................................................... 21 1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................ 21 1.3.2 Objetivos Especficos.................................................................................................................. 21 1.4 ORGANIZAO DA DISSERTAO......................................................................................... 21
2 REFERENCIAL TERICO........................................................................................................... 24
2.1 COMUNICAO CIENTFICA.................................................................................................... 24 2.1.1 Open Archives ............................................................................................................................ 29 2.1.2 Open Archives Initiative............................................................................................................ 30 2.1.3 Auto-arquivamento .................................................................................................................... 32 2.1.4 Open Journal Systems ............................................................................................................... 34 2.2 ORGANIZAO DA INFORMAO ......................................................................................... 36 2.2.1 Ciclo da Informao................................................................................................................... 36 2.2.2 Origens e contexto digital .......................................................................................................... 40 2.2.3 Indexao .................................................................................................................................... 47 2.2.4 Resumos ...................................................................................................................................... 56 2.2.4.1 Metodologia de Elaborao de Resumos .................................................................................. 60 2.3 TERMINOLOGIA .......................................................................................................................... 67 2.3.1 Teoria Geral da Terminologia .................................................................................................. 70 2.3.2 Teoria Comunicativa da Terminologia .................................................................................... 71 2.4 RECUPERAO DA INFORMAO ......................................................................................... 73 2.4.1 Metadados................................................................................................................................... 76 2.4.2 Padro de Metadados Dublin Core .......................................................................................... 78
3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS .................................................................................. 81
3.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA .......................................................................................... 81 3.2 CORPUS DA PESQUISA............................................................................................................... 82 3.3 ANLISE DE DADOS ................................................................................................................... 88 3.3.1 Metadado assunto....................................................................................................................... 89 3.3.2 Metadado resumo....................................................................................................................... 90 3.4 LIMITAES DA PESQUISA ...................................................................................................... 91
4 RESULTADOS DA ANLISE ....................................................................................................... 92
4.1 ANLISE DO METADADO ASSUNTO ...................................................................................... 93 4.2 ANLISE DO METADADO RESUMO ...................................................................................... 104 4.3 DISCUSSO E IMPLICAES DO AUTO-ARQUIVAMENTO NA REPRESENTAO DA INFORMAO.................................................................................................................................. 110 4.3.1 Implicaes relativas ao metadado assunto ........................................................................... 110 4.3.2 Implicaes relativas ao metadado resumo............................................................................ 116
5 CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................................ 120
REFERNCIAS ................................................................................................................................ 123
APNDICE A - LISTA DE ARTIGOS DA ANLISE ................................................................. 138
APNDICE B ANLISE DO METADADO ASSUNTO........................................................... 150
APNDICE C ANLISE DO METADADO RESUMO ............................................................ 215
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1 INTRODUO
A emergncia das tcnicas de informao e comunicao provocou uma verdadeira
revoluo na histria da humanidade. A evoluo dos meios de transporte, das
telecomunicaes, tais como o telgrafo e o telefone, alm dos meios de comunicao de
massa como a televiso e o rdio, para citar alguns, diminuiu largamente as distncias entre os
seres humanos e facilitou a comunicao e a transmisso de informao.
A revoluo nas comunicaes tornou-se mais acentuada com o passar da sociedade
moderna para a ps-moderna. Na primeira, em sentido amplo, tinha-se o foco nas mquinas e
na produo industrial, alm da nfase na posse da informao e no em sua disseminao e
uso. J na sociedade ps-moderna, ps-industrial, tambm denominada de sociedade da
informao ou ainda era da informao, a informao tornou-se crucial para o
desenvolvimento de diferentes esferas, tais como a poltica, a econmica e a social. O foco
hoje a informao e sua disseminao, acesso e uso.
A emergncia tecnolgica uma das principais caractersticas dessa nova sociedade.
Dentre os instrumentos que contriburam para essa revoluo, destaca-se o computador, que
possibilitou a digitalizao da informao. Em conseqncia, cita-se a Internet, que
impulsionou ainda mais a troca de informaes e a diminuio de distncias por meio da
interconexo entre computadores permitindo a comunicao entre pessoas localizadas em
qualquer parte do globo.
A influncia tecnolgica tambm visvel no tratamento, organizao e
disseminao da informao, que tem sofrido alteraes significativas. Nesse sentido, para
descrever a repercusso das mudanas contemporneas no campo da Informao, faz-se
necessrio caracteriz-las. Em funo disso, algumas mutaes da sociedade sero descritas a
seguir.
A exploso tecnolgica e a mudana no papel da informao, apresentada como
fator de desenvolvimento poltico, econmico e social, so caractersticas da sociedade da
informao. O referido tema vem sendo enfatizado na literatura cientfica, inclusive na rea de
Cincia da Informao (CI), alm de ser pensado por governos de diferentes pases em todo o
mundo como estratgia para o desenvolvimento das naes.
Com base na obra de Mattelart (1999), em que relatada a Histria da Sociedade da
Informao, pode-se observar que a sociedade sempre esteve dividida em eras. A nfase
dada pelo autor na era da infomao, que deu origem denominada sociedade da
informao. De acordo com o autor, a idia de uma sociedade ser regida pela informao
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surge com a Matemtica e essencialmente com a Estatstica, j que orginalmente a informao
era tratada como algo mensurvel, na forma de nmeros.
Dessa maneira, a evoluo da histria da sociedade da informao e seu
desenvolvimento ocorre, de incio, paralela histria das disciplinas acima citadas. Em
funo disso, os clculos, ao longo dos anos, tiveram que se tornar cada vez mais avanados
para privilegiar, dentre outras coisas, as navegaes martimas e a construo de navios.
Em relao mensurao da informao, um dos principais marcos o surgimento
da Ciberntica, uma disciplina cientfica ligada lgica que tem como fundador Gottifried
Wilhelm Leibniz. Sua obra principal foi publicada por Norbert Wiener e marca a
manifestao do pensamento por meio de mquina. Leibniz um nome notrio no que
concerne matematizao da informao, j que pioneiro em estudos sobre a automatizao
do pensamento (MATTELART, 1999).
A cincia, ento, era pensada e conduzida em bases matemticas. Destaca-se, nesse
sentido, que por volta de 1660 surge o clculo das probabilidades com Pascal e Huighens.
Surgem, um sculo mais tarde, por volta de 1725, as sondagens aleatrias e a idia de
contagem populacional, principalmente na Inglaterra. A estatstica molda-se como cincia do
Estado, utilizada para organizar territrios e est relacionada com a racionalidade comercial.
Assim, observa-se com Mattelart (1999), que a forma de se pensar e organizar territrios era
sempre direcionada para ser medida. Isso ocorria tanto com territrios, quanto em relao s
estratgias militares para as novas construes ou criaes.
Outro aspecto a se observar o surgimento do termo rede. Foi Vauban que
comeou a pensar em um sistema de ramificaes, no mbito do desenvolvimento militar.
Em conseqncia, o termo rede comeou a ser utilizado entre os militares a partir do sculo
XVIII. Entende-se que esse termo e seu significado esto associados unio dos povos que
esto distantes por meio da comunicao, considerando a existncia de uma exigncia coletiva
como pressuposto (MATTELART, 1999; MATTELART, A., MATTELART, M., 2003).
Sob a tica dessa exigncia coletiva, uma das invenes a serem destacadas o
telgrafo, que servia para comunicao a grandes distncias. Alm desse instrumento, surgem,
de forma gradativa, novos meios de comunicao, tais como o telgrafo tico e a
radioteleviso. Comea-se ento a pensar em redes de comunicao. Em decorrncia disso,
a idia de descentralizao do poder passa a tomar fora, inicialmente pensada em relao
democracia e posteriormete s prprias redes (MATTELART, 1999).
Assim, ao longo da histria, diminuem as distncias geogrficas e surgem as noes
de espao fsico e espao prtico. Esse ltimo uma espcie de espao relativo, pois se
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compararmos a distncia entre uma cidade e outra, no ser a mesma hoje em funo do
desenvolvimento da evoluo dos transportes. Conforme afirma Lvy (2003, p. 188) cada
dispositivo de transporte e de comunicao modifica o espao prtico, isto , as proximidades
efetivas.
A globalizao, que na esfera econmica tem suas origens no processo de
industrializao, pode ser considerada um conceito essencial para que entendamos as
mutaes histricas na sociedade (SANTOS, 2004). Com Saint-Simon, segundo Mattelart
(1999), comea-se a tratar a sociedade como uma grande indstria e h mudanas nas formas
de administrao/gesto que comeam a ser mais voltadas para o pensamento e no mais
para as coisas. a mudana da sociedade feudal e teolgica para a industrial e cientfica,
que tem como pano de fundo a filosofia do positivismo.
Dessa maneira, a era global, sociedade global, ou ainda sociedade da informao,
como chama Mattelart (1999), surge na sociedade ps-moderna em decorrncia das
tecnologias e das mquinas inteligentes da Segunda Guerra Mundial. Uma das estratgias
centrais para se pensar em uma sociedade regida pela informao foi o uso da inteligncia no
sistema de armas, alm da criao de um reservatrio de idias, fundado pela fora area
americana. Nesse reservatrio, especialistas de diferentes reas do conhecimento, como das
cincias sociais, matemticos, engenheiros e economistas, partilhavam conhecimento.
Todas essas denominaes que possam ser dadas a essa sociedade remetem para um
mesmo fundamento: os recursos do conhecimento vo controlando, transformando e
substituindo, em ritmo crescente, todos os demais recursos, sejam materiais ou energticos.
Em sua recproca converso, matria e energia vo sendo progressiva e aceleradamente
substitudas pelos poderes do conhecimento (CARNEIRO LEO, 2003).
Takahashi (2000, p. 5) assevera que a sociedade da informao no um modismo.
Esta representa uma profunda mudana na organizao da sociedade e da economia, havendo
quem a considere um novo paradigma tcnico-econmico. Nesse sentido, na dcada de 70 do
sculo XX, esse novo paradigma tecnolgico, organizado com base na tecnologia da
informao, veio a surgir, principalmente nos Estados Unidos. Foi um segmento especfico da
sociedade norte-americana que, em interao com a economia global e a geopoltica mundial,
concretizou o novo estilo de produo, comunicao, gerenciamento e vida (CASTELLS,
1999).
Foi, ento, a partir dessa dcada que ocorreu um crescimento em papel e em
importncia dos produtos e servios de informao e dos mercados para a informao, e,
consequentemente, de modelos de usurios. A dcada de 80 foi propcia emergncia de
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novos temas e abordagens sociolgicas e antropolgicas; j na dcada de 90, intensifica-se a
relao entre informao e conhecimento. Um dos fatos mais importantes a criao do
Programa Sociedade da Informao no Brasil, no sculo XX (CASTELLS, 1999;
GONZLEZ DE GMEZ, 2003).
Miranda (2003) afirma que o cenrio em que a sociedade da informao opera
apresenta trs tendncias inter-relacionadas: integrao vertical; globalizao do mercado da
produo intelectual; e privatizao, caracterizada pela predominncia de interesses privados.
Os dois primeiros tpicos referem-se globalizao dos mercados, desde corporaes
internacionais at empresas locais, marcados por esse crescente carter internacional das
relaes mercantis. J o terceiro refere-se privatizao em detrimento do interesse pblico.
Em relao ao que se apresentou acima, Takahashi (2000, p. 3) enftico ao afirmar
que
a sociedade da informao um fenmeno global, com elevado potencial transformador das atividades sociais e econmicas, uma vez que a estrutura e a dinmica dessas atividades inevitavelmente sero, em alguma medida, afetadas pela infra-estrutura de informaes disponvel.
Miranda (2003) sintetiza que a idia de uma sociedade da informao ou do
conhecimento um conceito antigo e constantemente renovado no desenvolvimento da
humanidade. Essa corrida em busca do conhecimento e da informao ocorre desde o tempo
em que se buscava fazer a smula dos conhecimentos na coleo da Biblioteca de Alexandria,
passando pelos mentores do Renascimento e pela criao de universidades no fim da Idade
Mdia, continuando nos ideais democratizantes e racionalistas dos Enciclopedistas at a
chegada da Internet e da Web.
Com base nos autores supracitados, pode-se afirmar que o cerne do desenvolvimento
e concepo da sociedade da informao, alm da prpria informao, so as tecnologias, que
subsidiam o desenvolvimento intelectual humano e permitem uma grande revoluo nas
comunicaes. Sob essa tica, e em meio revoluo da tecnologia e ao surgimento de
diversas tcnicas, destacam-se o computador e a Internet.
A Internet surgiu como um importante recurso inovador e como um dos principais
mecanismos utilizados para possibilitar tal revoluo. Entretanto, o grande salto tecnolgico
deu-se a partir dos anos de 1990 com a utilizao da grande rede mundial, a World Wide Web
(CASTELLS, 1999).
Em virtude dessa revoluo, das novas tecnologias e, sobretudo, da Internet, reas
ligadas informao sofreram modificaes, dentre as quais se destaca a rea de Cincia da
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Informao. Com a digitalizao da informao e o surgimento de novas tecnologias, meios e
suportes para a informao, foi preciso desenvolver novas formas de trat-la, organiz-la e,
principalmente, dissemin-la.
Com esse advento, vrios recursos informacionais e de comunicao, bem como a
prpria comunicao cientfica e seus canais de disseminao sofreram modificaes. Oliveira
e Noronha (2005, p. 1) complementam que a comunicao cientfica, como parte inerente do
desenvolvimento da cincia, tambm foi afetada por essas transformaes, principalmente
atravs da Internet e de sua interface grfica, a Web.
Com a comunicao cientfica em meio eletrnico comea-se a utilizar os peridicos
cientficos eletrnicos ou on-line, como tambm citado na literatura. Alm disso, criou-se
um ambiente propcio para que se desenvolvessem as iniciativas de Arquivos Abertos (Open
archives) e o Movimento de Acesso Livre Informao Cientfica. Esse movimento contou
com vrios manifestos, dentre eles o Manifesto Brasileiro que representado pelo Instituto
Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia (IBICT) (TARGINO, 1999; BIOJONE,
2003; SARMENTO E SOUZA, VIDOTTI, FORESTI, 2004; FACHIN, HILLEISHEIM,
2006; KURAMOTO, 2006 a).
Em sntese, pode-se afirmar que a Open Archives Initiative (OAI) uma iniciativa
para se disponibilizar o contedo de publicaes cientficas na Web, de forma on-line e
gratuita. A grande preocupao, desde o incio, foi diminuir os custos das publicaes
impressas e manter a qualidade exigida pela comunidade cientfica. Um dos acordos dessa
iniciativa a utilizao do Open archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting, o
protocolo OAI-PMH (WEITZEL, 2005).
Dessa maneira, a edio e editorao dos peridicos cientficos tambm se
modificam. Com a utilizao da plataforma Open Journal System (OJS) no Brasil, que foi
adaptada e denominada Sistema Eletrnico de Editorao de Revistas (SEER), pelo IBICT,
todo o fluxo do processo editorial, desde o envio do artigo, passando pela avaliao pelos
pares (peer review) at o momento da publicao, ocorre de forma on-line e sistematizada.
Alm disso, no mbito dos open archives surge um novo conceito de publicao que
trouxe mudanas na organizao e na recuperao da informao. A mudana mais marcante
foi o auto-arquivamento, que permite a submisso de um artigo pelo autor com a
representao do documento por meio do preenchimento de metadados.
Esse procedimento exige conhecimento sobre o artigo e sobre mtodos e tcnicas de
organizao da informao, tendo em vista que a representao efetuada servir de base para a
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recuperao do artigo. Neste sentido, essa novidade trouxe benefcios como a rpida
divulgao do conhecimento cientfico. Por outro lado, trouxe alguns problemas.
Essa dissertao prope a discusso e a avaliao da organizao da informao
utilizada em peridicos cientficos brasileiros disponibilizados no SEER, por meio da anlise
do contedo preenchido nos metadados por autores de artigos cientficos atravs do processo
de auto-arquivamento. A pesquisa proposta de carter qualitativo por meio de amostra de
artigos da rea de Cincia da Informao. A seguir so apresentados o problema, a
justificativa e os objetivos para a realizao da pesquisa.
1.1 PROBLEMA
Nos arquivos abertos, com a utilizao do auto-arquivamento, os autores no apenas
produzem seus artigos, como sempre ocorreu no sistema de publicaes, mas o representam
para serem publicados em peridicos ou em repositrios digitais e posteriormente recuperados
por usurios desses sistemas, no caso o SEER1.
Ressalta-se que no se pode desconsiderar as vantagens advindas do auto-
arquivamento, que permite ampla divulgao do conhecimento cientfico de uma dada rea do
conhecimento, conferindo maior visibilidade para os trabalhos de autores e rpida
disseminao do conhecimento cientfico. Porm, apesar desse contexto mais amplo dos
arquivos abertos, dos benefcios inegveis da OAI e do acesso livre para a comunicao
cientfica, h alguns fatores a serem observados.
Por um lado, o auto-arquivamento traz vantagens para a informao cientfica e
tecnolgica, tendo em vista que permite maior rapidez na publicao e sua recuperao, alm
de ser mais econmico, j que o acesso livre. Por outro lado, a agilidade atribuda ao auto-
arquivamento pode no garantir necessariamente a qualidade da representao efetuada nos
campos de metadados pelos autores, no momento da submisso de seus artigos.
Neste sentido, a qualidade do contedo dos metadados pode repercutir na
recuperao da informao, j que a representao realizada pelos autores deve contemplar a
noo de sistema de informao (SI) e de fluxo da informao. Ou seja, um SI, no mbito da
CI, deve ser alimentado visando recuperao da informao por uma comunidade cientfica
1 O SEER caracterizado como um sistema de editorao de peridicos cientficos inserido no sistema de arquivos abertos, que resulta em um repositrio digital.
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de uma rea de estudos. Dessa maneira, a informao deve ser representada conforme a
comunidade da rea a utiliza, com a terminologia prpria dessa rea.
O fato que a representao realizada pelo autor em um artigo cientfico servir de
base fundamental para que autores de toda a comunidade cientfica de uma rea de estudo
recuperem esse documento, e no apenas o autor que o representou. Alm disso, assim como
as informaes no SI, o conhecimento cientfico, registrado em um artigo de peridico,
objetiva ser comunicado. Nesse sentido, a representao feita pelo autor servir para a
comunidade cientfica de uma rea de estudos recuperar a informao e isso favorece a
comunicao cientfica que inicia com a produo (artigo), passando pela disseminao,
recuperao e uso. Sendo assim, essa representao deve contemplar a noo de SI e ser
representada como a comunidade cientfica da rea a conhece ou utiliza, observando aspectos
da ambiguidade lingustica, caso existam.
Alm disso, no que tange representao de artigos pelo autor, as solues
tecnolgicas adotadas, dentre as quais se destaca a utilizao do padro de metadados Dublin
Core no OJS, e conseqentemente no SEER, reforam a agilidade na disponibilizao do
sistema de informao, mas no resolvem todos os problemas inerentes representao e
recuperao da informao. O contedo atribudo nesses metadados, a terminologia adotada
pelos autores e a semntica so fundamentais para o sucesso de um sistema de informao e
no dependem apenas da forma e da estrutura do sistema.
Assim, observa-se que o sistema de arquivos abertos representado por meio do SEER
possui a padronizao do formato dos metadados, porm, no h padronizao do seu
contedo, ou seja, padronizao semntica. Isso pode interferir num dos principais objetivos
da padronizao de metadados e da adoo de protocolos em sistemas digitais, que a
interoperabilidade semntica. Fundamentando-se em Caf (2006), afirma-se que a
interoperabilidade semntica alcanada pelo uso de instrumentos documentrios que
auxiliam na descrio do contedo e na demanda informacional dos usurios.
No auto-arquivamento, o autor preenche os metadados, um dos recursos mais
utlizados para a organizao de bibliotecas digitais, mas pode no conhecer as tcnicas
documentrias de tratamento da informao. Assim, partiu-se do pressuposto que o auto-
arquivamento em sistemas abertos de informao cientfica poder interferir negativamente na
qualidade da representao temtica e na recuperao da informao.
Com base nessa perspectiva que se levantam alguns questionamentos. A natureza
aberta do sistema e o auto-arquivamento comprometem a consistncia dos dados na
representao e na recuperao da informao? Os autores contemplam na descrio dos
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metadados a noo de sistema de informao? Quais as implicaes do auto-arquivamento em
peridicos cientficos disponibilizados no SEER para a organizao, representao e
recuperao da informao?
1.2 JUSTIFICATIVA
A importncia da pesquisa decorre, em mbito geral, das mudanas presenciadas na
sociedade atual, em virtude da expanso das tecnologias de informao, da Internet e das
mutaes ocorridas no sistema de comunicao cientfica. Neste sentido, uma das principais
justificativas para a realizao da investigao proposta nesta dissertao o fato de a
representao de artigos cientficos, efetuada por autores em metadados por meio do auto-
arquivamento, no caso o SEER, ocorrer de forma livre, despadronizada e sem considerar as
noes de fluxo da informao, de sistema de informao e de prticas documentrias.
importante ressaltar que o fluxo da informao cientfica se inicia com a gerao
do conhecimento (escrita do artigo cientfico) e se encerra com a disseminao e a utilizao
da informao cientfica, que servir de base para a criao de novos conhecimentos. Nesse
sentido, a recuperao de documentos teis para o desenvolvimento de novas pesquisas
essencial e depende, dentre outras coisas, da representao realizada pelos autores por meio
do auto-arquivamento.
Dessa maneira, a informao cientfica passvel de tratamento e organizao
adequados para que no interfira negativamente em sua recuperao, sob o ponto de vista da
organizao da informao. Complementa-se que a estrutura da informao em cincia e
tecnologia tambm essencial para a realizao de estudos bibliomtricos que permitem
analisar a produo cientfica em reas de estudo. Nesse sentido, a dissertao prope-se a
analisar a representao da informao em metadados DC, no cenrio especificado, alm de
contribuir para a reflexo da comunidade cientfica acerca de um novo aspecto no mbito dos
peridicos cientficos, o auto-arquivamento, ainda pouco enfatizado na literatura da rea.
Para tanto, a pesquisa ir expor a situao atual da representao dos peridicos
cientficos da rea de Cincia da Informao do SEER. Alm disso, a investigao mostrar
as implicaes do auto-arquivamento na representao da informao. Assim, a anlise
proposta e a sistematizao dos resultados permitiro compor recomendaes para a
representao e a recuperao da informao de peridicos cientficos do SEER, sob o ponto
de vista do auto-arquivamento, sobretudo para peridicos cientficos, tidos como um dos
principais canais de divulgao do conhecimento cientfico. Dessa maneira, baseando-se na
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rea de Cincia da Informao, possveis contribuies para a comunidade cientfica nacional
podero ser feitas no sentido de incentivar a reflexo sobre melhorias no sistema OJS, a
exemplo do SEER.
1.3 OBJETIVOS
Face ao problema apresentado e considerando a importncia dos metadados atribudos
por autores de artigos cientficos por meio do auto-arquivamento para a recuperao da
informao, delineou-se o objetivo geral e os objetivos especficos da pesquisa, descritos a
seguir.
1.3.1 Objetivo Geral
Verificar as implicaes do auto-arquivamento na organizao e representao da
informao em peridicos cientficos disponibilizados em Open Journal Systems por meio da
anlise do contedo dos metadados de artigos cientficos da rea de Cincia da Informao.
1.3.2 Objetivos Especficos
a) analisar o contedo das palavras-chave utilizadas no metadado assunto, em artigos
cientficos da rea de Cincia da Informao com base na Teoria Comunicativa da
Terminologia (TCT), observando os aspectos de sinonmia e polissemia;
b) verificar na literatura da rea as sinonmias e as polissemias identificadas na anlise dos
artigos;
c) analisar o contedo do metadado resumo, com base na metodologia proposta por
Kobashi (1994);
d) dissertar, com base na anlise realizada, acerca das implicaes do auto-arquivamento na
organizao e representao da informao em peridicos cientficos no SEER.
1.4 ORGANIZAO DA DISSERTAO
A descrio da organizao da dissertao tem como objetivo introduzir as sees e
subsees que sero apresentadas, destacando as principais questes abordadas e a relao
entre elas. De modo geral, a dissertao composta por referencial terico com quatro
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subsees, seguido dos procedimentos metodolgicos, resultados e discusso, condideraes
finais e apndices.
O captulo sobre o referencial terico traz em sua primeira seo (2.1) aspectos sobre
repositrios digitais, que se referem aos repositrios de perididicos cientficos. Sendo
assim, so abordadas noes sobre a comunicao cientfica e peridicos cientficos,
destacando suas caractersticas e a mudana do sistema tradicional para o atual sistema
(2.1.1). Essas mudanas foram protagonizadas pelo movimento acesso livre, os arquivos
abertos (OA) e a iniciativa de arquivos abertos (OAI), tratados nas subcesses 2.1.2, 2.1.3 e
2.1.4, respectivamente. O auto-arquivamento, um dos princpios essenciais dos OA, e os
softwares OJS e SEER so tratados nas sees 2.1.5 e 2.1.6.
A segunda seo do referencial aborda a organizao da informao (OI) (2.2),
apresentando sua definio, funes e objetivos. O texto mostra mudanas ocorridas com o
fluxo da informao (2.2.1) e relaciona a OI no formato tradicional com o digital, destacando
as principais modificaes (2.2.2). Em seguinda, a seo subdividida em duas subsees,
que dizem respeito aos principais processos da OI: Indexao (2.2.3) e Resumos (2.2.4). A
primeira trata da indexao com nfase no surgimento, definio e propriedades. J a segunda
apresenta a definio de resumos e sua funo nos sistemas de recuperao da informao,
alm das tcnicas e prticas para sua elaborao.
Na sequncia, trata-se da Terminologia (2.3), apresentando-se duas subsees:
Teoria Geral da Terminologia (TGT) (2.3.1) e Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT)
(2.3.2). As referidas subsees foram desenvolvidas para mostrar as diferenas entre as teorias
e justificar a escolha da TCT, alm de definir e mostrar as funes de cada uma.
A prxima seo abordada trata da Recuperao da Informao (2.4), tendo em vista
que um dos principais objetivos da organizao da informao a recuperao da mesma. So
apresentadas duas subsees que abordam questes sobre metadados (2.4.1) e padro de
metadados Dublin Core (2.4.2).
Aps o referencial terico, apresentam-se os procedimentos metodolgicos (3) que
foram utilizados para o desenvolvimento da pesquisa, descrevendo-se a caracterizao da
pesquisa (3.1), o corpus da pesquisa (3.2), a anlise de dados (3.3) e as limitaes da pesquisa
(3.4).
Com base nos procedimentos metodolgicos, analisou-se os dados do corpus da
pesquisa e elaborou-se os resultados, conforme a seo 4 entitulada Resultados da anlise.
Esta seo est estruturada em: anlise do metadado assunto (4.1) e anlise do metadado
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resumo (4.2). Aps a anlise dos metadados, o tpico 4.3 sintetiza os resultados encontrados e
disserta acerca das implicaes do auto-arquivamento na representao da informao.
Por fim, apresentam-se as consideraes finais da pesquisa (5), com as
recomendaes e sugestes para trabalhos futuros, seguidas das referncias e apndices.
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2 REFERENCIAL TERICO
Nesta seo, apresenta-se o referencial terico que subsidiar a realizao da
pesquisa. A seo est subdividida em quatro subsees, a saber: repositrios digitais,
organizao da informao, terminologia e recuperao da informao. Na primeira, disserta-
se sobre comunicao cientfica, peridicos cientficos, acesso livre e arquivos abertos. Na
segunda, trata-se da organizao da informaco com definio e funes e de seus processos
de indexao e resumos. Na terceira, aborda-se as definies de lngua, lingstica, lngua
natural, lngua de especialidade, terminologia e teorias terminolgicas. A ltima seo trata da
recuperao da informao, metadados e padro de metadados Dublin Core.
2.1 COMUNICAO CIENTFICA
Considerando-se que essa pesquisa trata da organizao da informao no mbito dos
peridicos cientficos, natural que se resgate a origem e evoluo destes peridicos, cujo
desenvolvimento, potencializado pelo avano tecnolgico, culminou na utilizao do auto-
arquivamento, aspecto aqui investigado. Mas para chegar ao estgio atual de
desenvolvimento, um longo caminho foi percorrido, que ser abreviado neste trabalho e
servir de embasamento terico para a argumentao proposta e, logo, para o entendimento
dos tpicos subsequentes. De incio, importante situar o peridico cientfico em seu
contexto mais amplo, caracterizando-o como integrante de um sistema, denominado
comunicao cientfica.
A comunicao cientfica remonta antiguidade. Esse processo teve incio com o uso
das correspondncias pessoais e posteriormente das atas ou memrias, consideradas os
primeiros meios utilizados para a divulgao dos experimentos cientficos. Esses meios eram
utilizados pelos participantes dos colgios invisveis os quais serviram de base para a criao
das sociedades e academias cientficas (STUMPF, 1996).
Para Weisman (1972, p. 23 apud WEITZEL 2006, p. 83) o sistema de informao
cientfica sempre existiu, at mesmo antes de Arquimedes. Logo, talvez seja correto afirmar
que a comunicao cientfica remonta ao perodo da antiguidade, quando os filsofos
estabeleciam amplos debates sobre suas idias na chamada Academia.
Ao dissertar acerca das origens da comunicao cientfica, Weitzel (2006, p. 89) destaca trs
perodos que influenciaram esse processo: gerao, disseminao e uso. Para representar o
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estudo dos modelos de comunicao cientfica por perodo, a autora props um quadro
reproduzido a seguir.
Processo Perodo Autores Gerao Sculo XVII/XX Bacon, Boyle, Oldemburg,
Merton Disseminao Sculo XX Bernal, Garvey Uso Sculo XX/XXI GInsparg, Harnard
Quadro 1: Modelos de comunicao cientfica Fonte: Weitzel (2006, p. 89)
Com base no quadro 1, observa-se que o processo de gerao ocorreu entre os
sculos XVII e XX, o da disseminao no sculo XX e do uso nos sculos XX e XXI. Por
meio de uma anlise mais aprofundada, percebe-se que esse modelo sofreu modificaes, j
que o momento atual de transio do modelo da disseminao para o uso, tendo em vista a
passagem do modelo de comunicao cientfica tradicional para o atual, caracterizado pelos
open archives e movimento de acesso livre informao cientfica, sendo, portanto, focados
no acesso e uso.
Desde os primrdios, o principal objetivo desse processo era a comunicao do
conhecimento, que hoje ocorre com a divulgao dos resultados de pesquisas. Acerca disso,
Meadows (1999, p. 7) afirma que a comunicao situa-se no prprio corao da cincia.
para ela to vital quanto a prpria pesquisa, pois a esta no cabe reivindicar com legitimidade
este nome enquanto no houver sido analisada e aceita pelos pares. Isto exige,
necessariamente que seja comunicada.
O cumprimento da principal caracterstica da comunicao cientfica, a disseminao
do conhecimento para uma comunidade cientfica, se d por meio de algum mecanismo de
disseminao. Assim, esse processo est diretamente integrado com a pesquisa cientfica.
Ningum pode afirmar quando se comeou a fazer pesquisa cientfica e, por conseguinte,
quando, pela primeira vez, houve comunicao cientfica. A resposta a essa pergunta depende
principalmente da definio do que seja pesquisa (MEADOWS, 1999, p. 3).
Em publicao recente, Ferreira (2008, p. 114), alinhada com os modelos de
comunicao cientfica apresentados por Weitzel (2006, p. 83), afirma que
a preocupao com a disseminao dos resultados de pesquisas tem um apelo fundamental tanto para a cincia como para o cientista. Para a cincia, garante maior visibilidade, possibilidade e uso de aplicaes, impacto e, consequentemente, o progresso da pesquisa e a melhoria social da humanidade, entre outras vantagens. Para os cientistas, significa, alm da visibilidade de sua produo e da consequente maximizao dos resultados,
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chance do aumento de subveno para os prximos trabalhos de pesquisa, reconhecimento entre os pares, ampliao de sua rede social e, decerto, satisfao e motivao pessoal.
Weitzel (2006) elenca alguns fatores que favorecem a expanso e a acumulao do
conhecimento e que certamente marcaram a histria da comunicao cientfica: a laicizao
do conhecimento com o fim do monoplio do saber controlado pela igreja catlica bem como
o domnio da tecnologia da imprensa e do papel; o desenvolvimento do mtodo cientfico e
das descobertas cientficas; o surgimento das sociedades cientficas, notadamente a Royal
Society (1662) e a Acadmie Royale des Sciences (1666), como instituies organizadoras do
saber; o surgimento da primeira revista cientfica, Philosophical Transactions (1665).
Conforme o exposto, a comunicao cientfica alimentada pela publicao, acesso e
uso do conhecimento cientfico e tem como principal veculo de comunicao os peridicos
cientficos, que desde seu surgimento, em 1665, foram precursores do modelo atual de
comunicao cientfica.
Nessa perspectiva, impossvel tratar da comunicao cientfica sem enfatizar o seu
principal veculo, o peridico cientfico. Embora o livro ainda se constitua em importante
elemento de algumas reas das cincias sociais e humanas, a revista cientfica tornou-se o
principal marco da constituio da estrutura da comunicao cientfica, pois surgiu da
necessidade de trocas de experincias cientficas dos tempos modernos (WEITZEL, 2006, p.
84).
fato, entretanto, que a evoluo da comunicao cientifica ocorre paralelamente
evoluo dos peridicos. A despeito disso acrescenta-se que [...] a consolidao da revista
cientfica ao longo desses ltimos quatro sculos foi acompanhada pela institucionalizao da
cincia, pela especializao dos saberes e pela autonomizao do campo cientfico
(WEITZEL, 2006, p. 84).
No entanto, para se tratar de comunicao cientfica e para que se compreenda o seu
estado atual, resgata-se o que abordado acerca disso. Desde seu surgimento, a comunicao
cientfica passa por transformaes, influenciadas pela sociedade a qual est inserida e pela
evoluo tecnolgica. A respeito disso, Mueller (2006) destaca que a comunidade cientfica,
por ser um dos grupos sociais que compem a sociedade contempornea, est sujeita s foras
presentes nessa sociedade, sendo subordinada aos interesses das instituies de pesquisa,
incluindo universidades, que detm o prestgio e disponibilizam financiamento de acordo com
interesses nacionais, polticos e econmicos, indo ao encontro, inclusive, de interesses
pessoais dos prprios pesquisadores.
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Neste sentido, o sistema tradicional de comunicao cientfica, entendido como
aquele existente antes da insero do meio eletrnico nesse processo, possui hierarquias entre
os autores, os veculos (peridicos, livros, anais de congressos, etc.), os peridicos que tm os
ttulos mais prestigiosos (os peridicos que esto no topo tem como avaliadores e editores os
pesquisadores que mais se destacam em cada rea) e entre as editoras (graus de prestgio
diferentes) (MUELLER, 2006).
Neste sentido, o Estado faz parte do processo de comunicao cientfica, desde a
formao do cientista iniciante, sua formao em nveis mais altos, passando pela divulgao
do trabalho em publicaes e congressos at a insero do trabalho em bibliotecas, ou seja, a
aquisio feita por estas instituies recai novamente ao Estado. Alm disso, ao abordar o
papel das editoras, Mueller (2006) destaca que essas instituies continuam buscando lucro
com os sistemas de publicao. Para as editoras vale o retorno financeiro, para os autores o
que importa so recuperao e reconhecimento.
Dessa maneira, o sistema tradicional de publicaes cientficas apresenta algumas
questes a serem observadas. Kuramoto (2006a) afirma que os pesquisadores tendem a
publicar em revistas indexadas nos ndices de citao, a exemplo do Science Citation Index
(SCI). Os autores que publicam nessas revistas passam a ter mais reconhecimento pelas
instituies de ensino e pesquisa. As agncias de fomento, por sua vez, valorizam mais os
autores que publicam nessas revistas, tendo em vista que a pontuao que apresentam mais
elevada. Por outro lado, os editores, ao perceberem a valorizao, promovem alta nos preos
das assinaturas. Assim, as bibliotecas de todo o mundo e os prprios pesquisadores encontram
dificuldades na manuteno de sua coleo de peridicos e tm menos acesso a esse insumo
para o desenvolvimento de suas pesquisas.
Na situao apresentada, referente ao contexto tradicional da comunicao cientfica,
o fator predominante so os altos custos das assinaturas dos peridicos cientficos, fato que
levou crise dos peridicos verificada na dcada de 90. Para explicar essa situao, Kuramoto
(2006a), citando King e Tenopir (1998), confirma serem os altos custos que promovem lucros
menores aos editores e custos maiores aos autores, indivduos, bibliotecas e usurios.
Salientando-se que o dinheiro do Estado pblico e, portanto, pago pela populao,
esses fatores, e principalmente os altos custos, geram uma situao paradoxal, pois o Estado
paga para utilizar aquilo que ele mesmo pagou para ser produzido, por meio do financiamento
da pesquisa. Para piorar a situao, o autor, muitas vezes, paga para ver seus trabalhos
publicados.
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Percebe-se, com base no exposto, que os maiores beneficirios, no modelo
tradicional, so os editores de revistas cientficas, suportadas pelos pesquisadores e pelo
Estado, que mantm as assinaturas dessas revistas e exige que seus pesquisadores tenham a
notoriedade por publicar em trabalhos nelas.
Caf e Lage (2002) comparam a comunicao impressa com a eletrnica (tradicional
versus on-line). As autoras confirmam as dificuldades encontradas ainda hoje no sistema de
publicaes, devido a fatores econmicos ou problemas de distribuio. Prevalecem os
interesses das editoras comerciais e os custos elevados so barreiras para pesquisadores,
bibliotecas, instituies de ensino e pesquisa.
Em funo das dificuldades apresentadas na comunicao cientfica e considerando
que o acesso e disseminao do conhecimento cientfico fundamental para o
desenvolvimento da cincia, esses fatores tiveram infuncia nas mudanas do sistema
tradicional de comunicao cientfica.
A crise dos peridicos teve grande influncia nas transformaes desse sistema. Para
Mueller (2006), a crise ocorreu em meados da dcada de 80, mas j se anunciava desde a
dcada de 70. O gatilho da crise foi o fato de as bibliotecas universitrias nos Estados Unidos
no conseguirem manter as assinaturas com as editoras e responder demanda dos usurios,
fazendo com que esta crise afetasse as universidades norte-americanas. Com isto, buscaram-se
novas alternativas que ganharam espao nas disciplinas acadmicas na dcada de 80 e incio
da dcada de 90.
A partir da dcada de 90, surgem as publicaes eletrnicas e a esperana de uma
mudana radical no sistema tradicional. Alm disso, a publicao local passa a ter mais
visibilidade e penetrao internacional. Duas iniciativas devem ser destacadas neste contexto:
a Iniciativa dos Arquivos Abertos, que concretizou essas possibilidades que hoje esto
inseridas em contextos de debates mais amplos levantando bandeiras para acesso pblico e
gratuito, e o Movimento de Acesso livre, em que instituies como a American Researsh
Libraries (ARL), Open Society e Max Planck Society lideram a militncia do acesso pblico e
gratuito (MUELLER, 2006; WEITZEL, 2006).
Conforme complementa Ferreira (2008), diante do panorama do modelo tradicional
de revistas cientficas, que impunha limites ao acesso e divulgao do conhecimento,
cientistas do mundo inteiro se preocuparam em incrementar a visibilidade e a acessibilidade
da produo cientfica e maximizar o progresso em C&T.
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2.1.1 Open Archives
diante das questes apresentadas na seo anterior, acerca do modelo tradicional de
informao cientfica, que surgem algumas aes [...] com o intuito de incentivar o acesso e
a divulgao dos trabalhos produzidos. A comunidade cientfica vem tentando retomar o
controle de suas publicaes, criando mecanismos para possibilitar o acesso livre e gratuito
(CAF, LAGE, 2002, p. 4).
O movimento de acesso livre informao cientfica baseia-se no princpio de que
todos os resultados de pesquisa financiados com dinheiro pblico devem ser de livre acesso.
Kuaramoto (2006a, p. 93) salienta que esse movimento vem ganhando adeptos em todo o
mundo, por meio de declaraes e manifestos como o de Bethesda, de Budapeste, de Berlim e
o manifesto brasileiro, lanado pelo Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e
Tecnologia (IBICT).
Com o manifesto brasileiro, o IBICT inicia o desenho de uma poltica nacional de
acesso livre informao cientfica. Essa poltica cria um conjunto de ferramentas para
promover o registro e a disseminao da produo cientfica brasileira. O objetivo foi
implantar a referida poltica por meio da promoo e da construo de repositrios
institucionais e temticos e de repositrios para publicaes peridicas eletrnicas
(KURAMOTO, 2006a).
A publicao em acesso livre obedece a duas condies: a) autores e detentores de
direitos autorais concedem aos usurios o acesso livre; b) uma verso integral do trabalho
deve ser disponibilizada aps a publicao em repositrios (KURAMOTO, 2006a).
O movimento de acesso livre se d por meio do modelo de arquivos abertos, do
ingls Open archives (OA). O modelo adotado prev padres com vistas a proporcionar a
interoperabilidade entre repositrios digitais (KURAMOTO, 2006a). Assim, o movimento de
acesso livre ganha consistncia diante do desenvolvimento dos OA.
O modelo de OA originou-se das experincias do Laboratrio Nacional de Los
Alamos nos EUA, o qual, na dcada de 90, desenvolveu e implantou um repositrio digital
chamado arXiv. Esse repositrio foi criado em funo do grande aumento de custos editoriais
e porque os resultados nem sempre eram publicados no tempo devido, atrasando as
publicaes (KURAMOTO, 2006a).
Para Triska e Caf (2001, p. 92), a iniciativa do IBICT para a implantao dos
arquivos abertos contou com as seguintes motivaes: ampliar a visibilidade nacional e
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internacional da produo intelectual brasileira em C&T; melhorar o fluxo de comunicao
cientfica e tecnolgica; e incrementar o ciclo de gerao de novos conhecimentos.
2.1.2 Open Archives Initiative
A iniciativa de arquivos abertos, ou Open Archives Initiative (OAI), teve incio
quando Paul Ginspard, Rick Luce e Herbert Van de Sompel fizeram uma chamada para
participao em uma reunio para explorar a cooperao entre arquivos de e-prints. Essa
iniciativa props aspectos tcnicos e organizacionais de uma estrutura para publicao
cientfica, na qual as camadas livres e comerciais podem ser estabelecidas. Isso foi possvel
devido aos ideais e conceitos estabelecidos pela OAI e sintetizados como uso do software
livre, tambm chamado open source, auto-arquivamento, criao de repositrios de livre
acesso, tanto institucionais quanto temticos, e uso de padres de preservao de objetos
digitais (KURAMOTO, 2005, p. 148).
Weitzel (2006) busca diferenciar OAI e Movimento de Acesso Livre. Nesse sentido,
ela explica que a OAI uma iniciativa que surgiu com a conveno de Santa F, em 1999. O
Movimento de Acesso Livre, por sua vez, surgiu com a conveno de Budapest, em 2001.
Para a autora, possvel que a OAI tenha contribudo para a organizao do Movimento de
Acesso Livre. Mas, apesar de serem dois movimentos distintos, ambos desejam o acesso livre,
e por isso esto inseridos no modelo OA de comunicao cientfica.
As origens da OAI residem no crescente interesse em propor alternativas para o
paradigma da tradicional publicao cientfica. Inmeros fatores motivaram essa mudana,
dentre eles o aumento do nmero de disciplinas acadmicas, principalmente aquelas
conhecidas como cincias duras (ex.: Fsica, Cincias da Computao, Cincia da Vida),
que tem produzido resultados em um ritmo cada vez mais rpido (LAGOZE, VAN DE
SOMPEL, 2001).
A meta da OAI contribuir de forma concentrada para a transformao da
comunicao cientfica. Alm disso, ela buscou definir os aspetos tcnicos e de suporte
organizacional de uma estrutura de publicaes cientficas aberta, de modo que a camada
comercial e a livre pudessem se estabelecer (KURAMOTO, 2006a).
O nome Open Archives Initiative reflete a origem da OAI na comunidade de e-prints,
na qual o termo Archive geralmente aceito como sinnimo de repositrio ou artigos
cientficos. A OAI usa esse termo em um sentido mais amplo, como um repositrio para
armazenar informao. J o termo Open utilizado na perspectiva da arquitetura, no sentido
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de definir e promover interfaces de mquina para promover a disponibilidade de contedos
(LAGOZE, VAN DE SOMPEL, 2001).
Em outubro de 1999, um encontro foi realizado em Santa F com o intuito de discutir
os mecanismos a serem utilizados para incentivar o desenvolvimento de solues para os
repositrios de e-prints. O to conhecido repositrio de Fsica executado por Paul Ginsparg,
no Laboratrio Nacional de Los Alamos, tem mudado radicalmente o paradigma da
publicao nessa respectiva rea. Esforos similares foram planejados, ou j esto em curso,
com a promessa de estender essas mudanas para outros domnios (LAGOZE, VAN DE
SOMPEL, 2001).
As especificaes tcnicas e os princpios administrativos necessrios para a
interoperabilidade entre repositrios definidos pela conveno foram os seguintes: mecanismo
de submisso, sistema de armazenamento a longo prazo, poltica de gesto e interface aberta.
Essa ltima configura-se como elemento essencial para fornecer servios com valor agregado
(KURAMOTO, 2006a).
Alm disso, a OAI estabeleceu o Open Archives Initiative Protocol for Metadata
Harvesting (OAI-PMH), um protocolo de comunicao que possibilita a coleta de metadado a
partir de determinados provedores de dados. O provedor de servios deve utilizar o programa
Harvester (mecanismo de colheita), que dialoga com a programao desse provedor que ir
expor metadados para colheita (KURAMOTO, 2006a).
Esse protocolo, junto com um padro de metadados, gera alto nvel de
interoperabilidade entre os repositrios. Os metadados tambm so apresentados em um
padro. Normalmente utilizado o Dublin Core (DC). Porm, a OAI permite adotar outros
padres de metadados (KURAMOTO, 2006a).
Para Ferreira (2008, p. 114), os movimentos de OA e OAI
[...] perpetuam os trs princpios clssicos referendados pela comunidade cientfica: a) o princpio da disseminao, referente visibilidade dos resultados de modo que possam ser colocados em uso pela comunidade cientfica; b) o princpio da fidedignidade, alusivo reviso pelos pares com o intuito de conferir validade e qualidade ao contedo; c) princpio da acessibilidade, concernente organizao, permanncia e acesso ao contedo cientfico pela comunidade cientfica.
O foco original nos e-prints foi ampliado para abranger provedores de contedos em
muitos domnios (com nfase sobre o que poderia ser classificado como publicao
acadmica). Uma refinada e extensiva estrutura tcnica tem sido desenvolvida e uma estrutura
organizacional para apoiar a iniciativa OAI tem sido estabelecida (LAGOZE, VAN DE
SOMPEL, 2001).
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Conforme afirmado pelos autores, a OAI teve incio com os repositrios de e-prints,
mas se expandiu para outras comunidades. De acordo com Lagoze e Van de Sompel (2001),
logo depois da disseminao da Conveno de Santa F, em fevereiro de 2000, tornou-se
claro que havia interesse em estender a OAI para outras comunidades, que estavam intrigadas
com a barreira da baixa interoperabilidade e visualizaram a coleta de metadados como um
meio para esse fim. A figura 1 representa essa expanso.
Figura 1: Estrutura open archives para mltiplas comunidades Fonte: Lagoze, Van de Sompel (2001)
Como se pode observar na figura 1, os autores desenvolveram uma espcie de
guarda-chuva como uma metfora para mostrar a expanso dos e-prints para outras
comunidades. Ou seja, a idia inicial era criar repositrios de e-prints e iniciou-se com o
primeiro repositrio, o de Fsica (Arxiv, de Paul Ginsparg). No entanto, surgiu a necessidade
de ampliar a iniciativa para outras comunidades, como a dos bibliotecrios de referncia e das
editoras. Essa expanso inter-comunidades impulsionou a ampliao tambm para outros
tipos de canais de comunicao, como os peridicos cientficos, que so caracterizados como
publicao primria e tambm aderiram ao movimento.
Nessa perspectiva, essa expanso atingiu tambm um dos princpios fundamentais da
OA, o auto-arquivamento, que teve incio com os e-prints e se expandiu para os peridicos
cientficos.
2.1.3 Auto-arquivamento
A filosofia da comunidade OAI envolve vrios princpios e conceitos, dentre os quais
o auto-arquivamento um dos principais. Como definio, conforme o site Eprints.org
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(2008), o auto-arquivamento, do Ingls Self-archive, o depsito de um documento digital em
um website de acesso pblico, preferencialmente um repositrio de e-print que esteja em
conformidade com o modelo OAI. O depsito envolve uma simples interface Web em que o
depositrio reproduz pastas nos metadados contendo informaes como data, nome do
autor, ttulo, nome do peridico, etc., e, em seguida, a verso completa do documento.
O propsito do auto-arquivamento tornar o texto completo da revista cientfica
revisada por pares visvel, acessvel, pesquisvel e utilizvel por qualquer potencial utilizador
com acesso Internet. O objetivo maximizar o acesso pblico aos resultados de pesquisa
on-line e aumentar a visibilidade, uso e impacto da pesquisa cientfica (E-PRINTS.ORG,
2008).
O auto-arquivamento utilizado em repositrios de acesso aberto tanto de e-prints
quanto de peridicos cientficos. No segundo caso, os autores de artigos cientficos remetem
seus artigos por repositrios, os descrevem em metadados padronizados e os submetem,
assim, reviso de pares. Em relao a isso, Caf e Lage (2002, p. 6) afirmam que o auto-
arquivamento no restringe o ato de depositar um documento exclusivamente ao autor do
texto eletrnico, mas admite igualmente a submisso por terceiros, desde que autorizada pelo
autor.
Uma das grandes preocupaes dos cientistas no que se refere ao auto-arquivamento
consiste na qualidade dos trabalhos submetidos ao repositrio. importante salientar que a
reviso pelos pares continua a ocupar seu papel essencial no controle do material publicado
(CAF, LAGE, 2002, p. 7). Em relao a essa questo, na comunicao cientfica no mbito
dos peridicos, somente o que foi revisado pelos pares pode ser considerado como publicao,
j que a qualidade desta ser mantida. Quando no h avaliao, a publicao no pode ser
considerada oficial (formal), j que em repositrios tem-se observado o uso de diferentes tipos
de material.
Conforme mencionado por Caf e Lage (2002), o auto-arquivamento no significa o
depsito de trabalhos que no sejam certificados por pares. O auto-arquivamento pode
significar o depsito de pr-prints ou de ps-prints. Nesse sentido, podem ser inseridos
peridicos cientficos.
Com a OAI e o auto-arquivamento, vrios pacotes de software foram desenvolvidos,
dentre os quais se destaca o SEER, do Brasil, originado do OJS, que ser estudado na
pesquisa aqui proposta.
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2.1.4 Open Journal Systems
O Open Journal Systems (OJS) (http://pkp.sfu.ca/ojs) foi desenvolvido pela Bristish
Columbia University (Canad), com o Public Knowledge Project (PKP) e utilizado por
peridicos do mundo todo. No Brasil, esse software foi traduzido e customizado pelo IBICT e
foi denominado de Sistema Eletrnico de Editorao de Revistas (SEER). O software foi
desenvolvido para a construo e gesto de publicaes peridicas eletrnicas alm de
contemplar aes essenciais automao das atividades de editorao de peridicos
cientficos (VAN DE SOMPEL, LAGOZE, 2000; IBICT, 2008).
A meta central do OJS, de acordo com o site do IBICT, prestar assistncia aos
editores cientficos em cada uma das etapas do processo de editorao, desde a avaliao
pelos consultores at a publicao on-line e indexao. Alm disso, o software apresenta
inmeras vantagens para o gerenciamento de peridicos eletrnicos e a divulgao de artigos,
j que permite autonomia na tomada de decises sobre o fluxo editorial, a publicao e o
acesso por parte do editor.
O diferencial do sistema OJS em relao a outros sistemas de auto-arquivamento
que ele oferece suporte a todo o fluxo de trabalho do processo editorial em peridicos digitais.
o editor quem define as etapas do processo editorial, seguindo a poltica definida pela
revista. No que se refere ao autor, o OJS possibilita espao para a comunicao com o editor e
tambm permite o acompanhamento da avaliao e editorao do seu trabalho. O SEER o
nico software brasileiro de editorao eletrnica que possui o protocolo OAI para
intercmbio de dados (metadados) e mecanismos para a preservao de seu contedo
juntamente com o projeto de preservao digital Lots of Copies Keep Safe (LOCKSS):
.
Dentre as vantagens apresentadas pela plataforma SEER, possvel mencionar a sua
disponibilizao na comunidade de editores de publicaes eletrnicas, subsidiando a
melhoria do padro editorial de peridicos nacionais e incrementando o fator de impacto da
produo cientfica nacional (MRDERO ARELLANO, FERREIRA, CAREGNATO, 2005).
Alm disso, esta plataforma permite a integrao de vrias revistas com o mesmo padro de
interface, o que facilita a busca e localizao das informaes. Isso ocorre em virtude da
interface padronizada facilitar o aprendizado do usurio quanto ao uso dos recursos do
sistema e submisso de seus trabalhos, alm de permitir a interao do leitor com outras
revistas.
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Ressalta-se que o SEER diferencia os usurios por roles (papis): administrador,
editor gerente da revista, editor, editor de sesso, avaliador, autor e leitor do peridico. Essas
diferentes funes determinam os nveis de acesso que os diversos tipos de usurios tm ao
sistema. Por exemplo, o autor, uma vez cadastrado, pode enviar originais, preencher os
metadados, acompanhar a situao da sua submisso, contatar com o editor, entre outros.
Destaca-se que para o role autor, no momento da submisso de originais, deve-se
preencher as seguintes categorias2: 1- incio, 2- incluso de metadados, 3- transferncia do
manuscrito, 4- transferncia de documentos suplementares, 5- confirmao. Na segunda
categoria, incluso de metadados, so inseridos os metadados que esto no formato Dublin
Core.
Os campos para preenchimento de metadados esto divididos em quatro categorias3:
Autores (dados cadastrais), Ttulo e Resumo, Indexao e Agncias de fomento. Em Ttulo e
resumo, existe um campo para preenchimento do ttulo em idioma original, ttulo em ingls
ou em espanhol, e resumo (em dois idiomas). Na categoria Indexao, pode existir um
campo para cada um destes itens: rea e sub-rea do conhecimento acadmico, palavras-
chave, cobertura cronolgica ou histrica, caractersticas da amostra da pesquisa, tipo, mtodo
ou ponto de vista e idioma. Dentre os campos citados, so obrigatrios: prenome, sobrenome,
e-mail dos autores e ttulo.
J para os leitores ou usurios do peridico, permite-se apenas navegao no site,
consulta e pesquisa nas edies publicadas. Nos artigos cientficos aparecem os campos:
ttulo, autor, resumo e palavras-chave. No processo de recuperao da informao so
disponibilizadas a interface de busca simples e a interface de busca avanada. Na primeira,
esto disponveis: autor, ttulo, resumo, termos indexados, texto completo (busca em todos os
campos de metadados). Na busca avanada4, os seguintes campos so disponibilizados:
categorias de pesquisa (autor, ttulo, texto completo, documentos suplementares); datas
(perodo de publicao do artigo); e termos indexados (rea do conhecimento, assunto, tipo,
cobertura).
2 Essas categorias so adotadas no SEER e esto presentes em todos os peridicos que sero analisados na pesquisa proposta, conforme seo Procedimentos Metodolgicos. 3 As categorias dos metadados descritas nessa pesquisa correspondem a todas as opes possveis no sistema SEER. Cada peridico pode adotar ou no esses campos conforme seu escopo, objetivos e interesses. 4 As categorias da busca avanada variam conforme os campos que foram adotados pelo peridico na etapa incluso de metadados.
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2.2 ORGANIZAO DA INFORMAO
Conforme visto, a comunicao cientfica e seus principais canais de disseminao
sofreram modificaes influenciadas pelos avanos tecnolgicos e por problemas observados
no modelo tradicional de comunicao cientfica. Essas transformaes repercutiram na
organizao da informao (OI) e na rea de Cincia da Informao (CI), que tambm foi
atingida por essas mudanas. Neste sentido, considerando-se o contexto da sociedade da
informao, conforme dissertado anteriormente (Introduo), faz-se necessrio destacar as
mudanas ocorridas no papel da informao e de que forma isso interfere na OI.
2.2.1 Ciclo da Informao
O novo papel da informao repercutiu em toda a sociedade e na rea de Cincia da
Informao, cujo objeto de estudo a informao. Para Gonzlez de Gmez (1995), que trata
sobre as aes de informao, a sociedade moderna, tambm denominada sociedade do
conhecimento, caracterizou-se por ser grande produtora e usuria de informaes, podendo
ser caracterizada como aquela que produz e consome meta-informao, ou seja, informao
acerca das informaes.
Com as mudanas da sociedade e o novo papel atribudo informao, aliada
exploso tecnolgica que se segue segunda Guerra Mundial, a nfase no est mais nos
estoques de informao e sim no fluxo desta. Barreto (2000) afirma que os estoques de
informao representam um conjunto de itens de informao organizados (ou no) segundo
um critrio tcnico estabelecido de acordo com os instrumentos de gesto da informao e
com contedo que seja de interesse de uma comunidade de receptores.
Na citao acima est refletida uma das principais contribuies da Cincia da
Informao frente s novas mudanas. Em relao a isso, Gonzlez de Gmez (1995, p. 1)
afirma que:
a Cincia da Informao surge aps a constituio e expanso de um novo campo de interesses e investimento social ao qual pertence essa dobra que diferencia as informaes do que seja a informao sobre as informaes e que tambm levou a considerar o conhecimento, a comunicao, os sistemas e usos da linguagem como objetos de pesquisa cientfica e tecnolgica. No recorte que lhe particular, se o conhecimento focalizado desde a comunicao, a comunicao do conhecimento colocada no contexto da ao, das prticas sociais.
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No entanto, a transmisso da informao como se concebe hoje, no bojo da
revoluo tecnolgica e comunicacional, reflexo de uma cincia pensada em bases
matemticas e estatsticas, conforme mencionado anteriormente. Sendo assim, para tratar das
mudanas advindas da sociedade da informao, faz-se necessrio abordar as mudanas no
fluxo da informao e no modelo da Teoria da Informao ou Teoria Matemtica da
Comunicao, como tambm denominada.
Para que se entenda essa teoria e suas contribuies para o que hoje se compreende
como informao, preciso diferenciar informao de conhecimento. Entretanto, encontrar
um conceito de informao realmente difcil. Em princpio, informao designa tanto o
processo de comunicar fatos, notcias, quanto o que se comunica (FERNNDEZ-MOLINA,
1994). Com base na citao do autor, entende-se que a dificuldade de elaborar um conceito
para esta palavra se deve s diferentes reas e disciplinas em que a informao est presente.
Quanto informao, pode-se afirmar que algo que necessitamos quando nos
deparamos com uma escolha. Qualquer que seja seu contedo, a quantidade de informao
necessria depende da complexidade da escolha (MCGARRY, 1999). Burke (2003, p.19), ao
dissertar sobre informao e conhecimento, afirma que essa diferena uma questo clssica
no que concerne cincia. Para o autor, o conhecimento utilizado [...] para denotar o que
foi cozido, processado, ou sistematizado pelo pensamento.
Fogl (1979) tambm busca diferenciar informao de conhecimento. Para o autor, a
informao existe por meio de um suporte fsico. O conhecimento, por sua vez, o contedo
da informao. Esta, segundo o autor, compreende uma unidade de trs elementos:
(1) conhecimento (contedo da informao);
(2) linguagem (um instrumento de expresso de itens de informao);
(3) suporte (objetos materiais ou energia).
Robredo (2003) enfatiza que a converso da informao em conhecimento um ato
individual, que independe da tecnologia e requer o conhecimento prvio dos cdigos de
representao dos dados e dos conceitos transmitidos num processo de comunicao ou
gravados num suporte material. Alm disso, no h consenso sobre onde termina a
informao e comea o conhecimento. Cada indivduo organiza o mundo de um modo
diferente, o que torna muito difcil organizar o conhecimento pblico em estruturas aceitveis
para todos.
Em sntese, a Teoria da Informao, originada da Ciberntica, surgiu em 1948 com
Claude Elwood Shannon, que prope um esquema de sistema geral de comunicao. O
objetivo deste esquema permitir a comunicao entre emissor (codificador) e receptor
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(decodificador), para que a mensagem possa ser entregue ao destinatrio. Essa teoria,
idealizada por Norbert Wiener, possui carter linear. Em funo disso, a informao passa a
ser um processo estocstico, j que o emissor escolhe a mensagem que ser recebida por um
receptor. Alm disso, por ser linear, esta teoria considera apenas os aspectos objetivos da
informao, sem se preocupar com os aspectos humanos, semnticos ou pragmticos dos
processos de informao (MATTELART, A., MATTELART, M., 1999).
No entanto, Le Coadic (2004), ao apresentar a modelizao social da informao,
afirma que a mesma substitui a modelizao da comunicao de massa que caracterizada
pelos componentes informador e informado. Alm disso, ela substitui o modelo linear
proposto pela teoria de Shannon. O modelo social a que o autor se refere composto por trs
processos: construo, comunicao e uso da informao.
Essa modelizao construda na forma de um ciclo, chamado de ciclo da
informao. Dessa maneira, para que se faa o processo de uso da informao necessrio
que se conhea as necessidades de informao do indivduo que a utilizar. Alm disso,
necessrio que a informao seja comunicada em uma linguagem comum, para que possa ser
utilizada.
Assim, com base na Teoria citada por Le Coadic (2004) possvel fazer uma
analogia entre as mutaes na forma de tratar a informao e a comunicao contempornea
em virtude da transformao do meio impresso para o eletrnico ou on-line. Barreto (1998)
afirm