organizaÇÃo e avaliaÇÃo do trabalho para a … · processo de vendas online de uma empresa ......

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ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO TRABALHO PARA A MODELAGEM DO PROCESSO DE VENDAS ONLINE DE UMA EMPRESA VAREJISTA Fabio Roberto Araujo dos Santos (UEPA) [email protected] Arlindo Tavares de Souza Junior (UEPA) [email protected] Ricardo Santana Maues (UEPA) [email protected] David Jose da Silva Fidelis (UEPA) [email protected] O COMÉRCIO ELETRÔNICO TEM APRESENTADO CRESCIMENTO SIGNIFICATIVO E AINDA ESTÁ LONGE DA SATURAÇÃO. ALÉM DAS VANTAGENS ADVINDAS DESTE CENÁRIO, ELE TAMBÉM PROPICIA AS EMPRESAS DIMINUIÇÃO DOS CUSTOS FIXOS, DIMINUIÇÃO DOS IMPOSTOS, AUMENTO DOS LUCROS DA EMPRESA, A REDUÇÃO DA MÃO-DE-OBRA E POSSIBILIDADE DE COMERCIALIZAÇÃO EM ÂMBITO GLOBAL, O CLIENTE PODE REALIZAR PESQUISA DE PREÇO DO PRODUTO RAPIDAMENTE, MAIOR COMODIDADE, SEGURANÇA E RAPIDEZ NO PAGAMENTO DAS MERCADORIAS. DIANTE DA RELEVÂNCIA ATUAL DO SETOR, O PRESENTE ESTUDO ANALISOU O SETOR DE E-COMMERCE DE UMA EMPRESA QUE COMERCIALIZA PRODUTOS TECNOLÓGICOS LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE BELÉM, ESTADO DO PARÁ. PARA TANTO, FORAM REALIZADAS VISITAS À EMPRESA, COM O OBJETIVO DE IDENTIFICAR E ENTENDER O PROCESSO ADMINISTRATIVO, LEVANTOU-SE E DOCUMENTOU-SE INFORMAÇÕES GERAIS DA EMPRESA, POSSIBILITANDO A CONSTRUÇÃO DO FLUXOGRAMA E ATUALIZAÇÃO DO ORGANOGRAMA DISPONIBILIZADO PELA EMPRESA. DE POSSE DESSAS FERRAMENTAS IDENTIFICOU-SE O PROBLEMA DE DIVERGÊNCIA DE INFORMAÇÕES ENTRE A QUANTIDADE DE PRODUTOS QUE ESTÁ, DE FATO, EM ESTOQUE E O QUE ESTÁ DISPONÍVEL PARA VENDA NO SITE, GERANDO PARA A EMPRESA A POSSIBILIDADE DE PERDER UMA VENDA, UM CLIENTE, DIMINUIR O PREÇO DE UM PRODUTO SIMILAR PARA IGUALAR AO DO PEDIDO FEITO PELO COMPRADOR, REEMBOLSAR O VALOR PAGO PELO PEDIDO OU A DIFERENÇA REFERENTE A UM PRODUTO SIMILAR DE UM VALOR INFERIOR E PRINCIPALMENTE COMPROMETER A CREDIBILIDADE DA EMPRESA. O CLIENTE É PREJUDICADO PELA POSSIBILIDADE DE ATRASO NA ENTREGA, XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

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ORGANIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO

TRABALHO PARA A MODELAGEM DO

PROCESSO DE VENDAS ONLINE DE

UMA EMPRESA VAREJISTA

Fabio Roberto Araujo dos Santos (UEPA)

[email protected]

Arlindo Tavares de Souza Junior (UEPA)

[email protected]

Ricardo Santana Maues (UEPA)

[email protected]

David Jose da Silva Fidelis (UEPA)

[email protected]

O COMÉRCIO ELETRÔNICO TEM APRESENTADO

CRESCIMENTO SIGNIFICATIVO E AINDA ESTÁ LONGE DA

SATURAÇÃO. ALÉM DAS VANTAGENS ADVINDAS DESTE

CENÁRIO, ELE TAMBÉM PROPICIA AS EMPRESAS DIMINUIÇÃO

DOS CUSTOS FIXOS, DIMINUIÇÃO DOS IMPOSTOS, AUMENTO

DOS LUCROS DA EMPRESA, A REDUÇÃO DA MÃO-DE-OBRA E

POSSIBILIDADE DE COMERCIALIZAÇÃO EM ÂMBITO GLOBAL,

O CLIENTE PODE REALIZAR PESQUISA DE PREÇO DO

PRODUTO RAPIDAMENTE, MAIOR COMODIDADE, SEGURANÇA

E RAPIDEZ NO PAGAMENTO DAS MERCADORIAS. DIANTE DA

RELEVÂNCIA ATUAL DO SETOR, O PRESENTE ESTUDO

ANALISOU O SETOR DE E-COMMERCE DE UMA EMPRESA QUE

COMERCIALIZA PRODUTOS TECNOLÓGICOS LOCALIZADA NO

MUNICÍPIO DE BELÉM, ESTADO DO PARÁ. PARA TANTO,

FORAM REALIZADAS VISITAS À EMPRESA, COM O OBJETIVO DE

IDENTIFICAR E ENTENDER O PROCESSO ADMINISTRATIVO,

LEVANTOU-SE E DOCUMENTOU-SE INFORMAÇÕES GERAIS DA

EMPRESA, POSSIBILITANDO A CONSTRUÇÃO DO FLUXOGRAMA

E ATUALIZAÇÃO DO ORGANOGRAMA DISPONIBILIZADO PELA

EMPRESA. DE POSSE DESSAS FERRAMENTAS IDENTIFICOU-SE

O PROBLEMA DE DIVERGÊNCIA DE INFORMAÇÕES ENTRE A

QUANTIDADE DE PRODUTOS QUE ESTÁ, DE FATO, EM

ESTOQUE E O QUE ESTÁ DISPONÍVEL PARA VENDA NO SITE,

GERANDO PARA A EMPRESA A POSSIBILIDADE DE PERDER

UMA VENDA, UM CLIENTE, DIMINUIR O PREÇO DE UM

PRODUTO SIMILAR PARA IGUALAR AO DO PEDIDO FEITO

PELO COMPRADOR, REEMBOLSAR O VALOR PAGO PELO

PEDIDO OU A DIFERENÇA REFERENTE A UM PRODUTO

SIMILAR DE UM VALOR INFERIOR E PRINCIPALMENTE

COMPROMETER A CREDIBILIDADE DA EMPRESA. O CLIENTE É

PREJUDICADO PELA POSSIBILIDADE DE ATRASO NA ENTREGA,

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

E PRINCIPALMENTE, POR NÃO CONSEGUIR TER O PRODUTO

QUE COMPROU. AO FINAL DO ESTUDO, PROPÔS-SE AJUSTES

NO NO FLUXO DO PROCESSO, ALTERAÇÃO NO

ORGANOGRAMA, CONTRATAÇÃO DE UM FUNCIONÁRIO

VOLTADO APENAS PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO, MELHOR

CONTROLE DO ESTOQUE E NOVAS MEDIDAS DE ATUALIZAÇÃO

DO ESTOQUE NO SISTEMA..

PALAVRAS-CHAVES: COMÉRCIO ELETRÔNICO, PROCESSO

ADMINISTRATIVO, MODELAGEM DE PROCESSOS,

FUNCIONOGRAMA, ORGANOGRAMA, QDT..

1. Introdução

O comércio eletrônico é uma transação comercial realizada através de um equipamento

eletrônico, foi iniciado em 1995, com o surgimento da Amazon.com. Já no Brasil, o setor

começou a se desenvolver cinco anos depois e desde então as vendas online não pararam de

crescer. Entre os fatores que colaboraram para esse grande crescimento, pode-se citar a

variedade dos produtos, comodidade, facilidade na comparação de preços em diversas lojas e

em curto período de tempo, condições de pagamento facilitadas e o grande aumento do

número de internautas consumidores.

Para as organizações, além das vantagens proporcionadas por esse expressivo e crescente

mercado consumidor, a utilização do e-commerce proporciona benefícios como a diminuição

de custos, a possibilidade de operacionalização sem espaço físico, possibilidade de atender

clientes com grande abrangência geográfica, ter preços mais competitivos, estar aberta 24

horas por dia e 7 dias por semana.

Contudo, novos desafios gerenciais surgem ao passo do desenvolvimento desse comércio.

Problemas como atrasos na entrega, cancelamento de pedidos e troca de produtos, têm

motivado muita reclamação nas mídias sociais e até ações judiciais contra as empresas do

mercado virtual. Isso tem causado inconvenientes para as empresa através da perda de vendas,

perda de clientes, reembolsos, aumento de custos logísticos, diminuição do lucro,

comprometimento da imagem da organização.

Apesar desse cenário existente por trás do sucesso do setor, da grande relevância do comércio

eletrônico e do conhecimento desses problemas, observa-se que muitas empresas

negligenciam estudos nessa área. Portanto, este trabalho tem como objetivo modelar o

processo de vendas online de uma empresa varejista, que atua no mercado eletrônico com a

comercialização de produtos tecnológicos, localizada no município de Belém, Pará.

2. Revisão teórica

2.1 O comércio eletrônico

Conhecido como e e-commerce, ou ainda como comércio virtual, o comércio eletrônico

representa qualquer forma de transação comercial feita por um equipamento eletrônico, em

geral, por um computador, segundo Almeida (2007). Ainda segundo o mesmo autor, um bom

exemplo de comércio eletrônico é o ato em si de vender ou comprar pela internet.

O comércio eletrônico é um meio facilitador dos negócios, tornando o processo de venda mais

fácil, seguro, rápido e transparente, proporcionando maior comodidade para o cliente, que

poderá fazer pesquisas de preços e produtos sem sair de casa, além de garantir a redução dos

custos de operação da empresa, diminuição dos impostos, estimulando o aumento da

competitividade e dos lucros da mesma, expandindo os seus negócios, tornando sua

comercialização em âmbito global.

Entretanto, o e-commerce também gerou diversas desvantagens, tanto para a empresa, quanto

para os clientes e para a sociedade como um todo. A empresa poderá perder a credibilidade

com os clientes caso as mercadorias cheguem ao mesmo com algum comprometimento na

qualidade. Este comprometimento, em muitos casos, se dá pelos maus cuidados da empresa

terceirizada responsável pelo frete. O cliente só poderá conferir a qualidade do produto e suas

especificidades após o seu recebimento, o que pode gerar constrangimento e até transtorno

caso precise solicitar devolução ou troca. E a sociedade perde muitos postos de trabalho, visto

que a função de vendedor, “face a face” está sendo substituída por um monitor com imagens e

descrições dos produtos.

Ao analisar a relação custo x benefício, Almeida (2007) enumera alguns motivos para se

investir no e-commerce, tais como:

i) Baixo investimento; ii) Alcance mundial ou pelo menos, nacional; iii) Comodidade, a loja nunca fecha, trabalha de segunda a segunda, 24 horas por dia; iv) Especialistas indicam que será uma das principais fontes de dinheiro da Web; as chances de

calote são mínimas; v) A fidelização é grande: se o cliente for bem atendido, voltará sempre; vi) Conforto: clientes escolhem, compram, e recebem produtos sem sair de casa; vii) Facilidades: clientes encontram, rápida e intuitivamente, tudo que procuram; viii) Pagamento e financiamento pela integração das lojas com o ambiente bancário.

Além desses fatores, o próprio comportamento dos consumidores vem demonstrando essa

tendência. Pesquisas realizadas pela empresa Nielsen Netratings, revelam que no Brasil

existem mais de 11 milhões de internautas ativos na internet, que em média passam 47

minutos a cada sessão de navegação, navegando 18 horas por mês. Com todo esse volume de

internautas, o comércio eletrônico movimentou somente no varejo on-line em 2005 14,8

bilhões de reais, segundo dados da E-Bit, especialista em dados do mercado eletrônico

brasileiro. Segundo este mesmo estudo, para 2006 a projeção é de R$ 3,9 bilhões, o que

representa um aumento de 56% em relação ao exercício de 2005. Mais recentemente,

pesquisas do site www.ecommerce.org demonstram que, em 2007, cerca de 2,5 milhões de

pessoas ingressaram no setor, em termos estatísticos, significa dizer que a cada dia, 6.849

pessoas aderiram às compras pelo computador.

2.2 Gestão de processos

Um processo é uma série de atividades dependentes e inter-relacionadas que quando

executadas produzem resultados esperados. É através deste que a organização transforma

insumos em produtos que visam atender as necessidades e expectativas dos clientes.

Para Cruz (2003), processo é um conjunto estruturado de elementos que guiam um trabalho,

do seu início ao seu término, de maneira a evitar desvios no alcance das metas e objetivos

estabelecidos.

Este autor ainda aponta a definição clássica que se tem de processos como o conjunto de

atividades que tem por objetivo produzir bens e serviços, através da transformação de

insumos (entradas), adicionando-lhes valor por meio de procedimentos.

A gestão de processos basicamente trata de ações sistemáticas, baseadas em estudos, fatos e

dados que permite agregar valor ao produto, manter estável a rotina das atividades e

implementar melhorias.

Segundo a Verithas Consulting a gestão de negócios consiste em um conjunto de atividades

que ocorrem dentro de uma empresa que estão envolvidas diretamente com os objetivos da

empresa. Estas atividades envolvem os recursos materiais, humanos e financeiros da empresa,

necessários para, por exemplo, desenvolver um novo produto, melhorar o atendimento ao

cliente e aumentar a eficiência da logística. Assegurar que os processos sejam executados de

forma clara e consistente é muito importante para que a empresa possa atingir suas metas e

agregar valor aos seus produtos. Entretanto gerenciar estes processos é mais difícil do que

parece, pois muitos deles não acontecem isoladamente, mas interagindo entre si.

2.2.1 Modelagem de processos

A Modelagem de Processos de Negócio: do inglês Business Process Modeling, trata de uma

linha teórica com base na reengenharia de processos (DAVENPORT apud ENOKI, 2006) e,

segundo Correia et al, apud Enoki (2006) pode contribuir para entender como alocar,

controlar ou monitorar, tomar decisões, além de analisar aspectos, reprojetar, racionalizar e

simular o comportamento de algumas partes da organização.

De acordo com Smith & Fingar apud Pradella & Wendt (2011), a modelagem de processos

procura criar uma definição simples de um processo de tal maneira que profissionais de

diferentes áreas possam ver, compreender e manipular, de acordo com suas competências, e

através de uma notação adequada.

A modelagem de processos compreende as etapas de identificação, mapeamento, análise e

redesenho dos processos. Os principais objetivos desta técnica são a compreensão do

funcionamento da organização, conversão do conhecimento tácito para explícito, a otimização

do fluxo de informações e subsidiar a reestruturação da organização (PRADELLA &

WENDT, 2011).

2.3 Instrumentos e ferramentas utilizados

2.4.1 Organograma

O organograma é basicamente uma representação gráfica da estrutura organizacional da

empresa. Para Araújo (2001) essa representação busca apresentar a divisão do trabalho, a

relação superior-subordinado, evidenciar o trabalho desenvolvido pelas frações

organizacionais e permitir uma facilitada análise organizacional.

Ballestero-Alvarez (2000) complementa essa ideia afirmando que o organograma além de ser

usado para configurar e estabelecer uma estrutura formal de uma empresa ou de suas partes

em um determinado momento é também uma forma estática de configurar a empresa ou uma

de suas partes. Tendo como objetivos: i) definir e estabelecer a divisão do trabalho; ii) definir

e estabelecer o tipo de relação de autoridade; iii) definir e estabelecer as relações de comando;

iv) definir e estabelecer os níveis hierárquicos; v) definir e estabelecer o processo de tomada

de decisão e; vi) definir e estabelecer as relações funcionais.

Araújo (2001) descreve características importantes que devem estar presentes na elaboração

do organograma. Abaixo foram citadas algumas daquelas identificadas como mais relevantes:

i) deve constar obrigatoriamente o nome da empresa no alto da folha do organograma; ii) o

retângulo representa uma parte da organização. Em alguns casos o retângulo poderá significar

cargos, tais como: auditor, consultor, assessor etc.; iii) a linha tracejada ou pontilhada pode ter

qualquer significado. O importante é que haja a representação através da legenda; iv) a linha

contínua é a linha de autoridade (vertical) e de coordenação (horizontal); v) a linha vertical

que parte do conselho administrativo é a linha condutora do organograma; vi) o organograma

deve ser feito por grupamento de unidades, partindo das unidades de direção, assessoramento

até as operacionais.

2.4.2 Fluxograma

Conforme Oliveira (2004), o fluxograma é uma importante técnica de representação gráfica

que apresenta a sequência de um trabalho de forma analítica, caracterizando as operações, os

responsáveis e/ou unidades organizacionais envolvidas no processo.

Este autor também afirma que esta técnica permite esquematizar e visualizar os sistemas de

maneira racional, clara e concisa, facilitando o seu entendimento geral. Além disso, permite

ao analista a possibilidade de representar os fatores e as variáveis que ocorrem no sistema, e

principalmente, o fluxo de informações relacionado ao processo decisório.

Quanto aos procedimentos para a elaboração, o fluxograma deve ser construído de cima para

baixo e da direita para esquerda, no sentido do formulário, embora essa disposição não seja

rígida e sirva apenas para dar ordem à representação gráfica. Outra regra citada pelo autor é a

de que cada operação deve ser enumerada de forma sequencial, a fim de possibilitar a

identificação de cada uma delas. Isso permite que elas sejam referenciadas ou comentadas em

qualquer parte do texto (CRUZ, 2002).

Oliveira (2004) aponta que podemos encontrar o fluxograma representado de três formas

distintas: o fluxograma vertical, o fluxograma parcial ou descritivo e o fluxograma global ou

de coluna. O fluxograma utilizado neste estudo segue a simbologia representada por

D’Ascenção (2001):

Símbolo Significado

O símbolo “Operação” representa qualquer ação para

criar, transformar, conferir ou analisar uma operação.

O símbolo “Decisão” indica um ponto no processo que

representa ações condicionantes, onde há caminhos alternativos,

se acontecer determinado evento.

O símbolo “Informação Verbal” representa os contatos

verbais mantidos entre os participantes do processo.

O símbolo “Executor” representa área ou pessoa que

executa o cargo.

O símbolo “Documento” representa qualquer documento

criado ou transformado no fluxo do processo.

O símbolo “Terminal” é utilizado para representar o

início ou fim do processo ou para referir-se a outro processo que

não seja objeto de estudo.

Fonte: Adaptado de D’Ascenção, 2001

Quadro 1 – Descrição dos símbolos do fluxograma

2.4.3 Funcionograma

O funcionograma pode ser compreendido como uma variação do organograma e contém

informações sobre as atribuições dos diversos setores, proporcionando um conhecimento

detalhado da organização, sendo extremamente útil também para a verificação e definição das

responsabilidades setoriais.

Segundo Cury (2000) apud Thom (2002), o funcionograma é um gráfico da organização que

tem, como finalidade principal, o detalhamento das atividades/ tarefas que compõem uma

função, da qual se originou um órgão (unidade organizacional) no organograma.

O funcionograma é importante para que se conheça melhor a organização e também para que

se verifique se alguma atribuição não é desempenhada na prática, se há dois ou mais órgãos

com as mesmas atribuições, se não consta algo essencial para o órgão e se há desequilíbrio

entre os órgãos com sobrecarga ou ociosidade.

2.4.4 Quadro de distribuição do trabalho

O quadro distributivo do trabalho (QDT) como uma ferramenta que descreve as tarefas

desenvolvidas dentro de uma área, especificando o tempo gasto entre os participantes em tal

atividade (BALLESTERO-ALVAREZ, 2000).

O QDT é um instrumento de estudo que possibilita ao analista: i) visão panorâmica de todas

as tarefas executadas na unidade organizacional; ii) análise comparativa das tarefas

executadas pelos diferentes funcionários; iii) análise comparativa da duração das tarefas; iv)

verificar se a capacitação profissional dos usuários está sendo eficientemente utilizada; (v)

verificar se há equilíbrio no volume de trabalho executado pelos funcionários; v) verificar o

grau de especialização das tarefas; vi) verificar o critério utilizado para a distribuição do

trabalho entre vários executores ou se os mesmos estão executando tarefas desconexas; vii)

Analisar, de forma global, a distribuição do trabalho entre funcionários; e viii) estabelecer a

situação ideal, racionalizando a distribuição das tarefas (OLIVEIRA, 2004).

Os procedimentos para a elaboração do quadro distributivo do trabalho (figura 1) são: i) listar

as atividades desenvolvidas por ordem crescente de importância; ii) definir para cada

atividade o total de horas gastas; iii) especificar todas as tarefas componentes da atividade em

estudo, separadas por funcionário; iv) fornecer o total de horas semanais que cada uma

consome naquela tarefa específica; v) Somar as horas semanais de cada funcionário; vi)

observar que a soma das horas semanais dos funcionários seja igual ao total de horas semanas

alocado para aquela atividade; e reservar uma linha para totalização geral do quadro

(BALLESTERO-ALVAREZ, 2000).

F

onte: Ballestero-Alvarez, 2000

Figura 1 – Quadro de distribuição do trabalho

3. Estudo de caso

3.1 A organização

A empresa comercializa equipamentos de informática, segurança eletrônica, fotocopiadoras,

suprimentos, eletrodomésticos, papelaria, móveis e artigos de cama, mesa e banho, além da

prestação de serviços como: assistência técnica autorizada para as marcas que revende,

locação de equipamentos, manutenção de equipamentos reprográficos e de informática e

serviços de reprografia.

Toda a gestão da empresa é feita em tempo real por meio do programa PROTHEUS da

Microsiga, customizado e desenvolvido especialmente pela organização para monitoramento

de vendas, faturamento, produtos, reposições de mercadorias, controle de entregas, entre

outras atividades.

Inicialmente para que se conhecesse a estrutura organizacional da empresa, as relações de

autoridade e subordinação além da localização do processo estudado, foi realizado o desenho

do organograma geral (Figura 2), o qual corresponde à realidade estrutural atual da empresa.

A empresa possui uma autoridade única, no caso o Presidente, e existem apenas dois cargos

de comunicação direta com o mesmo, os quais são a Diretoria Comercial e a Diretoria

Administrativo-Financeira. Portanto, prevalece a estrutura linear, possuindo também três

assessorias: Contábil, de Serviços e de Tecnologia da Informação (TI). O Diretor Comercial

tem como função coordenar todo o setor de vendas, compras e da logística de entregas da

organização, além da realização dos eventos do local de entretenimento da empresa

(Cervejaria Oficial). E, o Diretor Administrativo-Financeiro coordena o setor administrativo,

participando dos processos de recrutamento e seleção e do setor contábil-fiscal da empresa,

também gerencia o setor financeiro com o planejamento de contas à serem pagas e cobranças

à serem efetuadas.

O processo alvo deste estudo é realizado por um estagiário, o qual se encontra no Centro de

Distribuição da organização subordinado à Gerente de Logística, a qual possui comunicação

direta com o Diretor Comercial, recebendo assessoria dos Coordenadores de TI e do Site.

A quantidade total de funcionários diretos é de 209 pessoas, distribuídas nas áreas de vendas;

administrativa; técnica; tecnológica; logística; compras; serviços gerais; planejamento e

controle; segurança e; marketing de comunicação.

Figura 2 – Organograma Atual da Empresa

4.2 Departamento de comércio eletrônico

O departamento de e-commerce da organização foi implantado em 2009 e é composto por

apenas três funcionários diretos (coordenador do site e dois estagiários), porém conta com

mais de 25 funcionários atuando indiretamente, incluindo supervisores, assessores de TI,

entregadores, dentre outros. No site estão disponibilizados aos clientes todos os produtos da

empresa e todos os serviços oferecidos.

Os responsáveis pela atualização dos saldos dos produtos são os supervisores (Antônio

Barreto, BR, Casa Ondina e Centro de Distribuição), contudo, executam outras atividades

referentes às áreas que supervisionam.

O prazo de entrega estipulado (24 horas para a região metropolitana de Belém do Pará)

constitui-se como um grande desafio, dado à dinâmica de vendas da organização, a qual não

possui um estoque somente para o comércio eletrônico.

Para saber se há problemas relacionados com a organização das atividades executadas,

verificando a existência de sobrecarga funcional e o cumprimento de todas as atividades,

elaborou-se o funcionograma do departamento de comércio eletrônico (Figura 3). Ao final,

esta ferramenta mostrou que não há existência de sobrecarga de trabalho, atividades relegadas

à segundo plano e nem sendo realizadas pelas duas partes do departamento. Deve-se salientar

que o funcionograma foi realizado apenas com o coordenador do site e com os estagiários,

pois apenas estes estão ligados diretamente ao departamento.

Fonte: Dados da Pesquisa

Figura 3 – Funcionograma do Departamento

Devido ao interesse de mapear o processo mais a fundo, aplicou-se o Quadro de Distribuição

do Trabalho (QDT) com o funcionário da empresa responsável pela coordenação do site. Esta

aplicação se embasou na hipótese de que erros podem estar ocorrendo no setor devido à

sobrecarga de trabalho do funcionário; fato este que foi comprovado, o QDT (Figura 2)

mostrou que o coordenador do site desempenha suas atividades com uma pequena folga de

tempo de aproximadamente 2 h e 30 min; é valido considerar que neste tempo não são

incluídas as paradas do funcionário, fazendo-se essa inclusão, o tempo de folga diminui

restando apenas 1h de folga. Tempos estes que podem variar dado a subjetividade das

atividades e variabilidade de demanda, ou seja, em dias de maior demanda esse funcionário

fica sobrecarregado.

Cargo:

Coordenador do Site

Ordem Atividade/ Tarefa OperaçãoQuantas

Vezes

Tempo

Total (Hs)

*Tipo

(P ou S)

1 Atualização do Site

Dirige-se ao CPD (Centro de

Processamento de Dados) e atualiza

as informações necessárias

3 01:30 P

2 Verificação das fotos dos produtos

É verificado se há ou não as fotos

dos produtos no site. Caso não

haja, estas são adicionadas

10 00:30 P

3 Análise da concorrência

São analisados os sites das

empresas concorrentes, dando

especial enfoque na análise dos

produtos considerados "carro-

chefe" para empresa

15 03:45 P

4 Alteração da Página Inicial

São selecionados 40 produtos para

ficar em exibição na página inicial do

site (10 produtos por vez). Para

selecionar esses produtos é

verificado o estoque de cada um,

afinal o destaque destes na página

inicial aumenta o seu volume de

vendas

2 01:20 P

5Acompanhamento do atendimento

online

Monitoramento dos SAC's.

Acompanhamento do atendimento

prestado pelos vendedores aos

clientes

5 00:50 S

6Verificação e atualização de produtos

já cadastrados

Realiza-se a verificação e

atualização das informações

presentes no site a respeito de cada

produto

1 01:00 S

7Monitoramento das Redes Sociais da

OrganizaçãoInclusão de promoções Sorteios 10 05:00 S

8 Inserção de novos produtos

São inseridos os novos produtos no

site e suas respectivas descrições

(fornecidas pelo fabricante)

3 01:30 S

9Classificação dos Produtos na

Categoria Correta

Atualização das categorias de cada

produto3 06:00 S

10 Acompanhamento das vendas online

Confirmação de saldo, reserva e

envio dos produtos solicitados pelo

site

20 11:00 P

11Elaboração de campanhas de

marketing via internet

Desenvolvimento de campanhas

publicitárias para divulgação e

promoção dos produtos no site,nas

redes sociais, nas mídias de

comunicação em geral

9 09:00 P

41:25:00Carga Horária Total Semanal

Legenda: *Tipo (descrição da atividade se é Principal P ou Secundária S)

Nome: Patrick Tavares Data: 19/11/ 2011

Tempo Base:

Semanal

Setor de Atividade Principal:

Vendas Online

Definição de Tarefas Individuais

Figura 2: Quadro de Distribuição do Trabalho

4.3 Caracterização do processo

O processo alvo deste estudo são as vendas online (Figura 4), o qual é iniciado com o cadastro do cliente através da coleta dos seus dados pessoais, posteriormente ele escolhe os produtos e finaliza a compra no site. O pedido então é automaticamente repassado para o setor financeiro, o qual realiza a aprovação do pagamento, que pode ser feito via boleto bancário (pagamento em até quatro dias úteis, sendo o mesmo valor do pedido ou então, quando ele desejar, porém com juros cobrados pelo banco), cartão de crédito, cartão de débito ou transferência eletrônica.

Após a aprovação do pagamento, o estagiário solicita ao supervisor responsável da filial de onde sairão os produtos, se há saldo em estoque, essencialmente quando é percebido pelo sistema da empresa um pequeno número de produtos em estoque. Caso o produto esteja disponível em estoque, sem avaria e com a embalagem adequada, ele é reservado, faturado e depois entregue conforme a política de entrega que não deve exceder o prazo de 24 horas para a região metropolitana de Belém, a partir da aprovação do pagamento. Se o produto não estiver disponível, é necessário entrar em contato com o cliente oferecendo um produto similar, se o preço for maior que o do produto pedido faz-se o desconto, caso seja menor é realizado o reembolso para o cliente com a diferença do valor, ou ainda se não houver nenhum similar, o valor pago é reembolsado via depósito em conta ou realiza-se o estorno do cartão de crédito.

Figura 4 – Fluxograma do processo

4.4 Proposição de melhorias

4.4.1 Fluxograma proposto

Observando o processo de comércio eletrônico, verificou-se imprecisão na informação

referente à disponibilidade de mercadorias em estoque, o que resultava em transtorno e

incômodo para o cliente que deveria escolher entre um produto similar ou a devolução do seu

dinheiro.

Com o novo fluxograma, a etapa de verificação da disponibilidade do produto em estoque

passa a ser realizada antes da aprovação financeira, evitando que o produto escolhido pelo

cliente após aprovação do pagamento e ter que substituir o pedido por outro ou mesmo de

requerer ressarcimento.

Figura 5 – Fluxograma Sugerido

4.4.2 Proposição de um novo organograma

Em virtude da grande expansão do comércio eletrônico, será necessário que a empresa

reestruture, em médio prazo, seu organograma corporativo. A organização deverá apresentar

desmembramentos focados no gerenciamento deste mercado, assim como ocorre em cada loja

da empresa.

Tendo em vista esse contexto acima citado, propõe-se aqui um novo organograma (Figura 06)

que contempla a criação de uma “Gerência E-commerce”, voltada a administração de todas as

questões referentes ao mercado online.

Figura 6 – Organograma Proposto

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

15

5. Considerações finais

Muitas empresas que atuam no setor de comércio eletrônico têm apresentado problemas em

seu gerenciamento, observa-se constantemente divergência entre seu saldo real de estoque e o

saldo que é demonstrado no software de gerenciamento. A partir disso, verificou-se na

organização analisada, que estão relacionados a esse problema ineficiência no fluxo do

processo, descuido dos funcionários na entrada de dados no sistema, não separação entre o

estoque das vendas online e das vendas físicas, serem incluídos produtos do mostruário no

saldo do sistema e não retirada de produtos danificados no saldo do sistema.

Através da análise do fluxograma do processo, o qual é feito quando o saldo em estoque do

produto está baixo, observou-se que a aprovação financeira sendo feita logo após a compra

possibilita que o cliente compre um produto que não tem no estoque da empresa, dessa forma

é necessário que seja sugerido um produto similar ao cliente ou ressarcimento. Propôs-se,

então, um novo fluxograma que possibilitaria maior agilidade ao processo, evitando

atividades desnecessárias, principalmente pelo diferencial que a organização se propõe a

realizar de entregar os seus produtos em 24 horas úteis após a aprovação de pagamento.

O Quadro de Distribuição do Trabalho apontou uma sobrecarga de serviço no coordenador do

site, visto que as suas atribuições ultrapassam as 40 horas normais semanais (considerado um

trabalho durante 5 dias na semana), apontando a necessidade de contratação de um

funcionário que esteja envolvido apenas com as vendas online, além da criação de uma nova

gerência, visto que o organograma atual dificulta o andamento do processo.

Uma ação que melhoraria bastante a situação seria a criação de um estoque unicamente

disponível ao comércio eletrônico, ou seja, independente do estoque destinado às vendas

físicas, entretanto esta medida não é viável economicamente para a empresa. Sendo mais

viável, assim, medidas como a realização de uma classificação abc para os produtos que

representam maior faturamento e rotatividade de estoque, garantindo maior controle para

esses produtos. Entre medidas mais simples, mas que também são válidas, têm-se: a validação

de medidas de controle do saldo de produtos junto aos colaboradores, não inclusão de

produtos de exposição no sistema, eficiente atualização do site e a retirada de produtos

danificados no saldo do sistema.

Este processo oferece complexidade, representando algumas limitações, dentre essas, pode-se

citar principalmente a dificuldade de propor um modelo que melhore de forma geral o

processo analisado devido à variabilidade nas opções de pagamento no comércio eletrônico,

que podem ser via boleto, cartão de crédito, débito e transferência. Contudo, os responsáveis

pelo processo consideraram o estudo de extrema relevância e se comprometeram em aplicar

algumas sugestões e monitorar seus resultados, para verificar concretamente se diminuem a

ocorrência de pedidos não atendidos pelo comércio eletrônico.

Referências

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