origem e fundamentos da antropologia

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Universidade do Estado da Bahia Departamento De Educação – DEDC Bacharelado Em Psicologia Antropologia Camile Silva Andrade ORIGENS E FUNDAMENTOS DA ANTROPOLOGIA Salvador 2014

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Trabalho Acadêmico produzido para a disciplina de Antropologia, no curso de Psicologia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

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Page 1: Origem e Fundamentos Da Antropologia

Universidade do Estado da Bahia

Departamento De Educação – DEDC

Bacharelado Em Psicologia

Antropologia

Camile Silva Andrade

ORIGENS E FUNDAMENTOS DA ANTROPOLOGIA

Salvador

2014

Page 2: Origem e Fundamentos Da Antropologia

Camile Silva Andrade

ORIGENS E FUNDAMENTOS DA ANTROPOLOGIA

Trabalho apesentado junto ao curso de Psicologia à Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para a aprovação na disciplina Antropologia.

Orientadora: Anailde Pereira Almeida

Salvador2014

Page 3: Origem e Fundamentos Da Antropologia

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 03

1.0 A SEMENTE DA ANTROPOLOGIA ….............................................................. 041.1 A Revolução Industrial e o Capitalismo …........................................................ 041.2 O movimento operário e o questionamento da sociedade …........................... 05

2.0 A ANTROPOLOGIA E SEU PRINCIPAL OBJETO DE ESTUDO........................ 072.1 Surgimento e conceitos de cultura ….................................................................. 072.2 Os estudos de Edward Tylor …........................................................................... 082.3 As relações culturais …....................................................................................... 092.4 Os determinismos e a cultura …......................................................................... 102.5 Cultura e Sociedade …....................................................................................... 11

3.0 CONCLUSÃO …................................................................................................. 13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …..................................................................... 14

Page 4: Origem e Fundamentos Da Antropologia

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda o surgimento e os princípios da Antropologia,

através da análise dos assuntos Revolução Industrial e Cultura, indispensáveis para

o entendimento da disciplina. A Revolução foi essencial para o surgimento das

ciências sociais e humanas no século XIX, à medida que desencadeou diversas

modificações, que ocorreram desde o século anterior ao citado, em vários contextos,

fazendo da sociedade algo intrincado. Isto resultou na necessidade de estudar

cientificamente esta organização dos seres humanos. No momento em que surge a

questão do que diverge o homem dos outros seres vivos, sendo que esta espécie é

a única capaz de dominar e habitar todos os lugares do mundo, estando no topo da

cadeia alimentar, a resposta é que o ser humano apresenta a cognição, o que posto

em prática, desenvolve um conjunto de costumes comuns a determinado grupo de

indivíduos. A este conjunto denominamos Cultura. Uma vez que a Antropologia é a

ciência que explora, de modo geral, as experiências do ser humano, a cultura deve

ser considerada seu principal objeto de estudo. Os principais objetivos deste

trabalho são o conhecimento e a reflexão sobre os assuntos discutidos em sala de

aula e a aprovação na disciplina de Antropologia. A divisão foi feita em três capítulos,

sendo que o primeiro aborda a Revolução Industrial e sua influência no surgimento

da Antropologia enquanto o segundo explora a Cultura, sua origem, significados,

fundamentos e importância. O terceiro e último capítulo conclui o trabalho.

Page 5: Origem e Fundamentos Da Antropologia

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1.0 A SEMENTE DA ANTROPOLOGIA

A Antropologia é uma ciência social que se iniciou no século XIX e pode ser

estudadas por várias perspectivas, sendo que todas têm em comum o estudo do

homem e suas experiências. Esta se estabeleceu como ciência pelo fato da

sociedade ter se tornado um objeto complexo, propiciando assim seu estudo

atrelado ao método científico. A complexidade, por sua vez, decorreu das

consequências das Revoluções Francesa e Industrial, principalmente da última.

1.1 A Revolução Industrial e o Capitalismo

A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, durante o século XVIII, num

período composto por transformações em âmbito social, econômico, político e

cultural que depois se disseminaram para o cenário mundial, as quais acabaram por

influenciar o nascimento das ciências sociais e humanas no século seguinte. O

mundo capitalista introduzido pela Revolução, o qual representa algo que vai muito

além da introdução das máquinas, criou uma mobilidade social e a segregação dos

indivíduos em classes em detrimento dos estamentos presentes na Idade Média,

tendo a burguesia ou classe dominante o poder e influência, enquanto a classe

trabalhadora ou proletariado sofria com as condições de trabalho e qualidade de

vida precárias.

Seria esse sistema político-econômico, baseado na propriedade privada e

consequente desigualdade social, o melhor para a sociedade? Os homens se

estabeleciam nas fábricas numa jornada de no mínimo doze horas, sem direitos

trabalhistas e recebendo salário somente suficiente para subsistência, ou seja, o

dinheiro ganho era utilizado somente para pagamento das as contas e alimentação,

sendo constante a carência inclusive desses fatores básicos. Muitos operários

adoeciam ou terminavam alienados diante do novo modo de produção, uma vez que

as funções foram tão fragmentadas ao ponto do trabalhador não ter consciência da

quantidade e qualidade dos produtos. Mulheres e crianças também trabalhavam e,

apesar de se expor às mesmas condições, ganhavam salários inferiores aos dos

homens. Isso demostra uma ambivalência introduzida com a Revolução, uma vez

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que a mulher adquire o direito do trabalho assalariado como o homem, entretanto a

desigualdade entre os gêneros não deixa de existir. A partir dessas condições, a

classe operária se estabelece à margem da sociedade, enquanto a burguesia

apresenta maior participação política e domina o modo de produção.

Outra questão é se houve uma conscientização dos indivíduos com relação

às mudanças que ocorreram durante esse processo, já que há muitas

consequências ruins durante a época, desde aumento da criminalidade e

desemprego ao crescimento da mortalidade. É fato que, com a ascensão do

sistema capitalista, que transferiu a economia do meio rural para o urbano, houve a

desvalorização do trabalho agrícola e artesão, e o consequente êxodo rural, o qual

foi tão intenso que causou grandes problemas de saneamento, saúde e segurança

para as cidades, que por sua vez não souberam administrar o rápido crescimento

demográfico. Tudo isto ocorreu de uma forma extremamente dinâmica, e

consequentemente, nem todos os indivíduos souberam acompanhar o ritmo,

ocasionando uma instabilidade mental nestes. Muitos acabaram por cometer suicídio

ou se submeter a vícios.

1.2 O movimento operário e o questionamento da sociedade

O proletariado resolveu lutar pelos direitos que lhe faltava, reagindo contra o

sistema capitalista, a burguesia e as condições de trabalho impostas. Os operários

organizaram-se em diversos movimentos. O Ludismo acreditava que o maquinário

era o culpado da crise e miséria que se estabelecia na Inglaterra. Os luditas foram

caracterizados pelo ato radical de invadir as fábricas, destruindo as máquinas. Outro

movimento operário de destaque foi o Cartismo, que em detrimento do caráter físico

do Ludismo, se expressou de forma literária, através de cartas enviadas ao

Parlamento inglês, solicitando mudanças no quadro trabalhista. Essas ações do

proletariado acabaram por influenciar, a partir de sua crítica e criação literária, a

ascensão de uma doutrina contrária às ideias do Capitalismo, que visa

principalmente a propriedade pública e a igualdade dos cidadãos: o Socialismo.

A partir desta complexidade gerada por tais transformações, a sociedade

começou a ser vista como objeto de estudo, contribuindo assim para o surgimento

das ciências sociais e humanas no século XIX, dentre elas a Antropologia.

Inicialmente, os pensadores só refletiam sobre os assuntos, sem apresentar uma

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metodologia científica, buscando justificar através de seus estudos modificações no

âmbito social. Uma vez que os precursores fizeram parte desse processo de

transformações, ainda que não tendo uma visão científica disso, sua iniciativa

contribuiu para o desenvolvimento dessas ciências, servindo assim de base para o

estudo posterior, que utiliza o método científico.

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2.0 A ANTROPOLOGIA E SEU PRINCIPAL OBJETO DE ESTUDO

Foi citado anteriormente que a Antropologia estuda o homem em várias

dimensões. Atualmente, o principal objeto de estudo desta ciência é a cultura. Isto

porque é o principal fator que separa o homem dos outros seres vivos, além de seu

conteúdo ser extremamente amplo.

2.1 Surgimento e conceitos de cultura

O principal instrumento de estudo da Antropologia é a cultura. Esta só foi

discutida a partir do século XVIII, com a necessidade de encontrar uma unificação

da Alemanha, que no período estava segregada, e estudada cientificamente a partir

do século XIX, com o Imperialismo e a consequente relação entre os colonos

europeus e os colonizados, os quais pertenciam a outros continentes, que acabaram

sendo explorados e subjugados. Além disso, com a ascensão do antropocentrismo e

o declínio do teocentrismo, surgiu a necessidade de se estudar mais sobre a

sociedade.

Em uma associação com a biologia, a cultura se originou a partir do

desenvolvimento cerebral, o qual deu ao homem a capacidade de se diferir dos

outros seres vivos, através da cognição. Isso se deu de forma lenta e gradativa, e

não como um salto, como disseram alguns intelectuais. Dessa forma, os macacos, a

partir dos quais o homem se desenvolveu, podem também estar desenvolvendo seu

cérebro com o passar do tempo. Um artigo da revista Superinteressante cita um

primata que sempre comeu batatas sujas que achava no chão, mas um certo dia

lavou uma e tirou a sujeira da casca antes de comer. Depois de um determinado

tempo, todos os primatas que viviam naquele ambiente estavam fazendo a mesma

coisa.

Logicamente, isto não indica a existência de cultura animal, mas pela

organização, comunicação e o aprendizado, não será possível que com o tempo a

cultura se desenvolva dentre os primatas? É incerto que no futuro isso possa vir a

acontecer, mas no mundo atual os animais não podem desenvolver cultura, porque

sua relação é estática, enquanto a cultura é caracterizada pelo dinamismo. No caso

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do primata que citei, o mesmo iniciou uma ação que com o tempo foi atribuída ao

grupo, mas não houve um processo contínuo de modificações a partir disso, como

se encontra na cultura.

O significado de cultura é amplo e pode ser definido de outra forma que não

seja um conjunto de características que é comum aos indivíduos de determinada

sociedade. Existe um conceito mais específico, que pode dizer respeito à crença,

ideias e conhecimento. A tendência é que o primeiro conceito seja cada vez menos

usado com o passar do tempo, já que a cultura está sendo vista de forma mais

fragmentada. O uso do significado mais amplo pode ser contido, mas não vai deixar

de existir, uma vez que as ciências sociais, principalmente, utilizam-no muito

frequentemente.

2.2 Os estudos de Edward Tylor

Edward Tylor foi o responsável por unir o termo alemão Kultur, que expressa

tudo de espiritual presente na sociedade, com o francês Civilization, que se refere a

tudo de material. Dessa união se originou a palavra inglesa Culture, que segundo

ele, significa um complexo adquirido pelo homem em sociedade.

A partir desse conceito, surgiram muitos outros, que ao invés de ampliar o

primeiro, acabaram causando confusão. Tylor então o refez, dizendo que cultura era

tudo aquilo que não é inato ou genético, sendo aprendido. Depois, Kroeber separou

o cultural do natural. Mas não seria essa afirmação radical, uma vez que apesar de

não determinar, a natureza ainda exerce influência na cultura?

Em seus estudos, Tylor une a cultura com a evolução, dizendo que uma

cultura surge a partir da outra, existindo assim sociedades culturalmente mais

avançadas que outras, o que julgo ser um pensamento preconceituoso de sua parte.

Entretanto, não há nenhuma comprovação deste paradigma e a teoria mais aceita

atualmente afirma que cada cultura é desenvolvida sem a necessidade de outra e

todas apresentam particularidades, sendo assim impossível compará-las. Esta

relação entre culturas é denominada relativismo cultural.

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2.3 As relações culturais

Cultura, como já visto, pode ser definida como o conjunto de características

que, simultaneamente, agrupam e diferenciam os seres humanos. Esse conjunto

sofre mudanças constantemente, as quais são registradas pela História. Não

saberíamos que a Entomofagia praticada pelos chineses é decorrente do hábito

criado por guerreiros que não tinham outra opção senão comer insetos durante os

períodos, bastante frequentes, de guerra no país, se não fosse pela História.

Há distinções comportamentais tanto entre diferentes culturas como dentro de

uma mesma cultura. O corte de cabelo de um japonês é tido como único pelos

Ocidentais, entretanto, há vários cortes de cabelo distintos dentre os próprios

japoneses. Quando refere-se à cultura, todas as características de uma me parecem

ser transmitidas como intrinsecamente padronizadas. Ao meu ver, o fato de uma

pessoa que está dentro de uma determinada sociedade fugir ao padrão não indica a

falta de cultura da mesma. O samba faz parte da cultura do Brasil. Se uma mulher

brasileira sabe da importância cultural desta dança, não saber sambar não implica

em ela não possuir cultura.

Cada cultura possui sua lógica e cabe ao indivíduo conhecê-la. No entanto,

para que isso ocorra é necessário que haja uma consideração dele em relação às

lógicas de outras culturas, o que é antagônico com relação a qualquer

prejulgamento. Por exemplo, do ponto de vista de um indivíduo que nasceu e

cresceu no Ocidente, a prática de comer insetos é algo estranho, mas cabe a ele

respeitar a diferença entre a sua e a cultura de um chinês, até porque o oriental

pensa o mesmo sobre ele.

A relação entre culturas distintas não pode ser feita de forma hierárquica, já

que para que isto ocorra, uma precisa se estabelecer como superior à outra, o que é

contraditório com a questão de que cada cultura apresenta a sua lógica, sendo

impossível a comparação entre elas. A cultura de um europeu não é melhor que a de

um índio pelo simples fato do primeiro se vestir com trajes elegantes, enquanto o

segundo vive despido. Isto porque eles se organizaram socialmente em ambientes

que apresentam condições distintas.

Atualmente, existem pessoas que enxergam suas culturas como superiores,

coisa que sempre aconteceu, entretanto, não acredito que as desigualdades

presentes indicam que há uma hierarquização cultural. O fato de um local ter

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desenvolvimento socioeconômico maior que outro não indica que sua cultura seja

superior. O relativismo cultural, em junção com a diversidade cultural, surgiram como

uma resposta às ideias de hierarquização e evolução da cultura.

É importante ressaltar que diversidade e relativismo cultural não possuem o

mesmo significado. Ao passo em que a diversidade afirma a inexistência de

superioridade e inferioridade no meio cultural, o relativismo diz que toda cultura deve

ser considerada, sem levar em conta a moral e a ética. Ou seja, o relativismo cultural

não é contra a retirada do clitóris da mulher no Oriente Médio, porque isso faz parte

da cultura dessa sociedade. Com isso, a cultura acaba sendo utilizada na forma de

justificativa para diversos atos que violam os direitos humanos.

Com essas relações entre culturas, surgem conceitos que têm por finalidade

explicar determinados comportamentos. O etnocentrismo, por exemplo, foi causa de

vários conflitos, mortes e guerras. Ao colocar sua etnia como o centro do universo,

Adolf Hitler foi responsável pela morte de milhões de pessoas, incluindo judeus,

negros, homossexuais e ciganos, com o objetivo de exterminar todos os indivíduos

que impediam a Alemanha de ser um país de raça ariana. Outro conceito

fundamentado a partir da cultura foi o de apatia, o qual é o inverso do etnocentrismo,

representando a falta de sentimentos, a desvalorização e o abandono de suas

crenças em consequência de uma crise. Muitos dos africanos trazidos para o Brasil

morreram por esse motivo, uma vez que foram forçados a conviver com uma cultura

completamente diferente.

2.4 Os Determinismos e a cultura

A cultura foi e ainda é tema de diversos paradigmas. Segundo o

Determinismo Biológico, a cultura é adquirida de forma genética e inata. Mas essa

teoria não pode explicar, por exemplo, o fato de um bebê nascido em um lugar ter a

capacidade de desenvolver a cultura de outro completamente diferente, caso cresça

no segundo. A partir disso, conclui-se que o que determina a cultura de determinado

grupo não é a genética, mas a história cultural dele. É impossível que um indivíduo

venha ao mundo com sua cultura já pronta, uma vez que esta é formada por cada

um com o passar do tempo, a partir de suas experiências.

Outro fato importante é que não é o dimorfismo sexual que determina como a

mulher e o homem devem agir, mas sim a sociedade e seus esteriótipos. Isso a

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partir da endoculturação, o processo de aprendizagem da cultura pelo qual o

indivíduo passa, desde a infância até sua morte. É comum que uma criança do sexo

feminino faça balé e uma do sexo masculino faça futebol, mas não é impossível que

uma menina jogue futebol e um menino dance balé. Sendo assim, a função biológica

pode até exercer uma influência na cultura, mas não a determina.

Outro paradigma que tentou explicar como desenvolvemos nossa cultura foi o

Determinismo Geográfico, o qual implica que a mesma varia de um espaço físico

para outro, o que diverge da realidade, uma vez que é possível existir mais de uma

cultura num mesmo espaço físico. Os índios amazonenses, por exemplo, vivem no

mesmo ambiente, mas cada tribo apresenta uma cultura, tendo costumes e rituais

distintos uns dos outros. E o espaço físico não determina a cultura de um povo,

apesar de sua influência, o que causa outros esteriótipos. Aquele que nasce na

Bahia vai ser chamado de preguiçoso por brasileiros de outros estados sem ao

menos conhecê-lo, porque há um prejulgamento sobre isso.

2.5 Cultura e sociedade

Segundo Ruth Benedict, o mundo é visto pelo homem através de uma lente,

sendo essa a cultura, e aquele que usa várias lentes apresenta visões

desencontradas das coisas. Discordo com relação a ideia de que um indivíduo

possua visões desencontradas somente pelo fato de entender e utilizar mais de uma

cultura. Afinal, existem relações entre culturas distintas e é necessário que uma

pessoa conheça outras culturas além da sua. A partir desse conhecimento, não é

incorreto que o indivíduo absorva algumas características de outras culturas. As

pessoas podem ver as coisas com mais de uma perspectiva cultural. O budismo é

uma religião que faz parte da cultura Oriental, porém um indivíduo Ocidental pode

assimilar essa religião e isso não vai mudar sua situação com relação a cultura

Ocidental ou fazer com que ele “se perca”.

A participação numa sociedade tem como fatores primários o sexo e a idade.

Em muitas culturas a mulher é reprimida, tanto com relação ao meio profissional

quanto ao pessoal. Após o início do movimento feminista, a posição da mulher na

sociedade mudou e ainda muda em muitas culturas. Com relação à idade, existem

determinações de faixa etária para que o indivíduo possa participar ou deixar de

participar de alguma atividade numa cultura. O voto é facultativo para pessoas de 16

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e 17 anos e acima de 70 anos de idade, por exemplo. Mas seria a faixa etária tão

importante, mesmo apresentando uma flexibilidade entre nações? Uma pessoa com

18 anos tem maioridade no Brasil, mas só vai poder tê-la nos Estados Unidos com

21 anos de idade, por exemplo. Isso causa uma relatividade com relação a

determinados padrões impostos.

Existem duas vertentes da cultura que são usadas para determinar a classe

social. A cultura erudita, presente nas classes dominantes e a cultura popular

presente nas classes dominadas. É importante ressaltar que a cultura erudita não

apresenta necessariamente um conteúdo superior em conhecimento que a cultura

popular. No período da ditadura militar no Brasil, boa parte da produção cultural que

ia contra o regime possuía cunho popular e foram obras ricas em conhecimento.

Hoje em dia, há uma fusão entre as classes e culturas. É cada vez mais

comum ver uma música típica da cultura popular chegar às classes dominantes. O

gênero musical “Axé”, o qual faz parte da cultura popular, vem sendo aceito também

pela classe dominante, uma vez que durante o carnaval de Salvador eles lotam os

camarotes da cidade. No viés educacional também há uma integração das classes

dominadas em instituições que antes só costumavam ser frequentadas pela

dominante, como os membros da classe oprimida que agora possuem mais

oportunidades de acesso a Universidades. Assim, o acesso às culturas das classes

está cada vez menos restrito.

Apesar dessa relação entre as culturas, a classe dominante não deixa de

influenciar a dominada. A partir da indústria cultural, a comunicação de massa é

dissipada para toda a população, através da televisão, cinema e rádio, por exemplo.

Com esta exposição, o povo é entretido e, ao mesmo tempo, manipulado. Os

dominadores da indústria cultural lucram com as tendências geradas pelos meios de

comunicação e o povo desenvolve uma percepção crítica restrita.

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3.0 CONCLUSÃO

A partir da reflexão sobre os assuntos propostos, conclui-se que a Revolução

Industrial, apesar de causar crise e miséria à boa parte da população inglesa, sendo

a classe dos trabalhadores a maior vítima dessas consequências, teve grande

importância para a sociedade humana. Isto porque houve a necessidade de estudar

essa organização dos seres humanos cientificamente, pela complexidade

apresentada após sucessivas modificações nas vertentes social, política, cultural e

econômica. Uma vez que o estudo da sociedade se inicia, surgem as ciências

sociais e dentre elas está a Antropologia, responsável pelo estudo do homem em

diversas dimensões. Uma dessas dimensões ganha destaque no seu estudo: a

cultural. Com múltiplos conceitos e aplicações, a cultura pode ser vista de forma

específica, possuindo um foco nas crenças, conhecimentos e ideias, ou geral, a qual

é geralmente abordada nas ciências sociais, equivalendo a um aglomerado de

características como religião, linguagem, vestimenta, gastronomia, música, etc.,

comuns a um grupo organizado. As culturas são desenvolvidas sempre em

comunhão com a História, podendo haver várias relações entre culturas distintas ou

até dentro de uma mesma cultura. Essas relações podem contribuir ou não para o

aumento da desigualdade, sendo que um indivíduo ou grupo pode colocar outras

culturas como inferiores a dele. Mas, de modo geral, a cultura representa o que

torna o homem o dominador dentre os seres.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

– LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14ª Edição. Rio de

Janeiro: Zahar, 2001.

– SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 6ª Edição. São Paulo: brasiliense, 1987.

– MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 38ª Edição. São Paulo: brasiliense,

1994.