orlando penicela jr. apontamentos william dunn politicas publicas
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Prezados companheiros. Este texto de apoio agrega traduções feitas dos originais de William Dunn Public Policy . Bom proveitoTRANSCRIPT
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ORLANDO JOSÉ PENICELA Jr.1
APONTAMENTOS – POLÍTICAS PÚBLICAS2
DUNN, William N. Public Policy Analysis: An Introduction. 4th ed. Upper Saddle River,
New Jersey: Pearson Prentice Hall, 2008. Capítulos I - VII
Capítulo I:
O PROCESSO DE ANÁLISE DE POLÍTICAS
Análise de Políticas é um processo de pesquisa multidisciplinar concebido para criar,
avaliar criticamente e comunicar informação que seja útil para a compreensão e
aprimoramento das políticas.
Como uma disciplina multidisciplinar orientada para a resolução de problemas
(descoberta de soluções práticas para os problemas), a Análise de Políticas recorre às
metodologias e descobertas das outras ciências: ciências sociais, profissões sociais, ética,
economia, Administração Pública, Planeamento e Filosofia política.
Desta multidisciplinaridade resulta que a Análise de Políticas seja:
Descritiva – porque as suas formulações em torno das causas e consequências de
políticas baseiam-se nas ciências sociais; e
Normativa – porque ela recorre a economia, Análise de decisão e ética para avaliar
as suas formulações em torno da utilidade esperada e valor moral das políticas
bem como para fazer as escolhas das consequências (fins) desejados e cursos de
acção preferidos (meios).
Entretanto, embora a Análise de Políticas seja baseada em métodos científicos, ela assenta
igualmente sobre processos de arte e persuasão (tal como vimos em Weimer & Vining).
Portanto, da sua multidisciplinaridade e cruzamento com a arte, podemos concluir que a Análise de políticas baseia-se numa combinação de conhecimento ordinário (do senso
1 Estudante do curso de Administração Pública na Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique2Atenção: Reconhecendo a superficialidade e falibilidade destes apontamentos, recomendo
veementemente a Leitura integral da Bibliografia de referência supramencionada.
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comum) com formas especializadas de pesquisa praticadas nas várias ciências
mencionadas.
Mas porquê a multidisciplinaridade da Análise de Políticas?
A Análise de Políticas multidisciplinar, oferece-nos a melhor abordagem para a complexa
e multi-facetada esfera da produção de políticas públicas.
O conhecimento de múltiplas disciplinas e áreas profissionais, é geralmente mais eficaz
em oferecer-nos respostas aos problemas concretos do mundo, dado que estes problemas
são complexos agregando elementos políticos, sociais, económicos, administrativos,
legais, éticos e muito mais.
Os problemas não aparecem de forma separada e especificamente para os cientistas
políticos, economistas ou administradores públicos.
“ANÁLISE DE POLÍTICAS” COMO UM PROCESSO INTEGRADO
Visto como um processo integrado, a Análise de Políticas comporta três elementos:
Componentes Informacionais das Políticas, Transformações Informacionais das
Políticas e os Métodos de Análise.
1. Componentes Informacionais das Políticas
A Análise de Políticas centra-se em cinco questões fundamentais:
Para que problema se busca uma solução?
Que curso de acção deverá ser escolhido para resolver tal problema?
Quais são as consequências da escolha desse curso de acção?
Que consequências futuras podem ser esperadas caso outros cursos de acção sejam
escolhidos?
Para dar respostas a estas questões, nós devemos ter cinco tipos de informação relevante
para as políticas ou componentes informacionais de políticas nomeadamente:
Problemas de políticas, resultados esperados de políticas, políticas preferidas, resultados
observados de políticas e desempenho das políticas
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Problema de Política – é um valor não explorado ou oportunidade de melhoria
possível através da acção pública. Esta componente inclui não só a identificação do
problema mas também a compreensão dos seus antecedentes (um elemento
importante para a resolução de um problema).
A informação sobre os Problemas de Política joga um papel decisivo na Análise de
Políticas pois a forma como um problema é definido, condiciona o processo de busca de
soluções. Informação inadequada ou errada pode resultar num erro fatal: a resolução do
problema errado.
Resultado Esperado da Política – é a consequência provável de uma política
(curso de acção escolhido). Esta componente relaciona-se com a anterior
(Problemas de Políticas) porque, a informação sobre as circunstancias que deramorigem a um problema é fundamental para a elaboração de informações sobre os
resultados esperados da Política que se adopta.
Política Preferida – é a solução potencial de um problema. Esta componente
também relaciona-se com a anterior (resultado esperado da política) pois para se
seleccionar uma política preferida, é necessário ter informação sobre os resultados
que se esperam dessa política.
Resultado Observado da Política – é uma consequência presente ou passada daimplementação da política preferida. É preciso notar que não possível prever na
totalidade as consequências de um curso de acção escolhido, de tal forma que
muitas dessas consequências são imprevistas ou indesejáveis. Em outras palavras,
alguns efeitos de políticas não são resultados de políticas.
Informação sobre os resultados observados de uma política é produzida de duas formas:
avaliação ex ante (antes da implementação) e avaliação ex post (depois da
implementação). Desempenho da Política – mede o grau de contribuição de um resultado
observado de política para a resolução do problema.
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2. Transformações Informacionais das Políticas
Conforme se pode constatar, estas componentes são interdependentes. Cada componente
representa um tipo de informação, e essa informação tem o potencial de transformar a
informação produzida na fase posterior. Por exemplo, a informação sobre o desempenho
de uma política depende da transformação da informação prévia sobre os resultados
observados dessa política.
Este ciclo de transformação de informações é indispensável para a Análise de Políticas.
3. Métodos de análise em “Análise de Políticas”
Os cinco tipos de informação retromencionados são produzidos e transformados com
recurso a métodos (procedimentos) da Análise de Políticas a saber:
Monitoria – é um processo descritivo que produz informação sobre os resultados
observados da política.
Previsão – é um processo que produz informação sobre os resultados esperados da
política.
Avaliação – é um processo crítico que produz informação sobre o valor (utilidade)
dos resultados esperados e observados das políticas.
Recomendação – é um processo prescritivo que produz informação sobre as
políticas preferidas.
Estruturação do Problema (definição) - é um processo que produz informação
definitória de quê problema resolver. Este método agrega os restantes, sendo por
isso considerado “meta método” (método dos métodos)
Os métodos de análise em Análise de Políticas, são interdependentes. É impossível usar
um método sem antes ter usado os outros.
FORMAS DE ANÀLISE DE POLÌTICAS A relação entre os três elementos do processo integrado de Análise de Políticas:
Componentes Informacionais das Políticas, Transformações Informacionais das Políticas
e os Métodos de Análise, oferece-nos uma base de comparação de diferentes formas de
Análise de Políticas – análise Retrospectiva e Prospectiva.
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1. Análise Prospectiva de Políticas
É a análise que Williams designa propriamente por Análise de Políticas referindo-se a
“uma sintetização de informação para dela formular alternativas de políticas e preferências,
apresentadas em termos comparativos, qualitativa e quantitativamente previsíveis, como
base ou guia para decisões de políticas”.
Envolve a produção e transformação de informação antes da concretização de acções.
Esta forma de análise ex ante, é típica do estilo do modus operandis dos economistas,
analistas de sistemas, pesquisadores de operações e analistas de decisão.
2. Análise Retrospectiva de Políticas
É uma forma de análise ex post envolvendo a produção e transformação de informação
após a implementação das políticas.
Esta análise, raramente produz informação que seja directamente útil aos fazedores de
políticas e não tem sido muito eficaz em oferecer soluções para problemas específicos de
políticas pois, resulta frequentemente em informação macronegativa. Informação
macronegativa é aquela que descreve as causas e consequências fundamentais das
políticas para demonstrar porquê as mesmas não funcionam.
Contrariamente, a informação micropositiva seria aquela que mostra quê políticas e
programas funcionam sob determinadas condições.
Ainda quanto as formas de análise de políticas, uma importante distinção
metodológica pode ser feita entre as análises descritiva e normativa de
políticas.
a) Análise Descritiva de Políticas é paralela à teoria da decisão descritiva.
Esta análise baseia-se na monitoria e previsão e visa explicar, compreender e prever
políticas por via da identificação de padrões de casualidade.b) Análise Normativa de Políticas é paralela à teoria da decisão normativa.
Esta análise refere-se a um conjunto logicamente consistente de proposições que avaliam
e prescrevem (recomendação) acções. Os métodos de Avaliação e Recomendação
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fornecem informação sobre o desempenho de políticas e políticas preferidas. Ex: Uma
política será eficientemente óptima porque os benefícios superam os custos.
Uma das características importantes deste tipo de análise, é o facto de ela assentar em
formulações de carácter valorativo (entram em questão valores como eficiência, equidade,
liberdade, …).
Não menos importante, é a distinção entre os métodos de
descoberta/identificação de problemas e os métodos de resolução dos
problemas.
Os métodos de identificação têm a ver com a descoberta de elementos que se enquadrem
na definição do problema, e não na sua solução. Trata-se de métodos de natureza
inerentemente conceptual.Por outro lado, os métodos de resolução foram concebidos para fornecer soluções aos
problemas. Estes métodos são de natureza técnica e inclui técnicas como análise custo -
beneficio, análise de decisão e análise de implementação.
Análise Integrada vs Análise Segmentada de Políticas
Estas duas formas de Análise de Políticas sintetizam todos os elementos até aqui
expostos.
A Análise Integrada integra num processo contínuo, as análises Retrospectivas e
prospectivas; integra as análises descritivas e normativas e associa os métodos de
identificação com os métodos de resolução dos problemas.
Esta Análise identifica e relaciona os principais elementos da análise de políticas:
Componentes Informacionais das Políticas, Transformações Informacionais das Políticas
e os Métodos de Análise, permitindo-nos visualizar as funções especiais desempenhadas
pelos métodos de estruturação de problemas, monitoria, avaliação, previsão e
recomendação.
A Análise Segmentada é uma análise especializada que se desenvolve nas diversas
disciplinas científicas dando primazia a produção, crítica e transmissão do conhecimento
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intelectual. Esta análise ignora os esforços de ligação interdisciplinar do conhecimento
intelectual bem como a conversão do mesmo em conhecimento prático.
Porém, esta abordagem nos chama atenção para a compreensão, avaliação e
aprimoramento de uma metodologia que tenha a ambiciosa missão de ligar os aspectos
isolados das ciências sociais, profissões sociais e filosofia política.
ANÁLISE DE POLÍTICAS NA PRÁTICA
Lógica Reconstruída vs Lógica em Uso
Tanto a abordagem integrada como a abordagem Segmentada da Análise de políticas,
correspondem a uma reconstrução lógica (lógica Reconstruída).
Entretanto, o processo real de análise de políticas, pode não condizer com estas ou outras
reconstruções lógicas, incluindo o chamado “método científico”, pois todas as
Reconstruções lógicas são representações abstractas de um conjunto de práticas
observadas.
Portanto, a Lógica em Uso dos analistas, é distinta da reconstrução lógica das suas
acções e varia (entre os analistas) em função de:
Suas características pessoais (estilos cognitivos e papeis analíticos);
Socialização profissional (trabalho em equipes multidisciplinares)
Configurações institucionais (sistema institucionais de incentivo, Limitações de
tempo).
PENSAMENTO CRÍTICO vs ANÁLISE DE POLÍTICAS
A complexidade e o volume de trabalho (avaliação qualitativa e quantitativa de uma
extenso volume de dados) tornam difícil a escolha de métodos e técnicas para a Análise
de políticas. Mais do que isso, esses inconvenientes impõem obstáculos ao pensamento
crítico ou seja a análise e avaliação cuidadosa das razões e factos usados para advogar
uma política pública.
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Um método disponível para esse efeito é a Análise dos argumentos de política.
Argumentação de Política – é o processo pelo qual dois ou mais stakeholders discutem
os méritos de políticas através da pesquisa dos pressupostos por trás da política.
O resultado do pensamento crítico em torno das Políticas será uma Análise de Políticas
baseada em evidências.
Estrutura dos Argumentos de Política
O processo e estrutura da argumentação de Política podem ser representados através de
seis elementos interligados:
Informação relevante para a política;
Sugestões de Políticas;
Garantias;
Apoio;
Capítulo II:
ANÁLISE DE POLÍTICAS NO PROCESSO DE FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS
Como uma disciplina multidisciplinar, a Análise de Políticas orienta-se para a criação,
transformação e comunicação de conhecimento de utilidade para o processo deformulação de políticas.
E porque a eficácia do processo de formulação de políticas depende em parte da
disponibilidade de informações relevantes para a política, a comunicação e aplicação da
Análise de Políticas são fundamentais.
ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA ANÁLISE DE POLÍTICAS
No amplo sentido, a Análise de Políticas é tão velha quanto a própria civilização humana.
Entretanto, as ambiguidades subjacentes a origem etimológica do termo política, está
entre as razões da permeabilidade das fronteiras entre as disciplinas científicas cujo
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objecto é o processo político e as políticas como é o caso da Ciência Política, da
Administração Pública e da Análise de Políticas.
Origens e Evolução histórica da Análise de Políticas
É inconveniente restringir o termo Análise de Políticas aos significados contemporâneos
que lhe são atribuídos como: segmentação de problemas em elementos ou partes básicas
ou uma colecção de técnicas quantitativas usadas por analistas de sistemas, analistas de
decisão e economistas.
Vista no seu mais amplo sentido, a Análise de políticas emergiu num momento de
evolução das sociedades humanas em que o conhecimento prático era deliberadamente
cultivado, incitando desta forma uma auto-avaliação das ligações entre conhecimento e
acção.
Um dos mais remotos registos de esforços para o desenvolvimento de conhecimento
relevante para as políticas pode ser encontrado em civilizações antigas como a
Mesopotâmia e a Babilónia que produziram e introduziram códigos legais em resposta a
crescente complexidade dos assentamentos populacionais urbanos em que tornaram-se
necessárias políticas regulatórias das actividades e comportamentos. Por exemplo o
código de Hamurabi na Babilónia reflectia as exigências económicas e sociais e abrangia
procedimentos criminais, direitos de propriedade, comércio, relações familiares e maritais
e inclusive o que chamamos hoje de Finanças Públicas.
Com a crescente consciência das relações entre conhecimento e acção, foi se
desenvolvendo um estrato de pessoas formadas que se especializavam na produção de
informações relevantes para as políticas. Esses eram segundo H. Lasswell os
“especialistas dos símbolos” cuja tarefa era a previsão de políticas. Entretanto, para as
suas previsões do futuro, estes analistas recorriam a métodos não científicos como o
misticismo, ocultismo e ritualismo.
Já na Antiguidade clássica, Platão e Aristóteles procuraram influenciar as questões
políticas através do conhecimento pois acreditavam que o bem comum (bom governo) só
seria possível se os filósofos se tornassem reis ou os reis se tornassem filósofos.
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Na Idade média, reis e príncipes recrutavam especialistas de políticas para fornecerem
concelho e assesoria técnica nas áreas em que não fossem capazes de tomar decisões
eficazes: finanças, guerra e Direito.
Foi nesta fase que se desenvolveu o que Max Weber chamou depolíticos profissionais.
A fase da revolução Industrial coincidiu com o Iluminismo, um período em que a crença
no progresso humano através da ciência e tecnologia, torna-se mais do que nunca
dominante entre os fazedores de políticas e seus assessores. O desenvolvimento e o teste
de teorias científicas passou gradualmente a ser visto como o único meio objectivo de
compreender e resolver problemas sociais.
Pela primeira vez, o conhecimento relevante para as políticas era produzido de acordo
com as prescrições do empirismo e do método científico.
No século XIX, com o crescimento da pesquisa empírica e quantitativa, os produtores de
conhecimento relevante para as políticas, começaram a basear o seu trabalho no registo
sistemático de dados empíricos e não no ritualismo (como fora na antiguidade), na
doutrina filosófica (como fora na Antiguidade Clássica) ou na autoridade (como fora na
Idade Média).
Nesta fase ocorreram na Europa numerosos e significativos progressos metodológicos na
área de Estatística que se traduziram numa nova abordagem de estudo dos problemas
sociais – é a chamada transformação do século XIX.
No século XX, com a institucionalização das ciências Sociais e comportamentais bem
como das profissões sociais, a produção de informação relevante para as políticas passou a
ser feita por graduados e ou pós-graduados universitários em Ciências relevantes para
políticas.
Estes novos profissionais, foram tendo cada vez mais uma significativa influencia na
administração americana.
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O PROCESSO DE FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS
O processo de formulação de políticas ou processo de políticas pode ser visualizado como
uma série de actividades interdependentes dispostas temporalmente: formação
(configuração) da Agenda, Formulação de políticas, adopção de políticas, Implementação
de políticas, Avaliação de Políticas, Adaptação de políticas, Sucessão da política e
Término da política.
O processo de políticas envolve três formas ou tipos de ciclos:
Adaptação de políticas – quando o efeito retroactivo (feedback) de uma política
liga-se posteriormente as fases iniciais.
Sucessão de Políticas – quando novas políticas ou organizações são criadas a partir
das preexistentes (antigas). Término da Política – traduz o fim de uma política ou programa.
MODELOS DE MUDANÇA DE POLÍTICAS
Para a compreensão do processo de formulação de políticas precisamos do auxílio de
alguns modelos (ou Estruturas) conceptuais do processo. Na verdade estas estruturas ou
modelos são tão importante quanto os seus conteúdos.
1. Racionalidade Absoluta
Este modelo concebe a formulação de políticas como uma busca pela eficiência na
utilização de recursos através de uma análise custo – beneficio. Baseia-se na figura do
actor económico racional (Homo economicus). O argumento fundamental do modelo de
racionalidade Económica é: de um conjunto de soluções potenciais, quanto maior
for a eficiência liquida (diferença entre benefícios percebidos e perdas
percebidas) de uma alternativa seleccionada, maiores serão as probabilidades
dela ser escolhida como uma base (racional) de acção e mudança de política.
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2. Racionalidade Alternativa
Este modelo baseia-se do teorema da impossibilidade de Kenneth Arrow para criticar o
modelo da racionalidade económica. O teorema de Arrow considera que em sociedades
democráticas, é impossível os decisores reunirem os requisitos do modelo de
racionalidade económica pois as escolhas racionais e transitivas individuais não podem
ser agregadas por via dos procedimentos de votação maioritária, para criar uma única
melhor escolha para todas as partes – este é o paradoxo do voto.
O teorema de impossibilidade de Arrow prova por dedução lógica que é impossível
aplicar procedimentos democráticos para alcançar decisões colectivas que sejam
transitivas.
Existem cinco condições para qualquer procedimento de decisão democrática: Não restrição das escolhas – todas as possíveis combinações das preferências
individuais devem ser tidas em conta;
Não perversidade das escolhas colectivas – as escolhas colectivas devem reflectir
consistentemente as escolhas individuais;
Independência das alternativas irrelevantes – as escolhas devem se restringir a um
conjunto de alternativas que sejam independentes das outras;
Soberania dos cidadãos – as escolhas colectivas não devem ser limitadas porescolhas anteriores; e
Não ditadura – nenhum individuo ou grupo pode determinar os resultados das
escolhas colectivas impondo as suas preferências sobre os outros.
Para evitar o dilema das preferências intransitivas podemos delegar escolhas colectivas
para poucos decisores (por ex: elites políticas ou técnicas) dos quais se pode esperar
consenso e portanto uma escolha transitiva. Ora, embora resolva o problema das
preferências intransitivas, esta medida viola as condições de Soberania dos cidadãos e nãoditadura. Alternativamente pode-se introduzir alternativas adicionais para estimular
consenso. Porém, esta medida viola a condição de independência das alternativas
irrelevantes.
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Na prática, os sistemas políticos baseados na regra da maioria empregam ambos
procedimentos para alcançar escolhas colectivas. Essas escolhas são descritas como
segunda melhor decisão.
3. Incrementalismo Desarticulado
Este modelo parte do pressuposto de que raramente as escolhas de políticas vão de
acordo com as prescrições do modelo de racionalidade económica. O argumento
principal do modelo é de que as mudanças de políticas ocorrem na margem com o status
quo de tal forma que o comportamento no momento t é marginalmente diferente do
comportamento no momento t+1.
Portanto, de acordo com este modelo as mudanças ocorrem quando os decisores levam
em conta apenas as alternativas que diferem incrementalmente (minimamente) do status
quo.
4. Racionalidade Limitada
Constitui mais uma alternativa ao modelo da racionalidade económica. De acordo com
este modelo, os fazedores de políticas não procuram ser economicamente racionais no
sentido absoluto ou de análise de todas as alternativas. Embora as escolhas sejam
racionais, elas são limitadas pelas circunstâncias práticas em que os fazedores de políticasoperam.
O argumento principal deste modelo cujo principal teorizador foi Herbert Simon é de
que, não sendo possível um comportamento maximizador (típico do Homus Economicus
do modelo da racionalidade económica), os decisores devem procurar identificar o curso
de acção que seja simplesmente “bom o suficiente” – comportamento satisfaciente.
O modelo em análise tem enfoque sobre as limitações nas escolhas racionais
individuais sendo portanto relacionado com o modelo do incrementalismo
desarticulado que enfoca sobre as limitações nas escolhas racionais colectivas.
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5. Mixed Scanning
é um modelo alternativo à racionalidade económica, incrementalismo desarticulado e
racionalidade limitada. Este modelo é representado Amitai Etzioni.
O Mixed Scanning começa por criticar o modelo incremental pelo facto de este ser
conservador e orientado para o status quo dificultando a criatividade e a inovação. Por
outro lado, o incrementalismo baseia-se em decisões operacionais diárias (pensamento a
curto prazo) ignorando as grandes escolhas estratégicas (reflexão a longo prazo).
Já o Mixed Scanning, distingue as escolhas estratégicas (que estabelecem as direcções
básicas das políticas) e escolhas operacionais (contribuem para a implementação das
escolhas estratégicas).
O argumento fundamental deste modelo é de que as mudanças de políticas ocorremquando problemas de políticas são adaptados à natureza de problemas confrontados
pelos fazedores de políticas.
O modelo combina elementos da racionalidade absoluta e do incrementalismo
desarticulado
6. Racionalidade Erotética
Racionalidade erotética refere-se a um processo de interrogação e resposta uma vez que
muitas das vezes os analistas simplesmente não conhecem a relação entre políticas,
resultados de políticas e os valores a realizar.
7. Convergência Crítica
Convergência Crítica refere-se ao ciclo de políticas enquanto um processo cuja
compreensão não se resume a determinação dos resultados mas sim na monitoria de todo
o processo e das suas estruturas que o configuram de tal forma que se possa conduzir o
processo de forma previsível.Em contexto de formulação de políticas, indivíduos e grupos interagem para a formação
das agendas e formulação de políticas. Porém, o seu sucesso depende da sua capacidade
de reconhecimento de momentos críticos (janelas de políticas) quando três tipos de
correntes – problemas, políticas e dinâmicas do processo político convergem.
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O argumento fundamental da Convergência Crítica é de que as mudanças de políticas
ocorrem nesses momentos críticos. Parte da tarefa dos Analistas de políticas é reconhecer
esses momentos de convergência.
8. Equilíbrio Interrompido
O argumento fundamental deste modelo é de que os choques externos são uma condição
necessária mas não suficiente para grandes mudanças de políticas pois a maior parte das
políticas são relativamente estáveis, observando mudanças incrementais em longos
períodos. A condição suficiente para grandes mudanças de políticas é que novas imagens
políticas e uma nova compreensão da esfera política repentinamente emerja dos
choques.
Entretanto, quando novas imagens políticas, crenças e valores desenvolvem-se
gradualmente, em longos períodos de tempo, então o processo não é “interrompido”.
Capítulo III:
ESTRUTURAÇÃO DOS PROBLEMAS DE POLÍTICA
O objectivo deste capítulo, é de apresentar alguns elementos em torno da natureza de
um “problema de política” e examinar o processo de estruturação de um problemaem Análise de Políticas. Serão também objectos de abordagem os métodos de
estruturação de problemas de política.
Mas por quê razão precisamos estudar a “natureza de um problema de política”?
É que por natureza os problemas nunca são factos objectivamente determináveis, de tal
forma que dados que demonstrem por exemplo que o crime, a pobreza e o aquecimento
global estão em alta, podem ser interpretados de diversas maneiras pelos diferentes
stakeholders de uma política.
Em outras palavras, estamos a dizer que a mesma informação relevante para uma política,
resulta muitas vezes em definições conflituantes do “problema” porque os diferentes
stakeholders da política, tem interpretações competitivas dos mesmos factos. Essas
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diferentes interpretações derivam obviamente das suas diferentes concepções da natureza
humana, do papel do governo e da própria natureza do conhecimento. Portanto, tal como
se costuma dizer que a beleza está nos olhos de que vê, podemos igualmente dizer que os
problemas de política estão em parte nos olhos do observador.É justamente por causa desta complexidade dos problemas de política e do processo
político de uma maneira geral, que a “definição de alternativas é o instrumento
máximo do poder”.
NATUREZA DOS PROBLEMAS DE POLÌTICA
Problema de Política – é um valor não explorado ou oportunidade de melhoria possível
através da acção pública. A informação sobre a natureza, âmbito e gravidade de um problema é produzido através
do método analítico de estruturação do problema. Esta é provavelmente a mais
importante actividade desempenhada por um Analista de políticas dado que ela constitui
um mecanismo orientador que afecta o sucesso de todas as outras fases da análise de
políticas.
Infelizmente, parece que os analistas de políticas mais fracassam por resolver o problema
errado do que por dar uma solução errada a um problema.Embora seja em parte correcta, a descrição de Análise de políticas como uma metodologia
de resolução de problemas, pode ser enganadora pois essa imagem do analista como
“resolvedor de problemas” transmite a imagem de um “super-homem” que pode com
sucesso identificar, avaliar e recomendar soluções para um problema sem previamente
gastar muito tempo e esforço na formulação do problema.
Desta forma, a análise de políticas pode ser melhor concebida como um processo dinâmico e multi-
faseado em que os métodos de estruturação dos problemas tornam-se prioritários em relação aosmétodos de resolução do problema.
Antes de avançarmos, façamos uma breve clarificação conceptual:
Percepção dos Problemas vs Estruturação dos Problemas
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Percepção dos problemas – uma sensação difusa de preocupações e sinais de stress que
inquieta os analistas e outros stakeholders e que antecede os problemas nitidamente
articulados do processo de análise de políticas.
Este não é um problema mas sim situação de problemasituação de problema.
Estruturação dos Problemas vs Resolução dos Problemas.
Conforme supramencionado, a análise de políticas é um processo multi-faseado que
inclui em ordem de prioridade e importância os métodos de estruturação dos problemas e
os métodos de resolução de problemas. Alguns chamam os métodos de estruturação dos
problemas de desenho de políticas ou ciência do desenho ou ainda meta-métodos.
Quando os analistas usam apenas os métodos de resolução de problemas na resolução de
um problema complexo, eles incorrem o risco de cometer o erro do tipo III: a resolução
do problema errado.
Re(solução) de problema vs Não resolução de Problema e Dissolução de
Problema
Estes três termos referem-se a três tipos de processos de correcção de erros. Embora
derivam todos do latim solvere (resolver ou dissolver), os processos de correcção de erro
aos quais se referem, ocorrem a níveis distintos. A re(solução) de um problema ( problem resolving) – envolve o reexame de um
problema correctamente estruturado de forma a reduzir os erros de calibragem. Ex:
reduzir as probabilidades de erros do tipo I ou tipo II no teste da hipótese nula de que
uma política não tem nenhum efeito nos resultados duma determinada política.
Não resolução do problema ( problem unsolving) – envolve o abandono de uma solução
baseada na formulação errada do problema, e retorno a estruturação do problema na
tentativa de formular o problema certo.Por sua vez, a dissolução do problema ( problem dissolving) – envolve o abandono de
um problema incorrectamente formulado, sem nenhum esforço posterior de reestrutura-
lo ou resolve-lo.
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CARACTERÍSTICAS DOS PROBLEMAS DE POLÍTICA
São diversas as características relevantes de um problema de política:
a) Interdependência dos problemas de política
Os problemas de política em uma área, afectam os problemas de outras áreas pois, os
mesmos não são entidades independentes, mas pelo contrário, partes de um sistema de
problemas ou de condições externas que produzem uma insatisfação entre diferentes
segmentos da comunidade.
Estes sistemas de problemas são de difícil ou impossível resolução com recurso exclusivo
a abordagem analítica (aquela que decompõem os problemas nas suas várias
componentes ou partes) pois apenas raramente é que os problemas podem ser definidos e
resolvidos independentes uns dos outros. Assim, problemas interdependentes exigemuma abordagem holística (aquela que concebe os problemas como inseparáveis e
imensuráveis quando fora do sistema do qual constituem partes interligadas).
b) Subjectividade dos problemas de Política
As condições externas que dão origem a um problema são selectivamente definidas,
classificadas e avaliadas. Entretanto, a interpretação dessas “condições externas” pode ser
feita de várias maneiras de tal forma que as situações de problemas são em grande
medida constructos subjectivos. c) Artificialidade dos Problemas de Política
Os problemas de Política só surgem quando os seres humanos manifestam o desejo de
alterar uma situação de problema. Isto significa que os problemas de política são produto
do subjectivo juízo humano, são socialmente construídos, mantidos e alterados. Os
problemas não têm existência senão pelos indivíduos e grupos que os definem.
d) Dinâmicas dos Problemas de Política
Para um problema existem várias soluções tanto quanto diferentes definições. Problemase soluções estão em constante fluxo de tal forma que nenhum problema permanece “ para
sempre” resolvido. As soluções tornam-se obsoletas mesmo se os problemas para os quais
foram aplicadas não o façam.
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PROBLEMAS vs QUESTÕES
O reconhecimento das diferenças entre Situações de Problema, Problemas de Política e
Questões de Política, é decisivo para a compreensão das diversas formas pelas quais
experiencias comuns são convertidas em impasses. A formulação de um problema, é
influenciada pelos pressupostos que os diferentes stakeholders da política trazem para
uma situação de problema.
A complexidade das Questões de Política, pode ser visualizada considerando-se os níveis
organizacionais em que são formuladas. As questões de políticas podem desta forma
ser classificadas de acordo com uma hierarquia de tipos:
Grandes questões – são aquelas que são tipicamente abordadas nos mais altos
escalões do governo seja central ou local. As grandes questões envolvemnormalmente assuntos em torno da natureza e objectivos das organizações
governamentais;
Questões secundárias – são aquelas que se localizam ao nível dos programas
governamentais nos vários níveis do governo. As questões secundárias podem
envolver o estabelecimento das prioridades programáticas e a definição dos grupos
alvos e beneficiários.
Questões funcionais – são aquelas que se situam tanto a nível dos programascomo a nível dos projectos e envolvem assuntos como orçamentação, finanças e
procurement.
Questões menores - situam-se predominantemente ao nível de projectos
específicos e envolvem assuntos de pessoal, recrutamento de recursos humanos,
benefícios do funcionário, férias, horas de trabalho, procedimentos e regras
operacionais.
À medida que subimos na hierarquia dos tipos de questões de política, os problemas
tornam-se cada vez mais interdependentes, subjectivos, artificiais e dinâmicos.
Embora os níveis mencionados sejam interdependentes, algumas questões exigem
políticas estratégicas enquanto outras exigem políticas operacionais.
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Políticas Estratégicas – são aquelas em que as consequências das decisões são
relativamente irreversíveis (ou não podem ser revertidas por muitos anos).
Pelo contrário, Políticas Operacionais – são aquelas em que as consequências das
decisões são relativamente reversíveis e não envolvem os riscos e a incerteza presentes
nos níveis mais elevados.
TRÊS CLASSES DE PROBLEMAS DE POLÍTICAS
Existem três classes de problemas de política:
Problemas Bem estruturados;
Problemas moderadamente estruturados;
Problemas Mal estruturados.
A estrutura de cada classe é determinada pelo nível de complexidade relativa do
problema. As diferenças entre as três classes podem ser melhor ilustradas considerando-
se as variações nos seus elementos comuns (veja a tabela).
Estrutura do Problema
Elemento Bem Estruturado Moderadamente Estruturado Mal Estruturado
Decision maker(s) Um ou alguns Um ou alguns Muitos
Alternativas Limitadas Limitadas IlimitadasUtilidades (valores) Consenso Consenso Conflito
Resultados Certeza ou risco Incerteza Desconhecido
Probabilidades Calculável Incalculável Incalculável
Tabela 1. Diferenças nas estruturas de três classes de Problemas de Política.
ESTRUTURAÇÃO DE PROBLEMAS EM ANÁLISE DE POLÍTICAS
As exigências para a resolução de problemas mal estruturados diferem das exigidas para a
solução de problemas bem estruturados. Enquanto os problemas bem estruturados
permitem-nos o uso dos métodos convencionais, os problemas mal estruturados exigem
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que o analista assuma um papel activo e consciente na definição da própria natureza do
problema.
A estruturação de problemas é considerada um processo criativo na medida em
que:
O produto da análise é suficientemente novo (inédito) de tal forma que a maioria
das pessoas não seria capaz de chegar à mesma solução;
O processo de análise é suficientemente inconvencional de tal forma que envolve a
modificação ou rejeição de ideias previamente aceites;
O processo de análise exige uma motivação e persistência suficientemente alta
para que a análise ocorra com alta intensidade ou ao longo de um largo período de
tempo; O produto da análise é considerado valioso pois oferece uma solução adequada a
um problema; e
O problema tal como inicialmente visto, é tão ambíguo, vago e mal definido de tal
forma que a sua formulação é já em si um problema.
FASES DA ESTRUTURAÇÂO DO PROBLEMA
A estruturação de um problema é um processo com quatro fases inter-relacionadas:
Busca do problema – é uma fase em que o analista reconhece a existência de uma
situação de problema. Nesta fase os analistas têm o objectivo de descobrir e
estruturar, não um problema, mas um metaproblema (problema dos problemas ou
problema de primeira ordem) mal estruturado.
Definição do problema – nesta fase, os analistas tentam definir o problema em
termos mais básicos e gerais, transitando de um metaproblema para um problema
substantivo
Por exemplo, o analista pode definir o problema como sendo da sociologia, da
economia, das ciências políticas, da engenharia e assim por diante.
Uma vez definido o problema substantivo, pode ser construído um problema formal
mais detalhado e específico.
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Especificação do problema
A transição de um problema substantivo para um problema formal ocorre através da
especificação do problema, que pode envolver o desenvolvimento de uma
representação matemática formal (modelo) do problema substantivo.
Detecção do Problema
Tem se aqui um problema passível de acção.
Erros na Estruturação de Problemas: Erros do Terceiro Tipo (Erros do Tipo III)
Um aspecto crítico da estruturação de problemas é a medida de
adequação/correspondência das formulações dos problemas (substantivos e formais) à
situação de problema original.
É como essa correspondência não ocorrer e dar lugar a Erros do terceiro tipo ou Erros do
tipo III 3. Este erro ocorre quando na tentativa de contornar uma situação de problema, os
analistas resolvem o problema errado.
MODELOS DE POLÍTICAS E ESTRUTURAÇÃO DE PROBLEMAS
Modelos de Políticas são representações simplificadas de uma situação de problema. O
desenvolvimento de um modelo de política é uma forma de estruturação de problemas.
Quanto ao seu foco/objectivo, os modelos de políticas podem ser:
Modelos Descritivos
O objectivo dos modelos descritivos é explicar e ou prever as causas e consequências das
políticas públicas. Os modelos descritivos são usados para monitorar os resultados das
acções de políticas.
3Erro do primeiro Tipo – traduz uma situação em que um pesquisador ou analista rejeita a hipótese nula enquanto a
mesma é verdadeira.
Erro do Segundo Tipo – traduz uma situação em que um pesquisador ou analista aceita uma hipótese nula enquanto
a mesma é falsa.
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Modelos Normativos
Ao contrário do modelo anterior, o objectivo dos modelos normativos não é apenas
explicar e ou prever as causas e consequências das políticas públicas O objectivo dos
modelos normativos é de prover recomendações para a optimização do alcance de alguma
utilidade (valor).
Quanto a sua forma de expressão, os modelos de políticas podem ser:
Modelos Verbais
Enquanto os modelos normativos e descritivos podem ser expressos verbalmente,
simbolicamente e procedimentalmente, os modelos verbais são expressos na linguagem
diária. Por isso, os modelos verbais tornam-se de fácil comunicação tanto entre os peritos
assim como os leigos e os seus custos são baixos. A grande limitação deste modelo reside
no facto de as razões usadas para previsões e recomendações serem implícitas ou ocultas,
tornando desta forma difícil a reconstrução e exame crítico dos argumentos como um
todo.
Modelos Simbólicos
Os modelos simbólicos recorrem a símbolos matemáticos para descrever relações entre
variáveis-chave que presumivelmente caracterizam o problema. Assim, previsões esoluções óptimas são obtidas a partir de modelos simbólicos com base em métodos da
matemática, estatística e lógica.
Os modelos simbólicos são de difícil comunicação entre leigos, policy makers ou mesmo
peritos em modelos (que não compreendam muito bem os elementos básicos dos
modelos), facto que faz com que os custos destes modelos sejam muito maiores em
relação aos dos modelos verbais. A limitação prática destes modelos é a dificuldade de
compreensão dos seus resultados.
Modelos Procedimentais
Os modelos procedimentais, representam as relações dinâmicas entre as variáveis que
presumivelmente caracterizam problemas e soluções. As previsões e soluções óptimas são
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obtidas simulando e buscando conjuntos de possíveis relações – por exemplo crescimento
económico, consumo de energia e oferta de alimentos no futuro. Os procedimentos de
simulação e busca são geralmente executados com auxílio de um computador que esteja
programado para seleccionar previsões alternativas sob diferentes conjuntos de
pressupostos.
METODOS DE ESTRUTURAÇÃO DE PROBLEMAS
Estruturação de Problemas é um processo de geração e testagem de conceptualizações
alternativas de uma situação de problema. Conforme já pudemos ver, a estruturação de
um problema envolve quatro fases inter-relacionadas: busca do problema, definição do
problema, especificação do problema e detecção do problema.
Um conjunto de métodos e técnicas relacionadas ajudam-nos a estruturar um problema
nestas diferentes fases. Esses métodos bem como os respectivos objectivos,
procedimentos, fonte de conhecimento e critérios de desempenho, podem ser
sintetizados conforme mostra a tabela 2.
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Tabela 2. Métodos de Estruturação de Problemas
Método Objectivos Procedimentos
Fonte de
conhecimento Critério de execução
Análise de Limites
Estimativa dos
limites dometaproblema
Amostragem pelo
método “snowball”,elucidação do
problema
Sistema deconhecimento
Precisão na definiçãodos limites
Análise
Classificacional
Clarificação dos
conceitos
Divisão lógica e
classificação dos
conceitos
Analista Individual Consistência Lógica
Análise Hierárquica
Identificação da
causas possíveis,
plausíveis e
actuáveis.
Divisão lógica e
classificação das
causas
Analista Individual Consistência Lógica
Cinética
Reconhecimento de
semelhanças entre os
problemas
Construção de
analogias pessoas,
directas, simbólicas.
Analista Individual
ou Grupo
Plausibilidade das
comparações
Brainstorming
Geração de ideias,
objectivos e
estratégias
Geração e avaliação
de ideias
Grupo Consenso
Análise em múltipla
perspectiva
Geração de uma
abordagem profunda
Uso conjunto de
perspectivas técnicas,
organizacionais e
pessoais
Grupo
Abordagem
melhorada
Análise de
Pressupostos
Síntese criativa dos
pressupostos
conflituantes
Identificação dos
stakeholders,
visualização dos
pressupostos, desafio,
síntese
Grupo Conflito
Mapeamento da
Argumentação
Avaliação de
Pressupostos
Escalonamento e
representação gráfica
da e importância
Plausibilidade
Grupo Importância e
Plausibilidade óptima
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Capítulo IV:
PREVISÃO DE RESULTADOS ESPERADOS DE POLÍTICAS
A capacidade de prever os resultados esperados de políticas é decisiva para o sucesso da
análise de políticas e aprimoramento do processo de formulação de políticas.
Entretanto, o presente texto vai nos mostrar que todos os tipos de previsão sejam eles
baseados análises de peritos, ou na mera extrapolação de tendências históricas ou ainda
nos tecnicamente sofisticados modelos econométricos, são vulneráveis a erros originados
de pressupostos erróneos ou implausíveis, dos efeitos de amplificação de erro dos
sistemas de incentivo institucional e das crescentes complexidades das questões de
políticas.
Mas o que é a PREVISÃO em Análise de Políticas?Previsão é um procedimento usado para produção de informação factual em torno
de futuros estados da sociedade, com base em informação prévia sobre os
problemas de política.
Existem três formas de Previsão:
1. Projecção – é uma previsão baseada na extrapolação no futuro das tendências
actuais e históricas. A análise de séries temporais e a similaridade de casos são
alguns dos métodos nos quais se baseiam as projecções.2. Predição – é uma previsão baseada em pressupostos teóricos explícitos. Esses
pressupostos podem ser leis teóricas, proposições teóricas ou analogias. O traço
principal desta forma de previsão é a tentativa de estabelecer relações de causa-
efeito entre fenómenos.
3. Conjuntura – é uma previsão baseada em análises de peritos em torno de futuros
estados da sociedade. Essas análises podem assumir a forma de argumentos
intuitivos e argumentos motivacionais.
Estas formas de previsão encontram sustento em argumentos de autoridade, método e
causa.
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Ora, as formas de previsão supramencionadas possuem diversos e importantes objectivos:
As previsões fornecem informação em relação a futuras mudanças nas políticas e
suas consequências;
Ao prever futuros estados da sociedade, as diferentes formas de previsão tentam
planear e configurar as políticas de tal forma que o melhor curso de acção possível
seja escolhido entre as possibilidades oferecidas pelo futuro;
Por via da compreensão das políticas passadas e suas consequências, a previsão
permite maior controlo, implicando desta forma que o futuro seja determinado
pelo passado;
Previsão permite-nos conceber o futuro de forma activa independentemente do
que tenha ocorrido no passado (análise futurista de políticas)
Limitações da Previsão
As surpreendentes alterações que o mundo vem testemunhando desde os meados da
década de 80, chamam-nos a atenção para a importância e a dificuldade de prever
políticas num cenário de mudanças cada vez mais complexas, rápidas e até caóticas.
Ora, essas dificuldades de previsão podem ser melhor abordadas à luz das limitações dos
vários tipos de previsão:1. Precisão da Previsão
Graves erros de previsão em grandes companhias mundiais, puseram em causa a precisão
não só das previsões relativamente simples baseadas na extrapolação de tendências numa
única variável, mas também das previsões relativamente complexas baseadas em modelos
que incorporam centenas de variáveis.
2. Rendimento Comparativo
Independentemente da complexidade ou não dos seus modelos teóricos nenhuma formade previsão revelou-se mais precisa que outras pois os modelos eram usados de forma
mecânica. Esta situação levou os críticos a questionarem a necessidade da aplicação dos
modelos.
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3. Contexto
Os pressupostos dos modelos e os seus resultados são sensíveis a três tipos de contexto:
institucional, temporário e histórico.
As diferenças nos sistemas institucionais de incentivo são um aspecto crucial da diferença
de contextos institucionais entre organizações governamentais, agências de Negócios e
Institutos sem fins lucrativos. A precisão da previsão tende a ser maior nas organizações
não lucrativas do que nas organizações governamentais e agencias de Negócios.
TIPOS DE FUTURO
As previsões de políticas, seja na forma de projecções, predições ou conjunturas, são
usadas para estimar três tipos de futuros estados da sociedade: Futuros potenciais ou futuros alternativos – são os estados futuros da sociedade
que tem possibilidade de ocorrer.
Futuros plausíveis – são estados futuros que na base de pressupostos de causação
na natureza e na sociedade, se acredita que sejam de provável ocorrência caso os
decisores não intervenham para reorientar o curso dos acontecimentos.
Futuros normativos – são futuros potenciais e plausíveis consistentes com a
concepção do analista das necessidades, valores e oportunidades futuras.
FUTUROS NORMATIVOS
Importa especificar os futuros Normativos pois desta forma restringimos a amplitude dos
futuros potenciais e normativos, ligando assim as previsões a metas e objectivos
específicos. De facto, um dos aspectos mais importantes dos futuros normativos é a
especificação de metas e objectivos.
Embora ambos termos (metas e objectivos) sejam relativos ao futuro, é importantedistingui-los. Metas expressam intenções gerais enquanto objectivos estabelecem
alvos específicos.
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Mas já que não é o analista que estabelece as preferências, as metas e os objectivos da
sociedade no sistema político, quê metas e objectivos ele vai usar para orientar a sua
previsão?
O analista selecciona os objectivos, as metas e as alternativas com base nas fontes das
quais elas emanam. Assim as fontes de alternativas, metas e objectivos de políticas podem
ser: a autoridade, a reflexão (intuição, conhecimento tácito, análise) de pessoas
experientes em relação ao problema, o método, teorias científicas, Motivação (crenças,
valores e necessidades dos stakeholders), …
ABORDAGENS DA PREVISÃO
Uma vez identificadas as metas, os objectivos e as alternativas, já é possível seleccionaruma abordagem para a previsão. Seleccionar uma abordagem significa: (1) o analista deve
decidir o que prever, ou seja determinar o objecto da sua previsão; (2) o analista deve
decidir como fazer a previsão ou seja, escolher uma ou mais bases para previsão; e (3) o
analista deve escolher as técnicas que sejam mais adequadas para o objecto e a base
seleccionadas.
1. Objecto da PrevisãoO objecto da Previsão é o ponto de referência duma projecção, predição ou conjuntura.
As previsões têm quatro objectos:
Consequências de políticas existentes
Diz-se que o objecto de uma previsão são as consequências de políticas existentes quando
as previsões são usadas para estimar mudanças que são prováveis de ocorrer caso
nenhuma acção governamental é tomada em relação a uma situação actual. Assume-se
aqui que o status quo (não fazer nada) é também uma política existente.
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Consequências de novas políticas
Diz-se que o objecto de uma previsão são as consequências de novas políticas, quando as
previsões são usadas para estimar mudanças que são prováveis de ocorrer caso novas
políticas são adoptadas.
Conteúdos de Novas políticas
Diz-se que o objecto de uma previsão são os conteúdos de novas políticas, quando as
previsões são usadas para estimar mudanças nos conteúdos de novas políticas públicas.
Comportamento dos stakeholders de políticas
Diz-se que o objecto de uma Previsão é o comportamento dos stakeholders (partes
interessadas) de políticas, quando as Previsões são usadas para estimar o provável apoio
ou oposição, que as diferentes partes interessadas podem oferecer as novas políticaspropostas.
2. Bases
A base da Previsão é o conjunto de pressupostos ou dados usados para estabelecer a
plausibilidade das estimativas de consequências de políticas novas ou existentes, do
conteúdo de novas políticas e do comportamento dos stakeholders.
Existem três grandes bases de previsão:2.1. Extrapolação de Tendências – é a extensão para o futuro das tendências
observadas no passado.
A extrapolação de tendências assume que o que ocorreu no passado, ocorrerá também no
futuro dado que nenhuma política nova ou acontecimentos imprevistos intervém para
alterar o curso dos acontecimentos.
A extrapolação de tendências baseia-se na lógica indutiva que é um processo de
raciocínio que parte de observações particulares para conclusões gerais.
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2.2. Pressupostos Teóricos (Previsão teórica) – são conjuntos sistematicamente
estruturados e empiricamente testáveis, de leis ou proposições que estabelecem
predições em torno da ocorrência de um evento na base do outro.
Os pressupostos teóricos baseiam-se nalógica dedutiva
que é um processo de raciocínio
que parte de leis, declarações ou proposições gerais para conjuntos particulares de
informação (conclusões).
2.3. Julgamento Informado – refere-se ao conhecimento baseado na experiencia e
análise do que no raciocínio indutivo ou indutivo.
Esses julgamentos são geralmente expressos por peritos ou conhecedores e são usados
em casos em que a teoria e ou os dados empíricos não estão disponíveis ou sãoinadequados.
Os julgamentos informados são frequentemente baseados na lógica retrodutiva, que é
um processo de raciocínio que parte de suposições em torno do futuro orientando-se
posteriormente para a informação e os pressupostos necessários para sustentar as
suposições.
Quando usadas para fazer projecções, as previsões extrapolativas assentam sobre trêspressupostos básicos:
a) Persistência – padrões observados no passado, tenderão a persistir no futuro;
b) Regularidade – variações passadas nas tendências observadas irão regularmente
voltar a ocorrer no futuro.
c) Confiabilidade e Validade dos dados – medições de tendências são confiáveis
(relativamente precisas e internamente consistentes) e válidas (medem o que se
propõem a medir).
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TÉCNICAS DE PREVISÃO
1. Análise de Séries Temporais clássicas
Para efectuarmos previsões extrapolativas, podemos recorrer à análise de série temporais
clássicas que vê qualquer série temporal como tendo quatro elementos:tendência
secular, variação sazonal, flutuações cíclicas e movimentos irregulares.
Tendência secular refere-se a um ligeiro crescimento ou declínio numa série temporal a
longo prazo.
Variação sazonal é a variação numa série temporal que ocorre periodicamente no período
de um ano ou menos.
Flutuações cíclicas são também periódicas mas podendo imprevisivelmente se estender
por um número de anos.Movimentos irregulares são variações imprevistas numa série temporal aparentemente
sem nenhum padrão de regularidade. Os movimentos irregulares podem resultar de
vários factores (mudanças governamentais, greves, calamidades naturais).
2. Estimação Linear de Tendências
Uma técnica padrão para a extrapolação de tendências é a estimação linear de tendências,
um processo que usa a análise regressiva para obter estimativas estatisticamente
confiáveis em relação a futuros estados da sociedade na base dos valores observados
numa série temporal.
Entretanto, a regressão linear é inadequada para na estimação das tendências de
crescimento, produzindo previsões imprecisas.
Tendo em conta estas limitações, a técnica da regressão linear pode ser adaptada para
estimar tendências de crescimento. Desta forma, para adaptar a técnica de regressão
linear aos processos de crescimento e de declínio, basta que se troque a equação linear
original por uma não linear. Entre as formas mais destacadas para esta operação
destacam-se:
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Ponderação Exponencial
Consiste no aumento do peso (ex. x 2 – quadrado do valor ) de um dos termos da equação
regressiva.
Transformação de Dados
Enquanto a ponderação exponencial envolve a formulação de uma equação regressiva
explicitamente não linear e nova, a transformação de dados permite que o analista opere
com a simples equação linear basta que os valores da variável em série temporal tenham
sido devidamente transformados. A transformação da variável série temporal pode ser por
via da raiz quadrada ou do logaritmo natural.
3. Séries Temporais Não Lineares
Séries temporais que não reúnem os requisitos de linearidade, persistência e regularidade,
podem ser agrupadas em cinco grandes classes:
Oscilações – são séries temporais que não demonstram um crescimento ou
decrescimento constante.
Ciclos – são flutuações não lineares que ocorrem entre anos ou ainda mais longos
períodos de tempo.
Curvas de crescimento – são séries temporais dominadas por um padrão de
crescimento com poucas ou nenhumas flutuações cíclicas. A tendência de uma
curva de crescimento pode ser melhor descrita como um crescimento exponencial
ou seja, um crescimento em que os valores de algumas quantidades aumentam
numa taxa crescente.
Curvas de declínio – são séries temporais dominadas por um padrão de declínio
com poucas ou nenhumas flutuações cíclicas. As tendências de Curvas de declínio
podem ser melhor descritas como um declínio exponencial ou seja, um declínio a
taxas crescentes.
Catástrofes – são séries temporais cuja principal característica é a apresentação de
dados que evidenciam descontinuidades repentinas e rígidas.
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4. Metodologia da catástrofe
As técnicas supramencionadas, relativas a regressão linear, baseiam-se na condição de
que os processos que se pretendem compreender são contínuos.
Ora, muitas das séries temporais são descontínuas. É nestes casos que a metodologia da
catástrofe (uma área de um ramo da matemática designado topografia) nos oferece
perspectivas úteis.
A metodologia da catástrofe, que envolve o estudo e representação matemática de
processos descontínuos, está especificamente concebida para prever tendências em que
pequenas mudanças em uma variável (ex: tempo), produz repentinas e significativas
mudanças numa outra variável.
O ponto em que uma pequena mudança mudança numa variável resulta em repentinas edramáticas mudanças numa outra variável designa-se catástrofe.
PREVISÃO TEÓRICA
Os métodos de previsão teórica permitem aos analistas fazer previsões dos futuros
estados da sociedade, na base de pressupostos teóricos bem como dados actuais ou
históricos. Ora, contrariamente à previsão extrapolativa (que se baseia em pressupostos
de recorrência ou repetição histórica para engendrar projecções), a previsão teóricabaseia-se em pressupostos teóricos de causa - efeito. Enquanto a lógica extrapolativa é
essencialmente indutiva, a lógica da previsão teórica é essencialmente dedutiva.
Vários procedimentos auxiliam os analistas na formulação de previsões teóricas:
mapeamento teórico, Concepção de modelos Teóricos, Concepção de modelos
causais, análise regressiva, estimação de pontos e intervalos e análise
correlacional.
É necessário sublinhar entretanto que, na verdade nenhuma destas técnicas estabeleceprevisões pois apenas as teorias o fazem. É com base em teorias que estas técnicas nos
permitem estabelecer relações de causa - efeito (inferências causais).
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1. Mapeamento Teórico
É uma técnica que ajuda os analistas a identificar e ordenar os pressupostos básicos duma
teoria ou argumento causal.
O mapeamento teórico pode auxiliar na descoberta de 4 tipos de argumentos causais:
convergentes, divergentes, seriais e cíclicos. Argumentos convergentes são aqueles nos
quais, dois ou mais pressupostos de causação são usados para sustentar uma conclusão ou
reivindicação.
Argumentos divergentes são aqueles nos quais apenas um pressuposto de causação é
usado para sustentar uma conclusão ou reivindicação. Contrariamente, num argumento
Serial , uma conclusão ou reivindicação é usada para sustentar uma série de conclusões ou
reivindicações posteriores.Finalmente, argumentos cíclicos são argumentos seriais nos quais a última conclusão ou
reivindicação de uma série está associada à primeira conclusão ou reivindicação dessa
série.
Uma teoria pode conter uma mistura de argumentos convergentes, divergentes, seriais e
cíclicos. Vários procedimentos podem ser usados para a identificação da estrutura inteira
de um argumento ou teoria:
→ Separar e enumerar cada pressuposto, que pode ser um axioma, lei ou proposição;→ Sublinhar as palavras que indicam reivindicações (“portanto”, “por isso”, “desta
forma”) ou pressupostos usados para sustentar as reivindicações (“dado que”,
“pois/porque”, “para”);
→ Quando determinadas palavras (como “portanto”) estiverem omissas, mas
claramente implícitas, exponha (colocando entre parênteses) os indicadores
lógicos adequados;
→ Organize os pressupostos e reivindicações enumerados num “diagrama de arco”que ilustre a estrutura do argumento causal ou teoria.
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2. Concepção de modelos Teóricos
Concepção de modelos Teóricos, refere-se a uma vasta gama de técnicas e pressupostos
para a construção de representações simplificadas (modelos) de teorias. A construção de
modelos é uma parte fundamental da previsão teórica, pois raramente os analistas
estabelecem previsões teóricas directamente a partir das teorias. Eles primeiro
desenvolvem modelos dessas teorias antes de efectivamente prever eventos futuros.
A concepção de modelos teóricos é essencial porque as teorias são amiúde tão complexas
de tal forma que antes de ser aplicadas para os problemas de política, elas devem ser
simplificadas. Por outro lado a concepção de modelos teóricos é importante porque o
processo de análise de dados para a avaliação da plausibilidade de uma teoria, envolve a
construção e teste de modelos de teorias e não das próprias teorias. A maioria dos modelos teóricos de previsão são basicamente descritivos, pois
procuram prever mais do que optimizar algum resultado ou valor.
Quanto a sua forma de expressão, os modelos teóricos de previsão de políticas simbólicos,
ou seja, na forma de símbolos ou equações matemáticas.
3. Concepção de Modelos Causais
Modelos Causais são representações simplificadas de teorias que tentam explicar e preveras causas e consequências de políticas públicas.
O pressuposto básico dos modelos causais é o de que as co-variações entre duas ou mais
variáveis são um reflexo de forças geradoras (causas) e das suas consequências (efeitos). A
relação entre causa e efeito é expressa por leis e proposições contidas numa teoria e
modeladas pelo analista.
A força dos modelos causais reside no facto de que eles forçam os analistas a tornar os
pressupostos causais explícitos. Entretanto, a limitação destes modelos reside natendência dos analistas de confundir as co-variações identificadas por via da análise
estatística com argumentos causais.
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Capítulo V:
RECOMENDAÇÃO DE POLÍTICAS PREFERIDAS
Porquê estudar a Recomendação de Políticas Preferidas?
È importante lembrar primeiro que a Recomendação é a par da Previsão, Monitoria,
Avaliação e Estruturação de Problemas, um MÉTODO DE ANÁLISE de políticas.
No capítulo anterior, estudamos a PREVISÃO de resultados esperados de políticas. Ora,
como um método de análise, a PREVISÃO per si é insuficiente. É que se por lado ela
permite-nos saber que resultados são prováveis de se observar de uma política, por outro
lado ela não nos oferece razões explícitas do porquê devemos valorizar um resultado
esperado em relação ao outro. Em outras palavras, a PREVISÃO não nos mostra
explicitamente que rumos de acção tomar.
È precisamente neste ponto que se tornam pertinentes os métodos de
RECOMENDAÇÃO, que ajudam a produzir informação em torno da probabilidade de os
cursos futuros de acção resultarem em consequências desejáveis para um indivíduo, um
grupo ou para a sociedade como um todo.
RECOMENDAÇÃO EM ANÁLISE DE POLÍTICAS.
O procedimento da RECOMENDAÇÃO envolve a transformação de informação sobre
resultados esperados de políticas em informação sobre POLÍTICAS PREFERIDAS.
Portanto, para Recomendar uma política específica, o analista deve ter informação sobre
as consequências futuras da acção nas diferentes alternativas de solução que se
apresentam para o problema de forma a saber que políticas têm mais valor (podem trazer
os melhores resultados possíveis) e porquê.
É justamente por envolver estas questões de valor (questões éticas e morais), que a
RECOMENDAÇÃO é considerada como um método de análise de políticas de carácter
NORMATIVO.
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PROCEDIMENTOS DE RECOMENDAÇÃO DE POLÍTICAS
Advocacia Múltipla.
Mais do que abordagens meramente empíricas ou meramente avaliativas, a identificação
de soluções (políticas alternativas) para vários problemas com que os governos se
deparam, envolve também abordagens NORMATIVAS pois esses problemas nos remetem
para a questão da acção correcta/certa.
Para questões desta natureza, os analistas escolhem o que deve ser feito, entre várias
argumentos de advocacia múltipla.
As reivindicações advocativas apresentam diversas características distintas sendo:
1. Passíveis de Acção – os argumentos de advocacia enfocam sobre as acções que
podem ser desencadeadas para resolver um problema de política.2. Prospectivas – os argumentos advocativos são prospectivos na medida em que
ocorrem ou aplicam-se antes do momento em que as acções práticas são levadas a
cabo (ex ante). Pelo contrário, os procedimentos de outros métodos de análise de
políticas como a Monitoria e a Avaliação, são retrospectivos pois são aplicados
depois da efectivação das acções (ex post). Tanto a Previsão como a Recomendação
são aplicadas prospectivamente (ex ante).
3. Valorativas – os argumentos advocativos dependem de “factos” tanto quanto de“valores” de tal forma que para a adopção de uma alternativa de política não basta
que as suas consequências previstas tenham sido recomendadas, mas também de
essas consequências previstas tenham sejam de valor para indivíduos, grupos ou a
sociedade como um todo.
4. Eticamente complexas – os argumentos advocativos são fundamentados por
valores eticamente complexos. Esses valores podem ser intrínsecos (aqueles aos
quais se atribui valor por serem fins em si mesmos), ou extrínsecos (aqueles aosquais se atribui valor porque vão produzir outros valores).
Um determinado valor pode ser considerado tanto como extrínseco assim como
intrínseco. Por exemplo a participação democrática pode ser considerada como um fim
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em si mesmo (valor intrínseco) mas também como um meio para a
conquista/manutenção da estabilidade política (valor extrínseco).
A Advocacia múltipla opõe-se directamente a visão de que a função da análise de políticas
é defender uma posição política pré-determinada (manipulação de informação em favor
da causa do cliente). A Advocacia Múltipla é uma abordagem para uma comparação
sistemática e avaliação crítica de um leque de soluções potenciais e não uma forma de
defender a todo o custo determinadas posições.
Quando os analistas de políticas seguem as orientações da Advocacia Múltipla, eles são
menos propensos a cair na chamada armadilha da sobre-advocacia, uma armadilha que
resulta frequentemente na recomendação de soluções erradas devido a formulação doproblema errado.
Modelo Simples de Escolha
Os argumentos advocativos são aplicáveis apenas quando o analista é confrontado por
uma situação de escolha entre duas ou mais alternativas. Ora, em algumas situações, a
escolha é entre um novo curso de acção e o status quo. Em outras situações, a escolha
pode ser complexa devido a existência de várias alternativas de escolha.
Em termos mais simples, a escolha pode ser representada como um processo de
raciocínio que envolve três componentes inter-relacionadas: (1) a definição do problema;
(2) a comparação das consequências de duas ou mais alternativas de resolução do
problema; e (3) recomendação da alternativa que irá resultar num resultado esperado (a
alternativa que melhor satisfaz alguma necessidade.
Por exemplo, a escolha pode ser descrita como um processo de raciocínio em que:
↓ A primeira alternativa (A 1) rende um resultado (O1) ou seja, A 1→O1;
↓ A segunda alternativa (A 2) rende outro resultado (O2) ou seja, A 2→ O2;
O valor de O1 é maior do que o de O2 ou seja, (O1 > O2).
Com esta informação, o analista não terá nenhuma dificuldade em recomendar A 1 como a
política preferida.
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Este simples processo de raciocínio contém dois elementos essenciais da escolha: as
premissas factuais e a premissa valorativa.
Premissas factuais são os pressupostos que em princípio podem se revelar ser verdadeiros
ou falsos na base de conhecimento factual. É o caso das duas “primeiras premissas” do
raciocínio de escolha supramencionado.
Premissa valorativa é o pressuposto que pode se revelar bom ou mau na base de um
conjunto de valores ou sistemas éticos. No raciocínio de escolha supracitado, a premissa
valorativa é representada é pela terceira premissa: (O1 > O2) que significa que na base
duma escala de valores, O1 é preferível a O2.
Todas as escolhas contém tanto premissas factuais assim como premissas valorativas.
Ora, a desvantagem deste Modelo Simples de Escolha é que as condições ou requisitospara a sua validade, obscurecem a complexidade da escolha. Essas condições (para que
um modelo simples de escolha seja válido) são:
Um único decisor – a escolha deve ser restrita a uma única pessoa. Caso contrário,
se muitas pessoas influenciam ou são influenciadas pela escolha, é muito provável
que ocorram conflitos entre as premissas factuais e as valorativas.
Certeza – os resultados da escolha devem ser conhecidos com certeza. Caso não
haja certeza, as pessoas que influenciam ou são influenciadas pela escolha podemdiscordar das premissas factuais e valorativas
Imediatismo das consequências – os resultados do curso de acção devem ocorrer
imediatamente. Quando os resultados não ocorrem imediatamente, os valores que
originaram a acção podem mudar com o tempo.
Modelo Complexo de Escolhas
Uma alternativa de solução de um problema tem diferentes impactos e implicações em vários cenários bem como custos desiguais para os vários stakeholders. A multiplicidade
de stakeholders; a incerteza do resultado das alternativas e o tempo , transformam
um modelo simples de escolha em complexo pois as alternativas de solução de um
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problema vão impor custos diversos, desiguais e de difícil combinação a esses
stakeholders.
Por exemplo suponhamos que o problema de política é o salário mínimo.
As alternativas que se apresentam são:
1. Status quo – manutenção dos níveis salariais em vigor;
2. Aumento do Salário mínimo;
3. Treinamento de pessoal (supondo que o problema não é o salário baixo, mas uma
ausência de habilidades necessárias para qualificar trabalhadores disponíveis
para empregos mais bem remunerados).
Nestas alternativas, podemos constatar que a primeira alternativa impõem custos aos
trabalhadores e minimiza os custos incorridos pelos empregadores. Na segunda
alternativa, os empregadores são impostos o custo de terem que adicionar os salários. A
terceira alternativa vai distribuir os custos entre os contribuintes e vai pagar a factura
para os programas de treinamento.
É nisto que reside o dilema das escolhas complexas:
O ponto é que em escolhas complexas, não podemos fazer uma recomendação satisfatória
que combina os factos e os valores relativos a todos os stakeholders em múltiplos pontos.
Estes cenários, em que, muitas vezes é impossível a classificação consistente dasalternativas com dois ou mais atributos, é chamado de intransitivo, porque envolve
múltiplos objectivos conflituantes. O cenário de intransitividade, contrasta obviamente
com as situações envolvidas nas escolhas transitivas. A escolha transitiva é aquela em que
alternativas podem ser consistentemente classificada de acordo com um ou mais
atributos.
FORMAS DE RACIONALIDADE
Muitas das escolhas de políticas envolvem a multiplicidade de stakeholders, a incerteza
quanto aos resultados das alternativas adoptadas e a variabilidade das consequências das
alternativas ao longo do tempo. Por isso não é de admirar que o conflito e a discordância
sejam características fundamentais de várias questões de políticas.
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Ora, não obstante, a formulação de recomendações de políticas não deixa se ser um
processo racional. Se por racionalidade entendemos um processo consciente de uso de
fundamentos razoáveis para construir e defender argumentos advocativos, então é fácil
compreender não só que muitas escolhas são racionais, como também que muitas dessas
escolhas são multi-racionais. Isto significa que muitas das escolhas de políticas,
fundamentam-se em múltiplas bases racionais:
Racionalidade técnica – é uma característica das escolhas razoáveis que envolve
a comparação de alternativas de acordo com sua capacidade de promover
soluções eficazes para problemas públicos. Escolhas entre tecnologias de energia
solar ou nuclear são um exemplo de racionalidade técnica.
Racionalidade económica – é uma característica das escolhas razoáveis que
envolve a comparação de alternativas de acordo com sua capacidade de promover
soluções eficientes para problemas públicos. Escolhas que envolvem a
comparação de sistemas alternativos de cuidados médicos em termos de seus custos
totais e benefícios para a sociedade podem ser caracterizadas em termos de
racionalidade económica.
Racionalidade Legal/jurídica – é uma característica das escolhas razoáveis queenvolve a comparação de alternativas de acordo com sua conformidade legal em
relação as normas e precedentes estabelecidos.
As Escolhas que envolvem a adjudicação de contratos públicos de acordo com o pressuposto
de que as empresas cumprem com as leis contra a discriminação racial e sexual são um
exemplo de racionalidade legal.
Racionalidade social – é uma característica das escolhas razoáveis que envolve acomparação de alternativas de acordo com sua capacidade de manter ou melhorar
as instituições sociais úteis, isto é, promover a institucionalização. Escolhas que
envolvem a extensão dos direitos de participação democrática no trabalho são um
exemplo de racionalidade social.
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A racionalidade substantiva – é uma característica das escolhas razoáveis que
envolve a comparação de múltiplas formas de racionalidade – técnica, económica,
legal e social, de forma a efectuar a escolha mais apropriada em dadas as
circunstâncias.Por exemplo, muitos problemas da política pública de informação,
envolvem questões sobre a utilidade de novas tecnologias informáticas, seus custos e
benefícios para a sociedade, suas implicações legais para os direitos à privacidade, e a
sua coerência com as instituições democráticas. As discussões sobre estas questões
podem ser descritas em termos de racionalidade substantiva.
CRITÉRIOS DE RECOMENDAÇÃO DE POLÍTICAS
Os diversos tipos de escolha racional podem ser vistos em termos de critérios específicosde decisão usados para defender soluções para problemas de política. Critérios de
decisão são valores explicitamente expressos fundamentando as recomendações
para acção.
Os seis principais tipos de critérios de decisão são:
1. Eficácia
2. Eficiência
3. Adequação4. Equidade
5. Capacidade de Resposta
6. Conveniência
ABORDAGENS DA RECOMENDAÇÃO
Ao fazer a Recomendação de políticas, o analista depara-se com várias questões inter-
relacionadas. Essas questões e sobretudo as respectivas respostas são úteis para reforçaras capacidades do analista de formular Recomendações de políticas com poder de
persuasão.
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1. Abordagem Comparativa de Escolhas Privadas vs Escolhas Públicas
Embora as questões de que nos referíamos no ponto anterior, são tão relevantes para a
formulação de políticas no sector privado quanto no sector público, existem entre estes
dois sectores importantes diferenças a ser levadas em conta.
Natureza do processo de políticas públicas
A formulação de políticas no sector público, envolve a negociação, compromisso e
conflito entre cidadãos, grupos, corpo legislativo, departamentos executivos…
A existência de valores competitivos ou conflituantes entre os numerosos stakeholders,
faz com que os problemas sejam mais complexos no sector público do que no privado;
Natureza colectiva dos Objectivos de Políticas Públicas
É suposto que os objectivos de políticas no sector público reflictam as preferências dasociedade ou o “interesse público” de uma maneira geral. Ora, a especificação desses
objectivos envolve múltiplos critérios conflituais desde eficácia, eficiência e adequação à
equidade e responsabilização.
Natureza dos Bens Públicos
A natureza dos bens públicos é também um elemento diferenciador do sector privado
e do sector público, a ter em conta na formulação de políticas nos dois sectores pois
cada um deles tem orientações diferentes na escolha de bens públicos a produzir.Os bens públicos e privados podem ser classificados como: (1) bens específicos – são
exclusivos pois os seus proprietários têm direitos legais que excluem os outros dos
seus benefícios e a sua alocação é feita na base dos preços de mercado determinados
pela procura e oferta; (2) bens colectivos - são bens não exclusivos dado que podem
ser consumidos por todos e de quase impossível alocação na base do mecanismo de
mercado; (3) bens quasi-colectivos – são bens específicos cuja produção tem
significativos efeitos spillover para a sociedade de tal forma que não obstante sejampassíveis de ser providenciados pelo sector privado, são pela sua importância
produzidos pelo governo em quantidades e custo acessível para todos. Ex: educação
primária.
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As organizações, quer no sector público quer no privado produzem cada um destes três
tipos de bens. Ora, enquanto o sector público preocupa-se basicamente com a provisão de
bens colectivos e quasi-colectivos como defesa, educação, bem-estar social, segurança
pública, protecção ambiental, recreação e conservação energética, o sector privado está
voltado para a produção de bens específicos como alimentos, maquinaria, habitação …
1. Abordagem da Oferta e Demanda
Numa situação de escolha/ decisão de investimento entre dois ou mais produtos, uma
firma privada irá estimar o custo de oportunidade de cada alternativa de forma a optar
pela que maximize os ganhos (lucros) e minimize os custos totais.
Esta lógica da maximização de lucros do sector privado pode ser estendida para aspolíticas públicas. Podemos visualizar os programas públicos como se fossem firmas
privadas tentando maximizar os lucros dos seus investimentos. Ora, ao invés de usar
lucros (total de rendimentos menos total de custos), usaremos como critério para
RECOMENDAÇÃO DE ALTERNATIVAS os benefícios líquidos (total de benefícios menos
total de custos).
Podemos também aplicar o conceito de custo de oportunidade para visualizar os
programas públicos como um investimento na produção de bens que podia ser feito pelosector privado. Neste caso referimo-nos ao custo de oportunidade de um
investimento ser feito pelo Estado no lugar do sector privado ou seja a diferença
entre benefícios líquidos privados e os benefícios líquidos públicos do mesmo
investimento.
Por exemplo se o governo investe 50 milhões de USD na construção de uma barragem que
vai render 10 milhões de USD em benefícios líquidos para farmeiros e outros
beneficiários, o Estado terá sem dúvida extraído esses recursos para investimento doscidadãos privados que se calhar teriam investido os 50 milhões em algum outro lugar.
Nesta situação, o mesmo investimento (numa barragem) tivesse sido feito pelo privado e
render 20 milhões de USD em benefícios líquidos (lucros) para os cidadãos privados, o
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custo de oportunidade que o governo incorre ao construir a barragem é de 10 milhões de
USD (benefícios líquidos privados de 20 milhões de USD menos benefícios líquidos
públicos de 10 milhões de USD).
2. Abordagem da Escolha Pública
Ora, se considerarmos as diferenças entre as escolhas públicas e as escolhas privadas,
incluindo os contrastes entre bens específicos, colectivos e quasi-colectivos, a abordagem
da oferta e Demanda com a sua lógica maximização de lucros, perde significativamente a
sua relevância.
O facto é que, embora a lógica da maximização de lucros pode ser aplicada para certos
tipos de bens públicos, existem importantes razões que tornam difícil a aplicação dosconceitos de lucro, beneficios líquidos e custos de oportunidade aos problemas da escolha
pública:
Múltiplos stakeholders legítimos
A formulação de políticas públicas envolve múltiplos stakeholders cujas reivindicações
sobre investimentos públicos são frequentemente garantidas pela lei. Essa existência de
múltiplos stakeholders faz com que se torne difícil saber de que serão os beneficios a ser
maximizados e quem irá suportar os custos do investimento público.Contrariamente, no sector privado por mais que haja igualmente múltiplos stakeholders,
apenas os proprietários e accionistas podem fazer reivindicações sobre as decisões de
investimento.
Bens colectivos e quasi-colectivos
Porque a maioria dos bens públicos são colectivos ou quasi-colectivos, é difícil ou
impossível expô-los ao mecanismo de mercado onde as transacções são feitas na base da
capacidade de pagamento. Por essa razão, os preços de mercado estão frequentementeindisponíveis como medida de benefícios ou custos de oportunidade e tendem a ser
muito prováveis as probabilidades de ocorrência do problema de free-rider.
Limitada comparabilidade das medidas de rendimento
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Mesmo quando os benefícios líquidos dos investimentos públicos e investimentos
privados podem ser expressos numa unidade de medida comum (ex: Dólares ou
Meticais), os investimentos privados com maiores benefícios líquidos não são
necessariamente preferíveis em relação a investimentos públicos com benefícios líquidos
mais baixos (ou mesmo zero ou negativos).
Responsabilidade Pública por Custos e Benefícios Sociais.
Enquanto as firmas privadas são em geral responsáveis pelos seus próprios custos e
benefícios privados, os custos e benefícios de programas públicos são socializados
tornando-se custos e benefícios sociais que são por sua vez de difícil quantificação e
frequentemente não estão associados a um preço de mercado.
Em suma, os contrastes entre as escolhas públicas e as escolhas privadas que ficaram
evidenciados nesta abordagem da Escolha Pública não significam que a lógica da
maximização (abordagem da Oferta e Demanda) seja completamente inaplicável aos
problemas públicos. Estes contrastes significam apenas que existem limitações na
aplicação dessa abordagem nos problemas públicos.
Vejamos agora as duas mais importantes abordagens da Recomendação em Análise de Políticas: ANÁLISE CUSTO-BENEFICIO E ANÁLISE CUSTO-EFICÁCIA
3. Abordagem da Análise Custo – Benefício
É uma abordagem que permite aos analistas comparar e advogar políticas na base de uma
quantificação do seu custo monetário total e dos seus benefícios monetários totais.
A Análise custo -benefício tem sido aplicada a muitos tipos diferentes de programas e
projectos públicos.Quando usado para fazer recomendações no sector público, a análise custo -benefício
tem várias características distintivas:
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Procura medir todos os custos e benefícios para sociedade que pode resultar de um
programa público, incluindo vários intangíveis que não pode ser facilmente
medido em termos de custos e benefícios monetários.
A Análisecusto -benefício tradicional
simboliza a racionalidade económica pois o
critério mais frequentemente utilizado é o da eficiência económica global. O
programa é dito ser eficiente se os seus benefícios líquidos (ou seja, os benefícios
totais menos custos totais) são maiores que zero e maiores do que os benefícios
líquidos que resultariam de um investimento público ou privado alternativo.
A Análise custo -benefício tradicional do mercado utiliza os conceitos de mercado
privado como referência para recomendar programas públicos. Por exemplo os
custos de oportunidade de um investimento público são muitas vezes calculadoscom base nos benefícios líquidos que podiam ser ganhos através do investimento
no sector privado (comparação entre benefícios líquidos públicos e benefícios
líquidos privados).
A Análise custo-benefício contemporânea, às vezes chamada análise custo-beneficio
social , também pode ser usada para medir os benefícios de redistribuição.
Por estar preocupada com critérios de equidade, a análise custo-benefício é
consistente com a racionalidade social.
A Análise custo - benefício comporta uma série de pontos fortes:
a) Os custos e benefícios são medidos em unidades monetárias (ex: dólares) como
uma unidade comum de valor. Isto permite aos analistas subtrair os custos a partir
de benefícios, tarefa que não é possível com a análise custo - eficácia.
b) Análise custo - benefício permite que o Analista vá para além dos limites de uma
única política ou programa para ligar os benefícios da política a ganhos dasociedade como um todo. Isto é possível porque o resultado das políticas e
programas individuais pode em princípio ser expresso em termos monetários.
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c) Análise custo - benefício permite aos analistas comparar programas em áreas
largamente diferentes (por exemplo, saúde e transporte) uma vez que os benefícios
líquidos são expressos em termos monetários (ex: dólares). Isso não é possível
quando a eficácia é medida em termos de unidades de serviço, porque o número
de pessoas tratadas por médicos não pode ser directamente comparado com o
número de quilómetros de estradas construídas.
4. Abordagem da Análise Custo – Eficácia
É uma abordagem que permite aos analistas comparar e advogar políticas na base de uma
quantificação dos seus custos e resultados totais.
Contrariamente a abordagem da análise custo – benefício, que tenta medir todos os
factores relevantes numa unidade de valor comum, a análise custo – eficácia usa duas
unidades diferentes de valor. Os custos são medidos em unidades monetárias enquanto a
eficácia é tipicamente medida em unidades de bens, serviços ou outros valores.
Tal como a análise custo – benefício, a análise custo – eficácia pode ser aplicada
prospectivamente (ex ante) assim como retrospectivamente (ex post).
A análise custo – eficácia é particularmente aplicável para questões envolvendo as formas
mais eficientes de usar recursos para o alcance de objectivos que não podem ser expressos
em termos de rendimento. Esta abordagem tem sido usada para recomendar políticas e
programas alternativos nas áreas de justiça criminal, treinamento de recursos humanos,
transporte, saúde, defesa e outras áreas.
Na análise custo – eficácia, quatro critérios de adequação são mais frequentemente
usados:
Critério do menor custo
Após estabelecer o nível desejado de eficácia, são comparados os custos dos programas
com igual eficácia, sendo posteriormente descartados os programas que estejam abaixo
do nível de eficácia desejado e recomendados os programas que observem os níveis
fixados de eficácia ao menor custo possível;
Critério da máxima eficácia
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Depois de estabelecido o nível mais alto de custos permissíveis (que corresponde
geralmente a limitações orçamentais), são comparados os programas com igual custo.
Programas que excedam o limite superior de custos são descartados e recomendados os
programas que observam o limite fixado de custo com máxima eficácia;
Eficácia marginal
Se as unidades de um bem ou serviço bem como os preços associados a esses bens e
serviços podem ser expressos em duas escalas contínuas, então a eficácia marginal de
duas ou mais alternativas pode ser calculado. Terá maior eficácia marginal (e será
recomendável) a alternativa que em algum ponto da função custo – eficácia, tiver o mais
alto ratio custo – eficácia para além do nível mínimo de eficácia.
Custo – eficácia
O custo eficácia de duas ou mais alternativas é o custo per capita dos bens e serviços.
Contrariamente aos ratios custo – benefício, os ratios custo – eficácia podem não levar
conta todos os custos. Por isso, meros ratios custo – eficácia podem resultar em
estimativas enviesadas dos custos reais de um bem ou serviço.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE RECOMENDAÇÃO
Uma considerável gama de métodos e técnicas estão disponíveis para a Recomendação depolíticas com base nas abordagens da análise custo – benefício e da análise custo –
eficácia.
1. Mapeamento de Objectivos
Uma dificuldade frequentemente encontrada na formulação de recomendações de
políticas é saber que objectivos analisar. O mapeamento de objectivos é uma técnica
usada para o alinhamento de metas e objectivos e sua relação com as alternativas de
políticas.Esses objectivos, metas e alternativas, podem ser apresentados na forma de uma árvore
de objectivos, que é uma representação gráfica da estrutura geral dos objectivos e sua
inter-relação. Na construção da árvore de objectivos, o analista pode começar pelos
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objectivos existentes ou pode gerar novos objectivos. Se for necessário gerar novos
objectivos, o analista pode recorrer a diversas técnicas de estruturação de problemas
disponíveis para esse efeito incluindo a análise hierárquica, brain-storming e análise
argumentativa.
2. Clarificação de Valor
Clarificação de valor é um procedimento para a identificação e classificação de premissas
de valor que fundamentam a selecção dos objectivos de políticas.
Há vários passos a obedecer na clarificação de valor:
Identificar todos os objectivos de uma política ou programa;
Identificar todos os stakeholders que influenciam ou são influenciados pelo alcanceou não dos objectivos;
Lista das premissas de valor que fundamentam o compromisso de cada stakeholder
com os objectivos;
Distinguir e Classificar as premissas de valor em expressões de valor;
declarações de valor e julgamentos de valor.
Classificação detalhada das premissas de valor em aquelas que oferecem bases de
explicação dos objectivos e aquelas que oferecem bases justificativas dosobjectivos.
3. Estruturação do elemento CUSTO
O conceito de custo é central para o processo de formulação de Recomendações de
políticas, pois a prossecução de um objectivo exige quase sempre que se sacrifique um
outro objectivo (Custo de oportunidade).
Estruturação do Elemento CUSTO é um procedimento para classificação e descrição detodos os custos a que se incorre pelo estabelecimento e operacionalização de um
programa. O propósito deste procedimento é criar uma lista de funções, equipamento e
suprimentos que seja simultaneamente exaustiva e mutuamente exclusiva.
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Uma Estrutura do Elemento Custo contém duas grandes divisões: custos directos
(primários) e custos secundários (indirectos). Os custos primários subdividem-se em
três categorias: custos fixos, custos de investimento e custos recorrentes (de operação e
manutenção).
4. Estimação do Custo
Estimação de custos é um procedimento que oferece informação sobre o valor monetário
estimado de items numa estrutura do elemento custo. Enquanto a Estrutura do elemento
Custo indica que elementos devem ser medidos, a estimação de custos mede esses
elementos de facto.
Uma relação custo – estimação, é uma medida explícita de relação entre a quantidadede funções, factores físicos (materiais), factor humano (pessoal) e os respectivos custos.
O tipo mais simples de relação custo – estimação, é o custo por unidade.
Relações custo estimação mais complexas envolvem o uso da regressão linear e estimação
de intervalos.
5. Preço Sombra
Preço sombra, é um procedimento de formulação de juízos subjectivos em torno do valormonetário de benefícios e custos numa situação em que os preços de mercado são
duvidosos ou indisponíveis.
Nos casos de distorção do mercado em que os preços são por diversas razões duvidosos e
instáveis, o analista pode efectuar ajustes de tendência crescente ou de tendência
decrescente no preço de mercado do bem ou serviço.
Nos casos de distorção de mercado em que os preços simplesmente não estão disponíveis
(como tem sido muitas vezes o caso de certos bens colectivos a exemplo do ar puro e dosenso de comunidade), os analistas podem recorrer a vários procedimentos para
estimação do preço desses bens ou serviços:
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a) Preços Comparáveis – os analistas usam os preços para items comparáveis ou
similares no mercado.
b) Escolha do consumidor – o analista estima o valor dos bens ou serviços colectivos
(também chamados intangíveis) na base da observação do comportamento do
consumidor nas situações em que os indivíduos são forçados a escolher entre um
intangível e dinheiro.
c) Demanda Derivada – estimação do valor dos intangíveis (bens ou serviços
colectivos) para os quais não há preço de mercado na base de custos indirectos
pagos pelos mesmos pelos utentes. Assumindo que estes custos indirectos pagos
pelos utentes sejam o preço real pago pelo bem/serviço, o analista pode derivar
uma curva de demanda.d) Pesquisa de opinião – o analista questiona aos cidadãos entrevistando-os na base
de um questionário estruturado. Os respondentes indicam em que nível de custo
eles estarão dispostos a pagar por um certo serviço.
e) Custo de compensação – o analista estima o valor dos intangíveis (particularmente
daqueles que ocorrem na forma de custos exteriores indesejados ou seja
externalidades negativas) na base da obtenção de preços para acções de correcção
das mesmas (externalidades)
6. Mapeamento de Constrangimentos
É um procedimento para identificação e classificação de obstáculos e limitações que se
impõem ao alcance dos objectivos de políticas e programas.
Em geral os constrangimentos agrupam-se em seis categorias: constrangimentos
legais, constrangimentos físicos, constrangimentos organizacionais, constrangimentos
políticos, constrangimentos distributivos e constrangimentos orçamentais.
Uma das formas eficazes de identificar e classificar esses constrangimentos é a construção
de uma árvore de constrangimentos.
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7. Internalização de Custos
Internalização de Custos é um procedimento para incorporação de todos os custos
externos (externalidades) relevantes, numa estrutura interna do elemento Custo. Quando
todos os custos são internalizados não existem externalidades pois, por definição, todos
os custos são internos.
Em geral existem três tipos de spillovers ou externalidades para os quais os analistas
devem prestar particular atenção:
Spillovers de produção para produção – o produto de um programa que serve a um
grupo alvo ou jurisdição, podem afectar (positiva ou negativamente) os produtos
de outro programa.
Spillovers de Produção para consumo – os produtos de um determinado programapodem influenciar a qualidade e a quantidade de bens consumidos por membros
de outro grupo alvo ou jurisdição.
Spillovers de Consumo para Consumo – as actividades de consumo de um
programa público numa área afectam os padrões de consumo de grupos alvo ou
jurisdições adjacentes.
Spillovers de Consumo para Produção – as actividades de consumo de um
programa público numa área afectam as actividades de produção de programaspúblicos e privados em áreas adjacentes.
8. Desconto
È um procedimento para estimar o valor actual dos custos e benefícios que serão
realizados no futuro.
Com base no pressuposto de que a moeda tende a desvalorização (um dólar hoje vale
mais do que um dólar daqui a 5 anos), a técnica do Desconto aconselha que diante de
dois projectos/programas que tenham mesmo custo, o Analista deve recomendar o
projecto/programa que concentre os custos na sua etapa final em detrimento do
projecto/programa que concentre os custos na sua etapa inicial. O pressuposto é de
embora os projectos possam ter o mesmo custo, o projecto que concentra custos na etapa
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final (ou mais dianteira) maximiza os benefícios e minimiza os custos pois os custos hoje
(na etapa inicial do projecto) são mais onerosos do que os custos amanha (na etapa final
do projecto).
Capítulo VI:
MONITORIA DE RESULTADOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS4
Os resultados (consequências) das políticas nunca são totalmente conhecidos de
antemão. É por essa razão que é bastante importante monitorar as políticas após a sua
implementação. Neste contexto, as recomendações de política podem ser vistas como
hipóteses sobre a relação entre as políticas e seus resultados.
Monitoria:
Monitoria é o processo de análise de políticas usado para gerar informações sobre as
causas e consequências das políticas, porque monitoria ajuda a descrever relações de
programa entre a política de operações e seus resultados.
É a fonte primária de conhecimento sobre a eficácia da implementação das políticas.
A monitoria desempenha um papel metodológico essencial na análise política, uma vez
que é através dela que as informações sobre as acções de política são transformadas em
informações sobre resultados das políticas.
A monitoria na análise de políticas, consiste de pelo menos quatro funções principais:
observação, auditoria, contabilidade e explicação.
Para a monitoria de políticas em qualquer área específica, deve-se procurar buscar
informação relevante, fidedigna e válida.
Tipos de Resultados de Políticas
Na monitoria de resultados da política, devemos distinguir entre dois tipos deConsequências de políticas: resultados e impactos.
4Este capítulo não foi sintetizado na íntegra. Mais uma vez, recomendamos a leitura integral do capítulo em
William Dunn.
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Resultados ou Outputs (Policy Outcomes) são as mudanças nos padrões de
distribuição de recursos alocados pelos programas públicos.
Impacto das políticas referem-se as consequências/mudanças reais observáveis no
comportamento dos grupos sociais, na dinâmica da economia e no processo político em
geral, em função das políticas.
Na monitoria de políticas (resultados e impactos), é importante frisar que os grupos-alvo
não são necessariamente os beneficiários. Os grupos-alvo são as organizações,
indivíduos ou comunidades para as quais se projectam as políticas ou programas.
Por outro lado, beneficiários são os grupos para os quais os efeitos das políticas são
benéficos ou de valor.
Capítulo VII:
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE POLÍTICAS
De quê valor (utilidade) é o resultado de uma política?
É nesta questão que se fundamenta o método analítico de Avaliação de políticas. A
Avaliação preocupa-se com os “valores” inerentes aos resultados de uma política.
Portanto, a Avaliação de políticas não pode ser confundida com a Monitoria de Políticaspois, a Monitoria procura apenas produzir informação sobre os resultados de uma
determinada política e está preocupada apenas com os “factos” inerente aos resultados de
uma política (Como e Porquê esta política teve este resultado?).
A Avaliação vai para além de meros factos (resultados) para compreender a utilidade
(valor) desses resultados para a solução do problema que deu origem a política.
Mas qual é a importância da ÉTICA e dos VALORES para as Políticas públicas?Em relação a importância dos valores na Avaliação de Políticas, duas perspectivas se
contrapõem:
1. Positivismo Lógico (ou Positivismo)
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É uma linha defendida por alguns analistas de políticas que acreditam que a avaliação de
políticas devia se orientar para explicações e previsões e não para a análise de questões
éticas e de valores. Os Positivistas fazem uma rígida separação entre factos e valores
argumentando que é uma perca de tempo discutir valores pois eles são sempre sujeitos a
controvérsia e são de difícil resolução.
O positivismo lógico foi desenvolvido na Europa por volta dos anos 1920 por um grupo de
físicos e filósofos da ciência denominado Circulo de Viena que acreditava que questões de
ética e moral não são objectos adequados para a ciência. A ciência (e consequentemente a
Avaliação de políticas) devia se confinar à explicações e previsões com base na análise do
que “é” e não do que “devia ser”.
2. Pós-Positivismo
O positivismo foi abandonado na filosofia no final dos anos 50 caindo em desuso como
modelo da ciência. No seu lugar desenvolveu-se uma perspectiva segundo a qual os
analistas de políticas devem olhar criticamente a relação (e não a separação) entre factos
e valores.
É nesta perspectiva que se desenvolve o campo da Análise de Políticas, levando em
consideração (e não descartando) as questões valorativas e éticas.
Os Âmbitos de Reflexão sobre os Valores, a Ética e a Meta-ética5
1. Valores
Existem dois usos (aplicações) comuns do termo “valores”:
Valores como objectos – referem-se a qualquer coisa de interesse para aquele
que faz a avaliação (qualquer desejo, necessidade, interesse ou preferência). Ex:
eficiência. Portanto, esta é a definição mais abrangente (genérica) do termo“valores”.
5Campo filosófico de estudo do raciocínio ético.
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Valores como Critérios – referem-se as regras ou critérios de decisão aplicados
para escolher entre dois ou mais valores (ex: ratio custo – benefício). Portanto, este
conceito de “valores” é mais específico.
Estes dois usos do termo “valores” são aplicados a diferentes contextos – pessoal,
padronizado ou ideal, em que os valores emergem.
No contexto pessoal, os valores são expressos na forma de preferências, desejos e
necessidades. Ex: “Eu prefiro escolas públicas do que privadas”.
No contexto padronizado, os “valores” envolvem declarações sobre os valores
padronizados de um grupo. Ex: “O recurso aos autocarros escolares como uma forma de
integração racial é vista pela classe média como uma má política”.
No contexto ideal, a aplicação do termo “valores” envolve juízos de valor.Em suma a aplicação do termo “valores” assume diferentes nuances em função do
contexto, sendo:
- No contexto pessoal ------- a aplicação do termo traduz-se em expressões de valor;
- No contexto padronizado -- a aplicação do termo traduz-se em declarações de valor; e
- No contexto ideal – ---- a aplicação do termo traduz-se em juízos de valor.
Mas para além da distinção decorrente dos contextos, há outras importantes distinções:
Valor vs Valores – O facto de as pessoas expressarem “valores” que podemos
descrever, não implica que tais expressões de valor referem-se a coisas de valor. A
diferença entre “valor” e “valores” é perfeitamente ilustrada pela máxima de Oscar
Wilde: “Um economista é um homem que conhece o preço de tudo mas não conhece
o valor de nada”.
Valores vs Necessidades - embora “valores” possam ser uma fonte de necessidades,
“valores” não são sinónimo de necessidades.
Valores vs Normas – enquanto normas são regras de conduta aplicáveis a contextos
específicos, “Valores” são padrões de realização aplicáveis a muitos senão a todos
os contextos.
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Valoração vs Avaliação – como um processo social geral, envolvendo muitas
formas de apreciação, a avaliação distingue-se da Valoração que é um processo
especial que envolve esforços para estabelecimento dos fundamentos sobre os
quais assentam e são feitas as apreciações. Enquanto a avaliação pressupõem duas
ou mais alternativas a serem apreciadas, a Valoração justifica uma alternativa em si
mesma.
Valoração vs Prescrição – os juízos de valor, que são produto de valoração, não
podem ser confundidos com sugestões não racionais de carácter emocional,
exortações ideológicas ou formas doutrinárias de advocacia de políticas.
2.
Ética e Meta-éticaO termo ética refere-se ao estudo reflexivo da escolha moral, enquanto a Meta-ética
refere-se ao estudo da própria ética. O termo “ética” é frequentemente usado em
referência ao comportamento habitual ou costumeiro. Este uso quotidiano do termo
“ética” deriva etimologicamente do grego e do latim ethos e mores, que significam hábitos
ou costumes. É basicamente deste conceito diariamente usado que derivaram os códigos
éticos para os gestores públicos, para os planificadores e para os Analistas de políticas.
O termo “ética” tem dois significados distintos mas relacionados: ética descritiva – queenvolve a análise das descrições da moralidade costumeira; ética normativa – que
centra-se na análise, avaliação e desenvolvimento de declarações normativas que
ofereçam orientação para a solução de problemas práticos. A ética Normativa preocupa-se
com a apreciação dos critérios para a justificação das declarações éticas.
Por outro lado, a Meta-ética preocupa-se com a natureza e o significado dos postulados
normativos em geral.
3. Padrões de Conduta
Os padrões de conduta ou normas da “moralidade costumeira” que orientam o
comportamento do analista são variáveis. Essa variabilidade pode ser em parte atribuída a
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diversidade de abordagens do ensino da Ética e Valores nas escolas de Políticas públicas e
Gestão pública.
Os esforços para redução dessa variabilidade têm se baseado em diversas fontes de
padrões: valores e normas sociais incluindo equidade, honestidade e justiça. Estas fontes
de padrões podem orientar as acções do analista de políticas assim como dos cidadãos em
geral.
ÉTICA DESCRITIVA, ÉTICA NORMATIVA E META-ÉTICA
As teorias éticas podem ser convenientemente classificadas de acordo com as suas
funções:
1.
TEORIAS DESCRITIVAS – orientam-se para a descrição, classificação e mediçãoda ética e dos valores.
2. TEORIAS NORMATIVAS – orientam-se para o desenvolvimento e aplicação de
critérios para avaliar comportamentos éticos.
As teorias normativas de “valor” ou ética normativa, podem ser dividida em três grandes
tipos: ética deontológica, ética teleológica e ética prática. As teorias normativas
deontológicas defendem que certos tipos de acção são inerentemente obrigatórios (o
grego deontos significa “do obrigatório” ) ou correctos pois estão conforme algum princípioformal.
Teorias de Justiça como a de Rawls, são principalmente Deontológicas pois aplicam
princípios formais de obrigação para justificar argumentos sobre justiça distributiva.
As teorias normativas Teleológicas, pelo contrário, defendem que determinadas acções
são correctas pois resultam num bem de valor.
Portanto, as teorias teleológicas avaliam as acções de acordo com a “bondade” das suasconsequências. Uma proeminente forma de Teoria normativa teleológica e que afectou
profundamente a Análise de Políticas através da moderna economia do bem-estar foi o
Utilitarismo.
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As teorias utilitaristas clássicas de Jeremy Benthan e John Stuart Mill, defenderam que
acções correctas são aquelas que promovem o máximo de bem-estar para todos.
Os analistas de políticas que usam a análise Custo – benefício, são utilitaristas na medida
em que baseiam a recomendação de políticas no critério de maximização dos benefícios
líquidos, um critério que presumivelmente reflecte a satisfação agregada dos membros da
sociedade.
As teorias normativas práticas defendem que determinadas acções são correctas
porque obedecem a princípios, ou resultam em consequências cujo julgamento já foi
estabelecido por via de discursos ou transacções razoáveis.
3. TEORIAS META-ÉTICAS – preocupam-se com o desenvolvimento e aplicação de
critérios adicionais para avaliar as próprias teorias éticas normativas.
A função das teorias éticas normativas na análise de políticas é de responder a questão:
Com base em quê critério podemos determinar se as acções públicas são certas ou erradas?
Já a função das Teorias metaéticas é de responder a questões inerentes aos próprios
postulados éticos normativos.
A AVALIAÇÃO EM ANÁLISE DE POLÍTICAS As três classificações de teorias que vimos (descritivas, normativas e metaéticas),
oferecem uma base para a avaliação em Análise de políticas. A avaliação refere-se a
produção de informação sobre o valor ou a pertinência dos resultados de políticas.
Dizer que uma política tem valor significa dizer que ela contribui para os objectivos e
metas para as quais foi concebida.
A NATUREZA DA AVALIAÇÃO
O principal traço da avaliação é que ela resulta em argumentos de carácter avaliativo.
Portanto a avaliação tem várias características que a distinguem dos outros métodos de
análise de políticas.
1. Enfoque para “valores”
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Ao contrário da monitoria, a avaliação enfoca nos julgamentos relativos a desejabilidade
ou valor dos programas ou políticas. A avaliação é basicamente um esforço para
determinação do valor ou utilidade social das políticas ou programas. Ela inclui também a
avaliação das metas e dos objectivos uma vez que a adequação dos mesmos pode ser por
vezes questionável.
2. Interdependência factos - valores
A avaliação depende de “factos” tanto quanto de “valores”. Para declarar que uma
determinada política ou programa atingiu um alto (ou baixo) nível de desempenho, é
necessário não apenas que os resultados da política tenham “valor” para alguns
indivíduos, grupos ou sociedade como um todo, mas também que os resultados de
políticas sejam de facto uma consequência das acções levadas a cabo para resolver umdeterminado problema. Portanto, a Monitoria é uma pré-condição para a avaliação.
3. Orientação para o presente ou passado
Contrariamente aos argumentos advocativos (produzidos pela recomendação e
orientados para resultados futuros), os argumentos avaliativos, orientam-se para
resultados presentes ou passados. A avaliação é retrospectiva e ocorre após a realização
das acções (ex post). A recomendação ocorre ex ante.
4. Dualidade do ValorOs valores que fundamentam os argumentos avaliativos, tem uma dupla qualidade, pois
podem ser considerados como fins e como meios. A avaliação é semelhante a
recomendação na medida em que um determinado valor pode ser considerado como
intrínseco (um valor em si mesmo) assim como extrínseco (desejável por resultar em
outros valores adicionais).
FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO A avaliação exerce diversas funções chave na Análise de Políticas:
Oferece informação válida e credível sobre o desempenho da política ou seja, ela
diz-nos até que ponto as necessidades, valores e oportunidades foram realizadas
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por meio da acção pública, revelando o nível de alcance de determinadas metas e
objectivos de uma política.
Contribui para a clarificação e critica dos valores que fundamentam a selecção das
metas e dos objectivos. Os valores inerentes a uma política são clarificados por via
da definição e operacionalização das respectivas metas e objectivos. Por outro lado,
os valores associados a uma política, são criticados através de uma indagação
sistemática da conveniência das metas e objectivos dessa política.
Pode contribuir para a aplicação de outros métodos de análise de políticas,
incluindo a Estruturação de problemas e a Recomendação. Evidenciando a
necessidade de redefinição das metas e dos objectivos, a informação sobre um
desempenho inadequado da política (derivada da avaliação) pode contribuir para areestruturação dos problemas de política. Por outro lado, evidenciando a
pertinência do abandono e substituição de uma política, a avaliação pode também
contribuir para a definição de novas alternativas políticas.
CRITÉRIOS DA AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS
Na produção de informação sobre o desempenho de uma política, os analistas usam
diferentes tipos de critérios para avaliar resultados de política. Esses critérios já foramlevantados na discussão relativa a Recomendação de políticas:
Eficácia – é um critério que afere o alcance ou não de um resultado de política
com recurso a medição das unidades de serviço ou de bens produzidos;
Eficiência – este critério afere como o resultado de uma política foi alcançado,
com base em indicadores: unidade de custo, benefícios líquidos e ratio custo –
benefício.
Adequação – com este critério os analistas aferem em que medida o alcance deum resultado, resolve o verdadeiro problema de política.
Equidade – afere se os custos e os benefícios do programa estão equitativamente
distribuídos entre diferentes grupos;
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Capacidade de resposta – este critério afere se os resultados de política
satisfazem as necessidades, preferências ou valores de determinados grupos -
consistência dos resultados com os anseios da opinião pública.
Conveniência –
afere a pertinência/relevância dos objectivos e dos resultados de
uma política.
A principal diferença entre os critérios de Avaliação e os critérios de recomendação,
reside no momento (tempo) em que os mesmos são aplicados: os critérios de
Recomendação são aplicados retrospectivamente (ex post) enquanto os critérios para
recomendação são aplicados prospectivamente (ex ante).
ABORDAGENS DA AVALIAÇÃOConforme vimos anteriormente, a Avaliação tem dois aspectos inter-relacionados: (1) o
uso de vários métodos para monitoria de resultados de políticas e programas; e (2) a
aplicação de alguns padrões de valor para determinar a relevância desses resultados para
algumas pessoas, grupos ou sociedade como um todo.
Por que na prática muitas das suas actividades orientam-se basicamente para a produção
de argumentos factuais do que propriamente avaliativos (ou seja as actividades são não-
avaliativas), a avaliação tem sido frequentemente confundida com a monitoria e asabordagens da monitoria são erroneamente designadas “pesquisa de avaliação” ou
“avaliação de políticas”.
Para classificar o exacto significado da avaliação em Análise de Políticas, é necessário
distinguir as diversas abordagens de avaliação de políticas: (1) Pseudo-avaliação, (2)
Avaliação formal e (3) Avaliação teórica da decisão.
1. Abordagem da Pseudo-AvaliaçãoÉ uma abordagem que recorre a métodos descritivos para produzir informação fiável e
válida sobre os resultados de política, sem tentar questionar a relevância ou “valor” desses
resultados para as pessoas, grupos ou sociedade em geral.
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Na pseudo-avaliação, geralmente o analista usa uma variedade de métodos (formulação
quasi-experimental, questionários, amostragem aleatória e técnicas estatísticas) para
explicar as variações em resultados de políticas em termos de input de políticas e variáveis
processuais.
As grandes formas de pseudo-avaliação incluem as abordagens da monitoria
nomeadamente a experimentação social, a contabilidade de sistemas sociais, a auditoria
social bem como a síntese de pesquisas e práticas.
2. Abordagem da Avaliação Formal
É uma abordagem que recorre a métodos descritivos para produzir informação fiável e
válida sobre os resultados de políticas mas, avalia tais resultados na base dos objectivosprogramados da política previamente anunciados pelos fazedores de políticas ou gestores
de programas. O pressuposto básico da avaliação formal é o de que as metas e os
objectivos de políticas anunciados, constituem adequadas medidas de relevância e valor
das políticas e programas.
Na avaliação formal, o analista usa os mesmos tipos de métodos aplicados na pseudo-
avaliação e os objectivos são idênticos: produzir informação válida e fiável sobre as
variações no output e impacto de uma política, que podem ser associados aos inputs eprocessos da política.
Entretanto, a diferença é que a Avaliação formal recorre à legislação, documentos do
programa bem como entrevistas com os fazedores e gestores da política para identificar,
definir e especificar as metas e objectivos formais. Posteriormente, essas metas e
objectivos são avaliados na base de critérios de eficácia e eficiência com destaque para a
avaliação somativa e a avaliação formativa.
A AVALIAÇÃO SOMATIVA envolve um esforço para a monitoria do grau de alcance das
metas e dos objectivos formais, depois de um período de implementação de uma
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política ou programa. Portanto este tipo de avaliação formal está concebido para
apreciar os produtos de políticas e programas estáveis e bem assentes.
Pelo contrário, a AVALIAÇÃO FORMATIVA , envolve esforços para monitoria contínua
do grau de alcance das metas e objectivos de uma política ou programa.
Mas conforme se pode deparar, não existe uma grande diferença entre a avaliação
somativa e a avaliação formativa pois a principal distinção reside somente no número de
pontos no tempo, em que os resultados de política são monitorados. Enquanto a avaliação
somativa é aplicada depois de um período de implementação da política ou programa, a
avaliação formativa tende a ter um carácter contínuo.
Variedades da Avaliação Formala) Avaliação desenvolvimentista refere-se a actividades de avaliação que são
explicitamente concebidas para servir as necessidades quotidianas do pessoal
integrado num programa.
A avaliação desenvolvimentista é útil para alertar ao pessoal para as fraquezas eminentes
ou fracassos indesejáveis do programa bem como para garantir uma adequada
operacionalização do programa pelos responsáveis do mesmo.
b) Avaliação Processual Retrospectiva envolve a monitoria e avaliação de
programas após o inicio da sua implementação.
A Avaliação processual retrospectiva, que frequentemente enfoca sobre os problemas e
obstáculos da implementação de uma politica ou programa percebidos a partir de
descrições ex post facto (retrospectivas). Por isso, a Avaliação retrospectiva do processo
exige um desenvolvido sistema interno de relatório (reporting), que permita uma
contínua geração de informação relativa ao programa (ex: o número de grupos alvo, tipos
de serviço oferecidos, características do pessoal empregue no programa…).
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c) Avaliação Experimental envolve a monitoria e avaliação dos resultados sob
condições de controlo directo6 sobre os outputs e processos da política.
O ideal por detrás desta variedade de avaliação formal tem sido geralmente a “experiencia
científica controlada” na qual todos os factores que podem influenciar os resultados da
política (com excepção de um determinado input ou variável processual), são controlados,
mantidos constantes ou tratados como hipóteses rivais plausíveis.
Ora, as exigências metodológicas desta variedade de avaliação são dificilmente reunidas
de tal forma que as Avaliações experimentais não chegam a constituir verdadeiros
experimentos controlados sendo até considerados “quasi-experimentais”.
d) Avaliação de resultados Retrospectivos – envolve igualmente a monitoria e a
avaliação de resultados mas sem nenhum controlo directo sobre os inputs e
processos de política manipuláveis.
Existem duas grandes variantes da Avaliação processual Retrospectiva: estudos
transversais e estudos longitudinais.
Estudos longitudinais são aqueles que avaliam mudanças no resultado de uma política ou
programa em dois ou mais pontos (momentos) ao longo do tempo. Esses estudos ocorrem
ao longo de períodos de tempo razoavelmente longos que podem rondar até os 5 ou
mesmo 10 anos.
Por sua vez, os Estudos Transversais tentam monitorar e avaliar diversos programas em
apenas um ponto (momento) ao longo do tempo. O objectivo dos estudos transversais é
de descobrir se os outputs e impactos de vários programas diferem um do outro e se for o
caso, quê acções, pré-condições ou acontecimentos imprevistos podem explicar a
diferença.
6 Nas abordagens de Avaliação de políticas, controlo directo refere-se a capacidade dos avaliadores de manipular
directamente os níveis de despesa, a nuances do programa ou as características de grupos alvo.
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3. Abordagem da Avaliação Teórica de Decisão.
É uma abordagem que recorre a métodos descritivos para produzir informação válida e
fiável em relação aos resultados de política que são explicitamente “valorizados” por
váriosstakeholders.
A diferença fundamental entre a Avaliação Teórica de Decisão e as duas outras
abordagens anteriores (abordagem da Pseudo-avaliação e a abordagem formal), é que a
Avaliação teórica da decisão tenta clarificar e explicitar os objectivos e metas, tanto
latentes assim manifestos, dos stakeholders.
A abordagem da Avaliação teórica da Decisão constitui uma via de superação das
fragilidades das abordagens da pseudo-avaliação e da avaliação formal como:
Subutilização e não utilização da informação de desempenho
O grosso da informação produzida com base na avaliação é subutilizado ou nunca usado
para aprimorar a formulação de políticas. Em parte isto deve-se ao facto de as avaliações
não serem suficientemente sensíveis as metas e objectivos das partes interessadas na
formulação e implementação de políticas e programas.
Ambiguidade das metas de desempenho
Muitos dos objectivos de políticas e programas públicos são vagos. Isto significa que uma
meta geral pode resultar muitas vezes em objectivos específicos contrastantes. Então, umdos objectivos da abordagem da Avaliação teórica da decisão, é de reduzir a ambiguidade
de metas e tornar explícitos os objectivos conflituantes.
Múltiplos objectivos conflituantes
As metas e objectivos de políticas e programas públicos não podem ser satisfatoriamente
fixos enfocando nos valores de apenas uma das diversas partes envolvidas e interessadas.
De facto na maior parte das situações, o analista encara para a sua Avaliação, múltiplos
stakeholders com metas e objectivos conflituantes. È assim que, a abordagem da Avaliação teórica da decisão, tenta identificar esses múltiplos stakeholders e evidenciar as
suas metas e objectivos.
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ORLANDOORLANDOORLANDOORLANDO J.J.J.J. PENICELA Jr. 2011.PENICELA Jr. 2011.PENICELA Jr. 2011.PENICELA Jr. 2011. Universidade Eduardo MondlaneUniversidade Eduardo MondlaneUniversidade Eduardo MondlaneUniversidade Eduardo Mondlane. MOÇAMBIQUE. MOÇAMBIQUE. MOÇAMBIQUE. MOÇAMBIQUE 69
Existem duas grandes formas de Avaliação teórica da Decisão:
Avaliação de Avaliabilidade – é um conjunto de procedimentos concebidos para
analisar o sistema de tomada de decisão que em princípio se beneficia da
informação de desempenho e para clarificar as metas, objectivos e pressupostos na
base dos quais se mede o desempenho.
Portanto a questão fundamental da Avaliação de Avaliabilidade é se a política ou
programa pode ou não ser avaliada. Para que uma política ou programa seja avaliável, três
condições são necessárias: uma política ou programa claramente articulado; metas e/ou
consequências nitidamente especificados e um conjunto de pressupostos explícitos que
ligam acções a metas e/ou consequências. A Avaliação da Avaliabilidade contempla 5 etapas consecutivas:
1. Especificação da política ou programa;
2. Colecção de informação relativa a política ou programa;
3. Concepção de um modelo para a política ou programa;
4. Avaliação de Avaliabilidade da política ou programa; e
5. Apresentação dos resultados da Avaliação de Avaliabilidade.
Análise de Utilidade multi-atributiva – é um conjunto de procedimentos
concebidos para extrair num cenário de múltiplos stakeholders, julgamentos
subjectivos sobre a probabilidade de ocorrência e valor dos resultados de política.
Os pontos fortes desta forma de avaliação são: evidencia de forma explícita os juízos
de valor dos múltiplos stakeholders; reconhece a presença de múltiplos objectivos
conflituantes na avaliação de políticas ou programas; permite aos analistas lidar
sistematicamente com objectivos conflituantes de múltiplos stakeholders eproduz informação de maior aplicabilidade na perspectiva dos usuários
desejados.
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Os passos a serem seguidos na Análise da utilidade multi-atributiva são:
1. Identificação dos stakeholders;
2. Especificação das questões decisórias relevantes;
3. Especificação dos resultados de política;
4. Identificação dos atributos dos resultados;
5. Classificação dos atributos;
6. Escalonamento dos atributos;
7. Padronização da escala;
8. Medição do resultado;
9. Calculo da utilidade, e
10. Avaliação e apresentação da informação para os decisores relevantes.
Entretanto, nesta avaliação, a participação activa dos vários stakeholders que influenciam
e são influenciados pela política ou programa é um requisito fundamental.
METODOS DE AVALIAÇÃO
Um conjunto de métodos e técnicas podem assistir os analistas na avaliação do
desempenho de políticas. Quase todas essas técnicas podem ser usadas em conjunto com
os outros métodos de análise de políticas, incluindo a estruturação de problemas,previsão, recomendação e monitoria.
Portanto, várias técnicas podem ser usadas para mais do que um método de análise de
políticas, facto que nos faz concluir que em análise de políticas os vários métodos
(estruturação de problema, previsão, recomendação, monitoria e avaliação) são
interdependentes.
A tabela abaixo (tabela 1), apresenta as várias técnicas que cada abordagem da Avaliação
de políticas aplica. Não será feita a descrição conceptual de cada técnica porque cada umadelas já foi abordada em capítulos anteriores e em outros métodos de análise. A única
excepção é a análise da pesquisa dos utentes. Esta técnica consiste de um conjunto de
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procedimentos para colecção de informação sobre a avaliabilidade de uma política ou
programa nos utentes e outros stakeholders.
Tabela 1: Técnicas de Avaliação nas Três abordagens
ABORDAGEM
Pseudo-Avaliação
Exibições Gráficas
Exibições Tabulares
Números de índice
Análise de séries temporais interrompidas
Análise de séries de Controlo
Análise de Descontinuidade de regressão
Avaliação Formal
Mapeamento de objectivos
Clarificação de valor
Critica de valor
Mapeamento de constrangimentos
Análise de impacto Transversal
Desconto
Avaliação Teórica de Decisão
Brainstorming
Análise de Argumentativa
Técnica de Delphi
Análise da pesquisa dos utentes