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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
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¹Graduada em Ciências pela Universidade Estadual de Maringá, Campus Regional de Goioerê–Paranáe pós-graduação em Educação Matemática pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão Paraná. E-mail: [email protected] ²Professora Doutora do Departamento de Ciências Morfológicas da Universidade Estadual de Maringá–Paraná. E-mail: [email protected]
FOTOGRAFANDO A NATUREZA – OUTRO OLHAR PARA FALAR DE MEIO AMBIENTE E CIDADANIA
Alessandra Sanches Aguera Peguim¹ Sônia Trannin de Mello²
RESUMO: Este artigo apresenta os resultados de uma abordagem pedagógica em que se privilegiou a utilização da fotografia como recurso didático, com o objetivo de estimular e sensibilizar o aluno, para observar e registrar o meio ambiente que está a sua volta. Para avaliação, utilizou-se da metodologia qualitativa, envolvendo alunos do 8ºano do ensino fundamental do Colégio Estadual Dom Pedro II –Ensino Fundamental e Médio, localizado em Janiópolis, Estado do Paraná, na disciplina de Ciências. As atividades aplicadas foram: confecção de cartazes representando o meio ambiente em dois períodos históricos diferentes, organização e edição de imagens, fotografadas pelos alunos,apresentação das fotos na tv multimídia, técnica da tempestade cerebral, vídeos, caça palavras, pesquisa de fotos antigas, atividade de campo, construção de documentário. Com base nos resultados, verificou-se a colaboração no processo de aprendizado, ou seja,a eficácia da utilização da
fotografia como instrumento de educação ambiental. Podendo esta metodologia ser utilizada e adaptada para outros conteúdos e séries. A fotografia é um recurso de multimídia simples, fácil de usar de que, de forma geral, os adolescentes já fazem uso frequente, sendo ele um instrumento artístico, capaz de estimular a integração de indivíduos, com o meio ambiente, de maneira lúdica, criativa e atraente, além de proporcionar o desenvolvimento de pensamento crítico e reflexivo sobre a realidade que os cerca e de seu papel enquanto cidadão. Palavras-chave: Fotografia. Meio Ambiente. Educação Ambiental. Cidadania.
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INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta os resultados de uma abordagem pedagógica em que
se privilegiou o desenvolvimento de um trabalho utilizando a fotografia como
metodologia para discutir educação ambiental e cidadania.
O caderno temático sobre os Desafios Educacionais Contemporâneos da
Secretaria de Estado da Educação desafia os educadores a trabalharem uma
Educação Ambiental que seja crítica e inovadora. Propõe uma discussão sobre as
questões ambientais locais e mundiais, numa perspectiva política, econômica e
pedagógica, devendo o professor atuar por meio do conhecimento sistematizado,
em busca de um sujeito histórico capaz de pensar a agir criticamente na sociedade,
com vistas à emancipação e a transformação social.
Toro (1997) aponta como imperativo para uma participação produtiva no
século XXI, que as pessoas desenvolvam, além da leitura, da escrita, do fazer
cálculos e resolver problemas, a capacidade de compreender e atuar em seu
entorno social.
Todavia, observa-se que a abordagem de temas ambientais pela disciplina de
Ciências, na maioria das vezes, prioriza conceitos de ecologia e é realizada por meio
da reprodução de informações prontas. A formação de cidadãos conscientes,
responsáveis e envolvidos afetivamente com o ambiente que os cercam também
não tem sido adequadamente estimulada nas escolas.
Partindo do pressuposto de que o espaço da sala de aula não é o único local
onde se constrói o conhecimento e se aprende sobre cidadania, criar espaços
alternativos onde se possa pesquisar e produzir conhecimentos irá interferir
favoravelmente na construção de cidadãos mais atuantes, reflexivos e autônomos.
(PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO FISCAL – PNEF, 2009).
O grande fator motivador dessa produção é o desafio de inserir e manejar um
conteúdo complexo como educação ambiental, de maneira que seja possível
propiciar a construção de significados e hipóteses que favoreçam a assimilação
desse conteúdo, buscando a qualidade teórico-metodológica, direcionado ao
trabalho em sala de aula, com problematização do conteúdo, sugestão de atividades
e contextualização.
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DESENVOLVIMENTO
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica a disciplina de
Ciências tem como objeto de estudo o conhecimento científico que resulta da
investigação da natureza e que cabe ao ser humano interpretar racionalmente os
fenômenos observados (PARANÁ, 2008).
A deliberação nº04/13 estabelece normas complementares às Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, a serem desenvolvidas nas
instituições de ensino públicas e privadas que atuam nos níveis e modalidades do
Sistema Estadual de ensino do Paraná, com fundamentos na Lei Federal
nº9.795/1999, Lei Estadual nº17.505/2013 e Resolução CNE/CP nº02/2012
estabelece no art. 1º Parágrafo único.
A educação ambiental tem como objetivo o desenvolvimento de uma educação cidadã, responsável, crítica, participativa em que cada sujeito aprende com conhecimentos científicos e com o reconhecimento dos saberes tradicionais, possibilitando a tomada de decisões transformadoras, a partir do meio ambiente natural ou construído.(DELIBERAÇÃO, Nº04/13).
Costa (2010) afirma que “se o ensino de Ciências for bem feito, ajudará a
criança a compreender o mundo em que ela vive” e, ainda, para que isso aconteça é
preciso que o ensino de Ciências não seja resumido à simples transmissão de
informações.
Antunes (2002) afirma que a verdadeira aprendizagem escolar deve sempre
buscar desafiar o aprendiz a ser capaz de elaborar uma representação pessoal
sobre um objeto da realidade ou conteúdo que pretende aprender. É necessário que
a escola ensine a criança a apreender, pensar, refletir, pesquisar, estudar. E ainda
segundo o autor é essencial que nossos alunos aprendam a enxergar, sendo
necessário alfabetizá-lo, primeiro, em olhar e depois em ver. No início chega-se a
esse olhar, olhando coisas, depois se olhando, e, finalmente, olhando ideias.
Gasparin (2007) corrobora ao dizer que o educando deve ser desafiado,
mobilizado, sensibilizado; deve perceber alguma relação entre o conteúdo e sua vida
cotidiana, suas necessidades, problemas e interesses, ainda segundo o autor o
professor deve investigar o conhecimento do alunos sobre o tema a ser abordado,
saber quais as pré-ocupações que estão nas mentes e nos sentimentos dos
mesmos. Isso possibilita ao professor desenvolver um trabalho pedagógico mais
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adequado, para que os educandos se apropriem de um conhecimento mais
significativos para suas vidas.
Segundo Lopes (2011) a linguagem fotográfica nos abre muitas possibilidades
de registro, interpretação e análise da realidade. A partir da leitura das imagens
fotográficas podemos resgatar a memória e a história, elaborando um diálogo que
possibilita outro olhar e conhecimento da realidade, como nos afirma Boris Kossoy
(2002,p.42), “fotografia é memória e com ela se confunde.”
Silveira & Alves (2008, apud BARBOSA e PIRES 2011):
“acreditam que a fotografia seja um instrumento adequado a ser utilizado em trabalhos de educação ambiental. Também a identificam como uma modalidade artística capaz de estimular a integração de indivíduos com o meio ambiente de maneira lúdica, criativa e atraente, “pois o contato com a fotografia pode permitir que coisas esquecidas ou nunca vistas sejam percebidas, educando o sujeito para a imaginação e para um olhar multifacetado que vai além da imagem cristalizada que se tem naquele momento”. (BARBOSA, PIRES, 2011).
Segundo Ceccatto e Santana (2002) a busca de um maior entendimento de
seu meio ambiente não é tarefa simples tanto para alunos como docentes. A
valorização de atitudes simples, como um novo olhar sobre sua própria casa, seria
capaz de trazer benefícios tanto para vislumbrar como alertar os alunos sobre as
características básicas de seu universo. Estão em foco o seu próprio mundo e o
ecossistema em que ele está contido. Neles estão inseridos suas bases e valores.
Neste contexto, segundo os autores, a fotografia é um instrumento multimídia
simples, corriqueiro, fácil de usar e barato, capaz de capturar essas visões e trazê-
las para a sala de aula. Ao trazê-las, o aluno não está sozinho em seu mundo.
Percebe que compartilha seu universo, com pessoas diferentes, que acionam nova
interação e nova busca muito mais lúdica e interessante.
Segundo Borges et al, (2010) a educação ambiental sofre com a falta de
recursos para estar presente nas escolas de forma efetiva. A fotografia é uma
excelente opção, pois vem sensibilizar, com a beleza de seus componentes, e
ensinar por meio das informações contidas nela ou que podemos extrair do seu
conteúdo.
As aulas puramente expositivas tornam-se cansativas e, monótonas,
acabando por desmotivar os alunos a participar e interagir, convertendo-os em
meros espectadores do processo de ensino-aprendizagem. Pereira et al (2012, apud
Antunes 2002), afirmam que a atual geração requer novas ferramentas
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metodológicas, para não perder o foco do aprendizado, já que as ferramentas
tradicionais de ensino não possuem uma eficácia motivadora e dinâmica quando se
refere ao ensino-aprendizagem de Ciências.
Uma abordagem estritamente formal de ensino, que éo mais comum no dia-a-
dia escolar, interrompe várias possibilidades que possam existir para tornar a ciência
mais atrativa aos alunos (VALADARES, 2001).
Para promover uma aprendizagem significativa, e não baseada puramente na
memorização do conteúdo, Campos e Nigro (2009) elencam.
É de grande importância aquilo que a pessoa já sabe ou pensa a respeito de determinado assunto. - Encontrar um sentido supõe estabelecer relações: o que está na memória não são fatos isolados, mas aqueles que guardam relações com outros em nossa mente. - Quem aprende constrói ativamente significados. - Os estudantes são responsáveis pela própria aprendizagem.(CAMPOS E NIGRO, 2009).
Reis, Duarte e Medeiros (2011) nos afirmam ainda que experimentação deve
ser utilizada como uma das metodologias de ensino do professor no processo de
assimilação da teoria, proporcionando assim condições para a ocorrência da
aprendizagem significativa. A realização de experimentações também possibilita aos
alunos participar mais ativamente das aulas e contribuírem com seus conhecimentos
empíricos, realizando interações com o professor.
METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado na Escola Estadual Dom Pedro II – Ensino
Fundamental e Médio, envolvendo estudantes do 8ºano do Ensino Fundamental, no
período vespertino na cidade de Janiópolis – Paraná.
Para a organização da unidade didática o encaminhamento metodológico foi
descrito em seis momentos pedagógicos, descritas a seguir.
a) Introdução - Com o intuito de perscrutar o conhecimento prévio dos
alunos, foram separados em dois grupos. Os grupos receberam folhas de papel,
canetas e lápis coloridos. Foi solicitado para que os alunos produzissem um
desenho que representasse o meio ambiente em dois períodos históricos
diferentes: no ano de 1500 (descobrimento do Brasil) para um grupo e ao outro
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o meio ambiente nos dias de hoje, para que fossem levantadas e
problematizadas as concepções dos alunos sobre as características físicas e
sociais do ambiente. Na sequência, os alunos foram orientados para o
desenvolvimento de uma atividade de campo, onde deveriam tirar fotografias
que expressassem o entendimento que possuem a respeito do meio ambiente,
com o objetivo de reconhecer, no local onde moram, o espaço e as
transformações que ocorrem no meio ambiente e da relação homem/natureza.
b) Organização do material – Com as imagens trazidas pelos alunos, no
laboratório de informática, foi apresentado o programa Gimp disponível nos
laboratórios de informática da rede Estadual de Ensino do Paraná, para edição
das imagens. Terminada esta etapa, foram gravadas as fotografias em pendrive.
Em sala de aula, as fotos foram apresentadas por meio da TV multimídia, para
que os alunos compartilhassem e apresentassem suas fotos. Para auxiliar na
organização das ideias e discussões, foi planejada uma tabela para registrarem
os motivos e características do local fotografado.
c) Investigando a temática ambiental – Para iniciar a discussão sobre a
temática Meio Ambiente e Cidadania foi utilizada a técnica de tempestade
cerebral, sendo escritas, no quadro negro, a palavra MEIO AMBIENTE e
CIDADANIA; os mesmos escreviam rapidamente o que para eles significavam
essas palavras. As palavras que foram surgindo foram escritas no quadro e
após foram realizadas reflexões sobre a temática, e pesquisa em dicionário
sobre os significados de ambas. Como intuito de melhorar a conscientização e
assimilação dos termos foram apresentados vídeos e atividade de caça-
palavras.
d) Caracterização do passado – Como intuito de verificar possíveis
modificações que ocorreram ao longo dos anos em nossa cidade, os alunos
fizeram pesquisas para resgatar fotografias antigas. Na sequência foram feitos
registros, das observações feitas, das modificações ocorridas no espaço
geográfico.
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e) Atividade de campo: novo olhar - Na continuidade das atividades,
reforçou-se, com uma visita ao pátio da escola, que apresenta uma área verde.
O intuito desta atividade foi o de despertar o interesse sensorial e educá-los
para captar as distintas sensações do ambiente que está a sua volta. Atividade
realizada com roteiro previamente definido.
f) Exposição do material - Para finalizar as atividades alunos e professora
criaram documentário utilizando o programa moviemaker (ferramenta que
proporciona a junção de som, imagem e texto) com as fotografias apresentadas
durante a aplicação do projeto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação à atividade produção de desenho, que representasse o meio
ambiente em dois períodos históricos diferentes, houve dificuldades para iniciar o
trabalho, pela falta de organização de ideias e falta do hábito de se trabalhar em
grupo. Embora o desenvolvimento de atividades em grupo não seja algo inédito na
escola, percebeu-se certa dificuldade, por parte dos alunos, em corresponder, de
imediato, às solicitações. Vale ressaltar a afirmação de Carvalho et al.(1998) de que
o professor tem um papel muito importante nas atividades em grupo, durante todo o
tempo, deve estar atento ao que acontece em cada grupo, para auxiliá-lo, quando
necessário, para discutir regras de convivência e para elogiar. É um papel quase
não percebido pelos alunos, mas nem por isso, menos importante para o
desenvolvimento intelectual e afetivo da classe.
Na ilustração, caracterização do passado, os alunos representaram uma
vastidão de matas, águas limpas, muitos animais e a presença de indígenas. Na
atualidade, os alunos evidenciaram a destruição das matas, o excesso de lixo,
carros e indústrias poluidoras e a sensível modificação da paisagem em função das
alterações feita pelo homem. Esses desenhos contribuíram para problematização
inicial sobre o tema e definição do grau de compreensão que o aluno já detinha
sobre o assunto. Neste sentido, afirma Gasparin (2007)
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que o interesse do professor por aquilo que os alunos já conhecem é uma ocupação prévia sobre o tema que será desenvolvido. É um cuidado preliminar que visa saber quais as preocupações que estão nas mentes e nos sentimentos dos escolares. Isso possibilita ao professor desenvolver um trabalho pedagógico mais adequado.(GASPARIN, 2007)
Na realização da organização de material e edição das fotos, no laboratório
de informática, mesmo sendo viabilizado o programa já disponível no laboratório,
verificou-se que muitos alunos já conheciam e faziam uso de outros programas de
edição de fotos mais conhecidos por eles. A produção, edição e análise das
fotografias foram possíveis graças a atual facilidade de produtos tecnológicos: a
maioria dos alunos possuíam câmaras digitais ou aparelhos de celulares, ou os
pediam emprestados. Vale ressaltar que o uso do laboratório é limitado para o uso
com muitos alunos.
Como segunda atividade, para o momento "organização do material", os
alunos apresentaram, utilizando a TV multimídia, suas fotos, expondo o que
sentiram e o que os motivou a tirarem as fotos que representam a realidade local.
Nesta atividade, o pensamento do aluno foi enfocado como uma totalidade,
oportunizadas pelas emoções e interações com os colegas no exercício da
cidadania.
A abordagem utilizada permitiu aos alunos a explicação de seus
pensamentos. O tom do diálogo foi informal visando à descontração dos alunos,
deixando-os falar livremente, para que pudessem revelar seus pensamentos mais
espontaneamente. Para os alunos com mais dificuldade de se expressarem, foi
seguido um roteiro preestabelecido.
Segundo Pietrocola et al. (2004) “A ciência na escola deveria ser momento
privilegiado de exercitar a imaginação e com isso ser fonte de prazer permanente”.
Lidar com a imaginação acarreta emoções que permanecem vivas em nossa mente.
Afirma ainda que as aulas de ciências devem ser a ocasião para se retraçar os
passos para se reviver as emoções e sentimentos associados aos atos de criação.
Algumas delas são apresentadas nas figuras 1, 2 e 3.
Na figura 1 o aluno buscou fotografar o horizonte atrás da pastagem
verde:“quero mostrar o mais longe que meus olhos podem alcançar”. Na figura 2 a
árvore símbolo do Paraná (Araucaria angustifolia) foi retratada. Restam apenas
alguns exemplares no município e, ainda hoje, a cidade de Janiópolis ainda é
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chamada, carinhosamente, pelo nome de Pinhalzinho - “lembrei das histórias que
meu pai conta”.
Na figura 3 o objetivo da aluna foi mostrar a natureza e toda sua beleza
“quero transmitir a todos a beleza do pôr do Sol. O entardecer extremamente lindo,
os raios de sol encantadores sobre a paisagem.”
Figura 1: Horizonte Atrás da Pastagem Verde Fonte: Gean Carlos de Moraes Januario
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Figura 2: Árvore Símbolo do Paraná (Araucaria angustifolia) Fonte: Elizio Cruz Calvacante
Figura 3: A Beleza do Pôr do Sol Fonte: Vanessa Bispo de Campos
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A estratégia da técnica tempestade cerebral possibilitou ao professor retomar
a teia de relações, avaliar os avanços do estudante sobre o assunto. No momento
da exploração, houveram várias explicações como: “floresta”, “natureza”, “cidadão”,
“responsabilidade”. Esse simples exemplo mostra a riqueza de possibilidades,
pontos de chegada e partida que os alunos trazem ao contexto. Importante dar
oportunidades iguais de participação para todos. O professor deve estimular a
participação de todos. Não há certo ou errado, tudo o que for levantado será
considerado.
Na investigação de fotografias antigas que caracterizam o município,
verificou-se a necessidade de um trabalho efetivo por parte do professor para o
levantamento de fotos antigas, devido à dificuldade de acervos. Foram utilizadas
fotos em sua maioria de um site do município. Mais relevante nesta atividade foi o
trabalho de reflexão, estabelecendo hipóteses, revelando as entrelinhas na
perspectiva do contexto histórico. O importante é mostrar a relação entre o conteúdo
da fotografia e o momento em direção ao contexto da imagem, estabelecendo uma
ponte entre aquele momento e o espaço que está na imagem e o momento que o
aluno está vivendo.
A execução da atividade de campo foi planejada a partir de um roteiro pré-
estabelecido, sendo que a partir dele foram destacados os elementos do espaço e
local pertinentes para execução dessa atividade. Durante a atividade de campo,
houve momento de parada técnica para explicação e discussão sobre a realidade
observada, e registro das atividades. Na fase do pós-campo, os dados recolhidos
foram organizados com todos os alunos.
A atividade de campo possibilita uma maior aproximação com a realidade,
pois a mesma permite avistar as características físicas do local e captar as distintas
sensações do ambiente que está a sua volta. Dessa forma, tornou-se essencial que
a atividade de campo seja bem planejada, para que de fato ao longo do
desenvolvimento possam ser levantadas as questões essenciais. O professor deve
estar atento para motivar e despertar o interesse dos alunos, discutindo e fazendo
perguntas que aquecem a curiosidade.
A atividade de campo pode contribuir como atividade pedagógica, promover
nos alunos uma conscientização, ou seja, torná-los cidadãos conscientes para
praticar atitudes que possam transformar realidades.
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Com base nessa experiência, pode-se considerar que a atividade de campo
foi desenvolvida com sucesso. Os educandos apresentaram muito interesse.
Percebeu-se que a atividade prendeu bastante a atenção dos mesmos evidenciando
que o uso de metodologias embasadas em atividades praticas facilitam o
aprendizado.
Vale ressaltar o que nos diz Vianna, et al.(1994).
Se acreditamos que a escola deve formar cidadãos, ou seja, pessoas que participem das decisões sobre os destinos da sociedade, nela devemos combater a atitude de passividade diante das dificuldades. Nesse sentido, é importante que o professor, como cidadão, e a escola, como instituição educativa, realizem algum tipo de ação em defesa do meio ambiente e da qualidade de vida da população. Essas ações podem ser pequenas diante da enormidade de problemas a se enfrentar ou da força dos responsáveis pela destruição; entretanto, elas servem para mostrar aos alunos que algo pode ser feito para alterar a situação. (VIANNA et al., 1994).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo apresenta os resultados de uma abordagem pedagógica em que
se privilegiou a utilização de fotografia com recurso didático.
Essa proposta de atividade rompeu com a estrutura rígida de aulas
tradicionais numa tentativa de superação das dificuldades envolvidas no processo
de aprendizagem e mostrou-se bastante eficaz.
A Educação Ambiental é uma temática que precisa ser prática contínua em
sala de aula. Como tema dos Desafios Contemporâneos, deveria ser tratada em
todas as disciplinas, anos/séries e em todas as modalidades de ensino, uma vez que
esta forma de atividade busca despertar, no aluno e também no professor, o hábito
da observação daquilo que os cerca. Fotografar expressa o entendimento que temos
a respeito do meio ambiente, ter um olhar atento e crítico ao que ocorre no seu
entorno.
Com base nos resultados, verificou-se a colaboração da fotografia no
processo de aprendizado, ou seja sua utilização como instrumento na educação
ambiental. Demonstrou o papel da fotografia, não só na transferência de informação
mas também na sensibilização e transformação do educando como cidadão,
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tornando-os mais conscientes para praticar atitudes que possam transformar
realidades.
Nos estudos realizados durante a implementação na escola, verificou-se que
esta metodologia pode ser utilizada e adaptada para outros conteúdos e séries.
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REFERÊNCIAS
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