os desafios da escola pÚblica paranaense na … · educacionais especiais, e o desenvolvimento de...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Uma Parceria “Especial”: Integração entre a Escola de Educação
Básica Padre Jan Kosk na Modalidade Educação Especial,
empresas e comunidade.
Maria Fernanda Ferreira1 Luiz Renato Martins da Rocha²
Resumo O presente artigo faz uma reflexão sobre a importância do desenvolvimento de projetos com parcerias nas escolas de Educação Básica na Modalidade da Educação Especial, cujo objetivo geral é oportunizar atividades educativas diferenciadas por meio de projetos elaborados pelos professores. Com o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), foi possível fundamentar-se por meio de bibliografias e análise reflexiva das contribuições de teóricos sobre a elaboração de projetos, sob a perspectiva da Educação Especial o estudo buscou incentivar uma mudança de atitude dos professores para o desenvolvimento destas propostas. Para tanto, a eles foram transmitidos conteúdos através de grupos de estudo sobre os mais diversos aspectos, tanto históricos, quanto legais, e estratégias para o desenvolvimento de habilidades funcionais e conhecimentos que serão importantes para a independência produtiva dos alunos com necessidades educativas especiais, conforme suas possibilidades na vida escolar, familiar e social, com o objetivo principal de desenvolver projetos, através de atividades que podem ser: esportivas, recreação, lazer, artesanato, oficinas de leitura, canto/coral, música, dança, teatro, ludicidade, informática básica entre outros. A metodologia de pesquisa adotada foi a qualitativa, descritiva, embasada na pesquisa-ação. A pesquisa participativa sobre a elaboração de projetos envolveu vínculos entre os educadores e os alunos e a comunidade, estabelecendo um elo de conhecimento da realidade, permitindo um desenvolvimento qualitativo. Palavras-chave Educação Especial. Projetos. Formação de Professores. Parcerias.
1- INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo levar os professores das Escolas de
Educação Básica na Modalidade Educação Especial, a refletirem e avaliarem as
possibilidades formativas da realização de projetos, promovendo discussões sobre a
busca por parcerias dentro do ambiente escolar, proporcionando aos alunos
condições que favoreçam o desenvolvimento e a integração pessoal, social,
ocupacional e até profissional, com pessoas fora da escola, sejam estes: voluntários
da comunidade, clube de mães, estagiários, empresas e desenvolvidos por
1Professora Estadual do Quadro Próprio do Magistério (QPM), PDE – Turma 2013. Graduada em Geografia, Pós-
Graduada em Educação Especial/Uma Abordagem Educacional e Social e em Geografia e Meio Ambiente. 2
Licenciado em Matemática (2011) e Pedagogia (2013), especialista em Libras e Mestrando em Educação Especial pela UFSCar. Atua como Interprete de Libras na UTFPR-CP e professor da disciplina de Libras na UENP-CJ.
professores que conheçam a realidade dos alunos. Para tanto, deverão promover
ações que busquem contribuir no desenvolvimento de suas capacidades, cujo
objetivo principal é despertar algumas considerações sobre o trabalho com projetos,
de maneira dialogada e reflexiva, através de grupos de estudos, buscando assim,
através da elaboração e implementação dos projetos, intervir no cotidiano escolar de
forma planejada e corporativa, tanto para os alunos quanto para a Escola.
Neste sentido, a elaboração de projetos não precisa ser diretamente
propositiva, a intenção é, além de provocar reflexões individuais e coletivas,
incentivar os professores a trabalharem com projetos, com ou sem parcerias e, desta
maneira, sinalizar a necessidade de buscar novos caminhos, cujo foco deste
trabalho são as Escolas Especiais.
O trabalho com projetos na escola pode ter um procedimento metodológico
de ensino mais dinâmico, eficiente e motivador, proporcionando aprendizagens em
situações reais e o trabalho em cooperação. Assim, o aluno poderá:
Ao participar de um projeto, o aluno está envolvido em uma experiência educativa em que o processo de construção de conhecimento está integrado às práticas vividas. Esse aluno deixa de ser, nessa perspectiva, apenas um aprendiz do conteúdo de uma área de conhecimento qualquer. É um ser humano que está desenvolvendo uma atividade complexa e que nesse processo está se apropriando, ao mesmo tempo, de um determinado objeto do conhecimento cultural e ser formando como sujeito cultural. (LEITE, 1996, p. 28).
Ao se pensar no desenvolvimento de um projeto, temos que analisar um
problema, para assim obtermos um ponto de partida, pois é a partir das questões
levantadas nesta etapa, que o projeto pode ser organizado, visto que são as
hipóteses que direcionaram a intervenção pedagógica.
Atualmente ouvimos muito sobre a oferta da escola em período integral logo,
promover ações com vistas à permanência integral dos alunos com necessidades
educativas especiais - NEE, ou no contra turno por meio de projetos e parcerias com
empresas e/ou voluntários, seria um ponto de partida para esta efetivação. Deste
modo, a intenção deste trabalho justifica-se por percebermos que, normalmente, os
projetos desenvolvidos com parcerias vêm ao encontro das necessidades dos
alunos, a fim de que possam construir sua cidadania e se tornarem indivíduos
produtivos e participativos para o processo de desenvolvimento de sua autonomia.
Busca-se contribuir e incentivar os professores através de estratégias de ensino-
aprendizagem a serem desenvolvidas através da realização de projetos no ambiente
escolar, possibilitando também, o desenvolvimento do comportamento adequado
dos alunos para o convívio em sociedade, observando que, realizado em contra
turno, o aluno permanece na escola, já que muitos fora do período de aula, ficam
pelas ruas ou trancados em casa sem convívio social.
Professores conscientes devem estar atentos ao planejarem suas ações e
acompanharem seu desenvolvimento, tendo o compromisso de procurarem recursos
pedagógicos estimuladores aptos e que atraiam o aluno para uma participação mais
produtiva. Entende-se que uma política pública de inclusão social busca resgatar os
valores humanos de colaboração e, sobretudo, de assegurar o direito a igualdade de
direitos que, por muitos anos, foram negados às pessoas com necessidades
educativas especiais, pelas inúmeras eventualidades históricas.
2- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Justificativa do Trabalho com Projetos na Escola
As Escolas de Educação Especial devem proporcionar aos alunos condições
para favorecer o desenvolvimento e a integração pessoal, social, ocupacional e até
profissional, já que proporcionam cursos livres na educação de Jovens e Adultos.
Estes projetos devem buscar parcerias com pessoas fora da escola e desenvolvidos
por professores que conheçam a realidade dos alunos, deverão assim, promover
ações que busquem contribuir no desenvolvimento de suas capacidades,
estabelecendo limites em relação ao comportamento e incentivá-los a assumirem
algumas responsabilidades.
Neste contexto, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial do MEC
apresentam as seguintes considerações:
A construção de uma sociedade inclusiva é um processo de fundamental
importância para o desenvolvimento e a manutenção de um Estado
democrático. Entende-se por inclusão a garantia, a todos, do acesso contínuo
ao espaço comum da vida em sociedade, sociedade essa que deve estar
orientada por relações de acolhimento à diversidade humana, de aceitação
das diferenças individuais, de esforço coletivo na equiparação de
oportunidades de desenvolvimento, com qualidade, em todas as dimensões
da vida. Como parte integrante desse processo e contribuição essencial para
a determinação de seus rumos, encontra-se a inclusão educacional (MEC,
2001 p. 20).
A Constituição garante a todos o direito à educação e o acesso à escola,
não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, cor, sexo,
idade, deficiência ou ausência dela, em seu artigo 3, inciso IV: “promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.”
O Artigo 5º garante o direito à igualdade; “Todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade” (BRASIL, 1988).
O artigo 205 da Constituição Federal de 1988 esclarece que “A educação,
direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa [..].”
(BRASIL, 1988).
Sabemos que a educação é para todos, como princípio e regra geral, e
reconhecemos, no entanto, que há circunstâncias em que seguir a regra é inviável,
em virtude de situações que agravam tal procedimento, como: colocar todos os
alunos indistintamente nas classes comuns, ignorando seus comprometimentos
funcionais, isto nos remete a uma reflexão sobre a efetivação da verdadeira
integração.
Porém, a busca de alternativas que propõem um atendimento adequado a
todos deve ser amparada pela legislação de modo a assegurar-lhes a garantia de
seus direitos. A escola especial busca atender tais princípios dentro das suas
possibilidades, pois é uma busca constante de transformação, uma vez que jamais
esse processo está pronto e acabado, mas em construção, por isso a idealização de
projetos apresentados pelos professores, passa ser desenvolvido com os alunos.
No exercício de estabelecer parcerias, percebemos que mostraremos para a
sociedade e a comunidade, oportunidades aos alunos em todas as dimensões da
vida e do exercício de valores humanitários como: solidariedade e cooperação,
enfatizando que parceria é troca, é uma forma de viabilizar a educação e é um
âmbito determinante para o desenvolvimento do aluno, sem perder de vista a
intencionalidade pedagógica e a qualidade do ensino.
Abrantes (1995) menciona que um projeto é uma atividade intencional, o
envolvimento dos alunos é uma característica-chave do trabalho de projetos, o que
pressupõe um objetivo que dá unidade e sentido às várias atividades, bem como um
produto final que pode assumir formas variadas, mas procura responder ao objetivo
inicial e reflete o trabalho realizado. Num projeto, a responsabilidade e a autonomia
dos alunos são essenciais. Os alunos são corresponsáveis pelo trabalho ao longo do
desenvolvimento do projeto. Em geral, fazem-no em equipe, motivo pelo qual a
cooperação está também quase sempre associada ao trabalho.
O desenvolvimento de projetos é uma prática pedagógica que traz mudanças
significativas para o processo de ensino/aprendizagem.
“uma empreitada coletiva gerada pelo grupo-classe, na qual o professor coordena, mas não decide tudo; Uma orientação para uma produção concreta (textos, jornais, espetáculos, exposições, maquetes, experiências científicas, festas, passeios, eventos esportivos, concurso, etc.); Um conjunto de tarefas nas quais todos os alunos possam participar e tenham uma função ativa, a qual poderá variar em função de seus recursos e interesses; Um aprendizado de saberes e conhecimentos no âmbito da gestão de projetos (decidir, planejar, coordenar, etc.); Um aprendizado identificável e que conste do programa de uma ou mais disciplinas; Uma atividade emblemática e regular, colocada a serviço do programa”. Perrenoud (2003, p.13-14)
A visita de pessoas convidadas à escola, entre outras ações, pode ser um
momento em que se criam recursos para buscar respostas às questões elencadas
na problematização. Os projetos em parcerias não se inserem apenas numa
proposta de renovação de atividades e sim numa mudança de postura, o que exige
um repensar da prática pedagógica.
De acordo com os pressupostos de Pérez (2001), o professor constrói seu
conhecimento profissional refletindo na prática, sendo este legitimado no processo
de construção e reconstrução da prática educativa, realizada de forma reflexiva e
democrática. Assim, ainda de acordo com Pérez (2001, p. 191), “[...] deste enfoque
de reflexão em e sobre a ação, de investigação-ação, o conhecimento, ao incluir e
ao gerar uma forma pessoal de entender a situação prática, transforma a prática”.
As escolas especiais do Paraná estão passando por constantes modificações
para prover condições adequadas de atendimento às pessoas com necessidades
educacionais especiais, e o desenvolvimento de projetos para a formação
continuada de professores pode agir com eficiência nas mais variadas situações,
adaptando as aulas, avaliando o plano de trabalho docente e elaboração de
propostas de intervenção diversificadas que atendam às necessidades educacionais
especiais.
Segundo Libâneo (2004), para que o aluno com necessidades educacionais
especiais possa se desenvolver positivamente dentro de suas limitações, a escola
precisa apresentar um currículo adaptado e que leve em consideração as
diversidades de sua realidade educativa e ainda ressalta que:
O currículo é o conjunto dos vários tipos de aprendizagens, aquelas exigidas pelos processos de escolarização, mas também aqueles valores comportamento, atitudes que se adquirem nas vivencias cotidianas na comunidade, na interação entre professores, alunos, funcionários, nos jogos e no recreio e outras atividades concretas que acontecem na escola que denominamos ora currículo real, ora currículo oculto. Libâneo (2004, p. 173-174)
Projetos escolares com parcerias são um caminho para transformar o espaço
escolar em um espaço aberto à construção de aprendizagens. Participando de um
projeto, os alunos e professores estão envolvidos em uma experiência educativa,
integrado às práticas vividas, isto dependendo do teor do projeto. Para Sacristán
(1999), na escola, que tem sido espaço para a pesquisa, é possível visualizar uma
rede social com pontos de encontro que formam o todo, mas que guardam uma
singularidade e independência em relação ao objetivo maior, e o sentido da rede se
dá na esfera da inter-relação ou processos de interação estabelecidos entre
professores e funcionários, entre estes e os alunos, e a comunidade local que,
indiretamente, faz parte da escola.
De modo geral, o que se pretende é incentivar os professores e funcionários
das escolas, a se atentarem às variáveis possíveis de aplicabilidade dos projetos, o
que justifica sua organização abrangente e não restrita a um patamar ou mesmo a
um paradigma.
3. METODOLOGIA E CONTEXTO DA PESQUISA
Primeiramente tivemos a anuência e apoio da direção e equipe pedagógica
para o início da implementação do projeto na semana pedagógica e para
apresentação da proposta de trabalho a ser desenvolvida com os professores.
Foi organizada uma apresentação expositiva, precedida pela aplicação do
Instrumento de Investigação, da qual será detalhada abaixo:
Exposição de forma individual aos professores sobre a proposta de trabalho,
com o objetivo de sensibilizá-los e convidá-los para a participação nos
estudos e discussões que tinha como temática “projetos”;
Elaboração de slides relacionados ao tema;
Seleção de fotos relacionadas aos projetos com parcerias já desenvolvidos
pela escola;
Preparação de material e textos para leitura; os links selecionados que foram
previamente enviados por e-mail;
Contato individual com os professores para confirmação da participação na
implementação.
ABERTURA E GRUPO DE ESTUDOS POR ETAPAS:
Abertura: Apresentação da Unidade Didática com o tema: PROJETOS.
Participaram da palestra de abertura, a comunidade escolar e a comunidade
externa, estiveram também presentes na abertura as representantes do PDE
NRE/Jacarezinho. estreitando assim, a relação da escola com toda a comunidade. A
palestra de abertura foi dirigida pelo representante da Companhia Agrícola Usina
Jacarezinho – Grupo Maringá, que gentilmente aceitou o convite para relatar sobre a
experiência de parceria com a Escola de Educação Básica Padre Jan Kosk na
Modalidade Educação Especial-Abatiá/PR, e o projeto em andamento Viveiro de
Mudas: Sementes do Amanhã.
As etapas descritas abaixo se remetem àquilo que foi trabalhado com o
grupo de professores da Escola de Educação Básica Padre Jan Kosk na Modalidade
Educação Especial, nos encontros de formação sob a perspectiva da elaboração de
projetos nas escolas.
1ª ETAPA: Reflexão e diálogo sobre o trabalho com projetos na escola.
Apresentação da Unidade Didática.
É importante que o professor compreenda que os alunos, especialmente os
com necessidades educacionais especiais, aprendem em situações funcionais,
quando vê sentido na atividade que realiza, proporcionando-lhes então o
estabelecimento de um sentido pessoal com o que está aprendendo. Projetos são
elaborados para transformar uma ideia em realidade, portanto, é definir uma
proposta de trabalho e traçar linhas de ação em relação ao que desejamos alcançar.
2ª ETAPA: Diálogo sobre projetos e a proposta pedagógica da escola e texto para
leitura.
Discussões: O que os alunos e a escola priorizam? Que projetos podemos
desenvolver em uma Escola de Educação Especial? Ao elaborar um projeto,
devemos considerar a proposta pedagógica da escola e na fase de elaboração e
execução, o projeto deve levar a escola a refletir sobre sua proposta pedagógica e
buscar formas de aperfeiçoá-la.
Anteriormente a esta etapa foi enviado para cada participante por e-mail o
texto para leitura/discussão do artigo: “Pedagogia de projetos: fundamentos e
implicações”, de Maria Elisabette Brisola Brito Prado, disponível no site do MEC. O
texto trouxe a discussão sobre como interpretar a conexão entre os diferentes
cenários em que se trabalha com projetos na escola, mantendo a conformidade
conceitual entre estes, de modo que sejam refeitas novas formas de ensinar e
aprender que agregam distintas mídias e conteúdos curriculares dentro de um foco
construcionista.
3ª ETAPA: Busca por parcerias: (empresas, voluntários da comunidade,
estagiários).
Um projeto é bem elaborado quando têm os objetivos bem definidos. Com
está afirmação, algumas reflexões foram feitas para se construir um bom projeto,
dentre estas: mostrar que com a colaboração em projetos na escola, possibilitamos
aos futuros parceiros desenvolverem a prática de sua responsabilidade social,
participando da formação do educando, por meio do estabelecimento de parcerias
com a escola pública, também, fortalecer a participação demonstrando parcerias já
existentes de empresas e voluntários em projetos que complementam a ação
pedagógica da escola. Esta aproximação empresa/escola favorece o compromisso
social cada vez mais.
Lembrando que a presença da comunidade na escola é muito bem-vinda,
mas não substitui o papel do Estado, e nem as atribuições dos funcionários da
própria escola. Contar com pessoas e empresas da comunidade exige que a
parceria seja vinculada à proposta pedagógica da escola, a participação dos
voluntários precisará de objetivos e estratégias para resolver as necessidades do
projeto, os voluntários precisarão ser bem acolhidos, deverão ter conhecimento dos
que esperam deles, conquistar o apoio e o interesse.
Valorizar, estimular e divulgar ações de voluntários são atitudes que
promovem o comprometimento dos envolvidos. A escola pode fazer a emissão de
certificados que atestem a participação dos voluntários, o nome do projeto e o tipo
de atividade realizada, e outras informações. Após a leitura, os participantes
apontaram os argumentos mais relevantes e citaram outros que consideram e
julgam essenciais.
4ª ETAPA: Existem diversas maneiras de se iniciar um projeto: apresentação de
possíveis percursos:
É preciso ter em mente que nem sempre os Projetos terão a mesma estrutura, pois depende do tipo de problema que está sendo proposto, das experiências prévias do grupo e das possibilidades concretas da escola. (BARBOSA; HORN, 2008, p.55)
Os professores esclareceram dúvidas sobre o desenvolvimento de projetos,
as metas a serem atingidas com o desenvolvimento do projeto, os procedimentos a
serem utilizados, os recursos materiais necessários e obras que fundamentam a
proposta.
Foi lhes sugerido a estrutura para elaboração de Projetos de acordo com o
Programa de Desenvolvimento Educacional:
Tema / Título
Justificativa
Objetivos Gerais
Objetivos Específicos
FundamentaçãoTeórica
Estratégias De Ação
Cronograma Das Ações
Referências
Os elementos apresentados e exemplificados foram norteadores iniciais
para a elaboração do projeto, mas poderiam sofrer modificações de acordo com
as necessidades da Escola. Modelo para elaboração de projetos (ANEXO A).
5ª ETAPA: Elaboração do projeto.
Após o aprofundamento e ampliação sobre a estrutura do projeto, os
participantes trouxeram o esboço pronto do que foi esclarecido na 4ª etapa, levando
também em consideração as leituras e experiências e assim, cada qual estruturou o
seu projeto.
6ª ETAPA: Encerramento:
Organizaram-se em grupos para debates e discussões, na última etapa
como conclusão e avaliação, apresentaram um projeto que poderia ser desenvolvido
pela escola, no decorrer do ano letivo. Os participantes escolheram um
representante e um projeto para apresentar e debateram os critérios para
implementação na Escola.
A pesquisa participativa sobre a elaboração de projetos envolveu vínculos
entre os educadores e os alunos e a comunidade, estabelecendo um elo de
conhecimento da realidade, permitindo assim, um desenvolvimento qualitativo.
Como a metodologia de pesquisa adotada foi a qualitativa, descritiva,
embasada na pesquisa-ação, o pesquisador esteve envolvido no problema que
detectou e participou de sua solução. Entende-se por pesquisa-ação como uma
modalidade de intervenção coletiva, em que se busca tomar decisões as quais serão
associadas às ideias dos professores e a do pesquisador, na intenção de analisar e
refletir sobre os problemas que afligem os participantes deste processo. Os sujeitos
da pesquisa foram os professores da rede estadual que atuam na Educação
Especial, em um município de pequeno porte do Norte do Paraná.
O trabalho com projetos e a metodologia utilizada, levará os alunos a
vivenciarem novas experiências na escola e, consequentemente, na vida diária com
a comunidade. Fazendo-nos reconhecer que não há um único método ideal para
todos os educandos. Será repassado para os professores da Escola de Educação
Básica Padre Jan Kosk na Modalidade Especial – Educação Infantil Ensino
Fundamental e Educação de Jovens e Adultos da cidade de Abatiá - NRE
Jacarezinho, buscando uma aproximação adequada com as pessoas selecionadas
para o estudo.
3- RESULTADOS E DISCUSSÕES
A intencionalidade desse trabalho foi proporcionar ações educativas
diferenciadas, indicando ações e estratégias aos professores, no caso, o
desenvolvimento de projetos, permitindo novas metodologias, adaptando-as
conforme as necessidades dos alunos, visando à evolução do comportamento e
atitudes adequadas para o convívio social e também uma maior autonomia nas
atividades de vida prática.
Ao iniciarmos a apresentação da proposta do projeto, houve trocas positivas
sobre as práticas educativas, onde cada dia de trabalho foi refletido e avaliado.
Iniciamos assim, uma discussão sobre temas de projetos que iam ao encontro da
realidade da escola e dos alunos, suas necessidades e as possibilidades da oferta
do contra turno, já que enfrentamos, muitas vezes, a falta de professores, por isso a
necessidade de parcerias com empresas que disponibilizem estagiários e ou
voluntários. Seguindo os comentários realizados por Moreira (2002), a abordagem é
qualitativa, seu objetivo é ensinar as estratégias desenvolvidas pelo professor com
base nas experiências cotidianas para aplicação do projeto e refletir sobre a
importância do desenvolvimento cognitivo do educando com necessidades
especiais. Almejando, mediante atividades educativas, recreativas, esportivas ou
artísticas, desenvolver uma melhor socialização e autoestima dos alunos,
proporcionando o desenvolvimento de projetos, atividades que podem ser:
esportivas, recreação, lazer, artesanato, oficinas de leitura, canto/coral e música,
dança/teatro, jardinagem, culinária, ludicidade no apoio pedagógico, informática
básica entre outros, dentro das necessidades educativas da escola.
Com os estudos e as discussões entre equipe pedagógica e professores,
pudemos proporcionar uma visão geral dos problemas da escola,
consequentemente essas discussões nos levaram à história da educação especial,
das políticas públicas educacionais e algumas contribuições ao professor, no sentido
de como trabalhar com esse alunado. Ao mesmo tempo existe a importância de
ressaltar que não é suficiente apenas esse acolhimento, mas que o aluno com
necessidades educacionais especiais – NEE tenha condições efetivas de
aprendizagem e desenvolvimento de suas potencialidades dentro de suas
limitações, atendidas por meio de projetos que viabilizem tal aprendizado.
O estudo foi abordado em forma de discussões e investigação-intervenção a
qual, após levantamento das dificuldades observadas pelos professores e equipe
pedagógica da Escola de Educação Básica Padre Jan Kosk na Modalidade Especial,
realizaram estudos e pesquisas possibilitando a autorreflexão necessária para
elaboração de projetos. E como complementação deste trabalho aplicamos um
questionário (APÊNDICE A) para alguns dos professores participantes do grupo, via
e-mail, a fim de verificarmos a compreensão da estrutura para elaboração de
projetos e sua finalidade. Salientamos que os trechos de textos e relatos foram
autorizados pelos participantes. Todos assinaram o Termo de Livre Consentimento
Esclarecido (TECLE).
Professor 1: Os pontos positivos foram a metodologia usada pela pesquisadora, desmistificando o trabalho com projetos, mostrando assim os benefícios e ganhos dos alunos e da escola de um modo geral, foi muito valido também para nós participantes dos grupos as discussões que finalizavam os encontros.
Observamos nos relatos e nas discussões dos grupos que muitos
professores sentem-se inseguros na elaboração e implementação de projetos nas
escolas de Educação Especial, devido às dificuldades dos alunos e também dos
recursos e estrutura para elaboraram e efetivarem um projeto.
Professor 2: Considerando a necessidade e vulnerabilidade dos educandos que frequentam a Escola Padre Jan Kosk, considera-se de extrema relevância, projetos que oportunizem a eles, maior tempo de permanência na escola. Neste sentido, a intenção é desenvolver projetos culturais e esportivos, em caráter de atividade complementar curricular.
Contudo, salientamos nesta fala a importância dos estudos e análises do
currículo escolar e do projeto político pedagógico da escola, como já dito
anteriormente ao elaborar um projeto, devemos considerar a proposta pedagógica
da escola e na fase de elaboração e execução, o projeto deve levar à escola a
refletir sobre sua proposta pedagógica e buscar formas de aperfeiçoá-la. Abaixo a
professora fala sobre as leituras e as discussões nos encontros:
Professor 2: Os textos e temas abordados correlativos a pesquisas, enriqueceram o estudo, e reforçaram a importância de projetos no cotidiano da escola, o acompanhamento por parte da pesquisadora e a dinâmica com a qual se desenvolveu o projeto de pesquisa, bem como, os resultados inferem na qualidade do ensino de modo geral.
A seguir apresentamos alguns trechos das conclusões de professoras participantes
dos encontros de implementação.
Professor Vínculo Tempo de serviço Após a formação recebida, você pretende implantar
algum projeto em sua escola?
Professor
1
QPM 18 anos Sim, pretendo iniciar um Projeto de Cultivo de Plantas
Medicinais.
Professor
2
QPM 14 anos Considerando a necessidade e vulnerabilidade dos
educandos que frequentam a Escola Padre Jan Kosk,
consideram-se de extrema relevância, projetos que
oportunizem a eles, maior tempo de permanência na
escola. Neste sentido, a intenção é desenvolver
projetos culturais e esportivos, como atividade
complementar curricular.
Professor
3
QPM 9 anos Sim, sempre tive vontade de implantar um Projeto de
Contação de Histórias, visando o desenvolvimento oral
da criança de forma criativa, ofertando-as a
oportunidade de conhecimento de diversos gêneros
textuais e quem sabe desenvolver o gosto pela leitura e
a possibilidade de formação de futuros contadores de
historias.
Professor
4
QPM 18 anos Sim, pretendo. Um projeto de informática.
Quadro 1: Depoimentos dos professores participantes dos encontros. Fonte: Elaborado pelos autores.
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A partir dos resultados aqui expostos, podemos concluir que com este
estudo foi possível oportunizar uma reflexão sobre o processo de ensino-
aprendizagem, através da elaboração e aplicação de projetos com parcerias para
alunos com necessidades educativas especiais e realizar uma capacitação
profissional na área de Educação Especial, despertando motivação e envolvimento
por parte dos participantes. Através das discussões e reflexões fez-se um resgate
histórico sobre a visão da sociedade para as pessoas com necessidades educativas
especiais com o objetivo de melhor entender como se deu o processo educacional
no decorrer dos tempos até o presente momento. Nas discussões entre equipe
pedagógica e professores pudemos proporcionar uma visão geral dos problemas da
escola, consequentemente essas discussões nos levaram à história da educação
especial, das políticas públicas educacionais e algumas contribuições ao professor,
no sentido de como trabalhar com esse alunado através de projetos. Ao mesmo
tempo observamos que não é suficiente apenas esse acolhimento, mas que o aluno
com necessidades educacionais especiais – NEE tem condições efetivas de
aprendizagem e desenvolvimento de suas potencialidades dentro de suas
limitações, atendidas por meio de projetos que viabilizem tal aprendizado. Neste
sentido, a elaboração de projetos não precisa ser diretamente propositiva, a intenção
é, além de provocar reflexões individuais e coletivas, incentivar os professores a
trabalharem com projetos, com ou sem parcerias e desta maneira propõe-se a
tematizar, sinalizando a necessidade de buscar novos caminhos, principalmente nas
Escolas Especiais.
O trabalho com projetos na escola pode ter um procedimento metodológico
de ensino mais dinâmico, eficiente e motivador, proporcionando aprendizagens em
situações reais, e o trabalho em cooperação e abertura para pesquisar novas
metodologias de ensino e verificar as diversas possibilidades de aprendizagem dos
alunos. Através dos grupos de estudos, foi possível subsidiar os docentes com
estudos teóricos e reflexões com o intuito de contribuir na formação dos educadores,
bem como facilitar a interpretação da proposta pedagógicas da escola.
Além dos projetos idealizados individualmente e relatados anteriormente foram
selecionados pelos grupos para serem implementados no próximo ano projetos de
musicalização e xadrez (estudantes de Educação Física), e um multidisciplinar para
ser desenvolvido ainda neste ano, e o viveiro de mudas que já é desenvolvido e foi
melhorado após as discussões dos grupos de estudos.
Os momentos de estudos e reflexões propostos ao grupo proporcionaram
assegurar o conhecimento teórico e contribuir para a formação de uma nova
consciência sobre a prática pedagógica, nas escolas especiais. Conclui-se ainda,
que existe a necessidade de mais investimentos na formação docente e incentivo
para a realização de projetos.
5- REFERÊNCIAS
ABRANTES, P. Trabalho de projeto e aprendizagem da Matemática in: Avaliação e Educação Matemática. RJ: MEM/USU – GEPEM, 1995.
BARBOSA, M. Carmen S. e HORN, M. da Graça S. Projetos na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, Brasil, 1988.
______ Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Nacionais para a educação especial na educação básica. Brasília: MEC; SEESP, 2001. 20 p.
______ Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC; 2008. LEITE, A. Lúcia Helena. Pedagogia de projetos: intervenção no presente. Revista Presença Pedagógica. V.2, nº 8, mar./abr, 1996. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da escola: teoria e prática. 5ª ed. Goiânia. Alternativa, 2004.
MOREIRA, Daniel Augusto. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002.
PÉREZ GOMEZ, A.I. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre: Artmed, 2001. PERRENOUD, P. Sucesso na escola: só o currículo, nada mais que o currículo!
In Cadernos de Pesquisa. Fundação Carlos Chagas. São Paulo: Autores
Associados, nº 119, julho/2003, 9-27.
SACRISTÁN, J. G. Poderes instáveis em educação. Porto Alegre: Artmed, 1999.
ANEXO A – MODELO
Estrutura para elaboração de Projetos:
Os elementos apresentados e exemplificados abaixo serão norteadores iniciais para
a elaboração do projeto, mas podem sofrer modificações de acordo com as
necessidades da Escola.
Tema: a primeira providência da equipe é definir um tema para o projeto e deve
estar articulado com a realidade da escola.
Título: deve ser claro, conciso e explicativo.
Justificativa: consiste na apresentação clara e objetiva, das razões que justificam o
desenvolvimento do projeto. Por que é importante desenvolver este projeto na
escola? A equipe deve refletir sobre o motivo que faz valer a pena realizar esse
projeto.
Objetivos gerais: Definir o que a escola e professores pretendem alcançar com o
desenvolvimento do tema proposto para elaboração do projeto. O que o projeto deve
mudar na escola com diferentes métodos de ensino, modalidades de aprendizagem
e envolvimento dos alunos, com pessoas da comunidade e empresas? Que impacto
o projeto terá sobre ambiente externo à escola?
Objetivos específicos: são objetivos mais precisos e detalhados do projeto, devem
manter coerência com os objetivos gerais podem ser considerados como soluções a
ser buscadas para alguns problemas da escola.
Fundamentação teórica / revisão bibliográfica: ao definir o tema, se quiser se
basear em projeto já existente o professor deve proceder à revisão bibliográfica
relacionada ao assunto, deve procurar literatura relevante a fim de compreender a
situação atual e conhecer o que já foi produzido anteriormente as citações utilizadas
devem ser apresentadas de acordo com a normalização oficial (ABNT). É oportuno
pesquisar metodologias que foram empregadas em projetos semelhantes para
verificar sua aplicabilidade.
Estratégias de ação: diz respeito às ações a serem implementadas na escola,
especificando a abrangência do projeto na escola, os sujeitos envolvidos, o local, o
tipo de parceria se houver, e demais informações pertinentes ao desenvolvimento do
Projeto. Importante: vai contribuir para modificar os hábitos de trabalho e as formas
de aprendizagem na escola? Como será redimensionado o tempo e o espaço da
escola, de modo que atividades envolvendo professores, alunos e parceiros
(voluntários) possam ser desenvolvidos integralmente no ambiente escolar?
Observação: considerando o currículo obrigatório e não contar com salas criadas
especialmente para facilitar o trabalho colaborativo em projetos que ultrapassem o
horário escolar.
Cronograma das ações: deve estar definido o tempo necessário para execução
projeto.
Referências: As referências devem atender a (ABNT) que permitirá a consulta às
fontes de informação e autores estudados na elaboração do Projeto.
APENDICE A
Questionário Idade: Tempo de atuação: Enquadramento funcional: Vinculo: ( ) Efetivo ( ) PSS Formação: Graduação: Mestrado: Doutorado: 01 – A sugestão da estrutura para elaboração de Projetos, trabalhados nos encontros presenciais para serem implementados na escola, foi claro e compreensível? 02 – As leituras e as discussões nos encontros ajudaram para idealização de projetos? 03- Quais os pontos positivos e negativos que você elenca para um trabalho ainda mais satisfatório dos encontros grupais com a pesquisadora? 04- Após a formação recebida, você pretende implantar algum projeto em sua escola? Qual?