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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAG ÓGICA

Título: A discussão do papel da leitura na compreensão e aprendizagem matemática.

Autor Luciana Pavão

Disciplina/Área Matemática

Escola de Atuação Colégio Estadual Unidade Pólo de Ibiporã/PR

Município da escola Ibiporã-PR

Núcleo Regional de Educação Londrina

Professor Orientador Prof. Dr. Túlio Oliveira de Carvalho

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Londrina – UEL

Localização Av. Eng. Francisco Beltrão, 1005 - Centro Ibiporã – PR

Resumo: É comum, nas aulas de matemática, perceber nos alunos certo desinteresse pelas aulas ministradas, principalmente por não dominarem o conteúdo básico da disciplina. A maioria dos alunos se considera incapaz de resolver as questões propostas, sem mesmo se esforçarem para dar início a uma tentativa. Por isso, nas aulas de matemática, o professor precisa investigar diferentes métodos de ensino que favoreçam a resolução de exercícios e problemas. Feitas estas considerações, as questões objetivas que este projeto se propõe a investigar se inserem no exame da relação entre o hábito de leitura e a compreensão dos enunciados matemáticos, ou seja, se há uma relação direta entre a capacidade de leitura e a capacidade de resolver problemas matemáticos, e se os alunos compreendem a matemática apenas como número e símbolo. Pretende-se com este projeto ressaltar o papel da leitura na compreensão e aprendizagem matemática, com base em amplo referencial teórico. Tendo em vista que o foco deste estudo não está na realização de operações aritméticas, mas sim na interpretação dos enunciados, será levado em consideração em sua estratégia de ação a utilização da calculadora como recurso pedagógico; a prática da leitura e interpretação de texto; a discussão em sala. Ao final, será feito um apanhado de todo material produzido pelos alunos e comparado com a literatura levantada, para a construção e elaboração do artigo final.

Palavras-chave Matemática; Leitura; Calculadora; Resolução de Problemas

Formato do material didático Unidade Didática

Público Alvo Alunos do 6o ano do Ensino Fundamental

1 APRESENTAÇÃO

É comum, nas aulas de matemática, perceber nos alunos certo desinteresse

pelas aulas ministradas, principalmente por não dominarem o conteúdo básico da

disciplina.

A maioria dos alunos se considera incapaz de resolver as questões

propostas, sem mesmo se esforçarem para dar início a uma tentativa. Por isso, nas

aulas de matemática, o professor precisa investigar diferentes métodos de ensino

que favoreçam a resolução de exercícios e problemas.

Entretanto, para isso, precisam identificar o problema dessa falta de

comprometimento dos alunos com a matéria, o que, segundo demonstrado pela

literatura pesquisada, aponta para a falta de leitura desses alunos e,

consequentemente, de habilidade para interpretação de texto dos enunciados das

questões, principalmente quando se trata de resoluções de problemas.

Dentro desse contexto, “o professor precisa trabalhar a leitura, seja na aula

de matemática, ciências ou outra disciplina, pois, muitas vezes, o aluno não

consegue entender um enunciado de uma questão, pelo simples fato de não

compreender o que o texto diz” (ROSSAFA, 2012, p. 1436).

Alguns professores questionam o fato de “os alunos não conseguirem

empregar a operação adequada para a resolução de problemas. A justificativa

apresentada por eles é de que o aluno tem dificuldades de decodificação e

compreensão da língua escrita” (LACANALLO; MORAES; MORI, 2011, p. 167).

Vygotsky (2000 apud LACANALLO; MORAES; MORI, 2011, p. 166) também

aponta a linguagem como “instrumento mediador na constituição do pensamento por

conceitos, ressaltando o papel fundamental da escola nesse processo”.

Desse modo, o professor, como principal responsável pela organização do

discurso da aula, desempenha um papel fundamental apresentando questões,

proporcionando situações que favoreçam a ligação da Matemática à realidade,

estimulando a discussão e a partilha de ideias (LOPES, 2007, p. 23).

Avaliações realizadas por órgãos Federais, como o Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Básica (SAEB), e Exame Nacional do Ensino Médio

(ENEM), mostram que, em geral, a grande maioria dos alunos da escola pública tem

alguma dificuldade com as práticas de leitura, escrita e compreensão (SALMAZO,

2005, p. 14).

O papel da linguagem no desenvolvimento e na aprendizagem de conceitos

vem sendo objeto de estudos em Educação Matemática, especificamente no

trabalho de resolução de problemas, servindo como um eixo condutor, por envolver

a exploração das linguagens nas aulas de matemática para a compreensão de seus

significados (LACERDA; SILVEIRA, 2008, p. 2).

O aluno precisa receber estímulo para a leitura, até mesmo no momento de

escolher um livro que lhe agrade, de forma que a leitura se torne algo prazeroso e

não apenas obrigatório (ROSSAFA, 2012, p. 1441).

Feitas estas considerações, as questões objetivas que este projeto se

propõe é ressaltar o papel da leitura na compreensão e aprendizagem matemática.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Matemática

É importante compreender a trajetória da matemática, principalmente como

disciplina no currículo escolar brasileiro. Desse modo, a seguir estão elencados os

acontecimentos mais relevantes dessa trajetória:

a) século XVII: a Matemática desempenhou papel fundamental para a

comprovação e generalização de resultados. Surgiu a concepção de lei

quantitativa que levou ao conceito de função e do cálculo infinitesimal.

Esses elementos caracterizaram as bases da Matemática como se

conhece hoje.

b) século XVIII: Com a emergente economia e política capitalista, a pesquisa

Matemática voltou-se, definitivamente, para as necessidades do processo

da industrialização.

c) século XIX: o ensino da Matemática, desdobrado em aritmética,

geometria, álgebra e trigonometria, contribuiu para formar engenheiros,

geógrafos e topógrafos que trabalhariam em minas, abertura de estradas,

construções de portos, canais, pontes, fontes, calçadas e preparar jovens

para a prática da guerra.

d) século XX: legitimação da Matemática como disciplina escolar e

vinculação de seu ensino com os ideais e as exigências advindas das

transformações sociais e econômicas dos últimos séculos. Matemáticos,

antes pesquisadores, tornaram-se também professores.

Como se percebe, a Matemática trilhou um longo caminho até ser

reconhecida como uma ferramenta relevante para o desenvolvimento do indivíduo

como ser social integrante de um contexto político e econômico.

Nesse sentido, ao revelar a Matemática como uma criação humana, ao mostrar necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, ao estabelecer comparações entre os conceitos e processos matemáticos do passado e do presente, o professor tem a possibilidade de desenvolver atitudes e valores mais favoráveis do aluno diante do conhecimento matemático (BRASIL, 1997, p. 34).

Por isso, aprender Matemática é deparar-se com um mundo de conceitos

que envolvem leitura e compreensão, tanto da linguagem natural como da

linguagem matemática (LORENSATTI, 2009).

A aprendizagem da Matemática consiste então,

Em criar estratégias que possibilitam ao aluno atribuir sentido e construir significado às ideias matemáticas de modo a tornar-se capaz de estabelecer relações, justificar, analisar, discutir e criar. Desse modo, supera o ensino baseado apenas em desenvolver habilidades, como calcular e resolver problemas ou fixar conceitos pela memorização ou listas de exercícios. Com isso, a ação do professor é articular o processo pedagógico, a visão de mundo do aluno, suas opções diante da vida, da história e do cotidiano (PARANÁ, 2008, p. 45).

Com isso, pode-se afirmar que a Matemática está além de apenas operar

com símbolos, abrangendo também a capacidade de compreender, analisar, inferir,

sintetizar, significar, conceber, transcender, extrapolar, replicar e projetar.

capacidades que se apresentam na competência de leitura (PICARELLI, 2008, p.

25).

Enfim, aprende-se Matemática não somente por sua beleza ou pela

consistência de suas teorias, mas, para que, a partir dela, o homem amplie seu

conhecimento e, por conseguinte, contribua para o desenvolvimento da sociedade

(PARANÁ, 2008, p. 48).

2.2 Resolução de Problemas

No contexto em que estão inseridos os educadores matemáticos “o tema

resolução de problemas ainda gera muita discussão, na sala de aula o que direciona

a prática dos professores é ainda o livro didático e em geral os problemas que

propõem aos alunos são os que estão presentes nos manuais” (LOPES, 2007, p.

15). Nos PCNs, está claro que,

Tradicionalmente, os problemas não têm desempenhado seu verdadeiro papel no ensino, pois, na melhor das hipóteses, são utilizados apenas como forma de aplicação de conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos. A prática mais frequente consiste em ensinar um conceito, procedimento ou técnica e depois apresentar um problema para avaliar se os alunos são capazes de empregar o que lhes foi ensinado. Para a grande maioria dos alunos, resolver um problema significa fazer cálculos com os números do enunciado ou aplicar algo que aprenderam nas aulas (BRASIL, 1997, p. 32).

Entretanto, o importante não é o escolar apenas saber realizar cálculos,

resolver equações por solucionar equações, pois, é fundamental que os sujeitos

possam pensar matematicamente de modo a empregar os diferentes conteúdos

matemáticos como ferramenta do pensamento para a solução dos diferentes

problemas com os quais se deparam (LACANALLO; MORAES; MORI, 2011, p. 168).

Mesmo porque, resolver um problema pressupõe que o aluno:

a) elabore um ou vários procedimentos de resolução (como, por exemplo,

realizar simulações, fazer tentativas, formular hipóteses);

b) compare seus resultados com os de outros alunos;

c) valide seus procedimentos (PARANÁ, 2008, p. 33).

Assim, é de fundamental importância que os alunos estejam seguros na

utilização da linguagem Matemática, pois a eficiência na tarefa proposta depende

não somente da utilização do algoritmo, mas também de uma interpretação e

compreensão do texto matemático (LACERDA; SILVEIRA, 2008, p. 3).

Além disto, é necessário que o processo pedagógico em Matemática

contribua para que o estudante tenha condições de constatar regularidades,

generalizações e apropriação de linguagem adequada para descrever e interpretar

fenômenos matemáticos e de outras áreas do conhecimento (PARANÁ, 2008, p. 49).

2.3 Leitura

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE) consideram que “ler é

familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas sociais”

(PARANÁ, 2008, p. 71).

De acordo com Lonardoni (2010, p. 63),

A leitura é um processo amplo, que está relacionado ao psíquico e ao cognitivo, mas também abrange o verbal e o não-verbal, emoções, experiências, valores e tudo aquilo que envolve os indivíduos nas várias esferas da atuação humana. E, para tanto, cada pessoa serve-se de estratégias e artifícios específicos no desenvolvimento dessa atividade tão corriqueira.

Para Lacanallo, Moraes e Mori (2011, p. 170) a leitura, como uma atividade

intelectual, permite a síntese, a análise de conteúdo dos problemas, a busca de

conexões entre as soluções, os contextos e os conceitos envolvidos.

Com isso, para ler é necessário manejar simultaneamente com destreza as

habilidades de decodificação e aportar ao texto objetivos, ideias e experiências

prévias, pois só assim o leitor poderá compreender a mensagem do texto lido

(LOPES, 2007, p. 20).

Isso porque a leitura envolve dois níveis de compreensão,

Decodificação (transposição do código escrito e interpretação) e domínio dos conceitos, estabelecendo relações e conexões no texto. Tais níveis de compreensão não estão alocados em uma área do saber, mas perpassam todas as áreas. Nesse sentido, é preciso ensinar, ou melhor, propor atividades que possibilitem aos escolares ler de forma compreensiva, isto é, realizar a leitura analítica de modo que possam encadear as ideias em busca das relações necessárias para a apropriação dos conhecimentos (LACANALLO; MORAES; MORI, 2011, p. 167).

Como se percebe, se a linguagem, mais que elemento de comunicação, é,

prioritariamente, atividade de constituição do sujeito e do mundo, a leitura e a

escrita, dentro ou fora da escola não podem ser encaradas como mero instrumento.

Ler e produzir textos é tentar compreender, através da leitura e da escrita, o mundo

que nos cerca e o mundo que idealizamos (OLIVEIRA, 2006, p. 15).

Então, a leitura de textos que envolvem Matemática, seja na

conceitualização específica de objetos desse componente, seja na explicação de

algoritmos, ou ainda, na resolução de problemas, exige do leitor uma capacidade

interpretativa. Para interpretar, o aluno precisa de um referencial linguístico e, para

decifrar os códigos matemáticos, de um referencial de linguagem matemática

(LORENSATTI, 2009, p. 92).

Percebe-se assim que a leitura desempenha um importante papel para a

construção do conhecimento matemático, pois exige que o aluno busque suas

compreensões e novos significados. A compreensão de um texto pelo seu leitor

pode levá-lo a aprender algo novo sobre o texto, onde são criadas redes conceituais

que podem estar viabilizando outras características de interpretação e compreensão

dos elementos constituintes do texto, mas para isso é preciso que sejam ativados

durante este processo de leitura: questionamentos, dúvidas e discordâncias

(LACERDA; SILVEIRA, 2008, p. 4).

2.4 Interpretação de Textos

Dentro do contexto estudado, vislumbra-se que a aquisição da linguagem

possibilita a apropriação de um complexo de códigos capaz de transmitir e produzir

a experiência sócio-histórica (LACANALLO; MORAES; MORI, 2011, p. 165).

Para Foucambert (1980, p. 2) “um poema ou uma receita, um jornal ou um

romance, provocam questionamentos, exploração do texto e respostas de natureza

diferente”.

Assim, “ler exige domínio do código linguístico e do vocabulário; todavia,

mais que isto, a leitura é um processo de atribuição de sentidos e significados às

palavras” (LACANALLO; MORAES; MORI, 2011, p. 165).

Quanto mais contato se tem com a leitura, isto é, quanto mais se lê, mais aprimorada se torna a habilidade de compreensão, em razão do desenvolvimento e ampliação dos conhecimentos prévios que servirão de base para a compreensão de novas informações [...] (SPIRA; BRACKEN; FISCHEL, 2005 apud OLIVEIRA; BORUCHOVITCH; SANTOS, 2008, p. 532).

Nesse sentido, segundo Silva e Buriasco (2005, p. 504) analisar a produção

escrita de alunos em questões de Matemática contribui, entre outras coisas, para

que o professor busque entender as respostas dadas e o porquê das estratégias

escolhidas. Com essa atitude investigativa, o professor pode (re)conhecer que

conhecimentos os alunos já possuem e quais ainda estão em construção.

2.5 Relação entre Leitura e Matemática

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) são definidas

competências básicas para o ensino da Matemática. Para que algumas delas sejam

desenvolvidas, é preciso que as habilidades de leitura estejam mobilizadas. Sem

este trabalho os alunos encontram dificuldades, principalmente com relação a ler e

interpretar textos de Matemática (PICARELLI, 2008, p. 21).

Analisando os objetivos indicados pelo PCN, Salmazo (2005) identificou a

utilização de frases e palavras ligadas intimamente com o desenvolvimento de

competências relacionadas à linguagem, tanto em sua forma escrita quanto oral, ou

seja:

a) identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender

e transformar o mundo a sua volta e perceber o caráter de jogo

intelectual, característico da Matemática, como aspecto que estimula o

interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento

da capacidade para resolver problemas;

b) fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos da

realidade, estabelecendo inter-relações entre eles, utilizando o

conhecimento matemático (aritmético, geométrico, métrico, algébrico,

estatístico, combinatório, probabilístico);

c) selecionar, organizar e produzir informações relevantes, para Interpretá-

las e avaliá-las criticamente;

d) resolver situações-problema, sabendo validar estratégias e resultados,

desenvolvendo formas de raciocínio e processos, como intuição indução,

dedução, analogia, estimativa, e utilizando conceitos e procedimentos

matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos disponíveis;

e) comunicar-se matematicamente, ou seja, descrever, representar e

apresentar resultados com precisão e argumentar sobre suas conjecturas,

fazendo uso da linguagem oral e estabelecendo relações entre ela e

diferentes representações Matemáticas;

f) estabelecer conexões entre temas matemáticos de diferentes campos e

entre esses temas e conhecimentos de outras áreas curriculares;

g) sentir-se seguro da própria capacidade de construir conhecimentos

matemáticos, desenvolvendo a auto-estima e a perseverança na busca de

soluções;

h) interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente

na busca de soluções para problemas propostos, identificando aspectos

consensuais ou não na discussão de um assunto, respeitando o modo de

pensar dos colegas e aprendendo com eles.

O processo de apropriação dos conhecimentos matemáticos também é

responsável pelo aumento do vocabulário e, à medida que os conceitos são

apropriados podem ser utilizados como ferramentas psicológicas para a

compreensão da realidade. A leitura exige que o sujeito identifique informações que

lhe auxiliem a solucionar os problemas propostos (LACANALLO; MORAES; MORI,

2011, p. 167).

Ler e compreender implica decodificar, atribuir e construir significado; é um

ato interativo entre as características do texto e as do leitor (LORENSATTI, 2009, p.

96).

Para que a leitura favoreça a aquisição dos conteúdos escolares de

Matemática, o ensino de matemática deve ter uma prática pedagógica orientada

para o desenvolvimento do sentido e do significado dos conceitos matemáticos

(LACANALLO; MORAES; MORI, 2011, p. 168).

3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

O presente projeto será implementado no Colégio Unidade Pólo de Ibiporã/Pr,

tendo como público-alvo os alunos do 6o ano do ensino fundamental.

O foco deste estudo não é a operação propriamente dita, mas sim, a

interpretação do problema.

Após realizar uma reunião com a direção da escola, equipe pedagógica e os

alunos, expondo os objetivos desse trabalho assim como a maneira como será

realizado, partiremos para as seguintes atividades, lembrando que o professor deve

arquivar todas as atividades desenvolvidas para utilizar no Portfólio:

ATIVIDADE 1 : Lendo e interpretando textos

Objetivo : Refletir e analisar o texto estabelecendo relação entre os dados numéricos

e os outros elementos que o constituem.

Material: Textos matemáticos (texto de jornal/revista, gráficos). Caneta. Lápis.

Borracha. Caderno.

Procedimento:

Nesta atividade o professor separa grupos de 5 alunos. Os alunos devem ler

silenciosamente o enunciado e em seguida, elencar em uma folha o que não

entenderam no enunciado e, quais palavras não conhecem o significado.

Avaliação:

� Assimilação do que estão lendo, interpretação, uso da operação adequada,

criatividade, participação.

Tempo: 4 aulas

ATIVIDADE 2 : Telefone sem Fio

Objetivo: Prática da leitura e exercício de interpretação.

Materiais : Atividade “telefone sem fio” adaptado para “fichas” com problemas.

Caderno. Caneta. Lápis. Borracha.

Problema Problema

Para essa atividade, será realizada uma preparação para demonstrar aos

alunos na teoria e prática, como deverão resolver os problemas propostos,

trabalhando os seguintes exemplos:

1. Na Fazenda tem 3 galinhas. Cada uma tem 8 pintinhos. Quantos pintinhos tem na Fazenda?

2. São 5 ninhos de tico-tico. Em cada ninho há 9 ovos. Quantos ovos há nos ninhos?

3. Alessandra encomendou 72 salgadinhos e convidou 7 amiguinhos para o seu aniversário. Quantos salgadinhos poderá comer cada criança?

4. Vovó Lia colheu 36 flores. Resolveu arrumá-las em 6 vasos. Quantas flores vovó

colocou em cada vaso?

5. Um feirante colocou 72 maçãs em 9 caixas de modo que as caixas ficassem aproximadamente o mesmo peso. Quantas maçãs colocou em cada caixa?

6. Já li 215 páginas de um livro e ainda faltam 178 para ler. Quantas páginas tem esse

livro?

7. Juliana nasceu em 1999. Em que ano ela fará 28 anos?

� O professor fala o problema no ouvido do primeiro aluno da fila e o mesmo

passa para o próximo e assim sucessivamente. O último aluno vai ao quadro

e escreve o que lhe foi dito. O professor relata aos demais alunos o que havia

dito para o primeiro da fila e explica que a atenção, compreensão e

interpretação são os principais elementos a serem utilizados. Esse

procedimento deverá ser utilizado também nos problemas a seguir:

Problema 1: Cinco amigos foram a um rodízio de pizza. Descubra quantas fatias cada um comeu, seguindo as dicas. a) João comeu 1/3 a mais que Pedro. b) Lucas comeu 2/3 do dobro de João. c) Pedro comeu 3/5 do que Breno comeu. d) Breno comeu ¼ de 60 fatias e) Rafael comeu ½ de João.

Problema 2: Cinco amigos colecionam figurinhas. Descubra o número de figurinhas que cada um possui. a) Rui tem o dobro de figurinhas de Ari mais 8. b) Pedro tem o dobro das figurinhas de Júlio. c) Rafael tem as figurinhas de Rui, menos as de Ari. d) Júlio possui duas dúzias de figurinhas. e) Ari tem o número de figurinhas de Pedro menos 17.

Problema 3: Cinco amigos foram à loja do Senhor Pedro comprar balas para distribuir numa creche. Siga as dicas e descubra os nomes das crianças e o número de balas que cada uma comprou. a) Carina comprou o número de balas de Lucas , menos 3 dezenas. b) Leandro comprou o número de balas de Amanda, mais a quarta parte das balas

de Carina. c) Amanda comprou a metade das balas de Paulo, mais 3 dezenas. d) Paulo comprou o número de balas de Lucas, mais a terça parte das balas de

Carina. e) Lucas usa boné e comprou meio cento de balas , mais 4 dezenas.

Problema 4: Cinco amigos foram ao parque de diversão. Cada um levou uma quantia em dinheiro para andar nos brinquedos. Siga as dicas e descubra quanto cada uma levou e quem são as crianças. a) Eduardo levou R$ 20,00. b) Jane levou o dobro da quantia de André. c) André que usa boné levou a metade da quantia de Eduardo mais R$2,00. d) Laís levou um terço da quantia de Jane mais R$5,00. e) Júlio levou um quarto da quantia de Jane mais a quantia do André.

Problema 5: Leandro foi à quadra assistir ao futebol de salão. Ele gostou do time e queria saber a idade dos jogadores. Para ajudá-lo a descobrir, leia com atenção as dicas abaixo: a) Luis é o jogador mais alto do time e é 2 anos mais velho que Rodrigo. b) A idade de Breno é a idade do Caio mais 4 anos. c) Daniel é 1 ano mais velho que Léo. d) Rodrigo é o artilheiro do time, tem 13 anos. e) Caio tem 8 anos e é o mais baixo do time. f) Léo é o goleiro, é 2 anos mais velho que Caio.

Problema 6: Em 2012 os netinhos se reuniram para festejar o aniversário do vovô Geraldo. Siga as pistas para identificar a idade de cada membro desta família. a) Vovó Ester é oito anos mais nova que o vovô Geraldo que nasceu em 1928 b) Patrícia tem a quarta parte da idade da sua avó.

c) Mateus tem a sétima parte da idade de Júnior. d) Lucas tem a sexta parte da idade do seu avô. e) Junior tem a metade da idade de Lucas.

Procedimentos :

Nesta atividade o professor separa os alunos em grupos de até 5 membros,

trabalhando 1 problema por aula. É entregue a ficha ao primeiro aluno da fila com

parte de um problema. Esse aluno lê em voz alta e escreve utilizando símbolos

matemáticos. No final, um aluno do grupo vai ao quadro e resolve o problema.

Avaliação : compreensão do enunciado, conhecimentos matemáticos necessários

para resolução dos problemas, participação dos grupos.

Tempo : 14 aulas

ATIVIDADE 3 : Resolução de Problemas

Objetivo: Exercitar e avaliar o raciocínio lógico dos alunos, no contexto de

interpretação de enunciados de problemas matemáticos.

Materiais: caderno, caneta, lápis, borracha.

As seguintes questões devem ser respondidas no portfólio do grupo:

1. Uma calça jeans custa R$ 50,00. Um relógio custa R$ 25,00. Um CD de música custa R$10,00. O lanche no Shopping Center custa R$ 13,00. Caio tinha R$90,00. Indique quantas combinações Caio pode comprar, no máximo? Indique em cada combinação se resta algum dinheiro, e quanto.

2. A quadra esportiva da escola tem 200 metros quadrados de chão. O galão de tinta para pintar o piso cobre uma área de 40 metros quadrados. Quantos galões serão necessários para pintar essa quadra?

3. A esposa de Alexandre teve bebê e para receber as visitas foram feitas algumas lembrancinhas. O custo de cada lembrancinha foi de R$12,00. Se o bebê receber 38 visitas, quanto Alexandre terá gasto? Se o pai tiver comprado a quantia mínima de 50 lembrancinhas, qual terá sido o seu prejuízo?

4. A professora Luciana de matemática realizou um levantamento para saber a preferência musical dos alunos das 7a séries. O gráfico seguinte mostra o resultado obtido por ela:

0

5

10

15

20

25

Rock Pop Hip Hop Hap Sertaneja MPB

Alunos

Com base no gráfico acima é possível dizer que: 1. O estilo musical preferido pela maioria dos alunos é Hip Hop.

( ) Sim ( ) Não

2. A maioria dos alunos prefere música Sertaneja. ( ) Sim ( ) Não

3. O estilo musical preferido pela maioria dos alunos é Pop. ( ) Sim ( ) Não

4. O estilo musical menos ouvido é MPB. ( ) Sim ( ) Não

1) A tabela a seguir traz a população dos cinco municípios mais populosos do Paraná:

Municípios mais populosos do Estado do Paraná A Curitiba 1.587.315 B Londrina 447.065 C Maringá 288.653 D Ponta Grossa 273.616 E Foz do Iguaçú 258.543

Fonte: IBGE – Censo demográfico, 2000. Ao observar os dados da tabela podemos afirmar que: 1. A soma da população dos municípios B, C, D e E é maior que a de Curitiba

( ) Sim ( ) Não

2. Curitiba tem aproximadamente o triplo de habitantes de Ponta Grossa e Foz do Iguaçú. ( ) Sim ( ) Não

3. Foz do Iguaçú tem mais do que o dobro da população de Londrina. ( ) Sim ( ) Não

4. A diferença da população de Curitiba e Maringá é de 1 milhão de habitantes. ( ) Sim ( ) Não

Procedimentos:

Nesta atividade o professor separar os alunos em grupos de até 5 membros.

Distribui a atividade para cada um do grupo e após resolvê-las escreve no caderno a

estratégia utilizada. A atividade termina com o feedback do professor e entrega dos

trabalhos.

Avaliação: compreensão, estratégia, autonomia, evolução no processo cognitivo,

participação.

Tempo: 7 aulas

ATIVIDADE 4: Usando a calculadora

Objetivo : demonstrar aos alunos que o cálculo em si não é o mais importante na

resolução de problemas.

Materiais : caderno, caneta, lápis, borracha, calculadora.

Imagine que a tecla 8 de sua calculadora esteja quebrada. Qual deveria ser a

sequência de teclas para obter o resultado das operações descritas abaixo:

a) 5x8

Explique:

b) 9x8

Explique:

c) 12x18

Explique:

d) 1888:2

Explique:

Procedimentos :

Nesta atividade o professor pede para os alunos utilizarem a calculadora. Entrega a

folha com os exercícios e os alunos tentam resolver as questões explicando a

estratégia que utilizaram.

Avaliação : compreensão, estratégia, autonomia, evolução no processo cognitivo,

participação.

Tempo : 3 aulas

ATIVIDADE 5 : Mesa redonda

Objetivo: Discutir em sala com os alunos para expor a mudança alcançada na

compreensão dos mesmos, relacionado tanto a apreensão da leitura quanto a

prática matemática.

Materiais: trabalhos feitos na sala, exercícios resolvidos em casa, fotos.

Procedimentos:

� Reunir os alunos em sala, com as carteiras em formato de círculo;

� Expor os trabalhos que foram realizados;

� Distribuir um questionário para responderem;

� Tabular os resultados;

� Discutir os resultados levantados.

Avaliação: Evolução cognitiva dos alunos, participação, melhor resultado

quantitativo (notas), autonomia.

Tempo: 2 aula

ATIVIDADE 6 : Portfólio

Objetivo: Permitir que os alunos visualizem a evolução da sua aprendizagem

durante as atividades desenvolvidas.

Materiais: trabalhos feitos na sala, exercícios resolvidos em casa, fotos.

Procedimentos:

Nesta atividade o professor reúne os alunos em sala, com as carteiras em formato

de círculo. Expõe os trabalhos que foram realizados e distribui o material para que

montem o Portfólio, finalizando as atividades.

Avaliação: Participação, sociabilização, autonomia.

Tempo: 2 aula

REFERÊNCIAS

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