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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Metodologia: fator primordial no processo de ensino e
aprendizagem na produção de texto
Rosilei Barbosa da Silva Balassa Ruth Izumi Setoguti (Orientadora)
RESUMO
Este artigo apresenta a sistematização das atividades desenvolvidas no PDE. Estas tiveram origem a partir de uma problemática quanto à produção textual dos alunos do 6º ano em comparação com a do 5º ano, em Jussara. A fala de alguns professores revelava que alunos do 5º ano sabiam escrever e que os do 6º ano não. Como isto poderia ocorrer, em um ano os estudantes escreviam e no ano seguinte não? Como a falta de habilidade dos alunos para a escrita também aparece nas avaliações externas de aprendizagem nacional, revelando que estudantes saem da escola com defasagem não só na escrita, mas também em leitura e interpretação, fez-se necessário um levantamento bibliográfico em livros, revistas, sites educacionais; além de uma pesquisa sobre a forma metodológica de produção textual na escola Julita, com pedagogas e professoras do 5º ano e no colégio Senador, com professoras e em redações do 6º ano. Os dados levantados serviram para desenvolver um material didático, que após ser aplicado com os alunos do 6º ano do colégio Senador, gerou informações que foram apresentadas aos participantes do GTR, contribuindo em seu trabalho diário e aos docentes de Língua Portuguesa do colégio Senador, auxiliando-os em suas aulas e,consequentemente, nas produções textuais dos alunos. Após análise das atividades desenvolvidas, constatou-se que a aprendizagem acontece através de um ensino sistematizado que valoriza o conhecimento das disciplinas acumulados cientificamente e metodologias que permitam que o conteúdo seja aplicado várias vezes de forma diversificada e interdisciplinar.
Palavras-chave: Ensino.Metodologia.Produção textual.Reescrita.
1- INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo apresentar a sistematização das atividades
realizadas durante a participação da autora deste no PDE- Programa de
Desenvolvimento Educacional. Tais atividades são abordadas nos itens: 2.2.1- o
Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, 2.2.2- a Produção Didático-
Pedagógica,2.2.3- a Implementação do Projeto Pedagógico na Escola e 2.2.4- as
contribuições advindas das discussões do Grupo de Trabalho em Rede- GTR.
O tema escolhido foi "Metodologia para a produção de texto no 6º ano do Ensino
Fundamental", o qual deu origem ao título deste artigo e às demais produções
"Metodologia: fator primordial no processo de ensino e aprendizagem na produção
de texto". A linha de trabalho seguida foi a "Organização do trabalho pedagógico na
escola” que possibilita ao pedagogo visar a formação de docentes, práticas
docentes, uso e produção de materiais didático-pedagógicos como recursos de
ensino e aprendizagem.
A realização das atividades desenvolvidas no PDE se justificou a partir de uma
problemática que se originou de comentários de professores de Língua Portuguesa
do Colégio Estadual Senador Moraes de Barros- Jussara/Paraná- sobre a escrita
dos estudantes do 6º ano - “os alunos não sabem escrever”; em contraste, com os
comentários de professores do mesmo estabelecimento de ensino, que também
lecionavam na Escola Municipal Julita Alves Soares, do mesmo município, e que
afirmavam a respeito dos discentes do 5º ano que “a maioria dos alunos sabe
escrever”. Mostrando que alunos da 4ª série/ 5º ano apresentavam considerável
habilidade para escrever e que ao chegarem na 5ª série/6º ano o domínio já não era
o mesmo; pela manifestação do desejo de docentes em querer
metodologias/estratégias para trabalhar a produção textual e pelos resultados dos
alunos de Jussara na Prova Brasil nos anos de 2007, 2009 e 2011.
Se analisarmos os dados do desempenho médio de alunos brasileiros no SAEB1,
na Prova Brasil2, no ENEM3 e no PISA4, verificaremos que este problema não é só
do município de Jussara, mas de todo o território brasileiro, revelando que a falha
não está só na escrita, mas também na leitura e na interpretação. Por isso, esta
produção leva em consideração a leitura e elegeu-se o gênero Lendas para dar
suporte ao trabalho.
2- DESENVOLVIMENTO
2.1- Revisão de literatura
A escrita ocupa um lugar importantíssimo na conservação, na transmissão e na
evolução do conhecimento. Ela é realmente uma grande invenção humana, talvez a
maior delas, como diz Maria Regina Maluf (2003) na apresentação do livro
Metalinguagem e Aquisição da Escrita. Por intermédio dela é possível registrar a
1 SAEB, Sistema de Avaliação da educação Básica, criado em 1990, é aplicado a cada dois anos para avaliar o
Ensino Fundamental e Médio. 2 Prova Brasil, avalia o rendimento escolar de alunos da 5ª e 9ª ano, nas disciplinas de Língua Portuguesa e
Matemática; foi criada em 2005. 3 ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, criado em 1998.
4 PISA, Programa Internacional de Avaliação de Estudantes.
história de um povo nas formas mais diversas, desde a informação até a emoção.
Conhecer a escrita e dominá-la é fundamental, no entanto, pesquisas mostram que
muitos dos estudantes brasileiros não a utiliza com adequação.
Uma publicação de O Globo (RJ), de 7/11/2011, mostra que mais de 40% dos
alunos matriculados na rede pública e privada no Rio de Janeiro e São Paulo não
sabem escrever ao terminar as séries iniciais do Ensino Fundamental. Esta
realidade não se aplica só a esses estados, mas a todos os outros do país. O Globo
publicou também, neste mesmo ano, que alunos concluintes do 3º ano do ensino
fundamental, em todas as capitais do país, foram submetidos à Prova ABC5 o
resultado apontou que 43,9% dos alunos não atingiram o esperado em Leitura e
46,6% dos estudantes não atingiram o esperado em relação à Escrita.
Atrelado à discussão dos resultados dos alunos obtidos na Prova ABC e Prova
Brasil está o questionamento sobre os possíveis motivos que levaram os estudantes
brasileiros a tão baixo desempenho em leitura e interpretação de textos. Uma das
explicações para isso é a má formação dos professores. Gustavo Ioschpe (2012)
comenta em seu artigo “A utopia sufoca a educação de qualidade”, que em geral o
professor é despreparado. Eunice Durham (2008), ex-secretária de política
educacional do MEC e professora da USP, diz: “As faculdades de pedagogia
formam professores incapazes de fazer o básico”. Nessa mesma perspectiva, Maria
Helena Guimarães de Castro (2008), ex-presidente do INEP, comenta: “A falta de
professores preparados para desempenhar a função é afinal um mal crônico do
sistema educacional brasileiro”. Alguns desses aspectos são abordados também
por Schwartzman6, em seu livro Equidade e Qualidade da Educação Brasileira,e
ainda reafirmados por João Batista Araújo e Oliveira, em seu artigo Analfabetismo
escolar publicado em 2007 na revista Braudel Paper.
5 Prova ABC - ( Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) Criada em 2011 tem como
objetivo avaliar a alfabetização e o conhecimento matemático das crianças no ensino brasileiro. A formulação desta prova é uma iniciativa do movimento Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Cesgranrio, Instituto Paulo Montenegro/Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). 6SCHWARTZMAN, Simon. Doutor em Ciências Políticas pela Universidade da Califórnia foi professor da
USP, presidente do IBGE e é autor de vários livros.
[...] falta um sistema robusto para formar atrair e manter bons professores, programas de ensino, escolas com autonomia, diretores com autoridade e conseqüência pelos resultados. Não é mistério adivinhar as causas do fracasso escolar, quando professores mal formados trabalham em escolas onde não há programas de ensino e idade certa para alfabetizar, os diretores não têm autonomia, os materiais são inadequados, e, sobretudo, onde não há consequência, exceto para o aluno que fica sem aprender [...] (OLIVEIRA,2007, p.14)
Para os autores acima, são as questões administrativas, a formação precária do
professor, a metodologia, o material didático, a remuneração do docente, o espaço
físico que influenciam direta ou indiretamente na formação dos alunos. Esta
influência aparece nos resultados negativos das avaliações do 9º ano do ensino
fundamental. Mas a origem do despreparo no domínio da escrita e da leitura do
aluno começa na alfabetização, e em efeito dominó chega ao Ensino Médio. “Há
inúmeros jovens chegando ao Ensino Médio sem saber ler e escrever direito”,
segundo João Batista de Araújo e Oliveira(2007, p.14).
Para compreender como se chegou a essa situação é necessário relembrar alguns
dos ensinamentos de alfabetização, que foram difundidos nas décadas de 1970 e
1980. Esses “sugeriam que ler era um processo tão natural quanto falar (apud
Grupo de Trabalho, p. 30, SMITH, 1971, 1973) e, que bastava colocar a criança em
contato com os textos escritos para que ela aprendesse a ler. José Morais7, com
base em evidências mais atualizadas, em seu livro Criar Leitores para professores
e educadores (2013), destaca as consequências negativas dessas ideias
naturalistas aplicadas à alfabetização infantil. Ou seja, deixadas por si só,as crianças
não descobrem espontaneamente o princípio alfabético:
Há pouco mais de trinta anos, ainda se acreditava que, pelo simples fato de a criança ser confrontada com sequências constituídas de letras, ela se tornaria, pouco a pouco, consciente dos fonemas. Que não haveria necessidade de ajudá-la a analisar as expressões da fala em fonemas. Segundo essa ideia, bastaria dar à criança palavras escritas, textos, e ela, por si mesma, acabaria por encontrar seu caminho. Contudo, muitos estudos mostraram, sem deixar quaisquer dúvidas, que essa ideia é errada. A simples exposição ao material escrito não é suficiente para que a criança descubra o princípio alfabético (MORAIS,2013, p.36)
Para entender a origem filosófica da concepção naturalista em alfabetização, João
Batista Araújo e Oliveira em seu artigo: Lereis como Deuses: a tentação da proposta
7 MORAIS, José – professor da Universidade Livre de Bruxelas (ULB), Bélgica.
construtivista (2006) busca-a no ideário progressista, o qual se desenvolveu em
várias vertentes no âmbito da educação.
Para as correntes progressistas, o “progresso” e o “novo” iriam “libertar” o indivíduo,
o aluno dos grilhões representados pelo “passado”, pela “opressão” que foram
identificados com a autoridade, o currículo, o professor, a gramática, o conteúdo, o
livro didático e até a escola. Seguindo esse mesmo raciocínio, o ideário progressista
entende que todo saber constituído assim como as instituições são perversos,
cabendo à criança a descoberta do próprio conhecimento. Influenciado pelas ideias
de progresso, o construtivismo preconiza que a criança deve descobrir o código
alfabético. Neste mesmo artigo aparece a vertente proposta pelo naturalismo
linguístico de Benjamin Goodman e Frank Smith que apresentam a lógica: falar é
natural, compreender é natural, portanto, ler e escrever são naturais. Assim, tudo
que a criança precisa é de um contexto social falante.
Esta orientação teórica no campo da alfabetização infantil perdurou décadas, apesar
de ser ineficiente. A utilização desses métodos resultou, na prática, no fracasso da
alfabetização de muitas crianças em vários países. Dentre estes países estão os
Estados Unidos que, em 1983, publicou um importante relatório intitulado A Nation
at Risk, no qual demonstrou o fracasso do método de alfabetização baseado nas
teorias construtivistas.
Para que haja aprendizagem na escrita, leitura e interpretação, é necessário a
presença do aluno na escola, para que o mesmo possa ter contato com estes itens,
por meio de um ensino sistematizado.
A escolha do método de alfabetização pode fazer toda a diferença no ensino da
leitura e da escrita, por isso, é necessário considerar os fatos registrados nas
produções literárias, no que se refere à alfabetização. Em 2002 foi publicado o
artigo Alfabetização e construtivismo: um casamento que não deu certo de João
Batista Araújo Oliveira, comentando sobre os resultados negativos do método para a
alfabetização. Este artigo foi recebido pela comunidade acadêmica com um enorme
silêncio. No mesmo ano publicou-se o livro - Alfabetização: método fônico por
Alessandra e Fernando Capovilla. Neste livro, eles resumem os resultados de suas e
de outras pesquisas, apresentando uma proposta de alfabetização pelo método
fônico8. O livro foi lido por várias pessoas, mas não proporcionou debates
significativos para a mudança do método de alfabetização em vigor no Brasil.
Ainda segundo Oliveira, em 2005 Johnston e Watson publicaram um estudo
apresentando o método fônico como o mais recomendado para a alfabetização por
autoridades da Inglaterra, Irlanda e País de Gales.
Aos poucos o método fônico ganhou o seu lugar entre os membros da comunidade
acadêmica e a alfabetização em muitos países passou a ser planejada através dele.
Mas, em relação ao Brasil, João Batista Araujo e Oliveira comenta:
A mera introdução deste método dificilmente resolverá os problemas da alfabetização no Brasil. A forma como a questão continua sendo tratada pela comunidade acadêmica e pelas autoridades, em nosso país, não revela apenas ojeriza por esse ou aquele método, mas sim o desconhecimento e o desprezo pelos conhecimentos científicos sobre a psicologia cognitiva da leitura. É o triunfo da ideologia sobre a razão (2006, p.174)
Por isso, é preciso uma mudança de postura de alguns membros da comunidade
acadêmica e de algumas das autoridades em relação à alfabetização no Brasil.
Ao pensar em alfabetização, não é possível separar a escrita da leitura, segundo
José Moraes “[...] A escrita está associada à leitura desde o início do processo de
aprendizagem. Escrever as letras ajuda a conhecê-las, a discriminá-las umas das
outras e a identificá-las [...]” (2013, p.102).
Escrita e leitura estão juntas, dominar o seu funcionamento é ter a oportunidade de
existir na sociedade como ser que é sujeito agente, que entende o seu meio, que o
transforma através das informações adquiridas por meio de leitura e, muitas vezes,
organizadas pela escrita. Elas têm papel importante no desenvolvimento do
indivíduo. Para adquirir competência em ambas é preciso uma forma certa para se
ensinar desde a alfabetização. Estudos mostram que o método fônico é o mais
adequado para se alfabetizar as crianças:
8O Método fônico - é classificado por José Morais como método de ensino da leitura baseado na explicitação e
instrução do princípio alfabético, das correspondências grafema-fonema e das outras correspondências grafofonológicas.
Existe uma evidência cada vez maior, no entanto, vinda tanto das análises sobre os resultados do uso dos diferentes métodos quanto da neurologia, que mostra a superioridade dos métodos mais tradicionais, fônicos, sobre os de tipo integral. O que se sabe hoje é que a aprendizagem da escrita requer uma “consciência fônica” que não é aprendida de forma natural como a linguagem oral, mas requer um treinamento sistemático, mais fácil de ser realizado com crianças do que com adultos [...] (SCHWARTZMAN, 2008, p.30)
O que está posto na citação, além da superioridade do método fônico, é o que se
observa no dia a dia escolar; uma dificuldade em se trabalhar a escrita com alunos
que já estão deixando de ser criança, mas que ainda não dominam o funcionamento
de ler com fluência e escrever com coerência. Apresentam uma escrita marcada
pela oralidade, com problemas na grafia e na exposição das ideias. Muitos alunos
não dominam as regras da linguagem formal, utilizada na Língua Portuguesa em
alguns tipos de textos. Eles chegam ao 6º ano do Ensino Fundamental e se deparam
não com um tipo de texto que não conhecem, mas com vários.
Além da questão da escolha do método para a alfabetização, que passa pela
comunidade acadêmica e pelas autoridades, também tem a forma de aplicação
deste método. Existe um processo cognitivo a se considerar.
Aprender a escrever segue um processo, começa na alfabetização com o
conhecimento das letras e seus sons; avança para o relacionamento destas letras
entre si e o significado que estas junções podem ter, formando palavras. A escrita
inicia-se com o aprendizado da leitura. Este processo deve estar ligado com a
presença do indivíduo no ambiente escolar. Neste local, ele terá contato com um
ensino sistematizado que lhe proporcionará ou não a capacidade de escrever com
competência, dependendo da forma que os símbolos gráficos lhe são apresentados
e a partir do entendimento sobre a maneira que estes se relacionam, formando
frases, orações, períodos e textos.
Quando a criança chega à escola, traz consigo a linguagem oral impregnada de
traços culturais. Ela representa, quase sempre, uma forma coloquial de falar que é
transferida para a escrita, após a mesma entender como se utiliza este tipo de
linguagem. É no ambiente escolar que o estudante vai, aos poucos, tendo contato
com a linguagem formal e compreende que escrever exige o domínio de regras. A
escrita é uma atividade complexa, exige não só o domínio da grafia das letras, mas
o conhecimento das suas relações, inclusive ter noção que ao escrever uma letra de
forma equivocada é possível mudar totalmente o sentido do que estamos
escrevendo, como é o caso, por exemplo, da palavra “lazer”; se a grafia fosse feita
com /s/ no lugar do /z/ a palavra mudaria o sentido. Passaria de “tempo livre,
descanso, folga para feixe de luz”, o que significa um erro da grafia e do sentido no
contexto em que a palavra foi utilizada.
Como diz Morais “a escrita do português é muito mais complexa do que a sua
leitura” (2013, p.60). Por isso, cabe ao professor ter conhecimento desta
complexidade e domínio da utilização das regras da Língua Portuguesa para poder
ensinar o aluno à linguagem escrita passo a passo.Segundo José Morais:
[...] é dever do professor ter um conhecimento completo e preciso das regras do código ortográfico da sua língua [...] quem ensina a escrever, o não conhecer as regras não lhe permite nem organizar adequadamente os exercícios de aprendizagem nem fornecer uma explicação(correção inteligente) ao aluno que escreve com erros (2013, p.60).
O professor, ao ensinar a escrita para os alunos, deve também considerar o gênero
que está ensinando. No caso deste trabalho, o gênero escolhido para dar suporte as
atividades da implementação do projeto, é Lenda.
GÊNERO TEXTUAL: lenda
LENDA: segundo as informações do livro Usando textos na sala de aula: tipos e
gêneros textuais de João Batista Araújo e Oliveira e Juliana Cabral Junqueira de
Castro "tenta explicar, de forma sobrenatural, os eventos naturais, o que ocorre no
mundo, na natureza, ao longo da vida dos povos e das pessoas” (2008, p.74). Ela
segue a seguinte organização: ambiente, personagens, ações, enredo, conflito e
tema.
É necessário considerar também a coesão e a coerência textual. Dominar os
elementos gramaticais que dão ao texto a coesão e a coerência textual faz toda a
diferença. Ter este conhecimento é saber como a estrutura da língua funciona.
Coesão são elementos que fazem a ligação interna das partes do texto. Ligações
entre palavras na frase, destas nos parágrafos e destes uns com os outros. Já a
coerência é a relação entre o todo e as partes do texto. Segundo João Batista e
Juliana Cabral um texto é coerente quando" faz sentido e quando suas partes têm
relação com o todo, com a intenção do autor [...]” (2008, p.18).
Em coerência observa-se a organização das ideias, a estrutura que elas
aparecem, se atende ao gênero utilizado; a relação entre o “tema-audiência-
objetivo”, o tema não pode se perder durante o texto; e a temática- as partes
devem estar ligadas ao tema.
A coesão é feita através de elementos linguísticos que realizam a ligação
estabelecendo relação entre as palavras, parágrafos e o todo do texto. Isto é feito
com elementos do tipo referencial e sequencial que se dividem em recurso de
substituição, reiteração, temporal e por conexão. Estes podem ser: pronomes,
verbos, advérbios, numerais, repetição lexical, sinônimos, hipônimos, hiperônimos,
encadeamento, elementos indicadores de tempo, tempos verbais, conjunções e
preposições.
Outro fator a ser considerado é a reescrita.A reescrita é a última etapa da
produção textual. Para se chegar a ela entende-se que o aluno tenha passado por
outras duas fases. São elas: a pré-escrita (inclui todo o procedimento anterior à
escrita – entendimento prévio, oferecido de diversas formas pelo professor, sobre: o
gênero, noções de coesão e coerência, a organização das ideias, as anotações...) e
a escrita– momento que o discente registrou as ideias de acordo com o gênero
escolhido, demonstrando o conhecimento adquirido sobre o assunto tratado.
A reescrita é um momento importantíssimo na produção textual e de reflexão para o
aluno. Por isso, durante esta etapa, o professor deve acompanhar o estudante e
levá-lo a analisar a sua produção. O docente conduz o aluno, através de várias
leituras do texto produzido, a entender se os mecanismos por ele utilizados são
adequados ao tipo de texto que deveria produzir. Este acompanhamento possibilita
que o estudante consiga verificar se a linguagem utilizada atende às necessidades
do gênero textual escolhido; se suas ideias estão registradas, se a progressão de
ideias está garantida por elementos de coesão e coerência, se existe problema de
pontuação, letra maiúscula e minúscula, concordância verbal ou nominal e
ortografia. Isto deve acontecer em várias etapas, em cada leitura verifica-se um
item escolhido. A reescrita textual pode acontecer de forma individual ou coletiva.
Durante o processo da reescrita, o professor deve estar muito atento aos alunos
verificando se os mesmos estão acompanhando e entendendo o conteúdo que está
sendo realizado. Esta atenção é fundamental, uma vez que os alunos do 6º ano não
possuem, ainda, a habilidade para realizar esta atividade sem o auxílio do professor.
À medida que os alunos repetem esta atividade em várias produções, vão
adquirindo gradativamente novas habilidades. Com o auxílio do professor, durante a
reescrita, o aluno tem a oportunidade de adquirir normas, entender melhor o gênero
e conseguir competências que o auxiliarão em próximas produções
2.2- Metodologia/ Resultados/ Discussão
2.2.1- O Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola
Na formulação do projeto foi desenvolvida uma pesquisa sobre metodologia para a
produção de texto. Esta foi feita em livros, revistas, sites educacionais, na Escola
Municipal Julita Alves Soares - com pedagogos e professores do 5º ano, em
produções de texto dos alunos do 6º ano do Colégio Estadual Senador Moraes de
Barros e com professores.
Durante as pesquisas feitas em sites educacionais, pode ser observado uma
diferença no desempenho mínimo esperado dos alunos do 5º ano (ensino municipal)
e 9º ano (ensino estadual), no que se refere à leitura e à interpretação de textos.
Este fato foi detectado ao observar os dados registrados pela Prova Brasil, no
período de 2007, 2009 e 2011. A porcentagem dos alunos com desempenho mínimo
foi para a 4ª/5º ano em 2007 >24%, 2009 > 46% e 2011> 60%. Já para 8ª/9º ano
em 2007 >13%, 2009 >18% e 2011> 14%.
Os percentuais de alunos que alcançaram aprendizado esperado, mostram um
ensino municipal que no decorrer dos anos apresenta um avanço na qualidade da
aprendizagem dos alunos de 4ª série/5º ano. Já em relação aos alunos da 8ª
série/9º ano, o avanço não é detectado nesta proporção. Vale lembrar que os
discentes da 8ª série/9º ano são do colégio. De 2007 para 2009 aparece um
aumento mínimo na porcentagem da aprendizagem – de 13% vai para 18%, para
em 2011 cair para 14%.
Os dados mostram um avanço significativo na média da qualidade do ensino em
Jussara no Ensino Fundamental séries iniciais, com relação à leitura e à
interpretação textual. No entanto, este avanço não se sustenta nas séries finais.
Conforme os alunos prosseguem nos estudos, a fragilidade da formação desses se
revela. Os conhecimentos ministrados nas séries e anos mais avançados vão se
tornando cada vez mais complexos, exigindo competências cognitivas mais
fundamentadas, e por isso, surge um aumento significativo de estudantes com
enormes dificuldades de aprendizagem.
2.2.1.1- Escola municipal Julita Alves Soares
A entrevista com três professoras do 5º ano foi realizada para verificar qual é a
metodologia utilizada por elas na produção de texto que justificasse a frase "a
maioria sabe escrever". A mesma se estendeu a duas pedagogas. Isto foi feito para
diagnosticar possíveis ideias pertinentes a implementação do projeto.
Ao conversar com as pedagogas do município, foi possível perceber que a evolução
do desempenho dos alunos, na leitura e na interpretação presente nos índices e que
também aparece na produção textual é proveniente de um trabalho de exploração e
interpretação utilizando vários gêneros textuais: jornal, revista, história em
quadrinhos, dentre outros que facilitam a produção dos estudantes.
Durante as pesquisas feitas com as professoras foi verificado que os alunos estão
em processo na aquisição da estrutura textual. Por isso, apresentam dificuldades na
sequência lógica, começo-meio-fim; discurso direto e indireto; pontuação; ortografia;
troca de letras e às vezes não conseguem ler o que escreveram. O trabalho textual
feito com os alunos do 4º ano inicia-se com o texto sendo produzido pelos alunos
com o auxílio da professora, no quadro; depois cada aluno passa a produção para o
caderno. O texto é feito após a exploração do tema da aula. Para o 5º ano, a
produção textual é igual ao do 4º, no início do ano; posteriormente, os alunos fazem
as seguintes atividades: diálogos a partir de figuras de pessoas; continue a história
que está registrada; transforme as falas dos balões em texto narrativo e resumo de
livros.
2.2.1.2- Colégio Estadual Senador Moraes de Barros- EFM
No colégio a pesquisa foi realizada com três professoras do 6º ano e em redações
de 34 alunos, com o intuito de verificar a afirmativa "os alunos não sabem escrever"
e na intenção de identificar as dificuldades dos alunos na produção textual.
Durante a pesquisa com as professoras foi possível detectar que os alunos possuem
várias dificuldades em escrever textos, que vão desde a estrutura até as questões
gramaticais. Isto não se aplica a todos os alunos, mas a uma boa parte deles.
Alguns têm um tipo de falha, outros apresentam mais de um. Mais de um professor
relatou sobre a falta de habilidade que os alunos apresentam em organizar as ideias,
utilizar a letra maiúscula, usar o discurso direto e indireto. A troca de letras também
foi mencionada, como por exemplo: o /m/ por /n/ antes de /p/ e /b/ entre outras. O
desinteresse de alguns alunos em desenvolver a produção textual também foi citado
como um fator que prejudica.
Foi possível também perceber que os docentes que têm formação em Magistério,
apresentam uma preocupação em desenvolver as habilidades dos alunos quanto à
concentração e outros itens, dando atividades de caça-palavras, quebra-cabeça e
trabalham com o dicionário de forma diferenciada do convencional.
No período de observação das redações coletadas no 6º ano foi observado falhas
no tocante à troca de letras, repetição de palavras, letra minúscula no lugar da
maiúscula, influência da linguagem coloquial, pontuação, concordância verbal,
concordância nominal, coerência e coesão textual.
2.2.2- A Produção Didático-Pedagógica
A Produção Didático-Pedagógica foi feita levando em consideração os dados
coletados durante a pesquisa bibliográfica, de campo, a interdisciplinaridade com as
disciplinas de Arte, História, Geografia, Língua Portuguesa e, principalmente,
tomando como base os conhecimentos registrados no livro Aprender e Ensinar de
João Batista Araújo e Oliveira e Clifton Chadwick e no livro Usando textos na sala
de aula: tipos e gêneros textuais de João Batista Araújo e Oliveira e Juliana Cabral
Junqueira Castro.
O material para a implementação foi planejado para 8 encontros de 4 h/a,
totalizando 32h/a e mais um encontro de 4h/a com os professores de Língua
Portuguesa para a apresentação dos resultados obtidos com a implementação.
Este material foi organizado através de plano de aula, um para cada encontro,
seguindo o modelo do livro Aprender e Ensinar que valoriza os seguintes itens:
objetivo geral, objetivos específicos (o que será ensinado), pré-requisitos (o que os
alunos já sabem), o que deve ser revisto na aula (o que os alunos devem poder
recordar), considerações sobre motivação/representações poderosas/aplicações
práticas, atividades a serem desenvolvidas, materiais necessários e como avaliar.
Consta no material, além dos planos de aula e das atividades, uma orientação por
escrito de como o professor deve proceder ao aplicar o projeto passo a passo. Esta
orientação valoriza a acolhida dos alunos, a contextualização dos fatos, a revisão do
conteúdo do encontro anterior, a valorização do registro escrito como forma de
preservação de nossa história e fonte de pesquisa para o desenvolvimento de novos
saberes, o incentivo à participação do encontro posterior e a valorização da
reescrita para a organização dos registros e o desenvolvimento da aprendizagem.
Além disso, foram adquiridos cadernos e pastas. Nos cadernos os alunos
produziram as primeiras versões de seus textos e registraram informações
importantes sobre os conteúdos vistos. As pastas foram utilizadas para arquivar as
fichas com as versões definitivas dos textos produzidos. Também foi produzido um
material diversificado para cada encontro descrito a seguir.
No primeiro encontro, foram produzidos: uma peça teatral para ser encenada por
fantoches, cujo enredo conta a história de dois meninos, "Curioso e Aprendiz", que
buscam entender o significado da palavra "Lenda" em um cenário que envolve o
ambiente escolar e uma praça; uma ficha com perguntas (material de apoio ao
professor) para a exploração oral da peça; quatro slides de fundamentação a partir
do livro "Usando textos na sala de aula: tipos e gêneros textuais" sobre lenda com
os conteúdos: o que é, a origem, modalidades e elementos estruturais; e finalmente,
uma ficha de atividade para o aluno sobre produção textual.
No segundo encontro foram elaborados: uma ficha de atividade para produção
textual e quatro slides de fundamentação, utilizando os dados do livro já citado para
o primeiro encontro, com os conteúdos: o que é lenda, recomendações para a
produção de texto, coesão e elementos coesivos e elementos de coerência textual.
No terceiro encontro foi elaborado um hiperlink sobre as Cataratas do Iguaçu com
fotos e alguns dados sobre o local; foram selecionados os mapas do Brasil, do
Paraná e de Foz do Iguaçu, para que os alunos pudessem compreender a
localização em que a lenda das cataratas surgiu; foi organizada uma apresentação
espacial através do Google Earth, com a mesma finalidade de compreensão
espacial; foram produzidas três fichas de apoio ao professor, duas contendo
informações sobre dois jogos que deram origem a textos formados a partir de frases
e ligadas por plaquinhas com elementos coesivos, uma ficha na qual os alunos, em
dupla, montaram o texto ao jogar e uma ficha em que os estudantes,
individualmente, fizeram o texto definitivo.
No quarto encontro foram produzidos os seguintes materiais: uma transparência
com a lenda das cataratas; dois hiperlink, um contendo informações sobre as várias
versões da lenda, outro, contendo a lenda em forma visual em estilo impressionista
disponível no portal www.educacao.pr.gov.br, esta imagem mostra ao fundo as
quedas, duas árvores e montanhas, à frente uma arara voando, uma cobra nas
águas das quedas, plantas e uma borboleta; uma fundamentação sobre o
Impressionismo; uma exposição de autores e obras impressionistas; uma ficha de
atividade em que os alunos, individualmente, registraram através de desenho a parte
que mais gostaram da lenda das cataratas e registraram resumidamente a mesma
por escrito; e uma ficha em que os estudantes registraram em dois parágrafos o que
entenderam sobre o Impressionismo.
No quinto encontro foram planejadas as seguintes atividades: pintura em estilo
impressionista de quatro réplicas da lenda visual apresentada no quarto encontro, as
quais se transformaram depois de prontas em: duas telas e dois jogos de quebra
cabeça; registro das atividades no caderno; inclusão de elementos coesivos nos
parágrafos; registro do texto definitivo em ficha apropriada e confecção de duas
caixas para guardar o quebra cabeça.
No sexto encontro foi planejado executar o jogo de montar o quebra cabeça feito
pelos alunos; produzir um texto que explica como as atividades do encontro foram
realizadas, no caderno no primeiro momento e depois na ficha para texto definitivo e
solicitar uma pesquisa na internet sobre outras lendas.
No sétimo encontro foi planejado trabalhar com as lendas que os alunos trouxeram;
com a produção do texto do teatro de fantoches para verificar os tipos de discursos
existentes; fundamentação teórica sobre discurso direto e indireto; produção de texto
com discurso direto e indireto a partir de figura de duas crianças brincando em um
parque retirada da Perfil de Multimeios SEED- fotos> ilustrações, primeiro no
caderno depois na ficha para o texto definitivo.
No oitavo encontro foram produzidos dois slides contendo foto da taça em Vila
Velha e de uma araucária retiradas dos Multimeios/SEED. Estes foram elaborados
com o intuito de exploração dos dados históricos e geográficos e escolha de uma
delas, pelos alunos, para produção da lenda. Para a produção foi planejado o
seguinte roteiro: produção no caderno; correção, obedecendo as etapas descritas na
fundamentação deste artigo; reescrita do texto na ficha; apresentação das lendas
produzidas e escolha de uma para encenação teatral.
2.2.3- A Implementação do Projeto Pedagógico na Escola
2.2.3.1- Atividades desenvolvidas com os alunos
Os alunos relataram que gostaram da abertura do projeto. Eles interagiram com os
personagens, mostraram ter compreendido a mensagem e entendido o que é lenda.
Isto mostra que trabalhar com o teatro de fantoches, como recurso para ensinar o
conteúdo atendeu aos objetivos propostos.
Durante os encontros os alunos participaram das atividades e demonstraram estar
aprendendo os conteúdos. Esta constatação foi sempre feita no momento de revisar
o conteúdo do encontro anterior. Para cada revisão, foi necessário produzir material
impresso com os conteúdos dos "slides", pois os assuntos que foram projetados e a
aprendizagem adquirida poderia ficar prejudicada com o tempo, pois os alunos não
teriam registros para consultar e retomar o assunto. O material foi produzido para
que os estudantes tivessem as definições estudadas no caderno. Além das
definições, também foram reproduzidas fotos das cataratas, a lenda ilustrada entre
outros itens necessários.
Até o 4º encontro, os alunos conseguiram cumprir todas as atividades propostas.
Porém, quando chegou no 5º encontro com a atividade da reprodução da lenda
visual das Cataratas do Iguaçu, os discentes necessitaram de mais tempo do que o
previsto. Durante a execução desta atividade, eles trabalharam em grupo, cada
grupo em uma só obra, orientados passo a passo pela professora. Pintaram a lenda
em estilo Impressionista. Isto gerou um atraso nas atividades e uma certa
ansiedade, pois estão acostumados às atividades individuais, dominar os desejos
em prol de um trabalho coletivo exigiu muitas interferências, explicações sobre a
noção de paciência, trabalho coletivo e persistência. No 6º encontro foram realizadas
algumas das atividades previstas acrescidas das atividades pendentes do 5º
encontro. Este fato se repetiu no 7º encontro e no 8º, tudo foi concluído com o
encontro extra. Neste, também, foi feita a encenação da lenda produzida por eles.
Com relação a produção textual dos alunos do início da implementação e do final foi
constatado que alguns estudantes que questionavam o porquê de se escrever o
mesmo texto mais de uma vez já não existiam. Parece que, após várias explicações
do processo da escrita, se conscientizaram que é lendo, revendo e escrevendo que
se produz bons textos. Foi observado, também, que vários alunos não erram ao
utilizar a letra maiúscula, muitos melhoraram quanto a repetição de palavras, na
estrutura do texto, na correção coletiva, no uso dos conectivos e no trabalho em
grupo. Isto revela que o aluno em processo de aprendizagem necessita repetir
várias vezes a ação para que o conhecimento seja adquirido, que é necessário
utilizar várias formas para que o ensino aconteça, que é viável nos apropriarmos dos
conhecimentos científicos acumulados de outras disciplinas para alcançar o nosso
objetivo que é ensinar. Durante a implementação, os discentes adquiriram novas
habilidades que os auxiliarão a continuar se esforçando na busca de uma escrita
eficiente. É claro que falhas ainda existem e o trabalho de melhorar cada vez mais a
produção textual destes alunos não pode parar.
2.2.3.2- Atividades desenvolvidas com os professores
Os professores que estavam presentes na apresentação dos resultados do projeto
puderam observar todos os seus itens, visualizar a exposição em estilo
impressionista que os alunos tiveram acesso, ver os mapas, as telas que os
discentes pintaram e os dois jogos de quebra cabeça que eles fizeram, observar os
cadernos de atividades e as pastas dos alunos contendo as produções definitivas
dos textos do estudantes; realizar algumas das atividades que os alunos fizeram tais
como: o jogo de montar texto através de placas com frases e elementos coesivos,
pintura parcial em tela sobre a lenda das cataratas, para terem uma noção do estilo
impressionista e participaram de uma confraternização. Eles gostaram das
atividades e elogiaram. Duas professoras de Língua Portuguesa, que também são
da Sala de Apoio, disseram que as atividades serão úteis para elas. Uma delas
comentou que para a sala regular será preciso selecionar as atividades, porque na
sua avaliação não conseguiria aplicar todas com o número de alunos que tem nas
salas. A professora da sala de recurso também comentou que irá utilizar.
2.2.4- As contribuições das discussões do Grupo de Trabalho em Rede - GTR
O GTR é um ambiente virtual que permite aos seus cursistas e tutores a troca de
experiências, proporcionando novas formas de auxiliar a aprendizagem dos
estudantes e o trabalho dos docentes.
Neste GTR os cursistas puderam observar e avaliar o projeto, apresentar suas
sugestões de atividades e refletir sobre as atividades postas no ambiente virtual.
Esta observação resultou em registros de opinião que ajudaram na implementação
do projeto e continuarão auxiliando a todos que acessar o trabalho no portal. Através
do GTR nos tornamos colaboradores, nos colocamos à disposição do outro,
proporcionando e recebendo aprendizagem.
Os cursistas consideraram o tema e as atividades do projeto adequados. Uma delas
comenta:
[...]Olhando e analisando o tema deste GTR é possível perceber que o mesmo além de ser viável deve ser desenvolvido na escola pública, pois é na escola pública que a maioria dos alunos estudam e necessitam sair com conhecimentos necessários para serem escritores na sociedade onde vivem, sabendo produzir textos significativos.[...] (FAVERO, GTR 2014)
Ao ler e observar os vários registros dos cursistas do GTR 2014 foi possível refletir
sobre o ato de ensinar, a respeito da paciência, da persistência e da formação
continuada, fatores importantíssimos para alguém que escolheu ser professor,
pedagogo, diretor ou outro profissional da Educação.
3- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os gêneros textuais são muitos e estão no meio social, porque as pessoas os
utilizam no seu dia a dia. É possível deparar com eles todos os dias, alguns são
reconhecidos no olhar, como é o caso do poema. Esta identificação só é possível,
provavelmente, porque é um gênero muito utilizado nos 3º, 4º e 5º anos do Ensino
Fundamental, em contraste com o tipo narrativo. Já no primeiro olhar ao seu
formato, acontece a identificação. O ideal seria que todos fossem capazes de
identificar, reconhecer e escrever com competência pelo menos os gêneros que são
mais utilizados. Mas não é o que ocorre.
Quando os alunos saem do 5º ano e vão para o 6º ano, o ritmo e a organização das
aulas mudam e a habilidade de escrever, que eles possuíam, não são suficientes
para atender às novas exigências. É preciso adquirir novas habilidades que
permitam o entendimento estrutural dos gêneros textuais, a utilização de elementos
coesivos e o uso da coerência textual; para isto, é necessário um estágio de
desenvolvimento cognitivo mais avançado. Este pode ser proporcionado por um
ensino que leve em consideração o estágio que o aluno está e onde ele deve chegar
para resolver as novas atividades. Este ensino, às vezes, pode ser demorado, pois é
preciso considerar que os indivíduos aprendem de forma diferente. Alcançar um
estágio de desenvolvimento que atenda às novas exigências requer metodologias
apropriadas, muito estudo e reflexão sobre a prática e os resultados do ensino.
Ensinar o domínio destes gêneros a alunos que chegam ao 6º ano com falta de
habilidades básicas requer muita reflexão na hora da escolha das estratégias,
porque há muito o que se considerar, desde o ambiente de interação até a forma
individual que cada um aprende.
Para isto, é preciso primeiro verificar qual é a capacidade de cada aluno, analisando
a sua produção textual. Esta análise deve proporcionar um diagnóstico do nível do
conhecimento do estudante e possibilitar traçar estratégias que atendam às
necessidades do aluno, formas que o leve à aprendizagem e posteriormente ao
conhecimento efetivo.
É necessário, na hora de traçar as estratégias, levar em consideração também o fato
de que todos os alunos, que estão matriculados no ensino público, podem aprender;
mas, cada aluno possui um ritmo de aprendizagem e aprende de forma diferente
uns dos outros. Por isso, é primordial um atendimento mais individualizado; o que
nem sempre é possível devido às limitações da escola em promover este
atendimento. As escolas têm um número grande de estudante em sala, o que
dificulta a identificação do aluno que apresenta esta dificuldade. Quando o problema
nas capacidades intelectuais é identificado como mais grave, é possível conseguir
um professor que dê atendimento em sala só para este aluno, auxiliando o trabalho
do professor regente. Porém, tem todo um processo burocrático para conseguir este
profissional, quando se consegue vários meses do ano letivo já passaram,
prejudicando o desenvolvimento do aluno. Há também casos em que não se
consegue esta ajuda e a falta do atendimento mais individualizado e personalizado
acaba restringindo a possibilidade de progresso e sucesso do aluno.
Os problemas de estrutura, de organização, de atendimento, de competência
profissional, de aprendizagem e outros estão postos na Educação; mas, eles não
podem servir de justificativa para que o professor e os demais profissionais deste
segmento fiquem desestimulados e apresentem uma atuação desprovida de
compromisso e profissionalismo. Os índices negativos em leitura e escrita devem
servir de estímulo para que se queira melhorar, para que se organize de forma mais
adequada o trabalho.
O assunto das metodologias/estratégias que leva o aluno a aprender este ou aquele
conteúdo requer, ainda, muito estudo, dedicação, mudança de pensamento e
comportamento, porque o que se observa é uma grande dificuldade por parte dos
docentes em utilizar a teoria na prática, o ritmo desta utilização é outro assunto que
merece atenção, pois o docente até tenta uma, duas vezes aplicar uma metodologia,
mas se não deu resultado, a estratégia é logo deixada de lado. É preciso que o
professor entenda que em Educação os resultados não são imediatos, o trabalho vai
surtir efeito em um período longo. Falta para muitos professores a determinação do
cientista que testa, analisa, melhora, insiste até obter o que deseja.
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