os desafios da escola pÚblica paranaense na perspectiva do ... · discriminação, a violência e...
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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO.
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
A VALORIZAÇÃO E O RESPEITO À DIVERSIDADE EM SALA DE AULA:
CONTRIBUIÇÕES DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA
NEIVA VIEIRA
Trabalho final apresentado para apreciação e aprovação da professora-orientadora, Me. Rosângela Abreu do Prado Wolf, da Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO, campus de Guarapuava, como requisito parcial para conclusão do PDE- Programa de Desenvolvimento Educacional
GUARAPUAVA– PR
2015
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A VALORIZAÇÃO E O RESPEITO À DIVERSIDADE EM SALA DE AULA:
CONTRIBUIÇÕES DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Neiva Vieira1 Rosângela Abreu do Prado Wolf 2
RESUMO: O presente artigo é resultado da pesquisa de cunho qualitativo, do tipo pesquisa-ação que utilizou como instrumentos para coleta de dados atividades de debate, pesquisa e produções dos alunos, implementada no Colégio Estadual Castro Alves de Quedas do Iguaçu – PR com alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio cuja temática central é a valorização e o respeito à diversidade cultura da afro-brasileira. A unidade didática produzida e implementada no colégio teve como intuito promover a conscientização dos alunos sobre essa diversidade, a influência e as contribuições da cultura afro-brasileira, bem como levá-los à reflexão sobre os aspectos negativos do preconceito, da discriminação e do bullying presentes na comunidade escolar, reconhecendo que os seres humanos devem ser valorizados como iguais, independente da classe social, raça ou cor. Dessa forma, apresentaram-se alguns aspectos da cultura afro que influenciaram e contribuíram na formação da sociedade brasileira, por meio de atividades que exploraram a culinária, a arte (artesanato e lenda da boneca de pano abayomi), brincadeiras, jogos africanos, literatura infantil, conceituação de termos como racismo, discriminação e preconceito étnico, multiculturalismo, diversidade cultural, entre outros. No decorrer dos trabalhos, observou-se um grande interesse das turmas para a realização das atividades propostas bem como a percepção da importância das contribuições dos povos africanos na formação cultural do Brasil, mostrando que a identidade cultural brasileira tem muito mais do que se pensava da cultura africana.
Palavras-chave: Racismo; Preconceito; Respeito; Diversidade; Literatura; Cultura Afro-Brasileira.
1. INTRODUÇÃO
O preconceito racial é uma tentativa de domínio de uma raça sobre a
1Professora PDE 2014, pós-graduada em Psicopedagogia, pela Universidade do
Contestado/UnC. Graduada em Pedagogia, pela Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO, atuando como professora pedagoga no colégio Estadual Castro Alves em Quedas do Iguaçu – PR. E-mail para contato: [email protected] 2Professora Orientadora, lotada no Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual do
Centro-Oeste/UNICENTRO, com especializações em Supervisão Escolar e Educação Ambiental, mestrado em Linguística Aplicada pela UEM. Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação pela PUC-PR. E-mail para contato: [email protected]
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outra. Por esta razão, precisamos encontrar meios possíveis para solucionar a
discriminação, a violência e o bullying, que é decorrente deste tipo de
preconceito. Os encaminhamentos da presente pesquisa-ação foram guiados
com vistas a atender às necessidades do Colégio Estadual Castro Alves do
município de Quedas do Iguaçu – PR, no tocante à diversidade étnica de seus
alunos, os quais diferem entre si tanto nas questões socioeconômicas quanto
nas culturais. Para que isso fosse possível, buscaram-se subsídios necessários,
tanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) que
tornou obrigatório o estudo da cultura africana em todo país, quanto na Lei nº
10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana nos currículos de todas as escolas do país, em todos os graus e
modalidades de ensino.
Sabemos que as leis por si só não são suficientes para garantir uma
nova forma de ver o negro na sociedade com o merecido respeito aos seus
direitos como todo cidadão brasileiro, conforme o artigo 5º da Constituição
Federal, que determina que “somos todos iguais” perante a lei.
Neste sentido, realizou-se a presente pesquisa tendo como objetivo
mostrar a contribuição destes povos para o desenvolvimento do país, pois por
meio da educação podemos promover a mudança de “mentalidade” no que se
refere à valorização da diversidade, do respeito aos valores humanos, bem
como o reconhecimento das contribuições dos povos negros à cultura brasileira
nas mais diversas áreas, tais como social, econômica, política, artística e
cultural.
Tomamos como pontos de estudo a culinária, os jogos, brincadeiras e a
literatura infantil, como formas de expressão e instrumentos de reflexão sobre a
discriminação que alguns alunos de origem racial negra sofrem e que, muitas
vezes, contribuem para o abandono escolar.
No dia a dia das escolas, é comum nos depararmos com essas
situações envolvendo alunos e, por vezes, outros profissionais da educação,
em atitudes discriminatórias relacionadas à etnia dos alunos. Com as ações
das Equipes Multidisciplinares, podemos perceber que estas questões
precisam ser tratadas com seriedade e que, diante disso, precisamos
desenvolver uma política de conscientização e valorização do aluno negro e/ou
descendente e de sua cultura, já que em nossa sociedade, ainda são muito
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presentes atitudes preconceituosas e discriminatórias contra os negros
(afrodescendentes).
Neste sentido, a escola como um excelente veículo de transformação e
de propagação do saber que atinge tanto as camadas populares quanto as
elites, é o lócus onde devemos buscar subsídios para a superação das
desigualdades sociais e culturais e para transformar a sociedade, tornando-a
mais consciente e preparada para lidar com as diversidades.
Portanto, nosso empenho foi de levar a comunidade escolar a uma
revisão sobre seus preconceitos e a construírem uma nova forma de ver o
aluno negro e/ou descendente, que ali estudam.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A AFRODESCÊNCIA BRASILEIRA
Antes de qualquer coisa, é preciso entender um pouco sobre alguns
conceitos que vem passando de geração em geração. Não se sabe
exatamente onde e quando teve início, mas a história da humanidade revela
que desde que o homem começou a se organizar em sociedade, já se
baseavam em padrões e sistemas classificatórios e hierarquizados, seja por
questões intelectuais, religiosas, econômicas ou raciais, onde alguns nasciam
para comandar e outros para obedecer.
Na teoria aristotélica defendia-se que
[...] uma parte dos homens nasceu forte e resistente, destinado expressamente pela natureza para o trabalho duro e forçado. A outra parte, (os senhores), nasceu fisicamente débil; contudo possuidora de dotes artísticos, capacitada, assim para fazer grandes progressos nas ciências filosóficas e outras (SANT'ANA apud MUNANGA, 2005, p. 43).
Sabemos que as raízes do preconceito e desigualdade racial fazem
parte de uma hierarquização social formada ideologicamente no decorrer dos
tempos. A partir disso, o que nós, como educadores, podemos fazer para
minimizar atitudes racistas e preconceituosas presentes na escola?
Na apresentação do livro “Superando o Racismo na Escola”, Munanga
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(2005, p. 05) afirma que alguns de nós, professores, não recebemos uma
educação que nos preparasse para lidar com a problemática da diversidade e
das manifestações de discriminação, com as quais nos deparamos
constantemente no exercício da profissão. Então, como podemos formar
cidadãos conscientes, se nós mesmos não somos ou não fomos educados
para isso?
Essa nossa falta de preparo e conhecimento nos faz perder muitas
oportunidades de trabalhar a diversidade presente na sala de aula e enfatizar
as importantes contribuições culturais, sociais, políticas e econômicas trazidas
por outros povos que colonizaram nosso país, seja como colonizadores ou
como escravos. Esses últimos são o foco principal desta pesquisa.
Historicamente, os negros estão presentes no Brasil desde o início da
colonização quando foram trazidos, traficados como escravos para trabalhar
nas lavouras de café. Sofreram muitas limitações desde então, limitações
essas que os desmoralizavam e os levavam à inferiorização racial em relação
aos demais.
O racismo se fundamentou na ideia de que as desigualdades entre os
seres humanos são de cunho biológico, da sua natureza e constituição.
Segundo Munanga (2005), com o sistema escravista o racismo passa a ser a
expressão do preconceito de cor (raça inferior) e o preconceito de classe
(pobre).
Atitudes preconceituosas e racistas estão presentes no dia a dia das
pessoas e grupos, na vivência e convivência entre pessoas na sociedade, na
família nos grupos sociais. O preconceito é repassado por meio de comentários
distorcidos e piadinhas a respeito da superioridade ou inferioridade de uma
raça sobre a outra. Isso é tão presente que até mesmo as pessoas que
deveriam defender sua etnia passam a acreditar que de fato são inferiores.
Esse fato pode ser claramente observado no vídeo “Bonecas Negras e
Brancas”, ou “auto racismo” onde um entrevistador branco apresenta bonecas
negras e brancas às crianças negras com idades entre cinco e dez anos e
pergunta a respeito da beleza e bondade das mesmas, bem como com qual
boneca ela se parece e com a qual gostaria de parecer. Todas as crianças
negras que participaram da entrevista responderam que a boneca branca era a
mais bela, inteligente e que gostaria de se parecer com a boneca branca. Com
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base neste vídeo, podemos constatar que a criança negra precisa se identificar
como “negra” e aceitar de forma natural essa condição e ter orgulho de seus
antepassados e das contribuições que estes deram para a formação dos
hábitos, costumes, crenças, cultura, entre outros.
De acordo com Lopes (2005, p.43):
As pessoas não herdam, geneticamente, ideias de racismos, sentimentos de preconceito e modos de exercitar a discriminação, antes os desenvolvem com seus pares, na família, no trabalho no grupo religioso, na escola. Da mesma forma, podem aprender a ser ou tornam-se preconceituosos e discriminadores em relação a povos e nações
Atualmente, há um forte movimento antirracista apoiado pela Lei
10.639/03 que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na
educação básica, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana nos conteúdos do ensino básico e a implementação
das cotas raciais e ou cotas sociais nos processos seletivos das universidades
públicas, com intuito de valorizar as raízes africanas e superar o racismo.
Essas conquistas são importantes, mas o fato de se fazer necessária a
implementação de uma lei e de um sistema de cotas para garantir aquilo que
deveria ser naturalmente garantido a todos indistintamente, nos coloca diante
de uma realidade que insistimos em negar: a de que ainda vivemos em uma
sociedade excludente e racista, mas que já possui leis que amparam os
estudos e mudanças a serem feitas na educação.
Conforme o Conselho Nacional da Educação, o Parecer CNE/CP
003/2004, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana, em seu Art. 3º destaca que a educação das relações étnico-raciais
objetiva a divulgação e produção de conhecimentos, bem como de atitudes,
posturas e valores que eduquem cidadãos quanto ao seu pertencimento étnico-
racial - descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de
europeus, de asiáticos - capazes de interagir e de negociar objetivos comuns
que garantam, a todos, ter igualmente respeitados seus direitos, valorizada sua
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identidade e assim participem da consolidação da democracia brasileira
(BRASIL, 2004).
Parece que estamos caminhando na contramão, quanto mais falamos
sobre diversidade, mais reforçamos as desigualdades. Diante dessa realidade
e da citação acima, a escola tem papel importantíssimo na desconstrução da
mentalidade racista e discriminadora e também na eliminação da discriminação
e do preconceito dentro das escolas, para a emancipação dos grupos
discriminados, com vistas a formar o cidadão, de qualquer raça, livre de
preconceitos dentro de espaços democráticos e igualitários.
Para tanto, nas escolas sabe-se da necessidade desses estudos para o
próprio crescimento e até mesmo conhecimento das raízes que deram origem
ao povo brasileiro e o embasamento cultural que se vivencia atualmente.
De acordo com o site do Portal da Cultura Afro-brasileira (2012) a cultura
afro-brasileira é denominada como o conjunto de manifestações culturais do
Brasil que sofreram algum grau de influência da cultura africana desde os
tempos do Brasil colônia até a atualidade. A cultura da África chegou ao Brasil,
em sua maior parte, trazida pelos escravos negros na época do tráfico
transatlântico de escravos.
A contribuição do negro no Brasil foi muito além do setor econômico e
dos serviços que necessitassem força. Os costumes, rituais religiosos, na arte,
dança, culinária, música entre outras contribuições ajudaram a enriquecer o
acervo cultural do nosso país. Nesse contexto, essas contribuições da cultura
afro no Brasil serão melhor elucidadas no tópico a seguir.
2.1.1 Contribuições da cultura afro-brasileira
Hoje em dia esta cultura é presente no dia a dia do brasileiro,
colaborando em vários aspectos para crescimento do pluriculturalismo da
nação. Nesse pluriculturalismo têm-se diversos aspectos de influência do negro
nessa formação, como costumes, ritos religiosos, manifestações artísticas,
culinária, entre outros.
Muitos brasileiros assumem religiões africanas, sendo as principais
religiões afro-brasileiras inclusas o candomblé e a umbanda. Além da religião,
para vários estudiosos da cultura afro-brasileira a dança e a música são
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elementos importantes na construção da identidade desses povos.
Encontramos nas manifestações da cultura popular o jongo, o batuque, o
samba reggae, o afoxé, o samba de roda, a dança do maculelê, o reggae e as
danças rituais. Uma dança, também considerada um esporte, que até hoje é
praticada e prestigiada por muitos é a capoeira. Segundo Batista e Carvalho
(2009, p. 01)
[...] a capoeira foi, no início, praticada nas senzalas, à noite, ocasião em que os escravos ficavam com os braços acorrentados. Justifica-se assim o fato de a capoeira ser praticada com os pés. No entanto existe outra versão para a origem da capoeira. Era quando os negros, denominados negros de ganho, escravos ou libertos que vendiam alimentos pelas ruas viam as perspectivas de suas mercadorias serem roubadas. Para protegerem sua mercadoria movimentavam o corpo numa coreografia diferente e com o movimento brusco dos pés, afastavam os que os ameaçavam. Como sua mercadoria ficava em cestos chamados de capoeiras, os movimentos de defesa passaram a ter este nome.
Nas escolas também se ensina o que é essa dança, que pode servir
como prática desportiva, pois movimenta e dá grande flexibilidade ao corpo,
mas serve, principalmente, para divulgar e valorizar essa cultura de origem
negra.
A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos dos
povos africanos que, apesar do sofrimento e das torturas sofridas desde o
Brasil Colônia, mantiveram viva sua cultura, pois sempre foi próprio destes a
música a instrumentação fazendo parte da cultura como forma de alívio para a
alma, um apelo às melodias e seus rituais.
Além das danças e da música, outra importante contribuição dos negros
à cultura brasileira está na culinária que também possui caráter religioso. As
comidas são feitas em terreiros e outros mesmos oferecidos nos tabuleiros aos
orixás.
Segundo o Portal da Cultura Afro-brasileira, (2006, p. 01) “a culinária
baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos típicos
como acarajé, caruru, vatapá e moqueca”. Não pode esquecer-se de
mencionar que a feijoada, um dos pratos preferidos dos brasileiros, também
tem origem na senzala. Enquanto as melhores carnes alimentavam os
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senhores, os escravos ficavam com as sobras: pés e orelhas de porco,
linguiça, carne-seca etc., eram misturados com feijão preto ou mulatinho e
cozidos num grande caldeirão.
A literatura infantil é outro ótimo recurso para o trabalho de
conscientização e valorização do negro/afrodescendente na escola,
objetivando a construção da identidade da criança, de qualquer raça,
desprovidos de pré-conceitos distorcidos e preconceituosos.
Conforme Mariosa e Reis (2011, p. 01):
[...] a construção da identidade da criança é algo que vai passar inevitavelmente pelos referenciais que forem a ela apresentados. [...] os brinquedos, os personagens de desenho animado e as histórias infantis. [...] uma, é através da oralidade e a outra através dos livros. Tanto em uma como em outra a criança vai deparar com os personagens principais, os heróis, as mocinhas, os animaizinhos, os príncipes e as princesas, as fadas, dentre outros. O que encontramos nestas histórias são personagens de origem europeia, mocinhas brancas e frágeis esperando por príncipes, também brancos, que irão salvá-las.
Esses conceitos são repassados a gerações, não por culpa dos pais ou
das próprias crianças, mas de um sistema político e econômico de interesse de
poucos, que colonizaram nosso país e ainda detém o poder do capital, dos
meios de produção e também dos meios de comunicação, como é o caso do
Brasil, nosso foco de estudo. Essa ideologia dominante leva a criança negra a
acreditar que é inferior e a querer ser branca para não ser discriminada, e a
criança branca a acreditar que é mesmo superior às demais.
De acordo com Barreiros (2010, p. 05)
[...] após a implementação da Lei 10.639/2003, e como forma de (re)conhecimento da cultura negra na construção da sociedade brasileira, muitas obras de literatura infantil antigas foram reeditadas, algumas traduzidas e outras criadas, visando atender uma demanda educacional sobre o referido tema. Essas produções são alvos de várias pesquisas, que, em geral, buscam compreender a representação do negro nelas veiculadas.
Barreiros (2010) complementa que a literatura infantil oferece uma gama
de informações e representações, por meio das quais o leitor pode, além de
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desenvolver a leitura, adquirir novos conhecimentos e valores que os auxiliam
em situações da vida real.
A literatura de temática afro-brasileira contribui para romper com
conceitos fundamentados nas desigualdades e para construir uma nova visão
baseada na valorização da diversidade. A escola, como formadora de opinião,
é responsável por essa construção e desconstrução de conceitos e, para tal,
pode se munir de recursos literários que mostrem o outro lado dos contos de
fada. Que as princesas não sejam sempre brancas e as negras não sejam só
as empregadas ou as personagens más das histórias. Na literatura,
encontramos títulos muito interessantes para trabalhar e valorizar a cultura
negra, a diversidade e o respeito ao direito do outro.
3. A IMPLEMENTAÇÃO
Gil (2008) define a pesquisa científica como o procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que
são propostos, sendo complementado por Cervo e Bervian (1996) que a
conceituam como uma atividade que busca solucionar problemas diversos
utilizando-se dos processos científicos. Da mesma forma, Thiollent (1986, p.
14) considera a pesquisa-ação com “base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos
da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo” (THIOLLENT, 1986, p.14).
Logo, partindo dessa premissa, a presente pesquisa é de cunho
qualitativo do tipo pesquisa-ação, o qual utilizou como instrumento para coleta
de dados atividades de debate, pesquisa e produções dos alunos,
implementadas no Colégio Estadual Castro Alves de Quedas do Iguaçu – PR
com alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
O Projeto de Intervenção Pedagógica e a Unidade Didática “A
valorização e o respeito à diversidade em sala de aula: contribuições da cultura
afro-brasileira” foi elaborado considerando a realidade escolar do Colégio
Estadual Castro Alves de Quedas do Iguaçu – PR, com alunos do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio, cujo elemento norteador foi a conscientização
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da comunidade escolar, sobre a diversidade e influência da cultura afro-
brasileira na formação da cultura brasileira. A conscientização ocorreu pelo viés
da valorização e contribuições desta cultura à formação da sociedade brasileira,
por meio de atividades que exploraram a culinária, a arte, o lúdico e a literatura,
refletindo sobre racismo, discriminação e preconceito étnico, multiculturalismo,
diversidade cultural, entre outros.
As atividades do projeto de intervenção pedagógica foram desenvolvidas
em momentos, que inicialmente ocorreram no mês de julho de 2015, com o
desenvolvimento da primeira atividade com os alunos do 7º ano do Ensino
Fundamental. A esse grupo lançaram-se palavras relacionadas ao tema
(racismo, diversidade, raça, etnia, discriminação, multiculturalismo) para que a
turma procurasse defini-las, e a maioria mostrou ter um bom conhecimento
sobre o assunto, exceto alguns termos menos comuns como xenofobia e
homofobia, por exemplo, que apesar de não serem diretamente ligadas ao
tema, foram trabalhadas.
Após as colocações dos alunos e suas anotações, utilizando-se do
laboratório de informática, buscaram os significados dessas palavras e fizeram
comparações das respostas do grupo com as definições encontradas na
internet, levando-os a concluir que seus conhecimentos a respeito do tema já
eram bem próximos do real. O objetivo desta atividade foi de tirá-los do senso
comum e conscientizar sobre os aspectos negativos do preconceito, da
discriminação e do bullying na comunidade escolar, por meio da pesquisa,
leitura e debate.
Em um segundo momento - semelhante ao primeiro no que se refere à
organização e metodologia – a temática central fora a diversidade cultural, a
partir da análise dos vídeos “Diversidade e Cultura Brasileira” e “Cultura
Brasileira-Herança de Outros Povos” e o livro “Diversidade” de Tatiana Belinski,
que elucidaram as ideias que cada um tinha sobre o que é diversidade, e ao
respeito que se deve ter para com todas as formas de cultura, pois
independente da etnia ou da origem, o ser humano deve ser valorizado sem
distinção ou discriminação. Para finalizar esta atividade, surgiu a ideia de
ampliar os desenhos do livro e apresentá-lo, para todos os alunos do colégio,
em forma de jogral na semana da Consciência Negra, conforme mostra a figura
a seguir:
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Figura 1 – Produção do mural da diversidade.
Fonte: Própria autora, 2015.
No período de 16 a 20 de novembro de 2015, realizou-se a “Semana da
Consciência Negra” e na cerimonia de abertura fez-se a apresentação do jogral
e exposição do mural, contando com o envolvimento de toda a comunidade
escolar, que inclusive fez uso de turbantes coloridos, tanto professoras, quanto
funcionárias e alunas.
Figura 2 – Mural da diversidade
Fonte: Própria autora, 2015.
Outro momento realizado foi a proposição a todas as turmas do colégio
para que preparassem atividades que reforçassem o tema, tais como as
contribuições afro-culturais mais significativas dos povos africanos e/ou
afrodescendentes na literatura, na música, na dança, na culinária, nos jogos,
nas brincadeiras, na arte e no artesanato. Assim obtiveram-se diversas
pesquisas e produções bastante criativas.
Um grupo de alunos do 1º Ano do Ensino Médio fez a pesquisa sobre
personalidades negras brasileiras e apresentou a toda escola (no intervalo das
aulas) a leitura do material coletado e o “Varal de personalidades”.
Figura 3 - Varal de personalidades
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Fonte: Própria autora, 2015.
Outro grupo de alunas da mesma turma abordou sobre preconceito e o
sistema de cotas nas universidades, um assunto polêmico e que fora bem
argumentado e defendido com sabedoria e propriedade.
Além dessas apresentações, algumas alunas contribuíram com a turma,
realizando desenhos representando a beleza negra feminina, que foram
emoldurados e expostos no colégio.
Figura 4 – “Beleza negra” Obras das alunas do 1º ano – Ensino Médio.
Fonte: Própria autora, 2015.
Os alunos do 6º e 7º ano do Ensino Fundamental, com apoio da
professora de Educação Física, pesquisaram jogos/brincadeiras de origem
africana, confeccionaram alguns jogos e ensinaram os demais colegas a jogar.
Um dos grupos apresentou o “jogo da onça”, ensinado pelo avô de um
dos alunos, no qual havia várias peças (representando os cachorros) usadas
para cercar uma outra peça (a onça). Os demais alunos da turma
apresentaram outros jogos: o Tsoro Yematatu – Zimbabue, o jogo Shisima, a
Mancala e a capoeira.
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Figura 5 – Jogos africanos: Shisima, Tsoro Yematatu, “Jogo da onça” e Mancala.
Fonte: Própria autora, 2015.
Os alunos do 8º Ano do Ensino Fundamental, em parceria com algumas
alunas do 1º Ano do Ensino Médio, apresentaram alguns pratos típicos de
origem africana, explicando sua origem e proporcionando a degustação dos
mesmos para os professores e colegas da turma.
Com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental fora desenvolvida uma
atividade com o filme “Xadrez das Cores”, que inicialmente pareceu cômico a
eles, mas com o desenrolar da história fizeram uma análise crítica do que
assistiam, levando-os a refletir sobre suas atitudes para com o outro, se nunca
contaram piadinhas racistas, deixaram um colega de lado por este ser negro ou
se já conseguiram se colocar no lugar do outro. Tais reflexões geraram minutos
de silêncio e em seguida, relatos de suas próprias experiências negativas com
o preconceito que sentiram por estar acima do peso, por ser moreno (na turma
não há nenhum aluno negro) ou por serem financeiramente menos favorecidos.
O objetivo destas atividades foi exatamente o de conscientizar sobre os
aspectos negativos do preconceito para com a diversidade, e fazê-los
compreender que “o bom é ser diferente” e que as diferenças precisam ser
respeitadas e valorizadas.
O 3º ano do Ensino Médio apresentou curiosidades como a prática da
medicina (que remonta a 3000 a.C., e que, inclusive, foi uma descoberta de um
africano), costumes de diversas tribos africanas, beleza negra feminina e o
preconceito (bullying) sofrido por pessoas famosas como Maria Júlia Coutinho,
Taís Araújo e jogadoras de futebol, que frequentemente são vítimas de injúria
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racial.
Após as apresentações dos trabalhos, que foram feitos em forma de
cartazes e slides, discutiu-se com a turma sobre o preconceito e que, embora,
ocorra com todos, personalidades de destaque ou cidadãos comuns, a
discriminação é muito maior e mais agressiva quando se trata deste último,
especialmente nas crianças e adolescentes, que são vítimas vulneráveis a
esse tipo de preconceito, o que pode causar traumas psicológicos marcantes
ou até irreparáveis.
Além destas apresentações e exposições promovidas pelos alunos,
outro momento do projeto de intervenção pedagógica foi a leitura dos livros “As
tranças de Bintou” e “Menina Bonita do laço de fita”, trabalhados com o 6º ano
do Ensino Fundamental, por meio de uma leitura coletiva e análise das
semelhanças entre as duas histórias. Apesar de se tratar de personagens
diferentes, uma humana (Bintou) e outra de uma fábula (coelho), tanto o coelho
quanto a Bintou estavam em busca do mesmo propósito: realizar seus sonhos.
Refletiu-se sobre os sonhos de cada um, uma vez que estes são a nossa
motivação para a vida e nos movem para as conquistas.
Contando com o auxílio deste mesmo grupo de alunos e da bibliotecária,
realizou-se uma pesquisa sobre a lenda da boneca Abayomi, bem como sua
confecção, para que posterior fosse realizada uma oficina para a confecção da
mesma com os demais alunos da escola. As bonecas confeccionadas nesta
etapa do trabalho seriam usadas para decorar o livrinho, cartazes e os móbiles
que serviram para decorar o espaço onde seria montada a atividade.
Figura 6 – Cartazes e Livrinho confeccionados sobre o significado da “Boneca
Abayomi”.
Fonte: Própria autora, 2015.
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A ideia inicial era a confecção de vários livros, mas surgiram novas
propostas e optou-se por confeccionar apenas um livro com a história da
boneca e os cartazes com o passo-a-passo de como ela é feita, e do
significado de se presentear alguém com essa boneca: “confeccionar e dar
uma boneca Abayomi é um ato de nobreza, é dar à pessoa querida aquilo que
temos de melhor a oferecer”.
Estes cartazes e o livrinho serviram de apoio para a realização da oficina
da “Boneca Abayomi” que no Dia da Consciência Negra, durante a hora do
intervalo na escola, montou-se uma mesa com material necessário (tecidos e
materiais necessários previamente cortados para agilizar os trabalhos de
confecção das bonecas), explicou-se ao grande grupo o significado desta
atividade e alguns alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, que já haviam
confeccionado a boneca, auxiliaram aqueles que quisessem fazer a sua
boneca para presentear as pessoas de sua estima.
Para finalizar os trabalhos, fez-se a apresentação da peça teatral
baseada no livro “Felicidade não tem Cor”, de Júlio Emílio Braz, contando com
a colaboração da professora de Língua Portuguesa que solicitou a leitura do
referido livro a todos os alunos do 9º ano. Em seguida, com aqueles que se
dispuseram a participar do teatro, adaptou-se o livro em roteiro para teatro,
contando com o apoio da professora de Artes para a realização dos ensaios.
Apesar dos contratempos para a apresentação, em função do mau
tempo, o grupo de atores se revelara e fizera um belo espetáculo no pátio da
escola e que, posteriormente será apresentado aos outros colégios da cidade e
na Casa da Cultura como forma de incentivar o trabalho de todos os
envolvidos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos aspectos legais como da Lei 10.639/03 que tem como
elemento norteador o princípio de igualdade, enfatizando a ideia de que somos
todos sujeitos históricos e sociais e ainda estabelece a obrigatoriedade do
ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica de
todo o país, leva-nos a refletir de que faz necessário que as escolas se
adequem e cumpram estas políticas de reparação, assegurando assim que
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possa ser feito um resgate da história e da cultura afro-descendeste na escola,
reconhecendo assim sua identidade étnica.
Além disso, permite-nos proporcionar momentos de reflexão de modo a
acabar com o preconceito racial, permitindo a toda comunidade escolar
reconhecer o negro como sujeito importante e valorizar sua história e sua
cultura.
Durante a implementação deste projeto, ocorreram algumas mudanças
sugeridas pelos próprios alunos, como também em função do tempo reduzido
por causa de algumas alterações necessárias que ocorreram no calendário
escolar, que incluíram reposições das aulas após período de greve que ocorreu
em 2015. Por esta razão para realizar todas as atividades foi necessária uma
reorganização do cronograma da implementação, a qual prejudicou o
desenvolvimento da proposta devido ao acúmulo de atividades a serem
realizadas no segundo semestre. Esta foi a principal dificuldade encontrada
para a realização da implementação, porém, mesmo com estas alterações foi
muito gratificante e de grande valia todo trabalho e empenho.
Embora contasse com o envolvimento de todos, seja como plateia ou
como parte ativa dos trabalhos, não conseguiu-se envolver ativamente os
alunos negros que estudam no colégio. Talvez, ou muito provável, o
preconceito que já sentiram deixou marcas tão profundas que eles não
conseguem se sentir parte do grupo e se relacionar de forma natural, uma vez
que são sempre mais tímidos e isolados.
Em se tratando de racismo e preconceito, e levando em consideração o
papel da escola no processo de construção do conhecimento do aluno, é
importante que todos estejam atentos para este tipo de problema e possam
todos juntos (professores, alunos, funcionários) rever e reformular os conceitos
e atitudes direcionados aos negros. É claro que temos um caminho a percorrer
para mudar certas atitudes preconceituosas que acontecem frequentemente no
âmbito escolar, mas o trabalho das equipes multidisciplinares está melhorando
isso aos poucos. Logo, promover momentos de reflexão sempre será
necessário se quisermos mudar esse quadro.
REFERÊNCIAS
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