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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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O USO DAS TECNOLOGIAS E O ENSINO DE QUÍMICA:

POWERPOINT E OUTROS APLICATIVOS COMO INTERFACE METODOLÓGICA

Wendell Santos Possetti1

Leopoldo Sussumu Matsumoto2

Resumo

O uso de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) vem sendo cada vez mais utilizado no ensino-aprendizagem dos alunos, quebrando de certa forma o ensino tradicional já estabelecido. No entanto, ainda há algumas restrições quanto ao seu uso pela grande maioria dos docentes. Assim sendo o presente trabalho teve como objetivo avaliar a importância do uso das TICs no ensino de Química como interface metodológica. O trabalho foi realizado no Colégio Estadual Luiz Setti - E.F.M.P.N. localizado na cidade de Jacarezinho, Estado do Paraná, com o intuito de subsidiar a prática docente com novos procedimentos metodológicos. A avaliação foi realizada através de questionário semi estruturado para diagnóstico da concepção dos profissionais acerca da utilização das TICs em sala de aula e elaboração de materiais práticos utilizados em aula. Os resultados mostraram que grande parte dos profissionais docentes sabem lidar com as novas tecnologias no seu dia a dia, enquanto outros apresentam grande dificuldade, e não veem nestas algo de proveito para a prática docente. Palavras-chave: Tecnologias - Metodologia de Trabalho - PowerPoint - Ensino e aprendizagem.

1 Professor de Química da Rede Estadual de Ensino. Participante do Programa de Desenvolvimento

Educacional - PDE/2013. E-mail: [email protected] 2 Orientador / Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) E-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃO

A tecnologia é algo muito presente na vida das pessoas atualmente, e em

grande parte é uma ferramenta que tem contribuído e facilitado muito o cotidiano das

pessoas. Tem o poder de promover mudanças em diversos sentidos a partir de

novas descobertas na ciência, na indústria, na educação, o que tem levado as

pessoas a se utilizarem mesmo inconscientemente de algum recurso ou instrumento

tecnológico.

Quanto à presença e o papel da tecnologia na educação, é necessário

ressaltar que o computador é uma ferramenta que representa essa tecnologia, está

presente nas escolas, e é utilizado para fins administrativos, de pesquisa e

pedagógico.

Em relação ao uso do computador na escola, há de se considerar que através

deste instrumento é possível estabelecer muitas conexões que fogem do dia a dia

da escola, promove uma oportunidade para que o professor possa repensar seu

modo de falar, de agir, e também determine outra possibilidade de registro aos

discentes. Porém há de se afirmar que mesmo diante desta transformação no

cotidiano da escola, as mudanças não têm sido significativas, na grande maioria do

tempo elas acontecem desvinculadas do trabalho docente (VALENTE, 1999).

Para que de fato o computador possa fazer parte da realidade escolar, é

necessário que se reformule a maneira como a escola se organiza, de modo que

esta estrutura possa ser mais descentralizada, que ocorra uma maior flexibilidade na

estrutura curricular, que se pensem em outros tempos escolares mais acessíveis, e

até mesmo uma reestruturação do espaço físico do ambiente de aprendizagem.

Claro, que todas estas mudanças, implicam em tempo, disposição, motivação, todo

um trabalho de parceria e incentivo (FREITAS, 2008).

É de grande valia que o professor busque outras metodologias para realizar o

seu trabalho, promova uma aprendizagem que potencializem o acesso ao

conhecimento elaborado, sistematizado, que esteja além do conhecimento popular,

e atinja um patamar de entendimento e compreensão de fatores cognitivos,

emocionais, que respeitem a condição de pessoa humana de cada aluno, pois é

relevante que cada docente seja capaz de mediar à construção desse

conhecimento, apropriando-se de questões socioculturais, o momento histórico, que

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são fatores que influenciam e condicionam toda a aprendizagem (FRIGOTTO,

2005).

O uso do computador em específico na educação, neste momento da história,

aponta questões que estão além da simples utilização da ferramenta, mas

direcionada principalmente sobre como fazer uso de outras e novas tecnologias.

Segundo Levy (1999, p.25) o termo tecnologia é definido como “...conjunto ordenado

de todos os recursos empregados na produção e comercialização de bens e

serviços”, em se tratando do ensino e educação, a tecnologia é um instrumento que

pode promover e potencializar a aprendizagem dos alunos, por meio de

metodologias diversificadas.

A proposta de utilização do computador não deve estar especificamente

voltada àquilo que o aluno produz, e sim numa perspectiva de como esta ferramenta

pode facilitar a compreensão e entendimento dos conteúdos e conceitos

desenvolvidos pelo professor em sala de aula (VALENTE, 1998).

A utilização do computador para o ensino apresenta duas vertentes; uma

promovendo a aprendizagem por metodologias que se utilizam de softwares do

pacote Office disponíveis nos equipamentos como editor de texto, planilhas, slides e

outros programas que auxiliam a organização do trabalho docente a partir da

criatividade, da inovação, e também na utilização de ambientes virtuais de

aprendizagem, ou programas didáticos específicos para o ensino com uma

finalidade definida. Isso possibilita ao professor que possa criar as relações com o

cotidiano de seus alunos de maneira articulada, pensada, e interessante, instigando

seus alunos pelas mudanças e transformações no decorrer da história da

humanidade (MENDES, 2009).

Para que um programa de computador seja eficiente e realmente permita uma

aprendizagem mais qualificada, é importante que fique claro quais as relações que

este faz com os conteúdos que são ensinados aos alunos. A escolha de programas

para educação deve ser minuciosa, cuidadosa e muito refletida, pois deve ir ao

encontro das propostas curriculares que norteiam o trabalho na escola. A eficiência

da comunicação entre o homem e a máquina, que ocorre por meio de um sistema

operacional, considerando o baixo custo dos equipamentos, permitiu que o

computador de uso pessoal seja um recurso acessível a todos em diferentes

atividades, inclusive voltadas à educação (CARRAHER, 1992).

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As tecnologias quando fazem parte da realidade escolar, tem como papel

principal a relevância do comprometimento de todos os envolvidos na escola, desde

os funcionários, comunidade escolar, equipe docente e pedagógica até os gestores

da escola. Todos precisam de uma formação sobre como fazer uso das TIC no

processo de ensino para que ocorra um incentivo e uma motivação na promoção da

aprendizagem (LEVY, 2001).

De fato a integração do computador com a realidade na escola, se

fundamenta e concretiza quando ocorre uma adequação do currículo de tal modo

que este possa ser sempre flexível, haja uma minimização no engessamento do

tempo escolar, que se estrutura com certa rigidez, de modo que todo esse processo

aconteça periodicamente no decorrer de um tempo, que se estruture em parcerias,

que demanda de ajuda e apoio peculiar, e principalmente ocorra a partir da

valorização dos profissionais da educação (FREITAS, 2008).

A tecnologia não é algo que possa ser concebida positiva ou negativamente,

pois a relação está em como esta deva ser utilizada e em que contexto. O mais

importante é conhecer que tipo de ferramenta tecnológica deve ser utilizada no

processo educacional (LEVY, 1999).

Todavia é importante ressaltar que a cada dia torna-se mais amplo o acesso

às tecnologias nas diferentes condições socioeconômicas, este é um retrato que se

percebe no cotidiano da escola, por meio dos alunos e alunas. A escola tem a

responsabilidade de potencializar este acesso as TIC, entendendo que no ambiente

escolar a inserção é uma ação efetiva, onde os educandos possam aprender pelas

novas relações com ambientes interativos, colaborativos, efetivando a inclusão e o

exercício de sua cidadania (LEVY, 2001).

Ainda na perspectiva de Levy (2001), o autor afirma que os professores

também aprendem no mesmo momento que seus alunos com o uso do computador,

estão sempre se atualizando, buscando novos conhecimentos e também

construindo outras competências para o ato de ensinar.

Nestes últimos tempos, tem acontecido uma inquietação dentro do espaço

escolar sobre como inserir o computador no cotidiano da escola. Isso ocorre por

permitir que a parir deste instrumento outras metodologias venham à tona e levem a

uma qualificação da aprendizagem. Entretanto, essas mudanças causam uma

insegurança e medo de que o homem possa ser substituído pela ferramenta

(SCHAFF, 1995).

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Essa incerteza não pode impedir ou criar empecilhos para um processo que

está implícito na atual realidade, pois a tecnologia sofre transformações muito

rápidas e condicionam outros ritmos e condições de trabalho para o ensino e a

aprendizagem. É fundamental que se busque aprender o tempo todo e tenha

condições de se adaptar as novidades que estas tecnologias oferecem (KENSKI,

1998).

De acordo com esse pensamento, existem documentos oficiais propostos

pelo Ministério da Educação que discutem a importância da formação do professor

da educação básica, apresentando temas que atendam a utilização de novas

linguagens e tecnologias que estão e se fazem muito presentes nas escolas e

consequentemente no ensino, de tal modo que possa ocorrer uma aprendizagem

significativa dos educandos. Indica que os cursos de licenciaturas e demais

formações acadêmicas devam ter em sua proposta de currículo, disciplinas voltadas

ao uso e conhecimento das tecnologias, computadores, de novos recursos das TIC

que em muitos casos já fazem parte das metodologias de ensino de alguns

profissionais.

São necessárias ações que levem a formação de professores que consigam

trabalhar com eficiência na atual conjuntura social tecnológica, de tal maneira que

superem as dificuldades, a partir da reflexão e análise da integração das novas

ferramentas no trabalho do professor. Este profissional deve estar atento e disposto

a estas mudanças, criando novas posturas didáticas, tendo uma ação que medeie,

facilite e coordene o processo de ensino e aprendizagem. Deve aprender a trabalhar

essas mudanças tão rápidas, ser articulado e flexível com muita dinamicidade. Não

se utiliza mais uma esfera de educação onde o professor é aquele detentor do

conhecimento, quem tudo sabe (TARJA, 2001).

Ainda nesta direção, a formação docente afim de que possa integrar às

atividades que desenvolve em sala de aula, o uso da informática, deve ser

oportunizado para que haja a construção de um conhecimento que faça uso das

técnicas computacionais, conceber como é possível estabelecer as relações entre o

computador e a prática pedagógica, e constantemente ultrapassar barreiras de

qualquer ordem. Esse caminhar permite que o sistema de ensino não se fragmente,

mas tenha uma abordagem que integre os conceitos tendo como ponto de partida

situações problema que levem ao interesse dos alunos para a aprendizagem. Para

tanto, é relevante que o professor consiga estar sempre buscando novos contextos

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que mobilizem a aprendizagem, e que suas experiências a partir do saber comum ou

da formação acadêmica possam somar a realidade da sala de aula, criando uma

compatibilidade quanto às expectativas e necessidades de seus alunos e alunas aos

objetivos pedagógicos que pretende alcançar (VALENTE, 1999).

Afim de que o professor possa estabelecer condições para que a

aprendizagem aconteça de fato, e promova mecanismos de acesso e construção do

conhecimento, é necessário uma reformulação de sua formação contínua, e também

esteja pronto e motivado a aprender a desenvolver propostas de trabalho

colaborativas, exercitar a pesquisa, estar sempre repensando a sua ação, saber lidar

o suficiente para qualificar seu trabalho em sala com as tecnologias, percebendo a

importância destas para a ação docente, e reconstruir sempre os conceitos e teorias

que norteiam sua postura mediadora (ALMEIDA, 1998).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a importância do uso das tecnologias de

informação e comunicação para o ensino da Química, conhecendo diferentes

interfaces e softwares, como o Powerpoint, na elaboração de novas metodologias de

apoio ao trabalho docente.

PROCEDIMENTOS E RESULTADOS

A estruturação do Projeto de Intervenção

A implementação do projeto de intervenção na escola propôs estratégias de

ação voltadas à prática do professor em sala de aula. Verificou quais metodologias

de ensino são apropriadas para a atual circunstância de aprendizagem dos alunos.

Considerou-se o estudo dos conteúdos numa abordagem científica a partir do

uso de tecnologias de informação e comunicação, criando uma interação com a

sociedade atual.

Buscou-se numa abordagem qualitativa a verificação de como devem ser

utilizadas as TICs de modo articulado com o ensino da Química, enriquecendo o

ambiente da sala de aula.

Tratando-se de uma pesquisa qualitativa, verificou-se os diversos pontos de

vista dos professores do ensino médio e pedagogas quanto à aprendizagem e

interesse dos discentes diante de uma pluralidade metodológica com a utilização

das tecnologias. Para tal, as profissionais foram submetidas a Questionário

Diagnóstico que buscou descobrir a concepção acerca da utilização das Tecnologias

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de Informação e Comunicação no dia a dia, bem como o uso destas como

procedimento metodológico em sala de aula.

O projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Luiz Setti – EFMPN, da cidade

de Jacarezinho PR. Teve como princípio o estímulo de processos de ensino

diferenciados, objetivando que as metodologias se estruturassem a partir de uma

prática pedagógica que fizesse uso das tecnologias de informação e comunicação.

Desenvolveu-se debates com professores a respeito da importância do uso

das tecnologias como meio inovador metodológico. Apresentou-se aos participantes

do projeto os ambientes virtuais interativos, disponíveis no Portal Dia a Dia

Educação do Estado do Paraná, com a finalidade de que pudessem conhecer,

explorar, e definir quais as suas concepções em relação ao uso destes recursos.

A proposta de trabalho buscou atender uma necessidade peculiar de

formação para o uso das tecnologias, consequente da implantação de equipamentos

tecnológicos na escola por meio de programas da Rede Pública do Paraná e do

Governo Federal, como o Proinfo e o Paraná Digital.

A formação teve como princípio potencializar os professores e pedagogos

com subsídios teóricos e práticos, contemplando momentos de estudo a partir de

bibliografias utilizadas na implementação e outros momentos de produção de

materiais pedagógicos digitais.

Análise dos dados

A análise ocorreu por meio da produção de materiais digitais construídos por

professores de química do Ensino Médio e pedagogos da escola, considerando o

grau de dificuldade na produção desses materiais.

Os instrumentos para a coleta dos dados foram os materiais produzidos, uma

análise desse processo de construção, no qual se verificou quais os percentuais em

grau de dificuldades na elaboração e execução da ação.

Dentro destas ações foi possível diagnosticar e tabular em percentuais quais

os diversos níveis de apropriação no uso das TICs pelos professores e pedagogos

que participaram da implementação na escola e construíram os seus materiais.

No total da pesquisa foram atendidos vinte profissionais, dentre estes

quatorze professores e seis pedagogas do Colégio.

Quanto à elaboração dos materiais utilizando as Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs), 15 profissionais, ou seja, 75% da população pesquisada

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apresentaram domínio e conhecimento bom no uso de tecnologias, tendo facilidade

em elaborar os materiais, 20% (4) apresentaram conhecimento regular e tiveram

grande dificuldade na elaboração dos materiais digitais e 5% (1) não apresentou

nenhum conhecimento e não conseguiu elaborar o material (Figura 1).

Na análise qualitativa, os professores e pedagogos que não tiveram

dificuldades na elaboração do material utilizaram os mesmos em sala de aula e

reuniões respectivamente, no entanto, aqueles que tiveram muita dificuldade na

elaboração do material digital, demonstraram não ter conhecimento do aplicativo

utilizado na proposta, além do mais não entendiam com clareza os recursos

didáticos disponíveis no Portal Educação, embora tivessem ouvido falar a respeito.

Por isso, não foram capazes de utilizar em sala de aula seu material alegando não

ter conhecimento mínimo das tecnologias de informação e comunicação ao ponto de

utilizar os recursos pedagogicamente, necessitando da intervenção e ajuda do

professor PDE, como relata P15 e P20 deste grupo: “...tenho muitas dificuldades no

trato com esses equipamentos tecnológicos, o que acarretaria em problemas na sala

de aula. Prefiro não utilizar e adoto as metodologias que já estou acostumada”.

Figura 1. Grau de conhecimento na elaboração de materiais utilizando as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) - PowerPoint

Considerou-se também a navegação na internet, ambientes virtuais, portal

educacional, objetos de aprendizagem, de modo a conseguirem preparar uma aula

temática com o uso do aplicativo, como afirma P1, P2 e P6 participantes do grupo

em linhas gerais “é muito importante para nós termos a oportunidade de aprender

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mais sobre tecnologias, e estarmos dispostos a inovar sempre, considerando a

diversidade de sujeitos que temos na escola”.

E, finalmente 5% das profissionais participantes do projeto não se dispôs a

dar continuidade na produção do material digital afirmando não perceber de fato que

as tecnologias podem subsidiar o seu trabalho em sala de aula, e acredita ser o

ensino tradicional, ainda a melhor ferramenta de ensino e consequentemente de

aprendizagem como diz P9 “...não gosto das tecnologias, penso que quanto mais

tentamos inovar, maiores a chance de perdermos o foco no trabalho, que é a nossa

maior responsabilidade, ou seja, ensinar”.

O surgimento das tecnologias ocorreu devido à qualificação dos saberes, uma

nova estrutura educacional se instala, de tal modo que as atividades a serem

desenvolvidas tomam um caráter pedagógico (LEOPOLDO, 2002).

Deve-se considerar que o professor detém um conhecimento que está além

da escola, em outros ambientes como a família, religião, e em diversos segmentos

culturais, que também exercem uma influência no dia a dia desse profissional, até

mesmo superior a sua formação na universidade. Deste modo, o conhecimento

apropriado pelo professor no decorrer de sua vida e suas experiências, que podem

ser observadas, resulta da relação de sua prática com os saberes acumulados

histórica e socialmente (CUNHA, 1994).

Uma prática se torna relevante quando o sentido da ação está intimamente

ligado à capacidade que o professor tem em ensinar e conseguir que a

aprendizagem aconteça efetivamente. O ensinar acontece a partir da experiência

docente, principalmente em situações que os alunos consigam visualizar como algo

concreto o que se aprende, dentro de um contexto. Deve-se sempre estar atento

para que o ensino não volte a se fragmentar (MELO, 2000).

Segundo Schön (2000), neste novo repensar sobre a formação docente, é

fundamental a concepção de que o professor seja reflexivo constantemente em sua

ação, que define de fato o conhecimento profissional. Considera que a sala de aula

é um ambiente bastante complexo e de diversas situações, muitas vezes

problemáticas, instáveis, que estão cercadas de inúmeros conflitos. Há de se

considerar que o conhecimento pedagógico é fruto da reflexão sobre a ação e na

ação, por um repensar da ação durante e depois desta ação.

É fundamental perceber que as tecnologias possuem suas próprias

características, pontos positivos e negativos, de tal modo que devam ser pensadas,

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discutidas, afim de que possam ser utilizadas no cotidiano da sala de aula pelas

mãos do professor (VALENTE, 2008).

Aos professores é relevante mencionar e recordar que a expressão humana

por meio da fala, da escrita, e de diversos mecanismos muito presentes ainda hoje

no cotidiano de todo professor, caracterizam-se como tecnologias, e por isso são

ferramentas que são utilizadas há muito tempo como mecanismos de apoio

metodológico. A relação de facilidade ou dificuldade que o professor estabelece com

o uso das tecnologias que as tornam mais ou menos acessíveis (CHAVES, 2004).

Em grande parte os professores apresentam dificuldades na utilização de

algumas ferramentas tecnológicas, mas empenham-se na medida do possível para

utilizá-las. Muitas vezes esta utilização acaba se transformando em metodologias

que repreendem e são repetidoras. Vários professores buscam outros meios de

ensinar, mas não tem clareza em como fazer, e ainda sentem-se despreparados

para inovar seguramente. Quanto mais amplas são as possibilidades metodológicas,

mais qualificadas tornam-se as atividades desenvolvidas e até o processo avaliativo

(MORAN, 2006).

Deve-se buscar superar apenas a habilidade instrumental das tecnologias, é

necessário que se conheça as potencialidades de cada ferramenta e de que modo

estas podem qualificar metodologicamente o trabalho docente. O professor deve

partir do pressuposto de que maneira essa tecnologia depõe positivamente a ação

docente, como pode potencializar a proposta de trabalho estabelecendo outras

metas, criando uma interação mais efetiva entre alunos e professor.

O professor ao se utilizar das tecnologias de informação e comunicação às

suas metodologias, conseguindo trabalhar e explorar estes recursos, cria uma

ligação entre como se utilizar de tais ferramentas, suas metodologias, as teorias

educacionais, repensando o seu trabalho em sala de aula, procurando transformá-lo

(ALMEIDA, 2001).

Várias escolas cobram uma mudança do professor no sentido metodológico,

porém não oportunizam condições para que estas mudanças ocorram. Entendem

que a simples inserção de computadores com acesso a rede de internet, já é por si

só um mecanismo capaz de melhorar o processo de ensino (MORAN, 2006).

O necessário é que todos os recursos tecnológicos disponíveis na escola,

sejam utilizados criteriosamente de modo significativo afim de que o ensino seja

claro e acessível à apropriação da aprendizagem dos alunos. É relevante superar

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alguns paradigmas quanto ao uso das tecnologias no sentido de perceber que estas

podem proporcionar novos meios de se expressar, das linguagens, de tal maneira

que as potencialidades de cada instrumento leve a produção do conhecimento,

desenvolvendo os educandos pessoal e culturalmente (ALMEIDA, 2009).

Outros dados de uma pesquisa realizada com professores sobre o uso

pedagógico das tecnologias, demonstrou que 75% destes profissionais sentem uma

insegurança em não conseguirem se utilizar das tecnologias adequadamente

frustrando as suas próprias expectativas e a de seus alunos em sala de aula.

O professor é quem direciona todo o processo de ensino e aprendizagem,

conhece os conceitos e conteúdos a serem trabalhados, participa ativamente da

aprendizagem de seus alunos. Tem o papel fundamental nesse processo, pois

media a construção do conhecimento, transmite saberes, e correlaciona toda a

aprendizagem com fatos da vida cotidiana. O professor percebe que a sua ação

precisa superar apenas a transmissão de um conhecimento, deve despertar em

seus educandos o senso crítico e o desejo de participar ativamente desse processo

(VEIGA, 1991).

Segundo Miranda (2007) o uso das tecnologias leva a mudança de

concepções e metodologias, que nem sempre é algo que o professor está disponível

e motivado a realizar. Não sendo desta forma uma missão simples, pois para o

sucesso de tais mudanças é necessário dedicação, empenho e desejo.

Um grande desafio enfrentando pelos professores no Brasil é conseguir

articular pedagogicamente o seu trabalho com alunos e alunas em diversas e

complicadas situações, de educandos com conhecimento mais amplo sobre as

inovações tecnológicas ao mesmo tempo com alunos que não dominam tais

recursos e nem tão pouco tem um efetivo acesso a estes, de escolas muito bem

estruturadas e equipadas tecnologicamente em relação a outras com realidades

precárias, sem recursos, e sem condições de apoio ao trabalho docente. O grande

desafio ainda está relacionado à formação do professor afim de que este consiga

lidar com tamanha diversidade de problemas (KENSKI, 2009).

A capacidade de realizar a ação não se minimiza apenas em saber fazer, mas

se relaciona aquilo que se aprende no decorrer da vida de cada pessoa. É comum

que haja uma confusão entre saber e fazer. O saber não se resume apenas em

conhecer, deter conhecimento, é relevante conseguir aplicar esse conhecimento por

meio de ações que se concretizem (PERRENOUD, 2000).

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O professor sempre encontrará desafios em seu trabalho, e precisa buscar

respostas das mais diversas possíveis, porém todas dependerão da maneira como

interpreta a realidade e percebe o contexto no qual se insere. Em sua formação

profissional deve estar apto a conhecer, preparar e lidar com o dia a dia da sala de

aula, considerando toda a diversidade que está possa oferecer (CORREIA, 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados quantitativo e qualitativo, podemos concluir que grande

parte dos professores sabe lidar com as novas tecnologias no seu cotidiano, muito

embora, poucos se utilizem delas como ferramentas em sua prática pedagógica na

sala de aula, todavia, mostraram-se otimistas para utilizá-las a partir de então. No

entanto, outra parte de professores apresentam grande dificuldade na utilização das

TICs, mas estão dispostos a melhorar no seu conhecimento e uso.

O professor necessita superar o medo e receio para o uso das tecnologias em

seu trabalho, tendo o papel de responsabilidade na ruptura deste paradigma,

considerando a mudança do próprio comportamento. Somente mediante esta

mudança as dificuldades relatadas nesta pesquisa serão minimizadas, promovendo

a utilização na esfera educativa das TIC.

Por fim, destaca-se uma forte evidência de ausência da formação docente

voltada para o uso de tecnologias, de modo a contemplar atividades planejadas e

desenvolvidas na escola. Deste modo o objetivo do Projeto de Intervenção foi

alcançado e atingido, pois apresentou uma formação que veio ao encontro das

necessidades dos professores da escola, sendo satisfatória a ação da

implementação.

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do IX ENDIPE (Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino), Águas de

Lindóia, 1998.

ALMEIDA, M. E. B. Educação, projetos, tecnologia e conhecimento. São Paulo: PROEM, 2001. 63p.

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