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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
ESTUDO SOBRE A CONDIÇÃO DE MORADIA DO DISCENTE,
PROBLEMATIZANDO A QUALIDADE DE VIDA E A APRENDIZAGEM ESCOLAR
Autora: Márcia Regina Krupek1
Orientador: Prof. Dr. Clayton Luiz da Silva2
RESUMO
Este artigo analisa os resultados do Projeto de Intervenção Pedagógica intitulado: “Estudo sobre a condição de moradia do discente, problematizando a qualidade de vida e a aprendizagem escolar”. No desenvolvimento do trabalho foi realizado uma pesquisa exploratória para investigar as condições de moradia dos discentes, problematizando-as a fim de articular teoria e prática a partir do espaço vivido numa perspectiva de obter uma aprendizagem significativa. Tiveram a oportunidade de conhecer a história e a cartografia do Município de Pitanga, orientados a situar e analisar de forma crítica as características do meio onde estão inseridos dentro do quadro territorial, buscando construir com eles o conceito de cidadania. Neste sentido foram conduzidos a refletir sobre sua realidade, onde puderam perceber a importância dos serviços públicos que dispõem ou não, os quais permitem morar em boas ou más condições de vida, bem como, conscientizá-los da necessidade do Estado de prover políticas públicas que propiciem a melhoria da qualidade de vida e não apenas para poucos privilegiados, mas para todos, contribuindo dessa forma para formação de cidadãos conscientes e críticos para atuarem de modo comprometido com a vida e o bem estar de cada um na sociedade que pertencem.
PALAVRAS-CHAVE: Moradia, cidadania, qualidade de vida e aprendizagem significativa. 1. INTRODUÇÃO
O presente artigo procura apresentar brevemente as atividades
desenvolvidas no contexto do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional)
realizadas em 2013 e 2014.
Este Programa foi desenvolvido respeitando quatro etapas preestabelecidas:
1ª- elaboração do Projeto de Intervenção Pedagógica, 2ª- elaboração da Produção
Didático-pedagógica e discussão sobre o material didático no GTR (Grupo de
Trabalho em Rede), 3ª- Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na
escola e análise dos resultados obtidos na implementação e 4ª- Produção de Artigo
Científico Final.
Nos momentos de reflexão sobre minha prática pedagógica, muitas vezes
busquei respostas para meus anseios. Será que os conhecimentos adquiridos em
1Professora da Rede Estadual na disciplina de Geografia, no Colégio Estadual Professora Júlia H. de
Souza – EFMP. 2Docente do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO.
sala de aula vão além dos muros da escola? A metodologia utilizada está trazendo
uma aprendizagem realmente significativa? Os conteúdos apresentados nos livros
didáticos estão próximos da realidade dos discentes? Essas indagações foram as
inquietações que motivaram a construção do problema de pesquisa para realizar no
PDE.
Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, um dos
pressupostos metodológicos dessa disciplina para se chegar à construção do
conhecimento em sala de aula é trabalhar o conteúdo de forma contextualizada o
que inclui a realidade do discente situada historicamente nas relações políticas,
sociais, econômicas, culturais e diversas escalas geográficas.
A disciplina de Geografia tem a necessidade de estabelecer um diálogo
entre professor e discente, onde teoria e prática se concretizam, partindo da
realidade levando-o à construção do conhecimento onde possa traduzir o mundo em
que está inserido.
À partir dessa necessidade, procurei desenvolver com os discentes do 7º
ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Prof.ª Júlia H. De Souza um
trabalho buscando uma metodologia voltada para seu espaço de vivência, utilizando
como recorte de estudo sua condição de moradia na cidade de Pitanga Pr,
aproximando o conteúdo disciplinar com sua realidade. Considerando a maneira
como eles veem o seu lugar foi uma forma de estudar a situação a que se refere à
sua moradia, situando, conhecendo e refletindo sobre a história do seu Município
dentro do quadro territorial e os serviços básicos que dispõem, o que determina a
qualidade de vida e cidadania que possuem.
Problematizar tais questões em sala de aula, realizando as atividades
propostas na segunda etapa do programa (Produção Didático Pedagógica), através
de ações motivadoras, a partir da experiência de vida que o discente nos trouxe,
através de questionários abertos e fechados, foram provocados inquietações e
questionamentos, onde puderam entender, numa visão totalizadora, o significado de
cidadania e situá-la no mundo que o cerca, dessa forma, sua história pessoal tornou
o conhecimento geográfico mais próximo e significativo.
Conduzir o discente a refletir e trazer informações sobre sua realidade, foi
uma forma de dar a oportunidade de sair da sua posição de mero ouvinte para se
tornar um agente produtor de informação e conhecimento. Trazer essa reflexão para
sala de aula nos pareceu um caminho didático motivador muito válido, para
contribuir com o processo de ensino, tornando a aprendizagem significativa
ampliando a compreensão do seu papel de cidadão na sociedade a que pertencem.
2. RELATO CIRCUNSTANCIADO DA EXPERIÊNCIA TEMÁTICA DE ENSINO
O relato de experiência se refere à terceira etapa do programa. A
implementação foi dividida em sete atividades, distribuídas em 32 aulas de 50
minutos.
Foram realizadas as seguintes estratégias de ação:
Na 1ª atividade apresentei a Unidade Didático Pedagógica para os discentes
sobre a metodologia de trabalho, formas de avaliação, distribuição e explicação do
caderno de Memórias.
Ao dar início às atividades, situaram e questionaram a sua moradia no
quadro territorial do Município de Pitanga através de aula no laboratório, explorei o
mapa do Município de Pitanga, registraram suas observações e análises no caderno
de Memórias, exibi imagens para retratar o histórico do Município e responderam
questionário com a ajuda de seus familiares.
O caderno de Memórias foi um excelente recurso utilizado como meio de
avaliação e também um instrumento de comunicação entre professora e discentes,
pois depois de cada aula que eles usavam o caderno eu levava para casa, corrigia
as atividades e deixava recadinhos carinhosos com muitos elogios apelativos para
melhorarem o comportamento, a atenção, a participação e o desempenho na
realização das tarefas. Quando recebiam os cadernos ficavam curiosos para ler as
anotações da professora. Percebi que uma palavra de carinho e amor tem maior
poder de mudança no discente do que simplesmente chamar sua atenção perante
os colegas.
Figura 1- Caderno de Memórias Fonte: Márcia Regina Krupek (2014)
As aulas de laboratório foram bem interessantes para a classe,
demonstraram interesse e empolgação, ao utilizar o programa Google Maps, fizeram
suas descobertas e interagiram com os colegas, os mais espertos ajudavam os que
tinham mais dificuldade. A maioria dos discentes conseguiram localizar e analisar
criticamente o meio em que vivem nas diferentes escalas. O ponto negativo foi que
não consegui atender a todos da mesma forma pois apresentaram muitas
dificuldades na utilização dos computadores porque a maioria não tem acesso a
esse recurso tecnológico.
Os mapas do município foram recursos bem interessantes para a turma,
pois sentiram-se motivados a procurar sua rua e tentar localizar sua moradia. A
maioria deles obteve êxito, percebi que os discentes mais agitados demonstraram
maior interesse e cooperação, pois ajudaram os colegas com dificuldades, portanto
houve um entrosamento legal entre eles. A aula foi bastante agitada, mas foi uma
bagunça organizada, porque atingi os objetivos propostos.
Nas questões sobre o município fiquei surpreendida, pois demonstraram
preocupação destacando as necessidades do município (saúde precária, falta de
atendimento hospitalar, UTI, desigualdades entre os bairros, pouco desenvolvimento
do município, falta de interesse político, necessidade de moradias mais dignas, falta
de emprego, etc).
Ao apresentar as imagens e dados do município os discentes foram
comentando e participando, percebi que apresentaram bom conhecimento em
relação aos dados do município. Fiquei feliz com o desempenho da turma, para
finalizar ilustrei com o hino de Pitanga, que foi também cantado pelos discentes,
observando imagens antigas e recentes da cidade. Por demonstrarem interesse,
ensaiei o hino durante a implementação e apresentaram à comunidade escolar no
final do projeto.
Na 2ª atividade tabulamos os dados obtidos no questionário e realizamos um
diálogo sobre suas condições de moradia, registrando os gráficos no caderno de
Memórias.
Ao realizar a tabulação dos dados dos questionários, os discentes
demonstraram grande interesse e participação, porque estiveram envolvidos com a
atividade, analisando as condições socioeconômicas da turma concretamente,
dessa forma tornou mais significativa a aprendizagem.
Na 3ª atividade explorei o mapa dos Loteamentos do Município, produziram
gráfico da localização da classe, realizaram passeios em equipes no bairro que
residem, produziram poesias e cartazes retratando em forma de desenho o bairro
visitado, aula expositiva sobre as áreas coletivas, responderam questões pessoais
sobre as áreas e lazer, após desenharam a partir do tema “área de lazer do bairro” e
socializaram os trabalhos.
A atividade da visita no bairro onde moram foi realizada pela maioria, pois
entregaram relatório com observações dos pontos positivos e negativos do mesmo.
Foi fácil estabelecer um diálogo com a turma, porque a maioria mora no mesmo
bairro.
Na produção de poesias, observei que vários discentes tem muita
dificuldade para escrever, alguns eu tive que sentar ao lado e ser escriba, outros
fizeram somente frases e algumas duplas me surpreenderam, pois realmente
conseguiram retratar seu bairro com os serviços públicos que têm acesso e os que
não o têm. Foi um desabafo, percebi que entenderam o objetivo a ser alcançado.
O MEU BAIRRO
No bairro onde eu moro
Água tratada todo mundo tem
Policiamento, algumas vezes
E rede de esgoto quase ninguém tem.
No bairro onde eu moro
Tem Colégio Estadual
Professores dedicados
E Escola Municipal.
No bairro onde eu moro
Iluminação pública é existente
Tem campos de futebol
E a coleta de lixo está presente.
No bairro onde eu moro
A super creche foi terminada
O Instituto Federal está em construção
Mas ainda está faltando, ruas pavimentadas.
Esse é meu bairro,
Tenho orgulho de olhar
Aqui nasci e sou feliz
É nele que pra sempre irei morar!
Camila, Paula Andrade e Paula Izabela (7ºB 2014)
O trabalho em grupo com cartazes foi relevante, os discentes mais agitados
apresentaram maior concentração e interesse, pois têm maior facilidade para
desenhar do que escrever, se organizaram produzindo ótimos trabalhos, retratando
o seu bairro em forma de desenho, expressando criticamente as necessidades do
mesmo.
O debate sobre as áreas de lazer do bairro foi uma discussão bem
conturbada, pois a turma tinha dificuldade de concentração, portanto não consegui
estabelecer a socialização através do diálogo. Observei que reconhecem suas
necessidades nas questões de lazer, através das respostas expressas nos cadernos
de Memórias e não nos debates.
Na 4ª atividade refletiram sobre sua moradia através de interpretação de
texto “Casa” em roda de conversa, analisaram e refletiram sobre imagens que
representam a diversidade de moradias apresentadas na TV Pendrive, desenharam
sua moradia em seu entorno, responderam questões refletindo sobre as condições
de sua moradia e as desigualdades sociais, ouviram a música “Nos barracos da
cidade” e socializaram ideias sobre a mesma.
A dinâmica da roda de conversa sobre o texto foi uma estratégia bem
criativa, pois saíram da rotina das filas, mesmo num diálogo bem difícil, alguns
discentes refletiram e relataram expondo como são suas condições de moradia no
seu espaço de vivência.
Para retratar a moradia em forma de desenho, foi uma aula bem tranquila,
pois gostam de desenhar, principalmente os discentes mais agitados ficaram
empolgados e fizeram um excelente trabalho. A maioria representou suas reais
condições, mas alguns idealizaram sua moradia.
A conversação sobre as desigualdades sociais foi bem difícil, mas alguns
discentes apresentaram ótimas ideias em relação ao tema, refletindo sobre sua
realidade.
Na 5ª atividade responderam questões sobre a importância do saneamento
básico, assistiram ao vídeo Globo Ecologia Rio+20 – Saneamento, o básico
inexistente, após realizamos uma roda de conversa sobre o vídeo, fizemos uma
visita in loco (Sanepar) para que compreendessem como funciona a Estação de
Tratamento de água e esgoto no município de Pitanga e Jogaram bingo geográfico
como estratégia para estimulá-los a falar sobre o que aprenderam com a saída de
campo.
Figura 2 – Visita à Estação de Tratamento de Água Fonte: Márcia Regina Krupek (2014)
A saída de campo foi excelente! Os discentes demonstraram bom
comportamento e interesse. Foram aulas muito interessantes e participativas,
ficaram curiosos para conhecer o processo de tratamento da água e de esgoto. Os
discentes mais agitados apresentaram maior interesse nas explicações e no
funcionamento das redes.
Figura 3 – Visita à Estação de Tratamento de Esgoto Fonte: Márcia Regina Krupek (2014)
Ao socializarmos os conhecimentos adquiridos com as visitas no bingo
geográfico, percebi que realmente aprenderam com os passeios, a dinâmica foi
importante porque todos tiveram que participar com sua resposta pessoal em
relação a aprendizagem adquirida.
Na 6ª atividade realizamos visita ao Marco Geodésico Histórico do Paraná
“Museu da Imagem e do Som”, localizado no Município de Pitanga para conhecer e
refletir sobre sua história, desenvolveram trabalho em equipe com as fotografias do
Município para produzirem um painel retratando sobre seu desenvolvimento.
Realizaram uma entrevista com os familiares a respeito Município de Pitanga
e socializaram as entrevistas com produção dos resultados para apresentar no
momento final da implementação.
Na visita ao Marco Geodésico, ficaram encantados, com o lugar, pois
puderam ver quase todo o Município e tentaram localizar suas moradias, ficaram
impressionados com as observações na luneta, demonstraram interesse nos vídeos
apresentados. Alguns discentes se dispersaram, pois tinha muitos atrativos para
observar, mas na hora da explicação, onde a profissional responsável explicou,
retratando o histórico do município com base nas grandes fotos apresentadas, os
discentes que mais perguntavam e prestaram atenção nas explicações foram os
mais agitados em sala de aula.
Figura 4 – Visita ao Marco Geodésico Histórico do Paraná Fonte: Márcia Regina Krupek (2014)
Aproveitamos para visitar o Museu Histórico do município, que fica ao lado
do Marco Geodésico. Dessa forma puderam enriquecer mais o conhecimento sobre
o município, pois observaram tudo muito admirados e questionaram sobre os
instrumentos expostos.
No momento de realizar o trabalho com as fotos do município, os discentes
tiveram facilidade de trabalhar em grupos. O trabalho foi muito bom, pois souberam
reconhecer e interpretar as fotos antigas, a partir das explicações no Marco
Geodésico e apresentar para os colegas com entusiasmo.
Figura 5 - Exposição do Projeto, Colégio Júlia H. De Souza Fonte: Márcia Regina Krupek (2014)
Dessa forma, posso afirmar que aulas de campo são muito mais
interessantes e atrativas para os discentes, pois aprendem de forma significativa e
marcantes para toda sua vida.
Obtive excelente participação nas entrevistas com os familiares sobre o
município, pois a maioria entregou o trabalho, onde socializamos com a classe os
resultados obtidos. Nas respostas foram ressaltados os problemas que o município
apresenta, principalmente nas questões de saúde, saneamento básico, praças
públicas, emprego, moradia coleta de lixo, policiamento, cidadãos mais participativos
e também perceberam muitas mudanças e melhorias como super creche,
faculdades, iluminação pública, meios de transporte coletivo gratuito, pavimentação,
pontos turísticos, etc
Na 7ª atividade concluímos a implementação com apresentação de todos os
resultados obtidos, aconteceu na quadra da escola, preparada pelos discentes e
pela professora em exposição final para comunidade escolar, em dia especial
marcado pelo , onde foi disponibilizado um caderno de Impressões para além se
assinar, deixarem seu comentário em relação aos trabalhos e desempenho dos
discentes envolvidos.
A exposição foi um sucesso! Foi um momento muito especial e marcante!
Aconteceu à noite em dia especial aberto a toda comunidade escolar, onde
junto com os discentes organizamos um grande mural expondo todos os trabalhos,
incluindo as fotos de todas as atividades realizadas por eles.
Eu fiz uma explanação explicando sobre o desenvolvimento da
Implementação, a realização e resultados dos trabalhos.
Figura 6 - Exposição do Projeto, Colégio Júlia H. De Souza Fonte: Márcia Regina Krupek (2014)
Os discentes além de demonstrarem e explicarem seus trabalhos para
comunidade escolar apresentaram o Hino de Pitanga e os mais desinibidos
declamaram os poemas por eles elaborados. Também fiquei muito emocionada, pois
aqueles que mais deram trabalho na realização da implementação, foram os que
decoraram suas poesias e declamaram bem bonito. Alguns discentes que eu mais
acreditei e depositei minha confiança, nem compareceram no dia da exposição,
portanto não podemos julgar o discente pelo seu comportamento em sala de aula,
se sua participação nas atividades extraclasse são participativas e produtivas.
A comunidade aplaudiu com grande euforia as apresentações realizadas e
ainda deixaram lindos recados, parabenizando-os no caderno de Impressões.
Figura 7 - Exposição final no Colégio Prof.ª Júlia H. De Souza Fonte: Márcia Regina Krupek (2014)
Os maiores limites durante a implementação foram os problemas de
comportamento e a realização de debates em sala de aula, pois é muito difícil
prender a atenção deles por muito tempo devido a falta de respeito entre os colegas
com agressões verbais e insultos, que atrapalhavam as discussões. A superação
desses limites era uma nova conquista a cada dia e conhecendo mais sobre a
realidade deles ficou mais fácil entendê-los e saber agir em cada situação.
Os discentes demonstraram maior interesse e concentração na realização
de atividades de desenhos, exploração dos mapas, produção de gráficos, aulas de
laboratório, apresentaram afinidade com os colegas para trabalhar em grupos,
gostaram de trabalhar com o caderno de Memórias e maior interesse nas aulas de
campo. Tiveram dificuldades nas produções escritas e falta de concentração nos
vídeos e debates.
DISCUSSÕES DOS RESULTADOS
Todo material confeccionado no decorrer do PDE e implementado em sala
de aula foi compartilhado no Grupo de Trabalho em Rede (GTR), que se refere à
terceira etapa do programa, onde alguns professores participantes da rede pública
tiveram a oportunidade de conhecer, opinar e compartilhar as experiências vividas.
Nas discussões realizadas no GTR, os professores relataram que moradia e
educação são direitos constitucionais ao qual, infelizmente grande parcela da
população em nosso país não tem acesso efetivo. Nosso sistema educacional deve
ser capaz de atender as diferentes clientelas com que trabalha, para que isso
ocorra, é extremamente importante conhecermos a sua realidade, como as
condições de moradia, a questão familiar, a história da comunidade do entorno da
escola, devemos procurar entender até que ponto tudo isso pode interferir na sua
aprendizagem. O nível de ensino deve ser baseado em propostas pedagógicas
adequadas às realidades sociais dos mesmos.
A proposta apresentada teve boa aceitação por parte dos professores, pois
trata de um tema relevante e pertinente para o 7º ano, comentaram que aproximar
teoria e prática torna a compreensão do discente mais significativa, facilitando o
entendimento de seu papel de cidadão na sociedade a que pertence e possibilitando
o exercício da cidadania.
Os cursistas também afirmaram que cabe a nós professores buscarmos
novos caminhos, para propiciar a compreensão, levando em conta o saber do
discente, como indivíduo dotado de experiências anteriores, principalmente o seu
próprio espaço de vivência que deve ser valorizado no processo de ensino
aprendizagem.
Relataram que muitas vezes enfrentamos problemas como a falta de
disciplina e de interesse por parte de muitos discentes. Precisamos pensar em
estratégias, técnicas e instrumentos para fugir do tradicionalismo e tornar a aula
mais interessante. A proposta apresentada é um exemplo de inovação didática, pois
salientaram que as atividades apresentadas na produção são dinâmicas e tornam as
aulas mais atrativas e motivadoras. Alguns professores adaptaram a proposta à sua
realidade e desenvolveram algumas ações em sala de aula e socializaram os
resultados comentando no GTR que obtiveram sucesso na realização e nos
resultados obtidos .
Uma professora citou a seguinte frase: "Há escolas que são Gaiolas e há
escolas que são Aves"! Em seu relato foi observado que nós professores
precisamos formar aves para que alcancem voos cada vez mais altos, que
realmente lutem por seus objetivos, que saibam viver em harmonia na sociedade,
que respeitem os direitos dos outros e que saibam cobrar também os seus.
É o que nós educadores almejamos para nossos discentes que tanto
queremos bem. E trazendo para sala de aula seu espaço de vivência é uma forma
dele refletir e saber agir como cidadão em busca da sua dignidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As práticas realizadas com os discentes em sala de aula e fora dela, foram
uma forma de sair da rotina escolar, pois ultrapassaram os conteúdos dos livros
didáticos, fazendo parte do processo de desenvolvimento e interação nas atividades
a partir do tema “Moradia e Cidadania”, ampliando a visibilidade das informações e
conhecimentos por eles produzidos, dessa forma os resultados foram bastante
satisfatórios.
A turma em que desenvolvi a implementação era bem heterogênea, nela
encontrei discentes inteligentes, criativos e participativos, mas também alguns
extremamente agitados, com problemas emocionais e familiares que agiam com
agressividade, brigavam entre eles, agredindo-se verbalmente, outros muito tímidos
que quase não se expressavam oralmente, alguns com dificuldades de
aprendizagem que recebem acompanhamento especial, outros bem faltosos por
problemas de saúde ou desinteresse, além de outros. Em geral a classe
apresentava comportamento inquieto, conversavam bastante e em volume alto, não
se respeitavam entre eles, dessa forma precisava mantê-los em constante atividade.
Quando me deparei com a classe, à priori pensei que minha implementação
iria ficar somente no papel, mas ao apresentar a proposta para turma, demonstraram
grande expectativa para realização das atividades propostas. No decorrer do
processo, percebi grandes avanços alcançados, principalmente pelos discentes que
apresentaram dificuldades, estes foram os que mais se destacaram na participação
e realização dos trabalhos. A metodologia utilizada no projeto cativou a todos os
envolvidos obtendo grandes avanços na aprendizagem. Partindo de uma proposta,
onde a história pessoal do discente foi utilizada como caminho didático de estudo, foi
uma forma relevante que permitiu interagir com as dificuldades para atingir os
objetivos propostos, buscando superar os desafios, além de deixar marcas na vida
dos discentes que vivenciaram uma aprendizagem significativa durante a
implementação.
Acredito que consegui estar em sintonia com a classe a fim de motivá-los
para participarem dos debates, desenvolverem as atividades, produzirem cartazes,
poemas, desenhos, construírem gráficos, participarem das aulas de campo e de
laboratório com excelentes resultados, devido a utilização de ótimos recursos e um
material bem pensado e produzido que tornaram as aulas interessantes e também
porque sentiram-se motivados em retratar sobre a realidade deles.
Encontrei muitas possibilidades para realização da implementação, desde a
apresentação do projeto para comunidade escolar, realização das atividades até a
exposição final. Tive apoio da equipe pedagógica, da direção, dos colegas
professores, dos familiares e a participação da comunidade escolar em dia especial,
onde os discentes apresentaram os resultados. Foram reconhecidos pelo sucesso
do trabalho realizado e recompensados pela aprendizagem vivenciada.
Ao concluir essa pesquisa, constatei que independente das limitações de
cada discente, trabalhar partindo da sua realidade, todos são capazes de
amadurecer suas ideias e convicções, aprimorando seus conhecimentos para
construção de uma sociedade mais justa, solidária e democrática.
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Fonte das imagens:
Apartamentos - http://diadema.olx.com.br/apartamentos-em-diadema-minha-casa-
minha-vida-iid-121693536
casa - http://p://mato-grosso-do-sul.nexolocal.com.br/c666-apartamento-casa-a-venda-p4 oca - http://modovestir.blogspot.com/2008/08/ocas.html palafita - http://www.bodega.blog.br/nareal/cidadania/ iglu - http://olharamais.blogspot.com/2010/08/olhar-de-frio-muito-frio.html?zx=4fc82b777d807f6b Vídeo – Globo Ecologia Rio+20 – Saneamento, o básico Inexistente
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