os desafios da escola pÚblica paranaense na … · trabalhar as questões da desigualdade social,...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE POLIÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE
MARIA CELOÍ PEDROSO
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
DESCOBRINDO VALORES: LITERATURA E DENÚNCIA SOCIAL
PONTA GROSSA
2013
MARIA CELOÍ PEDROSO
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
DESCOBRINDO VALORES: LITERATURA E DENÚNCIA SOCIAL
Projeto de Intervenção Pedagógica apresentado
ao Programa de Desenvolvimento Educacional do
Paraná ( PDE ) como requisito parcial dos
trabalhos propostos para participação e execução
deste Programa.
Orientador: Dr. Fábio Augusto Steyer.
Ponta Grossa
2013
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
PROFESSORA PDE: Maria Celoí Pedroso.
ÁREA PDE: Português.
NRE: Ponta Grossa.
PROFESSOR ORIENTADOR: Dr. Fábio Augusto Steyer.
IES VINCULADA: Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG.
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Santo Antonio.
PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Educação Geral, 3º Ano.
2. TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE:
DESCOBRINDO VALORES: LITERATURA E DENÚNCIA SOCIAL.
3. APRESENTAÇÃO
Numa realidade dinâmica como a nossa, que se transforma na mesma
velocidade com que se disseminam informações nos meios eletrônicos, é
essencial o papel que a literatura desempenha na educação. Isso tendo em
vista que a leitura num contexto brasileiro vive crises maiores, presentes em
nossa sociedade, como a injustiça, a desigualdade, a fome e a falta de
liberdade e democracia. Dessa forma, é fácil encontrar pessoas que não têm
acesso à informação de qualidade, devendo-se a isso a ausência do domínio
da leitura compreensiva. Segundo Eagleton:
―A medida que prosseguimos a leitura, deixamos de lado as suposiçoes, revemos
crenças, fazemos deduções e previsões cada vez mais complexas; cada frase
abre um horizonte que confirmado, questionado ou destruído pela frase seguinte.
Lemos simultaneamente par trás e para frente. Prevendo e recordando, talvez
conscientes de outras concretizações possíveis do texto que a nossa leitura
negou‖. (2003, p.106).
A linguagem oral ou escrita é indispensável na construção de valores
essencias para a vida cidadã, já que ela permeia todas as atividades humanas,
em todas as esferas sociais.
Um dos principais compromissos da Língua Portuguesa e Literatura é
trabalhar com os alunos a leitura de forma reflexiva, explorando seus múltiplos
sentidos, compreender e interpretar. Cabe à escola fornecer condições
necessárias para acontecer à leitura e produção com proficiência. A verdadeira
leitura deve levar a sua plurisignificatividade e sua abertura, multiplicando as
possibilidades de sentido, caso contrário, o professor estará ensinando os seus
alunos apenas a decifrarem os códigos.
É necessário trabalhar valores essenciais para a vida, como o respeito à
dignidade do ser humano. Numa sociedade que prioriza mais os bens materiais
que a essência do ser. A desigualdade social que oprime, que fere e mata a
dignidade do homem. Acumulam-se riquezas para uma pequena minoria
enquanto a miséria se faz presente em tantas e tantas famílias que são
simplesmente excluídas como se não existissem. A literatura faz a denúncia
social dessa triste realidade e não se pode deixar de lado os questionamentos,
as reflexões que ela propicia. É preciso desvelar.
O ato de ler como exercício crítico necessita inserir-se permanentemente
na formação e na prática do professor, para que ele possa criar as condições
de incentivo e investimento na formação de seus alunos observando a
denúncia social presente nas obras literárias. Trata-se de um incentivo ao
debate democrático, através de um enfoque sociopolítico que visa modificar os
valores vigentes na sociedade.
É preciso um discurso que incite o abandono à passividade, a assunção
da responsabilidade de todos e de cada um na modificação do estado das
coisas. Trabalhar as questões da desigualdade social, em fragmentos de obras
literárias, que despertem no alunado a reflexão e o desejo de saber mais. Que
levem o aluno a conhecer a obra no todo, buscando o desenvolvimento da
autonomia na análise de poesia e fragmentos de obras literárias de alguns
autores que tratam a denúncia social que permeiam tais obras.
Primeiramente, a leitura ganha um importante reforço, com vista ao
desenvolvimento das capacidades leitoras dos alunos com textos de diferentes
épocas de autores brasileiros. Motivando os alunos a participarem na
construção deste projeto. Certamente o trabalho servirá para ampliar
conhecimento na arte literária abrindo maior espaço para os gêneros orais
públicos, como o debate, o seminário, a mesa-redonda, entre outros. A partir
disso, será possível que vislumbremos de modo consciente a literatura como
expressão da realidade. ―É desafio do professor, portanto, compartilhar a
experiência da interação entre a obra e o leitor, como sujeito ativo capaz de
refletir sobre o que leu, emitir juízos e, principalmente, ampliar seus horizontes
de expectativa em relação à obra lida.‖ ( DIRETRIZES CURRICULARES,
2006, p. 38 ).
A literatura participa ativamente do desenvolvimento das habilidades,
principalmente daquelas relacionadas com a produção de textos orais e
escritos. Neste trabalho o aluno poderá expor e defender um ponto de vista
pessoal, de buscar relações de causa e efeito, de interpretar: ―... em face do
texto, surgem no nosso espírito certos estados de prazer, tristezas,
constatação, serenidade, reprovação, simples interesse.‖ ( CÂNDIDO,2000,
p.31).
Neste trabalho as obras que serão analisadas são os fragmentos de
Vidas Secas, de Graciliano Ramos, O Quinze, de Rachel de Queiroz, o poema
O bicho, de Manuel Bandeira, e também trecho de O Gato Malhado e a
Andorinha Sinhá, de Jorge Amado. Dessa forma pretende-se propiciar aos
alunos, com este estudo, o contato com tais obras, buscando uma melhor
compreensão da sociedade e sua participação nela.
Nas obras desses autores buscar-se-á subsídios para o
desenvolvimento deste trabalho, além daquelas que estão citadas nas
referências.
PRIMEIRA ATIVIDADE
Conteúdo: Biografia de Manuel Bandeira
Objetivo: Conhecer a vida de Manuel Bandeira traçando um panorama geral
sobre a vida e algumas obras do autor.
Procedimeto metodológico: A apresentação será feita com uso da TV pendrive,
slides, o que proporcionará a visualização de fotos e poemas de Manuel
Bandeira. Fazer uma breve explicação sobre o autor, sua vida e obras. Em
seguida, juntamente com os alunos levantar questões para reflexão sobre a
vida do autor. Os alunos receberão a biografia de Manuel Bandeira em folhas
digitadas, abrindo espaço para um breve comentário oral e escrito em
pequenos grupos.
Manuel Bandeira Vida e livros deste importante representante da literatura brasileira,
principais poesias, prosas e antologias,
principais obras literárias, fotografia.
Manuel Bandeira: um dos grandes poetas da literatura brasileira
Biografia, obras e estilo literário
Este notável poeta do modernismo brasileiro nasceu em Recife, Pernambuco, no ano de 1886. Teve seu talento evidenciado desde cedo quando já se destacava nos estudos.
Durante o período em que cursava a Faculdade Politécnica em São Paulo, Bandeira precisou deixar os estudos para ir à Suíça na busca de tratamento para sua tuberculose. Após sua recuperação, ele retornou ao Brasil e publicou seu primeiro livro de versos, Cinza das Horas, no ano de 1917; porém, devido à influência simbolista, esta obra não teve grande destaque.
Dois anos mais tarde este talentoso escritor agradou muito ao escrever Carnaval, onde já mostrava suas tendências modernistas. Posteriormente, participou da Semana de Arte Moderna de 1922, descartando de vez o lirismo bem comportado. Passou a abordar temas com mais encanto, sendo que muitos deles tinham foco nas recordações de infância.
Além de poeta, Manuel Bandeira exerceu também outras atividades: jornalista, redator de crônicas, tradutor, integrante da Academia Brasileira de Letras e também professor de História da Literatura no Colégio Pedro II e deLiteratura Hispano-Americana na faculdade do Brasil, Rio de Janeiro.
http://www.suapesquisa.com/biografias/manuelbandeira/em 10/09/13 às 15:37
Este, que foi um dos nomes mais importantes do modernismo no Brasil, faleceu no ano 1968.
Suas obras:
POESIA: Poesias, reunindo A cinza das horas, Carnaval, O ritmo dissoluto (1924), Libertinagem (1930), Estrela da manhã (1936), Poesias escolhidas (1937), Poesias completas, reunindo as obras anteriores e mais Lira dos cinqüenta anos (1940), Poesias completas, 4a edição, acrescida de Belo belo (1948), Poesias completas, 6a edição, acrescida de Opus 10 (1954), Poemas traduzidos (1945), Mafuá do malungo, versos de circunstância (1948), Obras poéticas (1956), 50 Poemas escolhidos pelo autor (1955), Alumbramentos (1960), Estrela da tarde (1960).
PROSA: Crônicas da província do Brasil (1936), Guia de Ouro Preto (1938), Noções de história das literaturas (1940), Autoria das Cartas chilenas, separata da Revista do Brasil (1940), Apresentação da poesia brasileira (1946), Literatura hispano-americana (1949), Gonçalves Dias, biografia (1952), Itinerário de Pasárgada (1954), De poetas e de poesia (1954), A flauta de papel (1957), Prosa, reunindo obras anteriores e mais Ensaios literários, Crítica de Artes e Epistolário (1958), Andorinha, andorinha, crônicas (1966), Os reis vagabundos e mais 50 crônicas (1966), Colóquio unilateralmente sentimental, crônica (1968).
ANTOLOGIAS: Antologia dos poetas brasileiros da fase romântica (1937), Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana (1938), Antologia dos poetas brasileiros bissextos contemporâneos (1946). Organizou os Sonetos completos e Poemas escolhidos de Antero de Quental, as Obras poéticas de Gonçalves Dias (1944), as Rimas de José Albano (1948) e, de Mário de Andrade, Cartas a Manuel Bandeira (1958).
Questões para reflexão:
Como foi a vida de Manuel Bandeira?
Como Bandeira se descobriu como poeta?
Manuel Bandeira foi um autor importante para o Modernismo brasileiro?
Dê a sua opinião.
Na sequência debater sobre o que foi trabalhado e produzir um pequeno
texto sobre o que você (aluno) já conhecia sobre o poeta e quais as
impressões que agora você tem dele.
SEGUNDA ATIVIDADE
Conteúdo: Poema ―O bicho‖.
Objetivo: Ampliar a compreensão da realidade, apontando-lhe formas
concretas de participação social.
Procedimentos metodológicos: Usar multimídia apresentando imagens da
beleza da natureza, campos, árvores, jardins e contrastar com imagens de
sujeira e lixo. Também, imagens de pessoas sorridentes, felizes e de
pessoas que moram nas ruas e catam comidas nos lixões. Levantar
questionamentos professor/aluno e aluno/professor, sobre as imagens
vistas e expor as ideias oralmente.
Em seguida apresentar em slides o poema O bicho, entregando para os
alunos folhas com o poema digitado.
O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
Rio, 27 de dezembro de 1947
http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandeira03.html acesso em 19/09/13 15:29
Questões para reflexão:
Quando foi escrito o poema? A que nos remete este nome?
O que esse texto apresenta?
No poema O bicho, é feita uma denúncia social?
O que significa no texto a expressão ―meu Deus‖?
O que tipo de sensação, sentimento nos causa à leitura deste
poema?
Muitas coisas mudaram na sociedade nesses anos. Cite algumas
mudanças.
A leitura e compreensão do texto vale para os dias atuais? O que o
poema tem a ver com a nossa realidade?
O que mais te chamou ate a atenção neste poema de Manuel
Bandeira? Por quê?
É possível uma mudança na vida deste homem citado no poema? O
que é preciso ser feiro para ocorrer uma transformação social?
Em duplas ou individualmente escreva um pequeno comentário
sobre o que você sentiu com esta leitura. Qual a denúncia social
presente no poema?
*sugestao de sites para pesquisar sobre o autor.
http://www.suapesquisa.com/biografias/manuelbandeira/
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=249
TERCEIRA ATIVIDADE
Conteúdo: Pesquisa: Manuel Bandeira, Raquel de Queiroz,
Graciliano Ramos. O Modernismo no Brasil e o romance de 30.
―O autor‖, diz Bakhtin, ―é um prisioneiro da sua época, de sua
contemporaneidade. Os tempos que lhe sucedem o libertar dessa
prisão e a ciência literária tem a vocação de contribuir para esta
libertação.‖ ( BAKHTIN, 1997.p.366 ) Assim sem perder a dimensão
estética e a historicidade do texto, olhando simultaneamente para a
sua situaçào de produção e para as suas diferentes recepções ao
longo do tempo, espera-se poder trazer para o aluno/ leitor de
literatura a compreensão do texto num diálogo vivo na
temporalidade.
Objetivo: Aprofundar o conhecimento dos alunos no estudo de
autores Modernistas.
Encaminhamento metodológico: Acompanhar os ao laboratório de
informática e pesquisar nos sites previstos e à biblioteca realizando
pesquisa em livros. Levantar informações sobre o Romance de 30 e
o Modernismo num plano histórico mais geral.
Questões a serem pesquisadas:
Quais os temas mais explorados pelos modernistas?
O romance de trinta trilhou diferentes caminhos. E qual deles
é o mais importante?
Você conseguiu perceber outras linhas temáticas no
Romance de 30? Quais?
Atividades pós-pesquisa:
Entegar para os alunos a biografia de Rachel de Queiroz e suas
principais obras em folhas digitadas.
Rachel de Queiroz
Professora, jornalista, romancista, cronista e teatróloga brasileira nascida em
Fortaleza, CE, primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras
(1977) eleita para a Cadeira no. 5, na sucessão de Cândido Mota Filho, e uma
das mais importantes romancistas do movimento regionalista contemporâneo
do Nordeste. Filha de proprietários rurais do Ceará, foi para o Rio de Janeiro
(1915), em companhia dos pais que procuravam, nessa migração, fugir dos
horrores da terrível seca, que mais tarde a romancista iria aproveitar como
tema de O quinze, seu livro de estréia (1930). No Rio, a família Queiroz pouco
se demorou, viajando logo a seguir para Belém do Pará, onde residiu por dois
anos.
Regressando a Fortaleza, matriculou-se no Colégio da Imaculada Conceição,
onde fez o curso normal, diplomando-se aos 15 anos (1925). Estreou no
jornalismo (1927), com o pseudônimo de Rita de Queluz, publicando trabalhos
no jornal O Ceará, de que se tornou afinal redatora efetiva. Ali publicou seus
primeiros poemas à maneira modernista e iniciou sua carreira literária com o
romance O quinze, tratando sobre o drama dos flagelados da seca, na extrema
pobreza e sem ter quem os oriente sobre o cultivo da terra, romance que lhe
trouxe a consagração com o Prêmio da Fundação Graça Aranha (1931).
Seguiram-se vários outros sucessos até fixar residência no Rio de Janeiro, RJ
(1939), passando também a se dedicar ao teatro e à crítica literária em revistas
e jornais como no Diário de Notícias, em O Cruzeiro e em O Jornal. Membro do
Conselho Federal de Cultura, desde a sua fundação até sua extinção (1967-
1989), participou da 21a Sessão da Assembléia Geral da ONU (1966), onde
serviu como delegada do Brasil, trabalhando especialmente na Comissão dos
Direitos do Homem.
Iniciou colaboração semanal no jornal O Estado de S. Paulo e no Diário de
Pernambuco (1988). Outras importantes obras da autora foram os romances
João Miguel (1932), Caminho de pedras (1937), As três Marias (1939), Prêmio
da Sociedade Felipe d’Oliveira, O galo de ouro (1950) e Memorial de Maria
Moura (1992), as peças Lampião (1953), Prêmio Saci, de O Estado de São
Paulo (1954), e A beata Maria do Egito (1958), Prêmio de teatro do Instituto
Nacional do Livro e Prêmio Roberto Gomes, da Secretaria de Educação do Rio
de Janeiro (1959), os volumes de crônicas A donzela e a moura torta (1948),
Cem crônicas escolhidas (1958), O caçador de Tatu (1967) e Mapinguari
(1964-1976) e os livros infantis O menino mágico (1969), Prêmio Jabuti de
Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do Livro (São Paulo), Cafute Pena-de-
Prata (1986) e Andira (1992). Ainda foi laureada com os seguintes prêmios e
honrarias: Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo
conjunto de obra (1957), Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para
conjunto de obra (1980); título de Doutor Honoris Causa pela Universidade
Federal do Ceará (1981), Medalha Marechal Mascarenhas de Morais, em
solenidade realizada no Clube Militar (1983), Medalha Rio Branco, do Itamarati
(1985), Medalha do Mérito Militar no grau de Grande Comendador (1986) e
Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais (1989).
Seu último grande sucesso literário foi Memorial de Maria Moura (1992) que se
tornou minissérie de televisão. Sofrendo de diabetes, morreu enquanto dormia
em sua casa no bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, 13 dias antes
de completar 93 anos (17/11), vítima de um infarto do miocárdio. A escritora
cearense já havia sofrido um derrame (1999), tinha dificuldades de locomoção
e era acompanhada por uma enfermeira, e o corpo dela foi velado no prédio da
Academia Brasileira de Letras, no Rio, e enterrado no mausoléu de sua família
no Cemitério São João Batista, em Botafogo, ao lado de seu segundo marido,
Oyama de Macedo, com quem viveu 42 anos.
http://www.brasilescola.com/biografia/raquel-queiroz.htm em 10/09/13 às 16:58.
Após a leitura realizada, refletir sobre a vida da escritora e a importância da sua
arte para a literatura brasileira.
Quem foi Rachel de Queiroz?
Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a ingressar na
Academia Brasileira de Letras. Comente esta afirmação.
Qual é a preocupação revelada pela autora nos seus
primeiros romances?
Pelo que você aprendeu até aqui, você acredita que a
escritora se preocupava em fazer de sua obra uma
denúncia social?
QUARTA ATIVIDADE
Conteúdo: Fragmento da obra O Quinze, de Raquel de Queiroz.
Objetivo: Aprimorar a capacidades dos alunos de leitura/audição, compreensão
e interpretação de textos quanto à denúncia social presentes neles.
Encaminhamento metodológico: A atividade será realizada com uso da TV
pendrive, analisando a imagem da obra Retirantes (1944), de Clóvis Graciano.
Os alunos receberão xérox do fragmento da obra, O Quinze (1930). O texto
será lido pela professora e em seguida será feita uma análise escrita pelos
alunos. A leitura reflexiva estabelece um diálogo entre o autor, suas ideias,
posicionamentos, histórias e o leitor que procura dar significado ao texto lido a
partir de suas experiências pessoais, de suas ideias e posicionamentos. Depois
desse momento de reflexão e produção faremos um debate em forma de
seminário para que cada aluno possa se expressar oralmente. Dando
significado para aquilo que acabou de ler/ouvir e também seu pensamento vai
sendo elaborado, reforçando-se ou alterando-se. Analizando criticamente o
texto com a própria realidade e o que contêm de reflexão sobre a miséria, a
desigualdade social, o direito que é negado ao homem na nossa sociedade.
Fragmento da obra O Quinze, de Rachel de Queiroz.
Eles tinham saído na véspera, de manh ã, da Canoa.
Eram duas horas da tarde.
Cordulina, que vinha quase cabalenado, sentou-se numa pedra e falou, numa voz
quebrada e penosa:
--- Chico, eu não posso mais... Acho até que vou morrer. Dá –me aquela zoeira na
cabeça!
Chico Bento olhou dolorasamente a mulher. O cabelo em falripas sujas, com que gasto,
acabado, caía por cima do rosto, envesgando os olhos, roçando na boca. A pele, empretecida
como uma casca, pregueava nos braços e nos peitos, que o casaco e a camisa rasgados
descobriam.
[...]
No colo da mulher, o Duquinha, também só osso e pele, levava, com um gemido
abafado, a mãozinha imunda, de dedos ressequidos, aos pobres olhos doentes.
E com a outra tateava o peito da mãe, mas num movimento tão fraco e tão triste que
era mais uma tentativa do que um gesto.
Lentamente o vaqueiro voltou as costas; cabisbaixo, o Pedro o seguiu.
E foram andando à toa, devagarinho, costeando a margem da caatinga.
[...]
De repente, um bé!,agudo e longo, estridulou na calma.
E uma cabra ruiva, nambi, de focinho quase preto, estendeu a cebeça por entre a orla
de galhos secos do caminho, aguçando os rudimentos de orelhas, evidentemente procurando
ouvir, naquela distenção de sentidos, uma lomgínqua resposta a seu apelo.
Chico Bento, perto, olhava-a, com as mãos trêmulas, a garganta áspera, os olhos
afogueados.
O animal soltou novamente o seu clamor aflito.
Cauteloso, o vaqueiro avançou um passo.
E de súbito em três pancadas secas, rápidas, o seu cacete de jucá zuniu; a cabra
entonteceu, amunhecou, e caiu em cheio por terra.
Chico Bento tirou do cinto a faca, que de tão velha e tão gasta nunca achara quem lhe
deste um tostão por ela.
Abriu no animal um corte que foi debaixo da boca até separar ao meio o úbere branco
de tetas secas, escorridas.
[...]
Mas Pedro, que fitava a estrada, o interrompeu:
--- Olha, pai!
Um homem de mescla azul vinha para eles em grandes passadas. Agitava os braços
com fúria, aos berros:
--- Cachorro! Ladrão! Matar minha cabrita! Desgraçado!
Chico Bento, tonto, desnorteado, deixou a faca cair e, ainda de cócoras, tartamudeava
explicações confusas.
O homem avançou, arrebatou-lhe a cabra e procurou enrolá-la no couro.
Dentro de sua perturbação, Chico Bento compreendeu apenas que lhe tomavam
aquela carne em que seus olhos famintos já se regalavam, da qual suas mãos febris já tinham
sentido o calor confortante.
E lhe veio agudamente à lembrança Cordulina exânime na pedra da estrada... o
Duquinha tão morto que até nem chorava...
Caindo quase de joelhos, com os olhos vermelhos cheios de lágrimas que lhe corriam
pela face áspera, suplicou, de mãos juntas:
--- Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um taquinho ao
menos, que dê um caldo para a mulher mais os meninos! Foi pra eles que eu matei! Já caíram
com a fome! ...
--- Não dou nada! Ladrão! Sem-vergonha! Cabra sem-vergonha!
A energia abatida do vaqueiro não se estimulou nem mesmo diante daquela palavra.
Antes se abateu mais, e ele ficou na mesma atitude de súplica.
E o homem disse afinal, num gesto brusco, arrancando as tripas da criação e atirando-
as para o vaqueiro:
--- Tome! Só se for isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar-se tripas
é até demais!...
A faca brilhava brilhava no chão, ainda ensanguentada, e atraiu os olhos do Chico
Bento.
Veio-lhe um ímpeto de brandi-la e ir disputar a presa; mas foi ímpeto confuso e rápido.
Ao gesto de estender a mão, faltou-lhe o ânimo.
O homem, sem se importar com o sangue, pusera no ombro o animal sumariamente
envolvido no couro e matchava para casa cujo telhado vermelhava, lá além.
Pedro, sem perder tempo, apanhou o fato que ficara no chão e correu para a mãe.
Chico Bento ainda esteve uns momentos na mesma postura, ajoelhado.
E antes de se erguer, chupou os dedos sujos de sangue, que lhe deixaram na boca um
gosto amargo de vida. p.69-70.
Atividades:
Por que o título O Quinze?
Qual é o tema da obra?
Qual a relevância em se tratar de tal tema?
Identifique no texto, trechos que demonstrem que Chico Bento e sua
família são retirantes?
O que era Chico Bento antes da seca?
Por que Chico não reagia àquela vida e aos insultos sofridos?
E hoje, quem seria Chico Bento? Discuta com seu colega ao lado e
emita a sua opinião.
QUINTA ATIVIDADE
Conteúdo: Fragmento da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos.
Objetivo: Ampliar a compreensão da denúncia social feita nas obras de
Raquel de Queiroz e Graciliano Ramos, por meio das quais o aluno toma
cosnciência de que pode, como cidadão manifestar seus pontos de vista,
aguçando sua capacidade de reflexão e análise critica da realidade.
Encaminhamento metodológico: Será apresentado para os alunos o livro
Vidas Secas, de Graciliano Ramos, para que seja observada já num
primeiro momento a capa do livro. Salientando que a obra está disponível
na biblioteca do colégio e, da importância de uma futura leitura da obra no
todo. Com uso de a TV pendrive fazer a leitura da biografia de Graciliano
Ramos, suas principais obras e curiosidades. Entregar para os alunos em
folhas digitadas a biografia e o fragmento da obra Vidas Secas.
Tecer comentário sobre quem foi Graciliano Ramos em termos de
construção do romance e arte do estilo.
Refletir com os alunos sobre o valor social ao ato de ler. No Brasil a
literatura não é incentivada pelos meios de comunicação de massa, que
tem uma enorme abrangência, fica, portanto, essa incumbência aos bancos
escolares.
Parte-se do princípio que a leitura de literatura é aprendida, que vai além da
simples fruição e de experiências e sensações. Aprende-se a ler literatura
com análise coletivas do texto. E é pensando nesse aprendizado que este
material poderá contribuir para a formação do ser mais reflexivo, com
espaço de expor e defender um ponto de vista pessoal sobre assuntos
diversos e polêmicos, capaz de interagir na realidade em que vivemos.
Graciliano Ramos Vida e Obra (27/10/1892 — † 20/03/1953)
Projeto Leia Mais
Graciliano Ramos de Oliveira (27/10/1892 — † 20/03/1953) foi um romancista,
cronista, contista, jornalista e memorialista brasileiro do século XX.
Foi um grande escritor da geração de 45, a terceira grande leva de escritores
modernos no Brasil. Suas obras são importantes pela grande crítica social
presente nela.
Biografia
Primogênito de dezesseis filhos do casal Sebastião Ramos de Oliveira e Maria
Amélia Ramos, viveu os primeiros anos em diversas cidades do Nordeste
brasileiro. Terminando o segundo grau em Maceió, seguiu para o Rio de
Janeiro, onde passou um tempo trabalhando como jornalista. Volta para o
Nordeste em setembro de 1915, fixando-se junto ao pai, que era comerciante
em Palmeira dos Índios, Alagoas. Neste mesmo ano casa-se com Maria
Augusta de Barros, que morre em 1920, deixando-lhe quatro filhos.
Foi eleito prefeito de Palmeira dos Índios em 1927, tomando posse no ano
seguinte. Ficou no cargo por dois anos, renunciando a 10 de abril de 1930.
Segundo uma das auto-descrições, "(...) Quando prefeito de uma cidade do
interior, soltava os presos para construírem estradas." Os relatórios da
prefeitura que escreveu nesse período chamaram a atenção de Augusto
Schmidt, editor carioca que o animou a publicar Caetés (1933).
Entre 1930 e 1936 viveu em Maceió, trabalhando como diretor da Imprensa
Oficial e diretor da Instrução Pública do estado. Em 1934 havia publicado São
Bernardo, e quando se preparava para publicar o próximo livro, foi preso em
decorrência do pânico insuflado por Getúlio Vargas após a Intentona
Comunista de 1935. Com ajuda de amigos, entre os quais José Lins do Rego,
consegue publicar Angústia (1936), considerada por muitos críticos como a
melhor obra.
É libertado em janeiro de 1937. As experiências da cadeia, entretanto, ficariam
gravadas em uma obra publicada postumamente, Memórias do Cárcere (1953),
relato franco dos desmandos e incoerências da ditadura a que estava
submetido o Brasil.
Em 1938 publicou Vidas Secas. Em seguida estabeleceu-se no Rio de Janeiro,
como inspetor federal de ensino. Em 1945 ingressou no antigo Partido
Comunista do Brasil - PCB (que nos anos sessenta dividiu-se em Partido
Comunista Brasileiro - PCB - e Partido Comunista do Brasil - PCdoB), de
orientação soviética e sob o comando de Luís Carlos Prestes; nos anos
seguintes, realizaria algumas viagens a países europeus com a segunda
esposa, Heloísa Medeiros Ramos, retratadas no livro Viagem (1954). Ainda em
1945, publicou Infância, relato autobiográfico.
Adoeceu gravemente em 1952. No começo de 1953 foi internado, mas
acabaria falecendo em 20 de março de 1953, aos 60 anos, vítima de câncer do
pulmão.
O estilo formal de escrita e a caracterização do eu em constante conflito (até
mesmo violento) com o mundo, a opressão e a dor seriam marcas da literatura.
<http://www.brasilescola.com/literatura/graciliano-ramos.htm> 10/09/13
http://www.setelagoas.com.br/component/content/article/163-projeto-leia-mais/3133-
biografia-graciliano-ramos-27101892-20031953-10/09/13 acesso em 10/09/2013
Obras
* Caetés(1933)
*SãoBernardo (1934)
* Angústia (1936)
* Vidas Secas (1938)
* A Terra dos Meninos Pelados (1939)
* Brandão Entre o Mar e o Amor (1942)
* Histórias de Alexandre (1944)
* Infância (1945)
* Histórias Incompletas (1946)
* Insônia (1947)
* Memórias do Cárcere, póstuma (1953)
* Viagem, póstuma (1954)
* Linhas Tortas, póstuma (1962)
* Viventes das Alagoas, póstuma (1962)
* Alexandre e outros Heróis, póstuma (1962)
* Cartas, póstuma (1980)
* O Estribo de Prata, póstuma (1984)
* Cartas a Heloísa, póstuma (1992)
Traduções
Graciliano Ramos também dominava o inglês e o francês. Realizou algumas
traduções:
* Memórias de um Negro, de Booker T. Washington, (1940)
* A Peste, de Albert Camus, (1950).
* Página oficial do autor, feita pela família de Graciliano Ramos.
Fragmento da obra Vidas Secas (1938), de
Graciliano Ramos.
Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família
morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de umm juazeiro,
depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham se habituado à
camarinha escura, pareciam ratos – e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.
Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, engaravatou as unhas
sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho,
acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado.
--- Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se
ouvindo-o falar só. E, prensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado
em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os
cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se,
enconlhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse [ercebido a frase
imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
---Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer
dificuldades.
Chegara naquela siruação medonha --- e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu
cigarro de palha.
Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias
mastigando raiz de imbu e semente de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro,
que o expulsara. Fabiano fizera-se de desentendido e oferecera os seus préstimos,
resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar, E o patrão
aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.
Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho,
entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. Olhou os quipás, os
mandacarus ne os xique-xiques. Era mais forte que udo isso, era como as catingueiras e
as baraúnas. Ele, Sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados à
terra.
Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-
se, as pernas faziam dois arcos, oa braços moviam-se desengonçados. Parecia um
macaco.
Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr
mundo, anda para cima e para baixo, à toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado
pela seca. Achava-se ali de passagem, era hóspede. Sim senhor, hóspede que demorava
demais, tomava amizade à casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao juazeiro que os
tinha abrigado uma noite. p. 17-18 e 19.
Atividades:
Você já leu alguma obra de Graciliano Ramos? Em caso afirmativo,
qual? Comente.
Quem foi Graciliano Ramos?
Qual é o tema apresentado neste fragmento da obra?
Nesse episódio de Vidas Secas lido, é possível extrair algumas
informações a respito de Fabiano e de sua família. Que razões
teriam levado Fabiano e sua família à fazenda onde ele mora e
trabalha como vaqueiro?
Que tipo de problema social é enfocado pela obra?
Observe o segundo e o terceiro parágrafos do texto. Fabiano, depois de
preparar um cigarro de palha, exclama satisfeito:
―--- Fabiano, você é um homem.‖ Considerando o histórico da personagem,
responda:
Para Fabiano, o que é sentir-se um homem?
E, para você, o que é necessário para que se sinta um homem?
Quais são os valores essenciais para o ser humano em sua opinião?
Quais sào os valores pregados pelos meios de comunicação de
massa? Exemplifique.
Observe estes dois trechos do texto:
―Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali (...) estava plantado.‖
―Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano.‖
Ocorre, nesses trechos uma mudança no interior do pensamento de
Fabiano, como se tomasse cosnciência da sua real condição.
Qual a relação que faz a literatura dos anos 30 com a vida real de
muitos brasileiros hoje? De que Fabiano toma cosnciência?
Que tipo de problema social no Brasil de hoje, se verifica na base
real da condição de Fabiano?
Com base no estudo do texto feito, conclua:
De modo geral, como se caracteriza o romance de 30:
Quanto aos temas e ao recorte da realidade?
Quanto ao trabalho com as personagens?
O que mais te chamou a atenção no estudo do fragmento da obra Vidas
Secas? Por quê?
Que semelhanças e diferenças encontramos na denúncia social feita na
obra?
SEXTA ATIVIDADE
Conteúdo: Análise do fragmento da obra O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá.
Uma História de Amor do autor contemporâneo Jorge Amado.
Objetivo: Proporcionar aos alunos a oportunidade de pensar a arte literária
como representação de ideias, de valores sociais impregnados na sociedade
capitalista num romance de leitura mais ―suave‖.
Encaminhamento metodológico: Apresentar o livro, deixar claro para os alunos
que é interessante conhecer a obra no todo e que está disponível na biblioteca
do colégio.
Entregar cópias do fragmento da obra e da biografia de Jorge Amado para os
alunos. Ler-se-á para os alunos e com os alunos. Fazer um momento de
silêncio para reflexão individual, procurar motivá-los para a discussão e análise
do texto.
Propor aos alunos um trabalho em grupos de até quatro alunos. O grupo
vai escolher um relator para escrever e apresentar para a classe o
parecer da equipe.
A apresentação será oral, sorteando as equipes.
JORGE AMADO
23/06/2001 - 12h30
Trajetória de Jorge Amado une literatura, política e exílio
da FolhaOnline
Em 10 de agosto de 1912, nasce Jorge Leal Amado de Faria na Fazenda
Auricídia, em Ferradas, no município de Itabuna, sul da Bahia, filho do
comerciante sergipano João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado.
De 1920 a 1926, faz o curso primário em Ilhéus e inicia o secundário no colégio
jesuíta Santo Antônio Vieira, em Salvador, de onde foge para refugiar-se na
casa do avô, em Itaporanga, no Sergipe. A partir de 1928, começa a frequentar
as rodas literárias e colaborar nas revistas "Samba", "Meridiano" e "A
semana".
A década de 30 marca a mudança de Jorge Amado para o Rio de Janeiro, sua
estréia na literatura e o início de sua militância política. Em 1931, inicia o curso
de Direito na Universidade do Rio de Janeiro. No mesmo ano, lança "O País do
Carnaval",seu primeiro romance.
Em 1933, é publicado o livro "Cacau", que tem a primeira edição, de 2.000
exemplares, esgotada em 40 dias. O livro é apreendido, mas liberado logo
depois. No mesmo período, o autor aproxima-se do Partido Comunista. Com o
lançamento de "Jubiabá", Jorge Amado alcança a consagração no cenário
internacional, sendo, inclusive, elogiado por Albert Camus.
No entanto, pressionado por perseguidores políticos, sai do país e, do exílio,
faz oposição ao Estado Novo. Em 1937, já filiado à Aliança Nacional
Libertadora, é preso numa visita a Manaus e submetido a interrogatório. É
deste mesmo ano o lançamento de "Capitães da Areia", o livro mais vendido do
escritor.
De volta do exterior, em 1942, o autor é preso novamente. Ainda assim, é
lançado na Argentina o livro "O Cavaleiro da Esperança", que só três anos
depois seria publicado no Brasil. Ainda em 1942, Jorge Amado conhece Zélia
Gattai, com quem se casa em 1945.
Eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro em São Paulo, em
1946, o escritor interrompe por curto período a atividade literária. Dois anos
depois, tem o mandato cassado e volta ao exílio, desta vez em Paris. Em 1950,
expulso de Paris, vai morar em Praga, de onde acompanha o lançamento de
seus livros na União Soviética. No ano seguinte, recebe o Prêmio Stalin de
Literatura, em Moscou. Volta ao Brasil em 1952.
No fim da década de 50 e durante os anos 60, Jorge Amado lança algumas de
suas mais conhecidas obras, entre as quais "Gabriela, Cravo e Canela", "A
Morte e a Morte de Quincas Berro D'água", "Os Pastores da Noite" e "Dona
Flor e Seus Dois Maridos".
Sua eleição como membro da Academia Brasileira de Letras acontece em 1961
e, cinco anos depois, recebe a primeira indicação para o Prêmio Nobel de
Literatura.
Nas décadas de 70 e 80, diversos livros de Jorge Amado são adaptados para o
cinema e a TV, entre eles "Gabriela, Cravo e Canela", que se transforma numa
das novelas de maior sucesso da televisão brasileira, e num filme estrelado por
Sônia Braga e Marcello Mastroianni; "Dona Flor e Seus Dois Maridos", que
ganha uma versão cinematográfica dirigida por Bruno Barreto; "Tieta do
Agreste", obra em que se baseou a novela "Tieta", produzida pela Rede Globo
de Televisão; e a minissérie "Tereza Batista Cansada de Guerra".
Em 1983, Jorge Amado recebe a maior condecoração da França, a comenda
da Legião de Honra. Quatro anos depois, é criada a Fundação Casa de Jorge
Amado, no Pelourinho, em Salvador. O autor escreve uma espécie de
autobiografia em 1992, sob o título "Navegação de Cabotagem". Em 1995,
inicia-se o processo de revisão de sua obra por Paloma Costa, filha do escritor,
e os livros ganham novo projeto gráfico. No mesmo ano, Jorge Amado recebe
em Lisboa o Prêmio Camões, uma das mais altas distinções da língua
portuguesa. Suas obras mais recentes são "A Descoberta da América pelos
Turcos", de 1994, e o livro-conto "O Milagre dos Pássaros", de 1997.
Fonte: Fundação Casa de Jorge Amado
.
>http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u14774.shtml>. Acesso em 26/09/13
Fragmento da obra O Gato Malhado e a
Andorinha Sinhá, de Jorge Amado
A ESTAÇÃO DO VERÃO
Este é um capítulo curto porque o verão passou muito depressa com o sol ardente e
suas noites plenas de estrelas. É sempre rápido o tempo da felicidade. O Tempo é um ser
difícil. Quando queremos que ele se prolongue, seja demorado e lento, ele foge às pressas,
nem se sente o correr das horas. Quando queremos que ele voe mais depressa que o
pensamento, porque sofremos, porque vivemos um yempo mau, ele escoa moroso, longo é o
desfilar das horas.
Curto foi o tempo do Verão para o Gato e a Andorinha. Encheram-no com passeios
vagabundos, com lomgas conversas á sombra das árvores, com sorrisos, com palavras
murmuradas, com olhares tímidos porém expressivos, com alguns arrufos também...
Não sei se arrufos será a palavra precisa. Explicarei: por vezes a Andorinha encontrava
o Gato abatido, de bigodes murchos e olhos ainda mais pardos. A causa não variava; a
Andorinha saíra com o Rouxinol, com ele conversara ou tivera aulas de canto --- o Rouxinol era
o professor. A Andorinha não compreendia a atitude do Gato Malhado, aquelas súbitas
tristezas que se prolongavam em silêncios difíceis. Entre ela e o Gato, jamais havia sido
trocada qualquer palavra de amor, e, por outro lado, a Andorinha, segundo disse, considerava
o Rouxinol um irmão.
Um dia --- dia em que a aula de canto se prolongara além do tempo costumeiro ---
quando os bigodes do Gato estavam tão murchos que tocavam o solo, ela lhe pediu
explicações daquela tristeza. O Gato Malhado respondeu:
--- Se eu não fosse um gato, te pediria para casares comigo...
A Andorinha ficaou calada, num silêncio de noite profunda. Surpresa?
--- não creio, ela já divinhara o que passava no coração do Gato. Zanga? --- não creio
tampouco, aquelas palavras foram gratas ao seu coração. Mas tinha medo. Ele era um gato e
os gatos são inimigos irreconciliáveis das andorinhas.
Voou rente sobre o Gato Malhado, tocou-o de leve com a asa esquerda, ele podia ouvir
as batidas do pequeno coração da Andorinha Sinhá. Ela ganhou altura, de longe ainda o olhou,
era o último dia de Verão. P.36
Jorge Amado
Parêntesis das murmurações
( Murmurava a Vaca Mocha no ouvido do Papagaio: ―Onde já se viu uma coisa igual?
Uma Andorinha, da raça volátil das andorinhas, namorando com um gato, da raça dos
felinos? Onde já se viu, onde já se viu? ―E o Papagaio murmurava no ouvido da Vaca
Mocha: ―Onde já se viu, Padre Nosso Que Estais no Céu, uma andorinha andar pelos
cantos escondida com um gato? Ave Maria Cheia de Graça, andam dizendo, andam
dizendo, eu não acredito, eu não acredito, ... mas pode ser, mas pode ser, Mãe de
Misericórdia que ele anda querendo casar com ela, Deus me Livre e Guarde, ora se tá
querendo, ora se, Amém.‖ E o Pombo dizia à Pomba, numa murmuração: ―Onde já se
viu uma andorinha, linda andorinha, louca andorinha, às voltas com um gato? Tem uma
lei, uma velha lei, pombo com pomba, pato com pata, pássaro com pássaro, com com
cadela e gato com gata. Onde já se viu uma andorinha noivando com um gato?‖ E a
Pomba murmurava ao Pombo, num cochicho: ―É o fim do mundo, os tempos são
outros, perdeu-se o respeito a todas as leis.‖ Murmurava o Cachorro no ouvido da
Cadela: ―Pobre Andorinha, passeia com o Gato, mal sabe ela que ele deseja apenas
um dia almoçá-la.‖ A Cadela respondia, balançando a cabeça: ―O Gato é ruim, só quer
almoçar a pobre Andorinha.‖ E o Pato dizia à Pata Pepita: ―Reprovo o desairiso
proceder dessa tonta Andorinha. É perigoso, imoral e feio. Conversa com o Gato, com
se ele não fosse um gato. Logo com o Gato Malhado, criminoso nato, lombrosiano.‖ E
a Pata Pepita, assim respondia ao Pato Pernóstico: ―Pata com pato, pomba com
pombo, cadela com cão, galinha com galo, andorinha com ave, gata com gato.‖ E as
árvores murmuravam, ao passar do Vento:‖ Onde já se viu? Onde já se viu? Onde já se
viu?‖ E as flores coravam e sussuravam ao ouvido da Terra: ―Andorinha não pode, não
pode casar, com gato casar!‖ E em coro cantavam: ―É pecado mortal!‖ O pai da
Andorinha ouviu os rumores, a mãe da Andorinha os rumores ouviu. O pai da
Andorinha disse zangado à mãe da Andorinha: ―Nossa filha vai mal, nossa filha anda
as voltas com o Gato Malhado.‖A mãe respondeu: ―Nossa filha é uma tola, precisa
casar.‖O pai perguntou: ―Casar, mas com quem? ―A mãe respondeu: ―Com o Rouxinol
que já me falou.‖ E o parque inteiro, tal coisa aprovou: ―Que bom casamento para a
Andorinha. O Rouxinol é belo e gentil, sabe cantar, é da raça volátil, com ele bem que
pode a Andorinha casar. Casar só não pode com o Gato Malhado, andorinha com gato
quem no mundo já viu?‖ E o Papagaio dizia: ―Três Vezes Amém‖.)p.37
Questões a serem respondidas em equipes:
Qual a temática explorada nesta obra de Jorge Amado?
Qual o significado do título do livro, O Gato Malhado e a Andorinha
Sinhá?
De que o autor fala especificamente nesta obra?
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá é uma obra de literatura infanto-
juvenil, deve ser lida por adultos? Por quê?
Que tipo de sentimento ou reflexão o leitor poderá ter ao ler esse gênero
literário?
Esta obra traz a questão da denúncia social?
Quais são os valores existentes na nossa sociedade que você vê
refletidos nesta obra de Jorge Amado?
Pensando nos trabalhos realizados nas aulas anteriores com fragmentos
literários, você pode sentir que a literatura é capaz de nos proporcionar
prazer, deixar o espírito leve e solto, pronto para saltos, provocar
sentimentos, emoções, reflexão, tristeza, revolta, apresenta uma visão
pessoal de mundo e de dimensão social podendo contribuir para a
transformação da sociedade? Por quê?
Encerramento:
Como encerramento das atividades faremos uma roda de discussões, abrindo
espaço para os alunos que desejarem falar sobre o estudo realizado. Como se
sentem em relação às obras estudadas, o que lhes despertou maior interesse,
o que pensam dos textos que foram propostos. Enfim, o que realmente
acreditam ser essencial para a formação do ser humano. Em seguida, farei a
proposta de uma produção de texto para que apontem os pontos positivos e os
negativos deste projeto.
E, para que todo este estudo não se resuma a uma turma apenas, convidarei
as equipes, para fazerem uma apresentação com os materiais e o
conhecimento adquirido no decorrer do projeto, em outra turma de ensino
médio. Serão usados slides com imagens e os fragmentos das obras
estudadas. Pretende-se, dessa forma, levar o conhecimento a um número
maior de alunos, buscando despertar um maior interesse na leitura de obras
literárias disponíveis na biblioteca da escola.
Confeccionaremos cartazes, tiras, recortes para que sejam expostos na ―Feira
do Conhecimento‖, que acontecerá no Colégio Estadual Santo Antonio no mês
de agosto ou setembro. Onde alunos, professores, funcionários e a
comunidade em geral, terão acesso aos trabalhos realizados e as obras
literárias estudadas no decorrer do projeto de intervenção. Com o objetivo de
incentivar leituras que trazem a denúncia social do homem na sociedade.
Considerações finais:
Espera-se que esta produção didático-pedagógica sirva como material
de apoio à professores que desejarem estudar, refletir, analisar e construir
valores importantes para a nossa vida e formação, como ética, solidariedade,
autonomia, afetividade, respeito, participação social. Além das obras aqui
citadas, poderão enriquecer suas atividades com mais materiais que
considerarem importantes para trabalhar a leitura enquanto construção do
conhecimento, desenvolvendo as capacidades leitoras dos alunos. Pois
sabemos que o trabalho com a leitura deve ser uma prática constante. Cabe
aqui ao professor estimular, interagir com a sensibilidade, com a emoção e com
a criatividade, ampliando a leitura de mundo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMADO, Jorge. Trajetória de Jorge Amado une literatura, política e exílio.
Disponível em: >http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u14774.shtml>. Acesso em 26 de set.
2013.
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PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da
Educação Básica de Língua Portuguesa. Curitiba, 2008.
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