osce (2015)

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Organização para Segurança e Cooperação na Europa de 2015 Ameaça Terrorista na Europa Bárbara A. Magalhães Teixeira Diretora Álisson Gomes Silva Matoso Diretor Assistente Brenda Louise Dantas de Oliveira Diretora Assistente Pedro Henrique Alves Pinheiro Diretor Assistente

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Page 1: Osce (2015)

Organização para Segurança e Cooperação

na Europa de 2015

Ameaça Terrorista na Europa

Bárbara A. Magalhães Teixeira Diretora

Álisson Gomes Silva Matoso

Diretor Assistente

Brenda Louise Dantas de Oliveira Diretora Assistente

Pedro Henrique Alves Pinheiro Diretor Assistente

Page 2: Osce (2015)

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE ................................................................................ 3

2 A ORGANIZAÇÃO PARA SEGURANÇA E COOPERAÇÃO NA EUROPA ............. 4

3 A AMEAÇA TERRORISTA NA EUROPA ................................................................. 5 3.1 Terrorismo e democracia ..................................................................................... 6 3.2 Terrorismo religioso ............................................................................................. 8 3.3 Terrorismo separatista ......................................................................................... 8 3.4 Europeus e jihadistas ........................................................................................... 9 3.5 Financiamento e manutenção de grupos terroristas ....................................... 11

4 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES ................................................................... 11 4.1 Estados Unidos ................................................................................................... 12 4.2 França .................................................................................................................. 12 4.3 Reino Unido e Irlanda do Norte .......................................................................... 13 4.4 Federação Russa ................................................................................................ 13

5 QUESTÕES PARA DISCUSSÃO ............................................................................ 14

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 15

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1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE

Caros delegados,

É com muita satisfação que a equipe da OSCE (2015) dá as boas-vindas ao

MINIONU, o maior modelo de simulação intercolegial das Nações Unidas da América Latina,

que nessa edição completa 15 anos! Meu nome é Barbara Magalhães Teixeira e sou a

diretora desse comitê. No decorrer do MINIONU estarei cursando o sexto período de

Relações Internacionais na PUC Minas, e essa será a minha terceira participação no

projeto. Minha primeira vez no MINIONU foi em 2012, como voluntária, quando me

apaixonei pelo projeto e decidi fazer carreira no mesmo. Minha área de interesse sempre foi

Segurança Internacional, principalmente terrorismo e conflitos internacionais, o que

possibilitou a criação desse comitê da OSCE (2015). Espero que os senhores além de

aprenderem muito com a participação, também se divirtam, pois o MINIONU é um ótimo

local para se fazer amigos. Estudem bastante e estejam preparados, pois nós da OSCE já

estamos trabalhando muito para fazer dessa a melhor edição que o MINIONU já viu!

Meu nome é Brenda Louise, e terei o prazer de trabalhar como diretora assistente da

OSCE. Durante o acontecimento do MINIONU estarei cursando o quarto período de

Relações Internacionais na PUC Minas. Essa será minha segunda participação no evento.

Conheci o MINIONU em 2013 quando ingressei no curso e tive a oportunidade de trabalhar

como voluntária no Comitê Contra Desaparecimento Forçado do 14º MINIONU. Embora

tenha participado em apenas uma edição, a experiência foi impactante e fez com que eu me

apaixonasse pelo projeto, por isso tive o desejo de continuar na carreira MINONU. Fiquei

muito feliz por ser alocada nesse comitê, pois adoro trabalhar com temas de Segurança

Internacional como o terrorismo. Espero que esse MINIONU seja uma experiência

maravilhosa para todos. Sei que os senhores, com muito estudo e preparação, farão com

que este comitê seja o sucesso que esperamos!

Meu nome é Pedro Henrique Alves Pinheiro e sou diretor assistente desse comitê.

Durante o MINIONU estarei cursando o quarto período de Relações Internacionais da PUC

Minas. A minha trajetória no MINIONU começou em 2012, como delegado, e lamento por ter

tido a oportunidade de participar nesse papel apenas uma vez. Após minha entrada no

curso de Relações Internacionais, tive a oportunidade de compor a equipe do 14º MINIONU

no papel de voluntário, no qual foi possível adquirir muitas experiências boas, tanto

acadêmicas quanto pessoais. Em minha opinião, a área de Segurança, mais

especificamente o terrorismo é de grande importância, pois aborda uma série de problemas

que a comunidade internacional vem dando muita ênfase atualmente. Espero que essa

edição comemorativa de 15 anos possa marcar nossas vidas.

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Meu nome é Álisson Gomes Silva Matoso, e estarei trabalhando como diretor

assistente desse comitê. Durante a realização do MINIONU estarei cursando o quarto

período de Relações Internacionais na PUC Minas. Não sou muito antigo no projeto, sendo

esta minha segunda participação, comecei no ano de 2013 como voluntário de comitê e

adorei participar desde os treinamentos até os dias do evento. O MINIONU foi de grande

ajuda para desenvolver minhas habilidades de trabalhar em equipe e de entender o

funcionamento de organizações e instituições internacionais, por isso, decidi continuar no

MINIONU até me graduar no curso de Relações Internacionais. Senhores, tenho certeza

que o comitê OSCE vai fornecer um grande aprendizado a todos nós, pois, os assuntos de

segurança, mais especificamente o terrorismo, são fundamentais para o entendimento do

dinâmica internacional e é uma grande questão enfrentada pelo Estados. Espero que essa

edição do MINIONU, na qual o projeto comemora 15 anos, seja a mais especial e melhor de

todas.

2 A ORGANIZAÇÃO PARA SEGURANÇA E COOPERAÇÃO NA EUROPA

A OSCE, Organização para Segurança e Cooperação na Europa, é a maior

organização de segurança regional, que engloba a Europa, a Ásia Central e a América do

Norte. Foi criada no início da década de 1970 com a Conferência sobre Segurança e

Cooperação na Europa (CSCE) para “servir como um fórum multilateral para diálogos e

negociações entre o Ocidente e o Oriente” (OSCE, 2013).

O Tratado de Helsinque, assinado em Agosto de 1975, é o documento constituinte

da organização, e foi nele que os Estados membros concordaram com acordos chave nas

áreas político militar, econômica e ambientalista e de questões de direitos humanos.

Também foram estabelecidos através do tratado dez princípios fundamentais – conhecido

como Decálogo – que os Estados devem utilizar na relação com seus cidadãos e na relação

entre Estados, sendo este:

1. Igualdade de Soberania, respeito pelos direitos herdados da soberania

2. Evitar a ameaça e o uso da força

3. Inviolabilidade das fronteiras

4. Integridade territorial dos Estados

5. Soluções pacíficas para as disputas

6. Não-intervenção em questões internas

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7. Respeito pelos Direitos Humanos e as liberdades fundamentais, incluindo a

liberdade de pensamento, consciência, religião e crença

8. Direitos iguais e autodeterminação dos povos

9. Cooperação entre os Estados

10. Cumprimento em boa fé das obrigações sob o Direito Internacional

A então CSCE funcionava principalmente através de conferências e reuniões para

que fosse reafirmado o compromisso dos Estados membros e periodicamente revisando a

sua implementação. Entretanto, com o fim da Guerra Fria, a CSCE passou a ter um novo

papel. Na reunião de Paris de 1990, foi criada a Carta de Paris para uma Nova Europa, na

qual a CSCE deixava de ser meramente uma Conferência diplomática para melhorar as

relações entre Ocidente e Oriente e passou a assumir a responsabilidade de gerenciar a

mudança histórica que o período bipolar causou no continente europeu, provendo

estabilidade no período do pós-Guerra Fria. Essa mudança fez com que a organização

ganhasse instituições permanentes e capacidades operacionais. Através desse processo de

institucionalização, o nome da organização foi mudado de CSCE para OSCE, por uma

decisão da Reunião de Budapeste dos Chefes de Estado em 1994 (OSCE, 2013).

Na década posterior, o terrorismo passa a se tornar uma ameaça real através do

atentado de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Esse evento mostrou que os problemas de

segurança estavam se transformando, e, com isso, a flexibilidade e adaptabilidade da OSCE

se mostraram uma vantagem no combate a esse novo e complexo desafio.

3 A AMEAÇA TERRORISTA NA EUROPA

A OSCE, Organização para Segurança e Cooperação na Europa, tem como seu

documento fundador o Tratado de Helsinque, assinado em 1975 pelos países membros

numa tentativa de melhorar a comunicação do Oeste com o Leste Comunista. O acordo

enumerava dez pontos que deveriam ser seguidos pelos países para que a cooperação e a

segurança do continente europeu pudessem permanecer estáveis à época. Esses pontos

afirmavam a necessidade de se manter as relações entre os Estados que possibilitem a

cooperação, principalmente sobre aspectos como os direitos humanos, liberdades

fundamentais, direito de expressão, de consciência e de religião (OSCE, 2013).

É amplamente reconhecido o papel exercido pela OSCE na ajuda da construção da

democracia, principalmente nos países da ex-União Soviética e do Leste Europeu, levando

assim ao fim da Guerra Fria (OSCE, 2009). Em 1999, o Ministro russo das Relações

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Exteriores, Igor Ivanov, declarou que a partir daquela reunião em Istambul - na qual os

países membros da OSCE demandaram uma solução política para o caso da Chechênia – a

Rússia havia mudado a sua visão sobre a organização que, ao invés de expressar os

interesses coletivos da Europa, agia como um instrumento de democratização por parte do

ocidente para resolver os conflitos (IVANOV, 2002).

3.1 Terrorismo e democracia

Por muito tempo acreditou-se mesmo que a democratização dos Estados, sua

transparência e uma boa governança impediriam a presença interna de grupos terroristas e

que isso apresentasse uma ameaça aos países vizinhos. Nessa concepção, era entendido

que esses grupos terroristas prefeririam atuar em Estados falidos devido à falta de controle

do governo sobre seu território. Entretanto, como apontado por Aidan Hehir em seu artigo de

2007, dentre os 20 Estados mais falidos do mundo – de acordo com o Índice da Foreign

Policy – somente sete destes países apresentam grupos terroristas em seus territórios.

O que realmente chama a atenção nessa questão é o fato de países que se

posicionam bem abaixo nesse ranking de Estados falidos apresentam grupos que se

utilizam de terrorismo, como a Índia, o Líbano e Israel – com a presença de quatro a seis

desses grupos em seus territórios. Além disso, países europeus altamente democráticos e

demais países membros da OSCE apresentam um número pertinente de grupos terroristas.

Pode-se destacar o Reino Unido e a Turquia com quatro; a França, a Irlanda e o

Uzbequistão com três; a Alemanha, a Grécia, a Bélgica, a Rússia, a Espanha, o Tajiquistão

e o Estados Unidos com dois, o que vai de encontro com a concepção da organização de

que a democratização e a transparência dos governos seja a melhor maneira de atuar

contra o terrorismo.

Como Hehir cita em seu texto, a hipótese de que Estados falidos são celeiros de

terroristas serviu para muitos líderes de governos democráticos como uma desculpa para a

Guerra ao Terror. O autor aponta ainda em seu texto que a atuação de grupos terroristas em

países em colapso é muito mais facilitada, devido à falta de controle que o governo tem

sobre sua população e suas atividades dentro de seu território e também a facilidade de se

entrar nesses países onde o controle fronteiriço não se torna prioridade. Entretanto, o autor

recorda que o principal objetivo desses grupos é espalhar o terror e o medo gerados pelos

seus atos terroristas, o que só se pode alcançar com sucesso em países onde a informação

é disseminada rapidamente e em tempo real, ou seja, países democráticos com liberdade

de expressão.

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A repercussão dos atos terroristas é muito maior em países democráticos que são

focos da atenção mundial, fato que diminui proporcionalmente à medida que países não

democráticos onde o governo tem maior controle sobre as informações de atividades em

seus territórios e Estados falidos que já não chamam mais a atenção de muitas pessoas. O

objetivo final dos grupos terroristas é alcançado através do medo e pânico que seus

atentados causam na população, o que seria uma forma de chamar atenção às suas

reivindicações (ÁVILA, 2013).

Outra fonte importante é o relatório anual da EUROPOL, a Agência da União

Europeia de Aplicação da Lei, sobre a situação do terrorismo no continente, que lista os

atentados ocorridos em solo europeu. Os números presentes no mapa da União Europeia

(ver Figura 1) indicam, em amarelo, o número de presos por ataques terroristas, e, em

branco, o número de ataques terroristas realizados no continente em 2012. Nesse ano, 17

pessoas morreram devido aos 219 ataques terroristas conduzidos em países membros da

União Europeia. A maioria dessas fatalidades foram resultados de dois notáveis ataques

terroristas: o do aeroporto de Burgas, na Bulgária, e os três ataques feitos nas cidades de

Toulouse e Montauban, na França.

Figura 1 – ATAQUES TERRORISTAS EM TERRITÓRIO DA UNIÃO EUROPEIA EM 2012

Fonte: EUROPOL, 2012.

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3.2 Terrorismo religioso

Os dois ataques terroristas mais notáveis em solo europeu em 2012 tiveram

inspiração religiosa. O incidente na Bulgária consistiu em uma explosão de um ônibus que

saia do aeroporto de Burgas e levava passageiros israelenses que acabavam de chegar de

um voo de Tel-Aviv, Israel. O agressor entrou no ônibus portando explosivos amarrados ao

corpo, e conseguiu ferir 37 pessoas e matar os cinco turistas israelenses, um búlgaro e ele

próprio (EURONEWS, 2012). O Ministro do Interior da Bulgária, Tsvetan Tsevtnov, apontou

a participação do grupo armado libanês Hezbollah no atentado. Devido às investigações, foi

comprovado que dois homens com passaportes canadense e australiano – mas que

moravam no Líbano há seis anos – tinham ligações com o Hezbollah1 (ALJAZEERA, 2013).

Em 2013, e principalmente devido ao atentado na Bulgária, a União Europeia adicionou o

Hezbollah na lista de organizações terroristas (KANTER; RUDOREN, 2013).

Os ataques das cidades de Toulouse e Montauban, na França, em março de 2012,

foram os piores desde os anos 90. Mohammed Merah, o autor dos atentados, tinha sido

treinado pela al-Qaeda no Afeganistão, e fazia viagens regulares ao Paquistão.

Primeiramente, Merah atirou contra um soldado do exército francês em Toulouse. O

segundo ataque matou dois policiais uniformizados e deixou outro gravemente ferido em

Montauban. O terceiro atentado foi contra uma escola judia, o qual matou quatro pessoas,

dentre elas três crianças. O perpetrador alegou que agia em vingança contra as crianças

paquistanesas mortas e o envolvimento do exército francês na guerra do Afeganistão

(DiLORENZO; DECORSE, 2013).

3.3 Terrorismo separatista

Além do terrorismo com inspiração religiosa, também é necessário atenção ao

terrorismo com intuito separatista. Em 2012, duas pessoas foram mortas na Irlanda pelo

IRA, e 167 ataques foram cometidos. Na França, um homem morreu e aproximadamente 20

prédios foram atingidos pela detonação de vários aparelhos de explosão improvisados. O

atentado foi ligado à Frente de Liberação Nacional da Córsega (FLNC), que demanda a

separação da ilha do Estado francês (EUROPOL, 2012).

1 O hezbollah é um grupo militante islâmico que se tornou um partido político no Líbano. O grupo foi

inicialmente formado na época da invasão militar de Israel no Líbano como uma resistência à ocupação israelense (JAMAIL, 2006)

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Na Rússia, na região do norte do Cáucaso, local com grande incidência de

problemas separatistas, 15 pessoas morreram devido a ataques terroristas. Na República do

Daguestão, onde o incidente de violência é muito alto, uma mulher portando um cinto com

explosivos o detonou na casa de um respeitado Sheik - líder dos muçulmanos na região - o

matando, além de cinco de seus discípulos. Na República do Tataristão, um guarda de

fronteira atirou em cinco companheiros, que faziam parte da Unidade de Resposta Rápida.

Foi atribuído ao grupo extremista Wahhabi a contratação do atirador. O presidente russo,

Vladmir Putin, se pronunciou sobre os atentados falando que

“...terroristas e militantes de todos os tipos, independente de por trás de quais slogans ideológicos eles se escondam, sempre agem cinicamente, por trás das costas, e só têm um alvo: disseminar medo e ódio mútuo”. [...] “criminosos nunca atingirão seus objetivos mesquinhos.” (HERSZENHORN, 2012).

Devido à evolução do terrorismo como uma ameaça, e sua dispersão para os países

desenvolvidos e democráticos da Europa, se torna necessário decidir novas medidas para o

contraterrorismo. Tais medidas anteriormente propostas pela OSCE – que definem as

atividades para combater o terrorismo como eliminação de fatores econômicos negativos,

falta de boa governança e estreitamento de instituições democráticas – necessitam de

melhorias essenciais para o combate efetivo do terrorismo. Novas medidas devem ser

propostas de maneira a promover a cooperação dos Estados no combate ao terrorismo

transnacional, possibilitar uma maior preparação interna para resposta à ataques dessa

natureza e impossibilitar cada vez mais a entrada e a manutenção de grupos terroristas

dentro de seus territórios.

3.4 Europeus e jihadistas2

A entrada de grupos terroristas, mesmo em países democráticos, e sua dispersão

devem ser objeto de intenso debate na procura de soluções que sejam viáveis para todos os

Estados membros. Além disso, é importante levar em consideração a regularidade de

viagens de cidadãos europeus para lugares como o Oriente Médio e o Norte da África,

Afeganistão, Paquistão e Somália, com o intuito de se engajarem em atividades terroristas.

(EUROPOL, 2013).

2 O termo tem sido usado de forma pejorativa para pessoas de fé islâmica que praticam atos terroristas contra

os chamados infiéis, pessoas com outras crenças religiosas. O jihadismo islâmico atua primariamente na tentativa de diminuir a influência ocidental no mundo islã.

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Atualmente, a preocupação tem aumentado em relação aos jovens ocidentais que

foram lutar com grupos jihadistas na Guerra Civil da Síria. Cerca de 400 jovens franceses

atuaram na Síria sendo que 45 foram mortos. Esses combatentes islamitas são franceses,

mas provenientes de regiões que têm muito contato com o Islã – um terço é originário do

Cáucaso (principalmente da Chechênia), outro terço é de família magrebina (Argélia,

Marrocos, Tunísia), e o último terço é formado por franceses que se converteram

recentemente ao islamismo (LAPOUGE, 2014).

Os novos jihadistas são cada vez mais novos. São estudantes de ensino médio que

avisam seus pais que estão indo combater na Síria. Uma vez que chegam à Síria – através

da fronteira com a Turquia – os chefes combatentes jihadistas os alistam e, após algumas

semanas de treinamento, é possível notar que a maioria dos jovens europeus são

escolhidos para os atentados suicidas (EURONEWS, 2014).

As motivações desses jovens europeus podem variar, sendo que duas são as mais

comuns. Alguns deles vão para a Síria para lutar contra o governo tirano de Bashar al-Assad

– uma vez que a própria França se encontra na linha de frente da luta internacional contra o

Tirano. Outros desses novos jihadistas apresentam outras motivações: a revolução islâmica

universal. Esses acabam se filiando à al-Qaeda, uma organização terrorista transnacional

que atua em vários países do Oriente Médio como o Iraque, o Paquistão, a Síria, bem como

tem se infiltrado em países europeus como a Alemanha, o Reino Unido, a Bélgica, a França

e a Grécia (LAPOUGE, 2014; HEHIR, 2007).

A Administração Interna da União Europeia (EU) formulou um relatório que indica

que cerca de 3.000 jovens europeus ao todo fazem parte ou fizeram da luta na Síria. De

acordo com o documento, a proporção de nacionais por país membro da EU é uniforme,

assim como o perfil dos jovens. A ingressão desses europeus a grupos como a al-Qaeda faz

com que sua volta à Europa se constitua em uma ameaça potencial em termos de ataques

terroristas. Notável é o caso do estudante belga que em novembro de 2014, recrutado pela

al-Qaeda na Síria, explodiu uma bomba nos arredores da sede do governo da União

Europeia, causando a morte de dois secretários da organização, e mais sete feridos. A

alegação para tal atentado foi a falta de ação dos países europeus na Guerra Civil da Síria,

que já se arrasta por quatro anos.

O grupo de países europeus que têm nacionais lutando na Síria e se alistando a

organizações terroristas como a al-Qaeda criaram um fórum para discutir essa situação. A

intenção é estudar novas formas de combater o recrutamento jihadista de seus jovens e a

possível volta desses acarretando em ataques terroristas em todo o continente. Além disso,

outro objetivo do grupo é desmanchar as redes terroristas que atuam na nos Balcãs, no

Cáucaso, na Turquia e Marrocos.

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3.5 Financiamento e manutenção de grupos terroristas

Outro problema a ser levado em consideração na reunião de 2015 da OSCE é a

forma de financiamento de grupos terroristas e a propaganda de suas ações como forma de

recrutamento. Uma das principais formas de financiamento das quais os grupos terroristas

se utilizam é o sequestro de cidadãos europeus fora do continente. A angariação de fundos

através de extorsão, especialmente dentro de comunidades imigrantes, também representa

uma alta porcentagem das medidas. Outras formas de financiar atividades terroristas é

através de doações para caridade que são disfarçadas, ou através de taxação ilegal. As

doações podem continuar quando o indivíduo chega a uma área de conflito e provê apoio

direto às atividades terroristas (EUROPOL, 2012).

A disseminação de ideais terroristas por meio eletrônico é muito utilizado por grupos

dentro dos países europeus. Um exemplo é o PKK, Partido dos Trabalhadores do Curdistão,

que exploram a televisão, o rádio, sites na internet e portais de notícias para divulgar seus

ideais. O grupo também se utiliza da taxação ilegal de drogas durante o transporte na

Turquia antes que chegue à União Europeia, do tráfico de pessoas e contrabando de

cigarros. Formas de combater essas ações devem ser melhoradas na aplicação das leis dos

países e operações de intervenção (DANISH COURT..., 2012).

Outra questão a ser levada em consideração no debate é o tráfico ilegal de armas

que acaba nas mãos dos grupos terroristas. Tanto de países europeus para países fora do

continente, quanto o contrário. Foi reportado que rebeldes da Síria recebem cargas de

armas pesadas dos braços da al-Qaeda localizadas na Bósnia e no Kosovo, e que a ação

contrária também acontece. Foram encontrados carregamentos de armas com destino à

Zagreb, capital da Croácia (MININ, 2013). A saída de armamentos ilegais de países

europeus estimula a propagação de atividades terroristas e a entrada dessas armas no

continente desestabiliza ainda mais a paz e segurança regional.

4 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES

Abaixo se encontram as posições dos principais atores presentes na reunião da

OSCE 2015 em relação ao terrorismo, tanto o religioso quanto o separatista, como também

a volta de cidadãos europeus que se tornaram jihadistas. Esses países podem mudar o

rumo das discussões do comitê e polarizar as opiniões e propostas de resolução para os

problemas em questão.

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4.1 Estados Unidos

Embora se localize fora do continente europeu, o Estados Unidos é um ator

totalmente relevante na discussão da segurança internacional, principalmente ligada ao

terrorismo. Como hegêmona do sistema, o Estados Unidos tem seu papel de securitizador

projetado de forma global. Securitizar significa colocar algum tema como questão

fundamental nas discussões internacionais, e foi isso que o EUA fez em 2001 quando

lançou a Guerra ao Terror, na qual chamava todos os países a combaterem o terrorismo de

forma universal. Após ter sofrido um dos mais emblemáticos ataques terroristas de todos os

tempos, o Estados Unidos tem como missão levar os ideais de democracia, liberdade e

direitos civis para os outros países da comunidade internacional, como tem feito com o

Iraque e o Afeganistão, na tentativa de que esses valores impossibilitem a perpetuação da

prática de grupos terroristas nesses países, que ao seu ver é a principal ameaça no sistema

internacional atualmente.

4.2 França

A França é o país europeu com maior índice de ataques terroristas, de acordo com o

relatório de 2013 da EUROPOL. O problema francês não é somente os ataques terroristas

inspirado em religião – devido ao elevado número de imigrantes, principalmente

muçulmanos no país – como também há a existência da Frente de Libertação Nacional da

Córsega – a ilha do Mediterrâneo, a oeste da Itália, constitui uma região administrativa da

França – que demanda a separação da ilha do Estado francês. A França se encontra numa

posição difícil uma vez que além de receber muitos imigrantes islâmicos, seus próprios

nacionais têm se tornado jihadistas dispostos a causar ataques terroristas em seu país. A

República Francesa mantém operações militares em países do Norte da África e da região

do Magreb na tentativa de conter a proliferação de grupos terroristas nesses territórios, que

teriam mais facilidade em apresentar uma ameaça ao seu país. Além disso, os franceses

vivem o dilema de apoiar a democratização, transparência dos governos e outros pontos do

Decálogo da OSCE, mas estarem totalmente indiferentes às demandas da Ilha de Córsega,

que deseja se tornar independente do país.

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4.3 Reino Unido e Irlanda do Norte

O Reino Unido já sofreu muitos ataques terroristas que abalaram a história do país

tanto devido ao enorme contingente de imigrantes que o país recebe, quanto à movimentos

separatistas. Mais recentemente, um imigrante ucraniano, Pavlo Lapshyn, explodiu uma

série de bombas caseiras nas redondezas de mesquitas em todo país, além de assassinar

Mohammed Saleem, de 82, quando esse voltava de uma oração. O motivo alegado pelo

assassino foi de que ele desejava começar uma guerra das raças. Outra questão relevante

é o fato do grupo paramilitar IRA se utilizar de meios terroristas para alcançarem seu fim

político, que é a reintegração da Irlanda do Norte à República da Irlanda. O Reino Unido

participa da Guerra ao Terror mandando tropas britânicas ao Afeganistão, e acredita que a

democratização desses países seja um passo essencial no combate ao terrorismo.

Entretanto, o mesmo insiste na supressão da tentativa de separação da Irlanda do Norte de

seu território.

4.4 Federação Russa

A Rússia, principalmente depois da queda da União Soviética, apresenta várias

regiões dentro de seu território que lutam pela independência. A Chechênia é uma região

separatista que causa bastante repercussão internacional. Despois da Guerra Fria, a

Chechênia se declarou uma República independente, o que não foi reconhecido pela

Rússia. A tentativa de separação resultou em duas guerras entre 1994-1997 e 1999-2004. A

República do Daguestão, na região do Cáucaso, vem apresentando um elevado índice de

violência desde os anos 90, com a elevação das insurgências islâmicas e étnicas

separatistas. Ao contrário de não reconhecer a independência de algumas de suas

repúblicas e de territórios separatistas como o Kosovo na Sérvia, e Taiwan na China –

ambos Estados são aliados russos –, a Rússia tem um papel importante na separação da

Ossétia do Sul e da Abecásia do território da Geórgia e, mais recentemente, da separação

da península da Crimeia da Ucrânia e a consequente anexação da mesma ao território

russo. A Rússia se posiciona a favor do combate ao terrorismo, mas se recusa a dar maior

autonomia aos grupos que lutam pela independência de seus territórios, que dentro do seu

país, é a maior causa do terrorismo.

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5 QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

1. A maior discussão do comitê girará em torno da criação de novas medidas

antiterroristas que sejam capazes de prevenir ataques de maneira transnacional;

2. Essas medidas devem ser específicas para cada tipo de ataque terrorista

exemplificado no texto acima, além de explicar sua aplicabilidade para os países da

OSCE;

3. Qual a melhor maneira de se reduzir os riscos à população civil? Em quanto tempo

essas medidas deveriam ser implementadas?

4. Como controlar áreas de grande movimento como pontos turísticos, aeroportos e

sistema de transporte que possam se tornar alvos de ataques terroristas?

5. Como melhorar a monitoração da entrada e presença de grupos terroristas nos

países?

6. Como diminuir a incoerência presente no Decálogo proposto pela OSCE de forma a

melhorar a relação entre Estados e a relação dentro deles?

7. Seria a OSCE capaz de propor medidas que ampliassem o diálogo dos governos

com a população na tentativa de melhoria na representação de grupos divergentes

dentro dos países?

8. Como se daria uma melhora no conceito de autodeterminação dos povos sem que

os Estados fossem prejudicados na sua soberania e no princípio da territorialidade?

9. Como essas medidas seriam importantes na diminuição, e se possível extinção, do

terrorismo separatista?

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REFERÊNCIAS

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Tabela de demanda das representações

Na tabela a seguir cada representação do comitê é classificada quanto ao nível de

demanda que será exigido do delegado, numa escala de 1 a 3. Notem que não se trata de

uma classificação de importância ou nível de dificuldade, mas do quanto cada

representação será demandada a participar dos debates neste comitê. Esperamos que

essa relação sirva para auxiliar as delegações na alocação de seus membros, priorizando a

participação de delegados mais experientes nos comitês em que a representação do colégio

for mais demandada.

Legenda

Representações pontualmente demandadas a tomar

parte nas discussões

Representações medianamente demandadas a tomar

parte nas discussões

Representações frequentemente demandadas a tomar

parte nas discussões

REPRESENTAÇÃO DEMANDA

1. Albânia

2. Alemanha

3. Armênia

4. Áustria

5. Azerbaijão

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6. Bélgica

7. Bielorrússia

8. Bósnia e Herzegovina

9. Bulgária

10. Canadá

11. Cazaquistão

12. Chipre

13. Croácia

14. Dinamarca

15. Eslováquia

16. Eslovênia

17. Espanha

18. Estados Unidos

19. Estônia

20. Rússia

21. Finlândia

Page 19: Osce (2015)

22. França

23. Geórgia

24. Grécia

25. Hungria

26. Irlanda

27. Islândia

28. Itália

29. Lituânia

30. Letônia

31. Macedônia

32. Moldávia

33. Mongólia

34. Montenegro

35. Noruega

36. Países Baixos

37. Polônia

Page 20: Osce (2015)

38. Portugal

39. Quirguistão

40. Reino Unido

41. República Tcheca

42. Romênia

43. Sérvia

44. Suécia

45. Suíça

46. Tajiquistão

47. Turquia

48. Turcomenistão

49. Ucrânia

50. Uzbequistão

51. Primal Times