oxente jornal - edição 03 - 2007

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Jornal Cultural e Ecológico da Fundação Cultural Ca&Ba Camaçari, Julho de 2007. 3ª edição Visite-nos na internet. www.oxente.art.br Fundação Ca&Ba trabalhando em parceria com o Governo Federal. Pag. 02 BRASIL ALFABETIZADO IEEPIS Rubem Alves (com o Oxente na mão) abriu o evento que reuniu mais de 1000 educadores em Camaçari. Pág. 05 A arte pede passagem Ca&Ba emociona senhora na chapada. Agora, é a vez de Ubá. Confira os espetáculos e a programação do evento. Pág. 15 e 16 Novo Conviver Idosos de Camaçari ganham moderno centro de convivência no centro da cidade. Pág. 14 Camaforró vai deixar saudades. Confira os melhores momentos. Pags. 08 e 09 Igor Rossoni presta homenagem ao poeta Elomar e ao São João. Pags. 06

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Jornal cultural, social e político desenvolvido em Camaçari no ano de 2007, pela Fundação Cultural Ca&Ba com o apoio do MINC. Idealização: Wilson Bizerra, Geraldo Maia e Erick Cerqueira. Agradecimentos aos professores Jorge Lisboa, Gal Meirelles, ao saudoso Sebastião Heber, ao mestre Bule Bule, Jackson Arleo, Verbena Córdula. Emerson Leandro, Solange, Helmut, Ivan Antonio, e Rita Papaiz. Apoio: Ministério da Cultura

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Jornal Cultural e Ecológico da Fundação Cultural Ca&Ba Camaçari, Julho de 2007. 3ª ediçãoVisite-nos na internet. www.oxente.art.br

Fundação Ca&Ba trabalhando em parceria com o Governo Federal.

Pag. 02

Brasil alfaBetizado

IEEPISRubem Alves (com o Oxente na mão) abriu o evento que reuniu mais de 1000 educadores em Camaçari.

Pág. 05

A arte pede passagemCa&Ba emociona senhora na chapada. Agora, é a vez de Ubá. Confira os espetáculos e a programação do evento.

Pág. 15 e 16

Novo ConviverIdosos de Camaçari ganham moderno centro de convivência no centro da cidade.

Pág. 14

Camaforró vai deixar saudades. Confira os melhores momentos.

Pags. 08 e 09

Igor Rossoni presta homenagem ao poeta Elomar e ao São João.

Pags. 06

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Camaçari, Julho de 2007 - www.oxente.art.br Página 2

CONSELHO CONSTITUTIVO Erick Cerqueira - Geraldo Maia - Wilson BizerraRevisão: Janete Bezerra/ Gal MeirellesDiagramação: Erick CerqueiraFotos: Erick Cerqueira/ Antonio Bispo.Matérias: Geraldo Maia, Wilson Bizerra, Erick Cerqueira, Gal Meirelles, Igor Rossoni. Agradecimentos: Verena Cerqueira e Tatiana Evangelista (capa). Pedro Santos, Sebastião Heber, Emerson Leandro, Isabela Borges, Gal Meirelles, Francisco Aírton, Solange (SINART), Helmut e Rita Papaiz

Equipe do Ca&Ba: Toninho Barretho, Cácia Gomes, Isa Santos, Lucas Ronan, Refson Scarpin, Marcelo Ricardo, Mônica Homem, Audrin Cavian, Marih Araújo, Milena de Souza, Biuna Bizerra, Tony Erachel, Glícia Santos, Cleber Conceição, Natasha Kiss, Seylma Santos, Bya Bizerra, Reandra Rosa, Adriana Santos, Alex Brito, Anelisa Batista, Jamile, Cris, Bel, Ghycia Carvalho, Nadja Meireles e Sidlane Lacerda.

FUNDAÇÃO CULTURAL CA&BA Travessa Paranapanema Nº. 33 - Nova Vitória – Camacari - BahiaNúcleo de Artes Cênica: Estação Rodoviária de Camaçari Salas 01/02 1º Piso • CNPJ MF Nº 02 459 455/0001-03• Tel.: (71) 3627-0132 / 8136-2499• Utilidade Pública Municipal: Lei nº 441/99 - 09/11/99 • Utilidade Pública Estadual: Lei nº 9489 - 10/05/05 Tel: (71)3627-0132/ 9978-9593/ 9962-8095Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: A Tarde Serviços GráficosCirculação: Região Metropolitana e mais 80 municípios entre Bahia e MinasMaiores informações:• Portal: www.oxente.art.br• E-mail: [email protected]

expediente do oxente

O carlismo agoniza, apesar de al-guns setores ainda não se confor-marem com isso. Exemplo claro é a greve dos professores, que não encontra um propósito para existir além de tentar, a qualquer custo, a desestabilização do governo Wag-ner, logo no seu início. Em mais de trinta anos de carlismo nunca se viu coisa igual, sou testemunha disso. ACM mandava logo bater, demitir, contratar na tora, prender e até matar. Daí o pessoal que en-cenava alguma bravata desistia na hora. A APLB nunca foi de encarar o carlismo, mas se julga no direito de radicalizar contra o atual go-verno. Greve é um direito legítimo do trabalhador e deve ser usada de forma responsável na defesa de seus interesses, mas não podem sobrepujar os interesses do coleti-vo maior, a população, o povo, o estado, o país, a nação. A greve dos professores, da ma-neira como está sendo conduzida, sem demonstrar o mínimo de pre-ocupação para com os quase dois milhões de estudantes no estado, em sua maioria vitimados (em to-dos os níveis) pela política nefasta de lesa-humanidade do carlismo, presta-se a curvar-se aos interes-ses desse mesmo grupo derrotado contra os interesses do povo vito-rioso. Os stalinistas que dominam a APLB dão mais uma vez prova de sua histórica irresponsabilidade para com os ideais do socialismo ao ponto de levá-lo, em todo o planeta, à quase ruína em que se encontra. A “Corrente Stalinis-ta Classista” busca diferenciar-se, individualizar-se, personalizar-se com relação à CUT que sempre a obrigou (agora agüenta!) e de quem sempre dependeu para existir. Sorrateiramente busca fortalecer seu caixa para aliar-se aos outros “socialistas” que fazem, irrespon-savelmente, oposição (junto com a direita e fazendo o jogo dela) ao

governo Lula e localmente ao go-verno Wagner. Curioso é que os stalinistas fazem parte do governo, mamam nos co-fres do estado, mas nada de segurar o ônus de governar, porque estão interessados apenas em fazer cai-xa para a aventura de, junto com a intersindical e a conlutas, construí-rem uma representação “legítima” das massas trabalhadoras. Incrí-vel o poder desses “caras” de não aceitarem a realidade das mudan-ças (no campo da esquerda) desse início de século e de milênio. O presidente Lula dá uma aula diária de como fazer política de esquer-da, de forma responsável e que beneficie a todos, sem sectarismo, sem fanatismo, sem absolutismo e sem a peculiar violência desses “socialistas” perfeitos, 100%, na maioria anacrônicos, defasados, obsole-tos e distantes da nossa realidade, ainda sonhando em empurrar na garganta das “massas” (nós) a sua visão “perfeita” de socialismo. Seria bom, em vez de adotar essa postura tão mercantilista com re-lação à atividade política, colocas-sem a sua fórmula sagrada e “a única que as massas querem” num frasco e botassem os meninos mi-litantes para vender nas esquinas. Iam ganhar muito dinheiro, apos-to. Melhor do que ficar traindo o governo Wagner e ocupando car-gos no mesmo governo. Sai fora. Deixem o homem governar, junto com todos nós que construímos essa vitória histórica fruto de dé-cadas de lutas contra o carlismo e seus satélites.

Geraldo Maia - [email protected]

irresponsaBilidade histórica

A Parceria com as ONG’s, Organizações da Sociedade Civil, revela o tamanho do problema e as infindas possibilidades que este programa pode proporcionar a curto, médio e longo prazo, nas mais remotas regiões do país. No estado da Bahia, maior do que muitos países, é comum encontrarmos famílias inteiras de Analfabetos, alguns funcionais, outros totalmente. Isso se deve ao descaso de administrações passadas e pela cultura familiar. No nosso estado existe ainda, o maior número de Analfabetos do País, segundo pesquisa recente. Herança Maldita como diz Geraldo Maia. Isto se revela cristalinamente quando visitamos uma sala de aula, improvisada na sua maioria, sertão à dentro. Podemos sentir seguramente como o problema tem solução sim. Soluções às vezes simples, e este câncer social provocado por anos a fio de descasos, de esquecimentos, de exclusão, precisa ser extirpado do nosso meio. Na Bahia existem diversas ONG’S trabalhando com o Programa Brasil Alfabetizado e conhecem com maior experiência que a nossa, formas de reverter essa situação. Começamos este

ano no programa, apesar de já fazermos “Inclusão pela Arte” em nossos muitos projetos por conta própria. A EDUCAR.COM, por exemplo, é um bom exemplo de ONG articulada, trabalhando no Programa Brasil Alfabetizado a muito tempo, conhecendo os meandros e contando com um leque de parceiros importantes como a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). As visitas que temos feitos nos vários municípios onde atuamos, nos deixa esperançosos e propensos a acreditarmos em dias realmente melhores. Assim como outros projetos de inclusão e de reconhecimento de direitos fundamentais como o “Luz no Campo”, o Brasil Alfabetizado poderá criar nos

mais longínquos rincões deste imenso país, e em especial no nosso estado, uma geração bem mais esclarecida dos seus direitos de cidadãos.

Wilson BizerraFotos do Curso de capacitação de alfabetizadores em Vitória da Conquista

Brasil alfaBetizado resgata cidadania de milhares de Brasileiros

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O consumidor e o produtor criador de cultura têm direito à garantia de prote-ção da vida, isto é, à saúde e seguran-ça. Além disso, têm direito também ao acesso a todo tipo de informação sobre produtos e serviços culturais oferecidos para que possa melhor se orientar no momento de consumir ou de produzir cultura. Outro direito importante é o que assegura aos criadores de um bem ou serviço cultural (filme, escultura, fei-ra, cardápio, desfile, oficina, poema, li-vro, etc) vários tipos de financiamento que efetivamente viabilizem execução adequada e ampla distribuição. Quando um produto ou serviço cultural, mesmo sendo utilizado corretamente do ponto de vista material e operacional, causa algum tipo de dano à saúde e/ou se-gurança mental, emocional, espiritual e física, temos caracterizado um tipo de “acidente cultural”, bastante comum, mas ainda sem mecanismos de prevenção e reparação indivi-dual e/ou coletiva. Acidentes culturais, portanto, podem acontecer individual e coletivamente. O escritor que não consegue que a editora pague os seus direitos autorais de acordo com o número de livros realmente editados; o músico que é plagiado e não teve o cuidado de registrar sua obra; o cineasta que tem seu filme censurado porque cri-tica determinada personalidade pública poderosa; o artesão que tem o trabalho tomado pela fiscalização da propina; o poeta que é preso por recitar versos de protesto ou considerados obscenos (po-esia fescenina); o livro escrito por um su-posto religioso que demoniza (apesar de proibido já danificou muitos corações, mentes e almas) as religiões de matriz africana são exemplos de acidentes cul-turais individuais que ainda não gozam da proteção da lei.

O grupo de teatro que recebe verbas públicas para encenar só aquilo que in-teressa ao grupo político que o sustenta; a banda de música vultosamente patro-cinada para tocar canções pornofônicas e/ou anestésicas contribuindo para a idiotização, emburrecimento e alienação da juventude; o festival de arte que não encontra financiamento porque trata da arte indígena e africana; a feira de artes que é proibida porque nasceu da iniciativa dos artistas e não dos poderes públicos e por isso mesmo não é contemplada com nenhum tipo de recursos; a exposição de arte experimental ou de contestação que é ignorada pela mídia e desprezada pelos órgãos de cultura são exemplos de acidentes culturais coletivos. A noção de “acidente cultural” não está con-

t e m p l a d a

no código de defesa do consumi-

dor nem nas leis de patrocínio à cultura,

editais, fundos de cul-tura e demais tipos de fi-

nanciamento. Não existem também as conseqüências de âmbito jurídico.

Quer dizer, os danos causados por es-ses acidentes culturais não dão direito a nenhuma forma de ressarcimento ou cobertura legal: nenhum tipo de indeni-zação é possível solicitar. Todo o pro-cesso de frustração, estresse, violência, humilhação, depressão, causados por acidentes culturais ainda não encontram amparo na atual legislação. Não existe ainda uma espécie de código de defesa do consumidor e do produtor cultural. A grande maioria dos consumi-dores de cultura, artistas e demais cria-dores culturais não conhecem os seus direitos no que diz respeito ao acidente cultural. Ainda não existe jurisprudên-cia formada com relação ao assunto nem nada capaz de gerar ferramentas de controle social desse tipo de aciden-te, ocorrido, comumente, com a maioria dos produtos e serviços culturais ofere-cidos hoje, em qualquer parte ????. Não há, portanto, registros de ocorrências ou coisa que o valha, muito menos dis-positivos que os obrigue. Essa carência impossibilita que se possa realizar uma ação preventiva dirigida à educação e adequação de produtos e serviços cul-

turais às necessidades reais do cidadão. O que resultaria numa mudança signifi-cativa das condições de consumo e pro-dução dos bens e serviços culturais com reflexo direto no panorama atual de le-são mental, emocional, física, espiritual e social de cada pessoa. Porque quando ocorre algum tipo de acidente cultural, o cidadão é o maior lesionado porque a cultura não é apenas uma, mas toda e qualquer forma de expressão individual e coletiva que deve ser ampliada, aprofun-dada e oferecida às sucessivas gerações por meio da educação, principalmente, dos meios de comunicação responsáveis

e pelos diversos equipamentos de difusão cultural (bibliotecas, casas

de cultura, museus, etc).

Os acidentes culturais, ao causarem danos à saúde e segurança do consumi-dor e do produtor, têm como conseqü-ência imediata e mais grave a redução da capacidade de discernimento, de senso crítico, de sensibilidade, de criatividade, de iniciativa e decisão, de autoestima, de autonomia, de independência, de vitali-dade, de transformação, de autodetermi-nação do indivíduo (cidadão) e coletivo (sociedade), com reflexos diretos na ca-pacidade de evolução existencial e pro-dução auto-sustentada. E ainda a des-valorização e marginalização da cultura ante as outras possibilidades de criação humana levando à própria desvaloriza-ção e marginalização da cidadania. O ci-dadão é reduzido a consumidor alienado

e /ou produtor prostituído, fato que gera custos altíssimos para o poder público, enquanto a iniciativa privada investe pe-sadamente na manutenção e ampliação desse processo de degradação humana pelo fomento de atividades de caráter anestésico e antivida. Exemplos não faltam. Falhas de informação quanto ao uso correto do produto e/ou serviço cultural, falta de adequação às necessida-des reais intrínsecas do cidadão, defeitos de criação e expressão, serviços inade-quados, obsoletos, defasados, distantes da realidade. Tudo isso é capaz de gerar acidentes culturais gravíssimos como aqueles a que estamos acostumados a assistir na Bahia e no Brasil e que causa-ram um atraso de mais de cinco décadas no processo evolutivo da população. É preciso então fazer valer os direitos do cidadão com relação à cultura, princi-palmente no que se refere ao consumo e produção. E isso pode ser alcançado através de políticas públicas eficazes que realmente contemplem o direito e o de-ver do cidadão de consumir e produzir cultura a todo instante como ferramenta principal de informação, conhecimen-to e obtenção do saber, tanto científico como de senso comum, não existindo, nesse particular, nenhuma separação ou privilégio ou valorização de um deles em detrimento do outro. Cultura, por-tanto, é direito e dever de todos porque é a mais simples e ampla expressão de cidadania.

Geraldo Maia – [email protected]

cUltUra É direito e cidadania

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A nossa estrutura é formada de uma unidade básica que é a célula. A célula é alimentada pelo sangue que por sua vez é formado pelos nutrientes obtidos dos alimentos que ingerimos. As células são as primeiras a serem ali-mentadas, bem ou mal, a decisão é in-teiramente de cada um de nós. A cada sete dias as células do nosso sangue se renovam por completo. Você pode mo-dificar a qualidade do seu sangue a cada sete dias, dependendo apenas do tipo de alimento ingerido. É uma oportunidade maravilhosa que DeusaDeus nos pro-porciona de mudarmos o nosso destino, a cada semana. As células estão organizadas em tecidos, os tecidos geralmente reunidos para for-mar órgãos, e os órgãos, trabalhando em conjunto, formam os sistemas, sendo que os mais importantes são: sistema nervoso cerebral, sistema ósseo-muscu-lar digestivo, e sistema circulatório.As células, portanto, formam os tecidos e os órgãos do nosso corpo. É o material de construção do nosso organismo. Mas DeusaDeus é muito mais generosidade do que você imagina. Veja só que mara-vilha: a cada sete anos são mudadas todas as células dos nossos órgãos. Quer dizer, cada um de nós pode mudar a condição de todo o seu organismo nesse período. Você pode, praticamente, construir um outro ser humano a partir de você mes-mo. E não tem nada a ver com clonagem mas com Poder de Criação da Divindade. DeusaDeus sempre quer o melhor para nós, e procurou nos proporcionar, ao construir nosso corpo, mecanismos para corrigirmos as nossas falhas para com ElaEle e com nós mesmos. A cada sete anos qualquer um pode se tor-nar uma outra pessoa, para melhor ou pior, quem decide é o nosso livre arbítrio. Ou caminhamos mais para DeusaDeus (mais saúde) ou mais para a demôniademônio (doença). A escolha é sua. E DeusaDeus está sempre nos dando oportunidade para escolher o melhor, que é ElaEle. Então, DeusaDeus quer que voltemos ao paraíso aquiagora e por todo o sempre. Amém. Para isso precisamos apenas escolher o alimento apropriado. Cereais, frutas, frutos, raí-zes, verduras, legumes, são os alimentos que a Divindade escolheu para a nossa alimentação diária. Nada de carnes, gor-duras, alimentos picantes, estimulantes

como açúcar, café, laticínios, chá preto, chá mate, chimarrão, refrigerantes, bebi-das alcoólicas, defumados, congelados, gelados, doces, etc. DeusaDeus escolheu para nós os mais saudáveis e nutritivos alimentos da Natureza, preparados da maneira mais simples e natural possível, e consumidos frugalmente, parcimonio-samente, em pequenas quantidades, por-que, como são alimentos de alta qualida-de nutricional, não precisam ser ingeri-dos em demasia, descontroladamente O plano de DeusaDeus é nos levar de volta ao paraíso aquiagora e para sempre através do consumo criterioso de cere-ais, frutas, legumes e verduras e de um modo de vida despojado, parcimonioso, sem desperdício, sem consumo exage-rado, onde esteja presente o hábito de fazer exercícios físicos regularmente, de fazer orações, entoar mantras e orikís, cantar, meditar, brincar, fazer o bem, praticar o amor, a ternura, o carinho, a carícia, o afeto, em todas as suas possi-bilidades e viver mais feliz. Mas, e aí, e nós, estamos conectados com a vontade de DeusaDeus?Não pense que DeusaDeus vai fazer o que você tem de fazer por si mesmo. Nada de milagres, de bênçãos especiais, nem qualquer tipo de privilégio. Basta observar um regime de vida simples, ati-vo, respeitoso, amoroso, solidário, com trabalho saudável, prazeroso. E você estará se exercitando como pó exemplo fizeram Jesus, Buda, Maomé, Brahma, Vishnu, Shiva, Oxalá, Quetzalcoatl, para a construção do paraíso aquiagora e para sempre.Um regime de vida modesto, sem os-tentação, sem exibicionismo, sem apego às posses materiais, sem o uso da carne e seus derivados, sem gorduras, drogas legais e ilegais, essa é a forma de Deu-saDeus para abençoar ao seu povo, tor-nando-o apto a voltar ao Paraíso.

Geraldo Maia - [email protected]

a saúde atravÉs dos alimentos

A comemoração da Semana Mundial do Meio Ambiente foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972, com objetivo de sensibilizar a opinião pública para a necessidade de proteção e valorização da natureza.Seria lógico afirmar que ações que visam à preservação ambiental deveriam ocorrer ao longo de todo o ano e não apenas durante uma semana. Então, porque foi destinada uma semana para estas ações? A resposta é que este curto período serve para alertar e avisar, ou seja, visa lembrar da responsabilidade de todos no processo de mudanças ambientais sofridas pelo nosso planeta.Todos os atores envolvidos são responsáveis, seja o poder público, as indústrias, as instituições não governamentais e principalmente o cidadão. Não devemos esquecer que toda ação que provoque uma degradação ambiental, em última instância, é provocada pela decisão de um ou mais indivíduos. A decisão de descartar um produto poluente no solo ou em um rio não parte da indústria em si, mas sim de um indivíduo ou grupo de indivíduos que representa esta. A deliberação para jogar lixo na rua é do indivíduo, assim como, a responsabilidade pela cumplicidade de degustar uma refeição cujo prato principal é proveniente de caça ilegal.Cabe salientar que não se pretende com essas colocações eximir da responsabilidade penal o ente coletivo

(pessoa jurídica), entretanto, a decisão de provocar um ato de agressão ambiental sempre parte do indivíduo ou do cidadão.A programação da Semana Mundial do Meio Ambiente visou sensibilizar as pessoas para a importância da causa ambiental e, neste contexto, a Prefeitura Municipal de Camaçari, através da LIMPEC e da Coordenação de Meio Ambiente da SEPLAN, promoveram uma série de eventos no Município de Camaçari, dentre os quais se destacam:ABERTURA: no dia 05 de junho, considerado o Dia Mundial do Meio Ambiente, a Prefeitura promoveu a solenidade de abertura da Semana do Meio Ambiente, no Auditório do GABIP, com a presença de autoridades do Município, destacando-se o Prefeito Luiz Carlos Caetano, a participação da vice-prefeita, Dra Tereza Giffoni, do Diretor Presidente da LIMPEC, Dr. Ivan Durão, do Presidente do Conselho de Meio Ambiente, Dr. Ademar Delgado, entre outros.

ações e reflexões soBre a semana do meio amBiente

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Camaçari reúne mais de um mil educadores em um encontro que discute “A arte de aprender a aprender no mundo da inclusão”Promover ações que mobilizasse a comunidade educativa e o município em que está sediada nossa escola sempre constituiu uma de nossas propostas. Buscando esta prerrogativa a ESCOLA SORRISO promoveu o IEEPS – I Encontro de Educadores para a Inclusão Social. O evento mobilizou mais de um mil educadores de todo o país e contou com a participação de grandes nomes da educação no Brasil como o mestre Rubem Alves e o escritor parceiro da Rede Positivo de Ensino, Celso Antunes. Não faltou também a presença de ícones internacionais em educação como o escritor suíço Philippe Perrenoud, e os argentinos Federico Manchado e Marcelo Denesenschi.“Entendemos que a educação se faz a partir da interação com o outro. Partindo deste pressuposto nossa escola promoveu, em comemoração aos seus 15 anos, esse evento que foi o palco de grandes reflexões a cerca da educação”, informou Estelita Cristo coordenadora geral da ESCOLA SORRISO e mentora do projeto.

A presença do escritor Ruben Alves não se reduziu apenas ao congresso, o mestre esteve também na sede da ESCOLA SORRISO e juntamente com os alunos e professores, promoveu um bate-papo acerca da prática da leitura. Nesta oportunidade Rubem Alves relatou também algumas de suas experiência vivenciadas como escritor. Durante essa visita, ficou constatado que nem mesmo o cansaço da viagem deteve o mestre Rubem Alves, visto que o mesmo fez questão de manter uma relação afetuosa e direta com os educandos e educadores dessa Instituição.

evento reUne mais de mil edUcadores em camaçari O XXXI Encontro Nacional de Fol-

guedos faz de Teresina a capital do folclore. São 10 dias de música, dan-ça e história no palco do Park Poty-cabana. Desde sexta-feira, 15, pas-saram pelo local os grupos Congos de Oeiras, Iuná de Capoeira Angola (Belo Horizonte-MG), Riso da Moci-dade (Timon-MA), Lindo Amor Axé (São Francisco do Conde-BA), Ban-da Padim Vô (Salvador-BA), Balandê Bailão (Monsenhor Gil-PI), Reisado Minha Estação (Teresina-PI), Xaxado Pisada do Sertão (São José de Moura-PB), Tambor-de-Crioula (São João do Arraial-PI), dentre outros.O Encontro Nacional de Folguedos é definido por integrantes de grupos comoo grande encontro da cultura. Para Enoque Norberto, coordenador do grupo Padim Vô, estar no Piauí pela primeira vez é especial por pro-porcionar aos integrantes a troca de experiências. As oficinas são impor-tantes, são momentos de partilha. Neste encontro, temos oportunidade de mostrar nossa cultura e ver grupos de outros Estados. É um evento que evidencia a diversidade cultural brasi-leira, diz.O Piauí, segundo Enoque Norberto, é um Estado acolhedor da cultura, que permite a junção de todas as cores, rit-mos e danças no palco da Potycabana e dá aos grupos a oportunidade de re-passar seus conhecimentos. Estamos trabalhando oficinas em uma escola pública próxima ao Terminal Rodo-viário e, em dois dias, os alunos estão aptos para fazer uma amostra do que aprenderam para os colegas da escola, frisa. Para Enoque Norberto, o Piauí é uma vitrine para a cultura popular, que dá oportunidade para que as pes-soas possam consumir cultura. Ele informa que no próximo ano pre-

tende voltar ao Estado.O grupo Pa-dim Vô nas-ceu em 2004, formado por 10 integrantes e, segundo o seu coorde-nador, nasceu com uma proposta didática, social e pedagógica. Esses jovens faziam parte do coral Meninos Cantores e deixaram o gru-po aos 12 anos. Então, resolvi apro-veitar esses garotos e formar o grupo, informa.Em três anos, o grupo vem fazendo história na Bahia e une, em seu espe-táculo, informação, história, pesquisa e o lúdico. ?Fazemos uma narrativa sobre os nove Estados do Nordeste. Do Piauí, por exemplo, apresentamos a música Cajuína, de Caetano Velo-so, falamos sobre os rios que banha Teresina, do Parque Nacional Serra da Capivara, do santeiro de Valença Mestre Dezinho e destacamos ou-tras particularidades do Estado?, diz. Tudo isso, segundo ele, é mostrado com uma linguagem musical e teatral. Além da pesquisa, o Padim Vô tem um repertório especial e trabalha com uma seleção musical que inclui os Be-atles. Damos um novo arranjo para as canções do grupo inglês e fazemos adaptação para o xote e o baião, expli-ca Enoque Norberto. Na música na-cional, o grupo trabalha as canções de Caetano, Gilberto Gil, Djavan e Mil-ton Nascimento, tornando as músicas mais dançantes, sem fazer apelação para agradar ao mercado. Trabalha-mos as vozes, desenvolvemos pes-quisas e o que fazemos é estritamente cultural, garante.

padim vÔ em terezina

Acima: Rubem Alves e Estelita Cristo. Abaixo: Um dos cursos do IEEPIS

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pra qUe independência oU morte? (para Elomar F. Mello)Há dias venho debruçando sobre falta de sono. Não mais sei se inverno ou folia; noite ou tempestade. Aliás, como chove nesta cidade, Deus meu! O fato é que – aos poucos – vou recobrando cerne nas coisas e uma felicidade quase esquecida retoma sentido e me impele a seguir em frente. Dia desses, estava no contar diário d’estrelas ausentes quando, no repentino, o despertamento ríspido por latejo d’explosões, contentamentos espocados no ao-longe. Nem me dera conta do possível festim, do espírito festeiro e rapsodo que invade esta terra nos dias presenciados. A musicalidade de resto-de-ano deixara à deriva os ritmos carnavalescos e se empenhara-de-todo aos de rasta-pés, forrós e passos de se fazerem a-dois: festejos juninos. A foles de oito baixos, juntam-se zabumbas e triângulos. Corre solto o cacarejo entre comércio de risos, issos e aquilos, no tipicamente. Por toda parte recendem ruídos de fogueira estalando – quitutes, quitandas, brevidades – embalados por expressões culturalmente industrializadas nos acordes magnéticos de calcinhas pretas, mastruzes com leites, acarajés com raparigas, limões com mel, pitus, baiacus e pitel. Por fim: é coisa de pegar de vez. E parece estar muito do certo. Por certo. A coisa taí; e é pra prazear: o muito da festa. No interior, então, é questão de salvamento. De encher a barriga nas ausências da miséria e no descaso das lides governamentais. Que nada, vale mesmo é o resfolego, a umbigada, os triscos-trins-tris dos rabos e foguetes, das corriolas; dos goles intensos e plangentes daquela ali ó; aquela da moça que... no inverno intenso que nessas plagas, só faz mesmo é destilar água. Aí é um tal de verter e reverter águas e outros líquidos mais. E como eles deixam a gente assim-assim, meio que sobranceiros, sonolentos, inebriados, infernais. Tanto de pimpões e esfoqueteados. Acendem a chama das paixões e dos roçados. E como se roça-se nesses termos, caros senhores. Como se deita empenho em bulir com a desgraça e rir da própria sorte. É, entre explosões e alegrins tocamos nosso bonde para... pra onde mesmo? Mas são dias e dias de santo, e com coisa de santo não se brinca. Com devoção, então, jamais. Assim, devotamente, tudo se embriaga de divinidade e profanação. É o que se pode exprimir, metaforicamente, por sincretismo situacional. Olhe ele aí – gente – entre uma corrida de busca-pés e outra espada absorta, na cruz-das-almas. – Viva São isso... E Santo aquilo. Bota aqui e continuemos na contra-dança com “chuvasuorecerveja”.

De fato, tem dias que me encontro entre a cruz e a espada. Súbito, outra sorte de festejamento me vem à recordação: um pequeno poema; talvez um poeminha daqueles que se dá-de-ombros – por mera infelicidade nossa – assim, talvez. Não preciso onde o li, há muito... Algo assim entre uma estante de parede e um pedaço de memória estilhaçada. Dele, recordo-me apenas de algumas passagens. No muito vago, no tanto impreciso, rezava o muito além das palavras ali registradas. Dizia do aposto do que vivemos no agora e só deve ter me atingido, profundamente, por conta disto: pelo império da quietude exalada a partir de umas poucas dezenas de versos. O silêncio era tamanho a impregnar a leveza das palavras que – de tão estonteante – explodia para mais fortemente que o som destas sanfonas eletrizadas no embalar os presentes carnavais juninos. E um sonozinho foi me tomando pelos pés e, quando dei por mim, não mais ali estava em. Cadeira desconfortável, músculos flácidos e um livro deitado pesadamente no chão: Manuel Bandeira – se lê – Libertinagem. Ao revirar, dei com a coisa aberta, estampada à frente: Quando ontem adormeci/ Na noite de São João/ Havia alegria e rumor/ Estrondos de bombas luzes de bengala/Vozes cantigas e risos/ ao pé das fogueiras acesas. E uma paz foi-me velando a cada investida d’olhar, sobre o vazio do papel. Uma calma-de-plenitude configurada pelo prazer do encontro comigo e, ao mesmo tempo, com tudo. O menino do poema tinha, então, seis anos e não pode ver o fim da festa de São João, pois adormecera. No repentino, desperta; a festa se fora, ruídos restantes perdem-se na rotina dos anoitecimentos. Vozes, risos, balões errantes dispersos e esquecidos pelo senhor dos adormecimentos. Apenas um ou outro cortava o silêncio como um túnel. Os que cantavam, dançavam, dormiam. Todos deitados, dormindo profundamente. Então, vi-me. E como vi, vi a ti, caro leitor, nos olhos do poema. E agora aqui estamos com nossas convicções: aquisições e festejamentos. Nossas ruínas e perdas: Hoje, não mais ouço as vozes daquele tempo/ Minha avó/ Meu avô/ Totônio Rodrigues/ Tomásia/ Rosa/ Onde estão todos eles? Assim, de pés descalços abro a janela – suspiro silenciosamente – e deixo que “entrem todos os insetos” apois, agora, apesar de todo festin do fora, Estão todos dormindo/ Estão todos deitados/ Dormindo/ Profundamente.

Igor Rossoni - [email protected] escritor, doutor em literatura e docente do ILUFBA.

de explosões, festejos e qUietUdesDe que se faz uma nação se não de um povo, de um lugar, de uma língua? Uma nação é mesmo o conjunto destes elementos ao qual ainda se adicionam fatos. No entanto, apenas alguns fatos integram o conjunto: os históricos. Assim, uma nação faz-se de indivíduos que compartilham um lugar, uma língua e, sobretudo, acontecimentos sucedidos em determinado espaço e tempo aceitos como históricos. Toda nação possui um rol de acontecimentos que, quando enumerados, compõem, entre outras coisas, compêndios didáticos de história nacional. O Brasil, desde que alcançara patamares de nação, também possui os seus. É verdade que nem todos os compêndios de História do Brasil fazem referência ao DOIS DE JULHO. Não se sabe ao certo por qual motivo o DOIS DE JULHO não é ensinado como data magna nas escolas, a exemplo de 21 de abril. Todavia, é possível inferir alguns: o DOIS DE JULHO, ao ser lecionado para crianças e adolescentes de todo o país, diminuiria os ecos do grito de “Independência ou morte” proferido em 7 de setembro de 1822, com tanta bravura por Dom Pedro I – após ser intimado pelo pai, D. João VI, a voltar para Portugal – que ainda hoje ressoam nos 360.000.000 de tímpanos diante da TV, em jogos da seleção masculina de futebol. Os ecos do grito, ao longo dos anos, teimam por abafar as conseqüências da independência do Brasil, único país nas Américas a se tornar independente e se manter em regime monárquico. Dentre elas, a contratação de uma dívida com a Inglaterra de 2 milhões de libras esterlinas para pagar a Portugal o direito de “independência”. Ao longo dos séculos, a dívida ressoa nos bolsos enquanto, pela história oficial da nação, os brasileiros são privados de conhecer detalhes históricos e aprendem que as lutas pela independência se concentraram no eixo “café-com-leite”: em Minas Gerais, aos 21 de abril e em São Paulo, aos 7 de setembro.Pela História, a Bahia está oficialmente esquecida do calendário cívico. Porém, além dos ecos de “independência ou morte”, nos ouvidos baianos ressoa também a convocação “baianos é tempo..”, escrita por D. Pedro I em carta enviada à Bahia clamando a expulsão de Madeira de Melo, comandante português que tenta restabelecer o controle da metrópole sobre a província. Os clamores ecoam com maior vigor em dois baianos

canonizados pela história da literatura: João Ubaldo Ribeiro e Castro Alves. O primeiro, no romance Viva o povo brasileiro, revisita acontecimentos ditos “históricos”, abrangendo alguns esquecidos, inclusive a batalha de Pirajá, responsável pela vitória dos brasileiros sobre as tropas portuguesas. Alguns historiadores, a exemplo de Joel Rufino, atribuem à Batalha um significado moral e militar, muito mais do que heróico e sanguinário, conforme pintado na Ode ao Dous de Julho, de Castro Alves. Sem adentrar os méritos históricos, o poeta, mesmo acusado de adolescente romântico pelo historiador Luís Henrique Dias Tavares, pinta em tons rubros a vitória brasileira nos versos da Ode, recitada no Teatro São José – para delirante platéia paulistana – em 1868, após 35 anos da referida batalha. Desde aquela data, o poeta baiano, à custa de metáforas e demais recursos da arte literária, inscreve a Bahia na história das lutas nacionais. Não importa se a História discute o número de mortos e a validade tática da batalha; fato é que sob o manto dos versos “Era o dous de Julho/ A pugna imensa travara-se nos cerros da Bahia.../ O anjo pálido da morte cosia/ Uma vasta mortalha em Pirajá”, “Não! Não eram dous povos que abalavam/ Naquele instante o solo ensaguentado...”, “E a glória desgrenhada acalentava /o cadáver sangrento dos heróis!...”, Castro Alves abafa os ecos do corneteiro Luís Lopes que, ao invés de tocar a ordem de retirada proferida pelo comandante Barros Falcão, executa “cavalaria avançar e decolar”, motivando os 1.200 brasileiros a lançarem-se sobre os 2.000 portugueses e obrigá-los a bater em retirada, por via marítima.Estes e outros detalhes, oficialmente olvidados, são relembrados aos brasileiros pela literatura baiana. Seja pela prosa de Ubaldo ou pela poesia de Cecéu, é possível – até mesmo à Anactória Maria do Riachão-do-Quem-Quem, nos profundos confins do sertão – repensar a História e redimensionar o papel da Bahia no curso dos fatos. Se a arte massiva capitaneada pelo axé music e outras escolas insistem em inscrever a Bahia no cenário nacional como lugar de tons lúdicos e sensuais; a pena destes escritores a configuram com cores trágicas e teimam em assinalar-lhe o caráter honroso e libertador.

Gal Meirelles - [email protected] do Programa de Pós-graduação Multi-disciplinar em Cultura e Sociedade–Facom/UFBA

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A VI Conferência Mu-nicipal dos Direitos da Criança e do Adoles-cente foi realizada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Crian-ça e do Adolescente – CMDCA e pela Se-cretaria de Assistência Social de Camaçari nos dias 20 e 21 de junho na Casa do Trabalho das 8:00 às 17:00 horas. O evento contou com a presen-ça de 450 pessoas, representantes de associações, entidades governamentais e não governamentais: Conselhos Tu-telares da orla e sede, representantes do CMAS – Conselho de Assistência Social, Conselho da Mulher, repre-sentantes do Grupo Gay de Camaça-ri, representantes das Secretarias do Governo, Representantes de Terreiros e Comunidades Quilombolas, bem como, representantes de igrejas evan-gélicas e católicas do município.A mesa de abertura do evento foi co-ordenada pelo presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes e também Secretário de Assistência Social do Município: Carlos Silveira, que falou da sua tra-jetória política em prol do social e da luta política em Camaçari, reafirman-do o seu compromisso com a cidade.Também na abertura do evento, o Pre-feito Municipal de Camaçari, Luiz Ca-etano, o Diretor da FUNDAC Walmir Mota, representando o Secretário de Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza do Estado Valmir Assun-ção, a Superintendente de Assistência Social da SEDES Elizabete Borges, a Presidente da Câmara Municipal Luiza Maia, os Secretários de Saúde, Educa-ção, Cultura, e Governo da Prefeitura, os representantes dos conselhos e um representante dos adolescentes.O evento foi marcado pela assinatura do convênio com o Instituto Aliança para promover a inclusão social e pro-dutiva das famílias do bairro Nova Vi-tória, um dos mais carentes do municí-pio, e a autorização para a Construção da Casa de Acolhimento para Crianças e Adolescentes em situação de risco, no Phoc II.Na avaliação do Secretário Carlos Sil-veira, “o objetivo da Prefeitura é re-duzir a miséria, através de projetos

camaçari deBate direitos do púBlico infanto-jUvenilA tradicional sanfona, a zabumba e o triângulo animaram as comemorações juninas da Escola Santo Antônio de Machadinho nos dias 21 e 22 de junho. O mais puro forró foi tocado por um grupo de sanfoneiros da localidade.“Recebendo o nome de um dos santos mais populares dos festejos juninos, a Escola Santo Antonio não poderia deixar de comemorar esse momento tão bonito do nosso calendário de festas” ressaltou a aluna Isabelle, da sétima série. A imagem de Santo Antonio teve direito até a um oratório confeccionado com materiais reciclados pelos alunos da oitava série que também lideraram toda arrumação da escola com bandeirolas, balões, palhas e fogueiras, criando um singelo arraiá que atraiu pessoas da comunidade local, além de ex-alunos. “Precisamos valorizar todas as nossas raízes nordestinas” comentava a Diretora Denise Moreno, animada pelos sanfoneiros que contagiavam a todos com seu ritmo alegre.

Como não poderia faltar, o casamento na roça foi preparado por alunos que animavam a festa. Mas, contou também com o coronel bravo, o padre assustado, o capanga medroso, a noiva ingênua e o noivo esperto trazidos pelos componentes da Cia Teatral CA&BA que arrancaram risos do público com o mais engraçado casamento matuto apresentado. Os atores, caracterizados com muito humor, demonstraram todo o seu talento, graça e carisma na irreverente história de um pai estúpido e impaciente para casar sua filha encalhada com um noivo astuto e fujão. “A apresentação do grupo CA&BA revela também uma preocupação em resgatar as nossas tradições juninas que vêm se perdendo com o tempo”, observava dona Angélica, secretária escolar.

Carlos Fábio Araújo

escola preserva tradições jUninas

de inclusão produtiva para os pais, e a partir daí, melhorar as condições da família e diminuir os riscos sociais para as crianças”. Porque, como bem observou o secretário, Camaçari, tem uma população de 67% de pessoas na linha de pobreza e esse indicador pre-cisar ser modificado.Na avaliação do prefeito Luiz Caeta-no, a conferência é importante para que o governo e a sociedade apresen-tem propostas concretas e objetivas a fim de garantir os direitos da infância e juventude. O objetivo é fortalecer a família, considerada a base para a for-mação do cidadão, de forma a evitar que as crianças sejam privadas de di-reitos e passem a integrar as unidades de abrigo para menor infrator.Ainda no primeiro dia de abertura fo-ram promovidas três palestras: a pri-meira feita pelo Professor da UFBA e da UCSAL, Samuel Vida que tratou do tema: Concretizar Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes: investi-mento obrigatório. Em seguida, Cristina Firmo do Cen-tro Talita falou sobre Convivência Familiar e Comunitária como Marco

Regulatório da Política de Proteção e Milena Oliveira da Ong CIPÓ, tratou da Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes.No período da tarde foram realizadas mais três palestras: sobre o Sistema de Atendimento Sócio-Educativo (SI-NASE), como Marco Regulatório do Atendimento Socioeducativo, desen-volvida por Jânio Coutinho – Assessor Chefe da FUNDAC.

Orçamento Criança e AdolescenteOutra discussão foi sobre o Orçamen-to Criança e Adolescente: garantia de direitos, proferida por Tânia Almeida do Fundo Estadual da Criança e do Adolescente e a terceira palestra sobre Protagonismo Juvenil,feita por Taíse Chatees da CECUP – Centro de Edu-cação e Cultura Popular.No segundo dia foram realizadas ofi-cinas para proposição de políticas públicas na área da infância e juven-tude e definido os delegados que irão representar Camaçari na Conferência Estadual sobre o Direito das Crianças e Adolescentes, em setembro.Além das palestras, os dois dias do evento foram marcados por ativida-des culturais promovidas pelo Ca&Ba e por crianças e adolescentes da Casa da Criança e do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.A expectativa dos participantes do evento, é que o poder público através do Executivo, do Legislativo e das Se-cretarias do Governo, atendam as pro-postas levantadas na conferência.

Apresentação do espetáculo de Dança CAOS da Fundação Cultural C&Ba

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camaforró vai deixar saUdadesUma das maiores e mais importantes festas juninas da Bahia terminou na madrugada desta segunda-feira (25/04) e deixa saudade na população. Este ano, o festejo reuniu aproximadamente 240 mil pessoas de diversos estados e até países, como Taiwan, Tunísia e Hong Kong, contou com 27 shows, além de uma mega-estrutura cenográfica, de segurança, de apoio e uma ampla cobertura por parte da imprensa local e regional.Passaram pelo palco principal bandas como Saia Rodada, Bruno e Marrone, Limão com Mel, Magníficos, Targino Gondim, Bonde do Forró, Zelito Miranda, entre outros. O festejo também reservou espaço para as atrações

locais e as manifestações culturais do município, como as 16 quadrilhas que se apresentaram no caramanchão – área coberta onde foi montado o

palco alternativo, reservado para o forró pé de serra.Apesar da multidão que passou pelo Espaço Camaçari, uma área de 80 mil

metros quadrados, pouquíssimas ocorrências policiais foram registradas. Também foi montada uma eficiente estrutura de apoio ao público, com estandes de atendimento médico emergencial, policiamento, fiscalização de barracas, proteção à criança e ao adolescente. Decorado nos mínimos detalhes, o Espaço Camaçari contou com cidade cenográfica, igrejas, coretos, praças e armazéns.Tudo que rolou nos três dias do Camaforró, inclusive os 27 shows do palco principal, foi transmitido online pelo sítio www.camacari.ba.gov.br. Os acessos partiram de diversas regiões do Brasil e até de outros países, como Espanha e Estados Unidos.

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Uma das maiores eventos do calendário de festas do município de Camaçari, o Camaforró apresenta um impacto im-portante no que se refere ao incremento da economia do município. Dentre os setores beneficiados com a festa, desta-que para o comércio informal, que re-gistra um crescimento superior a 100% em relação a outras épocas do ano. Ambulante, Creusa de Jesus aproveitou a festa para colocar um isopor com be-bidas na entrada do Espaço Camaçari e, em três dias, vendeu cerca de 400 la-tinhas de cerveja e refrigerante, o equi-valente ao comercializado em dois me-ses no ponto onde trabalha, no Centro Comercial. Creusa sustenta dois filhos com o dinheiro que arrecada com a venda de bebidas.Foi também a venda de bebidas que rendeu, a Helena Batista e à família, um caixa de R$ 800,00 por dia com a barra-ca de batidas localizada próximo ao pal-co principal. Moradora do bairro Novo Horizonte, Helena e o marido vendem roupas, mas aproveitam as festas para montar a barraca de driks, onde traba-lham com os dois filhos adolescentes. Segundo Helena Batista, a família fa-tura cerca de R$ 400,00 por mês com a venda de vestuário, metade do que venderam, por dia, na barraca de drinks montada no Camaforró. “Essa festa é muito importante para o orçamento da casa, sempre aproveitamos para inves-tir os lucros em uma reforma, comprar alguma mobília nova e roupas para re-vender. Nós passamos o ano inteiro à espera do Camaforró”, revelou.Outro setor que está em alta é o de churrasquinho. Em apenas uma barra-ca, Churrasquinho do Gordinho, fo-ram vendidos cerca de 4 mil espetinhos dos mais variados sabores: calabresa, carne, frango, misto, coração e carne de sertão, o que rendeu um faturamento de R$ 8 mil. Segundo Ronaldo Santana, que tem três pontos do Churrasquinho do Gordinho instalados no município, em outro período do ano, seriam preci-sos dois meses para arrecadar o mesmo valor na barraca da rede que apresenta

maior movimento.O crescimento dos lucros ultrapassou o espaço da festa e beneficiou também a rede hoteleira, com cerca de 500 leitos, e o sistema de transporte que envolve a frota de ônibus, vans, táxi e moto-taxi. Para o secretário de Emprego, Indús-tria, Comércio e Serviço (SEINC), Djalma Machado, o Camaforró se con-solida como um dos principais destinos em relação às festas juninas, fato que contribui para o fomento da economia local, principalmente, para as pessoas que vivem da renda obtida nas festas populares. “Além disso, a Prefeitura prioriza a contratação de fornecedores locais, o que ajuda, ainda mais, o cresci-mento econômico do município”. De acordo com o presidente da associa-ção de Barraqueiros de Camaçari, Re-nildo Lopes Bezerra, os comerciantes, este ano beneficiados com a isenção de pagamento pelo ponto, estão muito sa-tisfeitos. “As vendas estão ótimas, lucro melhor só no próximo ano”.Outro aspecto relevante do evento é o fato de que não beneficia apenas os moradores da cidade, mas também é importante para o orçamento familiar de muitas pessoas que vivem nas cida-des vizinhas e até em outros estados. Naturais da cidade de Patos, na Para-íba, Luiz Francisco da Silva e a famí-lia, um total de sete pessoas, venderam cerca de 100 chapéus em cinco horas, quantidade que, segundo ele, levariam um mês para vender. O grupo está pas-sando por várias cidades que têm festa e chegaram a Camaçari neste domingo (24/06), às 19h.O vendedor Marcos Silva mora e traba-lha em Salvador, mas escolheu a festa de Camaçari para montar o tabuleiro de balas. Por volta das 23h deste domin-go (24/06), ele contabilizava R$ 700,00 com as vendas de doces nos três dias de festa. “Para quem não tem emprego e sobrevive no mercado informal, essas festas são ótimas, ajudam muito. Eu, por exemplo, fiz o dinheiro de 15 dias de trabalho e vou aproveitar para pagar algumas dívidas”.

evento movimenta economia e amBUlantes são os mais Beneficiados

O cantor camaçariense Adriano Reis divide o palco com a dupla Bruno & Marroney. “Esses encontros são muito importantes para os artistas locais. Por isso a Secretaria de Cultura está sempre promovendo esse intercâmbio com os artistas que são reconhecidos nacionalmente”, afirmou o secretário Ivanildo Antonio.

intercÂmBio cUltUral

O São João de Camaçari, um dos maiores da Bahia, ganha novos visitantes a cada ano. O aumento do número de foliões é reflexo da organização e infra-estrutura montada para o evento, com decoração interiorana do espaço da festa, estandes de apoio e seleção de artistas de renome nacional e regional. O Camaforró 2007 reuniu cerca de 260 mil pessoas nos três dias de festa. Um efetivo de mais de 2 mil pessoas garantiu a segurança e bem-estar dos foliões. Parte dos profissionais atuaram no apoio, organizados em boxes das secretarias de Saúde e Serviços Públicos, Juizado de Menores, polícias civil e militar, Conselho Tutelar, Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), fiscalização de barracas, Defesa Civil e Limpeza Pública de Camaçari (Limpec). Os profissionais de comunicação também marcaram presença no Camaforró. Ao todo, foram mais de 50 pessoas transmitindo informações via rádio, internet e televisão. Sem falar das informações veiculadas pela equipe de comunicação da Prefeitura Municipal, por meio do portal www.camacari.ba.gov.br.Apesar do grande público presente, o Camaforró teve baixos índices de violência. A polícia civil registrou 59 ocorrências no período da festa. Uma média de 600 policiais, entre civis e militares, reforçam a segurança. A festa foi acompanhada por sistema de monitoramento eletrônico.Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e duas ambulâncias funcionam como reforço à saúde. Na meia-noite do domingo (24/06), foram registradas 128 ocorrências. A maioria por mal-estar, devido ao uso abusivo de bebida alcoólica.

camaforró - megaestrUtUra e segUrançaPara o Pernambucano Jandoval Pinheiro Silva, inspetor de solda, o Camaforró é uma festa segura. Ele diz que a instalação de boxes de apoio no circuito da festa dá maior tranqüilidade à população. “Ano que vem estarei aqui novamente”, comentou. O coordenador de eventos da Prefeitura de Camaçari, Marilton Trabuco, afirma estar satisfeito com a tranqüilidade da festa. “É muito bom saber que a população vê o Camaforró como um espaço de divertimento e não de brigas”.

camaforró vai deixar saUdades

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mUda do mUndo mUdadoO raciocínio digital já é uma realidade. Milhões de pessoas em todo o mundo deixaram para trás antigos modos de pensar e viver. Entre outras inovações, passam a usar uma nova tecnologia de raciocinar como uma extensão da máquina. Hoje, o mundo sem internet é inconcebível. A falta de energia elétrica torna-se um dos maiores suplícios da humanidade. Como viver sem computadores, sem msn, sem orkut, sem dvd? Ou mesmo sem celular, I-pods, MP3? É incrível, mas devo confessar. Sou do tempo em que nada disso existia e pasmem, vivia-se. Ao chegar em casa, perguntava aos meus pais: “alguém ligou pra mim?”. Esse jurássico questionamento era necessário, pois não havia como ser localizado na rua. As bibliotecas eram os grandes meios de aquisição de conhecimento. A televisão era a principal mídia do país e seu horário nobre era respeitado por uma enorme parte da população. Todo mundo assistia o Jornal Nacional e determinava seus encontros dizendo “te vejo depois da novela”. Os produtos, em sua grande maioria, não tinham concorrência. As marcas prototípicas – representantes de um segmento - reinavam absolutas. Bombril, só da Bombril. Gillete, só da Gillete e assim por diante. Mas, acredito na aquisição de conhecimento, como o grande divisor de águas. Antes as dúvidas eram resolvidas com dicionários ou gigantescas enciclopédias. A Barsa era vendida de porta em porta e não nos dávamos conta da sua importância. Milhares de tópicos com imagens coloridas, mapas, atlas do corpo humano, etc. Lembro haver lido, várias vezes, assuntos interessantes que me levaram a biblioteca pública para pesquisar mais informações sobre eles. Hoje essa ida a biblioteca está quase extinta. Aprendemos a raciocinar em links. A internet nos fornece o mesmo assunto dos livros de forma bem mais rápida, com diferentes abordagens e, o principal, textos em proporções diferentes. Em poucos segundos, encontramos a informação desejada e usamos o famoso “controlcê, controlvê”. Abrimos as páginas “linkadas” e o

conhecimento adicional aparece em nossa frente na mesma hora. Pra que Biblioteca? Os grandes clássicos da literatura podem ser copiados em e-books. O download é feito de forma gratuita e rápida. Programas piratas navegam livremente nas ondas da web. Os trabalhos de faculdade são comprados em sites especializados. Filmes “genéricos” são exibidos nas casas, antes mesmo de chegarem aos cinemas. Comunidades do orkut ensinam desde receitas de bolos à fabricação de bombas caseiras. Celulares substituem os relógios cheios de função dos anos 80. Tudo para atender necessidades humanas. Mas quem determina essas necessidades? Deixa pra lá, o importante é ver como o mundo está mudado. As fronteiras não mais existem e o tempo é só um detalhe. Assistimos em “real time” os desastres do outro lado do mundo. Choramos as vítimas do “Tsuname”, enquanto fechamos a janela do carro para o pedinte malabarista do sinal vermelho. Fazemos contatos com os amigos pelo computador ou celular e marcamos encontros para “um dia desses”. E esses dias nunca chegam. São as mudas de um mundo mudado. Ainda nem cheguei aos trinta e falo como um velho saudosista. Como tudo mudou tão rápido assim? Infelizmente não sei. Estava ocupado demais vendo meus e-mails e nem me dei conta.

Erick Cerqueira - [email protected] da Faculdade 2 de Julho e

Diretor de Marketing da Fundação Ca&Ba

É um fato incontestável. A Rede Globo e suas afiliadas desempenham um papel só-cio-educativo extremamente distorcido em nossa sociedade e influenciam de forma mais relevante que suas concorrentes. Essas, na maioria das vezes, seguem a mesma linha de raciocínio editorial da líder em audiência. Há anos, a Globo dita o que deve ou não ser comprado, quem no cenário político deve ser eleito, e por quanto tempo deve lá per-manecer. Deixa distante a possibilidade da criação de uma sociedade justa, igualitária, onde a “posse”, seja ela de bens materiais ou do conhecimento, deve ser adquirida pelo telespectador através da simples exposição de fatos imparciais, com linguagem acessível e dinâmica às diversas classes que formam nossa sociedade. No Brasil, estes valores são utilizados por políticos, subentenda-se todo e qualquer ci-dadão ou conjunto de cidadãos que visem alcançar domínio sobre a grande massa, como mola propulsora para sua ascensão “politiqueira”. No caso das emissoras, isto é alcançado através da manipulação dos fatos, fundamentada numa lógica de interesses. Dizem que o povo é a voz de Deus, o grande problema é que o povo passa muito tempo assistindo a TV.Recentemente a Rede Globo veiculou em seus programas uma série de reportagens que abordam temas como: aquecimento global, efeito estufa, ilhas de calor e uma série de prognósticos com relação ao que “deixaremos para as próximas gerações”. Uma demonstração clara da preocupação da Rede Globo de Alienação com a qualidade de vida das gerações vindouras, certo? A resposta seria um sim categórico se estivés-semos nos referindo a qualquer sociedade... Menos a brasileira! Como iniciaremos um debate ou ao menos uma profunda reflexão sobre esses diversos assuntos, sem antes ter-mos sidos preparados para entender o que são de fato, e qual nossa parcela de culpa na ocorrência deles? Nossos valores foram distorcidos por ela ao longo da história, de forma proposital. Acreditamos que inves-tir no social é uma vez por ano fazer uma ligação e contribuir de forma singela, num ato de PSEUDO-CARIDADE, com uma quantia de valor irrisório para o “CRIANÇA ESPERANÇA”. Se em um lapso de cons-ciência, entendermos a grande importância da educação para o progresso da sociedade e quisermos contribuir com isto, faremos um imenso esforço e daremos todo tempo que nos resta para ser um “AMIGO DA ESCOLA”, mesmo sem ter noção nenhuma dos diversos e complexos mecanismos pe-dagógicos que envolvem uma instituição de ensino. Nos intervalos de sua programação seremos condicionados a acreditar que in-vestir no avanço da resolução de problemas sócio-ambientais, é comprar um Eco-Sport, Cross Fox ou outra marca de carro que nos lembre aventura e natureza. No FANTÁS-TICO veremos a história de um “José não sei das quantas”, lá do interior de Santa Ca-tarina ou qualquer região do país com poder aquisitivo melhor que o nosso, conseguiu desenvolver um carro movido a óleo de pas-tel; o que é uma atitude louvável, mais que infelizmente não pode ser reproduzida por seu “Antôin” que mora lá em Cabrobró.

Nunca veremos na Globo um debate re-almente sério, onde estas questões sejam expostas de forma clara e específica, apon-tando medidas simples, que minimizem impactos e possam ser feitas por qualquer cidadão, desde o Oiapoque ao Chuí. Fomos educados sim, a acreditar que as meias-notí-cias dadas por todo engravatadinho do seu corpo de semi-jornalistas, são verdades in-questionáveis. O povo brasileiro, morto etnicamente e di-zimado de inúmeras formas, hoje, ousa lutar contra o sistema imperialista do coloniza-dor. Mas têm seus representantes ridicula-rizados por criticas sarcásticas, tendenciosas e depreciativas no programa CASSETA E PLANETA. Na verdade, a programação da “global” é uma grande aula de história; per-cebam. Pela manhã você assisti o JORNAL DA MANHÃ e o BOM DIA BRASIL, e é bombardeado por uma série notícias edita-das, e uma seqüência de comentários vazios e tendenciosos sobre algo que você odeia, por que foi condicionado a isto, política. De-pois virá o MAIS VOCÊ com uma poção de dicas fúteis de como as mulheres devem se comportar em nossa sociedade machista. Em seguida a SESSÃO X onde a “RAINHA DOS BAIXINHOS”, em seu tom de voz mais anazalado possível, te fará relembrar do seu tempo de criança e esquecer seus problemas de adulto. Depois no BAHIA ESPORTE e no GLOBO ESPORTE você irá acompanhar de forma quase religiosa o resultado do seu time na última rodada do brasileirão. Hora do almoço, do BAHIA MEIO DIA e do JORNAL HOJE. Agora, as mesmas meias-notícias serão requentadas e prontas para serem engolidas. Depois em VALE A PENA VER DE NOVO assistire-mos uma novelinha reprisada, onde o po-bre come filé e arrota caviar demonstrando a “realidade” da nossa sociedade. Na SES-SÃO DA TARDE um filminho, também re-prisado. Em MALHAÇÃO, uma novelinha feita especificamente para adolescentes, jo-vem sem cérebro e fúteis falam sobre sexo, aborto, namoro e esportes radicais. Chega o JORNAL BATV e depois a ETERNA MA-GIA fala sobre uma historinha romântica e sonhadora distante do mundo real. JORNAL NACIONAL, de linha editorial tendencio-sa apresentado pelo “casal perfeito” da TV brasileira. No PARAÍSO TROPICAL para os turistas, apaixonados por um turismo se-xual, uma negra, baiana e burra torna o fato de ser prostituta, ou melhor dizendo “scort girls”, algo quase desejável, à la Julia Roberts em Uma Linda Mulher. A realidade de um Rio de Janeiro violento e governado por um estado fraco e ineficaz diante do poderio dos traficantes é omitido. O fim de noite é reser-vado ao poder quase mediúnico e alienante do riso. A DIARISTA, A GRANDE FAMI-LIA, ZORRA TOTAL, e por último, lá pela madrugada, se ainda restar forças físicas, você será agraciado com um humor enlatado no PROGRAMA DO JÔ.Ai está, como aprendemos em história, a boa e velha política do Pão e Circo, numa nova roupagem global, “new generation”, coberta de cinismo e hipocrisia. FIM DA TRANSMISSÃO

Emerson Leandro Poeta

você, preso na rede de alienação

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“Reciclar para Preservar”, este o tí-tulo da nova campanha do Projeto Integrar de Educação Ambiental. O objetivo da campanha é arrecadar o maior número possível de garrafas PET para serem utilizadas em ofici-nas gratuitas de reciclagem ofereci-das aos camaçarienses. As garrafas devem ser entregues na Creche Joa-na Vilaça, no Gabinete da Vereado-ra Janete Ferreira, na Associação de Moradores do Triângulo e na Sede do Grupo Beneficente Cultural do Nova Vitória. Para Adília Araújo, coordenadora do Projeto Integrar, o objetivo da iniciativa é conscientizar as pessoas do que pode ser produzi-do a partir da reciclagem com garra-fas plásticas em prol da preservação do meio ambiente. A idéia é arrecadar estas garrafas e utilizá-las em oficinas de reciclagem onde as pessoas pode-rão ver e aprender quantos benefícios e objetos úteis, bonitas e interessantes são gerados com essas garrafas, pro-movendo desta forma a responsabili-dade sócio-ambiental”, disse. Madrinha do Projeto desde a sua criação, a Vereadora Janete Ferreira fez questão de apoiar mais esta ini-

ciativa. “Para mim é um prazer fazer parte deste Projeto como sua madri-nha e poder apoiar mais uma ação do mesmo. Espero que todos possamos doar garrafas plásticas, pois estaremos ajudando o meio ambiente e até mes-mo aprendendo como reutilizar estas garrafas em nossas casas”, disse. A primeira oficina a ser realizada pelo Projeto, prevista para começar em agosto na sede da Fundação Vida, é a oficina de confecção de puffs com garrafas PET. Os interessados em participar do projeto podem ligar para 3621-6143 e falar com Adília Araújo. As demais oficinas serão para confecção de artigos de decoração; calhas; brinquedos e objetos utiliza-dos em canteiros de jardins e outros. O Projeto Integrar é uma iniciativa da equipe do Gabinete da Vereadora Janete Ferreira, que surgiu da neces-sidade de trabalhos sócio-ambientais junto à comunidade e a rede pública e privada de ensino de Camaçari para preservar o meio ambiente. Com apenas um ano de existência o proje-to já alcançou mais de 1.100 crianças e adolescentes em todo município.

André F. Damasceno

projeto integrar lança campanhaO II Fórum Social Nordestino será realizado nos dias 02 à 05 de Agosto de 2007, em Salvador-Ba, nos campus da UFBa- Universida-de Federal da Bahia e da UNEB- Universidade do Estado da Bahia. A realização do II Fórum Social Nordestino em Salvador visa, por-tanto, dar continuidade a um pro-cesso e a uma articulação, ambos inéditos no Nordeste. A impor-tância da continuidade do proces-so por meio de um novo passo - a realização do II FSNE em Salvador - se deve a diversas situações crí-ticas que atingem os movimentos sociais e a própria sociedade civil na região. O objetivo geral do fó-rum é: Recolocar e dar visibilida-de à “questão social do Nordeste” na agenda política nacional, assim como debater potencialidades e al-ternativas de projetos, fortalecendo a idéia que “Um outro Nordeste é possível”, relacionado a um outro Brasil possível;Salvador foi definida como cidade sede do II Fórum Social Nordes-tino, após a realização do I FSNE

em Recife em 2004. Foram con-siderados os critérios de: nível de mobilização e fortalecimento da sociedade civil local, condições es-truturais, condições políticas e par-cerias potenciais...O II FSNE será um espaço de dis-cussões democrático e plural vol-tado para o aprofundamento da reflexão, debate de idéias, formu-lação de proposições, livre troca de experiências e articulação para ações coletivas de organizações e movimentos da sociedade civil que se opõem a todas as formas de opressão, aos fundamentalismos, ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo.Contatos:[email protected]

DJ BrancoCMA Hip Hop – Comunicação Militância e

Atitude Hip-HopE-mail: [email protected] ,

[email protected] Tel: (71) �1�1-0�31

ii fórUm social nordestino

O “Grupo Poli&Cia Encena” é fruto do programa PDSAP - Programa de Desenvolvimento do Serviço de Atendimento Policial, oferecido pela Secretaria de Segurança Pública aos funcionários da Políca Civil Estado da Bahia. Na festa de encerramento do PDSAP, um grupo de 16 formandos representou, através de uma peça teatral, a transformação das antigas delegacias em unidades com padrões de funcionamento SAP, instalações físicas e tecnológicas adequadas além de um atendimento mais eficaz a comunidade. Nascia no dia 22 de novembro de 1999 um Grupo talentoso e esforçado que vem ao longo desses anos representando de forma brilhante (e divertida) a rotina de uma delegacia que se transforma, da água para o vinho, após a realização

de um programa de qualificação pessoal. Essa é a temática de “DDD - Delegacia Dia a Dia”, uma hilariante representação das rotinas policiais, que já obteve um público de mais de 6000 espectadores em aproximadamente 40 apresentações.Conversando com o líder do grupo e diretor da peça, Ruy Cerqueira, fiquei sabendo que o espetáculo continua sendo apresentado, graças ao seu esforço pessoal e a boa vontade dos integrantes do grupo, uma vez que, embora esse trabalho seja do conhecimento de toda cúpula da Policia Civil, até hoje, muito pouco ou quase nada, foi feito em prol do grupo. Posso garantir que se trata de um bonito trabalho, onde é mostrado de uma maneira positiva, a atuação da Policia Civil.

Atualmente os integrantes do grupo Poli & Cia Encena são: Glacira Matos e Ana Célia Moraes - Delegacia de Proteção ao Turista Ruy Cerqueira (Diretor) - DELTURIane Moraes - CEDEP

Paulo Filgueiras e Fernando Rodrigues - 11ª Delegacia de PoliciaPaulo Garavelo - Corregedoria Milena Cerqueira - Atriz ConvidadaEdilson Freitas - Ator convidadoVerena da Silva - Sonoplastia

delegacia vai parar no teatro com policiais atores

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Argenor de Oliveira, Cartola , nas-ceu no bairro do catete, Rio de Ja-neiro, em 1908 e morreu de câncer em 1980. Aos onze anos passou a viver no bairro da Mangueira, de onde não mais se afastaria.Desde pequeno participou de festas, tocando cavaquinho que aprendera com o pai nos desfiles do dia de Reis, em que suas irmãs saiam em grupos de pastorinhas.Cartola passou por diversas esco-las e conseguiu apenas terminar o curso primário, mas aos 15 anos depois da morte de sua mãe, dei-xou a escola e a família para iniciar sua vida de Boêmio. Trabalhou em várias tipografias, empregou-se como pedreiro, assim vindo o seu apelido de Cartola, pois usava sempre um chapéu, para impedir que o cimento sujasse sua cabeça.Em 1925, com seu amigo Car-los Cachaça, que seria o seu mais constante parceiro em suas com-posições, foi um dos fundadores do bloco dos Arrengueiros. Da ampliação e fusão deste bloco, com outros existentes do morro, surgiu em 1928, a escola segunda de samba carioca: Estação Pri-meira de Mangueira, fundada em 28 de abril de 1928, que teve seu nome e as cores verde e rosa, esco-lhida por ele. Para o primeiro des-file foi escolhido o samba Chega de Demanda, o primeiro que fez, composto em 1928 e só gravado pelo compositor em 1974, no Lp: Histórias das Escolas de Samba. No inicio da década de 40, com Paulo da Portela e Heitor dos Pra-zeres, formou o Conjunto Carioca, que durante um mês se apresen-tou em São Paulo num programa da rádio Cosmo. Nessa época o sambista desaparece do ambiente musical. Muitos pensaram até que tinha morrido (chegou-se a com-por samba em sua homenagem).Em 1948, a Mangueira sagrou-se campeã com seu samba-enrredo Vale do São Francisco. Assim só foi redescoberto em 1956, quando

o cronista Sérgio Porto, o encon-trou lavando carros em uma gara-gem de Ipanema e trabalhando à noite como vigia de edifícios. Ségio o levou à cantar na rádio Mayrink Veigae, logo depois, Jota Efegê ar-ranjou-lhe um emprego no jornal Diário Carioca. A partir de 1961, já vivendo com Dona Zica, com quem se casou mais tarde, sua casa tornou-se pon-to de encontro de sambistas.Já em 1964, junto com sua esposa, resolveu abrir um restaurante, o Zi-cartola , na Rua da Carioca e ofere-cia além de boa cozinha administra-da por Zica, a presença constante de alguns dos maiores sambistas do morro. Freqüentado também por jovens compositores da gera-ção pós-bossa-nova, o Zicartola tornou-se a moda da época.Dona Zica foi fundamental na car-reira de cartola. Na época em que moravam juntos, Cartola compôs: As Rosas Não Falam, Nós Dois e o Sol Nasserá (perceria com Elton Medeiros).No dia 30 de novembro de 1980, o Brasil perdeu um dos seus sam-bistas mais ilustres. Todavia, sua trajetória ficaria eternizada em nossos corações, como ele mesmo afirmava: “Faço samba, música para você guardar dentro de si eternamente, no seu coração, e não apenas na sua coleção de discos.”

Fredson Rocha Graduado em Composição e Regência pela

UFBA e diretor musical

grande cartolaO Ministério da Cultura foi criado em 1985, pelo Decreto 91.144 de 15 de março daquele ano. Reconhecia-se, assim, a autonomia e a importância desta área fundamental, até então tratada em conjunto com a educação. A cultura, ademais de elemento fundamental e insubstituível na construção da própria identidade nacional, é cada vez mais um setor de grande destaque na economia do País, como fonte de geração crescente de empregos e renda. Em 1990, por meio da Lei 8.028 de 12 de abril, o Ministério da Cultura foi transformado em Secretaria da Cultura, diretamente vinculada à Presidência da República, situação que foi revertida pouco mais de dois anos depois, pela Lei 8.490, de 19 de novembro de 1992. Em 1999, ocorreram transformações no MINC, com ampliação de seus recursos e reorganização de sua estrutura, promovida pela Medida Provisória 813, de 1º de janeiro de 1995, transformada na Lei 9.649, de 27 de maio de 1998. Em 2003, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aprovou a reestruturação do MINC, por meio do Decreto 4.805, de 12 de agosto. Constituição da República Federativa do Brasil Título VIII Da Ordem Social Capítulo III Da Educação, da Cultura e do DesportoSeção II Da Cultura Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. § 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. § 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. § 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. § 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais. § 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei. § 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos. § 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada à aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº. 42, de 19.12.2003) I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº. 42, de 19.12.2003) II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº. 42, de 19.12.2003) III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº. 42, de 19.12.2003) A greve (justa acredito) não poderia e nem deveria estar prejudicando o grande número de projetos, já marginalizados por não contarem com a força de “lobistas”, que pasmem, é algo comum! O que não é comum, nem lógico, nem justo, nem legal, do ponto de vista da Constituição, é condenar e executar, como se culpados fossemos, organizações que buscam a “duras penas” a aprovação de projetos nas chamadas leis de incentivos. Pois, essa aprovação é apenas o início de uma verdadeira via crucís na busca de uma empresa patrocinadora, que na grande maioria são comandadas e/ou influenciadas, por estes tais e poderosos lobistas! Não é justo, é imoral, ilegal e desumano, repito. Os nossos Ministro e Presidente precisam atentar para que a constituição seja cumprida, ao menos os pareceres técnicos precisam ser emitidos, para que os projetos possam ter os seus cursos normalizados. Com a palavra, o Brasil, O Minc e suas Autarquias como a FUNARTE.

Wilson Bizerra - [email protected]

greve do minc prejUdica projetos em todo Brasil

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o d e i o d o i s d e j U l h o Ìndios, Negros, Caboclos, SertanejosPovos andejos de exímia ternuraFlexas bordunam lanças espocamem danças cantigas ajeum pajelança

A força nativa ecoa sua fibraTrama de mãos em asas de lutaEntrega ao suor de veias em ristePunho de pátria coração rebelado

Índios, Negros, Caboclos, Sertanejosfundiram suas vidas em lâmina indomadaSobre o véu de aço da rapina sagradaOstentada pelas elites em fúria

Giram inquices orixás vodus ante o abutreque ambiciona além de saque e massacreSua meta mais alta é o ouro negreiroApós o ferro submeter o pensamento e a fala

Quer extirpar do coração das minasO pulsar original de povos lançados às valasNão para nutrir de luz e de audácia o faustoempestado da civilização casagrandesenzala Mas para estripar sonhos com ferramentas de ódioPara estuprar florestas com o fio do negócioTingir de medo o trabalho de partoFerir o tempo com manhãs automáticas

Odeio Dois de Julho que escondeo rombo no sangue dos “encourados”Os nós no grito dos “periquitos”O soldo calado dos soldados de ébano

O saldo cansado dos “mata-marotos”O esforço acuado do povo em alçaro futuro à parede do agoraCompasso de sombras em agonia Padecem no lento suicídio das filasNo orçamento de restos da famíliaO Exército Libertador segue seu ritoFerido faminto falido sem terra sem teto

Há séculos carrega as doenças das trevasTroféu sambudo que a corneta de Lopesesculpiu em tons de estultíciao garbo dos pelotões em Pirajá

Odeio Dois de Julho que as elitespatrocinam armas e holofotesMas é o povo que se empresta à coragemE quando surge na planície vencedoré condenado à penúria sumáriaao ofício espúrio das esmolasà humilhação das esporasà escravidão maquiada de salário

Agora com algemas eletrônicasDireito à educação penitenciáriaBônus policial com doutoradoem extermínio e mestrado em torturaOdeio Dois de Julho ao percebero povo vencedor pária de páriaIndigente multidão em mendicânciaObra-prima reduzida à mão-de-obra É assim que as elites reprimem e gozamo poder de indignação violentadodos que se doam a cada instanteao processo inexorável de revolução

Traído e aviltado o povo padecepresa fácil do engodo e feito gadoé empurrado dos currais aos matadouros

Anestesiado pelo idioma do mercadoQuem não possui mealheiro de marcaCofre de agiota nobreVocação pra ganância de jurosÉ um pobre nada no reino do avaro

O Exército Libertador atravessa a memóriarumo à Lapinha e ao Pelourinhoonde deposita suas chagas e as gotassublevadas que sobreviveram

Enquanto grita aos céus blindadosonde as elites assistem em suas frisaso clamor pelas promessas não cumpridasaos que lutaram e venceram ainda hoje

Resistem na miséria e no degredoEm bandos retalhados e resolvidospara além dos porões e das vergastas

Das chacinas de quilombos e de tabasPara além da impiedosa escola de tráficoDa odiosa cartilha de crimes

Odeio Dois de Julho sem alforriaSem partilha de trabalho e de riqueza

Odeio Dois de Julho com olhos e gestosno tronco das mentiras eleitaspelas elites num conluio de sátrapasem meio a propinas e negociatasOdeio Dois de Julho onde as eliteshipócritas fingem que há vidano lodaçal de chantagens e trapaçasde grandes operações de lesa-pátriaNão há Dois de Julho algumA não ser o dos rebelados à margemDos excluídos que se incluem gente

Índios Negros Caboclos SertanejosEnquanto as podres elites festejam

Em mais um cortejo de súciasa continuidade impostade latrocínio de assassínio de genocídioDe perpetuação do Dois de Julhoque contempla só um lado: o queacovardou-se em acumular só para sias riquezas que pertencem a todos

Os heróis do povo ainda sangraminutilmente sob os viadutos e marquisesde abandono contaminados de balas e drogas que devoram os filhos do monturopara manter o injusto privilégiodas elites abastadas e abastardadasabastecidas de ócio e ignomíniaacostumadas ao suborno e à desídia

Odeio Dois de Julho que permiteo desfile de abjetos insaciáveisIntolerantes objetos do egoísmocontra o mínimo de conforto para todos

Odeio Dois de Julho com elites E sua vingança implacável contra o povoOs anônimos heróis de sucessivos combatesÍndios Negros Caboclos Sertanejos

Odeio Dois de Julho em que elitessó comparecem ávidas por moedasLoucas por malotes e calúniasSempre cínicas com suas vítimasSempre impunes quanto insensíveisSempre cruéis quanto corruptasSempre ínfimas quanto arrogantesSempre íntimas de torquemadasSempre torpes em suas infâmias

A troco de qualquer quantiaSempre enlameadas de víciosViciadas em impérios e evangelhosPossuídas da demência de mídiaPuro demônio manipulador de mentesCriador e criatura do terror cego das elitesesgotadas de alma e de humanidade Geraldo Maia - [email protected]

grandes parceiros da fUndação cUltUral ca&Ba

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Será realizado o I FORUM DE MESTRES E MESTRAS DA TRA-DIÇÃO POPULAR DE CAMA-ÇARI. O encontro com os mestres e mestras da tradição popular do município tem como o propósito de reunir, num só lugar, os ícones da cultura popular camaçariense. Durante todo o dia os mestres e mestras de Camaçari irão se encon-trar para compartilhar experiências e coletar propostas concretas de ações voltadas à revitalização da cultural local. O I FORUM DE MESTRES E MESTRAS DA TRADIÇÃO PO-PULAR DE CAMAÇARI será rea-lizado no dia 08 de julho na Cidade do SaberInformações sobre o evento pode-rão ser adquiridas pelo telefone (71) 3621-4437 (Maestro Enoque) ou através do e-mail: [email protected]

“o mentiroso” nacidade do saBer

idosos camaçarienses ganham moderno centro de convivência

A nova sede do Espaço Conviver é mais um “diferencial” entre a vontade da atual administração de governar e fazer pela cidade e o descaso a que os idosos de Camaçari foram relegados no passado. O desabafo foi do prefeito Luiz Caetano, durante inauguração do novo centro, que atende 402 cadastrados. Feliz e visivelmente emocionado, ele disse que tirar os idosos da vizinhança do cemitério era um dos compromissos de campanha, que agora cumpre com alegria e satisfação.Diferente do antigo centro, a nova sede do Conviver possui mais espaço e terá condições de ampliar o atendimento, com um número maior de atividades sócio-educativas e de prevenção à saúde. Nos próximos dias, serão retomadas as aulas de alfabetização e os ensaios do coral.Localizada na avenida Francisco Drumond, no centro, a nova sede “melhorou 100%”, disse Cláudio Macedo Carvalho, 79 anos, que freqüenta o espaço com a esposa Zenália Oliveira, 67 anos. O casal aprovou a mudança. “Primeiro porque ficou longe do cemitério”. Ainda segundo o aposentado, a unidade inaugurada oferece mais opção de transporte para os freqüentadores.

MAIS ESPAÇOCom 10 salas, um grande salão para eventos, atelier, sala de exposição, um mini-palco para shows e apresentações, além de área verde, a nova sede do Conviver vai “ficar ainda melhor, com

as aulas de informática”, prometeu o prefeito. Segundo o sociólogo e um dos coordenadores dos projetos do Conviver, Edson Carvalho, as instalações permitirão também a ampliação das aulas de ginástica e melhoria do trabalho de prevenção da saúde do idoso. Para o titular da Secretaria de Ação Social (Seas), Carlos Silveira, a nova sede é mais uma prova de respeito ao idoso. “Agora os nosso velhinhos estão em um bom local, com espaço e perto do movimento do centro da cidade”, disse o prefeito. Ao lado do atual secretário, Caetano fez questão de agradecer a colaboração e a dedicação da ex-secretária da Seas, Miriam Bittencourt, hoje em uma nova função, mas com a mesma dedicação e competência. Com amplas salas e mais conforto, a nova unidade do Conviver “mudou da água para o vinho”, disse Dermeval Rodrigues, 75 anos, um dos mais ativos do grupo. Antes, recorda, o Conviver tinha apenas um salão, uma sala de artesanato, cozinha, administração, banheiros e varanda. A nova estrutura vai possibilitar também a ampliação do apoio a outras instituições de Camaçari. Os idosos do abrigo São Francisco, situado no bairro da Lama Preta, Centro Social Urbano do Gravatá, Centro de Desenvolvimento Social e Comunidade de Arembepe e Associação Beneficente de Vila de Abrantes também desfrutarão da nova unidade do Espaço Conviver.

O espetáculo O Mentiro-so é o resultado do XXII Curso Livre de Teatro da UFBA, o qual teve dura-ção de um ano (abril de 2006 a abril de 2007) sob a coordenação geral do diretor teatral Paulo Cunha. Os atores tiveram a oportunidade de experimentar diversas técnicas: voz com Iami Rebou-ças, criação de personagem com Pedro Henriques, Cubo de Laban com Marta Saback, Clown com Maria de Souza e, no processo final do curso, a Comédia dell´Arte com Marcus Villa Góis. O es-petáculo foi montado com dois elencos o que facilita as apresentações, as pos-sibilidades dos atores e provoca o de-senvolvimento mútuo, pois os atores se espelham, inspiram-se e ultrapassam-se. Nesta montagem o diretor busca seme-lhanças entre tipos da comédia Dell´Arte italiana e personagens brasileiros. Dias 14 e 15 sábado e domingo de Julho as 20:00h, na Cidade do Saber.

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Dados do EspetáculoObra: Furô Tem Que Casar Texto: Marcos ChristianoCenografia - Lucas Ronan / Refson EscarpinDireção Geral – Wilson Bizerra

ElencoJuarez AlvesSidlane LacerdaCleber ConceiçãoSeilma SantosAnelisa OliveiraMari AraújoAlex MirandaMônica HomemNatasha KissIsa SantosAudrin Cavian

SinópseUma típica história oriunda dos causos contados da época do coronelismo, onde se casava pelo dote ou por ter desrespeitado os laços familiares. O texto conta o causo do garanhão “Zé da Binga” acostumado a desonrar moças sem nunca ter sido obrigado a pagar pelo seu comportamento. Inté que surge a sua hora. Rita de Cácia do Triângulo Velho (Ritinha toda pura), filha do Coronel Zé de Amâncio viu-se diante de um dilema. “Zé da Binga” se recusou a ter com ela o que tinha com as outras. Ela então se vinga e conta pro Coronel que o garanhão a desonrou!!!O resto é só alegria, com os convidados e as autoridades presentes na festa de casamento de “Ritinha Toda Pura” com “Zé da Binga”!

Dados do EspetáculoObra: Judite Fiapo Na Serra Pelada Autoria: Lourdes RamalhoAdaptação: Wilson BizerraAdereços: Natasha KissCenografia: Lucas Ronan / Refson EscarpinAuxiliares de Direção: Antonio Bispo / Biuna Bizerra/ Cleber ConceiçãoCanticos: Wilson Bizerra/Isa SantosDireção Geral: Wilson Bizerra

ElencoBiuna BizerraSidlane LacerdaCleber ConceiçãoSeilma SantosAnelisa OliveiraMari AraújoAlex OliveiraIsa SantosMônica HomemMichael OliveiraJuarez AlvesAntonio BispoNatasha Kiss

Sinópse Judite Fiapo na Serra Pelada é uma obra tipicamente nordestina em rimas de cordel. Totalmente remodelada dos seus originais, porém preservando a essência da história. Montado em 1995, pelo Grupo de Teatro CA&BA, a peça foi encenada em diversos festivais pela Bahia. A versão atual conta com um elenco de veteranos e jovens atores do Núcleo de Artes Cênicas da entidade, tornando o espetáculo numa obra de entretenimento e de arte popular de rua. Os cânticos e as rimas construídas e encaixadas no texto, criam uma atmosfera toda especial, levando o espectador para uma época de sonhos e de realidades conflitantes..Então, abre alas, que nós queremos passar!

Dados do EspetáculoObra - Kairó’s Corpo Alma EspíritoTexto - Wilson BizerraSonoplastia - Antonio ErachelCenografia - Lucas Ronan / Refson EscarpinAuxiliares De Direção - Antonio Bispo / Biuna Bizerra/ Cleber ConceiçãoIluminação e Efeitos - Cleber Conceição / Wilson BizerraDireção Inicial – Ed BorgesDireção Geral – Wilson Bizerra

ElencoBiuna BizerraSidlane LacerdaCleber ConceiçãoSeilma SantosAnelisa OliveiraMari AraújoAlex OliveiraNadja MeirelesMônica HomemStand ByAntonio BispoTony Erachel

SinópseKAIRÓ’S – Corpo Alma Espírito, o primeiro musical de Camaçari, foi escrito logo após o atentado que mudou a historia da humanidade, o 11 de setembro. A obra teatral retrata as religiões e a religiosidade dos povos, através das pregações e alienações em nome da fé. Polêmico, como não poderia deixar de ser, o poder crítico da obra é adocicado pelas interpretações de belas canções da nossa MPB. Montado, utilizando-se do elenco resultante da tradicional oficina anual, promovida pela Fundação Ca&Ba, o espetáculo recebeu toques técnicos de vários diretores da Bahia.

Kairó’s corpo alma espÍrto

jUdite fiapo na serra pelada

fUrÔ tem qUe casar

Dados do EspetáculoCaos - Espetáculo de Dança ContemporâneaBaseado na obra “PENSE” de Wilson BizerraCoreografia - Antonio ErachelCenografia - Lucas Ronan / Cleber Conceição / Biuna BizerraIluminação e Efeitos - Antonio Erachel / Wilson BizerraSeleção Sonora – Wilson BizerraDireção Geral – Antonio Erachel

ElencoBiuna BizerraCleber ConceiçãoCleber ConceiçãoAudrin CavianLucas Ronan

SinópseO conflito do homem em frente ao espelho! O olho do homem no olho da vida em frente ao espelho. A alma aflora de forma ímpar, onde o todo se encontra diante da porta. No fundo, a obra retrata os conflitos do homem com o meio ambiente que já era preocupação do autor na época que a escreveu. PENSE, chama a atenção do homem para o seu umbigo e mostra que ele é nada, diante da grandeza dos fatos desprendidos por entre seus dedos e embaçados olhos dos que fingem não ver! Mais que sentem. Sentem quando o óbvio se torna inconteste e é possível apalpar o desespero do fim!

O HOMEM EM FRENTE AO ESPELHO.VISLUMBRE E PENSE!!!

caos (espetÁcUlo de dança)

o qUe o ca&Ba vai levar para minas gerais?

Page 16: Oxente Jornal - Edição 03 - 2007

Camaçari, Julho de 2007 - www.oxente.art.br Página 1�

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