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Capítulo 23 Capítulo 23 Capítulo 23 Capítulo 23 Capítulo 23 Ocupação do bioma Cerrado e conservação da sua diversidade vegetal Ocupação do bioma Cerrado e conservação da sua diversidade vegetal Capítulo 23 Capítulo 23 Capítulo 23 Capítulo 23 Capítulo 23 FOTO: GUARINO COLLI FOTO: GUARINO COLLI José Felipe Ribeiro Embrapa Cerrados Planaltina, DF Samuel Bridgewater James Alexander Ratter Royal Botanic Gardens Edimburgo Escócia José Carlos Sousa-Silva Embrapa Cerrados Planaltina, DF José Felipe Ribeiro Embrapa Cerrados Planaltina, DF Samuel Bridgewater James Alexander Ratter Royal Botanic Gardens Edimburgo Escócia José Carlos Sousa-Silva Embrapa Cerrados Planaltina, DF

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Capítulo 23Capítulo 23Capítulo 23Capítulo 23Capítulo 23

Ocupação dobioma Cerrado econservação dasua diversidade

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Ocupação e conservação

INTRODUÇÃO

A conservação da biodiversidade dobioma Cerrado precisa ser inversamenteproporcional a sua ocupação? Desen-volvimento implica apenas em ocuparnovas e grandes áreas com agriculturamecanizada e grandes cidades?Qualidade de vida pode ser medidaapenas com incremento de renda?Apesar de fisionomicamente homo-gênea, a paisagem savânica do Cerradoapresenta a mesma diversidade florísticaem todo o bioma? Qual é a riqueza deespécies e o papel das matas ribeirinhasna manutenção dos ambientes vizinhos?Este texto aborda algumas das respostasa estas perguntas, apresentandoresultados existentes sobre a intensaheterogeneidade local e regional da floradas matas ribeirinhas e do Cerradosentido amplo, mostra, também, astendências do ritmo da ocupaçãohumana na região e sugere alternativaspara o ordenamento dessa ocupação porintermédio da definição de novaspolíticas públicas. Os objetivosespecíficos deste trabalho são: a

apresentação de um rápido histórico daocupação do Cerrado, a partir dasegunda metade do século 20, acaracterização dos aspectos da riquezade espécies em fitofisionomias dessebioma e, finalmente, a discussão dopapel da agricultura de grãos, soja emespecial, e da pecuária como elementosde alterações na diversidade natural, nouso do solo e nos meios de vida daspopulações humanas. Assumindo acontinuação do ritmo dessa ocupação,essas informações são úteis noredirecionamento de políticas públicaspara o Cerrado.

HISTÓRICO

Preocupados com a exploração deouro e pedras preciosas, no início doséculo 18, os pioneiros da ocupação doCerrado criaram as condições iniciaispara o estabelecimento de diversascidades no Centro-Oeste. Com a depleçãodesses recursos, a atenção foi transferidapara a pecuária extensiva, que ocupou aatenção desta região, até praticamente o

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final da década de 1950. Com aconstrução de Brasília, o desenvol-vimento de infra-estruturas viárias(ferrovias e rodovias) e as políticasagrícolas desenvolvimentistas baseadasnos princípios da revolução verde, comoo Programa de Desenvolvimento doCerrado (POLOCENTRO) e o ProgramaCooperativo Nipo-Brasileiro para oDesenvolvimento do Cerrado (PRODE-CER), houve condições para a expansãode uma agricultura extremamentecomercial (Alho & Martins 1995). Dentreos principais cultivos havia milho, arroz,feijão e mais recentemente café,mandioca e, principalmente, a soja.

O domínio do bioma Cerrado ocupa204 milhões de hectares dos quais pelomenos 127 milhões (62% do total)acontecem em solos com boasperspectivas de mecanização agrícola.Sano et al. (2001), utilizando um sistemageográfico de informação, estimaram quea área ocupada do bioma Cerrado em1996 era de cerca de 120 milhões dehectares (59%), com aproximadamente48 milhões (23%) com pastagemcultivada, 27 milhões (13%) compastagem nativa, 10 milhões comculturas anuais (5%), 38 milhões (18%)com outros usos (ex.: culturas perenes,florestais e urbanização), restandoaproximadamente 85 milhões dehectares (41%) como áreas relativamenteintocadas (Figura 1). Entretanto,previsões baseadas em imagens de

satélite mostram 67,1% como áreaocupada para o Cerrado (MMA-SBF. 2002).

A população total do Centro-Oeste,em 1950, era de 1.736.965 habitantes.Ao final da década, em 1960, apopulação da região era de 2.942.992habitantes. A partir dessa data ocrescimento demográfico vinculou-se,principalmente, à capacidade de atraçãomigratória da fronteira agrícola regional.No ano 2000, o contingentepopulacional, praticamente, atingiu os 28milhões de pessoas (49,8% são do sexomasculino e 50,2% feminino) dos quais21,64% estão na área rural e 78,36% naurbana. Algumas áreas apresentam até37% de população rural, como é o casodo Vão do Paranã, no nordeste de Goiás.

A desaceleração do crescimentodemográfico, com exceção do norte doMato Grosso, pode estar acontecendopelo relativo esgotamento da capacidadede atração migratória da fronteiraagrícola. Este fato corrobora a idéia quea ocupação do solo no Cerrado, foiprincipalmente provocada pelo fluxomigratório da década de 1950 até 1990 epossui relação direta com as atividadesagropecuárias nele desenvolvidas(Ribeiro & Barros 2002).

RIQUEZA DE ESPÉCIES

A idade geológica da formação dobioma e as mudanças dinâmicas do

Figura 1Estimativa deocupação doCerrado em 1996(Sano et al., 2001).

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quaternário, assim como fatoresespaciais locais e regionais da atualidade,levaram à enorme biodiversidade dobioma Cerrado (Ratter & Ribeiro 1996).Dias (1992) estimou valores superioresa 160.000 para a riqueza de espécies dabiota do bioma Cerrado onde insetos,fungos e angiospermas são responsáveispor 87% dessa diversidade. Dessaestimativa, as angiospermas somariamcerca de 10.000 espécies.

Valores publicados, entretanto,mostram o imenso desconhecido queainda resta, para quantificar adequa-damente estas espécies. Os númerosdisponíveis apresentam cerca de 6.500espécies para plantas vasculares(Mendonça et al., 1998). Já a fauna doCerrado apresenta baixo grau deendemismo (Vanzolini, 1963; Sick, 1965;Redford & Fonseca, 1986; Marinho-Filho& Reis, 1989) apud Marinho-Filho &Guimarães (2001), compreendendo 212para mamíferos (Marinho Filho &Guimarães, 2001), 180 para répteis(Brandão & Araujo 2001), 837 para aves(Silva 1995, Bagno & Marinho-Filho,2001). É importante ressaltar que oCerrado é responsável por mais de 50%das espécies de aves encontradas noBrasil, sendo que 90,7% se reproduzemnesse bioma (Silva 1995) e apenas 32são endêmicas do Cerrado (Silva, 1997;MMA – SBF. 2002).

Enquanto o número de espéciesendêmicas da fauna é relativamentepequeno, o mesmo não acontece paraflora. Myers et al. (2000) estimaram que44% da flora do bioma é endêmica. Onúmero de plantas vasculares apontadopor Mendonça et al., (1998) no biomaCerrado chega a 6.429, onde 33% delas,apesar de também ocorrerem em outrosbiomas, no Cerrado são encontradasapenas nos ambientes ribeirinhos. Abiodiversidade do bioma foi mais bem

estudada no Cerrado sentido amplo(Cerrado Denso, Típico, Ralo e CampoSujo) e nas Matas de Galeria.

As Matas de Galeria e Matas Ciliares,com mais de 30% das espécies deplantas vasculares do bioma (Felfili etal., 2001), têm extrema importância nariqueza total do bioma, pois muitos sãoos elementos itinerantes da fauna dasoutras fitofisionomias do bioma Cerradoque dependem dessa flora paraalimentação, reprodução e nidificação.Com relação aos mamíferos, essas matasabrigam 80% das espécies comuns noCerrado, 50% dos endemismos e 24%das espécies ameaçadas de extinção daregião (Marinho Filho & Guimarães,2001), para lagartos, das 47 espéciesencontradas 25,5% são endêmicas(Brandão & Araújo 2001) e para osanfíbios das 113 espécies, 28,3% tambémsão endêmicas (Brandão & Araújo 2001).Outro fator importante: essas matas sãodiretamente responsáveis pelaquantidade e qualidade da água quecorre nos cursos d’água do Brasil Central.Ademais, o Cerrado é considerado “oberço da águas”, pois abriga nascentesde importantes bacias hidrográficas daAmérica do Sul. Em termos de área oCerrado abrange 78% da bacia doAraguaia-Tocantins, 47% do SãoFrancisco e 48% do Paraná/Paraguai(Lima & Silva 2002). Estes mesmosautores realçam ainda que, em termosde contribuição para a quantidade deágua das bacias, os números são aindamais relevantes, pois o Cerrado éresponsável por 71% na bacia doAraguaia/Tocantins, 94% no SãoFrancisco e 71% no Paraná/Paraguai.Assim sendo, qualquer ocupação noCerrado vai refletir em outros locais.

O estabelecimento e a distribuiçãoespacial das espécies nas florestasribeirinhas, em termos locais, parecem

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ser mais relacionados às condiçõeshídricas que com a fertilidade natural(Walter & Ribeiro 1997). A distribuiçãoespacial localizada das espécies nasmatas (zonação) pode depender daresposta das sementes e plântulas aoencharcamento do solo, como discutidoem Ferreira & Ribeiro (2001).Correlacionar topografia, material deorigem, características do solo e alturado lençol freático com a distribuição localdas espécies têm sido objeto de estudosde variações da vegetação entre Matasde Galeria e dentro delas. Schiavini(1992) e Walter (1995) sugeriram estaestratificação do ambiente sob Matas deGaleria. Walter (1995) descreve que oambiente é não-inundável se o lençolfreático é baixo ou é inundável se olençol é mais alto, independentementese este acontece na borda externa, nomeio da mata ou próxima ao córrego.Felfili et al. (2001) incluem na flora dasmatas ribeirinhas 2.031 espécies, em 686gêneros e 134 famílias, distribuídas em424 espécies herbáceas, 69 epífitas, 156subarbustos, 237 trepadeiras, 403arbustos e 854 árvores. Esses autoresressaltam que, enquanto para asformações florestais Mata de Galeria/Mata Ciliar a proporção do estratoarbustivo-herbáceo para o arbóreo é de1:1,1 na formação savânica Cerradosentido amplo, a proporção é de 4:1.

A forma natural de ocupação doespaço pelas espécies e sua associaçãocom as características ecológicasencontradas nos ambientes florestaispodem ajudar a definir grupos deespécies características. Schiavini et al.(2001) descreveram para umatoposequência específica para a regiãode Uberlândia, como exclusivas dasMatas de Galeria, (Calophyllumbrasiliense, Talauma ovata, Protiumheptaphyllum e Inga vera ssp. affinis)

como freqüentes, porém não exclusivas(Copaifera langsdorffii, Faramea cyanea,Tapirira guianensis e Dendropanaxcuneatum), e como eventuais (Acaciaglomerosa, Anadenanthera colubrina var.cebil, Roupala brasiliensis, Alibertiasessilis e Coussarea hydrangeifolia).Entretanto, como enfatizaram essesautores, esta distribuição não pode nemdeve ser generalizada para todas asMatas do Bioma. Concordamos com esseponto já que a espécie Protiumheptaphyllum também pode serencontrada nos Cerradões e Matas Secasem áreas do Brasil Central.

Adicionalmente, Walter (1995)mostrou que diferenças florísticas entreporções da mesma mata podem sermaiores que diferenças entre matasdiferentes. A análise de Silva et al. (2001)em 21 levantamentos realizados emmatas diferentes no Distrito Federalmostrou que a similaridade florística deSørensen em alguns casos foi tão baixacomo 0,3, enquanto a similaridademédia de 0.4 indicou a baixa semelhançaflorística entre os levantamentos. Esseautor listou apenas para o DistritoFederal 378 espécies, 44.1% do total de854 sugerido por Felfili et al. (2001) paraas matas do bioma.

A progressiva exploração desor-denada e predatória desse ambiente e aausência ou mesmo ineficácia depolíticas públicas ambientais para suagestão na região do Cerrado podemconduzir à insustentabilidade ecológicae social. Como a legislação ambientalprotege esses ambientes, sua preservaçãoresultaria em redução dos espaçosprodutivos, implicando em impactodireto nos rendimentos de produtoresfamiliares de comunidades que vivemnas regiões ribeirinhas. Por outro lado,vale lembrar que a depredação dasmesmas levará à redução da oferta

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hídrica essencial para a sustentabilidadeda produção agrícola, e que os resultadosencontrados mostram que a conservaçãodestas matas ribeirinhas vai manterimportantes corredores ecológicos parao deslocamento da fauna e da flora,possibilitando serviços ambientaisessenciais para a própria ocupaçãosustentável do bioma.

Quanto à vegetação savânica, dadosdisponíveis sobre a flora lenhosa doCerrado, sentido amplo, indicam que, naárea nuclear contínua, o número deespécies em uma área (diversidade alfa)pode variar de 20 a 193 espécies lenhosasarbóreas, enquanto áreas disjuntas dobioma, concentradas nas savanasamazônicas, podem apresentar valoresbem menores (Ratter et al., 2002, 2003).É claro que parte dessa variação na áreanuclear pode ser oriunda da forma deamostragem, mas existem evidências deque a grande maioria dessa variação sejareal e deva ser estudada com maioresdetalhes, como é o caso de áreasencontradas em solos mesotróficos. Estessolos apresentam níveis de cálcio emagnésio, na camada superior, maioresque a média e estão associados com apresença de menor número de espécies.Espécies características desses ambientessão Terminalia argentea, Callisthenefasciculata, Magonia pubescens,Astronium fraxinifolium entre outras(Ratter et al., 1977; Furley & Ratter 1988).

As análises biogeográficas realizadaspor Castro (1994), Castro e Martins(1999), Ratter & Dargie (1992) e Ratteret al. (1996) e Ratter et al. (2003)permitiram a identificação de padrões dedistribuição da flora do bioma. Porexemplo, Ratter et al. (1996)reconheceram os grupos Sul (São Paulo

e sul de Minas Gerais), Este-sudeste(principalmente Minas Gerais), Central(Distrito Federal, Goiás e porções deMinas Gerais), Centro-oeste (maior partede Mato Grosso, Goiás e Mato Grossodo Sul), e Norte (principalmenteMaranhão, Tocantins e Pará), assimcomo um grupo de vegetação savânicadisjunta na Amazônia. Neste estudo osautores mostraram não apenas quediversidade tende a ser menor nos sítioscom solos relativamente mais férteis,onde existe a dominância de espéciesindicadoras como Callisthene fasciculata,Magonia pubescens, Terminalia argenteae Luehea paniculata, mas também aexistência de intensa heterogeneidadeentre os sítios amostrados (diversidadesbeta e gama).

A análise da vegetação lenhosa dafisionomia Cerrado sentido amplocompreende hoje levantamentos em 376sítios (Ratter et al., 2003) com um totalde 953 espécies de árvores e grandesarbustos, onde apenas 38 estiverampresentes em 50% ou mais deles (Tabela1). Este estudo evidencia ainda que 309espécies (35,3%) ocorreram em apenasum local, enquanto somente 300 espéciesocorreram em mais de oito locais(≥ 2,5%). O padrão de diversidade dasespécies lenhosas é principalmenteconstituído desse um grupo restrito de300 espécies (cerca de 1/3 do total)relativamente comuns e 2/3 de espéciesbastante raras, muitas das quaispoderiam ser incluídas como acessórias(Ratter et al., 2003). Este padrão deoligarquia de um grupo de espéciescomuns e muitas outras espécies raras,também foi reportado para as Matas deGaleria (Silva Júnior et al., 2001) e paramatas amazônicas de terra firme noEquador e Peru (Pitman et al., 2001).

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Alguns pesquisadores (e.g. Rizzini,1963, 1979) postularam que na áreacentral do bioma Cerrado haveria maisespécies que na periferia, e consideraramque a riqueza seria principalmentecomposta por espécies acessóriasoriundas dos biomas vizinhos.Entretanto, Ratter et al., (2003) relataramdois pontos relevantes:

1 - Apesar de muitas localidades daregião central serem de fato ricasem espécies, localidades naperiferia da área nuclear doCerrado, nas proximidades dosRios Araguaia, Tocantins e Xingu,ou ainda, no estado de São Paulo,mostraram riqueza tão grande ouaté superior que a porção central.

2 - A riqueza da flora periférica écomposta de espécies tipicamentesavânicas, ou seja, não é formadapor espécies oriundas de biomas

vizinhos. Isto demonstra nãoapenas a significante heteroge-neidade da flora, mas asparticularidades de cada local.

Alguns estudos demonstraram aimportância do Cerrado como um doscentros de biodiversidade maisimportantes do planeta (Myers et al.,2000). Sem dúvida, a heterogeneidadedo ambiente, já demonstrada em termosde precipitação pluviométrica (Assad &Evangelista, 1994), solo (Reatto et al.1998), água (Lima & Silva 2002) evegetação (Ratter et al. 1996; 2002;2003), é fundamental na manutençãodessa biodiversidade.

Uso agrícola: produção atual eperspectivas futuras

A produção agrícola no Centro-Oeste, até a década de 1950, era poucoexpressiva, a indústria não existia e

Tabela 1. Espécies lenhosas presentes em mais de 50% dos 376levantamentos comparados [Os valores em parênteses são dasporcentagens encontradas respectivamente em levantamentosanteriores Ratter and Dargie (1992) e Ratter et al. (1996)].

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apenas a pecuária bovina apresentavarelevância na região. Este panorama, noentanto, sofreu alterações provenientesda abertura da fronteira agrícola nacionale do conseqüente fluxo migratório emdireção ao oeste brasileiro. Na décadade 1960, a quantidade de soja produzidano Brasil era de apenas 400 miltoneladas/ano. Em 1997 a produçãonacional superou 25 milhões detoneladas e segundo estimativas daCompanhia Nacional de Abastecimento(CONAB) para a safra 2001/02, estemontante pode chegar a 41 milhões detoneladas. Dos 27 estados brasileiros, 15estão produzindo soja. A Região Sul eraa maior produtora do país até meadosda década de 1990. Na safra 2000/01, oSul respondeu com 42,26% da safranacional, enquanto o Centro-Oeste jáproduziu 44,35%. Estimativas para asafra de 2001/02 apontam que aprodução no Centro-Oeste tende a crescerchegando a 19 milhões de toneladas, oque significaria 46,9% de toda aprodução de soja do país. A participaçãoda Região Nordeste cresceu bastanteentre 1997 e 2001, quando apresentoupercentuais de 3% e 6,87%, respec-tivamente, com ênfase para o estado daBahia que responde por cerca de 70%da produção local. Mas qual é essa áreade soja plantada e qual é o impactoambiental?

A área plantada, em 2001, foi de pelomenos de 6.970 milhões de hectares,assumindo que a produção da soja hojepara o Cerrado seja de cerca de 20milhões de toneladas e a produtividademédia de 2.926 kg/ha (www.cnpsoja.embrapa.br./radarsoja/conab0203).Assim, dos 10 milhões de hectaresplantados com grãos (Sano et al., 2001),quase 65% da área total de grãos estevedestinada a esta espécie. A partir dessesnúmeros, verifica-se que em 1986 a sojaera responsável pela ocupação direta demais de 3% da área bioma Cerrado.Além disso, observa-se que a áreaplantada na região tem crescidointensamente. Com isso, o Cerradorespondia por 41,83% de toda aprodução de soja brasileira. Se por umlado a maior ocupação acontece compastagem cultivada (38%) (Sano et al.,2001), por outro, a abertura de novasáreas nos últimos anos está praticamenteem função da soja e milho (Figura 2).

O incremento de produção de umdeterminado plantio agrícola, em termossimples, vai depender de três fatores: (i)abertura de novas áreas, (ii) aumento daprodutividade ou (iii) utilização de áreasanteriormente plantadas com outrasculturas. A soja na região duplicou de1985 a 1995 e praticamente triplicou nosúltimos 15 anos (Figura 1). O incremento

Figura 2Evolução da

produção de grãosem milhões de

toneladas na áreado domínio do

bioma Cerrado.Fonte: Embrapa

Cerrados –Palestra

Institucional

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Ribeiro, Bridgewater, Ratter & Sousa-Silva

na produção até agora foi decorrente dosdois primeiros fatores, abertura de novasáreas e aumento da produtividade. Dadécada de 1970, a produtividadeaumentou de 1.300 para algo em tornode 2.800 kg/ha em 2001. Estaprodutividade pode aumentar aindamais, pois bons produtores, com técnicasapropriadas, poderão alcançar padrõesmais altos.

A conservação do bioma Cerrado vaidepender da criação de novas unidadesde conservação e também da diminuiçãoda pressão de ocupação agrícola. Oaproveitamento de áreas com baixaocupação ou abandonadas por outrasculturas seria muito importante. Assim,dos 49 milhões de hectares ocupados porpastagens, estima-se que 30 milhõesestejam degradados, sendo solos,teoricamente, potenciais para areincorporação ao sistema produtivo degrãos, plantios com espécies perenes esistemas agroflorestais. Esta áreadegradada é três vezes maior do que oespaço ora ocupado por todos os plantiosde grãos. Entretanto, esta incorporaçãodepende de vários fatores como adisponibilidade de técnicas derecuperação do solo e do uso da água(pesquisa), estudos das necessidadesespecíficas para a próxima cultura(pesquisa), a conscientização e otreinamento dos produtores (educação)e a implementação de procedimentospolíticos e sociais que apóiem o usodestas áreas (política).

POLÍTICAS PÚBLICAS

O estabelecimento apropriado eeficiente de políticas públicas paraconservação vai depender da dispo-nibilidade de informações coerentes eatualizadas, da integração e análise dasinformações disponíveis e a análise dosinteressados em todos os níveis.

DISPONIBILIDADE DEINFORMAÇÕES

As unidades de conservação deproteção integral correspondiam a 1,5%,até 1998, do bioma Cerrado. Se a estenúmero fossem somadas as unidades deuso sustentável, o Cerrado protegido nãopassaria de 3% de sua extensão inicial(Aguiar et al. 2003). A intensaheterogeneidade florística local e regionalaqui destacada tem conseqüênciasimportantíssimas em planos de manejopara o estabelecimento de unidades deconservação. Assim, os dados florísticosmostram que é necessário protegermuitas áreas relativamente menores nosentido de representar adequadamentea biodiversidade local e regional.

Todo esse conhecimento é muito útilno momento de decidir localização etamanho das unidades de conservação,já que a ocupação humana nas ultimastrês décadas, seja por agricultura,pastagem, produção de carvão,urbanização, entre outras, reduziu avegetação natural para algo ao redor de30%. Muito embora no Cerrado, ariqueza de espécies e endemismo sejamaltos (Mittermeier et al., 1999; Davis etal., 1994 – 1997; Groombridge, 1992;Heywood, 1995 apud Myers et al. 2000e Brooks et al. 2002), a proteçãoambiental é pequena e a taxa deocupação sensivelmente alta.Estimativasde antropização (incluindo urbanização,agricultura e áreas pouco perturbadasutilizadas como pastagem nativa) foramde 40% em 1995 (Alho & Martins 1995);59% em 1996 (Sano et al., 2002); de67,1% em 1998 e de cerca de 70% em1999 (Cerrado e Pantanal, 2002). Emalguns estados como São Paulo e Paraná,por exemplo, somente pequenosvestígios dessa vegetação naturalpermanecem.

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Ocupação e conservação

INTEGRAÇÃO E ANÁLISE DESSASINFORMAÇÕES

O desafio, portanto, está em agrupare associar toda a informação disponíveldo ambiente físico e biológico e dosusuários, sejam eles comunidadestradicionais ou novos assentamentos,para estruturar sugestões para políticaspúblicas pertinentes e convincentes,procurando atingir o desenvolvimentosustentável com uma agricultura maisamigável com o ambiente e com ênfasena conservação dos 20% de reservalegal.

Além disso, os dados disponíveisevidenciam que, para ser efetiva, aconservação deve acontecerconsiderando a integração entre asfisionomias. Conservar apenas avegetação ribeirinha, sem que sejamlevadas em conta a sua dinâmica naturale as relações com as fisionomiasadjacentes seria ineficiente. Dessamaneira, a interface com o campo úmidoe o Cerrado sentido amplo é muitoimportante, principalmente no que dizrespeito às espécies pioneiras davegetação, transitórias como os animaisou mesmo com o lençol freático no solo.Por outro lado, manter uma reservaapenas com vegetação savânicaapresentaria sérios problemas pelaausência de ligação com os ambientesribeirinhos, tão importantes para amanutenção da fauna. Bagno & Marinho-Filho (2001) observaram que apenas20% das aves do Distrito Federal sãoindependentes das florestas, ou seja, agrande maioria ocorre tanto nosambientes abertos quanto nos florestais.Muito embora englobem apenas 5% daárea total do bioma Cerrado, 50% dosendemismos e 24% das espéciesameaçadas de mamíferos são encon-tradas nessas matas (Marinho-Filho &Gastal 2000), com sérias evidências de

que sirvam como corredores mésicosentre a Floresta Amazônica e a MataAtlântica, permitindo assim a manu-tenção da fauna característica deformações florestais sem adaptaçõesespecíficas a ambientes tipicamentexéricos (Redford & Fonseca, 1996).

INTERESSADOS

A principio, o objetivo único eprincipal almeja o capital monopolista ea economia exportadora especializadaem produtos alimentícios e matéria-prima, onde a soja aparece comoelemento-chave. Atitudes, em futuro bempróximo, devem considerar dois pontos:a quem esse desenvolvimento interessa(beneficiários) e qual a sua necessidadede implantação em curto prazo, sem adevida análise das conseqüências dessasatitudes.

A região Centro-Oeste, em termos debeneficiários, responde pela menorparticipação da agricultura familiar nopaís, exatamente devido a esse altoíndice de concentração fundiária(Expansão... 2000) de 500ha porpropriedade, estabelecido como padrãopela monocultura empresarial(PRODECER II na região de Balsas, porexemplo). Com isso, percebe-se que háum impacto econômico positivo para onovo proprietário da terra, enquanto poroutro lado, as populações tradicionaissão pressionadas para um intensoprocesso de êxodo rural devido à perdade competitividade dos seus meios deprodução e das formas tradicionais demanejo de recursos naturais.

Os impactos da ocupação agrícolatecnificada, especialmente soja,evidenciam uma área de ocupação de 3%do Cerrado em valores absolutos (Sanoet al., 2001), porém é fundamentaldiscutir e considerar as conseqüências

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Ribeiro, Bridgewater, Ratter & Sousa-Silva

indiretas ao estímulo de atividadescomplementares, e tidas como dedesenvolvimento regional, comoimplementos e insumos agrícolas,comercialização, transporte e moradia(Expansão... 2000).

Essas atividades econômicas, semdúvida, vão implicar na demanda deinfra-estrutura que acaba influenciandono surgimento de outras culturas anuais(milho, feijão, arroz) ou perenes(banana, abacaxi). O Centro-Oeste temimplementado o estabelecimento deagroindústrias para o processamento degrãos de soja que não foram admitidosem outras regiões do país pelo impactoambiental dos subprodutos e dejetos.

Recomenda-se que a decisão dalocalização das reservas legais, leve emconsideração toda essa integração. Adeterminação do local da reserva,geralmente, é tomada pelo proprietárioou muitas vezes pelo seu encarregado,o que torna a escolha muitas vezesinapropriada, pois é tomada com baseem um conhecimento insuficiente dosrecursos naturais disponíveis. A ausênciadeste conhecimento deve ser supridacom intensos programas de educaçãoambiental.

Políticas de conscientização,educação e apoio para a ocupaçãoambientalmente sustentável seriamimprescindíveis. Liberação de recursospara plantios agrícolas deveria estarassociada a técnicas de plantio e apreservação do solo, da água, davegetação e da fauna. Este procedimentodeveria ser acompanhado de educaçãoambiental, que estaria acontecendo comtoda a comunidade, das crianças até osmais idosos. A sugestão seria a aplicaçãoda educação ambiental no sentido amplode Paulo Freire, ou seja, utilizando oambiente em que a comunidade vivepara educá-la; somente assim a

comunidade poderia valorizar corre-tamente o ambiente onde vive. Isso setorna mais crítico ao se constatar que onúmero de produtores vindos de outrasregiões do Brasil, no Cerrado, é muitoalto. Foi verificado no Distrito Federal eem seu entorno, por exemplo, que 82,5%da população amostrada nasceu foradessa área, e que a grande maioria nãopossuía raízes culturais vinculadas aoambiente Cerrado, pois seriam oriundas,principalmente, das regiões Sul, Sudestee Nordeste.

É evidente que se os aspectos devaloração ambiental tivessem sidoamplamente aplicados e divulgadosjunto ao sistema privado de colonizaçãoe expansão da produção agropecuáriaorganizada por grandes empresas dosetor ou proprietários capitalizados, osresultados positivos sobre produçãosustentada e conservação já poderiamter sido colocados em prática. Entretanto,o procedimento até agora observadoparece conseqüência da pequenaarticulação, tanto no aspecto setorialquanto no espacial. Muito pouco temsido divulgado nas cooperativas do setorde produção de grãos sobre produçãosustentada e conservação. Além disso,essa divulgação ainda varia de regiãopara região. Esse desconhecimento podelevar a atitudes precipitadas einconseqüentes.

PROPOSIÇÕES

Este estudo propõe transformaçõesque devem partir dos seguintesprecedentes:

1) Desenvolvimento tem que serdesdobrado em plenoenvolvimento, entendendo que oprefixo “des”, nesse caso, nãodeve ser compreendido como

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Ocupação e conservação

negativa de envolvimento, talcomo em des-ligar (não ligar) edes-conversar (não conversar);

2) Pleno envolvimento seria, então,assumir que conservação eocupação sustentada são comofaces de uma mesma moeda. Paraque essa moeda tenha mais valor,as duas faces devem estar juntas,lembrando que o ser humano éparte da natureza.

3) Devem acontecer em pelo menostrês níveis (Tabela 2): Pesquisa,Política e Educação e dependendoda situação, em curto, médio e

longo prazos. A matriz a seguirapresenta os principais aspectosdesses níveis e prazos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O bioma Cerrado é regional elocalmente heterogêneo, particular-mente, no que diz respeito às espéciesvegetais raras e endêmicas. Dessamaneira, é essencial a implementação deum sistema de unidades de conservação,que seja capaz de representar devida-mente as subprovíncias florísticas jáidentificadas em vários estudos e

Tabela 2. Transformações na pesquisa, educação e nas políticas públicaspropostas para mudar o entendimento sobre o valor ambiental dobioma Cerrado

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Ribeiro, Bridgewater, Ratter & Sousa-Silva

revisadas em Ratter et al., (2003). Alémdisso, todas as formações florestais,savânicas ou campestres, ali presentesdevem também ser consideradas eincluídas nesse sistema, além dasfitofisionomias e suas variaçõesambientais, como classes de solo e clima.Fica bastante clara a necessidade decriação de unidades de conservação emchapadas de latossolo, devido à intensaseleção dessas áreas para a ocupaçãoagrícola nas ultimas três décadas.

A importância da implementação deleis e procedimentos ambientalmenteamigáveis é premente. Decisões devemacontecer em seqüência e em diversosníveis como políticas, pesquisas,produtores e consumidores. Então, como

“tomadores de decisão” são incluídosaqui políticos, pesquisadores, produ-tores, caseiros e até mesmo cada um denós, como consumidores de produtosprovenientes do Cerrado. Esse grupodeve entender que o ambiente faz partedo sistema de produção agrícola. É oambiente que vai agir como filtro depoluição de elementos essenciais para anossa sobrevivência, como o ar e a água,além de funcionar como sensor daqualidade ambiental, indicando quandoo sistema está desequilibrado, pois suacapacidade de suporte foi ultrapassada.Somente com esses procedimentosteríamos possibilidades de garantir aconservação do bioma Cerrado epossibilitar a sustentabilidade daprodução agrícola com longa duração.

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