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Faculdade Pit´ agoras Departamento de Engenharia Curso de Engenharia El´ etrica Carlos Guerra Lima Padre Landell de Moura e o primeiro Transmissor-Receptor de voz sem fio Londrina 2008

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Faculdade Pitagoras

Departamento de Engenharia

Curso de Engenharia Eletrica

Carlos Guerra Lima

Padre Landell de Moura e o primeiro

Transmissor-Receptor de voz sem fio

Londrina

2008

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Faculdade Pitagoras

Departamento de EngenhariaCurso de Engenharia Eletrica

Carlos Guerra Lima

Padre Landell de Moura e o primeiro

Transmissor-Receptor de voz sem fio

Trabalho de Conclusao de Curso orientado pelo Prof. FernandoCiriaco Dias Neto intitulada “Padre Landell de Moura e o primeiroTransmissor-Receptor de voz sem fio” e apresentada a FaculdadePitagoras, como parte dos requisitos necessarios para a obtencaodo Tıtulo de Graduado em Engenharia Eletrica.

Orientador: Prof. Fernando Ciriaco Dias Neto

Londrina

2008

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Ficha Catalografica

Guerra Lima, CarlosPadre Landell de Moura e o primeiro Transmissor-Receptor de voz sem fio.

Londrina, 2008. 61 p.

Trabalho de Conclusao de Curso — Faculdade Pitagoras. Curso de Enge-nharia Eletrica.

1. Transmissor. 2. Luz. 3. Pioneiro. 4. Radiodifusao. 5. Voz

I. Faculdade Pitagoras. Curso de Engenharia Eletrica. II. Padre Landell deMoura e o primeiro Transmissor-Receptor de voz sem fio.

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Carlos Guerra Lima

Padre Landell de Moura e o primeiro

Transmissor-Receptor de voz sem fio

Trabalho de Conclusao de Curso apresentado ao Curso de

Engenharia Eletrica da Faculdade Pitagoras, como requisito

parcial para a obtencao do tıtulo de Graduado em Engenharia

Eletrica.

Comissao Examinadora

Prof. Fernando Ciriaco Dias NetoFaculdade Pitagoras

Orientador

Prof. Everaldo Rbeiro BrinholeFaculdade Pitagoras

Prof. Luciano Bento DantasFaculdade Pitagoras

Londrina, 7 de dezembro de 2008

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Dedico este estudo ao meu filho Antonio,

a minha esposa Fatima

e a minha Mae Nadyr

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Agradecimentos

Agradeco a todos os que possibilitaram a execucao do trabalho:

Ivan Dorneles, Marco Aurelio Moura,

Prof. Fernando Ciriaco, Cezar Augusto A. Santos,

Hamilton Almeida e Luis Netto

Universidade Metodista de Sao Paulo e FEPLAM

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Se falta atencao,

nao pode haver reflexao;

se falta reflexao,

nao pode haver consciencia,

o ato podera ser do homem,

porem jamais humano.

Roberto Landell de Moura

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Guerra Lima, Carlos. Padre Landell de Moura e o primeiro Transmissor-

Receptor de voz sem fio. 2008. 61 p. Trabalho de Conclusao de Curso em Engenharia

Eletrica - Faculdade Pitagoras, Londrina.

Resumo

No final do seculo XIX a humanidade reunia o conhecimentos necessarios para tornara radio difusao uma realidade. Com a descoberta de Hertz surgiram varios modelos detransmissores. Porem, poucos vingaram como produto. Os receptores todos se baseavamno coesor de Branly. O nome mais proeminente e o de Guglielmo Marconi. A ele foramdepositadas todas as glorias pela descoberta da radio difusao. Este trabalho apresenta soba optica tecnica uma analise de um destes cientistas da epoca. O Padre Roberto Landellde Moura nascido em Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul. Padre Landellcriou varios equipamentos de radio difusao primeiro utilizando o centelhador e depoismodulando a voz sobre a luz. Destes inventos ele obteve patentes nos Estados Unidos oque atesta o carater de exclusividade dos mesmos. Hoje o invento do radio e atribuıdo aNikola Tesla grande inventor que utilizou seus conhecimentos para criar o primeiro barcorobo controlado por radio frequencia. Comercialmente apenas Marconi prosperou. Isto sedeve ao fato dele ter visto que a necessidade de marketing daquele momento. A coberturado atlantico norte, onde as embarcacoes cruzavam constantemente. Padre Landell aoretornar ao Brasil com suas patentes serviu de chacota para funcionarios publicos federaisdo governo do Gal. Rodrigues Alves. Chateado com este tratamento voltou a se dedicarao sacerdocio. Suas patentes caducaram e foram incorporadas em inventos de outroscientistas. Durante o estudo ficou claro que os cientistas que optaram por antenas de maiortamanho obtiveram maior exito com relacao a distancia de transmissao. Isto justifica emparte o sucesso de Marconi sobre os demais.

Palavras-Chave: 1. Transmissor. 2. Luz. 3. Pioneiro. 4. Radiodifusao. 5. Voz.

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Guerra Lima, Carlos. Priest Landell de Moura and the first voice wireless

transceptor . 2008. 61 p. Monograph in Electrical Engineering - Faculdade Pitagoras,

Londrina.

Abstract

In the end of the century XIX the humanity gathered the necessary knowledge to turnto radio diffusion a reality. With the discovery of Hertz several models of transmittersappeared. However, few avenged as product. The whole receivers if they based on thecoherer of Branly. The most prominent name is it of Guglielmo Marconi. To him allglories were deposited by the discovery of the radio diffusion. This work presents underthe technique optical one analyzes of one these scientists of this time. Born in Porto Alegrein the state of Rio Grande do Sul Priest Roberto Landell Moura. Priest Landell createdseveral equipments of radio diffusion first using the spark gap and later modulating thevoice on the light. With these inventions he obtained patents in the United States thatit attests the character of exclusiveness of the same ones. Today the invention of theradio is attributed Nikola Tesla great inventor that used their knowledge to create thefirst robot boat controlled for radio frequency. Commercially just Marconi prospered.This is due to his fact to have seen that the marketing of that moment needs. Thecrossing of the Atlantic north, where the ships constantly crossed. Priest Landell whenreturning to Brazil with their patents served as fool for the federal public employees ofgovernment’s the general of the Rodrigues Alves. Bothered with this treatment returnedwould be devoted to the priesthood. Their patents expired and they were incorporatein other scientists’ inventions. During the study of course the scientists that opted forsuch higher’s antennas obtained larger success regarding the transmission distance. Thisjustifies the success of Marconi on the others in partly.

Key-words: 1. Tranmiter. 2. Light. 3. Pionner. 4. Radiodifusion. 5. Voice.

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Lista de Figuras

1.1 Landell . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.1 Inventor do Telegrafo sem fio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

4.1 Bobina de Ruhmkorff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

5.1 Ideia de apresentacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

5.2 Transmissor de Marconi com a antena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

5.3 Regra da mao direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

5.4 Barco robo de Tesla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

5.5 Wave transmiter FEPLAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5.6 Esquema eletrico do Wave transmiter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

5.7 O Photophone de Graham Bell . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

5.8 Diagrama do Telefone Fotoeletrico de Ruhmer . . . . . . . . . . . . . . . . 34

6.1 Esquema eletrico do Wireless Telephone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

6.2 Corte Lateral Wireless Telephone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

8.1 Circuito de ignicao automotiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

8.2 Bobina de ignicao automotiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

8.3 primeira simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

8.4 Segunda simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

8.5 Circuito com o LM 386 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

8.6 Foto do prototipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

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Lista de Tabelas

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Lista de Siglas e Abreviaturas

IHGRGS Instituto Historico e Geografico do Rio Grande do Sul

FEPLAM Fundacao Educacional e Cultural Padre Landell de Moura

CIENTEC Fundacao de Ciencia e Tecnologia

AM Amplitude Modulada

CD Disco Compacto - Compact Disk

LF Baixa Frequencia - Low Frequency

VLF Muito Baixa Frequencia - Very Low Frequency

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Lista de Sımbolos e Notacoes

B Inducao Magnetica constante no tempo, em Tesla (T)

µ0 Permeabilidade do vacuo, com valor 4Π.10−7 (H/m)

ε Permissivıdade absoluta de um meio

Φ Fluxo magnetico

ε0 Permissividade do vacuo, com valor 8, 85.10−12 (F/m)

λ Comprimento de onda (m)

L Atenuacao

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Sumario

1 Introducao 8

2 As dificuldades 10

2.1 Dificuldades nos documentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.2 Dificuldades no entendimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.3 Duvidas tambem no exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3 Como foi possıvel transmitir no Ether 13

4 A historia 16

4.1 A inducao eletromagnetica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

4.2 Variacao de fluxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4.3 Bobina de Ruhmkorff, ou bobina de inducao . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4.4 O oscilador de Hertz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

5 Os equipamentos 22

5.1 O centelhador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

5.1.1 O transmissor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

5.1.2 O receptor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

5.1.3 O trabalho de Marconi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

5.1.4 A participacao de John Ambrose Fleming nos inventos de Marconi . 25

5.1.5 A patente de Nikola Tesla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

5.1.6 Consideracoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

5.2 Os equipamentos Opticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

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5.2.1 O Photophone de Graham Bell . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

5.2.2 O sistema de Ernest Ruhmer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

6 O Wireless Telephone 35

7 O resumo do trabalho 45

8 Conclusao 47

8.1 O estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

8.2 Perguntas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

8.3 Reflexoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

8.4 Perguntas tecnicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

8.5 O final cortado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

9 Anexo 1 56

Referencias 61

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8

1 Introducao

A producao tecnica de Roberto Landell de Moura e a base deste trabalho. A ideia

deste projeto e tentar analisar em ambito tecnico a producao do inventor brasileiro. Isto

ocorre devido a natureza tecnica do curso Engenharia Eletrica. Ja existem Estudos sobre

a vida do Padre Inventor com muito boa qualidade. Instituicoes de ensino superiores

ainda nao tentaram apresentar sob forma de replica as invencoes deste notavel inventor.

As principais etapas dos inventos de Landell serao apresentadas seguindo uma exposicao

relativa as descobertas da epoca. Caso seja feita uma analise dos demais inventos este nao

tem por objetivo comparar a obra do cientista brasileiro com a de seus colegas contem-

poraneos. Estes serao citados apenas para apresentar as diferencas entre uma tecnologia

e outra. Comparacoes feitas para expor os termos tecnicos utilizados em outros textos

tambem. Provaveis caracterısticas que levaram ao sucesso uma invencao e ao fracasso

outra.

O conhecimento da obra do cientista e padre Roberto Landell de Moura ocorreu

quando uma pessoa sugeriu que se colocasse ele como patrono de uma industria. Neste

momento fez-se uma pesquisa superficial sobre sua obra. Logo verificou-se que ao contra-

rio do inventor Alberto Santos Dumont, Landell nao recebe nem de perto o respeito e a

posicao que lhe e devida na historia. Hoje Padre Landell de Moura e patrono dos radioa-

madores do Brasil. Posicao importante, porem a meu ver ainda distante da que ele faz jus.

Em um artigo da internet intitulado ”O Radio e uma invencao produto do trabalho de um

Figura 1.1: Landell

Em 1892, quando Landell de Moura e trans-ferido para Campinas, o Estado de SaoPaulo, juntamente com o Rio de Janeiro,constituıam os centros tecnologicos do Brasil.Landell de Moura encontrou mais facilidadepara adquirir os materiais para construir seusaparelhos. O Albuquerque considera o pa-dre gaucho como o primeiro gerente de umaemissora de radio, de fato. (ALBUQUERQUEFEPLAN, 1993)

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1 Introducao 9

homem so?”(NETTO, 2000) iniciou-se este trabalho. As pesquisas do Padre Landell estao

grande parte no ambito da optica. Seu transmissor receptor utilizava luz actınia para

sobre ela modular a voz humana. Neste mesmo rumo anos antes Alexander Grahan Bell

patenteou o PhotoPhone que utilizava luz solar (baixa nitidez sonora). Para se apresentar

o rumo do pensamento relaciona-se Morse com Graham Bell assim como Guglielmo Mar-

coni com Landell de Moura. Morse inventou o telegrafo logo apos Graham Bell inventou

o telefone comunicacao por intermedio de cabos de cobre wireline. Da mesma forma em

torno de 1900 Marconi se comunicava via operador telegrafico, porem na mesma epoca

Landell transmitia a voz humana em alto e bom som comunicacao sem cabos wireless.

Quais sao as tecnologias de ponta hoje em comunicacao?

Fibra optica e comunicacao wireless.

Quando cito fibra optica nao esta se concedendo a Padre Landell o pioneirismo neste

meio de comunicacao. Mas ve-se que ele inovou ao modular voz sobre luz (alta nitidez

sonora). Suas descobertas em 1904 devem ser realmente consideradas de um louco, pois,

duvido que existissem muitas pessoas capazes de entender suas descobertas em sua epoca.

Outro fato importante e que o cientista brasileiro produzia sozinho todos os componentes

de seus inventos o que tornava lento o processo de montagem dos prototipos enquanto

seus colegas contemporaneos dispunham de equipes para ajuda-los. A utilizacao do tubo

de Crookes em seus Transceptores demonstra que este cientista estava ao lado dos de-

mais que tornaram viavel esta grande invencao de nosso tempo o Radio. Neste trabalho

nao e reivindicado o tıtulo de inventor do Radio que e pertencente a outro cientista.

Demonstra-se que em conjunto com Marconi e Tesla o cientista brasileiro desenvolveu

equipamentos (prototipos) que funcionaram de forma satisfatoria e que suas descobertas

hoje se encontram diluıdas em descobertas de outros cientistas.

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10

2 As dificuldades

2.1 Dificuldades nos documentos

O estudo das invencoes de Padre Roberto Landell de Moura e uma tarefa de extrema

dificuldade. Esta afirmacao e feita, pois hoje os seus documentos estao sob a guarda do

Instituto Historico e Geografico do Rio Grande do Sul (IHGRGS). Sob pretexto de que

e uma instituicao privada este nao permite acesso aos originais nem a copias fieis dos

trabalhos do cientista. O IHGRGS produziu um CD com as patentes e algumas historias

sobre o Padre Landell que nao sao a expressao do seu trabalho, mas sim o entendimento

de alguns dos seus funcionarios. Sem acesso aos originais ou copias destes a solucao foi

procurar os trabalhos dos que ja estudaram a sua obra. Isso prejudica totalmente este

trabalho, pois em muitas situacoes nao sera a opiniao ou percepcao sobre a obra do Padre

Landell, mas sim opiniao sobre a opiniao de outro pesquisador. Ao lado do IHGRGS fica

o Sebo do Martins que hoje nao pertence mais a este, pois faleceu ha alguns anos. No

Sebo procurou se havia algum livro sobre o Padre Landell. A intencao era adquirir o

livro de Ernani Fornari, que ja se sabia tratar da primeira obra sobre o Cientista. Esta e

considerada bem completa, porem, como a editora Globo de Porto Alegre foi vendida o

livro nao e mais impresso. No sebo informaram que se deveria procurar Sr. Ivan Dorneles

Rodrigues.

Este forneceu grande parte do material de pesquisa sobre Landell. Inclusive o Livro O

Incrıvel Padre Landell de Moura de Ernani Fornari. O acervo com grande quantidade de

artigos, entrevistas, programas de TV e o livro por ele escrito BRASILEIRO, GAUCHO,

UM GENIO DIFERENTE: LANDELL DE MOURA.(RODRIGUES, 2004) O mais com-

pleto sobre a vida de Landell. Ivan Dorneles apresentou tambem Marco Aurelio Moura

que produziu a unica copia do transmissor de ondas de Landell que funciona atualmente.

Ele ajudou a esclarecer algumas duvidas sobre o Interruptor Fonetico do wave transmiter.

A outra copia encontra-se em poder da FEPLAM porem nao funciona mais, pois alguns

componentes foram retirados. Com a Universidade Metodista de Sao Paulo obteve-se a

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2.2 Dificuldades no entendimento 11

dissertacao de Mestrado em Comunicacao Social onde o autor Cezar Augusto Azevedo

dos Santos que faz um paralelo entre Landell e Marconi. Finalmente com Luis Netto mo-

derador do Grupo que este mantem no Yahoo forneceu as patentes de Landell em melhor

definicao. Seu site na internet e o mais completo sobre Roberto Landell de Moura. B.

Hamilton indicou seu Livro da editora Record este o mais abrangente.(ALMEIDA, 2006) O

Prof. Marcelo S. Alencar da Universidade de Campina Grande forneceu seu artigo What

Father Landell de Moura Used to Do in His Spare Time este sim simples e voltado princi-

palmente a linguagem tecnica. Inclusive reproduzindo na integra as patentes obtidas por

Landell nos Estados Unidos. A Simone Kramer que conseguiu uma copia do programa

exibido pela RBS (Globo no Rio grande do sul e Santa Catarina).

2.2 Dificuldades no entendimento

Com o material se faz necessario analisa-lo. Como existem duas copias do wave trans-

miter de Landell. Uma construıda em 1984 por um grupo de engenheiros da CIENTEC

que levou 3 meses construındo essa replica.(ALBUQUERQUE FEPLAN, 1993) E outra cons-

truıda por Marco Aurelio Cardoso Moura. Esta ultima esta detalhada no site de Luiz

Netto com fotos e tudo. O wave transmiter foi a primeira tentativa de Landell em trans-

mitir. Ja neste equipamento nota-se a preocupacao dele de promover uma interface mais

amigavel do que o manipulador Morse com o operador. O microfone fonetico demonstra

duas caracterısticas presentes no trabalho de Landell:

• A preocupacao com o humano

• A necessidade de utilizar os sentidos como equipamentos de teste.

Este ultimo provavelmente por falta de equipamentos em seu laboratorio.

2.3 Duvidas tambem no exterior

Para os defensores de Guglielmo Marconi como o inventor da Radiodifusao se faz

necessario informar que atualmente o verdadeiro inventor da radiodifusao e Nikola Tesla,

este sim um verdadeiro genio daquela epoca.

Para tanto apresento o grafico (figura 2.1).

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2.3 Duvidas tambem no exterior 12

Figura 2.1: Inventor do Telegrafo sem fio

Note que o texto em ingles se refere a wireless telegraphy que nao e exatamente radio

difusao como a maioria dos artigos que nomeiam Guglielmo Marconi como o pioneiro. E

como diz o site para os inventores Brasileiros da Unicamp na pagina de Landell em seu

final:

Assim a invencao do radio e atribuıda a Loomis para os americanos,Hertz para os alemaes, a Branly pelos franceses, a Popov pelos russos,a Marconi pelos italianos, a Lodge pelos ingleses. Para os brasileiros,esta primazia cabe ao Padre Roberto Landell de Moura, por seu pionei-rismo nas telecomunicacoes, considerado o Patrono dos RadioamadoresBrasileiros.(UNICAMP, 2000)

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13

3 Como foi possıvel transmitir noEther

Wireles - Wireline

Para falar das invencoes e descobertas do Padre Landell e necessario estudar os prin-

cipais componentes de seus equipamentos. Estes componentes ja haviam sido descobertos

e podiam ser utilizados por todos. Isso leva a discordar do site da Unicamp, pois la se

encontra os seguintes dizeres:

A mesma epoca de Landell a Escola Politecnica realizava experimentossobre telegrafia sem fio, sob coordenacao do professor Henrique Morize.O Dr. Mario Ramos, em 1933 relata essa epoca: ”Corria o final doano de 1902 e eu modesto preparador do Gabinete de Fısica e Eletrici-dade da Escola Naval, ensaiava meus primeiros passos de professoradonas Ciencias Fısico-Quımicas e na Eletrotecnica e acompanhava comum espırito atirado e uma curiosidade quase infantil as primeiras ex-periencias que entre nos se faziam sobre a telegrafia sem fio. Os primeirosaqui eram justamente os Professores Baptista da Escola Naval e Morizeda Politecnica ... O nosso gabinete tinha entao recebido uma apare-lhagem completa nao so para as demonstracoes praticas de transmissaoe recepcao como tambem os dispositivos para realizacao das celebresexperiencias de Hertz sobre oscilacoes eletricas ressonancias, reflexao,polarizacao, etc. Eu dediquei-me entao aos estudos, a montagem e aexperimentacao desses dispositivos, com um frenesi, uma assiduidade,um desejo de conhecimento e exito ... Os menores detalhes sobre o pre-paro da limalha e o funcionamento dos radio condutores de Branly, asmodificacoes das antenas e seus suplementos, a regularidade do funcio-namento dos interruptores de mercurio, a usura da bateria de acumu-ladores ... Mais tarde em 1904 quando era entao engenheiro da firmaGuinle & Cia. obtive vir os aparelhos radios De Forest para fazermos jaexperiencias industriais, como fizemos de transmissoes e recepcoes entrea Fortaleza de Santa Cruz e a Ponta de Castelhanos na Ilha Grande, essesdispositivos tinham para nos um especial interesse, o novo receptor ele-trolıtico muito sensıvel; Morize veio tambem acompanhar-me e assistirnesses trabalhos”. Quando Padre Landell tentou interessar empresariospara que investissem no aperfeicoamento de seus aparelhos, portanto osprimeiros experimentos de Marconi ja eram alvo de pesquisas no Brasil.

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3 Como foi possıvel transmitir no Ether 14

Em virtude de brilhante exito de suas experiencias ineditas, em nıvelmundial, Landell obteve em marco de 1901 a patente brasileira no 3279para ”Aparelho destinado a transmissao phonetica a distancia, com fioou sem fio, atraves do espaco, da terra e do elemento aquoso”. O meritodo Padre Landell e ainda maior se considerarmos que desenvolveu tudosozinho.(UNICAMP, 2000)

Os experimentos ali citados nao eram de Guglielmo Marconi mas sim um conjunto de

descobertas como por exemplo a bobina de Ruhmkorff ou o coesor de Branly. Tentativas

de transmissao de sinais Morse pelo Ether ja ocorriam em 1895 feitas pelo russo Alexander

Popov. O que leva a crer que entre 1885 descoberta de Branly e 1895 apresentacao de

Popov, varios cientistas tentaram e provavelmente conseguiram exito em suas experiencias.

Conforme o texto no site da Unicamp:

Apesar da invencao do Guglielmo Marconi ter sido tecnicamente infe-rior e posterior a do brasileiro Landell de Moura, foi ele o primeiro areceber a patente do transmissor de ondas, em julho de 1897, nos Es-tados Unidos (US 586193, patente depositada em dezembro de 1896).Landell de Moura so teve suas patentes concedidas em 1901, no Brasil,e em 1904, nos Estados Unidos. Mas aı, ja era tarde, e a posicao oficialde criador da Radiodifusao tinha sido ocupada pelo italiano. Marconirecebeu o premio Nobel de Fısica de 1909, por suas contribuicoes parao desenvolvimento do telegrafo sem fio.(UNICAMP, 2000)

Gugliemo Marconi obteve sua patente como primeiro equipamento de radiodifusao

dois anos depois de Popov ter demonstrado os mesmos procedimentos.

Comparando wireline com wireless e wireless telegraphy com wireless telephone Se

considerar que telegrafar e a mesma coisa que transmitir a voz nao tem o que discutir.

Neste caso Graham Bell tambem nao teve merito, pois Morse ja havia transmitido seu

codigo pelos fios que agora transmitem voz. Entao e concedido a Hertz este merito, pois

suas descobertas formaram a base para todos os equipamentos aqui apresentados bobinas

de inducao e antenas. Como ja se ve muitos utilizam a palavra radiodifusao para servir

como parametro para comparar os inventos neste caso poderia utilizar o termo wireline

(por cabo) para o caso das descobertas de Morse e Bell passando ao primeiro todos os

meritos e glorias.

Nao se esta em momento algum tirado de Guglielmo Marconi seus meritos, mas o texto

acima grifado apresentado no site da Unicamp resume claramente a diferenca tecnica entre

os dois inventores. Talvez o fato de Landell ficar afastado dos grandes centros culturais

tenha o ajudado.(CAUDURO, 1977) Afastado de todos e tendo de produzir sozinho seus

proprios equipamentos Landell conseguiu sair da mesmice que atingia os inventores de

sistemas de comunicacao sem fio.

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3 Como foi possıvel transmitir no Ether 15

Providencio Y regula la aplicacian de los materiales para el funciona-mento de la empresa. incluso en experiencias publicas; el primer radio-Unico. montador y reparador; primer locutor que hablo en un microfonounido a transmisores de ondas luminosas Y electromagneticas. (ALBU-QUERQUE FEPLAN, 1993)

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16

4 A historia

No seculo retrasado, o perıodo compreendido entre os anos de 1819 e 1831 foi dos

mais ferteis em descobertas no campo da eletricidade. Os fenomenos basicos do eletro-

magnetismo foram descobertos entre aquelas datas. A observacao que Orested fez, em

1819, de que uma corrente eletrica desvia a agulha de uma bussula, marca o inıcio de

uma epoca da Fısica que iria influir profundamente na historia da humanidade. A acao

mutua de um ima e uma corrente eletrica agucou a curiosidade de muitos investigadores

que ate entao nao se dedicavam ao estudo da eletricidade, principalmente um grupo de

franceses. A primeira grande aplicacao da descoberta de Orested foi feita tres anos mais

tarde, por Dominique Francois Arago e Joseph Gay-Lussac. Eles observaram que quando

passava corrente em um condutor enrolado em uma barra de ferro, esta imantava: estava,

pois, inventado o eletroıma. No mesmo ano, Andre Marie Ampere estabeleceu a ”regra

do observador”, e descobriu que um solenoide atua como um ıma. Posteriormente, Jean

Baptiste Biot e Felix Savart descobriram, ao mesmo tempo, e independentemente um do

outro, a lei que leva seus nomes.

B (z) =µ0iR

2

2 (R2 + z2)2/3

(4.1)

No ano de 1831, Faraday colocou duas bobinas proximas e fez passar corrente por uma

delas. Observou que pela outra passava tambem uma corrente, quando abria e fechava o

circuito da primeira: era a descoberta da inducao eletromagnetica (o campo magnetico

da primeira bobina induzia corrente na segunda). Nos anos seguintes, ele esclareceu os

diversos casos de inducao, com campo magnetico produzido por ıma, ou por bobina, etc.

ε = −dΦB

dt(4.2)

Dois anos depois da descoberta do fenomeno, Friedrich Emil Lenz estabeleceu a lei

que permite conhecer-se o sentido da corrente induzida. Logo apos comecaram a construir

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4 A historia 17

os geradores mecanicos para obtencao de corrente eletrica, que ate entao so era fornecida

por pilhas. Mas, a fabricacao em grande escala de dınamos comecou muito mais tarde, em

1867, quando Werner von Siemens inventou um metodo pratico para producao do campo

magnetico no interior dessas maquinas.

A descoberta das ondas eletromagneticas foi, sem duvida, o mais belo acontecimento

da historia da Fısica. O ingles James Clerk Maxwell, (1831 - 1879), percebeu que Fara-

day tinha sido o primeiro homem a compreender corretamente os fenomenos eletricos e

magneticos. Mas o longo trabalho de Faraday tinha sido exclusivamente experimental.

Jamais ele se preocupara em colocar em forma matematica os fenomenos que observava.

Maxwell entao, se propos a completar a obra de Faraday, e expor matematicamente os

conhecimentos de eletricidade e magnetismo da epoca. Ele reuniu suas conclusoes num

Tratado de Eletricidade e Magnetismo, publicado em 1873. Esse livro, alem de resumir

tudo o que se conhecia sobre o assunto, marcou uma epoca na historia da Eletricidade,

porque fixou um verdadeiro metodo de analisar matematicamente os fenomenos eletricos

e magneticos. Desenvolvendo as ideias de Faraday a respeito de dieletricos e de campos,

Maxwell, em 1865, concluiu, exclusivamente por calculos, que deveriam existir as ondas

eletromagneticas. E concluiu mais que a luz deveria ser onda eletromagnetica. A con-

clusao de Maxwell era muito arrojada. A custo, suas ideias foram sendo aceitas, mesmo

pelos grandes fısicos da epoca. Tanto que, em 1867, a Academia de Ciencias de Ber-

lim ofereceu um premio a quem conseguisse demonstrar experimentalmente que as ondas

eletromagneticas existem.

∮~Bd~s = µ0ε0

dΦE

dt(4.3)

Doze anos mais tarde, em 1879, o fısico alemao Heinrich Hertz conseguiu prova-lo,

com o oscilador descrito no ”Oscilador de Hertz”.

O alemao Henrich Rudolph Hertz (1857-1894) provou o princıpio da propagacao ra-

diofonica em 1887. Ele fez saltar faıscas atraves do ar que separavam duas bolas de cobre.

Por causa disso os antigos ”quilo ciclos”passaram a ser chamados de ”ondas hertzianas”ou

”quilohertz”.

A industrializacao de equipamentos se deu com a criacao da primeira companhia de

radio, fundada em Londres - Inglaterra pelo cientista italiano Guglielmo Marconi. Em

1896 Marconi ja havia demonstrado o funcionamento de seus aparelhos de emissao e

recepcao de sinais na propria Inglaterra, quando percebeu a importancia comercial da

telegrafia.

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4.1 A inducao eletromagnetica 18

Ate entao o radio era exclusivamente ”telegrafia sem fio”, algo ja bastante util e ino-

vador para a epoca, tanto que outros cientistas e professores se dedicaram a melhorar seu

funcionamento como tal. Oliver Lodge (Inglaterra) e Ernest Branly (Franca), por exem-

plo, inventaram o ”coesor”, um dispositivo que melhorava a deteccao. Nao se imaginava,

ate entao, a possibilidade do radio transmitir mensagens faladas, atraves do espaco.

Em 1897 Oliver Lodge inventou o circuito eletrico sintonizado, que possibilitava a

mudanca de sintonia selecionando a frequencia desejada. Lee Forest desenvolveu a valvula

triodo. Von Lieben, da Alemanha e o americano Armstrong empregaram o triodo para

amplificar e produzir ondas eletromagneticas de forma contınua.

No Brasil o Padre-cientista, Roberto Landell de Moura, nascido em 21 de janeiro

de 1861, construiu diversos aparelhos importantes para a historia do radio e que foram

expostos ao publico de Sao Paulo em 1893.

• Teleauxiofono (telefonia com fio);

• Caleofono (telefonia com fio);

• Anematofono (telefonia sem fio);

• Teletiton (telegrafia fonetica, sem fio, com o qual duas pessoas podem comunicar-se

sem serem ouvidas por outras);

• Edıfono (destinado a ducificar e depurar as vibracoes parasitas da voz fonografada,

reproduzindo-a ao natural).

Padre Landell de Moura foi precursor nas transmissoes de vozes e ruıdos.(VARGAS,

1995)

Nos Estados Unidos pesquisas, tentativas e aprimoramentos ate Lee Forest instalar a

primeira ”estacao-estudio”de radiodifusao, em Nova Iorque, no ano de 1916. Aconteceu

entao o primeiro programa de radio, que se tem notıcia. Ele tinha conferencias, musica

de camara e gravacoes. Surgiu tambem o primeiro registro de radio jornalismo, com a

transmissao das apuracoes eleitorais para a presidencia dos Estados Unidos.

4.1 A inducao eletromagnetica

Suponhamos um condutor fechado c colocado num campo magnetico. Para simpli-

cidade, imaginemos o campo uniforme . Seja S a area da superfıcie determinada pelo

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4.2 Variacao de fluxo 19

condutor; o angulo formado pela normal a essa superfıcie com as linhas de forca;→B a

inducao magnetica. O fluxo magnetico atraves da superfıcie S e:

Φ =∣∣∣→B∣∣∣S. cosα (4.4)

A experiencia nos mostra o seguinte: se por um processo qualquer variar o fluxo , como

consequencia aparecera no condutor uma corrente eletrica. Esse fenomeno e chamado

inducao eletromagnetica. A corrente i que aparece e chamada corrente induzida. Portanto,

chama-se inducao eletromagnetica ao fenomeno pelo qual aparece corrente eletrica num

condutor, quando ele e colocado num campo magnetico e o fluxo que o atravessa varia.

E importante notar que a causa da inducao eletromagnetica e a variacao do fluxo. Se o

fluxo permanecer constante e nao variar, entao a corrente eletrica desaparecera.

4.2 Variacao de fluxo

A variacao do fluxo pode ser obtida, ou por uma variacao da inducao , ou por uma

variacao da area S, ou por uma variacao da superfıcie do campo. Na pratica, o que se faz

quase sempre e variar o campo, pois para isso basta girar o condutor dentro do campo

magnetico. Nesse caso, a variacao do fluxo e igual aquela descrita anteriormente.

4.3 Bobina de Ruhmkorff, ou bobina de inducao

A bobina de Ruhmkorff, tambem chamada bobina de inducao e um dispositivo que nos

permite obter alta tensao alternada, utilizando corrente contınua a baixa tensao. Consta

das seguintes partes:

1. uma bobina chamada primario;

2. uma bobina chamada secundario, enrolada por fora do primario;

3. um nucleo de ferro, colocado dentro do primario;

4. um interruptor de circuito chamado vibrador.

Em frente ao nucleo de ferro fica uma lamina de ferro A, mantida afastada do nucleo

por uma mola , que obriga a lamina A a girar em torno do ponto O e comprimir dois

contatos, B e C. Um destes contatos, B, e ligado a um dos polos de um acumulador. O

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4.3 Bobina de Ruhmkorff, ou bobina de inducao 20

Figura 4.1: Bobina de Ruhmkorff

segundo e ligado a um dos terminais do primario. O outro terminal do primario e ligado

ao segundo polo do acumulador. Quando se fecha essa chave, passa corrente pelo primario:

o nucleo de ferro se imanta e atrai a lamina A. Esta gira no ponto O, os contatos B e C se

separam, e o circuito se abre: deixa de passar corrente pelo primario. Mas, deixando de

passar corrente, o nucleo de ferro deixa de atrair a lamina A. Ela volta a posicao primitiva,

pela acao da mola, os contatos B e C tornam a unir-se, o circuito se fecha, e novamente

passa corrente pelo primario. Ao passar essa corrente, a lamina A e atraıda, e o circuito

novamente se abre. Assim, enquanto a chave S permanecer fechada, o circuito do primario

fecha e abre alternadamente. A lamina A fica vibrando. O conjunto da lamina A, mola,

contatos B e C e nucleo de ferro e chamado vibrador.

Examinemos o que se passa no secundario enquanto o circuito do primario abre e

fecha. Quando o circuito se fecha, a corrente do primario nao passa bruscamente do

valor zero ao maximo; ela vai aumentando continuamente. Entao, o campo magnetico

produzido por essa bobina vai tambem aumentando. E o secundario, estando em um

campo magnetico variavel, sofre inducao eletromagnetica: aparece entre os terminais do

secundario uma diferenca de potencial. Quando o circuito do primario abre, a corrente

tambem nao passa bruscamente do valor maximo a zero, mas, vai diminuindo continua-

mente. Entao, o primario produz um campo magnetico que vai diminuindo, e o secundario

sofre inducao eletromagnetica. Mas, a diferenca de potencial que aparece entre os extre-

mos do secundario quando a corrente do primario esta aumentando tem um sentido, e tem

sentido oposto quando essa corrente esta diminuindo, por causa da lei de Lenz. (Explique

o leitor com mais detalhes como se aplica a lei de Lenz neste caso). Isto e, a diferenca de

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4.4 O oscilador de Hertz 21

potencial obtida no secundario e alternada.

A bobina de Ruhmkorff tem uns 25 centımetros de comprimento, que, com um acu-

mulador de 6 volts, da, no secundario, diferenca de potencial alternada de 30.000 volts.

Essas bobinas dao diferencas de potencial de dezenas de milhares de volts. Ligando-se

uma ponta e um disco aos terminais do secundario, obtem-se entre eles faıscas de varios

centımetros de comprimento, no ar .

As bobinas de Ruhmkorff tem bastante aplicacao nos laboratorios, porque sao de

simples construcao, facil manejo, e robustas. Elas sao usadas nos automoveis, para for-

necer alta tensao as “velas” do motor, para que essas velas deem faıscas que provocam

a combustao da gasolina. Pelo fato de fornecerem faısca para iniciar a combustao, nos

automoveis sao conhecidas por “bobina de ignicao”.

4.4 O oscilador de Hertz

O primeiro oscilador foi construıdo em 1879 pelo fısico alemao Heinrich Hertz. Con-

sistia em duas esferas metalicas, colocadas a certa distancia, de maneira que funcionavam

como armaduras de um condensador. A elas eram presos dois fios metalicos que tinham

nas outras extremidades as pequenas esferas, mantidas proximas. Em paralelo com as

esferas era ligada uma bobina. As esferas eram ligadas a uma bobina de Rumkhorff.

Quando a bobina de Rumkhorff funciona, estabelece uma diferenca de potencial entre

os pontos, e, portanto, salta entao uma faısca entre no secundario, e se fecha o circuito

oscilante constituıdo pelas esferas , e a bobina. A corrente que passa nesse circuito emite

as ondas eletromagneticas. Depois, a diferenca de potencial fornecida pela bobina de

Rumkhorff vai diminuindo; a faısca se extingue, e o circuito oscilante se abre. Novamente,

a bobina de Rumkhorff comeca a aumentar a diferenca de potencial, e o fenomeno se

repete.

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22

5 Os equipamentos

O Pe. Landell obteve tres patentes nos Estados Unidos a patente no 775.846 telegrafo

sem fio, a patente no 775.337 telefone sem fio e patente no 771.917 transmissor de ondas.

Os dois primeiros misturam optica e o faiscador (centelhador) o ultimo e basicamente o

faiscador. Seus inventos os primeiros obtiveram as patentes em 22 de novembro de 1904 e

ultimo em 11 de outubro de 1904. Embora os dois primeiros misturem o faiscador que e um

gerador de ruıdo de larga faixa com um equipamento que modulava voz sob luz e, portanto

empregava ambas as tecnologias apresentadas neste capıtulo. Estes foram definidos aqui

como equipamentos opticos. Isto e uma gafe praticada em muitas analises dos inventos

do Pe. Landell. Porem, para comparar foi necessario usar esta analise simplista. Ja

o ultimo e mais facil, pois se trata somente do faiscador e por isto transmitia ondas

eletromagneticas fora campo visıvel.

No comeco Nikola Tesla, Guglielmo Marconi e Landell de Moura produziam variacoes

do centelhador de Hertz no Transmissor. No receptor utilizavam o coesor de Branly ao

inves do dipolo de Hertz. Assim como nas consideracoes acima o invento que mais se

aproximou do Radio corno conhecemos foi o de Marconi. Isto e reflexo dele ter fundado a

empresa Marconi Wireless Company. Estes logo progrediram para o sistema de sintonia

Figura 5.1: Ideia de apresentacao

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5.1 O centelhador 23

em amplitude modulada (AM).

5.1 O centelhador

Ao observar o primeiro transmissor centelhador spark gap se verifica que sua simpli-

cidade nao permitia grandes variacoes em seu desenho lay out.

5.1.1 O transmissor

Pode-se ver que ele era formado por um manipulador, uma bateria, uma bobona de

Ruhmkorff, duas esferas centelhadoras um condensador feito com placas de vidro e placas

de metal galvanizado e uma antena. Estes Inventos sao proximo do wave transmiter do

Pe. Landell, porem se observar a patente de Marconi nos Estados Unidos ela esta mais

proxima das experiencias de Hertz do que da patente do wave transmiter. Replicas dos

equipamentos patenteados por Marconi e a experiencia de Heinrich Hertz com centelha-

dores podemos notar a semelhanca. A diferenca esta no coesor de Branly no receptor.

5.1.2 O receptor

Ao se observar o diagrama da estacao de recepcao de ondas eletromagneticas desen-

volvidas por Oliver Lodge em 1894.

O receptor com seus componentes:

1. Coesor ou detector

2. Dispositivo para causar a descoesao por percussao

3. Bateria

4. Rele

5. Registrador Morse

5.1.3 O trabalho de Marconi

Algumas consideracoes sobre a primeira etapa do trabalho de Marconi e seu assessor

Fleming leva a crer que o carater eminente pratico de Marconi foi decisivo para o sucesso

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5.1 O centelhador 24

Figura 5.2: Transmissor de Marconi com a antena

de suas invencoes. O fato de ele ter se associado a fısicos Ingleses de renome tambem

ajudou suas ideias terem credibilidade.

O radiador de ondas de Marconi diferiu do de Hertz em um modo. O radiador de

Marconi possuıa um fio vertical longo, preso a uma das esferas do centelhador e a outra

a terra. Considerando a producao de tensao eletrica do radiador de Marconi em termos

da teoria do eletron. Oscilacoes rapidas geraram as linhas de tensao eletrica e a abertura

de faısca, mas porque uma esfera centelhadora e fundamental, estas tensoes eletricas tem

que terminar em eletrons ou ”co-eletrons”(partıculas com valores positivos, quer dizer,

ıons) na superfıcie da terra, enquanto formando semicırculos.

Assim, as ondas eletromagneticas nao podem se dissipar completamente, desde que

as bases delas foram ancoradas os eletrons e co-eletrons que mudam a superfıcie da terra.

Como resultado, a terra se tornou um guia de onda enorme.

Esta teoria de guia de onda poderia explicar por que o Fleming nao descartou o projeto

de Marconi em telegrafia (de telegrafia sem fios transatlantica), porque a teoria tornou

isto possıvel (pelo menos teoricamente) para ondas eletromagneticas viajarem ao redor da

superfıcie curvada da terra. Ate mesmo na conferencia 1903, Fleming notou que a difracao

ou curvatura das ondas eletromagneticas ao redor da terra, proposto pelo matematico

britanico H. M. Mac Donald, era possıvel de modo que poderiam ser transmitidos sinais

sem fios transatlanticos.

”a telegrafia com Ondas Hertzianas nao e simples como de uma onda no

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5.1 O centelhador 25

Figura 5.3: Regra da mao direita

espaco, mas a transmissao de um semi- ciclo de tensao eletrica com sua”base”conectada a terra e possıvel que uma perturbacao do eter poderiaser feita na Inglaterra suficientemente poderosa para ser sentida na NovaZelandia”(Fleming, 1903).

5.1.4 A participacao de John Ambrose Fleming nos inventos deMarconi

Fleming e o inventor da valvula diodo e colocou o nome valvula, pois a corrente passa

apenas em um sentido. Marconi era um grande pratico e conseguia colocar suas descober-

tas em funcionamento mesmo antes de seus assessores conseguirem provar teoricamente.

A diferenca de tempo entre suas experiencias e suas publicacoes tecnicas leva a crer nisto.

John Ambrose Fleming grande fısico ingles tornou-se assessor tecnico de Marconi este

teve participacao direta nos feitos como a transmissao transatlantica dos SSS. O Prof.

Fleming e o inventor da regra da mao direita para o magnetismo. A regra da mao direita

pode ser utilizada em todo o produto vetorial no espaco plano. O produto sempre sera

perpendicular a este plano.

Marconi optou pela telegrafia utilizando o centelhador de Hertz. Com uma extremi-

dade aterrada e a outra conectada a uma antena no transmissor e o coesor de Branly no

receptor. Suas tentativas desde o inicio foram no sentido de estabelecer contato entre os

Estados Unidos e a Inglaterra. Portanto voltado aos interesses comerciais da epoca.

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5.1 O centelhador 26

5.1.5 A patente de Nikola Tesla

Nos Estados Unidos outro proeminente cientista Nicola Tesla efetuava estudos de

transmissao de energia a distancia.

Ja em 1892, Nikola Tesla criou o desenho basico para radio. No dia 8 de novembro de

1898 que ele patenteou um radio controle o robo-barco (figura 5.4). Tesla usou este barco

que era controlado por ondas de radio na Exibicao Eletrica em 1898, Madison Square

Garden. O robo-barco de Tesla foi construıdo com uma antena que transmitia as ondas

de radio que vem do posto de comando onde Tesla estava operando. Essas ondas de radio

eram recebidas por um dispositivo sensıvel chamado coesor coherer que transformava as

ondas de radio em movimentos mecanicos das helices no barco. Patent No. 613,809.

Tesla mudou a direcao do barco, com controles manualmente operados no posto de

comando. Considerando que esta foi a primeira aplicacao das ondas de radio, fez a notıcia

de primeira pagina, na America, naquele momento.

A maioria de nos pensa em Guglielmo Marconi como o pai de radio, e Tesla e desco-

nhecido no seu trabalho de radio. Marconi reivindicou todas as primeiras patentes para

radio, algo originalmente desenvolvido por Tesla. Nikola Tesla tentou provar que ele era

o criador do radio, mas nao foi ate que em 1943, as patentes de Marconi foram julgadas

invalidas; porem, muitas pessoas ainda nao tem nenhuma ideia sobre o trabalho de Tesla

com o radio.

Sabe se que Marconi, no principio, atribuıa ao tamanho da antena a capacidade de

atingir maior distancia de transmissao. Na replica do transmissor de ondas de Landell

ve-se uma antena de aproximadamente 60 a 70 cm. Marconi no inıcio utilizava pipas

para subir suas antenas. Transmissao entre a Inglaterra e Franca. Em estudos sobre sua

transmissao transatlantica a frequencia foi proxima de 75 kHz. Como o centelhador e

um gerador de ruıdo de largo espectro acredita-se que a antena determinava a faixa de

transmissao. Neste pensamento o transmissor de Landell operava em frequencias mais

altas. O que tornava sua transmissao mais restrita em relacao a distancia. Devido as

frequencias mais altas serem mais direcionais. Elas tambem perdem a capacidade de

contornar obstaculos. O Wave Transmiter de Landell utilizava uma antena muito menor

do que a de Marconi conforme foto da replica da FEPLAM.

Este e o principal ponto que tornava os inventos de Marconi tao atrativos aos inves-

tidores. Naquela epoca nao havia interferencia nem ocupacao de banda. Todo o espectro

estava disponıvel. Comercialmente o que interessava era a tecnologia que cobrisse a maior

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5.1 O centelhador 27

Figura 5.4: Barco robo de Tesla

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5.1 O centelhador 28

Figura 5.5: Wave transmiter FEPLAM

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5.1 O centelhador 29

distancia possıvel. O fato dos inventos de Landell transmitirem a voz humana nao su-

perava de forma relevante a distancia. Naquela epoca era facil conseguir operadores que

trabalhavam com o codigo Morse.

A outra vantagem de utilizar o manipulador Morse e que quando acionado ele despeja

toda a potencia na bobina. O interruptor fonetico provocava uma perda em relacao

ao manipulador Morse, pois, muitas vezes os contatos encostavam-se por pouquıssimo

tempo o que produzia uma faısca menor no centelhador. Os inventos de Landell sempre

apresentavam as duas opcoes. No caso do transmissor de ondas o interruptor fonetico

e o manipulador Morse. O detalhe da frequencia pode tecnicamente ter influenciado os

investidores a apoiar o projeto de Marconi.

5.1.6 Consideracoes

Marconi atingiu seus objetivos e suas descobertas se difundiram pelo mundo. Porem

e necessario dar aos tres inventores o mesmo tratamento. Nikola Tesla e Landell nao

possuıam assessores como Marconi. Embora Tesla possua corno financiador J.P. Mor-

gan um grande banqueiro americano suas descobertas tinham mais objetivo tecnico que

comercial. Ja Marconi em alguns relatos ja operava seus inventos antes mesmo de teori-

camente serem analisados. Esta foi a maior virtude de Marconi. Devido ao seu excesso de

praticidade foi que ele se tornou o unico a prosperar dos tres inventores. Os equipamen-

tos de Marconi tiveram sucesso como produto. Ja os de Tesla (Radio Controle) e Landell

(Telefone sem fio) necessitariam de adaptacoes para obter exito comercial

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5.1 O centelhador 30

Figura 5.6: Esquema eletrico do Wave transmiter

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5.2 Os equipamentos Opticos 31

5.2 Os equipamentos Opticos

5.2.1 O Photophone de Graham Bell

5.2.1.1 O Photophone e as primeiras teorias da luz.

A primeira tentativa de um inventor executar uma tarefa que os lasers executam hoje

foi no ano 1880. O inventor americano Alexander Graham Bell executou uma experiencia

que mostrou como a luz poderia ser usada para levar a voz de uma pessoa de um local

para outro. Para realizar isto, Bell usou um dispositivo por ele chamado photophone que

consistiu em um espelho fino para transmitir e um receptor que poderia receber a luz,

alguns arames, e um receptor do telefone. Bell colocou o espelho de forma que luz solar

refletida fosse de sua superfıcie e viajasse mais de cem pes (um pe = 03848 metros) ao

receptor. Quando um raio atinge o espelho delicado este vibra ligeiramente com a voz

de uma pessoa. Isto provoca as oscilacoes na luz solar que e refletida para o receptor.

O receptor recebe as vibracoes claras entao em um sinal eletrico que viaja pelos fios ao

receptor do telefone.

O photophone de Alexander Graham Bell, e uma tentativa crua, mas engenhosa para

transmitir de forma clara a voz humana. Infelizmente o photophone nao trabalhava muito

bem. O receptor de Bell estava muito cru comparado a outros. Tambem, o dispositivo

confiou em luz solar que varia em brilho de hora a hora e a cada dia. Obviamente, em

dias nublados ou a noite o dispositivo nao pode ser usado. Bell tambem teve que lidar

com o fato que os cientistas naquele momento ainda nao conheciam o bastante o para

usar seu poder. O que eles souberam sempre era aquela luz viaja a uma velocidade fixa

que e aproximadamente 186.000 milhas (300.000 quilometros) por segundo. Isto e tao

rapido que um feixe de luz pode correr ao redor da terra quase sete vezes em um segundo.

Mas para usar luz como uma ferramenta nao era bastante saber quao rapido viajava a

luz. As pessoas tambem precisaram saber de que luz e feita. Por volta de 1600 o cientista

ingles Isaac Newton tinha sugerido que luz era composta de partıculas minusculas. Esta

explicacao foi aceita como a teoria de partıcula de luz. Ao mesmo tempo, cientista

holandes Christian Huygens disse que a luz poderia ser composta de ondas, semelhante

as ondas do mar que rolam sobre uma praia.

Entrevista de Bell sobre o Photophone traduzida do Jornal Daily Evening Traveller

de 1o de setembro de 1880.

O Photophone.

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5.2 Os equipamentos Opticos 32

Figura 5.7: O Photophone de Graham Bell

”Professor Bell, O que o senhor acredita que sera o futuro do pho-tophone?E muito cedo para falar ainda”, ele respondeu,”mas, eu vejoseu futuro na pratica entre navegantes, Para comunicacao de navios emmar; para comunicacao entre o farol e o navio, ou entre navios danifica-dos e as pessoas na costa. Eu tambem vejo para meios transmissao demensagens em tempos de guerra, quando as linhas de telegrafo caırem eo paıs e devastado, e onde outras formas eletricas falharem. Eu tenho umgrande sentimento de confianca”, continuando Professor Bell, ”na possi-bilidade da producao de sons interrompendo a acao de luz sobre o selenioeu anunciei esta possibilidade dentro da conferencia e entregou antes doInstituto Real de Gra Bretanha em maio, 1878. Justo depois disto euouvi o anuncio por Sr. Willoughby Smith, antes da Sociedade de Enge-nheiros Telegraficos, que ele tinha ouvido a acao do raio de luz que incidena barra de selenio cristalino, escutando tique em um telefone no seucircuito.Em sua conferencia, Professor Bell, voce falou de experienciascom o photophone e de ouvir conversas a uma distanciar de 213 me-tros. Quao longe e isto, por favor?”O Professor sorriu de forma brandaa esta pergunta nao cientifica e respondeu suavemente ”Um metro sao39 polegadas.”O entrevistador procedeu um rapido calculo mental , echegou a conclusao que 213 metros sao aproximadamente 143 pes. ”Nosestavamos fora daqui, toda a tarde, [esta entrevista aconteceu ontem anoite] experimentando com o photophone.”Continuando Professor Bell,”o aparato que esta nesta casa, [onde e sediada a Associacao e o Insti-tuto de Tecnologia] e o Instituto de Tecnologia. Nos nao pudemos ouviro aumento natural de jeito nenhum atraves do ar,”. ”A experiencia

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5.2 Os equipamentos Opticos 33

foi satisfatoria, Professor?Ela troxe a maior satisfacao ao cientista queesta aqui”. As condicoes eram boas, e o resultados tiveram exito. ”Ossons articulados eram distintos”, continuou o Professor, ”para aquelesfamiliarizados com a articulacao do telefone. Certamente um pouco depratica e necessario para isso. Mas esses que prontamente compreen-dem a pronuncia no telefone prontamente entenderam a pronuncia nophotophone”.

Embora seu principio seja muito proximo do funcionamento do Wireless Telephone de

Landell, nao se tratam do mesmo equipamento. Como podemos ver na foto um espelho

re-dirigia os raıos de sol que passavam por um conjunto de lentes que focavam a energia

da luz solar em uma pequena e fina lamina de cristal que estava acoplada a um bocal que

vibrava e refletia de varias maneiras a luz solar que era enviada ao receptor que naquela

epoca so poderia ser um cristal de selenio. O seu funcionamento era muito simples e por

isto em alguns artigos citam como empecilho, a seu sucesso como produto, as condicoes

do tempo, pois ele necessitava da luz do sol e era pequeno o tempo de uso, pois funcionava

razoavelmente somente proximo do horario do meio dia. Em alguns artigos os investidores

alegavam que a nitidez do som recebido nao era uniforme durante o tempo de transmissao.

A voz por algumas vezes cortava o que para eles indicava que o invento necessitava de

aprimoramento.

5.2.2 O sistema de Ernest Ruhmer

A distancia para a qual Bell pode propagar as variacoes claras que representam a voz

humana, nao era mais de alguns cem pes, recentes melhorias no sistema por Herr Ernest

Ruhmer resultaram na transmissao de fala uma distancia de varias milhas. Isto se tornou

possıvel pelo avanco notavel da eletro-fısica durante os ultimos anos. Prof. H. T. Simon

averiguou que um arco-luz ordinario pudesse reproduzir fala articulada mais claramente e

distintamente que qualquer fonografo, sobrepondo uma corrente alternada fraca em uma

corrente direta pesada. O diagrama ilustra uma forma do metodo pelo qual isto pode

ser realizado. Um telefone ordinario transmissor e bateria estao em serie conectados com

o primario de uma inducao pequeno enrolamento; o enrolamento secundario dianteiras

pelos condensadores, para os carbonos opostos que formam os eletrodos para o arco-

luz; o posterior e produzido por 50 volts direto de um gerador ou que ainda e melhor

uma bateria de armazenamento. Quando o arco que fala ou ”arcophone”e operado, a

voz causa ondulacoes no para variar a resistencia do transmissor da maneira habitual; a

corrente da bateria, assim variado, energiza o enrolamento primario, enquanto montando

correntes alternadas no enrolamento secundario. Os condensadores produzem nenhum

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5.2 Os equipamentos Opticos 34

Figura 5.8: Diagrama do Telefone Fotoeletrico de Ruhmer

efeito apreciavel na forma de onda da corrente que e sobreposta na corrente do gerador

que flui pelo circuito formado dos carbonos, o arco-luz, e o gerador. Porem, o objetivo dos

condensadores e impedir a corrente direta de fluir no transmissor e queima-lo. A corrente

sobreposta, porem fraca, varia a resistencia do arco, e isto produz uma mudanca em sua

temperatura que se da sob a troca de ondas sonoras. Outra funcao importante do arco

que fala esta conectada com o fato que tambem ha uma variacao da intensidade da luz que

emite. E este subproduto, como seja do arco que fala que Ruhmer emprega no telefone

fotografia-eletrica dele um dispositivo que em todos os outros cumprimentos e baseado no

photophone de Bell original. No sistema de Ruhmer, o arco que fala e colocado no foco de

um refletor parabolico, de onde seus raios sao dirigidos ao receptor distante. Quando os

dois estiverem em alinhamento perfeito, a voz da pessoa sera distintamente audıvel dentro

do outro. O arranjo leva a forma mostrada no diagrama. Com a descricao ja dada do arco

que fala e a celula de selenio, e os detalhes de operacao serao entendidos prontamente.

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35

6 O Wireless Telephone

A patente no. 775.337 reproduz o equipamento que sintetiza a grandiosidade dos

trabalhos do Pe. Landell de Moura. O equipamento que funcionava como transmissor

e receptor podia transmitir voz de maneira aceitavel com boa qualidade. Porem ele

intercalava recursos de telefonia sem fio e telegrafia sem fio. Este aparelho contem a

essencia do trabalho de Landell, mas nao existem prototipos e sua descricao tecnica e vaga.

Em varios livros e artigos vemos a traducao do anexo que explicava o funcionamento do

equipamento patenteado. Pelos relatos se tratava de um equipamento que funcionava bem.

Outra duvida e se este seria exatamente o equipamento que efetuou as transmissoes em

Sao Paulo nos meados de 1893. Neste ponto faz-se necessario a consulta aos documentos

originais do Pe Landell. Vejo que a maioria das publicacoes tenta nao acrescentar dados

a este que e o principal equipamento desenvolvido pelo Pe Landell. Talvez a existencia do

tubo de Crookes dificulte seu entendimento. Alguns alegam que este seria o nascimento

da valvula. O equipamento que no site os inventores do radio da Unicamp e citado:

Este transmissor com modulacao de luz e deteccao por celulas de selenionao fora contudo uma inovacao de Landell, mas de Bell, atraves do”photophone”, que utilizava de espelhos moveis. Bell nao levou o projetoadiante dado ao pequeno alcance atingido e acabou por nao ver uma uti-lizacao pratica daquela invencao. Landell, com sua enorme criatividadedeu poder ao Radio de Luz, utilizado por Bell, utilizando uma potentefonte geradora de luz, atraves do arco voltaico, concentrando os raiosgerados a partir do foco de uma superfıcie parabolica, redirecionando-osperpendicularmente ao eixo que une o foco da superfıcie parabolica aoseu centro. Com isso conseguiu aumentar consideravelmente a distanciade transmissao, comparado com alguns metros conseguidos por Bell,com seu ”photophone”.(UNICAMP, 2000)

O equipamento e bem mais do que o texto acima propoe. Dizem algumas literaturas

que Pe Landell descontente com o descaso das pessoas, principalmente o governo Brasi-

leiro, se desfez de seus inventos. Como estes nao ficaram com o departamento de patentes

dos Estados Unidos nao se possui nenhum prototipo para analisar.

O equipamento era dividido em dois. O receptor e o transmissor. Estes eram divididos

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6 O Wireless Telephone 36

em dois tambem, o sistema de voz e o sistema telegrafico. Deixando se de lado o que ja

foi escrito em outras literaturas sinteticamente e descrito seu funcionamento.

Observando o equipamento em seu circuito eletrico vindo da esquerda para a direita.

O primeiro bloco e o receptor telegrafico este possuıa tres opcoes de funcionamento que

eram selecionados pela chave 76 nas posicoes A (Uivador), B (Coesor) e C (Registrador

Morse). Segundo Pe Landell quando o aparelho ficava em espera era colocado na posicao

A, pois qualquer tentativa de comunicacao ele emitia um som de campainha avisando seu

operador.

Ao centro tem-se um wave transmiter com um manipulador telegrafico que era uti-

lizado para transmissoes em codigo Morse. Neste ponto pode se enfatizar que nao ha

antena conectada ao sistema. Se seguir o circuito ele se conecta de um lado a coroa de

fios que ficava ao redor da ampola de Crookes. O outro lado era aterrado. A superfıcie

parabolica que envolvia o sistema formado por uma coroa de fios tambem.

Entao nem o receptor e nem o transmissor Morse do Wireless Telephone possuıa

antena e se utilizavam desta peca desenvolvida por Landell. Ao centro estava a ampola

de Crookes com gas rarefeito que poderia emitir ondas provavelmente na frequencia dos

raios x. Esta ampola devia ser excitada cada vez que se formava uma alta tensao entre

a coroa e a carcaca refletora. Isto provocava centelhamento na bobina de Rumkof ligada

a ela. Seria como um processo de realimentacao, pois logo apos a centelha formada a

ampola devia emitir novo feixe de ıons ate o equilıbrio. O equilıbrio era obtido ajustando

a distancia entre as esferas centelhadoras. Por outro lado a chegada de raios actineos ou

raios x a parabola contribuia para um novo disparo se o equipamento estivesse com a

chave comutada para receptor. A sensibilidade do sistema e visıvel, pois nao ha antena

e, portanto o coesor ou o uivador eram excitados pela ampola e sua coroa de fios. O

sistema de transmissao de voz era totalmente independente e so necessitava da celula de

Selenio, da fonte de luz actinea e da folha de quartzo que vibrava com a voz. Porem

somente uma viajem no tempo revelaria se a ampola atuava em conjunto com a celula de

selenio ou nao. Mesmo que se montasse um prototipo este poderia ser proximo ao que Pe

Landell montou ou poderia nao ser gerando conclusoes erradas. O que se pode dizer sem

sombra de duvidas e que este equipamento era muito mais complexo tecnicamente do que

os desenvolvidos por Marconi e Rhumer. O que permite dizer que Pe Landell transmitiu

a voz sem fios muito antes de Marconi e Tesla que na mesma data transmitiam somente

impulsos de comando ou telegraficos. Conforme foi dito Pe Landell afirmou que para

pequenas distancias seu aparelho nao necessitava da celula de selenio. Bastava desligar a

ventoinha no equipamento receptor. Esta afirmacao demonstra a sensibilidade da lamina

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6 O Wireless Telephone 37

de quartzo que poderia ser utilizada como receptor e transmissor.

Abaixo se reproduz a traducao da patente do Wireless Telephone publicada no livro

de Ernani Fornari. A figura 6.1 e o esquema eletrico do equipamento citado no texto como

figura 1, a figura 6.2 e o corte do desenho do equipamento no texto citada como figura

2, as Figuras 3 e o detalhe frontal da grelha e a 4 e o detalhe do ”Uivador”nao foram

reproduzidas.

O objeto da minha invencao e transmitir e receber mensagens, a distancia, por meio de

sons e ondas eletricas, correspondentes a palavra articulada sem auxilio de fios. Nos desenhos

anexos, cada numero indica sempre a mesma peca. A Fig. 1 e o diagrama do aparelho, seja

para uma estacao transmissora seja para uma estacao receptora. A Fig. 2 e um corte de certas

partes do aparelho. A Fig. 3 e uma vista de frente, A Fig. 4 e um corte do dispositivo que

se destina a reforcar as ondas sonoras na recepcao dos sinais. Tal aparelho, de um modo geral,

consiste num conjunto de elementos capazes de receber e transmitir sons vocais e palavras, e

inclui um sistema de sinalizacao para atrair a atencao do operador. Este sistema de sinalizacao

esta aqui indicado simplesmente para mostrar a sua ligacao com o telefone. Um pedido parcial de

prioridade a respeito dele foi apresentado em 16 de janeiro de 1902, sob n◦ 89 976. Considerando

primeiramente a transmissao e a recepcao telefonicas, e referindo-se particularmente a Fig. 2, a

base (1) serve de apoio a um cilindro (2), sobre o qual desliza telescopicamente outro cilindro

(3), ajustavel por meio de uma manivela. (4), um eixo e um pinhao (5), que permitem Imanta-lo

e baixa-lo a vontade. Sobre o cilindro 3 e que esta disposto o transmissor (C).. Um telescopio

(6), uma bussola (7) e um nıvel (8) acham-se montados sobre este transmissor, a fim de o

mesmo poder ser apontado na direcao de qualquer estacao distante. Um tubo (9’) ramifica-se

na extremidade inferior em duas extensoes, providas de um bocal (9) e um fone (10); liga-se o

mesmo a outro tubo (12). Ambos esses tubos sao conectados a extremidade inferior isolada de

um tubo (15). . 0 tubo 12 possuı uma valvula que abre para cima (14), e tem, em sua parte mais

baixa meios para. Produzir uma corrente de ar, por forca de um ventilador (11) encerrado na

camara E. Quando alguem faz funcionar o ventilador (que trabalha sob acao de corrente eletrica),

e fala pelos bocais 9 ou 10, logo uma corrente de ar abre a valvula 14 e segue, juntamente com os

sons emitidos em 9, atraves do tubo 15. As ondas sonoras, Com a corrente de ar, sao projetadas

pelo funil (16) sobre o defletor (17), e por este sao impulsionadas para frente, dentro do corpo

da peca C que tambem e atravessada interiormente pelo feixe luminoso complexo proveniente

da fonte (18). Em 17, mostro uma placa de quartzo, adequadamente adaptada e suscetıvel de

ajustamento pelos parafusos (24). 18 e uma fonte luminosa, de preferencia uma lampada de

arco, cuja luz e rica em raios violetas. Em 19, esta um espelho, constituıdo de um dorso (20),

que pode ser de metal polido ou de vidro, e de forma parabolica, para que reflita somente os raios

actinios ou violetas. Nao me limito a essa especie de luz, ou aos meios indicados para tornar.

Seus raios paralelos, ou aos meios especiais para eliminar todas as radiacoes fora das faixas

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6 O Wireless Telephone 38

Figura 6.1: Esquema eletrico do Wireless Telephone

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Figura 6.2: Corte Lateral Wireless Telephone

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6 O Wireless Telephone 40

dos raios violetas ou actinios, pois quaisquer meios podem ser empregados desde que produzam

raios violetas ou actinios, ou lhes aumentem a intensidade. Por tras do espelho e a intervalos em

volta do corpo do transmissor, ha aberturas de ventilacao (22 e 23), sendo a ultima provida de

anteparo (26) para vedacao da luz. O referido corpo e formado de duas pecas (110 e 111) - (108 e

109), estas funcionando. juntas, telescopicamente. A placa de quartzo (17) pode ser substituıda

por outras substancias que nao so possam desviar as ondas sonoras e sejam, no mesmo tempo,

ressonantes, mas ainda permitam a passagem dos raios violetas ou actineos da luz. As ondas

sonoras, trazidas pela corrente de ar que chega, sao projetadas contra o defletor (17), atraves

do funil (16). Uma grelha (25), de placas metalicas de pouca espessura, e cobertas essas placas

de negro-de-fumo (fuligem), cruzada: entre si, dividem a luz em feixes paralelos o que a meu

ver aumenta a eficiencia do aparelho. A peca 25 (Fig. 2) e isolada em suas extremidades, como

tambem a sua ultima placa metalica central, na qual se ajusta a. Peca D. A peca 25 da Fig. 1

e eletricamente ligada com os fios 44 e 39 por dois fios isolados, que passam atraves do centro

da camisa isolada que existe entre as duas paredes metalicas, que, movendo-se telescopicamente

uma na outra, constituem a peca D. Os dois fios conectores, assim como a peca 25, nao tem

comunicacao com as paredes exterior e interior da peca D. A placa 17, como foi mencionado,

e em todos os casos construıda de modo a nao obstruir a passagem dos raios violetas, Isto e

importante, pois minha descoberta consiste em que, por meio dos raios actineos de luz, as ondas

sonoras os modulam. podem ser transmitidas a distancias consideraveis. (O grifo e nosso.) No

eixo longitudinal do corpo transmissor outra estrutura menor, que e o corpo do receptor (29),

tendo na parte interna uma extremidade curva que contem o refletor (30), preferentemente de

metal. O referido corpo do receptor e mantido em seu lugar por aparafusamento a um suporte

filetado (28) que existe no tubo vertical (15). No foco do espelho (30) existe uma peca semi-

esferica (32) hermeticamente fechada e com vacuo interior, coberta de quartzo ou de qualquer

outra substancia permeavel aos raios violetas, e contendo uma placa ou grelha de selenio (40),

em posicao vertical. A celula de selenio dispoe dos bornes 41 e 42, e mais um terceiro (52),

que e usado, as vezes, com um fio de terra, pelo qual sao eliminadas as descargas estaticas

indesejaveis. (0 grifo e nosso.) A celula de selenio e seus acessorios sao fixados pela haste isolada

53 ao suporte 78. Dois aparelhos, como 0 da Fig. 2, ajustados um diante do outra e a uma

distancia relativamente curta, podem ser usado para transmitir e receber acusticamente - quer

dizer, sem o telefone (50) e tambem sem a cooperacao da placa de selenio (40). Entao, para

transmitir, o operador, depois de por em funcionamento 0 ventilador (11) e a luz de 18 (Fig. 2),

falara atraves de um dos bocais 9 ou 10, fechando o outro. Para receber, parara o ventilador e

levara os bocais 9 e 10 aos ouvidos. O ventilador so e usado na transmissao. O aparelho, nesse

ensejo, trabalha baseado nos assaz conhecidos princıpios dos espelhos conjugados; e acho que a

adicao de certas qualidades de luz melhora os efeitos, assim na transmissao como na recepcao.

O aparelho assim considerado talvez nao tenha grande valor comercial, mas eu o reivindico,

porque, a bem dizer, constitui o transmissor de meu telefone sem fio, da mesma maneira que a

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6 O Wireless Telephone 41

minha celula de selenio, aqui descrita, constitui o seu receptor. No meu telefone sem fio - isto

e, com a cooperacao de meus dispositivos fotofonicos - minha luz clara actinea e absolutamente

necessaria. Eu digo - ”luz clara actinia”, isto e: luz composta de radiacoes claras e radiacoes

actinias, como a que e produzida por uma lampada de arco, ou por um vidro azul em frente

de uma fonte luminosa comum. Para transmitir a uma longa distancia, dou preferencia a luz

composta gerada numa lampada de arco, Para produzir raios actinios ou luz violeta, posso

ajustar interna ou externamente ao defletor 17 uma fina pelıcula feita de apropriada substancia

diafana. Assim, no alto do tubo 15 esta montado um receptor telefonico (50), ligado ao circuito

local (55), contendo uma bateria (51) e tambem incluindo a celula de selenio (40 - 50). E mais

do que sabido que a resistencia do selenio amorfo varia inversamente a quantidade de luz a que

esta exposto, aproximadamente. Descobri que essa resistencia varia mais particularmente de

acordo com a intensidade ou densidade dos raios violetas ou actinios, acusando com bastante

precisao a presenca dos mesmos. Neste aparelho, quando uma luz proveniente de estacao distante

atinge o selenio, a resistencia dele varia de acordo com as variacoes da intensidade da dita luz,

intensidade que, de seu turno, varia com as ondas sonoras que incidiram sobre a sua fonte, como

ja se descreveu; o receptor telefonico (50) reproduz esses sons com grande fidelidade. A pessoa

que recebe pode entao ouvir, utilizando-se do telefone (50), ou dos bocais 9 e 10 colocados

aos ouvidos. Neste ultimo caso, deve fechar a comunicacao entre as pecas 16 e 15 (Fig. 2).

Constitui fato singular e importante o seguinte: Se o receptor for completamente removido, e

nao empregar-se o selenio, ainda assim o aparelho reproduzira os sons, tal como foi descrito

acima, Acho isto uma descoberta importante, e considero-me em condicoes de lhe dar uteis

finalidades. (0 grifo e nosso). Montado no corpo 29 (Fig. 2) e no foco do espelho ha um tubo

de Crookes, ou lampada catodica (31). Uma serie de fios (35), em forma de coroa, envolve

a lampada e projeta sobre o espelho (30). As pontas desses fios sao dobradas para dentro,

umas sobre as outras, radialmente, em angulos retos com o eixo do corpo, e terminam num

pequeno circulo cujo eixo coincide com 0 circulo de seu suporte. Uma das extremidades desta

coroa e contraıda para receber em seu interior a celula de selenio. Estas duas series de fios sao

ligadas eletricamente uma com a outra e com os bornes 44 e 39. Elas tem comunicacao apenas

com um dos bornes da placa de selenio (40). Os bornes 38 e 43 sao destinados ao tubo de

Crookes, e os de numeros 39 e 44 a coroa de fios. O tubo Crookes e sustentado por uma haste

(53), montada num suporte (78), e e ligado a um oscilador (56 - Fig. 1), munido de acessorios

proprios, inclusive centelhadores (57) e condensador (59). A bateria primaria do oscilador esta

representada em 58, com um adequado interruptor (60). O centelhador, como um todo, esta

designado pela letra A. Quando 0 interruptor 60 e levado a posicao indicada, as centelha, que

passariam normalmente entre as esferas (57) dirigem-se para o tubo de Crookes, de maneira

usual. Os raios produzidos no tubo sao transmitidos em todas as direcoes, mas o que saem

diretamente e os que sao defletidos pelo espelho sao reunidos num feixe, juntamente com o da

luz composta. Em B (fig. 1), ve-se outro aparelho centelhador. A bateria (65) esta ligada pela

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6 O Wireless Telephone 42

chave transmissora (66) e pelo interruptor (70) com o condensador (67) e a bobina de Ruhmkorff

(68), tendo a distancia explosiva e centelhadores, como e de uso. Um dos centelhndores e ligado

a terra pelo fio 106, e o outro pelo fio 69’ aos pontos 34 - 35. Estando o interruptor (70) colocado

na posicao indicada, e a chave (66) - premida de acordo com um codigo preestabelecido, havera

uma descarga oscilatoria entre os centelhadores (69), e os, pontos 34 - 35 enviarao ondas etereas.

Acho que 0 refletor (”30) serve para tornar paralelas essas ondas ou, pelo menos, praticamente

paralelas, e para aumentar a distancia de transmissao, especialmente em se empregando ondas

curtas”, A chave 66 serve, assim, para enviar ondas correspondentes aos sinais Morse, ou outros

quaisquer, ou para chamada. Um coesor (71) esta ligado pelos fios 96 e 97 com os fios 39’ e com

a coroa de fios acima descrita. Esses fios agem como antenas, nao somente transmitindo, mas

recebendo as ondas hertzianas. O modo de usar tal coesor, para receber sinais, assim como o das

suas partes associadas, serao apreciados claramente atraves do relato de seu funcionamento. As

ondas que chegam sao remetidas ao coesor (71), como ondulacoes eletrostaticas ao longo dos fios,

a partir dos pontos 34, 35, 65 e 61, e produzem a sua coesao. A corrente da bateria (L) passa

entao atraves do coesor e dos enrolamentos da bobina de inducao (N), tambem para 0 eletroıma

(H), e efetua a descoesao do coesor (71). Da bobina N sao tiradas ligacoes para o ”chamador

harmonico”, ou ”uivador”(M), que descrevo a seguir: Consiste o mesmo num receptor telefonico

e num microfone colocados juntos, com uma coluna de ar interposta, de tal modo que, quando

um comeca a fazer vibrar 0 seu diafragma, logo faz vibrar o outro, e como estao ambos num

circuito fechado reagem mutuamente, para produzir um formidavel ruıdo, de consideravel altura,

capaz de servir para a chamada do operador. O ”uivador”esta representado separadamente na

Fig. 4. Com a chave 75, como se ve na Fig. 1, a corrente pode ser dirigida para a campainha

(100); mas com ela ligada para 103, o ”uivador”fica em circuito. Um registrador Morse (K) pode

tambem ser empregado, com sua chave propria (74), e ligado ao contato inferior da chave 75.

Suponha-se agora que o operador distante calque a sua chave de sinalizacao (66), produzindo

ondas etereas que serao lancadas das pontas dos fios 34 e 35. Tais ondas chegam, como foi

descrito, e vao atuar sobre a campainha 100 ou sobre o ”uivador”. M, chamando a atencao do

operador local. Este responde por meio de sua chave (66), e a conversa tem inıcio por meio

do bocal 9 e do fone 10, ou entao sinais telegraficos sao trocados com o auxılio das chaves

proprias, que podem ser ligadas diretamente ao ”uivador”, em se querendo. Para transmitir

os impulsos eletricos, o operador fecha o comutador 69’ sobre o terminal 69. Para recebe-los,

coloca a mesma chave no terminal 96 e fecha a chave 61. Para enviar sons articulados acende a

lampada e fala atraves de um dos bocais 9 ou 10 fechando o outro. Para recebe-los, fecha a chave

53 eleva o 50 ao ouvido, ou os dois bocais 9-10 fechando, nesse caso, a ligacao acustica entre

15 e 16, como foi dito acima. A bobina 56 serve para aumentar o potencial nas extremidades

dos fios secundarios, quando sao usados, juntamente com a outra bobina (68) atraves dos fios

secundario, com o intuito de telegrafar por meio das ondas eletricas e dos feixes luminosos, como

este amplamente explicado nas especificacoes das minhas aplicacoes de telegrafia sem fio, serie

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6 O Wireless Telephone 43

no. 89 976. Os fios 96 e 97 sao munidos de terminais comuns, e as partes H, k, 72 e 100 sao

conectadas a resistencias convenientemente calculadas. Com relacao a Fig. 4, o numero 88 e

uma caixa para conter carvao por tras do eletrodio 90, ajustavel por meio do parafuso 92 e da

porca 95; e 0 numero 86 e um diafragma de carvao, com uma mola de retencao (87). Interpoe-se

carvao granulado entre o dorso do eletrodio e o diafragma, como habitualmente, e fazem-se as

ligacoes atraves dos terminais 89. 0 numero 78 e outra caixa contendo o magneto-receptor 79,

que atua no diafragma 81 e dispoe dos terminais 80. As caixas 88 e 78 sao ligadas pelo tubo 82,

que transporta uma coluna de ar e tem um alargamento (83), com aberturas de pressao (84), que

tambem servem para expelir as vibracoes, Em alguns casos, as aberturas (84) podem ser feitas

numa extremidade, para que a coluna de ar forme uma coluna compacta. Quando se faz vibrar o

diafragma-receptor, a colima de ar vibra, e entao o diafragma-transmissor produz mudancas na

corrente do receptor, que reage, e assim por diante, harmonicamente, produzindo uma longa e

modulada nota musical, de altura cada vez maior e sustentada. Por esta descricao se verifica que

meu invento consiste, falando de modo geral, em projetar ondas quer eletrica, quer de natureza

ainda desconhecida (0 grifo e nosso), de alta forca de penetracao, entre estacoes, e imprimir, na

coluna assim estabelecida, as vibracoes correspondentes as ondas verbais. Neste sentido, descobri

que o som e perfeitamente transmissıvel e aparentemente receptıvel sem aparelhos especiais. Nao

afirmo que todas as ondas sonoras ou vibracoes produzidas por meu aparelho sejam limitadas ou

afetadas pela coluna luminosa, mas sim que todas as ondas sonoras que partem de um mesmo

local, e se transportam juntamente com esta coluna chega a estacao receptora. Pode ter havido

varias formas de concebe-lo, mas o que reivindico e a sua aplicacao. Peco tambem a prioridade

dos meios de tornar paralelos, todos os raios por meio de uma grelha, tais como os descrevi, e

de alguns detalhes da estrutura do ”uivador”.

Tendo assim descrito minha invencao, eis o que reivindico e desejo assegurar por Carta

Patente dos Estados Unidos:

1. ◦ - Um sistema de transmissao de ondas, um gerador de ondas, e uma grelha com as suas

partes recobertas de negro-de-fumo (fuligem), como foi descrito pormenorizadamente.

2. o - Um sistema de telefonia sem fio, um dispositivo para chamada, compreendendo um

microfone, um tubo que contem o referido microfone em uma extremidade e um receptor na

outra, e, ainda, um alargamento no tubo intermediario, entre as extremidades, e aberturas no

dito alargamento, para permitir a comunicacao entre o ar exterior e a coluna de ar interna, como

foi descrito pormenorizadamente.

3. o - Um telefone sem fio, compreendendo uma fonte luminosa comum, uma placa de

vidro colorida em violeta, para interceptar os raios luminosos e calorıferos da dita luz, quando

transmitindo os raios actineos, e ainda os meios para produzir sons vocais na passagem dos ditos

raios actineos, e um dispositivo receptor de luz controlada, sensıvel aos ditos raios actineos, como

foi descrito pormenorizadamente.

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6 O Wireless Telephone 44

4. ◦ - Um telefone sem fio, compreendendo uma fonte luminosa capaz de produzir raios

actıneos, outra fonte para gerar raios catodicos, justamente na passagem dos ditos raios actineos,

meios para produzir sons vocais na passagem dos ditos raios catodicos, e um dispositivo receptor

de luz controlada, para reproduzir os sons vocais supramencionados, tal como foi minuciosamente

descrito.

5. ◦ - Um telefone sem fio, compreendendo um aparelho de iluminacao comum, um tubo

de Crookes, meios para produzir sons vocais, adjacentes ao dito aparelho de Iluminacao e um

dispositivo para receber luz controlada, colocado a certa distancia, como foi descrito pormenori-

zadamente, 6. ◦ - Um telefone sem fio, compreendendo uma fonte de luz comum, meios de tornar

paralelos os raios de luz, uma fonte de luz catodica, meios para produzir sons vocais, ligados

a fonte de luz comum, e um dispositivo receptor de luz controlada colocado a certa distancia,

como foi descrito pormenorizadamente.

7. ◦ - Um telefone sem fio, compreendendo uma fonte de luz comum, meios de tornar parale-

los os raios da referida luz, uma fonte de luz catodica, meios para tornar paralelos estes seus raios,

uma grelha colocada na passagem da dita luz comum para modifica-la, um dispositivo acustico

para produzir sons vocais na passagem da dita luz assim modificada e um dispositivo receptor

localizado a certa distancia, e sensıvel a dita luz assim modificada, como foi substancialmente

descrito,

Em testemunho do que, assinei meu nome nestas especificacoes, em presenca de duas teste-

munhas subscritas.

(FORNARI, 1960)

ROBERTO LANDELL DE MOURA

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7 O resumo do trabalho

Apos se analisar os trabalhos dos cientistas observa-se os seguintes pontos a ressaltar:

1. Da teoria de antena tem-se que para o dipolo de meia onda sua construcao baseia-se

no comprimento de onda. Isto significa que para o sinal de 75 kHz da primeira

transmissao de Marconi o comprimento de onda e:

λ =3× 108

75× 103(7.1)

λ = 4.000m

logo a antena poderia ser λ/2, λ/4ouλ/8.

Fazendo-se um calculo inverso para o Transmissor de ondas de Pe. Ladell com uma antena

de 0,7 m tem-se aproximadamente 430 MHz a 53.5 MHz.

Ao se colocar uma centelha que pode ser considerada como um ruıdo de faixa larga no

dipolo este determinara sua frequencia de transmissao e seus multiplos.

2. Mais o fato da irradiacao apresentado acima temos da formula de Friis no modelo de

espaco livre. A atenuacao dada por:

L =4× π × d

λ(7.2)

logo quanto maior o comprimento de onda menor a atenuacao.

3. Do livro de Luiz Claudio Esteves - Antenas - Teoria Basica e Aplicacoes na sua pagina

146 temos os seguintes dizeres:

Aplicacoes nas faixas de VLF e LF A superfıcie terrestre comporta-se, na faixa de 3 kHz a 300 kHz (VLF a LF), praticamente como umcondutor perfeito. Alem deste fato, sabe-se que as ondas de superfıcie(ondas terrestres - sobre a superfıcie da terra) polarizadas vertıcalmentesofrem atenuacoes muito menores que aquelas polarizadas horizontal-mente; tambem as ondas espaciais, propagando-se pela atmosfera, serao

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7 O resumo do trabalho 46

sensivelmente menos afetadas pelas condicoes momentaneas da ionos-fera ou seus disturbios. Desta forma, a aplicacao de monopolos verticaise quase uma imposicao e, pelos comprimentos de onda envolvidos (100km a 1 km), os monopolos verticais curtos. Uma aplicacao de antenasnestas faixas baixas pode ser vista nos sistemas de auxılio a navegacaomarıtima e aerea. No caso da faixa de VLF, a possibilidade dos si-nais penetrarem em agua salgada toma possıvel a comunicacao comsubmarinos submersos [devido aos altos comprimentos de onda envol-vidos, a comunicacao se efetua, nao por propagacao na agua salgada(meio com altas perdas), mas pela grande profundidade de penetracaodo sinal a partir da superfıcie. Ressalte-se a extrema necessidade deotimizacao da eficiencia η ≈ 10% atraves da otimizacao de planos deterra]. Pelo exposto, as regioes polares do globo terrestre, sujeitas a for-tes disturbios ionosfericos e baixos nıveis de ruıdo atmosferico, fornecemuma outra possibilidade de aplicacao a estas faixas. Em qualquer caso,os fatores dominantes numa analise de utilizacao serao eficiencia, relacaosinal-ruıdo, capacıdade de potencia nos terminais da antena e largurade banda em que e possıvel operar a antena.(ESTEVES, 1980)

Com relacao ao texto do livro de Luiz Claudio Esteves, relembra-se o Capıtulo 5 deste

trabalho onde Fleming nao descartou o projeto de telegrafia transatlantica de Marconi

para ondas eletromagneticas porque a teoria tornou isto possıvel. Ondas eletromagneticas

viajarem ao redor da superfıcie curvada da terra. Fleming na conferencia de 1903 notou

que a difracao ou curvatura das ondas eletromagneticas ao redor da terra proposta pelo

matematico Britanico H.M. Mc Donald, era possıvel de modo que poderiam ser transmi-

tidos sinais transatlanticos.

Numa comprovacao que pelo menos um membro da equipe de Marconi ja observava as

caracterısticas da terra para VLF e LF descritas no Livro de L.C. Esteves. Como disse no

inicio do trabalho na introducao a comparacao entre os inventos analisados sera no ambito

tecnico. Outros fatores tambem influenciaram o sucesso de Marconi um bom lugar para

se consultar e a tese de mestrado de Cezar Augusto Azevedo dos Santos onde o autor faz

um paralelo entre Landell e Marconi.(SANTOS, 2000) Da visao tecnica dos inventos fica

claro que os equipamentos apresentados por Pe. Landell sao superiores tecnicamente em

complexidade e funcionalidade. As qualidades e defeitos destes inventos foram perdidos

no tempo. O acesso restrito aos documentos do cientista e a falta de um prototipo por

ele criado dificultam a analise dos inventos ja que as dimensoes e o metodo de montagem

nao foram divulgados por ele.

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47

8 Conclusao

8.1 O estudo

Apos estudar os principais inventos que no inicio do seculo XX fizeram a base para

a transmissao e recepcao de ondas eletromagneticas o Radio. Observa-se alguns pontos

que podem ter levado ao sucesso a invencao de Marconi. O principal ponto que gostaria

de aprofundar e o motivo tecnico que aparentemente ocorreu quando Marconi erronea-

mente aliou o tamanho da antena a distancia de transmissao. Lei de Marconi que diz

A maxima distancia de um bom sinal varia diretamente com o quadrado da altura da

antena transmissora. Segundo Marconi quao maior fosse a antena maior seria a distancia

da transmissao. Conforme visto nos textos deste trabalho dos tres inventores somente ele

apresentou esta teoria. Nikola Tesla tambem construiu transmissores com antenas gran-

des, porem a Bobina de Tesla era seu transmissor e esta operava em alta frequencia. Neste

perıodo 1900 nao havia embasamento teorico para que tesla obtivesse sucesso. Porem suas

invencoes foram inovadoras propondo transmissao de energia pelo espaco. Pe. Landell

tambem em seu Telefone sem fio nao utilizava antena e em seu transmissor de ondas ela

era pequena.

Depois de analisar os textos surgem duvidas de natureza ampla e de natureza tecnica

para finalizar o trabalho acrescentando as literaturas ja existentes.

8.2 Perguntas

As perguntas no ambito geral sao:

• Por que o Brasil nao desenvolveu a tecnologia que Pe. Landell patenteou?

• Existe culpado por nao ter se desenvolvido esta tecnologia?

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8.2 Perguntas 48

Esta ultima pergunta e possıvel responder. Em seu livro Ernani Fornari apresenta

um capitulo intitulado O triste destino dos Inventores Nacionais onde o motivo que levou

Landell a se desfazer de seus equipamentos e revelado.

Nao e impunemente que se vence a rotina e se supera a sua epoca.Estava-lhe reservado o mesmo destino de tantos e tantos outros invento-res brasileiros, grandes e pequenos. Ja a maldade, a inveja e poderososinteresses ocultos, vinham-no, havia muito, espreitando de longe. Aqui,de perto, iriam, com renovado furor, tomar mais corpo as perseguicoes,e deflagrar, enfim. A vıtima, um sacerdote sem manchas, estava pordemais cansada para opor seria resistencia as explosoes de odio dos im-potentes mentais, e aos manejos do ciume dos ineptos e dos malogrados.Nem mesmo sua nunca desonrada batina, que era o purıssimo escudo desua bondade e de seu desapego aos bens materiais, nem mesmo sua fejurada e seu sincero sacerdocio puderam livra-lo da babugem inimiga,do vilipendio soez (Vil,torpe) e da difamacao mais sordida. E as intrigastramadas na sombra por influentes. adversarios estrangeiros e nacionais,a calunia dos frustrados e dos cretinos, o motejo (zombaria) baixo dosincultos e as vociferacoes dos fanaticos, estrugiram, de repente, fortes einvencıveis, cevando-se em sua reputacao ilibada, desvirtuando-lhe ateos propositos altruısticos. Certo paıs, interessado por outro inventor,preocupado com as atividades do sabio brasileiro, e que ja, ao que sedizia na epoca, a boca pequena, interviera sub-repticiamente dentro doproprio Vaticano no sentido de que nao lhe fosse permitido prossegui-las, faz sentir sua pressao mais fortemente. E ao bom, e ao casto, e aonobre benfeitor da humanidade, ao Padre Landell de Moura, a quem,ainda em Nova York, fora, como castigo, cassado o direito de Oficiar,aguarda no Brasil a prevencao e a hostilidade dos proprios concidadaos.”Na angelica bondade que o caracterizava’ ”na expressao de um escri-tor contemporaneo, alheio a peconha que, dentro em breve, desabarianovamente sobre sua cabeca, desembarca o diabolico padre no porto doRio de J aneiro, Um grande amigo seu, o entao popularıssimo AlmiranteJose Carlos de Carvalho, hoje falecido, que o conhecera na America doNorte, onde assistira as suas experiencias e tambem, em muitas ocasioes,lhe valera monetariamente - matando-lhe mesmo a fome, algumas vezesI - abre-lhe, bem contra a vontade do cientista, as-colunas do Jornaldo Comercio, em memoravel entrevista sobre suas invencoes e descober-tas. Ficaram todos alerta com aquele roupeta escaveirado, seco comoum arenque e alto como um poste, que afirmava poder falar ate com aChina, como se seu interlocutor estivesse a sua frente, numa mesma sala.Sua reputacao de ter ”parte com o sobrenatural”parecia confirmar-se.Imediatamente apos sua chegada, dirigiu-se ele, por escrito, ao entaoPresidente da Republica, Sr. Rodrigues Alves, solicitando de S. Ex.adois navios de nossa esquadra de guerra, para uma demonstracao deseus inventos. O Presidente, homem culto e superior, embora um poucodesconfiado, dias mais tarde mandou um de seus assistentes civis terum entendimento pessoal com o padre, a fim de saber a que distanciadesejava ele ficasse um navio do outro, dentro da Guanabara.Ora, falar em ”distancia”ao homem que riscara essa palavra dos di-cionarios, nao deixava de constituir legıtima gafe. Landell de Moura,nessa ingenuidade que e a caracterıstica dos homens de gabinete e de

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8.3 Reflexoes 49

laboratorio, ingenuidade que ainda se espanta de como haja alguem quefaca perguntas ingenuas, pois que e um permanente estado de espırito’dos verdadeiros sabios a conviccao de que todos estejam no conhecimentode seus conhecimentos, olhou-o de alto a baixo e retrucou:- Distancia !Dentro da baıa ?! ...Nao, doutor! Fora da baıa, em alto mar, e a distancia maxima que forpossıvel.Assombro do enviado palaciano:- Quantas milhas, por exemplo, reverendo!As que quiserem ou puderem - afirmou com decisao. - Meus aparelhospodem estabelecer comunicacao com quaisquer pontos da terra., ’pormais afastados que estejam uns dos outros. Isto, presentemente, porque,futuramente, servirao ate mesmo para comunicacoes interplanetarias.Coube, desta vez, ao oficial ... de gabinete olha-lo de alto a baixo:- Muito bem, reverendo. Farei S. Ex.a ciente do que me diz. Chegadoao palacio, o assistente transmitiu sua impressao ao Presidente:- Excelencia, o tal padre e positivamente maluco. Imagine que ele che-gou ate a falar-me na possibilidade de conversar, um dia, com outrosmundos·.No dia subsequente, um telegrama muito amavel da Secretaria da Pre-sidencia da Republica informava ao grande brasileiro nao ser possıvel nomomento, lamentavelmente, atender seu pedido, devendo ele, por isso,aguardar a oportunidade ... o Por esse mesmo tempo, na Italia, o go-verno daquele paıs, que ja em 1902 cedera a Marconi a belonave ”CarloAlberto”, punha toda a sua esquadra a disposicao do jovem eletricistabolonhes ... E mais: concomitantemente, no Rio de Janeiro, onde tudoera negado ao nosso patrıcio, surge alguem que se encarrega de espalharque o unico merito do padre inventor consistia em haver-se ele apressado(a exemplo do que fizera Marconi ... ) a ir a um paıs estrangeiro pa-tentear aparelhos calcados em inventos de outro - o proeminente sabioalemao Ernest Ruhmer.(FORNARI, 1960)

8.3 Reflexoes

Deve-se refletir sobre as circunstancias em que Pe. Landell se encontrava. Pressionado

pela Igreja a retornar as atividades do sacerdocio e rejeitado pelos tecnicos brasileiros. Os

interesses do entao governo e dos tecnicos brasileiros nao era de aplicar as descobertas de

Pe. Landell nos navios brasileiros. O que era proposto era a subserviencia do Brasil as

tecnologias desenvolvidas no exterior. O site da Unicamp cita alguns experimentos feitos

na USP com os equipamentos utilizando a tecnologia de Marconi.(UNICAMP, 2000) A

pergunta principal que fica apos 104 anos das obtencoes das patentes no Estados Unidos

e:

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8.4 Perguntas tecnicas 50

• O que o governo de Rodrigues Alves ganharia com a recusa na aplicacao da tecno-

logia desenvolvida por Pe. Landell ?

Como o trabalho se propoe a ficar no ambito tecnico nao cabe aqui responder esta

pergunta. Talvez um historiador possa, em um trabalho voltado ao estudo dos primeiros

sistemas de transmissao do Brasil, responder.

8.4 Perguntas tecnicas

Restam as perguntas no ambito tecnico:

• Sera possıvel montar um prototipo do Telefone sem Fio?

• Se a resposta for nao, quais as principais dificuldades?

• Quais componentes e ajustes poderiam prejudicar a contrucao do prototipo?

Tenho quase certeza que nao e possıvel montar um Telefone sem fio que funcione como

o que Pe. Landell patenteou. Talvez uma replica funcione proximo ao que o prototipo

patenteado no Estados Unidos funcionou. Esta tarefa se sobrepuja a este trabalho. Os

custos tambem nao devem ser pequenos.

O que e possıvel fazer, como ja feito pelo Cientec em Porto Alegre e por Marco

Aurelio de Moura e montar o Transmissor de ondas e analisar o seu comportamento na

transmissao com antenas de diferentes tamanhos.

8.5 O final cortado

(The final cut)Assim como no disco do Pink Floyd, ultimo com sua formacao que

tanto fez sucesso, intitulado O final cortado onde parte da banda sai da composicao do

disco. O trabalho sobre o primeiro transmissor receptor de voz sem fios de Pe Landell

tambem teve um final cortado. Informar o fracasso do prototipo foi momento de angustia

na apresentacao a banca. A confianca que tomava conta nos dias anteriores foi dando

espaco a realidade dos fatos obtidos com o prototipo em funcionamento. A montagem

do wave transmiter poderia seguir dois caminhos: - O primeiro o historico montando o

transmissor igual ao da patente 771.917 e ser como os dois prototipos ja existentes da

CIENTEC e de Marco Aurelio Moura. - O segundo seria um prototipo com componentes

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8.5 O final cortado 51

Figura 8.1: Circuito de ignicao automotiva

atuais que simulasse o comportamento do verdadeiro wave transmiter, porem permitindo

maior flexibilidade para servir como um gerador de faıscas. O equipamento permitiria

testar as hipoteses levantadas neste trabalho. Muda-se a antena, muda-se o sinal e poderia

passar de um experimento de Landell para um de Marconi e tambem talvez um de Tesla.

A ideia de comparar tecnicamente os tres inventores nao parecia uma tarefa muito difıcil.

Aliando-se ao fato de trazer grande prazer poluir o espectro de radio frequencias com o

faiscador. Imagine falar em um microfone e induzir perturbacoes eletromagneticas em

todos os equipamentos ao seu redor, na vizinhanca, no bairro etc...

Optou-se por uma montagem com um transistor como chave isto se deve a alta corrente

que passa pelo interruptor fonetico. Em conversa com Marco Aurelio Moura em Porto

Alegre - RS este informou que teve problemas com a corrente eletrica nos contatos do

interruptor fonetico. A ideia era de se produzir um prototipo com capacidade de operar

de forma similar ao wave transmiter de Landell. Quando se fala similar entenda-se similar

em funcoes eletricas, nao em aparencia. Como um atirador de elite que escolhe seu alvo

do alto de um predio, alvo em movimento atras da vitima, se escolheu certeiramente uma

bobina automotiva para gerar as faıscas. Para controlar a bobina um sistema de ignicao

eletronica. Na barra de procura do Google digitou-se (ignicao eletronica) e la estava

ele pronto com tudo o que se poderia esperar de um circuito de chaveamento, snuber,

protecao contra sobretencoes, um circuito monoestavel para limitar o tempo de conducao

do transistor. O sucesso era inevitavel, porem, a Fısica se alimenta das falsas hipoteses.

Ao escolher a bobina automotiva foi esquecida uma pergunta:

Qual a potencia que a faısca deve ter para que se possa obter uma transmissao de 100

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8.5 O final cortado 52

Figura 8.2: Bobina de ignicao automotiva

Figura 8.3: primeira simulacao

m, por exemplo?

Certamente os 12 kV da bobina automotiva sao insuficientes, pois a distancias inferio-

res ocorreram insucessos. Os problemas comecaram com o circuito de ignicao encontrado

na internet. Ele ficava em conducao quando a chave ficava aberta o que provocava aque-

cimento do transistor e consumia rapidamente a bateria que alimentava o circuito. No

Multisim 9 foi feita a primeira simulacao a fim de resolver o problema.

Como se pode ver o multisim nao possui o transistor BUX 37 em sua blibioteca.

Tambem nao possui uma bobina automotiva. Outro problema encontrado e que ele nao

possibilita a insercao de arquivos Wav, Mp3 ou Wma com uma gravacao de voz humana

para excitar o circuito. Entao foi necessario utilizar um gerador de funcoes para gerar

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8.5 O final cortado 53

Figura 8.4: Segunda simulacao

apenas uma onda quadrada em certa frequencia. Estes detalhes comprometeram as si-

mulacoes que nao refletiam nem de perto o circuito em funcionamento. O mais provavel

em caso de continuidade do trabalho sera partir para o Toll box do Matlab para entao

tentar a simulacao. Para tanto primeiro e necessario montar o modelo matematico do

circuito. Continuando o circuito foi montado porem nao correspondeu as expectativas

quanto ao rendimento se aplicando voz. Como bases foram utilizadas os vıdeos da en-

trevista de Marco Aurelio Moura e de Otto Albuquerque onde o primeiro apresenta seu

prototipo e o segundo apresenta o prototipo da CIENTEC. Entao surgiu uma nova ideia

mudar o circuito monoestavel.

Do circuito transistorizado passou-se a usar um circuito com o NE 555 que permitiria

uma maior flexibilidade. Melhorou, porem, ainda nao era o esperado. Neste ponto faz-se

necessario explicar detalhes tecnicos. O sinal que sai do microfone e analogico variavel

no tempo (perıodo) e na amplitude. O microfone fonetico permitia apenas a variacao

em tempo, ou seja, com seu ajuste de sensibilidade era definido o ponto que o sinal seria

nıvel alto. Portanto o sinal so variava no tempo. O limite para a variacao no tempo

era a inercia da membrana do interruptor fonetico. O transistor para operar com altas

potencias necessita operar na regiao de corte e saturacao. O problema entao era obter

um ajuste de sensibilidade variavel e limitar o sinal de mais alta frequencia a operar na

area segura de chaveamento do transistor. O momento da apresentacao se aproximava

e o prototipo ainda nao funcionava corretamente entao uma ideia surgiu em meio ao

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8.5 O final cortado 54

Figura 8.5: Circuito com o LM 386

desespero. Ligar um amplificador de audio a um rele de alta performance que trabalharia

na base do transistor. O amplificador foi escolhido o LM 386 e o rele da Sun Hold RAS

0510.

Na manha do domingo antes da apresentacao o prototipo foi montado. Uma das

esferas aterrada e a outra conectada a uma antena telescopica. O receptor um radio 10

Band do fabricante Semivox modelo PS 412W. Apos alguns ajustes a euforia um sinal

recebido mostrava um audio similar a palavra alo falada ao microfone de eletreto. Porem

apos passar a euforia notou-se que as centelhas produzidas nas esferas nao correspondiam

ao audio ouvido no receptor. Afastou-se o receptor colocando em um comodo ao lado e foi

verificado que o sinal captado correspondia ao ruıdo do rele e nao as centelhas geradas nas

esferas. Neste momento tentou-se aumentar a potencia na bobina e o BUX 37 queimou.

O prototipo estava no limite e tudo levava a crer que nao participaria da apresentacao.

Como nao foi possıvel comprar outro a solucao foi montar um darligton com dois MJE

13009 e um 2SC2335. O prototipo voltou a funcionar porem com suas antigas limitacoes.

Nao ha fracassos, mas sim desafios a serem ainda vencidos.

Na televisao disse um Engenheiro da Samsung (Estaleiro) que nao foi anotado o

nome. Se o momento nao demonstra uma engenharia brilhante talvez a persistencia traga

o sucesso a esta tentativa. Porem o trabalho de conclusao se esgota neste ponto sendo

necessario colocar o ponto final.

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8.5 O final cortado 55

Figura 8.6: Foto do prototipo

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56

9 Anexo 1

Cronologia de Roberto Landell de Moura

Esta cronologia da vida Roberto Landell de Moura foi retirada do livro Brasileiro,

Gaucho, Um Genio diferente: Landell de Moura de Ivan Dorneles Rodrigues.(RODRIGUES,

2004) Vejo como um compacto guia de consulta para analisar os principais acontecimentos

na vida do inventor. Serve tambem para mostrar alguns reveses que ocorreram em sua

vida e que provavelmente foram decisivos para atrapalha-lo em sua corrida contra seus

oponentes.

1861 - Roberto Landell de Moura nasce na cidade de Porto Alegre, Estado do Rio Grande

do Sul, no dia 21 de janeiro, filho de Ignacio Jose Ferreira de Moura e Sara Marianna Landell

de Moura, de nacionalidade brasileira.

1863 - E batizado na Igreja de Nossa Senhora do Rosario, juntamente com sua irma Rosa,

no dia 19 de fevereiro.

1872 - Com 11 anos de idade ingressa no Colegio Jesuıta de Nossa Senhora da Conceicao, na

cidade de Sao Leopoldo, Estado do Rio Grande do Sul, onde concluiu o curso de Humanidades.

1877 - Roberto Landell de Moura viaja para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Escola

Politecnica, ja inclinado para os estudos tecnicos e cientıficos. Emprega-se, como caixeiro de

balcao, num armazem de secos e molhados, para custear sua estada e seus estudos. Constroi

um aparelho telefonico, um ano depois de Graham Bell. Aos 16 anos.

1878 - Em companhia de seu irmao Guilherme Landell de Moura seguiu para Roma, matriculando-

se, ambos, no Colegio Pio Americano, onde estudou Teologia e Filosofia.

1886 - Foi ordenado Padre a 28 de outubro. Suas primeiras ideias sobre a teoria da ”Unidade

das forcas fısicas e a harmonia do Universo”, que o fariam revolucionar as telecomunicacoes.

Retornou ao Rio de Janeiro, residindo no Seminario Sao Jose.

1887 - Transferiu-se para Porto Alegre, sua cidade natal, onde no dia 28 de fevereiro, foi

nomeado capelao da Capela Senhor do Bom Fim e professor de Historia Sagrada Eclesiastica no

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9 Anexo 1 57

Seminario Episcopal da Madre de Deus de Porto Alegre.

1891 - A 25 de marco, era nomeado vigario da Paroquia Sant’Ana, na cidade de Uruguaiana,

Estado do Rio Grande do Sul.

1892 - E transferido para o Estado de Sao Paulo, onde foi paroco da Igreja Matriz de Santa

Cruz, hoje Igreja do Carmo, em Campinas, permanecendo ate 1 ◦ de dezembro de 1896.

1893 - Efetivou varias experiencias de transmissao e recepcao sem fio da palavra falada, em

ondas eletromagneticas e luminosas. Seus aparelhos usavam circuitos ineditos para a epoca, na

propagacao do som e da voz humana. Portanto, antes da primeira demonstracao, rudimentar,

alias, do italiano Gugliemo Marconi, que aconteceu em setembro de 1895.

1897 - Paroco na cidade de Santos, litoral paulista. 1898 - Assumiu a paroquia do bairro

Sant’ Ana, na Capital Paulista e capelao do Colegio Sant’Ana. Cursou Fısica e Quımica na

Universidade Gregoriana.

1899 - No dia 16 de julho, o jornal O Estado de Sao Paulo da a seguinte notıcia: ”Hoje,

as 9.00 horas da manha, no Colegio das Irmas de S. Jose em Sant’Ana, realisar-se-a uma

experiencia de telephonia sem fios, com aparelhos inventados pelo redoma. padre Landell de

Moura. A experiencia versara sobre a telephonia aerea e subterranea. O Sr. Padre Landell de

Moura, que convidou para este acto varias autoridades, homens de sciencia e representantes de

imprensa, fara uma preleiccao antes de proceder nas experiencias do seu invento n.

1900 - A 3 de junho o Padre Roberto Landell de Moura voltaria a fazer, do alto da Avenida

Paulista para o alto de Sant’Ana, na cidade de Sao Paulo, numa distancia aproximada de oito

quilometros em linha reta, uma experiencia particular, com varios aparelhos de sua invencao,

no intuito de demonstrar algumas leis por ele descobertas no estudo da propagacao do som, da

luz e da eletricidade, atraves do espaco, da terra e do elemento aquoso, as quais foram coroadas

de brilhante exito. Assistiram a esta prova, entre outras pessoas, o senhor P. C. P. Lupton,

representante do Governo Britanico. A 16 de dezembro, o jornal ”La Voz de Espana”, Edicao

n◦.28, pag.2, publica uma materia de autoria do articulista J. Rodrigo Botet, com o tıtulo

”EI Gouraudphono”, sobre o pioneirismo das experiencias de radiotelefonia do Padre Roberto

Landell de Moura e reconhece Marconi como o precursor da radiotelegrafia.

1901 - A 9 de marco obteve a patente brasileira de n◦. 3.279, para ”aparelho destinado a

transmissao fonetica a distancia, com fio e sem fio, atraves do espaco, da terra e do elemento

aquoso”, que transmitia a palavra falada a distancia. O pedido de privilegio foi matriculado sob

o n”. 2.274. Em julho, com permissao especial da Igreja Catolica, Roberto Landell de Moura

partiu para os Estados Unidos, para patentear seus inventos, fixando residencia na cidade de

New York, distrito de Manhattan, onde montou modesta oficina e pos-se a reconstruir seus

aparelhos.

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9 Anexo 1 58

1902 - A 12 de outubro, o jornal americano New York Herald, Fifth Section, publicou uma

longa reportagem sobre Landell de Moura e seus inventos, com os tıtulos ”Talking over a gap of

miles along a ray of lighf’ ”Brazilian Priest’s Inventior”, ilustrada com uma fotografia do cientista

brasileiro, com os seguintes dizeres embaixo: ”Padre Landell de Moura Inventor do telefone sem

fio”(“Rev. Father Landell de Moura - Inventor of the Wireless Telepbone apparatus”). Publica

tambem ”um gentleman de uns quarenta anos de idade”. E o reconhecimento do pioneirismo. Em

novembro Roberto Landell de Moura contraiu pneumonia e bronquite e seu medico recomendou

a ir para Cuba, para tratamento de saude.

1903 - A 3 de junho fica apto a retornar de Cuba para os Estados Unidos, dando prossegui-

mento aos seus inventos. A revista ”O BrazilActual’, de Arthur Dias, no capıtulo ”Inventores e

Scientistal’, paginas 34 e 35, publica materia sobre o genial Padre Roberto Landell de Moura,

estampando sua foto.

1904 - A 20 de agosto, Roberto Landell de Moura tracou um projeto de transmissao de

imagens a distancia, que ele batizou de Tbe Telepbotorama ou Visao a Distancia, Tratava-se da

televisao, que so em 1926, teria sua primeira demonstracao publica .. A 11 de outubro conseguiu

no Tbe United States Patent OJlice 0/ etu l’ork, a patente de n◦. 771.917, para o Transmissor

de Ondas (WaveT ransmitter). A 22 de outubro conseguiu no The United States Patent OJlice

0/ etu l’ork, as patentes de n”. 775.337, para o Telefone sem fio (Wireless Telephone) e de n◦.

775.846, para o Telegrafo sem fio (Wireless Telegraph).

1905 - De volta ao Brasil, o Padre Roberto Landell de Moura assumiu a paroquia de Bo-

tucatu. A Marinha de Guerra do Brasil, logo no retomo de Roberto Landell de Moura dos

Estados Unidos, a l”de marco, realizava experiencias com a telegrafia por centelhamento, no

encouracado Aquidaba. Foram usados os aparelhos patenteados em 1901, no Brasil e 1904, nos

Estados Unidos. A Marinha de Guerra e a pioneira no Brasil, da radiotelegrafia permanente.

1906 - A 22 de abril, o Padre Roberto Landell de Moura em ,substituicao ao Padre Jose

Antonio Rezende, tomou posse do cargo de Vigario da Paroquia de Mogi das Cruzes, Estado de

Sao Paulo.

1907 - A 7 de abril, o Padre Roberto Landell de Moura transmitia a funcao de vigario da

Paroquia de Mogi das Cruzes, Estado de Sao Paulo, ao seu sucessor, Padre Braz Mercadante.

Descoberta do ”Elemento R.”, que da origens aos fenomenos do Perianto, ou seja, da aura ou

corpo astral, que pode agir a semelhanca de um duo ou duplo indivıduo. Padre Roberto Landell

de Moura ficaria uns tempos em Sao Paulo, sem ter definicao de onde ir. Hospedou-se no Hotel

Albion, na rua Santa Ifigenia, Esteve em Tambau, depois voltou a Capital paulista.

1908 - A 2 de julho foi nomeado paroco de Caconde, Estado de Sao Paulo. A 19 de julho,

o Padre Roberto Landell de Moura assume a Paroquia da Imaculada Conceicao de Caconde e

tambem a Paroquia de Tapiratiba (cidades vizinhas uma da outra). Retoma ao Rio Grande do

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Sul, a sua cidade natal. Padre Roberto Landell de Moura, a 18 de outubro, assume o cargo

de vigario da Paroquia do Menino Deus, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Assume, por

algum tempo, a Presidencia da Sociedade Humanitaria Padre Cacique (Asilo Padre Cacique),

em substituicao ao Padre Joaquim Cacique de Barros, entao falecido.

1914 - Padre Roberto Landell de Moura foi professor catedratico de Filosofia da Faculdade

Homeopata do Rio Grande do Sul, criada em Porto Alegre, em janeiro, sediada na Rua Riachuelo,

301. A 31 de dezembro, Padre Roberto Landell de Moura deixa de ser o vigario da Paroquia do

Menino Deus , que, segundo dizem, profundamente magoado e como que desanimado.

1915 - A 6 de janeiro, assumiu, das maos do Monsenhor Dr. Luiz Mariano da Rocha, as

funcoes de vigario da Igreja de Nossa Senhora do Rosario, onde permaneceu ate sua morte. o

dia 6 de fevereiro, pediu dispensa do retiro anual e requereu licenca de dois meses, para tratar da

saude em Sao Paulo e Minas Gerais, regressando em princıpios de maio. Substituiu-o o Conego

DI. joao Maria Balem.

1916 - Em fevereiro, Conego Dr. Roberto Landell de Moura instala, ao lado da Igreja

do Rosario, um Gabinete Antropologico Ex- perimental. . A 8 de fevereiro, o Vigario Geral

Monsenhor Dr. Luiz Mariano da Rocha pediu esclarecimentos ao Conego Roberto Landell de

Moura sobre uma notıcia publicada no jornal ”Correio do Povo”, de Porto Alegre, segundo

a qual o mesmo teria aberto, ao lado da Igreja do Rosario, um ”Gabinete de Antropologia

Experimental”, para o estudo do hipnotismo e do espiritismo. A 9 de junho, na instalacao

do Cabido Metropolitano, erigido por S. S. o Papa Bento XV a 15 de janeiro de 1916, foi o

Padre Roberto Landell de Moura convidado a integra-lo, sendo nomeado Conego Penitenciario

do Cabido Metropolitano de Porto Alegre.

1919 - A 18 de janeiro, Monsenhor Luiz Mariano da Rocha oficiou novamente ao Conego

Roberto Landell de Moura, dizendo haver recebido de diversas partes observacoes sobre as suas

predicas, esperando que evitasse abordar assuntos que pudessem melindrar ou magoar certa

classe de fieis. Essa classe de fieis eram os alemaes e seus descendentes. Nos arquivos da Igreja

do Rosario existe uma carta anonima dirigida ao Conego Roberto Landell de Moura, onde consta

que o mesmo era um terrıvel germanofobo.

1920 - A 5 de agosto e fundado, em Porto Alegre, o Instituto Historico e Geografico do Rio

Grande do Sul. Padre Roberto Landell de Moura foi socio-fundador.

1922 - Em meados do ano, o Conego Roberto Landell de Moura foi fazer uma estacao de

aguas no Estado de Sao Paulo, tendo ficado como substituto o Padre Leopoldo Pedro Hoff.

Em setembro, foi atribuıda ao Conego Roberto Landell de Moura a autoria de um opusculo,

contendo 33 ”Cartas Ineditas de Bernardus Vallumbrosius a seu discıpulo Arsenio, bispo de

Thyrsea, nas quais o autor, religiosa e cientificamente, trata da nevrose dos dirigentes, das

paixoes, dos estigmas e taras de famılia e de varios outros assuntos muito importantes”. Alo de

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dezembro, foram-lhe concedidos vinte dias de licenca, para tratar da saude.

1923 - Alo de setembro, o Conego Roberto Landell de Moura obteve tres meses de licenca,

para tratar da saude em Pocos de Caldas, deixando como substituto o Conego Dr. Joao Maria

Balem.

1924 - A 13 de novembro, sabado, o jornal Ultima Hora, de Porto Alegre, Anno X, n◦.

448, publica materia de pagina inteira, primeira pagina, com o seguinte tıtulo: ”Em busca da

Sciencia e das leis que regem a natureza - ”Ultima Hora”ouve o notavel sabio conego Landell de

Moura sobre a prioridade da descoberta da radio-telephonia e radio-telegraphia - Essa descoberta

pertence ao nosso eminente patrıcio”, ilustrada com uma foto do Padre Roberto Landell de

Moura .

1926 - A 19 de marco, sexta-feira, o jornal A noite, de Porto Alegre, Anno I, n”, 5, registra,

na primeira pagina, com o tıtulo ”O Conego Dr. Landell de Moura embarca amanha”, visita

do ilustre sacerdote a redacao do jornal, quando apresentou as suas despedidas, em virtude de

embarcar no dia seguinte, para Sao Paulo, onde foi fazer uma estacao de aguas. Foto do Padre

Landell de Moura ilustra a materia. A 20 de marco e concedida pelo Arcebispo Metropolitano

Dom Joao Becker ao Conego Penitenciario Roberto Landell de Moura uma licenca de tres meses,

para tratamento de saude em Caxambu, Estado de Minas Gerais. A 28 de outubro, festejava,

com uma missa solene, o 40◦ aniversario de sua primeira missa. Estava, entao, ja bastante

doente e so com muita dificuldade pode oficiar.

1927 - A 17 de setembro foi elevado a Monsenhor e a 12 de dezembro nomeado Arcediago

do Cabido Metropolitano, por S. S. o Papa Pio XI, unico tıtulo dessa distincao na Arquidiocese,

em substituicao a Monsenhor Dr. Luiz Mariano da Rocha. A 19 de dezembro, pediu e obteve

quinze dias de licenca para tratar da saude, deixando como substituto Monsenhor Joao Maria

Balem.

1928 - Monsenhor Roberto Landell de Moura, no dia 30 de junho, aos 67 anos de idade,

sabado, as 17h45min, faleceu placidamente no Hospital Beneficencia Portuguesa de Porto Alegre,

abatido pela tuberculose, com todos os sacramentos da Igreja, cercado por seus parentes e

alguns amigos fieis e devotados, assistido, nos seus ultimos momentos, pelo senhor Arcebispo

Metropolitano Dom Joao Becker, que lhe ministrou os ultimos sacramentos.(RODRIGUES, 2004)

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Referencias

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ALMEIDA, H. Padre Landell de Moura Um Heroi sem Gloria. 1. ed. Rio de Janeiro: EditoraRecord, 2006.

CAUDURO, F. O homem que apertou o botao da comunicacao. 2. ed. Porto Alegre: Feplam,1977.

ESTEVES, L. C. Antenas : teoria basica e aplicacoes. 1. ed. Sao Paulo: McGraw-Hill do Brasil,1980.

FORNARI, E. O incrıvel Padre Landell de Moura, Historia triste de um inventor brasileiro. 1.ed. Porto Alegre: Editora Globo, 1960.

NETTO, L. da S. Tributo ao Sacerdote Cientista Roberto Landell de Moura. Brazil:http://paginas.terra.com.br/arte/landelldemoura/portugues.html, 2000.

RODRIGUES, I. D. Brasileiro,Gaucho,Um Genio Diferente. 1. ed. Porto Alegre: CORAG,2004.

SANTOS, C. A. A. dos. Landell de Moura Percursor da Radio Difusao. Brazil: [s.n.], August2000. 113 p. Dissertacao de Pos Graduacao em Comunicacao Social. Universidade Metodistade Sao Paulo.

UNICAMP. Invencoes com deposito de patentes junto ao INPI/Radio. Brazil:http://www.inova.unicamp/inventabrasil/lande.htm, 2000.

VARGAS, M. Historia da tecnica e da tecnologia no Brasil. 1. ed. Sao Paulo: Unesp/CEETEPS,1995.