PAEBES Alfa: Leitura, Escrita e Matemática

OBJETIVOS DESTA APRESENTAÇÃO

Discutir pedagogicamente os resultados da avaliação da 1ª. Onda do PAEBES Alfa, Língua portuguesa e Matemática

Conjugar à reflexão pedagógica alguns achados de uma pesquisa acadêmica sobre o tema da leitura, buscando oferecer subsídios para se pensar as práticas de sala de aula.

AVALIAÇÕES DA ALFABETIZAÇÃO

Por que avaliar os alunos do 1º ano do ensino fundamental?

Quais as possibilidades e limites dessa avaliação?

O que se pode aprender com os resultados dessas avaliações?

Como os professores e as escolas podem se apropriar desses resultados?

O QUE SE AVALIA?

EM LÍNGUA PORTUGUESA: LEITURAEM LÍNGUA PORTUGUESA: ESCRITAEM MATEMÁTICA

O contato dos estudantes que iniciam o ensino fundamental com práticas de leitura, escrita e com os conhecimentos lógico-matemáticos é diferenciado.Nesta etapa ainda são insipientes os efeitos do processo de escolarização e as experiências de mundo dos estudantes são bastante diferenciadas.

EFEITO ESCOLA

Acréscimo à proficiência dos alunos pelas práticas internas à escola.

A 1ª. Onda do PAEBES ALFA tem portanto um caráter diagnóstico.

Tem o objetivo de subsidiar as escolas e os professores com informações sobre as condições de ingresso dos estudantes no ensino fundamental, permitindo planejar intervenções para que esses estudantes progridam em seu processo de aprendizagem.

RESULTADOS LP

REDE PROF. MÉDIA

ABAIXO DO BÁSICO

BÁSICO PROFICIENTE

AVANÇADO

EST. 473,5 24,5 37,8 24,1 24,1

MUNIC.

465,5 27,8 37,1 23,0 23,0

E.P.P. 531,9 11,4 26,4 35,5 35,5

PADRÕES DE DESEMPENHO LPLEITURA E ESCRITA

DESEMPENHO ABAIXO DO BÁSICO – Até 400 pontosA partir dos 250 pontos de proficiência as crianças já identificam algumas letras do alfabeto (especialmente as letras iniciais), quando apresentadas isoladamente ou em um conjunto de letras (seqüência de três letras). Entre 250 e 300 pontos , ao realizarem a cópia de um texto numa página de caderno, ainda não consideram a ordem convencional de organização do texto na página, não respeitando as margens nem a seqüência das palavras no texto e não realizando adequadamente a passagem de uma linha a outra do caderno.

As crianças com proficiência a partir de 300 pontos, além das habilidades descritas anteriormente, começam a identificar a sílaba inicial de uma palavra, especialmente em palavras formadas exclusivamente por sílabas no padrão CV (consoante/vogal). Este fato indica que as crianças que se encontram neste nível de proficiência iniciam o desenvolvimento de habilidades relacionadas à consciência fonológica, ou seja, começam a perceber as relações entre fala e escrita de forma mais sistemática.

Ao realizarem a cópia de um texto já observam algumas regras de utilização da página, embora possam não observar os limites das margens ou a necessidade de recomeçar a escrita na margem esquerda na passagem de uma linha a outra do texto

Crianças que estão no limite da passagem deste Padrão ao seguinte – entre 350 e 400 pontos –, além de terem consolidado as habilidades relacionadas à identificação de letras do alfabeto, reconhecem uma mesma letra, ou sequência de letras, grafada em diferentes padrões gráficos (maiúscula, minúscula, de imprensa, cursiva). Essas crianças iniciam a leitura silenciosa de palavras dissílabas e trissílabas, especialmente as paroxítonas, quando formadas exclusivamente por sílabas no padrão CV (consoante/vogal), ou por sílaba formada exclusivamente por uma vogal.

BÁSICO – De 400 a 500 pontos

As crianças com nível de proficiência entre 400 e 450 pontos realizam a leitura de palavras dissílabas ou trissílabas, paroxítonas, formadas por diferentes estruturas silábicas (sílaba no padrão CV, CVC, ditongo). Essas crianças também iniciam o desenvolvimento da habilidade de identificar o tipo de suporte no qual circulam gêneros textuais mais familiares. Este fato indica a primeira ocorrência de uma habilidade relacionada ao tópico Usos sociais da leitura e da escrita, da Matriz de Referência.

As crianças com nível de proficiência entre 400 e 450 pontos já iniciam a escrita de palavras dissílabas ou trissílabas, paroxítonas e nos padrões silábicos CV, CVC, CVV. Entretanto, ao realizarem tal escrita o fazem a partir da hipótese silábica e/ou da hipótese silábico-alfabética. Isso significa que podem usar apenas uma letra para representar cada sílaba da palavra ou, ainda, que podem utilizar ora uma letra para cada sílaba, ora uma letra para cada som da palavra.

As crianças que estão no limite da passagem deste Padrão de Desempenho ao seguinte, entre 450 e 500 pontos, leem palavras formadas por diferentes padrões silábicos, atribuindo sentido ao que leem;

identificam o gênero ao qual pertencem alguns textos mais familiares; leem frases na ordem direta (sujeito, verbo, objeto) com identificação

de informações nelas explícitas.; localizam informações explícitas em textos curtos e de gênero familiar

ao contexto escolar, como parlendas e textos que informam sobre curiosidades.;

em textos narrativos curtos (entre três e quatro linhas), as crianças que apresentam este nível de proficiência identificam elementos como o tempo em que ocorre um determinado fato e um personagem da narrativa.

As crianças que estão no limite da passagem deste Padrão de Desempenho ao seguinte, entre 450 e 500 pontos, as crianças ampliam os padrões silábicos que são capazes de escrever, embora ainda de forma silábica e silábico-alfabética, para os padrões CV, CVC, CVV, V e com ditongo.

DESEMPENHO PROFICIENTE – De 500 a 600 pontos

As crianças com proficiência entre 500 e 550 pontos contam as palavras de um texto com, em média, 18 palavras.

contam sílabas de palavras formadas por diferentes padrões silábicos e identificam sílabas no padrão CV no final de palavras;

realizam inferências a partir da leitura de textos que conjugam linguagem verbal e não verbal, como histórias em quadrinhos e tirinhas;

identificar gêneros textuais menos familiares, como a carta, e a finalidade ou assunto de textos de gêneros familiares, como bilhete, lista de compras, folheto, tabela de preços.

As crianças com proficiência entre 500 e 550 pontos apresentam uma escrita que pode ser, em alguns casos, silábico-alfabética e, em outros, alfabética. Essas crianças escrevem palavras de diferentes extensões e padrões silábicos – CV, VC, CVC, CVV – em conformidade com as hipóteses anteriormente referidas.

Entre 550 e 600 pontos as habilidades relacionadas à localização de informações em texto se ampliam, os estudantes localizam informações em textos de diversos gêneros, inclusive gráficos e tabelas, podendo tal informação estar no início, meio ou fim do texto;

habilidade de identificar elementos de uma narrativa tais como personagem e espaço;

ampliam-se, ainda, as habilidades relativas à identificação de gênero, finalidade e assunto de textos, assim como se amplia a extensão dos textos que essas crianças conseguem ler;

inferem o sentido de uma palavra ou expressão.

As crianças com proficiência entre 550 e 600 pontos consolidaram habilidades relacionadas ao uso da página adequadamente, respeitando margens e a sequência adequada das palavras, inclusive quando há mudança de linha e a habilidade de produzir uma escrita alfabética de palavras de diferentes extensões e formadas por padrões silábicos variados: CV, VC, CVC, CVV, CVCC, CCVC.

DESEMPENHO AVANÇADO – Acima de 600 pontos

Desenvolvimento de habilidades de leitura além daquelas esperadas para a etapa de escolarização em que se encontram, tanto no que se refere à leitura, quanto no que diz respeito à escrita.

RESULTADOS MATEMÁTICA

REDE PROF. MÉDIA

ABAIXO DO BÁSICO

BÁSICO PROFICIENTE

AVANÇADO

EST. 429,8 19,0 40,6 29,3 11,1MUNIC. 424,8 21,9 39,7 28,2 10,2E.P.P. 471,7 7,5 30,1 47,3 15,2

PADRÕES DE DESEMPENHO EM MATEMÁTICA

Abaixo do Básico – até 350 pontosOs estudantes com proficiência entre 250 e 300 pontos são capazes de diferenciar o maior do menor, o mais alto do mais baixo, o mais curto do mais comprido, a partir da comparação entre objetos. Eles também reconhecem cédulas e moedas do Sistema Monetário Brasileiro e associam objetos do cotidiano à forma de figuras tridimensionais, quando, por exemplo, relacionam esfera à bola e cubo à caixa, além de identificar informações apresentadas em gráficos de coluna.

Os estudantes com proficiência entre 300 e 350 pontos começam a resolver problemas envolvendo o significado de juntar da adição e retirar da subtração com apoio de figuras e com quantidades menores que 10.

Reconhecem os números ordinais E identificam até o nono elemento de uma sequência.

Identificar a posição de um personagem a partir de uma referência, utilizando-se das noções de mais próximo/perto, eles são capazes de comparar e ordenar comprimento, altura e espessura.

Básico – de 350 a 450 pontos

Entre 350 e 450 pontos reconhecem os números ordinais, identificando até a 15ª posição de um elemento;

resolvem problemas envolvendo outros significados da adição (acrescentar) e subtração (separar) com e sem apoio de figuras;

resolvem problemas envolvendo a multiplicação, mas com apoio de figura;

identificam propriedades comuns e diferenças entre figuras bidimensionais, o que evidencia uma sistematização das habilidades que lhes permitem projetar para a dimensão plana o objeto representado tridimensionalmente, quando, por exemplo, relacionam a roda de um carro à sua forma circular; além de associar objetos do mundo físico a sólidos geométricos (cubo e pirâmide).

Entre 350 e 400 pontos realizam a leitura e a interpretação de dados matemáticos apresentados em gráficos de colunas, além de identificar intervalos de tempo (hora, dia, semana, mês e ano) em situações envolvendo sequências de eventos e localizam informações, em pequenos textos, envolvendo significado numérico;

relacionam os valores entre cédulas e moedas do Sistema Monetário Brasileiro e identificar o registro por extenso de alguns números naturais.

Entre 400 a 450 pontos os estudantes, além de resolverem problemas envolvendo as ações de comparar e completar quantidades, manipulam o algoritmo da adição e subtração sem reagrupamento.

Proficiente – de 450 a 550 ponto

Os estudantes que se encontram no intervalo de 450 a 500 pontos conseguem estabelecer trocas entre cédulas e moedas em situações-problema.;

reconhecem horas exatas e meia hora em relógios digitais e analógicos.;

diferenciam figuras planas como o triângulo, o retângulo e o círculo em representações que combinam essas formas. Além disso, identificam a localização/movimentação de objetos em mapas tomando como referência noções de perto/longe, direita/esquerda;

identificam informações apresentadas em gráficos de coluna, bem como identificam, em diferentes gêneros textuais, informações relativas ao significado numérico.

Entre 500 e 550 pontos os estudantes resolvem problemas de multiplicação envolvendo o significado de dobro e triplo, com e sem apoio de figura, e problemas de divisão envolvendo a ideia de metade, com e sem apoio de figura;

identificam figuras bidimensionais em desenhos formados pela composição de retângulos, círculos e triângulos, bem como associam objetos do mundo físico à representação de sólidos geométricos (cubo, pirâmide, cilindro e cone).

Avançado – acima de 550 pontos

A principal característica dos estudantes que apresentam proficiência compatível com o Padrão de Desempenho Avançado é o fato de terem desenvolvido habilidades matemáticas além daquelas esperadas para a etapa de escolarização em que se encontram.

COMO A ESCOLA PODE CONTRIBUIR PARA O GANHO DE PROFICIÊNCIA PELOS ESTUDANTES?

Vídeo “Crianças invisíveis”: João e Bilu

O que o vídeo nos revela sobre o modo como as crianças desenvolvem conhecimentos?

O que difere os conhecimentos adquiridos nas experiências da vida cotidiana dos conhecimentos formalizados pela escola?

Qual a especificidade da ação do professor como mediador do processo de construção de conhecimentos pelas crianças na escola?

ALGUMAS PISTAS ADVINDAS DA PESQUISA ACADÊMICA

Pesquisa análise transversal de estratégias de leitura mobilizadas por estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.

Objetivos da pesquisa: identificar estratégias de leitura mobilizadas por estudantes ao longo dos anos iniciais do ensino fundamental – 1º ao 5º ano- período no qual se dá a alfabetização e quando se desenvolvem as habilidades básicas para uma leitura proficiente de textos que circulam nas diferentes esferas da vida social, dentre elas, a esfera escolar.

Aplicação de um protocolo de leitura a aproximadamente 100 estudantes de uma escola pública municipal de Juiz de Fora, analisando quais as estratégias utilizadas pelos estudantes ao realizar a leitura de textos de diferentes gêneros.

Tarefas de leitura apresentadas aos 23 estudantes do primeiro ano que responderam ao protocolo

Leitura de uma lista de palavrasLeitura de frasesLeitura de textos: uma lista; um convite de

aniversário; uma história em quadrinhos sem texto; um poema.

Lista de palavras

ROSASACOLALÁPISGARRAFACHAMINÉPALETÓRELÂMPAGOPERSIANAPATELACARACOL

Resultados parciais

Apenas 1 das 23 crianças que responderam ao protocolo leu algumas palavras;

TRÊS ALUNOS souberam apenas soletrar as palavras, mas não conseguiam “juntar” as letras e ler as palavras globalmente. Confundiam as letras /m/ e /n/ e /i/ e /l/. Uma aluna, quando perguntada se conseguia ler o pedacinho da palavra, juntando as duas letras que acabara de ler, conseguiu fazer isso e ler a palavra BOLA. Mas não conseguiu repetir a ação com outras palavras.

DOIS ALUNOS só conheciam as vogais.

DOIS ALUNOS conheciam a maior parte do alfabeto, também soletrando as palavras, mas não reconheciam algumas letras: /s/ - /t/ - /v/ - /p/

Leitura de frases

O MENINO JOGA BOLA.AS CRIANÇAS DERAM FLORES PARA A

PROFESSORA.OS PEIXES FORAM VENDIDOS PELOS

PESCADORES.

Resultados preliminares

Apenas 1 das 23 crianças que responderam ao protocolo leu algumas palavras; 

Uma criança, ao pedir para ler as frases, inventou o que estava escrito. Mas foi coerente ao apontar a imagem da “suposta” leitura.

Uma criança não soube, num primeiro momento, nem identificar onde estava escrita a frase “O menino joga a bola”. Quando solicitada que apontasse onde estava escrita a frase, apontou para a escrita na bola da ilustração da menina que a segurava.

As demais crianças apenas conseguiram descrever o que viam nas ilustrações.

Leitura dos demais gêneros textuais

 Um aluno, quando apresentado ao gênero lista, não

conseguiu identificá-lo. Mas com a ajuda da aplicadora, conseguiu ler as palavras da lista. Para identificar o gênero convite também precisou de ajuda. E depois conseguiu identificar as informações solicitadas pelo protocolo. O aluno também não identificou o gênero poesia. Mas leu a palavra “BAILARINA” e disse que o texto falava sobre a bailarina. E a história em quadrinhos, o aluno identificou como “Historinha da Turma da Mônica”. Resumiu a história, mas não recuperou todas as partes. Inclusive, nenhum deles conseguiu identificar que o personagem queria fazer uma canoa....

Um aluno não soube identificar o início da história em quadrinhos. Quando perguntado onde era o início da história, o aluno indicou com o dedo a palavra “fim”.

Seis alunos identificaram o gênero história em quadrinho como “História da Turma da Mônica”. Apenas um aluno não conseguiu inferir absolutamente nada. Os alunos que identificaram a história em quadrinhos, quando perguntados sobre como sabiam que texto era aquele afirmaram ter em casa revistas em quadrinhos.

Os demais alunos não conseguiram identificar os gêneros apresentados. Somente dois, com a ajuda das aplicadoras conseguiram identificar o convite.

Uma aluna identificou o convite como outdoor. Propaganda de um supermercado da região. Quando perguntado por qual motivo ela achava aquilo, disse que era por causa dos balões.

Uma aluna identificou a lista de materiais escolares como placa.

A que conclusões podemos chegar a partir do desempenho demonstrado pelos 23 estudantes do 1º ano que participaram da pesquisa?

Como avaliar o papel da escola para que esses estudantes possam avançar em seu processo de alfabetização e letramento?

Resultados preliminares

Os resultados indicam que a experiência de mundo dos estudantes foi a principal fonte de recursos que utilizaram para formular hipóteses sobre os textos.

Indicam, ainda, que essa experiência é bastante insipiente e que, a despeito de viverem numa sociedade onde estão presentes e em circulação diferentes gêneros textuais, isso não é suficiente para que esses estudantes tenham um maior conhecimento desses gêneros.

O fato dos alunos, em sua maioria, soletrarem ao serem convidados a ler indica ser essa uma prática com a qual estão familiarizados.

Considerando não ser uma prática comum na vida cotidiana, é possível inferir que aprenderam isso na escola.

Chama a atenção o fato de nenhum aluno ter tentado fazer uma leitura global das palavras, ou ter tentado “juntar letras” para formar sílabas.

É importante lembrar que:

As práticas de letramento não dependem de uma alfabetização dos estudantes. Mesmo nas turmas de educação infantil vários gêneros textuais podem e devem circular: convites para festas, livros de histórias, revistas em quadrinhos, panfletos, avisos, bilhetes, cartazes.

Entretanto, não basta que esses materiais estejam disponíveis. É preciso orientar as crianças sobre como lê-los.

Qual é a função social de um convite de aniversário? E de uma lista?

Por que aparecem imagens como balões, fitas e bolo neste tipo de suporte?

Há informações matemáticas num convite? Quais? E numa lista? Qual a função dessas informações nesses gêneros textuais? É importante lê-las?

Que tipo de informação podemos encontrar neste tipo de texto e por que elas são necessárias?

Qual é a função de uma imagem num texto como uma poesia?

Qual a relação entre o texto verbal e a imagem em textos de diferentes gêneros?

Como se lê uma história em quadrinhos?Como se estabelecem as relações entre os

quadros de uma história em quadrinhos?

Como conhecimentos matemáticos e referentes à língua podem ser explorados na educação infantil?