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Página 1 Boletim Epidemiológico de Itajubá
Uma produção em parceria da Faculdade Wenceslau Braz com a Epidemiologia
Municipal de Itajubá.
Autores: Alunos matriculados na disciplina de Epidemiologia no curso de Enfermagem da Faculdade
Wenceslau Braz, no ano 2017, sob orientação da professora Neale Machado.
EDITORIAL
A leptospirose é uma doença de notificação e investigação compulsória no SINAN (Sistema de Informação
de Agravo e Notificação) (AGUIAR,2006). O setor de epidemiologia acompanha a evolução de todo caso de
leptospirose notificado no município de acordo com o seguinte fluxo: todo indivíduo com clínica
compatível da doença, ou com história de exposição acidental ou ocupacional a situação de risco, é
notificado como suspeito pelos ambulatórios e hospitais. A notificação gera a investigação do caso com o
fim de determinar a provável fonte de contaminação, para onde serão direcionadas as medidas de
prevenção e/ou bloqueio de possíveis novos casos. A confirmação se dá, além da clínica, por exame
específico para a doença (sorologia), que é realizado no laboratório macrorregional de Pouso Alegre, sendo
que o setor de epidemiologia se encarrega da conservação e do transporte do material biológico. O
tratamento médico deve ser iniciado independentemente do resultado do exame sorológico, segundo
critérios clínicos e laboratoriais, dada a gravidade da doença e o risco de comprometimento renal. O
encerramento de cada caso é feito pelo setor de epidemiologia, com análise dos sorovares predominantes.
As medidas de prevenção são de natureza individual ou coletiva. Se individual, deve ser priorizada a
educação para a saúde de forma a minimizar a exposição às situações/ambientes de risco, até mesmo com
uso de equipamentos de proteção individual. As medidas coletivas também priorizam a educação para a
saúde de forma a manter os ambientes domiciliar, peridomiciliar e de uso coletivo, como ambientes de
produção agrícola, comercial ou industrial, livres da contaminação. Casos de leptospirose sempre se
configuram como desafio para profissionais de saúde, pois revelam a fragilidade das relações do homem
com o ambiente e demandam ações resolutivas e de educação de saúdes, que devem ser cada vez mais
intensificadas. Nem todas as medidas de prevenção dependem do setor de saúde, muitas dependem de
ações governamentais que promovam a qualidade do meio ambiente, como a coleta e destinação adequada
dos resíduos sólidos, e de ações que promovam a proteção dos recursos hídricos. Mesmo essas ações, não
ligadas diretamente ao setor de saúde, não podem perder o foco na educação para a saúde, que é a
medida por excelência na prevenção de doenças transmissíveis.
Este boletim tem por objetivo descrever a doença nos seguintes aspectos: cadeia epidemiológica,
fisiopatologia, aspectos clínicos e epidemiológicos, medidas de prevenção e promoção da saúde. Em
seguida, serão apresentados dados epidemiológicos sobre a leptospirose em Itajubá, Minas Gerais.
Professora Enf. Neale Machado
Editora
AESC – Faculdade Wenceslau Braz, Av. Cesário Alvim, 566, Centro, Itajubá/MG – Tel.: (35) 3622-0930
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A leptospirose é uma zoonose de relevância global. Seu agente etiológico é a Leptospira sp, uma
bactéria (espiroqueta) aeróbica obrigatória, do gênero Leptospira. O gênero Leptospira foi dividido em
17 espécies e diferentes sorotipos (sorovares), sendo os Icterohaemorrhagiae e Copenhagen
frequentemente relacionados aos casos mais graves (BRASIL, 2005; BRASIL, 2014; FMUSP, 2013).
Todos os animais são susceptíveis à doença e podem atuar como fonte de infecção, entretanto, os
animais sinantrópicos domésticos e selvagens servem como reservatórios para a persistência dos focos
da infecção. O rato de esgoto e os cães são os principais reservatórios da leptospirose no ambiente
urbano. Um animal contaminado pode sobreviver sem nenhum sintoma e portar a infecção em seu trato
urinário (BRASIL, 2014; FMUSP, 2013).
Homens e animais domésticos e silvestres expostos à contaminação são susceptíveis à infecção
(REZENDE et al, 1997).
A penetração (porta de entrada) do microrganismo no ser humano ocorre através da pele e das
mucosas, íntegras ou não (BRASIL, 2010).
A eliminação (porta de saída) do microorganismo se dá por meio da urina dos portadores ou dos
doentes (BRASIL, 2010).
Quanto ao modo de transmissão, o homem infecta-se ao entrar em contato com a urina de animais
infectados de modo direto ou indireto, pelo contato com água, lama ou solo contaminados. A
penetração da bactéria acontece por meio das membranas mucosas dos olhos, nariz ou garganta, pele
com lesões, pele íntegra quando submersa em água por tempo prolongado, como nos casos de
enchente (BRASIL, 2014).
A transmissão também pode ocorrer pela ingestão de água ou alimento contaminados (Bio-
manguinhos/FIOCRUZ, 2014).
A transmissão entre os humanos é rara, sem significado epidemiológico, mesmo que o doente excrete a
Leptospira por meio da urina por semanas ou meses (BRASIL, 2014; FMUSP, 2013; SOUZA, 2011).
Fisiopatologia
A proporção da doença nos seres humanos depende da espécie de Leptospiras, podendo ser uma
doença aguda sem manifestações crônicas ou até um quadro mais grave e letal, como icterícia,
insuficiência renal e/ou hemorragia pulmonar (BRASIL, 2014; FMUSP, 2013; SOUZA, 2011).
Após ultrapassar as barreiras de defesa não específica, as Leptospiras se proliferam no sangue, na linfa,
no fluido cerebral espinhal e em todos os tecidos (SOUZA, 2011).
O período de incubação varia de 7 a 14 dias. Os microorganismos, então, seguem por via sanguínea
para os órgãos alvo, rins e fígado, iniciando a fase aguda da doença, com potencial para provocar
insuficiência renal e lesões dos hepatócitos, até mesmo necrose hepática aguda, fibrose hepática e
hepatite ativa crônica (SOUZA, 2011).
Cadeia epidemiológica
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As Leptospiras prejudicam as membranas das células endoteliais de pequenos vasos sanguíneos. As
hemorragias ocorrem devido à ação mecânica dos microrganismos dentro da parede dos vasos
sanguíneos (SOUZA, 2011).
No decorrer do período de incubação, há produção de anticorpos da classe IgM, que têm ação de poucos
dias e, posteriormente, o aparecimento de anticorpos da classe IgG. Com a evolução da infecção,
acontece o processo de reação imunitária do hospedeiro, a segunda fase da infecção, e os
microorganismos se abrigam em determinados lugares no organismo (câmara do globo ocular e a luz
dos túbulos renais). A partir de então, acontece a concepção de complexos imunes e reação inflamatória,
que induz diversos órgãos a uma vasculite generalizada, especialmente no fígado, rins, coração, pulmões
e sistema reprodutivo (SOUZA, 2011).
As Leptospiras são capazes de infectar os fetos, ocasionando o óbito, além de acarretar dificuldade
reprodutiva (SOUZA, 2011).
Outra propriedade da leptospirose é o acionamento da cascata de coagulação intravascular difundida
(SOUZA, 2011).
A lesão tecidual é possível de ser revertida e reparada pelo órgão atingido, como os rins e fígado,
podendo obter a cicatrização (SOUZA, 2011).
Aspectos clínicos
Cerca de 90% dos casos de leptospirose cursam como uma doença discreta e autolimitada, sendo muitas
vezes confundida com viroses. De 5% a 10% dos casos evoluem com gravidade, gerando altos custo de
hospitalização.
Duas formas clássicas são descritas: a forma anictérica, com sinais e sintomas moderados e sem
gravidade, e a forma ictérica (Síndrome de Weil), com manifestações múltiplas, tais como icterícia,
insuficiência renal e hemorragia. A Síndrome de Weil pode se apresentar após a 1ª ou a 2ª fase da
doença, ou mesmo isoladamente, como doença de gravidade progressiva; sua letalidade varia de 5% a
15% (RIBEIRO, 2006).
A leptospirose também é descrita como doença bifásica, com apresentação inicial de febre súbita e
intensa bacteriemia. A resolução dos sintomas coincide com a produção de anticorpos, bem como a
eliminação de espiroqueta pela urina (RIBEIRO, 2006).
A fase inicial, que tem duração de 3 a 7 dias, manifesta-se com febre de 38°C a 39°C, que perde sua
intensidade após 4 a 7 dias do início dos sintomas: calafrios, cefaleia intensa, anorexia, diarreia, náuseas,
vômitos e mal-estar, erupção cutânea (exantema) e mialgia, mais pronunciada na região da panturrilha
(SOUZA, 2011; SAMPAIO et al., 2011).
Na segunda semana de evolução e/ou em manifestações mais graves da doença, há febre, mialgia
intensa, cefaleia, manifestações e alterações gastrointestinais, como vômito, dor abdominal, injeção
conjuntival, desidratação, síndrome meníngea, icterícia, insuficiência renal aguda, hemorragia pulmonar,
miocardite e choque (SOUZA, 2011; SAMPAIO et al., 2011).
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Medidas de prevenção
A prevenção se dá por medidas de proteção individual para trabalhadores ou indivíduos expostos ao risco
de contaminação, por meio do uso de equipamentos de proteção individual, como luvas e botas. Além
disso, deve-se reduzir a exposição e o risco de ferimentos em águas/lama de enchentes ou outra situação
de risco (BRASIL, 2014).
Deve-se utilizar água potável, filtrada, fervida ou clorada para consumo humano, pois durante as enchentes
é comum ocorrerem rompimentos na canalização. A limpeza e desinfecção de caixas d’água devem ser
incentivadas na comunidade (BRASIL, 2010).
Antes e durante o período das chuvas, a população deve ser alertada a evitar entrar e permanecer
desnecessariamente em áreas alagadas sem a devida proteção individual, bem como a fazer a desinfecção
da casa após as enchentes (AGUIAR,2006).
Quanto aos alimentos, é fundamental que as ações de vigilância sanitária relativas à produção, ao
armazenamento, ao transporte e à conservação dos alimentos sejam continuadas e que esses locais sejam
inacessíveis a roedores (BRASIL, 2010).
Medidas ligadas ao meio ambiente, tais como o controle de insetos e roedores, obras de saneamento básico
(abastecimento de água, lixo e esgoto) e melhorias nas habitações humanas, também ajudam na prevenção
(Bio-manguinhos/FIOCRUZ, 2014).
Campanhas educacionais com finalidade de alertar sobre os riscos, as formas de contágio e as
consequências da doença devem ser feitas na comunidade de forma contínua e em todas as oportunidades,
bem como a limpeza e desinfecção de ferimentos. Também deve-se evitar o lazer em locais de possível
risco, como natação, pesca e caça (FOCCACIA, 2005).
As vacinas produzidas para o uso humano com leptospiras vivas são preparadas com sorovares prevalentes
em uma área e têm sido utilizadas em determinadas regiões do mundo e em grupos populacionais
selecionados, de acordo com o risco de contaminação (FOCCACIA, 2005). A não disponibilidade da vacina
para a população depende de especificidade dos sorovares que prevalecem numa região.
A imunidade após a doença é específica para o/os sorovar/res, havendo a possibilidade de uma segunda
infecção, uma vez que há múltiplos sorovares existentes.
Animais domésticos (cães, bovinos e suínos) devem receber vacinas de uso veterinário (BRASIL, 2010). Em
animais, a vacina (disponível no Brasil) evita a doença, mas não impede a infecção nem a transmissão
da leptospirose para seres humanos (CIVES, 2008).
A prevenção por meio de medicamentos pode ser utilizada em situações específicas, por meio da
administração da doxiciclina na dose de 200mg/dia por via oral, por dois a cinco dias (FOCCACIA, 2005).
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Epidemiologia da doença
A tabela abaixo ilustra a distribuição dos casos de leptospirose no Brasil. A maior parte dos casos está
ligada às condições de vida da população. Toda a população é suscetível e os principais grupos etários
afetados são os dos 20 aos 49 anos. Algumas prof
veterinários, pescadores, caçadores, agricultores e bombeiros.
Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, entre 2010 e 2014 o Brasil registrou uma
média anual de 4.162 casos confirmados, com 339 óbitos por ano. O maior número de casos da doença
foi observado na região Sudeste, seguida pelas regiões Sul,
a incidência média foi de 2,1/100.000hab e a letalidade média foi de 8,7%.
Aspectos epidemiológicos da leptospirose em Itajubá
As informações relativas à Itajubá, apresentadas neste boletim, serão feitas pela sé
da distribuição da doença em anos específicos, segundo caracteres pessoais. Os dados foram coletados
do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), no setor
distribuição da doença no município s
tipo de exposição.
Boletim Epidemiológico de Itajubá
A tabela abaixo ilustra a distribuição dos casos de leptospirose no Brasil. A maior parte dos casos está
ligada às condições de vida da população. Toda a população é suscetível e os principais grupos etários
afetados são os dos 20 aos 49 anos. Algumas profissões facilitam o contato com as
veterinários, pescadores, caçadores, agricultores e bombeiros.
Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, entre 2010 e 2014 o Brasil registrou uma
média anual de 4.162 casos confirmados, com 339 óbitos por ano. O maior número de casos da doença
, seguida pelas regiões Sul, Norte, Nordeste e Centro
a incidência média foi de 2,1/100.000hab e a letalidade média foi de 8,7%.
Aspectos epidemiológicos da leptospirose em Itajubá
, apresentadas neste boletim, serão feitas pela sé
da distribuição da doença em anos específicos, segundo caracteres pessoais. Os dados foram coletados
do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), no setor de epidemiologia
distribuição da doença no município será descrita segundo: idade, sexo, ocupação, local de residência,
Boletim Epidemiológico de Itajubá
A tabela abaixo ilustra a distribuição dos casos de leptospirose no Brasil. A maior parte dos casos está
ligada às condições de vida da população. Toda a população é suscetível e os principais grupos etários
issões facilitam o contato com as leptospiras, como
Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, entre 2010 e 2014 o Brasil registrou uma
média anual de 4.162 casos confirmados, com 339 óbitos por ano. O maior número de casos da doença
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nesses anos,
, apresentadas neste boletim, serão feitas pela série histórica, seguida
da distribuição da doença em anos específicos, segundo caracteres pessoais. Os dados foram coletados
de epidemiologia local. A
erá descrita segundo: idade, sexo, ocupação, local de residência,
Página 6 Boletim Epidemiológico de Itajubá
Tabela 1 - Casos confirmados de leptospirose por sexo, Itajubá, 2000 a 2015
Ano notificação Feminino Masculino Ignorado Total 2006 0 3 0 3 2007 0 6 0 6 2008 0 4 0 4 2009 0 3 0 3 2010 0 4 0 4 2011 0 2 0 2 2012 1 2 0 3 2013 0 7 0 7 2014 0 10 0 10 2015 1 6 0 7 2016 1 5 0 6 Total 3 52 0 55
Fonte: SINAN
Gráfico 1 – Casos confirmados de leptospirose por sexo, Itajubá, 2000 a 2015
Fonte: SINAN
A leptospirose em Itajubá predominou no sexo masculino em todos os anos da série histórica, num total
de 94,54% no acumulado dos anos. Em Itajubá, a percentagem em homens foi ainda maior que no país.
Segundo Informe Epidemiológico Leptospirose, dos casos confirmados entre 2010 e 2014 no Brasil, 77%
eram homens.
A constatação de que a leptospirose atinge principalmente homens, tanto em relação à gravidade da
doença quanto ao número de óbitos, não está bem esclarecida. Pode ser atribuída aos fatores ambientais
e ocupacionais, ao registro somente de casos graves, ou mesmo ao comportamento dos homens, que,
em geral, só procuram assistência em situações de gravidade, mais do que as mulheres (SOUZA, V.M.M et
al, 2011).
0
10
20
30
40
50
60
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 TotalFeminino Masculino Ignorado Total
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Tabela 2 - Casos confirmados de leptospirose por faixa etária, Itajubá, 2006 a 2016
Idade 0 a 9 anos 10 a 19 anos 20 a 49 anos 50 a 69 anos 70 anos e
mais
Total de casos 0 14 27 13 1
Fonte: SINAN
Gráfico 2 - Casos confirmados de leptospirose por faixa etária, Itajubá, 2006 a 2016
Fonte: SINAN
Em Itajubá, 49,09% dos casos de leptospirose ocorreram em indivíduos com idade entre 20 a 49 anos,
entre 2006 e 2016. Dados do Informe Epidemiológico Leptospirose mostram que, no Brasil, entre 2010 e
2014, 40,5% dos casos ocorreram em pessoas entre 20 e 39 anos.
Estudo desenvolvido por Paploski (2013) evidencia que a leptospirose tem diferentes razões de
progressão clínica em indivíduos de diferentes sexos e faixas etárias, mas sugere estudos que possam
explicar as diferenças no risco de progressão da doença.
Tabela 3 - Casos confirmados de leptospirose por cor da pele, Itajubá, 2006 a 2016
Branca Preta Amarela Parda Indígena Ignorado
Total de casos
50 1 0 4 0 0
Fonte: SINAN
0
5
10
15
20
25
30
0 a 9 anos 10 a 19 anos 20 a 49 anos 50 a 69 anos 70 anos e mais
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Grafico 3 - Casos confirmados de leptospirose por cor da pele, Itajubá, 2006 a 2016
Em Itajubá, 91% dos casos de leptospirose ocorreram em indivíduos de cor branca, seguidos de 7%cor
parda e 25% cor preta. Na literatura consultada não houve destaque com relação
levantamentos epidemiológicos.
Tabela 4 - Casos confirmados de leptospirose por área de residência, Itajubá, 2006 a 2016
Área de residência
Rural
Total de casos 15
Gráfico 4 - Casos confirmados de leptospirose por área de residência, Itajubá, 2006 a 2016
Em Itajubá, 58,18% dos casos confirmados de Leptospirose eram de residentes na área urbana,
seguidos de 27,27% de residentes em área rural. 5,45% de casos não apresentam relato. Segundo o
Informe Epidemiológico Leptospirose, a
em área urbana (57%), seguida pela área rural (20%) e peri
No Brasil, a doença é considerada endêmica, mas, em períodos chuvosos, torna
enchentes e à aglomeração populacional em áreas com c
alta infestação de roedores (BRASIL, 2009).
2%
Boletim Epidemiológico de Itajubá
Casos confirmados de leptospirose por cor da pele, Itajubá, 2006 a 2016
Em Itajubá, 91% dos casos de leptospirose ocorreram em indivíduos de cor branca, seguidos de 7%cor
parda e 25% cor preta. Na literatura consultada não houve destaque com relação
Casos confirmados de leptospirose por área de residência, Itajubá, 2006 a 2016
Urbana Periurbana
32 3
Casos confirmados de leptospirose por área de residência, Itajubá, 2006 a 2016
Em Itajubá, 58,18% dos casos confirmados de Leptospirose eram de residentes na área urbana,
seguidos de 27,27% de residentes em área rural. 5,45% de casos não apresentam relato. Segundo o
Informe Epidemiológico Leptospirose, a maior parte dos casos no Brasil, entre 2010 e 2014, ocorreu
em área urbana (57%), seguida pela área rural (20%) e peri-urbana (3%).
No Brasil, a doença é considerada endêmica, mas, em períodos chuvosos, torna
enchentes e à aglomeração populacional em áreas com condições inadequadas de saneamento e com
alta infestação de roedores (BRASIL, 2009).
91%
2%
0%
7%
0% 0%
BrancaPreta
AmarelaParda
Indígena
27%
58%
6%
9%
Rural
Urbana
Periurbana
Ignorado
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Casos confirmados de leptospirose por cor da pele, Itajubá, 2006 a 2016
Em Itajubá, 91% dos casos de leptospirose ocorreram em indivíduos de cor branca, seguidos de 7%cor
parda e 25% cor preta. Na literatura consultada não houve destaque com relação ao item cor da pele nos
Casos confirmados de leptospirose por área de residência, Itajubá, 2006 a 2016
Ignorado
5
Fonte: SINAN
Casos confirmados de leptospirose por área de residência, Itajubá, 2006 a 2016
Fonte: SINAN
Em Itajubá, 58,18% dos casos confirmados de Leptospirose eram de residentes na área urbana,
seguidos de 27,27% de residentes em área rural. 5,45% de casos não apresentam relato. Segundo o
il, entre 2010 e 2014, ocorreu
No Brasil, a doença é considerada endêmica, mas, em períodos chuvosos, torna-se epidêmica devido a
ondições inadequadas de saneamento e com
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Tabela 5 - Casos confirmados de leptospirose por ambiente de exposição, Itajubá, 2016
Local de trabalho Domicilio Lazer Ignorado
2 1 2 1
Fonte: SINAN
Gráfico 5 - Casos confirmados de leptospirose por ambiente de exposição, Itajubá, 2016
Fonte: SINAN
Em Itajubá, no ano 2016, 33,33% tiveram como ambiente de exposição o local de trabalho e a mesma
proporção em áreas de lazer, seguidos de 16,66% em domicílio e outros 16,66% como ignorados.
De acordo com o Informe Epidemiológico Leptospirose, entre os anos 2010 e 2014, no Brasil, foi
evidenciado que, entre os ambientes prováveis de infecção, os mais frequentes foram: domiciliar (42%),
trabalho (17,5%) e lazer (6%).
As atividades relacionadas à exposição de risco não foram objeto deste boletim, mas, para acrescentar a
informação, os dados do Informe relatam: presença de roedores no ambiente (58%), contato com água
e/ou lama de enchente (41%), presença de lixo/entulhos no ambiente (32%) e atividades de criação de
animais (31%).
33%
17%
33%
17%
Relacionada ao trabalho
Domicílio
Lazer
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Tabela 6 - Evolução de casos confirmados de leptospirose, Itajubá, 2006 a 2016
Internação Cura Óbito por
leptospirose Óbito por outras
causas Ignorado
47 44 1 1 9
Fonte: SINAN
Gráfico 6 - Evolução de casos confirmados de leptospirose, Itajubá, 2006 a 2016
Fonte: SINAN
Como já foi dito, de 5% a 10% dos casos evoluem com gravidade, necessitando de internação, com
letalidade média de 8,7%.
Conclusão
A tabela 1 mostra que nos últimos 17 anos a leptospirose vem se mantendo constante em todo território
nacional, com anos de maior ou menor incidência. Os fatores que determinam a variação do número de
casos podem ser os mesmos que determinam a susceptibilidade dos indivíduos a doença, sendo que
para a leptospirose o fator meio ambiente é fundamental. Os profissionais de saúde da atenção básica
devem permanecer atentos às condições ambientais propícias a manutenção da doença na comunidade,
bem como promover continuamente ações de educação em saúde para famílias e comunidades. Todos
os profissionais, inclusive os que atuam nos ambulatórios, devem estar atentos às manifestações da
doença para que o diagnóstico precoce minimize os riscos de complicações que demandam sofrimento
do paciente e custos assistenciais. As escolas podem participar ativamente na prevenção da doença,
orientando medidas simples de higiene e preservação do meio ambiente, bem como colaborando na
formação de multiplicadores de educação em saúde.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Internação Cura Óbito por leptospirose
Óbito por outras causas
Ignorado
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Referências bibliográficas
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Outros sites consultados
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/maio/02/Leptospirose-casos-05_2017.pdf. Acesso
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