palco e picadeiro: polÊmica na temporada de piolin no...
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES
PALCO E PICADEIRO: POLÊMICA NA TEMPORADA DE PIOLIN NO
TEATRO BOA VISTA EM 1931.
Relatório de Iniciação Científica
FAPESP – Proc.2012/06509-0
Aluna: Audrea Santos de Santana
(3º ano História, FFCLH – USP, São Paulo)
Orientador: Walter de Sousa Junior
Escola de Comunicação e Artes - USP
2013
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES
PALCO E PICADEIRO: POLÊMICA NA TEMPORADA DE PIOLIN NO
TEATRO BOA VISTA EM 1931.
Relatório de Iniciação Científica
FAPESP – Proc.2012/06509-0
_____________________________________________________________
Audrea Santos de Santana
_____________________________________________________________
Walter de Sousa Junior
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SUMÁRIO
1. Atividades realizadas
1.1 Resumo do projeto
1.2 Dificuldades encontradas
2. Relatório científico
2.1 Introdução
2.2 Os processos de hibridismo entre o palco e o picadeiro
2.3 Repertório da Companhia de Teatro Cômico
2.4 Análise das peças
2.5 Conclusão
2.6 Bibliografia
2.7 Anexos
2.7.1 Coluna Palcos e circos: “Piolin” do dia 25 de julho de
1931. Jornal o Estado de S. Paulo.
2.7.2 Imagens dos anúncios da Companhia de teatro cômico.
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1. Atividades realizadas
1.1 Resumo do projeto
O objetivo do trabalho era analisar a temporada da Companhia de
teatro Cômico no teatro Boa Vista em 1931, cujos principais artistas
eram Tom Bill e Abelardo Pinto Piolin. Considerando o repertório das
peças e o tipo de humor empregado pela dupla apontando os entre
cruzamentos entre o circo teatro de Piolin e o teatro cômico popular de
Tom Bill.
Analisando em contrapartida a polêmica que se incitava nos periódicos
paulistanos no período da temporada, identificando o que os
interlocutores previam quanto à saída de Piolin do circo, sua zona de
conforto e sucesso garantido, para atuar agora sobre os holofotes do
teatro.
No relatório parcial entregue no segundo semestre de 2012, foquei a
pesquisa na revisão bibliográfica sobre a história e desenvolvimento do
circo e circo teatro, as quais delimitaram as bases teóricas para abordar
e identificar dentro do recorte da pesquisa a trajetória de Piolin no
teatro, dos elementos que o palhaço aderiu às novas funções em
conjunto com Tom Bill e os demais artistas, assim com articular a
historicidade de seu personagem dentro da cultura paulistana.
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O segundo passo foi à localização e análise documental dos excertos
dos jornais que falavam sobre a temporada de Piolin no Boa Vista que
acabaram por se dividir em duas categorias:
1. A expetativa dos jornalistas, leitores e intelectuais do meio
mediante a estreia da temporada: Que se pautava
principalmente da rememoração dos tempos áureos do palhaço
no circo; na memória coletiva do imaginário da magia circense;
na não aceitação do público da saída de Piolin dos picadeiros e
também na apreensão dos jornalistas e leitores que temiam pelo
fracasso do palhaço assumindo esse novo projeto no teatro.
2. Pós estreia e anúncios dos espetáculos: Consistindo basicamente
na resolução positiva desse burburinho nos jornais, com o sucesso
de Piolin anunciado em artigos e notas e no alívio e surpresa dos
espectadores ao perceberem que Piolin mesmo assumindo
personagens do teatro não perdera suas características
primordiais que mantiveram subsequentemente o teatro Boa vista
com ingressos esgotados em quase todas as sessões da
temporada, como mostraram os anúncios encontrados nos jornais
“Folha da manhã” e “O Estado de São Paulo”.
A partir daí produzi as conclusões parciais do projeto propondo que o
sucesso na temporada estava na permanência dos atributos circenses
de Piolin que lotava o teatro por seu prestígio anterior no picadeiro. Sua
arte circense interligada aos novos recursos do teatro tanto
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cenográficos, quanto espaciais contribuíam para o processo de
hibridação que acontecia nas encenações evidenciando as
negociações culturais que aconteciam de forma fluída e contínua no
palco da companhia de teatro cômico.
No decorrer do trabalho participei do 20º Simpósio Internacional de
Iniciação Científica da Universidade de São Paulo (SIICUSP) que ocorreu
nos dias 23 e 24 de outubro de 2012 na faculdade de economia e
administração (FEA- USP) contando com mais de mil participantes e
trinta mesas. Apresentei junto à mesa cujo tema era “Teatro, ator e
performance” mediada pelo professor e doutor Celso Garcia, a qual
pudemos dialogar com os demais participantes sobre a introdução do
circo no Brasil, a trajetória da carreira de Abelardo Pinto Piolin e sua
improvisação e criatividade nos palcos, Este evento foi importante pra a
pesquisa, visto que, por meio dessa conversa pude agregar mais
elementos à pesquisa e devido a alguns questionamentos elaborados
pelos participantes pude avaliar o que ainda precisava ser
aprofundado no trabalho.
Neste relatório de conclusão da iniciação científica focar-me-ei na
conceitualização de hibridismo trabalhando com as ideias de Nestor
Canclini e identificando os processos de hibridação entre o circo e o
teatro a partir da e temporada de Piolin no Boa vistas tendo como base
os trabalhos de Mario Bolognesi e Walter de Sousa Jr. Analisando
também o repertório das peças encenadas nessa temporada, das
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quais fiz a leitura e compus um singelo relatório dos documentos que
encontrei no arquivo Miroel Silveira, arquivo este que abriga as peças
que passaram pela censura prévia do Departamento de Diversões
Públicas (DDP) de 1930 á 1970, localizado atualmente na Escola de
Comunicações e Artes da USP.
1.2 Dificuldades encontradas
Conforme já colocado no relatório parcial às primeiras dificuldades se
deram antes da composição do trabalho em si, pois uma das fontes de
pesquisa que seriam utilizadas ficou por um grande período de tempo
fora de alcance já que o Arquivo do Estado estava fechado para
pesquisa por causa de sua reforma e não haveria outro meio de
localizar as informações do jornal “O Estado de S. Paulo” senão por esse
arquivo.
Já na questão da Bibliografia foi difícil encontrar referência sobre o
companheiro de Piolin no Boa Vista, Tom Bill localizei somente alguns
dados como, por exemplo, que ele tinha nacionalidade italiana, e
trabalhava com teatro de comédia com atores como Genésio Arruda.
Com poucas referências não há como mensurar como foi o seu
desenvolvimento dentro do cenário da época até seu encontro com
Piolin.
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Quanto ás peças, não encontrei todo o repertório encenado na
temporada no arquivo Miroel Silveira, das vinte e duas peças apenas
dez estavam disponíveis no arquivo e no cruzamento com as notas dos
jornais não pude encontrar todas as informações pretendidas, No
relatório das peças constarão em alguns casos apenas o nome dos
personagens e em outros somente os dos artistas que participaram.
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2. Relatório científico
2.1 Introdução
O circo paira entre a cena cultural paulista desde o século XIX com as
famílias que aqui desembarcavam passando por diversas
transformações em conformidade com as mudanças da própria
sociedade. O tradicional e o moderno se convergem no circo por meio
das interligações culturais que acontecem nas apresentações, nas
trocas entre os artistas e nas mudanças que sofriam as diversas
linguagens artísticas que conviviam sob a lona e as arquibancadas.
Daniela Pimenta fala dessa circularidade que ocorria no XIX como uma
das premissas da formação do circo brasileiro:
Esse trânsito, mantido tanto no sentido de entrada como de
saída do país, fomentava a renovação das atividades e
elencos circenses. As inovações técnicas de números e
aparelhos, tendências de estilos na criação de figurinos e
adereços, formas musicais e danças regionais, além de roteiros
dramáticos, eram intercambiadas pelos circenses durante a
permanência de tais companhias em nosso país. Dessa
maneira, os elencos se reconfiguravam e os repertórios se
fundiam e se difundiam entres a companhias que se formavam
e de estabeleciam em nosso país. (p.30-31)
Por meio dessa multiplicidade de gêneros e estilos destacou-se dentre
as apresentações circenses um personagem que mais tarde se tornaria
o grande protagonista do circo: o palhaço. Sob a pluralidade do
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espetáculo circense brasileiro essa figura acaba por desenvolver
atributos que se diferem de referência primordial europeia. Além das
entradas e reprises, o palhaço começa a ganhar espaço na prática
teatral dos picadeiros e com o desenvolvimento das comédias atribuiu-
se ao palhaço assim como afirma Bolognesi “uma forma cênica aberta,
formada e baseada na sua capacidade de improvisação e
interpretação” (p.53).
Acompanhando os vestígios de modernidade que despontavam no
Brasil na virada do século, o circo desenvolve mais uma modalidade a
ser consideradas em seu picadeiro, as peças de circo teatro. Que
surgiam em meio ao turbilhão modernizante que passava a capital
federal e São Paulo transformado num ambiente de tensões entre o
rural e o urbano, o moderno e o conservador captando esses conflitos e
transformando-os em comédias, farsas e melodramas fazendo a plateia
rir e chorar numa mistura de humor e teatro, com cenas do imaginário
popular, acontecimentos da vida cotidiana ou o que pudesse agradar
ou comover aquele público que se desenvolvia junto com o circo.
Conforme a pesquisadora Roseli Fígaro indica:
São Paulo transformava-se, influenciada pelas tradições
culturais das diferentes nacionalidades que chegavam; são
muitas as línguas, os jornais de cada comunidade, as festas
típicas, a gastronomia diferenciada. Uma nova vida cultural
efervescente mascará a futura metrópole. (FÍGARO, Roseli
apud. COSTA, 2006, p.87).
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Capturando as contradições da modernidade a teatralidade paulista
desenvolve se por conta dos grupos de imigrantes, de amadores e
também das encenações do circo teatro. Conforme Sousa Junior
salienta esse movimento da história do teatro brasileiro é amenizada
pela periodização tradicional deixando a segundo plano esses
processos culturais que se interligaram com o aperfeiçoamento do
teatro brasileiro nas primeiras décadas do século XX.
“Esse confronto que acaba em miscigenação e hibridismo
marcaria um período em que o teatro popular e as
experiências mais elaboradas das grandes companhias fazem
a cena paulista, embora parte dos pesquisadores só comece a
observar a teatralidade paulista a partir da constituição do
Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), que, de fato, cria um teatro
elaborado e profissional. Entretanto, essa iniciativa não se deu
no sentido de criar um espetáculo popular, para acesso
popular, mas um movimento baseado nas recentes
transformações cênicas que ocorriam na Europa e que tinham
por foco atualizar o atraso vivido pela cena erudita brasileira”
(2011,p.96).
Portanto a inserção do circo teatro na perspectiva da teatralidade
brasileira faz-se necessária já que esta agitava as cidades paulistanas
que ansiavam pela representação teatral e recebiam do circo a
satisfação desse desejo, Como podemos perceber palco e picadeiro
sempre estiveram interligados e a temporada de Piolin no teatro
evidenciam as conjunturas que existiam mostram que mais que
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peculiaridades existiam estruturas compartilhadas entre esses campos
culturais.
2.2 Processos de hibridismo entre o Palco e o Picadeiro
Ao escolher como recorte de pesquisa a temporada de Piolin no teatro
um dos focos da análise era encontra os pontos de hibridação entre o
teatro de comédia evidenciado pelo ator Tom Bill e o circo e circo
teatro explicitado por Piolin. Porém após a leitura do antropólogo Nestor
Canclini ficou claro que mais importantes que a hibridação em si, são
como esses processos ocorrem a partir da confluência simbólica entre
as culturas popular, erudita e massiva. E sob essa perspectiva que
analiso a temporada de Piolin no teatro, não como uma ruptura já que
o artista volta a atuar nos picadeiros logo em seguida, mas, como mais
um movimento da circularidade cultural existente entre o circo e o
teatro, dentro do lugar social em que está inserido.
O fato é que o hibridismo, seja ele efeito de uma mestiçagem
cultural inata á sociedade paulistana - a despeito das pressões
empreendidas pela elite rural e, depois da burguesia
industrial - seja por um rito de sobrevivência do espetáculo
circense, que precisa de público na arquibancada também
ocorre por uma condição, histórico - social. (SOUSA JUNIOR, p
75)
E nessa condição contribuiu como alicerce de outros movimentos
culturas como o advento da indústria televisiva e do rádio sem
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referencia nos moldes das programações e nas demandas de
profissionais como afirma a pesquisadora Cristina Costa ao tratar dessa
confluência entre o circo teatro e as demais expressões culturais.
O teatro, o rádio e a televisão devem ao circo teatro uma
importante função produtiva e pedagógica por sua condição
atuante entre artistas e junto à plateia, foi ele que, com sua
estrutura flexível, seu nomadismo, sua capacidade de
organização em diferentes espaços e com diversos repertórios,
conseguiu manter uma experiências teatral permanente, ainda
que fragmentada e inconstante. Tornou-se assim, o mediador
entre as diversas instâncias que se opunham no cenário cultural
paulista: a elite e o homem comum; o negro e o escravo; o
imigrante e o nativo; o nacional e o internacional; o tradicional
e o novo. (2006, p.31-32).
Da mesma forma que estas expressões absorveram elementos do circo
teatro, este também capturou formas e expressões o rádio, cinema e
teatro, reinterpretando e parodiando os clássicos por exemplo. Canclini
interpreta essas hibridações como processos socioculturais nos quais
estruturas ou praticas discretas que existam de forma separada
combine-se para gerar novas estruturas, sendo essas praticas discretas
constituintes também do que ele chama de “ciclos de hibridação”,
elemento intrínseco tanto na historicidade das praticas circenses e suas
interações quanto do teatro carregado de influencias e transformações.
Mario Bolognesi dedica um capitulo de seu livro Palhaços ao processo
de interação entre o circo e o teatro delimitando as hibridações que
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ocorreram desde o século XV até o chamado circo moderno,
colocando o corpo como ferramenta principal desse processo. “A
literatura tem na língua a sua base, a música , nos sons, a pintura nas
cores. Qual seria a matéria principal do espetáculo do circo? [...] o
corpo ora sublime, ora grotesco” (p.200). Neste aspecto que a atuação
de Piolin na Companhia de teatro Cômico se sobrepõe, pois suas
características propriamente do circo interagem num nova ambiente
não descartando as contradições, mas atribuindo lhes um novo
significado.
2.3 Repertório da Companhia de Teatro Cômico
Dentro da temporada da Companhia de Piolin e Tom Bill foram
encenadas ao todo 20 peças e 02 esquetes, cujo seus nomes e datas
de apresentação foram extraídos das notas e propagandas
principalmente do jornal O Estado de S.Paulo em que apareciam
anúncios das peças diariamente, sendo que alguns estão em anexo
neste trabalho. Primeiramente uma listagem do total das peças
encenadas, tendo em vista que os títulos sublinhados não foram
encontrados no arquivo Miroel Silveira.
1. Piolin o Farmacêutico (Tom Bill)
2. O príncipe do Braz (Tom Bill)
3. O namoro dos Sabiás*
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4. O casamento do Piolin (Tom Bill)
5. Piolin no Tribunal
6. Piolin Bombeiro (Tom Bill)
7. Ora bolas... Que amigo!
8. Piolin Afinador de pianos (Tom Bill)
9. Ensaio da comédia
10. De Marquês a Criado (Tom Bill)
11. Um Match de Box *
12. Sobre tudo fatal (Tom Bill)
13. Os três vagabundos
14. Piolin Duelista
15. O café do Felisberto (adaptação Tom Bill)
16. Como se pagam dividas
17. O morto que ‘dansa’ maxixe
18. Santinha
19. O simpático Jeremias (Gastão Tojeiro)
20. Aventuras de um rapaz feio (Paulo de Magalhães)
21. Meu cunhado, marido de minha mulher (Tom Bill).
22. Eu sou de circo! (Franz Arnold e Ernest Bach; tradução de Matheus
da Fontoura).
Encontrei no arquivo Miroel Silveira apenas 10 peças deste repertório
todas com o certificado de censura, alguns com poucos dias
antecedendo a sua apresentação e outras cujo pedido à censura
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prévia foram de até 10 anos depois de sua encenação no teatro Boa
Vista. Isso de certa forma mostra que mesmo atendendo a alguns
critérios os órgãos censores deixam passar algumas questões que
dependo do censor eram revistas ou não. Apenas a peça Piolin, o
afinador de Pianos teve algumas palavras censuradas as outras peças
passaram pelo DDP sem nenhum corte ou alteração.
Das peças não encontradas no arquivo cito apenas o que consegui
extrair dos jornais, que mesmo singelos são dados importantes para a
pesquisa, pois encontrei o nome dos artistas que interpretaram as
peças, as datas de sua estreia e sua repercussão dentro do meio
teatral, visto que peças como o Café Felisberto uma adaptação de um
clássico e Santinha tiveram um êxito entre a plateia tendo suas
apresentações prolongas conforme mostram os anúncios.
Os esquetes encenados no palco por Piolin e Tom Bill foram dois “Um
match de Box” a qual não encontrei nenhum tipo de menção nos
documentos, mas por comparação a outros esquetes penso que este
possa ser semelhante à pantomina do Boxe em que os palhaços
simulam de forma cômica e articulada uma luta no ringue; e “O
namoro dos sabiás” uma dos esquetes mais famosos feitos por Piolin em
que o palhaço encenando um passarinho corteja sua amada por meio
de assovios.
Faço um breve relatório das peças encontradas no arquivo Miroel
Silveira com suas informações gerais e um resumo, os primeiros mais
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detalhados que outros apenas para mostrar suas estruturas que serão
mais tarde analisadas.
Piolin o Farmacêutico
DDP: 0680
Autor: Tom Bill
Data de pedido a censura prévia: 20/04/1931
Data de estreia: 24/04/1931
Datas de Apresentação: 25, 26, 27, 28,29/04 e 28/07/1931.
Elenco: Céo da Câmara, Carmem de Oliveira, Walkyria dos Santos,
Adele Negri, Piolin, Tom Bill, Mario Barreto, Aldo Zapparoli, Eurico
Mesquita, Mario de Sousa.
Resumo:
A peça em três atos se inicia com o dialogo do criado e sua patroa Elisa
sobre a espera de uma companhia de canto, além da espera de uma
encomenda da farmácia. Ao saber da notícia da não vinda
companhia de canto da qual Elisa era contratada, ela fica desolada e
diz ao seu criado que vai para o quarto e não quer incomodada. Na
cena seguinte Piolin apare sendo seu personagem o empregado da
farmácia encarregado de entregar a Elisa sua encomenda. De modo
atrapalhado conversa com o criado Carmelino e percebendo que Elsa
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não poderá atendê-lo decide voltar depois saindo de cena soltando
gracejos e elogios sobre a senhora.
A cena três inicia-se com Elisa conversando com Carmelino triste com a
sua atual situação. Ana, sua vizinha aparece e dizendo que precisa lhe
contar a novidades. Elisa conta sua história a Ana e esta conta sua
aventura da noite anterior. Ela diz que comprou uma máscara e foi ao
“Réveillon”, lá foi convidada para dançar um Pierrot que logo se
apaixonou por ela. Este homem que afirmava possui dez mil contos, se
chamava Xavier e a acompanhou até sua casa ambos sem tirarem
suas máscaras para manterem a mágica do encontro e Ana pediu-lhe
uma carta e para manter a brincadeira trocou seu nome pelo da
amiga Elisa Bonné.
Elisa ficou impressionada com a história e principalmente pela situação
financeira daquele homem enquanto Ana pedia à amiga que
recebesse e lhe entregasse se por acaso chegasse alguma
correspondência de Xavier. Na cena seguinte Carmelino entrega uma
carta a Elisa cujo remetente era o Xavier marcando um encontro no
Teatro Sant’ana para conhecer sua amada. Ele escreve o lugar e as
palavras que deveriam falar para se reconhecerem, dando a Elisa à
ideia de passar pela amiga e casar-se com o dono dos dez contos
resolvendo todos os seus problemas. Arquitetando seu plano ela ordena
que Carmelino se passe por seu tio para garantir e mostrar que era uma
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boa moça, como consta nesse dialogo “Uma mulher que não tem um
homem que lhe apresenta perde toda a importância [...]” (p.2).
Na cena cinco Piolin contracena com Elisa, aparecendo em sua porta
para entregar lhe seu perfume. Apaixonado pela moça dia que fez
questão de ir entregar pessoalmente, Elisa sente o perfume e pergunta
a Piolin como usá-lo. O palhaço explica e ela pede que ela passe o
perfume em seu braço. De forma cômica Piolin atende ao pedido da
mulher e desajeitado passa lhe o perfume colocando como culpa a
emoção e beleza daquela senhorita. Entre elogios entrega a Elisa à
receita da farmácia com os dizeres “Eu te amo” no verso. Ela pensando
que o autor da frase seja o farmacêutico, que era noivo de Justina (filha
do dentista), com a mal dizer dos homens, mas Piolin se declara a moça
que fica furiosa, chama seu falso tio que fingindo estar ofendido coloca
Piolin pra fora da cena.
O segundo quadro começa com Carmelino contando o ocorrido a
Antônio, o farmacêutico, que promete dar um jeito na situação com o
Piolin, demitindo-o. A peça muda os personagens em cena passando a
diálogos entre Xavier e Carlos no teatro Sant’ana admirando a beleza
de Eliza enquanto Carlos aconselha seu amigo a ser cauteloso, visto que
ele ainda era casado, com uma velha que estava quase morta com a
barriga cheia d’agua, mas ainda casado.
A cena seguinte se passa na farmácia com Antônio que entre palavrões
e maus-tratos demite o pobre Piolin, este desiludido com o amor e com
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a vida sai prometendo beber meio litro de pinga e matar-se com um tiro
na cabeça.
Aparecem em cena à família do dentista (Aleixo, Rosa e Justina) indo
encontrar com Antônio na farmácia que pensando ser novamente
Piolin com mais desaforos abre a porta dando um soco e acertando seu
sogro Aleixo. Inicia-se uma grande confusão e Aleixo não aceita as
desculpas do genro, Justina desiste do casamento para defender sei
pai e Aleixo sai de cena sem perdoar Antônio com o grande guarda
chuva da família a procura de um automóvel. No meio do caminho
Aleixo encontra com o rico Xavier que compra o seu guarda chuva
para proteger Elisa e também seu paletó. O dentista vai andando sob a
chuva e acaba encontrando Piolin com uma garrafa de pinga e um
revólver, ele entrega a Aleixo seu guarda chuva, seu paletó e mais 800
réis alegando não precisar dessas coisas iniciando um diálogo com o
dentista sobre o seu “auto suicídio”.
Eu tenho mesmo que morrer... (tira o revólver) Daqui a pouco
estouro os miolos. Quero desfechar os cinco tiros na minha
cabeça. Mas quero escolher um lugar sem osso, onde me doa
menos. Morte indolor... Coragem! (aponta a arma) Mesmo
agora tenho vontade de coçar as orelhas [...].
Aleixo percebe a atitude do palhaço e impede conversando e dizendo
que o levará para sua casa até que melhore. Ambos se dirigem
novamente a farmácia, onde o dentista apresenta Piolin a todos e
conta que o salvou enquanto Antônio o reconhece e inicia uma nova
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briga revelando que a bofetada que acertara no genro era na verdade
para o suicida. Aleixo no perdoa o insulto e diz que só permita
novamente o noivado se Antônio deixar Piolin esbofeteá-lo.
O último quadro da peça se passa inteiro na casa e consultório do
dentista começando com Xavier e Carlos esperando o dentista como
pretexto para encontrar Elisa. Xavier ordena a Carlos que arrancará um
dente apenas para poder permanecer esperando no consultório, ele
de inicio se recusa, mas Xavier lhe uma quantia em dinheiro e Carlos
aceita tirar o dente.
A cena seguinte é um dialogo entre Justina e sua mãe Rosa que esta
nervosa com os desatinos de Piolin que para ela estava se sentindo o
novo patrão casa exigindo leite e vários travesseiros. Aleixo chega à
casa conversa com Rosa e depois com Piolin que reclama por não
conseguir dormir com apenas um travesseiro entre outros caprichos e
ameaça matar-se quando o dentista pede ele saia de sua casa. Vendo
que não conseguiria se livrar do palhaço pede que ele o ajude em seu
consultório soltando elogios ao dentista como se fosse um cliente e
dizendo que ele arrancava os dentes sem nenhuma dor. Repetindo
incessantemente estas frases Piolin sai de cena gritando “que dentista...
que gênio!”.
No consultório Ana encontra com Carlos eles começam a conversar e
percebem que se conhecem daquele “réveillon”. Ana pergunta por
Xavier e fica sabendo de seu caso com Elisa e que o homem além de
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ser casado tem mais de 50 anos. Ela se recusa a conhecer o velho rico
dizendo que seu marido deveria ser “jovem, solteiro, e simpático” e
acaba aceitando o repentino pedido de casamento de Carlos que se
declara a moça. Enquanto Piolin vai gritando os bordões ensinados pelo
dentista entram em cena Xavier, Elisa, seu falso tio Camelino. O velho
rico conta a Elisa que é casado, mas que seu dinheiro pode ser todo da
moça se ela esperar. Ela não aceita a proposta reconhece Piolin e diz
que vai agora se casar com ele. Xavier com seu orgulho ferido diz a
Carmelino que o pagará se ele não aceitar o casamento de Piolin com
Elisa.
O “tio” , então aceita a proposta e conversa com Piolin convencendo-o
que Elisa usaria uma perna de pau, como consta neste dialogo:
PIOLIN: E a noite quando ela vai para cama, tira a perna de
pau?
CARMELINO: Tira e bota no criado mudo.
PIOLIN: Como se fosse um cachimbo turco... Não, não me
convém! Pode acontecer que na primeira briga ela me arruma
com a perna de pau na cabeça... Não vou nisso. Procurarei
um pretexto para romper com o noivado [...] (p.17).
A última cena é com todos os personagens e onde se dá a resolução
final. Elisa recusa Aleixo e diz que se casará com Piolin. Ele se desculpa
dizendo que já está comprometido com outra moça, e nesse momento
Justina se apresenta como sua noiva. Aparecem Ana e Carlos
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anunciando seu noivado e Carlos relata a súbita morte da esposa de
Xavier. Elisa volta a aceitar o pedido do senhor rico e Aleixo que até o
momento não aceitava Piolin como novo genro acaba por aceita
depois que Xavier garante que dará um emprego para o palhaço.
Toda a confusão se resolve com Piolin olhando embaixo da saia de
Justina e dizendo: “São de carne... São de carne!”.
O príncipe do Braz
DDP: 0047
Autor: Tom Bill
Gênero: farsa
Data de estreia: 30/04/1931
Data das apresentações: 01, 02,03, 04, 05, 06/05/1931.
Elenco: Piolin, Tom Bill, Céo da Câmara, Adele Negri, Mario Barreto, Aldo
Zapparoli, Carmem de Oliveira, Walkyria do s Santos e outros.
Personagens: Antônio (vendedor de bilhetes); Paschoal (barceiro);
Vicente (criado); Emma; Theóphilo (pai de Emma); Maria (criada de
Emma e primeira criada de Antônio); Luiza (segunda mulher de
Antônio); Juquinha (Filho de Antônio);
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Resumo: As cenas começam com uma discussão sobre as dificuldades
em pagar o aluguel ao senhor Antônio (dono do cortiço) a pobreza e
ao mesmo tempo a soberba e avareza de alguns moradores desse
cortiço como a personagem Luiza que penhora a maioria de suas
coisas, mas, ainda se coloca como superior diante ao demais
moradores. A trama toda se desenrola porque para cortejar Emma, o
conde Ricardo sem o consentimento de seus familiares propõe a parte
dos moradores do cortiço, que finjam serem parentes nobres em troca
de um grande banquete. A confusão a casa de Emma de desenrola de
tal forma que os falsos nobres não usufruem do banquete mesmo, os
parentes verdadeiros do conde aparecem e no fim aceitam o seu
casamento com a moça.
OBS: nesse período também foi encenada a esquete “o namoro dos
Sabiás”.
O casamento de Piolin
DDP: 0579
Data de pedido a censura prévia: 04/05/1931
Autor: Tom Bill (adaptação)
Gênero: farsa
Data de estreia: 07/05/1931
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Data das apresentações: 08, 09, 10, 11, 12, 13/05 e 02,13/08/1931.
Elenco: Piolin, Tom Bill, Céo da Câmara, Adele Negri, Mario Barreto, Aldo
Zapparoli, Carmem de Oliveira, Walkyria do s Santos e outros.
Personagens: Nicola (pai de nina); Nina (noiva de Bernard); Bernard;
Chico (marido de Helena); Helena; Piolin; Therezinha (irmã de Piolin);
Frederico; Braz; Leone.
Obs: No documento havia descrito o nome de alguns dos personagens
com seus respectivos atores sendo que, Helena seria interpretada por
Céo da Câmara, Nicola por Mario Barreto; Therezinha por Carmem de
Oliveira e Leone por Tom Bill.
Resumo:
As cenas acontecem em meio ao casamento de Nina e Bernard, esta
anteriormente fora noiva de Piolin que por estar doente se ausenta por
um bom tempo fazendo com que Nicola pense que ele a abandonou
fazendo-a casar com outro rapaz. Mas Piolin volta e indignado com a
situação acaba passando uns tempos com essa família, Surge então o
boato de que Bernard tivera outra esposa a qual tinha assassinado por
ciúmes e esse será o motivo de todos os desentendimentos na peça,
pois ambos os personagens pensam que Bernard irá matar Nina e esta
nada entende quando eles tentam defende-la de seu marido. No fim
esses percebem a confusão com os semelhantes nomes e Piolin acaba
virando amigo do casal.
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Piolin no Tribunal
Gênero: farsa
Data de estreia: 14/05/1931
Data das apresentações: 12, 15, 16, 17,20 e 21/05/1931.
Personagem/Elenco: (Rosália criada) Walkyria Moreira; (Januário
criado) Mario Sorriso; Piolin; (Amália) Céo da Câmara; (Dr. Oswaldo)
Aldo Zapparoli; (Dr. Abelardo) Eurico Mesquita; (coronel) Tom Bill; (João)
A. Marques; (Dorothéa Pinto) Adele Negri; (Elvira) Carmem de Oliveira;
(Luiz) A. Marques; (Dr. Teixeira Costa) Mario Barreto.
Resumo: peça não localizada.
Piolin Bombeiro
DDP: 0589
Data de pedido a censura prévia: 20/05/1931
Autor: Tom Bill
Gênero: Comédia, farsa em 02 atos.
Data de estreia: 22/05/1931
Data das apresentações: 23 26 e 27/05/1931
27
Elenco: Piolin, Tom Bill, Mathilde Costa, Alma Zapparoli, Céo da Câmara
e outros.
Resumo:
O primeiro ato da peça começa no quarto de Virginia (filha do Barão)
que está conversando com seu criado Mario (que aparece somente
nessa cena) que conta notícias de seu professor de caligrafia e também
seu “amor secreto” deixando para ela uma carta. Na carta consta que
Chico, seu amado, estava muito doente para comparecer ao seu
aniversário e também não teria roupas adequadas para aquele festejo.
Virgínia comovida com aquela situação manda Mario comprar sapatos
e um chapéu para Chico.
A próxima cena é com Piolin (que interpreta um criado da casa)
pedindo a João (mais um empregado) que lhe pagasse seus honorários
totalmente, mas João se recusava alegando que Piolin quebrara um
jogo de porcelanas e deveria arcar com os custos. O Barão aparece
para saber do acontecido e Piolin conta que havia quebrado a
porcelana para atender a um chamado do Barão.
PIOLIN: [...] Eu não tenho que pagar nada, porque as xícaras
foram sem vergonhas... Enquanto eu estava com a bandeja na
mão o patrão me chamou: Piolin! E eu respondia: Já vou! E ele:
Piolin! Chama-me. E eu: Já vou! E ele ainda: Larga tudo e
venha já! Então larguei a bandeja e fui atender o patrão. Podia
prever que as xícaras se quebrassem?![...]
28
Aceitando esse cômico argumento o Barão Asdrúbal perdoa Piolin e o
coloca a sua disposição dizendo que este sim era um criado obediente
e que não deveria pagar nada. João aborrecido com o patrão conta a
Piolin a verdadeira história daquela família, que originalmente não era
nobre. Asdrúbal era um sapateiro que ganhou a confiança de um
nobre inglês que ao morrer deixou – o tudo assim com o seu título de
nobreza. Desde então o “novo barão” despreza sua antiga família (um
cunhado bombeiro e uma cunhada engomadeira) pobre e fazia de
tudo pra manter uma boa aparência dentro da aristocracia.
Nos preparativos para o aniversário aparecem em cena a marquesa e
seu filho Alberto que era noivo de Virgínia, num compromisso arranjado.
Entre os diálogos de pompa, entra em cena o personagem Chico com
umas roupas desproporcionais a seu corpo sendo motivo de gozação
de Piolin que quando descobre seu amor por Virgínia logo conta ao
professor sobre seu casamento com o marquesinho deixando Chico
furioso e com o coração partido com a suposta traição da amada. Ele
entra no meio do jantar e dialoga com os demais personagens, fala de
suas desilusões com a marquesa e acaba sendo convidado a
permanecer no aniversário.
A cena do jantar é permeada pelas conversas entre os participantes e
as intromissões de Piolin nos diálogos. A família pobre do barão aparece
para pedir ajuda e Asdrúbal inicia outra confusão chamando
freneticamente Piolin que desta vez deixa um lampião cair no chão
29
incendiando uma parte da casa. Provavelmente o palco se transforma
num grande “circo”, pois todos os personagens começam a jogar água
para apagar o incêndio enquanto o cunhado pobre que é bombeiro
discute com o Barão.
O segundo quadro se passa após o incêndio, numa outra visita dos
personagens a casa do barão. Abgail (esposa do barão) conversa com
sua irmã pobre, Laura, enquanto Asdrúbal briga com Miguel não
aceitando que ambos voltassem a pedir dinheiro em sua casa. Laura
conta que teve um sonho com os números da loteria Piolin diz a ela que
sempre joga na loto com os números de uma passagem do Livro de São
Cipriano, que coincidentemente são os mesmos números do sonho.
Chico aparece em cena para devolver as cartas de Virgínia e acaba
contando sua história a Piolin, de que era um filho bastardo de um
sapateiro que havia virado barão por ajudar um inglês rico. Depois de
muita discussão em cena Asdrúbal descobre que é o pai de Chico
gerando a dúvida de que Virginia seria sua irmã que logo é sanada
com a confissão de que o barão tivera outro casamento. Ambos
noivam, Laura ganha na loteria fica rica e como era a viúva de três
maridos resolve se casar com Piolin para como ele diz “enterrar o
quarto”.
Ora Bolas... Que amigo!
30
Gênero: farsa
Data de estreia: 28/051931
Data das apresentações: 31/05/1931
Resumo: Peça não encontrada.
Piolin afinador de pianos
DDP: 0141
Data de pedido a censura prévia:
Autor: Tom Bill
Gênero: farsa
Data de estreia: 29/05/1931
Data das apresentações: 30/05, 02 e 07/06/1931.
Personagem/Elenco: (Marieta) Rina Weiss; (José) E. Mesquita; (Achiles)
Piolin; (Paschoal) Mario Barreto; (Ângela) Mathilde Costa; (Sylvia) Jenny
Silva; (Conceição) Alma Zapparoli; (Gabriel) A. Zapparoli; (Julieta)
Walkyria Moreira; (Dr. Adolpho) Mario Sorriso; (Bartholo) Tom Bill; (Adele)
Carmem de Oliveira; (Scarponi) E. Mesquita; (C. Pomi) A. Marques.
Resumo:
31
O primeiro ato começa com a conversa e flerte entre os criados
Marieta e José sobre o banquete que seus patrões irão dar naquela
tarde. José conta a Marieta que os donos da casa eram pobres e que
enriqueceram vendendo alimentos no período da guerra (há uma
rasura na palavra subsequente a “guerra” provavelmente censurada).
Em meio ao namoro dos criados (a um grifo em vermelho embaixo
numa parte da peça em que Marieta deixaria as pernas à mostra)
aparece Achiles (Piolin), o afinador de pianos elogiando os preparativos
da festa e se lamentando por ainda estar em jejum diante de tanta
fartura, se colocando como um “Socialista”. Marieta brinca dizendo que
“ideias não enchem barriga” e sai de cena.
Achiles então contracena com Paschoal e sua esposa, que recebem
um telegrama de que o Barão não poderá comparecer ao banquete e
para se mostram alinhados aos costumes da aristocracia resolvem vestir
o afinador como um nobre e chama-lo de Marquês Achiles Casca, até
porque a esposa que era supersticiosa não sentava a mesa se o numero
de convidados fosse 13. E essa é o ponto principal que desenrola as
confusões, a cada desistência ou anuncio da chegada de mais um
convidado o suposto marquês é descartado ou não da festa fazendo
maldizer da sorte por ainda estar em jejum.
Na outra cena aparece Bartholo que encontra uma carta de um
suposto amante de sua mulher Adele, e ao ver o marquês esbanjando
despojo e simpatia à mesa, pois todos os tratavam com se o
32
conhecessem falando de suas viagens juntos e festas, começa a pensar
que ele seria amante de Adele. Cego de ciúme ameaça o afinador
com uma arma propõe que ele se case com Silvia o mais rápido senão
o mataria. Achiles aceita, porém, outra moça também o quer como
esposo e mais uma confusão se entrecruza na cena. O desenrolar da
farsa acontece quando Adele assume que não conhece o marquês,
Bartholo desiste de suas ameaças e Achiles casa-se com Julieta.
De Marquês a Criado
DDP: 0603
Data de pedido a censura prévia: 01/06/1931
Autor: Tom Bill
Gênero: Farsa
Data de estreia: 05/06/1931
Data das apresentações: 06, 08, 09,10 e 11/06/1931.
Personagem/Elenco: (José) Aldo Zapparoli; (Magdalena) Alma
Zapparoli; (Chiquinho) Mario Sorriso; (Fabrício) Tom Bill; Piolin;
(Nicodemos) Mario Barreto; (Verônica) Mathilde Costa; (Zizi) Carmem de
Oliveira; (Thereza) Walkyria Moreira; (Capitão Epaminondas) Eurico
Mesquita e (Catharina) Rina Weiss.
33
Resumo:
A primeira cena começa com os irmãos Magdalena (criada na casa de
Therezinha) e José (que trabalha na casa de Piolin) falando do
casamento e Piolin que saiu para comprar um presente a sua noiva.
Começam a dialogar sobre como é a moça de onde ela vem e
Magdalena se recorda de sua triste história, de que fora abandonada
pelo noivo Fabrício escorpião. José jura vingança ao “bandido”.
Magdalena sai de cena e aparecem Chiquinho e Fabricio (escorpião)
todos á espera de Piolin. José começa a relatar ao alfaiate Chiquinho à
história de sua irmã enquanto Fabrício se identificava como
protagonista daquele drama e se amedrontava com as promessas de
vingança do criado.
Piolin aparece em cena e cumprimenta o amigo que o interrompe
antes que ele revele seu verdadeiro nome. Fabrício relata o ocorrido ao
amigo e ambos relembram as peripécias amorosas que tiveram e Piolin
fala de certa dona Therezinha que era muito vaidosa e que para
cortejar a moça fingiu ser marquês e que descobrira á pouco que esta
senhora estava noiva de seu vizinho Capitão que era ciumento e
violento.
Chegam à casa de Piolin sua noiva Zizi e seus pais para acertarem os
preparativos do casamento que seria naquela mesma noite. A
personagem da noiva pouco aparece em cena, e quando está
aparece chorando sempre querendo um palhacinho de brinquedo.
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A confusão começa de fato quando Piolin descobre que seu barbeiro
deu o endereço a Thereza que irá visita-lo colocando em risco seu
valioso casamento. Nisso Piolin tem a ideia de mentir dizendo que seu
amigo Fabricio era o marquês Piolin e que ele era apenas um criado
para enganar Thereza, mas ela ao invés de esquecê-lo decide leva-lo
para sua casa como seu amante.
Para sair dessa enrascada Piolin de finge de doente para a família de
sua noiva e menti dizendo que estaria em seu quarto enquanto vai para
casa de Thereza se fingindo de criado. Fabricio se disfarça de marquês
na tentativa de salvar o amigo, mas lá é reconhecido por Magdalena e
inventa que teve que fugir do casamento por ser nobre, mas agora
estava de volta por amor a criada.
As mentiras vão se entre cruzando de tal forma que ora Piolin é
marquês, ora é criado, ora é Fabrício, ora era da policia e depois não
era mais nada. No desfecho Piolin conta a verdade a Thereza eu o
rejeita casando com o capitão, Fabrício fica com Magdalena por
medo da vingança de José e Piolin casa com sua noivinha chorona.
Sobretudo fatal
DDP: 0595
Data de pedido a censura prévia: 09/06/1931
35
Autor: Tom Bill
Gênero: farsa
Data de estreia: 12/06/1931
Data das apresentações: 15,16 e 17/06/1931
Personagem/Elenco: (Donato Costa Branco) Tom Bill; (Caetano) Aldo
Zapparoli; (Suzana) Walkyria Moreira; (Thereza) Carmem de Oliveira;
(Alexandre Salmão) Mario Barreto; Piolin; (Mariana) Mathilde Costa;
(Carolina) Alma Zapparoli; (Gervasio) Eurico Mesquita; (Brás) Mario
Sorriso; (Luisa) Rina Weiss.
Resumo:
A trama se interliga por causa do encontro entre o Dr. Donato e sua ex-
namorada Carolina. Ele deveria encontrar se com ela para lhe entregar
todas as suas antigas cartas e fotografias, mas como ela não
comparece ao encontro ele marca guarda tudo em se, sobretudo que
por acaso sua criada encontra e mostra para sua esposa Susana como
prova de um adultério. No meio da discussão aparece Alexandre amigo
de Donato amenizando a situação contando uma história falsa,
levando o amigo para conhece um imóvel de uma antiga modista e
contando a triste história do sumiço de sua esposa Luiza, enquanto
Donato conta sobre Carolina e seu marido Gervasio que era militar e
muito perigoso. A confusão se instala justamente neste imóvel quanto
seguidamente os personagens começam a aparecer em busca da
36
modista e de Donato que marca ali um novo encontro com Carolina.
Piolin aparece como criado do doutor e acaba se vestindo de mulher
para salvar a pele de seu patrão quando o marido militar aparece para
procurar a esposa. Este pede que ele lhe faça dois vestidos um para
Carolina e outro para sua amante Luiza (a esposa de Alexandre). A
trama vai se complicando, pois, Susana vai ao imóvel a procura do
marido, Carolina e Luiza vão buscar seus vestidos, Piolin se enrola ao
tentar explicar as confusões se passando também pelo Dr. Donato, mas
de forma rápida tudo se resolve com os respectivos casais se
entendendo e o sobretudo aparecendo de novo no fim da peça.
OBS: Foi apresentada também no dia 12, a peça Os três vagabundos.
Ensaio da Comédia
Gênero: Farsa
Data de estreia: 19/06/1931
Data das apresentações: 20,21e 22/06/1931
Elenco: Papéis: (Conceição) Rinah Weiss; (Lourenço) Aldo Zapparoli;
(Maria) Geny Silva; (Pedro) Piolin; (D. João) Tom Bill; (Rosa) Mathilde
Costa; (Leonora) Walkyria Moreira;(Alfredo) Mario Barreto.
Resumo: Peça não encontrada.
OBS: também foi encenada a peça Piolin Duelista.
37
O café Felisberto
Data de estreia: 26/06/1931
Data das apresentações: 27 28,30/06 e 01,02/07/1931
Personagem/Elenco: (Empregada) Dinah Ulisses; (Costa) Eurico
Mesquita; (Ricardo) Alves Moreira; (Alberto Loriflan) Piolin; (Edwige)
Mathilde Costa; (Genaro) Tom Bill; (Felisberto) Mario Barreto; (Tainha) M.
Zapparoli; (Tenente)M. Sorriso; (Dulce) Alma Zapparoli; (Norma) Rina
Weiss; (Dua) Alves Moreira; (Fagundes) A. Marques; (General)E.
Mesquita.
Resumo: Peça não encontrada.
OBS: no dia 28 foi apresentada tem a farsa como se pagam as dividas e
a esquete o Morto que dança maxixe.
Santinha
Data de estreia: 03/07/1931
Data das apresentações: 04, 05, 06,07 e 08/07/1931.
Personagem/Elenco: Papéis: Celestino: Piolin; Madre Superiora: Mathilde
Costa; Major: Mario Barreto; Mario: N.N; Dionísia: Walkiria Moreira;
Fernando: Alves Moreira; Porteira: M. Sorriso; Empresário: A. Zapparoli;
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Marquês: Tom Bill; Maquinista: Spezzato; Loriot: E. Mesquita; 1°Tenente:
M.Sorriso; 2°Tenente: N. Márquez; Soldado: N.N
Resumo: Peça não encontrada.
O Simpático Jeremias
DDP: 0155
Data de pedido a censura prévia: -
Autor: Gastão Tojeiro
Gênero: comédia
Data de estreia: 10/07/1931
Data das apresentações: 11, 12, 14,15 e 16/07/1931.
Personagem/Elenco: (Magdela dona da pensão) Mathilde Costa; (Elisa
criada) Dinah Ulles; (Cristovan criado) Mario Sorriso; (Douglas – milionário
americano) Tom Bill; (Arthur – secretário de Douglas) Eurico Mesquita;
(Violeta – filha de Douglas) Walkyria Moreira; (Jeremias – poeta, filósofo,
e celesteiro) Piolin; (Félix – um hóspede) Mario Barreto; (Laura – um
“caso” de Félix) Alma Zapparoli; (Bernardo – fazendeiro) Aldo Zapparoli,
(Octavio – seu filho) Alves Moreira.
As aventuras de um rapaz feio
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DDP: 0231
Data de pedido a censura prévia: -
Autor: Paulo Magalhães. Livraria Teixeira – biblioteca dramática popular
Gênero: Comédia
Data de estreia: 17/07/1931
Data das apresentações: 18, 19, 20,21 e 22/07/1931.
Personagem/Elenco: (Laura) Dinah Uiles; (Meneses) Tom Bill; (Serafim)
Mario Barreto; (Cirano Berg G. Rac.) Piolin; (Pantaleão) Aldo Zapparoli,
(Serafina) Mathilde Costa; (Helena) Walkyria Moreira; (Raul) Mario
Sorriso.
Resumo:
A peça narra às aventuras de Cirano Berg. C. Rac., um rapaz que
mesmo não tendo boa aparência conquistava a todos com suas falas
eloquentes e discursos garbosos de linguagem rebuscada.
Meu cunhado, marido de minha mulher
DDP: 0637
Data de pedido a censura prévia: 21/07/1931
Autor: Tom Bill
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Gênero: Comédia, farsa em 03 atos
Data de estreia: 24/07/1931
Data das apresentações: 25, 26, 27e 29/07/1931
Personagem/Elenco: (Baptista) Álvaro Moreira; (Luiza) Dinah Uiles; (Leão)
Mario Sorriso; (Mariana) Walkyria Moreira; Piolin; (Júlio) Tom Bill; (Nicoleta)
Rina Weiss; (Antônio) Eurico Mesquita; (Anastácio) Mario Barreto; (Pedro)
A. Marques; (Francisca) Adele Negri.
Resumo:
Todo o conflito se desenvolve com a chegada de uma carta da Tia
Francisca, tia de Júlio que esperava que ele estivesse casado com
Mariana (atual esposa de Piolin) e não com Luiza. A ideia central é a
troca dos papéis em que Júlio se passaria por marido de Mariana, Luiza
seria sua criada e Piolin contra sua vontade fingiria ser apenas um
compadre. Dentre as confusões que Piolin causa por ciúmes de sua
esposa conta a verdade a senhora rica, mas todos na intenção de
manter a mentira o taxam de louco causando mais confusões. Ao final
a verdade é posta e como nas outras comédias tudo é perdoado e há
um final feliz que termina com Piolin dizendo:
“– Disso faço vestes solenes, porque se desta vez me sai bem, de outra
quem sabe... Tudo se pode emprestar. Dinheiro, roupa, guarda chuva,
tudo, menos a mulher porque isso é perigoso.”
41
Eu Sou de circo
DDP: 0045
Autor: Franz Arnold e Ernest Bach
Gênero: Comédia
Data de estreia: 30/07/1931
Data das apresentações: 02/08/1931
Personagem/Elenco: (Anna) Rina Weiss; (Anastácia) M.Marques; (Elisa)
Dinah Uiles; (Mario) Tom Bill; (Sérgio) Alves Marques; (Tibúrcio) Mario
Barreto; (Mathilde) Mathilde Costa; (Glaucida) Walkyria Moreira; (Chico
Patusco) Piolin.
Resumo:
A trama toda se constrói quando Sérgio descobre que seu filho, o qual
dera seu sobrenome ainda jovem para ajudar uma senhora rica que lhe
deixa herança, está trabalhando num circo e para conhecê-lo sem que
sai esposa descubra inventa que encontra junto com seu advogado e
amigo um escritor. A toda uma confusão sobre o caso, mas logo a
trama se resolve, a verdade é dita e todos se entendem.
2.4 Análise geral das peças
42
A fazer uma primeira leitura pode-se perceber que todas as histórias
seguem uma estrutura como eixo principal, apresentam-se os
personagens desenrola-se uma tensão, novos personagens aparecem
novos personagens que interligam seus conflitos com a trama anterior,
mentiras e planos mirabolantes se seguem e quando a confusão chega
a seu ápice há uma resolução rápida e simples no desfecho da história,
sempre tendo Piolin com protagonista mesmo quando este
desempenha papéis aparentemente secundários, como coloca
Magnani o “cômico é um elemento estruturante da representação
narrativa que delimita o espaço de improvisação e criatividade” (p.82).
Este é outro ponto observado nas peças que mesmos seguindo um
enredo com diálogos pré-estabelecidos abrem precedente para
momentos de improvisação como nos diálogos que aparecem na cena
do incêndio de “Piolin, bombeiro” em que o próprio documento sugere
a espontaneidade dos artistas.
Todas as peças também mantêm as mesmas características em suas
histórias contando paródias de cenas do cotidiano da época como os
casamentos por interesse e titulação, filhos extraconjugais, a ascensão
de uma nova classe média que pleiteia relações com a aristocracia, à
condição social da classe trabalhadora e seus trejeitos, e os amores e
desamores costumeiros do imaginário coletivo daquele período
fazendo, guardada as devidas proporções, uma sátira das instituições
43
sócias e politicas mesmo se propondo a atender uma demanda do
mercado cultural de entretenimento.
O pesquisador Magnani analisando estruturas de algumas peças do
circo teatro faz uma colocação que se seve com uns dos pontos da
discussão das peças da companhia de teatro cômico:
As representações cômicas estabelecem pelo riso um
distanciamento diante de determinadas instituições e padrões
de comportamentos presentes e valorizados já seja no próprio
palco circense, através dos dramas, já seja no contexto do dia-
a-dia do público que a eles assiste. (p.90)
E citando Oswald de Andrade fala sobre a sátira colocando-a como
“crítica e moralista” sendo ela a revanche do oprimido sobre o opressor.
A partir dessas colocações comecei a identificar o sucesso das
encenações também pelo conteúdo intrínseco que carregavam suas
histórias, pois em torno da comicidade do enredo estavam
entrecruzadas as tensões satirizadas daquela sociedade urbana que se
desenvolvia na década de 30. Mesmo que algumas histórias
retratassem uma época anterior elas faziam parte da memória coletiva
dos espectadores, memória esta que fez como que se esgotassem
praticamente todas as sessões da temporada, para verem e reverem o
palhaço que ganhou os olhares dos mais diversos públicos no picadeiro
e que agora se aventurava nos palcos.
44
Quase no final da temporada saiu um artigo na coluna Palcos e circo
cujo título era justamente “Piolin” em que o jornalista fazia um apelo aos
leitores que não perdessem a oportunidades de rever o grande palhaço
nem de levar alegria também às novas gerações, não pela inovação
como ator de teatro mas principalmente pela ligação que ele
estabelecia no palco entre o espectador e o circo. É perceptível essa
pretensão numa das poucas entrevistas que Tom Bill dá para a Folha da
manhã em 15 de abril de 1931, falando sobre companhia de teatro
cômico colocando a farsa como gênero principal das encenações
“farsa pura, para rir, exclusivamente para rir, como no circo, mas melhor
ambientada, com recursos cênicos que o picadeiro não permite”.
2.5 Conclusão
Cruzando todos os materiais de pesquisa tanto os documentos primários
quanto a bibliografia podemos perceber que a polêmica gerada pela
saída de Piolin temporariamente do circo foi devido à ideia de ruptura
entre os campos artísticos , não levando em consideração os pontos de
interação os processos de hibridação constantes neste curto mas
importante movimento da carreira de Abelardo Pinto Piolin. Essa bem
sucedida negociação entre o circo teatro e o teatro de comédia
pautou-se principalmente do protagonismo do artista circense
evidenciado nas peças e na contribuição estrutura de seu parceiro Tom
Bill, porém o circo teatro é o fator marcante dessa estrutura cultural, pois
45
mesmo carregada pelos recursos do teatro suas característica mais
aparentes ainda se remetem ao circo. Essa referência perpassa todas
as ferramentas da companhia desde as peças, até a forma de
divulgação sempre inserindo Piolin como o ponto alto do espetáculo.
Este adapta sua performance a nova demanda mas não a modifica
trazendo para os palcos seu corpo circense, “ora sublime, ora
grotesco”, arrancando risos daqueles que o tinha na memória como o
palhaço da cidade e daqueles que o conheciam apenas por meios
das referências intelectualistas.
Confirmando a hipótese inicial, os processos de hibridação ocorridos
entre o circo e o teatro nesta temporada auxilia a complementar o
cenário cultural paulista inserindo mais um elemento de interação na
historicidade do teatro em São Paulo, colocando as questões como a
improvisação e a performance do artista em destaque como foi à
atuação de Piolin que mesmo os anseios de público se aventurou nesta
curta temporada no teatro Boa Vista.
46
2.6 BIBLIOGRAFIA
AVANZI, Roger; TAMAOKI, Verônica. Circo Nerino. São Paulo, Códex,
Pindorama Circus, 2004.
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2006, p. 9-19.
BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Média, São Paulo, Companhia
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CANCLINI, Nestor. Culturas híbridas, São Paulo, Edusp, 1999.
MAGNANI, José Guilherme Cantor. Festa no pedaço – Cultura popular e
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PIMENTA, Daniela. A conformação do circo teatro brasileiro:
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http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revteatro/article/view/5210
RUIZ, Roberto. Hoje tem espetáculo? – As origens do circo no Brasil, Rio
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47
SILVA, Ermínia. Circo-teatro – Benjamim de Oliveira e a teatralidade
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SCHMIDT, Afonso. Piolin IN: SCHMIDT, Afonso. São Paulo de meus amores.
São Paulo, ed. Paz e terra, 2003,p.91-92.
SOUSA JR, Walter de. Mixórdia no picadeiro: circo, circo-teatro e
circularidade cultural na São Paulo das décadas de 1930 a 1970. Tese
de doutorado apresentada à Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo em março de 2009.
_______. De cor e salteado: oralidade e memória do circo. Artigo para a
revista Comunicação & Educação, V16, nº2, 2011. Extraído de:
http://revistas.usp.br/comueduc/issue/view/3625 em 16/09/2012.
_______. Piolin e Arrelia: entre o popular o erudito e o massivo. Artigo
para a revista Comunicação & Educação, V16, nº2, 2011. Extraído de:
http://revistas.usp.br/comueduc/issue/view/3625 em 16/09/2012.
_______. As farsas de Piolin: Entre o grotesco e a contemporaneidade.
Artigo para a revista Repertório, Ano13, nº15,2010.
http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revteatro/article/view/5214
48
2.7 Anexos
2.7.1 Transcrição do jornal o Estado de São Paulo. Coluna Palcos e
circos, 25 de julho de 1931.
“Piolin”
É uma arte muito velha, que não muda. As gerações vão passando
pelas arquibancadas dos circos e perdendo-se no turbilhão. Muitos
espectadores voltam um dia para acompanhar os filhos. Alguns, para
conduzir os netos. Agora que todas as artes se transformaram
completamente, o circo só conseguiu uma coisa – tornou se maior.
Apareceu um Sarrasani em cada país. Há circos que parecem nações,
quando se mudam de uma cidade para outra, parecem o povo de
Israel em caminho da Terra Prometida.
Não há nada mias ligado á vida brasileira do que o circo. É o visitante
sempre esperado e desejado que arma a barraca de lona no largo da
matriz e ergue arquibancadas de tábuas, que desfralda no topo dos
mastros duas grandes flamulas com o nome do empresário. As
estrebarias, as jaulas, a contra regra das pantomimas são durante muito
tempo o assunto da criançada da cidade. Geralmente os artistas, que
aparecem nos programas com nomes encrencados, trabalham na
instalação da barraca, de martela em punho. Por isso, quando se dá a
estreia, à luz do acetileno, é um encanto descobrir fulano ou sicrano em
seus maiôs com grandes estrelas de vidrilho sobre o peito.
49
Os que não quiseram a acompanhar o circo, na sua marcha lenta
deixaram – no. Andam pela vida com uma ponta de melancolia. O
“Clown” Abelardo Pinto, por exemplo, trocou a arena pelo tablado.
Trabalho hoje no Boa Vista e monta peças como “Café Felisberto”,
“Santarellina” e outras, nas quais interpreta os mais pitoresco dos papéis,
carregado nas tintas. É o homem providencial para os tristes. As
crianças, aos domingos despejam sacos de risadas com as suas
pilhérias.
Conhecem Abelardo Pinto? Em casacão largo, um colarinho que daria
para três pescoços iguais ao seu, um chapéu de coco puxado sobre o
olho direito, um rosto esfarinhado, um bengalão desta grossura,
enganchado no braço... Conhecem – no. É o Piolin. Pois é, Piolin
trabalha há três meses no Boa Vista, realizando a mais difícil das missões:
fazer rir o povo de São Paulo nestes tempos tão bicudos.
Piolin precisa ser visto pro todas as pessoas que não o conheceram na
arena, pois que, passando para o palco, trouxe todos os seus primitivos
recursos de cômico. É o nosso clown paulista. Piolin deve ser visto
também por todas as pessoas que um dia tiveram a ocasião de
apreciar as suas famosas entradas no picadeiro, ao som da charanga.
Transportando para a cena as suas qualidades de clown ele se tornou,
talvez, o mais curioso e divertido de todos aqueles que se exibem a luz
das gambiarras.
50
2.7.2 Imagens dos anúncios da Companhia de teatro Cômico.
A - O Estado de São Paulo, 24 de abril de 1931
51
B – O Estado de S. Paulo 29 de abril de 2013
52
C - O Estado de S. Paulo 30 de abril de 1931
53
D – O Estado de S. Paulo 03 de maio de 1931
54
E – O Estado de S. Paulo 08 de maio de 1931
55
F – O Estado de S. Paulo 15 de maio de 1931
56
H – O Estado de S. Paulo 16 de maio de 1931
57
I - O Estado de São Paulo, 22 de maio de 1931.
58
J - O Estado de São Paulo, 23 de maio de 1931.
59
L- O Estado de São Paulo, 28 de maio de 1931
60
M - O Estado de São Paulo, 29 de maio de 1931
61
N - O Estado de São Paulo, 06 de junho de 1931
62
O - O Estado de São Paulo, 12 de junho de 1931
63
Q - O Estado de São Paulo, o3 de julho de 1931
64
R - O Estado de São Paulo, 10 de julho de 1931
65
S - O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1931
T - O Estado de São Paulo, 19 de julho de 1931
66
U - O Estado de São Paulo, 26 de julho de 1931
67
V - O Estado de São Paulo, 29 de julho de 1931
68
X - O Estado de São Paulo, 13 de agosto de 1931.