panorama para a carne bovina a 2022 aw
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Perspectivas para a Carne Bovina a 2022
Osler Desouzart
Cento e noventa e oito países e territórios1 do mundo possuem rebanho bovino sendo que vinte desses
países concentram 71,5% do rebanho mundial. Não estão aqui inclusos os bubalinos que creio terão que
ficar para outro artigo ou acabaremos com tantas páginas quanto um catálogo.
Tabela I
Rebanho Bovino em 2011 Cabeças % total
mundial
Mundo 1.426.389.031 100,0%
1 Brasil2 212.815.311 14,92%
2 Índia 210.824.000 14,78%
3 USA 92.682.400 6,50%
4 China 82.886.000 5,81%
5 Etiópia 53.382.194 3,74%
6 Argentina 48.000.000 3,37%
7 Paquistão 35.568.000 2,49%
8 México 32.936.334 2,31%
9 Sudão 29.618.000 2,08%
10 Austrália 28.506.169 2,00%
11 Colômbia 25.156.068 1,76%
12 Bangladesh 23.121.000 1,62%
13 Tanzânia 21.300.000 1,49%
14 Rússia 19.967.863 1,40%
1 Nesses números encontram-se quatro territórios não incorporados dos Estados Unidos (Puerto Rico, US Virgin
Islands, American Samoa, Guam), duas províncias chinesas (Taiwan e Hong Kong), nove regiões/departamentos/ territórios ultramarinos franceses (Nova Caledônia, Guadalupe. Guiana Francesa, Reunião, Martinica, Polinésia Francesa, Wallis e Futuna, Saint Pierre and Miquelon) e os Territórios Ocupados da Palestina. 2 Os dados da FAO do rebanho brasileiro correspondem aos publicados pelo IBGE
15 França 19.085.561 1,34%
16 Nigéria 18.871.399 1,32%
17 Quênia 18.173.500 1,27%
18 Venezuela 17.350.000 1,22%
19 Indonésia 14.824.000 1,04%
20 Myanmar 14.088.043 0,99% 3
A tabela I lista os vinte principais rebanhos mundiais. Adoraria que o espaço numa revista me permitisse apresentar todos os demais países, mas não resisto a apresentar a curiosidade dos menores rebanhos do mundo (cf. Tabela II)
Tabela II
Rebanho Bovino em 20114 Cabeças
% total
mundial
Mundo 1.426.389.031 100,0%
193 Ilhas Cayman 2.061 0,000144%
194 Ilhas Faroe 2.000 0,000140%
195 Hong Kong 1.600 0,000112%
196 Brunei Darussalam 852 0,000060%
197 Bahamas 750 0,000053%
198 S.Helena, Ascensão e Tristão da Cunha 700 0,000049%
199 Seychelles 660 0,000046%
200 Bermuda 650 0,000046%
201 Singapore 200 0,000014%
202 Guam 140 0,000010%
203 Ilhas Cook 130 0,000009%
204 Niue 115 0,000008%
3 Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAOSTAT | © FAO Statistics Division 2013 | 15 December 2013 Cattle
& Buffaloes 2011 por países 4 Idem
205 Samoa Americana 110 0,000008%
206 Ilhas Wallis e Futuna 60 0,000004%
207 Saint Pierre e Miquelon 35 0,000002%
208 Groenlândia 15 0,000001%
Quem conhece Hong Kong fica se indagando onde são criadas as 1600 cabeças do rebanho, questão
também pertinente para as 200 cabeças de Singapura, sem contar o fascínio de rebanhos inferiores a
esse número de cabeças.
Os países com grandes rebanhos são candidatos a liderar a produção de carne bovina, mas naturalmente
não há uma correlação linear, pois rendimento, produtividade, características do rebanho, se de carnes
ou leiteiro, manejo, sanidade, sistema de criação, nível de tecnificação e outros ∆ fatores tornam a
equação bem mais complexa.
Tabela III
Bovinos - 2011
Rebanho, Abates, Produção
de Carne e Rendimento
Rebanho
(cabeças)
Abates
(cabeças)
Produção
Carne (t) Rendimento
Mundo 1.426.389.031 295.827.648 62.813.259 212,3
1 USA 92.682.400 35.108.100 11.983.308 341,3
2 Brasil5 212.815.311 39.100.000 9.030.000 230,9
3 China 82.886.000 43.100.000 6.167.000 143,1
4 Argentina 48.000.000 10.857.246 2.419.700 222,9
5 Austrália 28.506.169 8.012.000 2.109.875 263,3
6 México 32.936.334 8.795.468 1.803.932 205,1
7 Rússia 19.967.863 8.564.819 1.625.469 189,8
8 França 19.085.561 5.186.574 1.566.453 302,0
9 Alemanha 12.562.600 3.719.013 1.170.376 314,7
10 Canada 12.155.000 3.390.900 1.154.240 340,4
5 O número de abates é da FAOSTAT a partir de “fontes oficiosas”. O IBGE -Diretoria de Pesquisas Coordenação de
Agropecuária GEPEC - Gerência de Pecuária, “Produção Animal - 4º Trimestre de 2011 e Acumulado do Ano” http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000008050103112012013329746408.pdf (IBGE - Pesquisa Trimestral de Abates.xls) registra o número de 28.823.944 cabeças de bovinos abatidas no ano de 2011
11 Índia 210.824.000 10.600.000 1.086.500 102,5
12 Itália 5.832.457 3.559.433 1.000.374 281,0
13 Reino Unido 9.933.000 2.838.000 936.000 329,8
14 África do Sul 13.688.328 2.915.000 828.609 284,3
15 Colômbia 25.156.068 3.900.419 820.985 210,5
16 Uzbequistão 9.093.700 4.239.000 763.000 180,0
17 Paquistão 31.726.000 3.910.000 761.000 194,6
18 Turquia 11.369.800 2.571.765 644.906 250,8
19 Nova Zelândia 10.020.917 4.010.239 622.676 155,3
20 Espanha 5.923.200 2.314.752 604.113 261,0
21 Irlanda 6.493.000 1.642.400 545.942 332,4
22 Japão 4.230.000 1.174.221 500.370 426,1
23 Venezuela 17.350.000 2.152.000 494.500 229,8
24 Uruguai 11.808.000 2.046.903 479.000 234,0
25 Indonésia 14.824.000 2.055.000 465.800 226,7 6
Propositalmente estendemos a Tabela III a vinte e cinco países de forma a que o Japão - vigésimo
segundo produtor mundial de carne bovina - pudesse figurar, já que esse país é o benchmark em termos
de rendimento.
Sempre quando nos indagarmos sobre como atenderemos a demanda crescente por carne bovina,
bastará que nos recordemos das disparidades de rendimento para que possamos visualizar o muito que
temos a ganhar quando nos permearmos à ciência e à tecnologia e fizermos da busca constante por
conhecimento a base de um processo de melhorias contínuas. Que os ativistas nos deixem trabalhar e de
forma sustentável alimentaremos o mundo, mesmo quando este mude sua dieta para produtos de
origem animal e que a carne bovina passe a ser item habitual e não ocasional do cardápio das economias
em expansão da Ásia, África e América Latina.
Serão essas três regiões do mundo ocorrerão 95,4% do crescimento demográfico nos próximos dez anos
e concentrarão 86% da população mundial em 2022.
Tabela IV
6 idem
7
E serão essas mesmas regiões do mundo que responderão por 87,85% do aumento do consumo de
carnes do mundo, considerando-se a evolução do consumo em 2009 para a projeção de seu quantum
em 2022. O aumento total projetado no período alcança 59,9 milhões de toneladas adicionais (cf.
Gráfico I).
Gráfico I
8
7 Elaborado por ODConsulting com base em dados da: United Nations, Department of Economic and Social Affairs,
Population Division (2013). World Population Prospects: The 2012 Revision - População por Região do Mundo 8 Elaborado por ODConsulting - Consumption of meats to 2022 Fonte dos dados usados no estudo: OECD/FAO
(2012), OECD-FAO Agricultural Outlook 2013,
Consideramos para esse cálculo a projeção da OECD-FAO para 2022 e tomamos como base de partida da comparação a média do consumo entre 2009 e 2011 (cf. Tabela V).
Tabela V
Consumo Mundial de Carnes
Em 000 tm
A B C
Média 2009-11
2022 ∆ 000 t
Bovino
66.007,7
76.309,9
10.302,2
Suíno
107.872,4
126.576,3
18.703,9
Aves
99.628,7
128.377,2
28.748,5
Ovinos & Caprinos
13.600,0
15.774,1
2.174,1 9
Segundo essas projeções da OECD-FAO, as carnes de aves responderão por 47,97% desse crescimento,
as de suíno por 31,21%, as de bovino por 17,19% e as de ovinos e caprinos por 3,63% (cf. Gráfico II).
Gráfico II
10
9 Idem
10 Idem
No Gráfico III estão detalhadas quais as regiões do mundo que serão responsáveis pelo crescimento do
consumo da carne bovina no período estudado. Não é surpreendente que a Ásia seja responsável por
45% desse aumento, mas é extremamente significativo para um país exportador como o Brasil. A Ásia
reúne países que não possuem os recursos naturais necessários a autoabastecer esse incremento do
consumo. À exceção da Índia, exportadora de carnes de vaca e, principalmente, de bubalinos não há na
região asiática outro país capaz de gerar excedentes exportáveis significativos (cf. Gráficos X e XI). A Índia
assumirá papel relevante nesse abastecimento externo, graças á sua proximidade dos mercados
importadores asiáticos e aos preços menores da sua grade de produtos exportados.
Gráfico III
11
Os Gráficos IV e V apresentam os quinze principais países consumidores. É interessante observar no
primeiro deles a Índia, sétimo maior consumidor mundial e que habitualmente é avaliado como país que
não consome carne bovina por considerarem a vaca um animal sagrado. Muitos hindus, jainistas e
budistas12 adotam uma dieta vegetariana, mas está só é um preceito impositivo na religião jainista. No
hinduísmo e no budismo não há uma proibição da ingesta de carnes. Minha esposa é budista e se nos
convidarem para um churrasco só se preocupem em aumentar a quantidade de carne. Há hindus que
não ingerem carne por entenderem que ferem o preceito de não-violência e muitos outros que se
abstém somente da carne bovina e entre algumas castas inferiores só se permite o consumo de carne de
11
Idem 12
O hinduísmo é a religião de 80,5% dos indianos; o budismo é praticado por 08% da população e o jainismo por 0,5%
búfalo. Entretanto, explicar o baixo consumo per capita de carnes em geral na Índia por motivos
religiosos é uma visão não abrangente do tema, que ignora o aspecto da influência da renda na dieta. Os
muito pobres praticam um vegetarianismo econômico e não religioso ou filosófico e migram para
produtos de origem animal, principalmente carnes, na medida em que suas rendas se expandem. É essa
a revolução que temos testemunhado nos últimos vinte e cinco anos e é esta que influenciará
profundamente as relações comerciais internacionais e o agronegócio mundial nos próximos vinte e
cinco anos.
Gráfico IV
13
O gráfico V revela um Brasil de continuado consumo expressivo, números que considero modestos para
a China, uma Índia carnivoramente voraz e o aparecimento do Vietnam entre os quinze principais países
consumidores, graças á carne de búfalo e tornando-se um expressivo importador para o deleite dos
exportadores indianos.
Gráfico V
13
Elaborado por ODConsulting a partir de dados do Food Outlook OECD-FAO 2013-2022. Beef Meat 1995 to 2022 ABC países
14
Frequentemente nos esquecemos ou não reparamos no fato de que o Brasil figura entre os quatro
maiores consumidores de todas as carnes no mundo, sendo que em carne bovina ocupamos já no dia de
hoje a segunda posição mundial. Consolidaremos essa posição em 2022 e lideraremos a expansão de
consumo em toneladas, respondendo por 13,3% do crescimento total mundial.
A Tabela VI lista os trinta principais países por crescimento do consumo da carne bovina a 2022 e reitero
que a previsão para a China parece-me de uma modéstia franciscana.
14
Idem
Tabela VI
15
A produção buscará a proximidade do consumo e essas regiões, constituídas por países
majoritariamente em desenvolvimento, serão as alavancas do aumento da produção de carnes,
concentrando 93% do aumento do total mundial até 2022, aqui também tendo o ano de 2009 como a
base de partida.16
Gráfico VI
15
Idem 16
Os totais apresentados nos Gráficos I, II, IV referem-se á carne bovina, suína, aves e de ovinos-caprinos. Não incluem as carnes de bubalinos, asininos, equinos, muares, camelídios, coelho, roedores e carnes de caça que representam de >3,5 % do total mundial.
17
O processo de migração da produção mundial de carnes para os Países em Desenvolvimento também
está presente nos bovinae. Em 1995 os Países Desenvolvidos respondiam por 55,5% da produção
mundial de carne bovina, posição essa que se inverte quando avaliamos a média da produção entre
2009-2011, que será a base de partida que usaremos no restante deste escrito. Essa migração se
acentuará. Em 2022 os Países em Desenvolvimento estarão concentrando 59,7% da produção mundial
de carne bovina (cf. Gráfico VII).
Gráfico VII
17
Meats to 2022 Developing and Developed Fonte: OECD/FAO (2013), OECD-FAO Agricultural Outlook, 2013-2022,
18
Graças ao crescimento de 24,23% dos Países em Desenvolvimento contra o de 4,26% dos Países
Desenvolvidos, a produção mundial de carnes aumentará 14,95% a nível mundial, estimando-se nesse
cenário que a produção brasileira se expanda em 16,33%.
Interessante observar o prognóstico de crescimento da Argentina, país cuja produção é descendente
desde 2010. No cenário da OECD-FAO a Argentina passa a retomar sua produção em 2014 e voltar a ter a
importância que historicamente a marcou no segmento bovino.
Observem ainda na Tabela VIi os grandes percentuais de crescimento dos países em desenvolvimento da
Ásia, em particular a Índia, a Indonésia e, percentualmente, a Tailândia, ainda que em termos absolutos
esse crescimento seja discreto. Na África destacam-se Tanzânia, Sudão19, Etiópia e África do Sul. Na
América Latina Colômbia e Paraguai lideram essa expansão percentual. E finalmente os países
desenvolvidos dessa lista (USA, EU-27, Austrália, Nova Zelândia e Japão) oscilam entre queda ou índices
de crescimento abaixo da média mundial. O mundo realmente mudou e seguirá mudando.
Tabela VII
Ø 2009-
2011 2022 ∆ tons ∆ %
Mundo 66.578 76.531 9.953 14,95%
1 USA 11.390 11.527 137 1,20%
18
Elaborado por ODConsulting com base em dados da OECD-FAO - Beef Meat 1995 to 2022 ABC países 19
A atual situação de instabilidade política e o mal africano do tribalismo poderão comprometer esse prognóstico
2 Brasil 9.479 11.027 1.548 16,33%
3 EU-27 8.142 7.958 -184 -2,27%
4 China 6.449 7.546 1.097 17,01%
5 Índia 2.677 4.163 1.486 55,50%
6 Argentina 2.834 3.215 381 13,44%
7 Austrália 2.121 2.405 283 13,35%
8 Rússia 1.698 2.089 391 23,05%
9 México 1.751 1.959 208 11,89%
10 Paquistão 1.465 1.774 310 21,14%
11 Canadá 1.511 1.486 -25 -1,65%
12 Colômbia 938 1.352 414 44,07%
13 África do Sul 852 1.105 252 29,61%
14 Egito 784 783 -1 -0,13%
15 Indonésia 382 684 301 78,78%
16 Uruguai 559 661 101 18,07%
17 N.Zelândia 636 619 -17 -2,66%
18 Sudão 340 553 212 62,47%
19 Etiópia 389 529 140 35,98%
20 Japão 511 505 -6 -1,21%
21 Tanzânia 292 493 201 69,00%
22 Tailândia 306 473 166 54,19%
23 Paraguai 333 469 136 40,84%
24 Iran 407 468 61 15,02%
25 Cazaquistão 405 463 58 14,42%
20
Quando examinamos o “quem é quem”, mas, sobretudo o “quem será quem” da produção de carne
bovina reforçamos a convicção sobre as mudanças em curso no mundo das carnes, A produção mundial
de todas as carnes tem alta concentração em poucos países, e a carne bovina não é exceção que
confirme uma regra para a qual não há exceções. Somos e seguiremos sendo uma pequena família, onde
quinze países respondem por 79,25% da produção mundial de carne bovina (cf. Gráfico VIII), nível esse
que seguirá concentrado em 2022 (cf. Gráfico IX)
Gráfico VIII
21
Gráfico IX
20
Elaborado por ODConsulting a partir de dados da OECD-FAO Agricultural Outlook 2013-2022. Beef Meat 1995 to 2022 ABC países prod 21
Elaborado por ODConsulting com base em dados da OECD-FAO AGRICULTURAL OUTLOOK 2013: Dataset: OECD-FAO Agricultural Outlook 2013-2022 Beef Meat 1995 to 2022 ABC países
22
Sendo o Brasil o principal exportador mundial, é de nosso interesse conhecer o comportamento dos
principais importadores mundiais. Os motores principais do comércio internacional refletem as
vantagens comparativas para a produção de determinado item e demandas em locais onde não há as
condições ou os recursos naturais para se alcançar a autossuficiência.
As carnes são comparativamente muito mais ineficientes como fonte de fornecimentos de calorias e
proteínas, quando comparadas com outras fontes de origem animal, mormente leite e pescados, e
notoriamente em relação aos produtos de origem vegetal. São necessárias de 6-8 toneladas de razão23
grão/proteína para produzir uma tonelada de carne bovina, 3-4 toneladas para produzir uma tonelada
de carne suína e de 2 a 3 toneladas para produzir uma tonelada de carne de aves. Sem contar a questão
que tenho propagado com a convicção e a insistência de um missionário ibérico do tempo das grandes
navegações: a importância da água.
Cada vez que me dirijo a uma plateia de produtores bovinos e divulgo a já célebre tabela de água virtual
em produtos (cf. Tabela VIII) logro obter unanimidade – todos discordam e em coro dizem: está errado.
Tabela VIII
Água Virtual contida em Produtos Selecionados
Litros de água por kg de produto
22
Idem 23
No senso matemático do termo
Trigo 1.150
Arroz 2.656 Milho 450
Batatas 160 Soja 2.300 Carne bovina 15.977 Carne suína 5.906 Carne de Aves 2.828
Ovos 4.657
Leite 865
Queijo 5.288 Fonte: ¹Hoekstra - citado no UN Water Report 2006.
24
Pois bem, reforcem o coro, mas informem-se sobre o tema. Entrem no site da Waterfootprint Network
(há páginas em português) e façam o download dos relatórios preciosos Mekonnen, M.M. e Hoekstra,
A.Y. (2010) The green, blue and grey water footprint of farm animals and animal products;.
Alternativamente, leiam Mekonnen, M.M. and Hoekstra, A.Y. (2012) A global assessment of the water
footprint of farm animal products. Visitem os dados de Mekonnen, M.M. and Hoekstra, A.Y. (2011)
National water footprint accounts: the green, blue and grey water footprint of production and
consumption, Value of Water Research Report Series No.50, UNESCO-IHE, Delft, the Netherlands.
Estão com alguma dúvida sobre a metodologia de cálculo, então leiam VIRTUAL WATER IN FOOD
PRODUCTION AND GLOBAL TRADE, REVIEW OF METHODOLOGICAL ISSUES AND PRELIMINARY RESULTS,
Daniel ZIMMER and Daniel RENAULT, World Water Council, FAO-AGLW.
Acham ainda que todos estão errados, então ajudem o mundo e apontem os erros, pois a realidade é
que a escassez e má distribuição de água no mundo pode impactar positivamente o comércio
internacional de produtos que requeiram muita água em sua produção. O reverso negativo dessa moeda
é que a escassez e má distribuição de água no mundo poderá ser causa de guerras no futuro, como a
disputa por fontes baratas de energia tem sido nos últimos trinta anos. Essas guerras não serão travadas
no Oriente Médio, rico em petróleo e pobre em água. O palco desses conflitos serão as nações ricas em
água, sendo o Brasil a mais rica com 12% dos recursos de água doce renováveis do mundo.
A única coisa que não se pode fazer é enfiar a cabeça na areia para não ver o problema. Temos que ter
consciência da existência de um problema para podermos enfrentá-lo e buscar soluções. Simplistamente
24
Água Virtual Contida em Produtos Selecionados.xls
direi que o importante é desenvolver uma consciência sobre a importância da água, pois só cuidamos
daquilo que valorizamos. A partir dessa conscientização cumprirá então mobilizarmos inteligência e
investir recursos para obter ganhos na produtividade de água, com a mesma ênfase com que buscamos
ganhos contínuos em conversão, redução de mortalidade, desfrute do rebanho e outros importantes
índices pecuários.
Repeti a minha catequese e se tiver convencido um de vocês a pensar na importância da água para a
pecuária já terá sido uma vitória.
O comércio internacional de “água virtual”25
terá uma importância crescente na medida em que o vetor
da expansão do consumo de carnes serão países asiáticos e africanos, muitos do quais sem a água
necessária para abastecer a mudança da dieta das suas populações de produtos básicos de origem
vegetal para uma maior ingesta de produtos de origem animal, principalmente carnes.
A Tabela IX demonstra a economia de “água virtual” quando importam um quilograma de carne. No caso
da carne bovina é muito significativo e se tomarmos como exemplo países asiáticos, onde o arroz é o
“alimento básico”26. A cada quilo de carne bovina importada economizam água suficiente para produzir
6,02 kg de arroz.
Tabela IX – Quantidade de alimentos básicos que pode ser produzida com a mesma quantidade de água economizada com a
importação de 1 kg de carne
Carne Bovina
15.977 litros p.kg Carne Suína
5.906 litros p.kg Carne de Aves
2.828 litros p.kg
Trigo 1.150 litros p. kg 13,89 5,14 2,46
Arroz 2.656 litros p. kg 6,02 2,22 1,06
Milho 450 litros p. kg 35,50 13,12 6,28
Batatas 160 litros p. kg 99,86 36,91 17,68
27
25 Água virtual é quantificação do volume de água necessário para produção de um produto ou de um serviço. Na conta de
quantificação não se contabiliza apenas a água contida no produto inicial, mas também toda a água que foi usada em todas as
etapas de seu processo de produção. O conceito é de autoria do Prof.John Anthony Alan, da Universidade de Londres.
26 Refere-se ao alimento consumido rotineiramente e em quantidades que o tornam a parte dominante da dieta típica de uma
determinada população. Suprem a maior parte da energia e de parte significativa de outros nutrients de uma determinada população. 27
Idem nota #20
Os principais importadores (cf. Gráficos X e XI )– USA, Japão, Rússia, Coréia do Sul e países do Oriente
Médio - serão acompanhados pela expansão da demanda no Vietnam, este principalmente por carne de
búfalo, e pela China, cujas importações poderão melhor serem avaliadas quando somarmos ao volume
importados diretamente aqueles que transitam por Hong Kong, parcela considerável da qual acaba
sendo reexportada para a China. A Tabela X permite conhecer as importações de Hong Kong de carnes e
miúdos bovinos e bubalinos.
Gráfico X
28
Gráfico XI
28
Elaborado por ODConsulting a partir de dados da OECD-FAO Agricultural Outlook 2013-2022. Beef Meat 1995 to 2022 ABC países prod
29
Tabela X
30
O comércio internacional de carne bovina será comandado pelo Brasil, Estados Unidos e Índia do ponto
de vista exportador (cf. Gráficos XII e XIII), com a Austrália também experimentando crescimento graças
à demanda nos Estados Unidos e no Sudeste Asiático.
29
Idem 30
Elaborado por ODConsulting com base em dados Hong Kong Merchandise Trade Statistics, Census and Statistics Department, www.censtatd.gov.hk
kg kg kg
01111 Carne Bovina, c/osso, fresca ou resfriada 1.357.111 152.178 135.569 01112 Carne Bovina, s/osso, fresca ou resfriada 5.496.737 5.343.666 5.611.423 01121 Carne Bovina,c/osso, congelada 10.532.521 8.273.199 11.612.593 01122 Carne Bovina, s/osso, congelada 112.082.101 115.479.124 156.490.890
129.468.470 129.248.167 173.850.475
01251 Miúdos de Bovino, fresco ou resfriado 1.244.063 998.012 954.787 01252 Miúdos de Bovino, congelado 207.165.131 235.334.779 229.906.266
208.409.194 236.332.791 230.861.053
Total 337.877.664 365.580.958 404.711.528
2010 2011 2012
Subtotal Carne Bovina
Subtotal Miúdos Bovinos
Código Mercadoria
A posição alcançada pela Índia é o que mais chama a atenção quando observamos sua progressão (CF.
Tabela XI). É constituída majoritariamente por carnes de bubalinos e de vaca e seus preços serão em
média de US$ 1,00 a menos por quilo do que as carnes bovinas. A posição geográfica de proximidade dos
mercados asiáticos, o que conhecerão maior expansão, assegura esse futuro auspicioso para a Índia, e
somente questões sanitárias poderão impedir que esses prognósticos se cumpram.
Tabela XI
Export Carne Bovina 000 t
A B ∆ t B-A
∆% B-A Ø 2009-
2011 2022
Mundo 9.228,23 10.885,10 1.656,87 100,0%
Índia 893,80 1.635,20 741,40 44,7%
USA 1.045,93 1.568,30 522,37 31,5% Brasil 1.646,03 1.880,00 233,97 14,1%
Austrália 1.374,97 1.594,60 219,63 13,3% 31
Gráfico XII
32]
31
Elaborado por ODConsulting a partir de dados da OECD-FAO Agricultural Outlook 2013-2022. Beef Meat 1995 to 2022 ABC
países
Gráfico XIII
33
O panorama da década que se aproxima é positivo para todas as carnes, com crescimento no consumo,
no comércio internacional e na produção (cf. Tabelas XII e XIII). As carnes bovinas experimentarão
crescimento percentual anual ascendente após décadas de um menor dinamismo.
Tabela XII
34
Tabela XIII
32
Idem 33
Idem 34
Fonte: OECD-FAO Agricultural Outlook 2013 - © OECD 2013, Capítulo 7, Tabela 7.2. Per capita consumption and real prices, Meat chapter.xls
1997-99 2004-06 2011-13 2022
Carne Bovina 2,63 2,99 3,35 3,84 Carne Suína 23,58 26,65 29,48 34,06 Carne de Aves 7,96 9,19 11,42 13,59 Total das Carnes Principais 34,17 38,83 44,25 51,49
Consumo per capita kg/pessoa/ano
35
O Brasil é uma potência em produção, consumo e exportação de carne bovina e de consequência deve
ser um dos grandes beneficiários dessa década positiva que se inicia. Já vimos como exemplos vizinhos o
que políticas públicas desastradas podem fazer com a grandeza de um setor. Zelemos e unamo-nos para
que nos atrapalhem.
35
Fonte: OECD-FAO Agricultural Outlook 2013 - © OECD 2013, Capítulo 7, Tabela, 7.1, Meat chapter.xls
2003-2012 2013-2022 2003-2012 2013-2022 2003-2012 2013-2022
Todas as Carnes 2,32% 1,59% 4,26% 1,58% 1,26% 0,60%
Bovina 1,23% 1,49% 1,71% 1,55% 0,18% 0,48%
Suína 1,83% 1,37% 4,85% 0,80% 0,70% 0,37%
Aves 3,68% 1,93% 6,69% 2,09% 2,47% 0,92%
Ovina-Caprina 2,15% 1,25% 0,30% 1,30% 0,97% 0,26%
Produção Exports Consumo per capitaVariação Anual (% aa)