papel da biÓpsia no diagnÓstico da silicose
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Palestra de Dr. Paulo Gurgel Carlos da Silva, médico pneumologista em Fortaleza - Brasil e editor do BLOG DO PG, ministrada no Hospital de Messejana.TRANSCRIPT
PAPEL DA BIÓPSIA NO DIAGNÓSTICO DA SILICOSE
Dr. Paulo Gurgel
SILICOSE
É uma doença pulmonar causada pela inalação de poeiras com sílica livre e sua conseqüente reação tecidual de caráter fibrogênico.
ATIVIDADES DE RISCO(SILICOGÊNICAS)
• Extração: mineração. • Construção de túneis.• Beneficiamento de minerais: corte,
britagem, moagem e lapidação.• Indústria de transformação: cerâmicas,
fundições, vidrarias, marmorarias.• Outras: perfuração de poços, jateamento
de areia, confecção de prótese dentária etc.
No Ceará
O CICLO DAS ROCHAS
DA SÍLICA À SILICOSE
SÍLICAForma cristalina – livre
(quartzo)
Recém-fragmentada (freshly crushed)
ConcentraçãoFração respirável
Tempo de exposiçãoReação tecidual
SILICOSE
SÍLICA
Fagocitose por macrófagos
Autólise
Liberação de mediadores
Nódulo e fibrose
LESÃO BÁSICA
Nódulo com uma zona central
de fibrose hialina, circundada por uma reação inflamatória mediada por macrófagos, linfócitos e
plasmócitos. Identificação de material
inorgânico possível.
IDENTIFICAÇÃO DE CASO
Denomina-se caso de silicose todo indivíduo com história confirmada de exposição ocupacional a poeiras minerais – com sílica livre – e que apresenta alterações radiológicas compatíveis com pneumoconiose, conforme a classificação da Organização Internacional do Trabalho (OIT/2000).
HISTÓRIA NATURAL
Óbito
C/ Complic.
C/ Sintomas
C/ Alt. Func.
C/ Alt. Radiol.
Exposição
HISTÓRIA OCUPACIONAL - 1
• Profissão (atual e pregressas)• Detalhamento da participação do
trabalhador nos processos de trabalho• Medidas de proteção (individual e
coletivas)• Exames de saúde ocupacional
(admissional, periódicos, demissional e pós-)
• Início e tempo de exposição
HISTÓRIA OCUPACIONAL - 2
• Consumo tabágico• Co-morbidades (asma, tuberculose,
colagenoses)• “Marcadores” de suscetibilidade
SIMPLES COMPLICADA
ALTERAÇÕES RADIOLÓGICAS
ALTERAÇÕES FUNCIONAIS
• Disfunções > incapacidades
• Abordagens – Longitudinal– Transversal (“efeito do trabalhador sadio”)
• Padrões– Normal (nas formas simples)– Obstrutivo (inicial / tabagismo?)– Restritivo ou misto (nas formas complicadas)
SINTOMAS• ASSINTOMÁTICO• -------------------------HC-----------------------------• Dispnéia• Tosse• Dor torácica• Emagrecimento• --------------------------------------------------------• Expectoração aumento e purulência• Febre• + . . .
BIÓPSIA – QUANDO INDICAR• História ocupacional ausente ou incaracterística• História de exposição a agentes desconhecidos• Aspecto radiológico discordante com a
exposição• História de exposição, sintomas e sinais clínicos
pertinentes, função pulmonar alterada, porém com a radiografia e a tomografia de tórax normais
• Disputa judicial após discordância entre leitores radiológicos capacitados
MS/FNS – Manual de Normas para o Controle das Pneumoconioses, 1997
TIPOS DE BIÓPSIA
• Transbrônquica
• Transparietal por agulha
• Por toracotomia (amostra de tecido mais adequada para exames histológico e mineralógico)
• Por cirurgia toracoscópica vídeo-assistida (procedimento de escolha)
• Ganglionar por mediastinoscopia
• Necropsia
GRANULOMA SILICÓTICO
PNEUMOPATIAS GRANULOMATOSAS• Infecciosas
– TB (e outras micobacterioses)– Micoses sistêmicas
• Ocupacionais– Silicose– Silicatoses (ex.: talcose)– Beriliose crônica– Pneumonite de hipersensibilidade
• Sarcoidose• Vasculites• Corpo estranho• Outros
MICROSCOPIA
MICROSCOPIA(FOCO MICROMÉTRICO)
Nomenclatura para a birrefringência
NomenclaturaIntervalo de birrefringência Exemplo
Fraca 0 - 0,010quartzo= 0,009apatita= (0,003)
Moderada 0,010 - 0,025augita= 0,024cianita= 0,016
Forte 0,025 - 0100zircão= 0,062talco= 0,04
Muito Forte 0,100 - 0,200 calcita= 0,172
Extrema > 0,200 rutilo= 0,289
Prevalência de pneumoconiose em trabalhadores expostos à fosfática rocha
Somente a análise histopatológica com microscopia eletrônica de varredura, associada a microanálise por difração de Raio-X, poderá determinar precisamente a composição dos cristais depositados nos tecidos.
Capitani, EM Rev. Saúde Pública vol.23 no.2 São Paulo abril 1989
Needle biopsy in asbestosis and silicosis: correlation of histological changes with radiographic changes
and pulmonary function in 41 patients.
• A percutaneous needle biopsy was performed with a TruCut needle on 41 patients with suspected pneumoconiosis. Patients selected for biopsy tended to have brief or unusual dust exposure, as well as questionable radiographic opacities.
• 16 had been exposed to asbestos, 13 to silica and 12 to mixed dust containing quartz, coal, iron, asbestos and talc.
• Histological changes in the needle biopsy specimen were compatible with silicosis in only 36% of the suspected cases and in 63% of those in which the final diagnosis was silicosis.
• In the diagnosis of silicosis an open biopsy is probably more reliable than a percutaneous one, particularly if radiographic changes are minimal.
Tukiainen P, Taskinen E, Korhola O, Valle M.Br J Ind Med. 1978 Nov;35(4):292-304.
SILICOSE NO CEARÁ (1993 – 2006) CASUÍSTICA
SILICOSE NO CEARÁ DISTRIBUIÇÃO POR OCUPAÇÕES
Profissão Casos
Cavadores de poços 125
Pedreiras 46
Minas 9
Jateamento de areia 7
Cerâmica branca 2
Diatomito 1
Total 190
190 CASOS 11 BIOPSIADOS 14 PROCEDIMENTOS
• Pulmonar transbrônquica: 9
• Pulmonar por toracotomia: 2
• Pulmonar por agulha: 2
• Ganglionar por mediastinoscopia: 1
PACIENTE HISTOPAT0LOGIA BIRREFRINGÊNCIA
1. JARR (jato de areia) GRANULOMA POSITIVA
2. FBV (cerâmica)
Transbrônquica
??? ???
BIÓPSIA PULMONAR POR TORACOTOMIA: 2
PACIENTE HISTOPAT0LOGIA BIRREFRINGÊNCIA
1. ACF (mina)
Transbrônquica
Pulmonar: GRANULOMA (2)
Ganglionar: GRANULOMA (1)
Não pesquisada
Não pesquisada
BIÓPSIA PULMONAR POR AGULHA (2)E GANGLIONAR POR MEDIASTINOSCOPIA (1)
PACIENTE HISTOPAT0LOGIA BIRREFRINGÊNCIA
1. FHF (pedreira) Fibrose incipiente; septos alveolares espessados.S/ granuloma
NEGATIVA
2. JBBA (pedreira) Tecido fibroso colagenizado. S/ granuloma POSITIVA (em citoplasma de macrófagos)
3. FLSR (pedreira) Nódulo fibroso colagenizado.
S/ granuloma
POSITIVA
4. ACF (mina)
Não realizada
Inadequada
5. RSF (pedreira) Tecido colágeno hialinizado NEGATIVA
6. EAS (poço) Fibrose; porção compacta tendendo a nodular NEGATIVA
7. FEPC (jato de areia) Espessam. conjuntivo. S/ granuloma NEGATIVA
8. FBV (cerâmica)
Não realizada. Apenas LB. POSITIVA (não fagocitada
por macrófagos)
9. FLB (pedreira) Pneumonite crônica GRANULOMATOSA e inespecífica em vias de cura por fibrose
NEGATIVA
10. JVN (jato de areia) GRANULOMA ???
BIÓPSIA PULMONAR TRANSBRÔNQUICA: 9
Biópsia pulmonar transbrônquica: 9Resultados
C/ granuloma 2 1 1
S/ granuloma 6 2 4
Inadequada 1
Pesquisa(+) (-) (?)
CONCLUSÕES(PARA BIÓPSIA PULMONAR TRANSBRÔNQUICA)
• Evidências da categoria C (estudo observacional).• Obtenção de amostra de tecido pulmonar para
exame histopatológico em 88,8% dos casos.• Granuloma não caseoso presente em 25% dos
casos examinados.• Birrefringência positiva elevou o resultado de 25%
para 50% dos casos.• Outros achados: fibrose (nódulo); colágeno
(hialinizado); espessamento septal.• Formas agudas da silicose (em que há proteinose
alveolar) não observadas.
“É assim como se a rocha dilatadaFosse uma concentração de tempos”
Hollanda. FB – Morro Dois Irmãos,1989
GRATO PELA ATENÇÃO