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11 de Novembro de 2015 | Papiro 1 Gourmet sobre rodas Food trucks Aos 81 anos, Nirez sustenta sozinho um museu na própria casa. Entre os itens que compõem o acervo, está a maior coleção de discos de cera do país. p. 14 11 de Novembro de 2015 Paixão e luta de 60 anos por uma causa O final de semana em Fortaleza ganha mais cores e sabores. Em busca de inovar o setor de alimentação, os Food Trucks levam ao público cearense os mais variados tipos de comida: sanduíches regionais, guloseimas gourmet, pudins especiais e dindins alcoólicos, que agradam a todas às classes sociais e às diferentes faixas etárias. Apesar de muitas vezes serem consideradas como modismo, as cozinhas móveis mostram cada vez mais que vieram para ficar. p. 3 Emprego Blog como fonte de renda Com a nova geração integrada nas redes sociais, a utilização de blogs como emprego tornou-se um trabalho prazeroso. E, assim, os jovens encontram, com essa alternativa uma garantia de fonte de renda financeira e um meio de entrar no mercado de trabalho. O conteúdo dos blogs na internet envolve as mais diversas temáticas. Para ter sucesso nesse ramo é necessário um diferencial. p. 4 Mobilidade Ciclistas x motoristas: a necessidade de regras para convivência no trânsito A nova onda de ciclismo em Fortaleza estimula hábitos saudáveis, mas as relações entre usuários de bicicletas e motoristas dos demais veículos ficam prejudicadas devido à falta de respeito, mostrando que são necessárias ações que trabalhem a educação no trânsito. A associação do Ciclistas Urbanos de fortaleza vai, inclusive, doar boneco com bicicleta para contribuir com o trabalho do Detran-Ce. p. 12-13 Segurança Criatividade para evitar assaltos Diante do alto índice de violência na capital a população cria formas de se prevenir contra assaltos. Para evitar perda de objetos, tem sido comum andar com dois celulares; um deles é reserva p. 10 Comissões Políticos debatem interesse público Propostas de deputados estaduais e integrantes da sociedade civil têm sido debatidas no legislativo cearense. São 18 comissões técnicas analisando proposições no parlamento. p. 9

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11 de Novembro de 2015 | Papiro 1

Gourmet sobre rodas

Food trucks

Aos 81 anos, Nirez sustenta sozinho um

museu na própria casa. Entre os itens que

compõem o acervo, está a maior coleção de discos

de cera do país. p. 1411 de Novembro de 2015

Paixão e luta de 60 anos por uma causa

O final de semana em Fortaleza ganha mais cores e sabores. Em busca de inovar o setor de alimentação, os Food Trucks levam ao público cearense os mais variados tipos de comida: sanduíches regionais, guloseimas gourmet, pudins especiais e dindins alcoólicos, que agradam a todas às classes sociais e às diferentes faixas etárias. Apesar de muitas vezes serem consideradas como modismo, as cozinhas móveis mostram cada vez mais que vieram para ficar. p. 3

EmpregoBlog como fonte de renda

Com a nova geração integrada nas redes sociais, a

utilização de blogs como emprego tornou-se um trabalho

prazeroso. E, assim, os jovens encontram, com essa

alternativa uma garantia de fonte de renda financeira e

um meio de entrar no mercado de trabalho. O conteúdo dos

blogs na internet envolve as mais diversas temáticas. Para

ter sucesso nesse ramo é necessário um diferencial. p. 4

MobilidadeCiclistas x motoristas: a necessidade de regras para convivência no trânsito

A nova onda de ciclismo em Fortaleza estimula hábitos saudáveis, mas as relações entre usuários de bicicletas e motoristas dos demais veículos ficam prejudicadas devido à falta de respeito, mostrando que são necessárias ações que trabalhem a educação no trânsito. A associação do Ciclistas Urbanos de fortaleza vai, inclusive, doar boneco com bicicleta para contribuir com o trabalho do Detran-Ce. p. 12-13

SegurançaCriatividade paraevitar assaltosDiante do alto índice de violência na capital a população cria formas de se prevenir contra assaltos. Para evitar perda de objetos, tem sido comum andar com dois celulares; um deles é reserva p. 10

ComissõesPolíticos debatem interesse públicoPropostas de deputados estaduais e integrantes da sociedade civil têm sido debatidas no legislativo cearense. São 18 comissões técnicas analisando proposições no parlamento. p. 9

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2 Papiro | 11 de Novembro de 2015

“É preciso um trabalho duro e uma grande vontade para transformar a paixão numa virtude”. Inspirados na citação de George Sand, pseudônimo da baronesa de Dudevant, considerada a maior escritora francesa, apresentamos mais uma edição do jornal Papiro em sua versão 2015.2. Foram

longas horas de pesquisa, produção, entrevista e diagramação, resultando em um produto leve e informa-tivo. Estejam convidados para um agradável e informativo passeio.

Começamos deixando o leitor com água na boca. A reportagem sobre gastronomia traz os “Food Trucks”, restaurantes móveis que conquistaram os fortalezenses com uma forma inovadora de vender comidas em “trailers”. No universo on-line, conheça as novidades sobre o universo das “ blogueiras”, jovens que fatu-ram com seu trabalho na internet e do mundo da moda.

Ainda em Economia, aproveitamos para apresentar as últimas notícias sobre o Shopping Popular e o remanejamento dos ambulantes que atuam nas principais avenidas do Centro de Fortaleza. Já quem cur-te uma boa viagem vai ser apresentado à possibilidade de descobrir como viajar pelo mundo e ainda rece-ber dinheiro com essa atividade. É o recrutamento de funcionários para atuarem em cruzeiros marítimos ao redor do mundo.

E que tal economizar? Nesse item, trazemos duas dicas. A primeira, é que Instituições como SENAI, SEBRAE e Assintecal estão promovendo consultoria gratuita para novos empreendedores nos setores de calçados e confecções. A outra, se traduz em um convite para que conheçam o evento da Quarta Coletiva, mostra indicada como alternativa para os adeptos da economia criativa.

Abrindo espaço para o cenário político, apresentamos o trabalho realizado pelas comissões técnicas da Assembleia Legislativa, que organizam as atividades legislativas em torno de 18 temas de interesse da sociedade. Outro assunto é a segurança, que deve ser levada a sério. Assim, sugerimos formas de prevenir a perda de pertences importantes em caso de roubo.

Trazemos também para o debate as questões eleitorais, com uma ma-téria que aborda o voto exercido por idosos com mais de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos, que colaboram com o processo democrático, mesmo sem que sejam obrigados. Entendam a situação da comunida-de Quilombola do Alto Alegre, localizada no município de Horizonte, e que aguarda a finalização do processo de demarcação de suas terras.

Três matérias focam na mobilidade urbana e, entre elas, duas abor-dam o ciclismo. Uma das matérias destaca a busca por respeito e espaço no trânsito, como a necessidade de regras de convivência. A segunda, conta sobre o debate promovido pela Associação dos Ciclistas, visan-do a um maior envolvimento da sociedade para um trânsito de melhor qualidade. Conheçam também o “Meu ônibus”, aplicativo criado no fi-

nal de julho, para facilitar a vida da população que utiliza transporte público diariamente.Em clima de pesquisa e memória, retratamos parte de história de Miguel Ângelo de Azevedo, mais co-

nhecido como Nirez, que tem em sua residência a maior coleção particular de discos do país, e demanda apoio financeiro. E por falar em cultura, o Papiro traz matéria sobre a Biblioteca Popular “Casa Vermelha” e seu projeto de compartilhamento de livros totalmente gratuito.

Nesta edição abordamos ainda a ação solidária do Abrigo Nosso Lar, junto aos cães abandonados na cidade. E, quando o assunto passa para o esporte, mostramos as dificuldades e desafios de um atleta em busca de patrocínio para disputar as paraolimpíadas no Rio 2016. Para finalizar, temos o Stand Up Paddle, considerado como o queridinho dos praticantes de atividade física. A atividade é a nova febre dos finais de semana nas águas da capital cearense.

No nosso processo de aprendizagem, como estudantes de jornalismo, buscamos dar o nosso melhor.Está feito o convite à leitura!

Fortaleza e suas históriasEditorial

Foram longas horas de pesquisa, produção, entrevista e diagramação...

Diretor-Geral EdniltonSoárez

Diretor Acadêmico Ednilo Soárez

Vice-Diretor Adelmir Jucá

Coordenador do Curso de Jornalismo Dilson Alexandre

Coordenadora do Curso de Design Nila Bandeira

Editora chefe Ana Márcia Diógenes

Projeto Gráfico e Direção de Arte Tarcísio Bezerra

Editores Núcleo de Design Diego Henrique | Tarcísio

Bezerra

Estagiários Design Leonardo Portiolli | Marlone Melo |

Antônio Paiva (Toin)

Editorial Fernando Souza

COLABORADORES

Texto Amanda Cavalcanti; Ana Clara Cabral; Ana Vitória

Reis; Bruna Cruz; Edemy Gonçalves; Evaniely Santos;

Isabelly Lima; Israel Machado; Jonnas Sousa; Joseanne

Nery; Letícia Alves; Fernando Souza; Naélio Lima; Natasha

Lima; Paloma Magalhães; Rafaella Girão; Rafaelly Leal;

Vitória Queiroz.

Design Adailson Silva, Ana Vitória Reis, Beatriz Morais,

Caio Túlio Costa, Hitalo Lobo, Iury Medeiros, Ivina Rocha,

Jórdan Oliveira, Juliana Rodrigues, Magno Paz, Mairla

Freitas, Natália Catunda, Natiele Maíra, Nayara Oliveira,

Paulo Mesquita, Pedro Brito, Raquel Rodrigues, Rebecca

Prado, Rodrigo Gondim, Weider Gabriel.

Page 3: Papiro 20152

11 de Novembro de 2015 | Papiro 3

Em carros ou bicicletas, lo-cais públicos ou privados, com opções de comidas

salgadas ou doces, eles estão por toda parte. São os chama-dos Food Trucks, as cozinhas sobre quatro ou duas rodas que se locomovem levando diversos alimentos gourmets ao cardá-pio da população brasileira. A atividade já é fonte de renda de muitas pessoas: os traba-lhadores deste ramo represen-tam cerca de 2% da população, segundo o Sebrae. Há um ano a moda chegou a Fortaleza e trouxe o crescimento desse es-tilo de restaurante ao Ceará.

O que muita gente não ima-gina é que por trás das culiná-rias móveis existe muito tra-balho e custo. Para montar um Food Truck customizado, com a logomarca do restaurante, os preços podem variar de R$ 25 mil a R$ 200 mil. Além dos gastos com o trailer, os pro-prietários também devem se preocupar com a higienização da cozinha e manter a docu-mentação de funcionamento em dia, para continuar tran-sitando legalmente na cidade com seus trucks.

Atualmente, existem mais de 70 Food Trucks em Fortaleza. Eles podem ser encontrados nos eventos chamados Food Park, que acontecem, normal-mente, em locais privados e re-únem os melhores restauran-tes móveis em um único ponto da cidade. O Pátio Cocó Food Park é um exemplo de evento que concentra trailers e bici-cletas: acontece na área exter-na do Shopping Pátio Cocó e foi criado com o intuito de deixar o espaço mais atrativo para os frequentadores.

O evento, que concentra Food Trucks de churros, pico-lés, coxinhas, batatas, sandui-ches e até açaí, já está na sua quinta edição. Lá, os preços dos alimentos podem chegar a R$ 20,00. A intenção é que o público deguste todos os itens

Restaurantes móveis conquistaram fortalezensesFood Trucks

Com uma forma inovadora de vender comidas, “trailers” ganham destaque nos setores alimentícios e de lazer nos finais de semana da capital cearenseREPORTAGEM Joseanne Nery FOTOS Joseanne Nery | Paulo Renan (Agencia Voar) DESIGN Ana Vitória Reis

CO N H EÇA OU T ROS FO O D

T RUC KS QU E T RA N S I TA M

N A C I DA D E D E FO RTA L E ZA

Spot Churros: Com os

mais variados sabores de

churros, desde o tradicional

chocolate ao inovador leite

ninho, o Spot Churros veio

para movimentar o setor de

guloseimas da cidade.

Hey Joe: Para quem busca

alimentação saudável, o Hey

Joe é uma ótima opção. Com

sanduíches de salmão e sem

adição de gordura, ele vem

se destacando entre os Food

Trucks saudáveis de Fortaleza.

Dindin do Brilho: Dos 11

sabores diferenciados que

compõem o cardápio do

Dindin do Brilho, há misturas

excêntricas como amarula,

paçoquita e catuaba.

Hey Joe, especializado em culinária saudável, esteve presente no Pátio Cocó Food Park

Sanduíches com ingredientes da culinária cearense, apresentados pelo Rapadura Food Truck

disponíveis. “Num Food Park existe aquele clima de descon-tração: você fica mais à vonta-de e consegue experimentar muitas coisas em um só dia. A ideia é comprar o alimento e dividir com os amigos”, expli-ca Raquel Cavalcante, 35, co-ordenadora do Pátio Cocó Food Park e crítica gastronômica.

Os vendedores de comida de rua, ao estacionarem seus tru-cks em locais privados, pagam taxas que podem variar de R$ 70,00 a R$ 1.000,00 por dia. A cobrança dos valores depen-de do tamanho do trailer, do tipo de evento Food Park e da forma como este é divul-gado. Com base nisso, os pre-ços aumentam ou diminuem. A reclamação de muitos pro-prietários é que sempre pre-cisam estacionar seus trai-lers em áreas particulares, porque não existe uma lei em Fortaleza que permita que os Food Trucks fiquem estaciona-dos na rua, como em outras ci-dades do Brasil.

Comida regionalEm meio a tantas opções

de trailers, encontra-se o Rapadura Food Truck. Um restaurante móvel especiali-zado em sanduíches regionais que levam, como ingredientes, cajuína e rapadura. A propos-ta é não priorizar apenas os produtos cearenses, mas tam-bém os fornecedores da região.

É nesse ponto que está o dife-rencial do grupo, que se diz preocupado em apresentar ao público os alimentos típicos do estado do Ceará.

O Rapadura Food Truck é composto por três amigos: dois deles são cozinheiros e o ter-ceiro cuida da parte comercial do trailer. O trio está sempre atento à produção dos alimen-tos. Segundo Lucas Bottino, só-cio proprietário e cozinheiro do Rapadura Food Truck, eles não estão receosos de serem ape-nas uma moda, pois sabem que existe um filtro popular, onde apenas os mais dedicados são escolhidos e conseguem sobre-viver ao modismo.

A vida de quem está nes-se ramo é corrida. Eles

trabalham todos os dias na produção de novidades ali-mentícias, com o diferencial de viver sobre uma cozinha móvel. “De segunda a segun-da, não temos folgas. É mui-ta coisa, são muitos detalhes! Trabalhar com alimento re-quer bastante atenção, mas se você tiver muita organização, boa logística e boa qualidade de produção, dá pra viver dis-so”, disse Lucas Bottino.

Finais de semanaOs eventos que reúnem Food

Trucks, normalmente, aconte-cem nos finais de semana e es-tão sempre lotados. Quem de-seja ir a uma concentração de trailers de comida, deve es-tar preparado para enfrentar

filas. Pessoas de todas as ida-des e estilos se sentem atraí-das pela culinária móvel. “O Food Truck para mim é uma opção diferente, é um passeio. Eu adoro, porque o ambiente é tranquilo e descontraído, além de que as opções de comida são diversas e com preços acessí-veis.” ressalta a analista con-tábil, Carolina Nunes, 31.

Existem opções também para aqueles que não querem sair da dieta. O blogueiro fit-ness Yago Gadelha, 19, explica que sempre encontra opções de comidas saudáveis nos eventos Food Park e que não é preciso quebrar a dieta para se deliciar e aproveitar a moda dos restau-rantes móveis.

A forma como são feitos, em um espaço considerado peque-no, sobre rodas, não impede os cozinheiros de produzirem alimentos de melhor qualida-de. A realidade é que a popula-ção fortalezense já se apaixo-nou pela variedade de comidas encontradas nos Food Trucks e estes são vistos como opção certa de lazer na cidade.

“A ideia é comprar o alimento e dividir com os amigos”Raquel Cavalcante, 35

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4 Papiro | 11 de Novembro de 2015

completou 10 anos e seu am-plo crescimento tem marca-do a mudança de consumo de mídia. “A internet evoluiu e o que todo mundo quer ver é o Youtube. Muitas pessoas têm preguiça de ler e não acessam mais blogs. Se você quer ga-nhar dinheiro com a internet vá para o Youtube”, afirma Mateus Fornazari.

Os criadores de conteúdo tiveram que se adaptar à nova mídia. Durante a criação do canal “AssombradO.com.br”, Mateus e Ana encontraram dificuldades, pois não enten-diam de edição de vídeos. E havia também problemas na hora de enviar os vídeos para o youtube. Por outro lado, o blog ajudou muito com suas postagens durante a criação dos roteiros dos vídeos.

Para Dyana Colares, a transição do blog para o you-tube foi natural porque já ti-nha conhecimento em edi-ção. Ela aderiu a essa tendên-cia e vê o canal no youtube como um meio de conhecer novos leitores.

H oje a internet está cada vez mais presente na vida das pessoas, sen-

do possível, até mesmo, ob-ter renda financeira. É esse o caminho que tem sido se-guido por diversos bloguei-ros. Boa parte deles começa a atividade quando ainda está na universidade. Um deles é o “Doces Curvas”, de Karlla Queiroz, 24, que, em 2015, completa cinco anos de ativi-dades. A blogueira afirma vir da internet a maior parte de seus lucros e chega a ganhar em torno de oito salários mí-nimos por mês.

Como sempre gostou de moda, Karlla era leitora de muitas revistas sobre a temá-tica e, tendo uma identificação pessoal com o mundo fashion, escolheu o foco principal do “Doces Curvas”. “Apaixonada pelo fashionismo e como esta-va acima do peso, não encon-trava nada bacana pro meu corpo. Então, fiz meu blog”, diz ela. Sua rotina de traba-lho não é comum e acaba ten-do dias com muitas reuniões. “Às vezes chega a ser cansati-vo”, declara.

A seleção do nome foi feita por lembrar uma mulher vo-lumosa, com muitas curvas, como a maioria das mulheres brasileiras. E o “doce” foi esco-lhido por falar de sua persona-lidade e por gostar muito de co-midas doces.

As redes sociais estimulam e facilitam a interação com lei-tores, a divulgação de links do blog e de vendas diretas. O con-teúdo que será postado no blog é selecionado com base no que é mais consumido pelos leitores. Karlla observa que a escolha desse trabalho se deu em um momento decisivo de sua vida, pois acabou desistindo do cur-so de Direito para dedicar-se inteiramente ao blog.

Clara de Castro, 20, estu-dante de jornalismo, conse-guiu um estágio no site de moda “Márcia Travessoni”. há poucos meses, por indica-ção de uma colega de faculda-de. Essa é sua primeira fon-te de renda. Desenvolvendo todas as pautas a serem pu-blicadas no site, ela aca-ba estudando moda diaria-mente. Com esse estágio, aprendeu como funciona a

Jovens passam a ter renda trabalhando na internetBlog como emprego

Nos últimos anos, tornou-se comum ganhar dinheiro criando conteúdo que se destaque na rede social e ainda ter experiência de trabalhoREPORTAGEM|FOTOS Natasha Lima DESIGN Natália Catunda

S E RV I ÇO

E N D E R EÇOS D E B LO GS

www.docescurvas.com

www.assombrado.com.br

www.desejoliterario.com

www.interacao.blog.br

www.marciatravessoni.com.br

“Isso vai ser importante para minhas próximas experiências”Clara de Castro, 20

Então resolvemos criar o “AssombradO” nesse forma-to, usando as melhores pos-tagens do Sobrenatural.Org”, relata Mateus.

Esta não é a única fonte de renda deles, que possuem uma loja virtual de livros, ca-nais no Youtube, fazem campa-nhas de marketing e recebem doações mensais via Patreon, um site de doações. Todas es-sas formas de trabalho pro-porcionam a eles trabalhar em casa e ter uma boa fonte de renda fixa.

Ana Timbó, 26, responsá-vel pelo blog, “Interação”, tem conseguido uma renda finan-ceira, mas este não é seu único trabalho. No começo não era seu objetivo ganhar dinhei-ro pelo blog, mas a dedicação o fez crescer. Recentemente, o blog “Interação” passou a receber colaboradores para contribuir na alimenta-ção de conteúdo. E passou a proporcionar, a ela, conhe-cer lugares, pessoas e ad-quirir conhecimentos em diversos assuntos.

Mesmo quem não tem uma renda financeira via blog, como Dyana Colares, 23, do “Desejo Literário”, dedica-se em fazê--lo crescer constantemente. “Pretendo investir ainda mais no blog para, quem sabe, torná--lo um meio de renda no futu-ro”, declara. Seu blog é voltado para o mundo literário e já lhe proporciona participar de even-tos e ter um contato maior com o universo dos livros.

Youtube e consumoEm 2015, o Youtube

comunicação da platafor-ma de blogs e pensa em es-crever sobre outro assunto, no mesmo meio, criando seu próprio blog.

Neste primeiro emprego ela vem aprendendo a enten-der um ambiente empresarial. E uma das metas que Clara es-tabeleceu é sempre estar me-lhorando na área, tirando o uso da moda na internet do simples “look do dia”. “Além de tudo, a dinâmica de traba-lho vem me conquistando aos poucos. Isso vai ser importan-te para minhas próximas ex-periências”, diz ela.

Como o blog é local, Clara diz que, em termos de alimentação do conteúdo, tem evitado fazer matérias sobre moda em esta-ções do ano. Então, acaba ten-tando traduzir a moda inverno europeia para o cearense.

A internet tem o conteú-do mais vasto e criativo de um dispositivo que atinge o mundo todo. Já no universo

dos blogs há uma diversida-de de assuntos tratados. É nesse contexto que se encai-xa o blog “AssombradO.com.br”, de Mateus, 33, e Ana, 30, Fornazari. O conteúdo do blog aborda o sobrenatural, con-tando histórias assombradas e fatos sobrenaturais que es-tão na mídia, além de mos-trar lugares conhecidos por serem assombrados.

A ideia de desenvolver esse conteúdo surgiu como um deri-vado do portal “Sobrenatural.Org” que também é adminis-trado pelos Fornazari. “Só que a internet mudou e o formato blog começou a prevalecer.

Mateus e Ana Fornazari em seu escritório trabalhando no blog e canal

Clara de Castro planejando as pautas do dia

A qualquer momento Karlla Queiroz administra seu blog

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11 de Novembro de 2015 | Papiro 5

coisas e não devolve”, conta. Em entrevista para a rá-

dio O Povo/CBN, no progra-ma “Debates do Povo” (edi-ção 23/07/2015), o titular da Secretaria Regional do Centro (Sercefor) Ricardo Sales, disse que a fiscalização está no local para orientar os espaços deli-mitados e a apreensão só ocor-re em último caso. “Não reco-lhemos o material de primeira. Pedimos para eles saírem, mas, se a abordagem educacional não resolver, a gente usa como último recurso a apreensão”.

Centro FashionNa tentativa de diminuir o

número de feirantes e tirar todo comércio da rua José Avelino, um empreendimento priva-do no antigo prédio da Fábrica Filomeno Gomes, ao lado da Marinha, no Jacarecanga, está em construção. O shop-ping popular chamado “Centro Fashion” contará com 6.500 bo-xes e 300 lojas. Com previsão de

a respeitar os espaços delimi-tados pelo acordo.

Segundo um agente de fisca-lização da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) que não quis ser identificado, com a presença dos fiscais, as vias estão mais livres. O taxis-ta Fábio Aurélio, 32, concorda. Para ele, o tráfego de veículos está mais aliviado e os feirantes estão respeitando as delimita-ções da Prefeitura. “A situação aqui melhorou muito”, comenta.

DesentendimentosEmbora o trânsito tenha

melhorado, os feirantes conti-nuam se apropriando de espa-ço irregular. É o que relatam alguns guardas municipais, que preferiram não ser identi-ficados. Mesmo com a presen-ça dos guardas intimidando os feirantes, a ocupação imprópria permanece frequente. “Basta a gente sair de perto que eles fi-cam onde não devem”, relatam.

Segundo a ambulante Sâmea Silva, 22, alguns comerciantes extrapolam. “Toda semana acontece alguma confusão por-que eles só querem ficar onde não pode”, diz. Além disso, de-sentendimento entre fiscais e comerciantes são comuns. Acompanhados por guardas municipais, os agentes de fisca-lização podem deter mercado-rias se o comerciante insistir em ocupar via proibida. “Mas muitas vezes o ‘rapa’ leva as

A cidade de Fortaleza pos-sui uma economia frené-tica. Principalmente no

ramo da moda, a capital abri-ga milhares de comerciantes espalhados em bairros como Messejana e Parangaba. Mas é o Centro que se destaca como a principal feira atacadista e va-rejista. São ônibus lotados com revendedores vindos de todo o Nordeste e regiões brasilei-ras, além de clientes no inte-rior do estado e pequenos con-sumidores que movimentam o bairro. Embora a feira aconte-ça há anos e faça circular mi-lhões de reais anualmente, me-didas estão sendo tomadas pela Prefeitura para desobstruir as principais ruas e avenidas uti-lizadas pelos comerciantes.

Conforme acordo firma-do em março de 2013 entre a Prefeitura e os camelôs, o co-mércio ambulante deve ficar restrito a algumas áreas. A atuação é permitida na rua Governador Sampaio, área em-baixo do viaduto que cruza a avenida Alberto Nepomuceno, via Travessa Icó e rua José Avelino, sendo proibida a co-mercialização na avenida Alberto Nepomuceno e toda a calçada do entorno da Catedral Metropolitana de Fortaleza. As

vendas devem ocorrer somen-te das 19hs da quarta-feira às 11hs da quinta- feira e das 19hs do sábado às 11hs do domingo.

Nos dias de realização da feira, sempre está presente no local a operação montada pela Prefeitura, constituída por guardas municipais, agentes de fiscalização e polícia mili-tar, para orientar os feirantes

Tensão na transferência de feirantes da José Avelino Mercado informal

Com entrega prevista para o próximo ano, um shopping popular é a saída que a Prefeitura de Fortaleza encontrou para aliviar o fluxo de feirantes REPORTAGEM/FOTOS Paloma Magalhães DESIGN Mairla Freitas

Mesmo em dias de chuva feirantes e compradores não interrompem as atividades

entrega para 2016, após a inau-guração estará proibida a co-mercialização na José Avelino

Sâmea não aprova a mudan-ça. Ela informa que o preço de um box no Centro Fashion é ina-cessível para quem chegou ago-ra na feira e, além disso, é muito longe. “Não dá”, diz.

Opinião semelhante tem a feirante Taiane Oiveira, 21. Mesmo sem saber ainda da mu-dança prevista para o próximo ano, ela desaprova a medida. “Não vai melhorar. Aqui vai ser sempre desse jeito”, conta

Beco da PoeiraMudança parecida aconte-

ceu com o Centro de Pequenos Negócios - Beco da Poeira, fundado em 1991, na tentati-va de revitalizar o Centro. Já em 2010, os feirantes foram transferidos para um novo lo-cal, na avenida Imperador, de-vido à construção do Metrô de Fortaleza (Metrofor).

O Beco da Poeira conta com mais de 2.000 permissio-nários e gera cerca de 10.000 empregos diretos e indiretos. Este ano passou por refor-mas, mas os comerciantes re-clamam da falta de estaciona-mento e de segurança.

Em junho deste ano, a Prefeitura de Fortaleza divul-gou a possibilidade de incluir o Beco da Poeira no roteiro tu-rístico da cidade, no intuito de impulsionar as vendas.

“Toda semana acontece alguma confusão porque eles só querem ficar onde não pode” Samea Silva, 22

Ambulantes vivem o drama de perder seu espaço de vendas

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6 Papiro | 11 de Novembro de 2015

Viajar pelo mundo, co-nhecer novas culturas, aprender outras línguas

e ainda ser pago em dólar por tudo isso. Parece irreal, mas essa é a promessa das agências recrutadoras de tripulantes de navio de cruzeiro. E com o au-mento do dólar, acima dos R$ 4,00, cresce ainda mais a pro-cura por esse tipo de emprego, que chega a pagar entre US$ 657 até mais de US$ 3000 por mês.

Diego Brito, 28 anos, foi um dos que se encantaram pela proposta de trabalho; e largou a vida de músico em Fortaleza para trabalhar em navios. “Estava juntando dinheiro para fazer um mochilão. Quando soube da possibilidade de via-jar e ganhar dinheiro, não re-sisti”, conta Diego.

De acordo com o gerente ge-ral da agência de recrutamento, Rosa dos Ventos, Diego Cabral, 26, só entre os navios da MSC Cruzeiros que operam em águas brasileiras, estão empregados mais de 1.200 brasileiros. O ar-tigo 3º, da Resolução Normativa Nº 72, afirma que qualquer na-vio estrangeiro que permanecer em águas brasileiras por um pe-ríodo superior a 90 dias, preci-sa ter um percentual de, no mí-nimo, 25% de sua tripulação,

de nacionalidade brasileira. “É uma forma de gerar empre-go para o brasileiro”, afirma Thiago Loureiro, chefe do depar-tamento de excursões da MSC.

São mais de 20 opções de em-prego disponíveis para os “ma-rinheiros de primeira viagem”, entre eles assistente de cama-reiro, assistente de garçom, ani-mador, fotógrafo e recepcionis-ta, que costumam receber uma média de US$ 1000 mensais, além de gorjetas e comissões

Viaje pelo mundo se divertindo e trabalhando em navioEmprego

Com o aumento do dólar, o trabalho em cruzeiro tem sido uma das opções mais procuradas por jovens brasileiros a partir de 18 anosREPORTAGEM | FOTOS Israel Machado DESIGN Nayara Oliveira | Hitalo Lobo

A vida de tripulante proporciona a ida a lugares paradisiacos

Ilha da madeira, Portugal. Um dos vários destinos inclusos nas rotas de navios

de venda. Após o primeiro con-trato é possível crescer na em-presa e mudar de cargo, aumen-tando o salário.

Thiago Loureiro iniciou a vida de tripulante em 2011, trabalhando na área de lim-peza dos banheiros do navio, ganhando US$ 900. Hoje tra-balha no departamento de ex-cursões ganhando mais de US$ 3.600, além de ter aprendido inglês, italiano, alemão, fran-cês, espanhol e “arranhar” no holandês e hebreu. “Tudo de-pende de quão sério você leva o trabalho. Do quanto você se

TENHO INTERESSE. O QUE DEVO FAZER?

Para trabalhar embarca-do é preciso passar por um treinamento de duas sema-nas, que é fornecido pelas agências de recrutamento. Em Fortaleza, apenas a Rosa dos Ventos faz essa seleção e o valor dos cursos chega a R$ 1.800. Em sete anos de funcio-namento, a Rosa dos Ventos já enviou mais de 5 mil tripulan-tes à carreira marítima.

Os candidatos interessa-dos devem ser maiores de 18 anos, ter no mínimo o nível básico de inglês e disponi-bilidade de viajar por vários meses. É preciso preencher o cadastro “Processo Seletivo” no site da agência (http://www.rosadosventosbrasil.com.br), que, por sua vez, enviará de volta um link de inscrição para entrevista que avaliará a fluência nas línguas estrangeiras e o perfil do can-didato. Quanto mais idiomas você dominar, melhores são os cargos a serem escolhidos. Após aprovado, o candidato pode iniciar o processo de treinamento.

Além de aprenderem a desempenhar suas funções, os futuros tripulantes têm um treinamento de brigada de incêndio e aprendem técnicas de sobrevivência no mar, ensi-nadas pela Marinha brasileira.

A Rosa dos Ventos fica localizada no bairro Meireles, na rua Visconde de Mauá, 85A. Para entrar em contato basta ligar para (85) 3224.8344 ou enviar um e-mail para [email protected]

dedica e entende que isso não é um intercâmbio, é um traba-lho como qualquer outro. É pos-sível sim, crescer aqui dentro”, diz o tripulante.

“O dinheiro acaba sendo lu-cro total, já que não temos gasto com nada no navio”, conta Alan Oliveira, ex-tripulante, se refe-rindo ao fato de que tanto hos-pedagem, quanto alimentação são fornecidas gratuitamente pela empresa.

Alan diz que conheceu mais de 20 países em seu último con-trato e que isso foi um gran-de diferencial para seu currí-culo, garantindo um emprego em uma agência de turismo as-sim que retornou de viagem. “É muito mais fácil vender um pacote de viagens para um lu-gar que você já conhece”, afir-ma. Esse não é um caso isolado. Muitos ex-tripulantes acabam conseguindo emprego em turis-mo e hotelaria, que tem interes-se em pessoas com domínio em línguas estrangeiras, grande bagagem cultural e experiên-cia na área hoteleira.

“O número de desistência é muito grande, porque as pessoas vão achando que é só curtição”Alan Oliveira, 23

Um equilíbrio entre trabalho e turismo

Porém, é preciso ter em mente que não é só turis-mo ou diversão. É uma

proposta de trabalho e, como qualquer outro, tem respon-sabilidades e obrigações. “O número de desistência é mui-to grande, porque as pessoas vão achando que é só curtição

e não gostam quando precisam trabalhar de verdade”, conta o ex-tripulante, Alan Oliveira.

Também não existe a pos-sibilidade de aposentadoria, pois as leis que regem são in-ternacionais e não seguem as normas da CLT. Porém, uma opção é fazer como Thiago,

que paga todos os meses um plano de previdência priva-da. “Vou poder me aposentar como qualquer outro brasilei-ro”, conta.

É preciso ter em mente, também, que nem sempre exis-te a possibilidade de descer do navio e conhecer as cidades.

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11 de Novembro de 2015 | Papiro 7

coleção de moda é fazer pes-quisas de tendências e com-portamento, o que auxilia na orientação do estilista e do empresário na hora da com-pra da matéria-prima. As co-

leções, além de possuírem um conceito estético, devem ser também confeccionadas pen-sando nos lucros e evitando o desperdício de materiais. Mas, para ter acesso a essas análi-ses mercadológicas é necessá-rio investir tempo e dinhei-ro. E nem sempre os empre-sários, principalmente os que estão começando, dispõem desses recursos. Diante dis-so, a Materioteca de Fortaleza oferece consultorias gratuitas para empresários dos setores de confecção e calçados.

Os empresários da área de moda e estilistas ce-arenses já podem con-

tar com um suporte importan-te no processo de confecção de seus produtos. A Materioteca é uma estrutura que funcio-na dentro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Fortaleza, há um ano de dois meses, e lá, os criadores têm acesso às novi-dades do mercado em termos de matérias-primas.

O projeto Materioteca é resultado de uma parceria da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas(SEBRAE) e do SENAI. Funciona como uma grande biblioteca de mate-riais que oferece um acervo físico rico em couros, avia-mentos, metais e tecidos sus-tentáveis. Tudo muda duas vezes por ano: na primavera--verão e no outono-inverno, de acordo com as viradas de cole-ção dos grandes birôs de esti-lo, que são empresas especia-lizadas em pesquisas de ten-dências de moda.

Um passo indispensável para o planejamento e de-senvolvimento de qualquer

A estrutura tem recebido empreendedores de diferen-tes perfis e setores. Um deles é Leirton Graciano, 29, que trabalhou por muito tempo no setor calçadista. Decidido

Materioteca incentiva empresários de moda cearenseConsultoria Gratuita

SENAI, SEBRAE e Assintecal promovem consultoria gratuita para novos empreendedores do estado, nos setores de calçados e confecçõesREPORTAGEM | FOTOS Rafaella Girão Alves DESIGN Magno Paz

S E RV I ÇO

Materioteca

Telefone: (85) 3421 4031

E-mail: materioteca.for@

assintecal.org.br

Site: www.materiotecavirtual.

com.br

Artefatos em couro e aviamentos compõem um acervo com mais de 600 peças da biblioteca de materiais

O alinhamento de pesquisa de tendências de moda com a confecção é uma forma de ampliar as possibilidades criativas das coleções

a abrir seu próprio negó-cio, resolveu se consultar na Materioteca.“Esse é o meu pri-meiro contato com pesquisas de tendências. Junto da con-sultora, pude ter uma noção de

como começar e em que mate-riais devo investir inicialmen-te. Estou saindo daqui cheio de ideias”, disse Leirton.

Segundo Sara Ponne, 31, consultora da Assintecal e designer de produto,esse ali-nhamento de pesquisa com confecção é uma forma de am-pliar as possibilidades criati-vas das coleções a serem de-senvolvidas. Ela também con-ceitua como deve funcionar o desenvolvimento do produto, e ensina ao empresário o va-lor dos conceitos e a impor-tância desses valores na hora do investimento. “São três conceitos básicos da pirâmi-de de desenvolvimento do pro-duto: 10% é tudo que é expe-rimental, as apostas de mer-cado; 30% já não é mais uma experimentação, as pessoas já conhecem e 60% inclui toda a produção de massa, tudo o que é vendável, explica Sara.

Metais exclusivos fazem parte do acervo fixo da Materioteca

Artigos em couro, sínteticos e texturas

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8 Papiro | 11 de Novembro de 2015

2014. A conclusão das obras foi adiada diversas vezes e a inauguração está prevista para este ano.

A produtora cultural da Secultfor, Solange Arrais, está no cargo há sete meses. Ela dis-se que antes de cada edição da Quarta Coletiva, é feita uma análise das marcas, para saber que tipo de produto é vendido: se são artesanais, se tem quali-dade etc. Não são cobradas ta-xas para os expositores, e nem feito balanço de quanto arre-cadam ou de quantos produtos conseguem vender na feira. De acordo com Solange, é possível que sejam realizadas novas fei-ras em outros mercados, para gerar mais economia criativa.

São mais de 30 marcas que se reúnem, todos os meses, no evento da

Quarta Coletiva, uma alter-nativa para os usuários e op-ção de renda, dentro do que é conhecido como economia criativa. A mostra acontece sempre a cada segunda quar-ta-feira de cada mês, sempre das 17 às 21 horas, na Praça Visconde de Pelotas, Mercado dos Pinhões. O evento é reali-zado pela Secultfor (Secretaria de Cultura de Fortaleza) e a en-trada é gratuita.

A 29º edição da Quarta Coletiva, realizada em setem-bro, contou com 33 marcas. Cada expositor montou o seu espaço de acordo com a sua criatividade. Os produtos fi-cam disponíveis nas mesas, presos em grades ou araras, caixas e até mesmo no chão. São diversas mercadorias ar-tesanais e com referências na cultura pop, aplicadas em ca-misetas, canecas, bijuterias, biquinis, itens de papelaria, pares de óculos, quadros, lu-minárias, bolsas etc. Os visi-tantes, além de conhecer as marcas do cenário local, ain-da escutam boa música e têm opções de comidas típicas.

Raridade da Música, um dos expositores, é uma marca que

vende vinis antigos, grava CDs com a carreira completa dos ar-tistas, produz relógios e almo-fadas com estampas de artistas da música e do cinema e aceita encomendas. Além da Quarta Coletiva, marca presença ain-da na Feira Afins de Vitrola, que também é realizada no Mercado dos Pinhões. De acor-do com um dos proprietários, Leandro Tambelli, o Raridade possui mais de 3 mil títulos e

faixas de 1930 a 1990. Nos vinis que a marca vende, podem ser encontrados produtos de Luiz Gonzaga, Roberto Carlos, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Benito di Paula etc.

Tecida-se, uma jovem mar-ca que surgiu em junho de 2015, teve sua primeira participação na Quarta Coletiva de setem-bro. As sócias da marca, Soraia e Anahid, decidiram iniciar com acessórios para os cabe-los e pretendem elaborar mais produtos. Elas vendem faixas estilo pin up, turbantes e laços.

Estão no Facebook, Instagram e prometem, para breve um site próprio. Pretendem tam-bém participar de outras fei-ras e enviar seus produtos para todo o país.

A estruturaO Mercado dos Pinhões

possui a estrutura de ferro pré-fabricada na França (ofi-cina Guillot Pelletier), que pode ser montada e desmonta-da diversas vezes. Foi tomba-do pela Prefeitura por meio do Decreto Municipal 11.962 de 11 de janeiro de 2006. Antes era o Mercado das Carnes e seu pri-meiro endereço foi na Praça Carolina, denominação em homenagem à Arquiduquesa Maria Carolina Leopoldina. A localização era entre a atu-al Rua São Paulo e as ruas Floriano Peixoto, Sobral e General Bezerril.

O mercado de ferro foi inau-gurado em 18 de abril de 1897. Depois mudou para Largo da Assembleia e Largo do Mercado. Em 1939 foi desmon-tado e dividido em duas par-tes: uma para a Praça Paula Pessoa, onde ficou o Mercado São Sebastião, e a outra par-te para a Praça Visconde de Pelotas, que é o Mercado dos Pinhões. Desmontaram o São Sebastião em 1968, e levaram para Aerolândia, cuja refor-ma foi iniciada em janeiro de

Arte alternativa é destaque no Mercado dos PinhõesEconomia Criativa

Mostra Quarta Coletiva, no Centro de Fortaleza, reúne várias marcas locais que oferecem moda, design, música e comidas típicas para quem gosta de qualidade, diferenciação e produtos alternativos . O evento ocorre na segunda quarte-feira de cada mêsREPORTAGEM | FOTOS Isabelly Lima DESIGN Iury Medeiros | Juliana Rodrigues

A feirinha oferece uma variedade de produtos customizados

SERVIÇO

Para uma marca participar

da Quarta Coletiva precisa

enviar um email para a

SECULTFOR, informando

sobre a sua marca e com

fotos de boa resolução.

Endereço: Rua Pereira

Filgueiras, 4, Centro;

Telefone: (85) 31051386;

Email: secult.producao@

gmail.com

São diversas mercadorias artesanais e com referências na cultura pop, aplicadas em camisetas, canecas, bijuterias, biquinis, itens de papelaria, pares de óculos, quadros, luminárias, bolsas etc

Soraia e Anahid empreendem na Tecida-se desde junho deste ano

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11 de Novembro de 2015 | Papiro 9

Ele explica que um dos princi-pais mecanismos usados por sua comissão são as audiên-cias públicas, encontros que reúnem segmentos da popula-ção e representantes do poder público para discutir temas de interesse social.

O deputado esclarece que, através de audiência, é possí-vel agilizar a resolução de pro-blemas e, até mesmo, desenvol-ver um projeto de lei a partir das sugestões discutidas sobre determinados temas. “Em algu-mas audiências, temos conse-guido resultados positivos junto ao Poder Executivo. Além disso, existem sugestões que são le-vantadas nos debates que con-sidero de grande importância. Algumas são plausíveis de pro-jeto de lei”, declara.

“Aqui os movimentos sociais podem ser ouvidos, debater de-mandas, fazer proposições e, junto com o poder público, en-contrar encaminhamentos a médio e longo prazo”, afirmou Anísia Gomes, 48, assessora sindical que participou de audi-ência pública sobre a atuação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) junto aos agriculto-res do estado, promovida pela

legislativos. É por este ambien-te que toda e qualquer matéria passa para ser analisada e dis-cutida até que seja votada em plenário e se torne lei. As co-missões são organizadas no início de uma legislatura. Os grupos de trabalho são com-postos por um número de cin-co a nove deputados membros, que elegem um presidente e seu vice. O presidente fica respon-sável por comandar as reuni-ões de trabalho e determinar as matérias que são colocadas em pauta para discussão.

Audiências PúblicasO presidente da Comissão

de Agropecuária, deputado es-tadual Moisés Braz (PT), 52, afirma que, desde que assumiu o colegiado, tem se preocupado em atender com rapidez às de-mandas que surgem, tanto dos colegas parlamentares quanto de entidades da sociedade civil.

As leis que regem a so-ciedade são elabora-das em casas legislati-

vas, nas diferentes esferas de poder. Nelas atuam as comis-sões técnicas. Na Assembleia Legislativa do Ceará, 18 co-missões de temáticas distintas dão suporte para que o parla-mento cumpra seu papel de le-gislador e fiscalizador dos de-mais poderes públicos. Apesar de sua grande importância, em um contingente de 8 milhões de cearenses, são poucos os que conhecem e compreendem o papel das comissões. Porém, através da comunicação, esta realidade tem mudado e con-tribuído para aproximar a so-ciedade dos debates promovi-dos no legislativo.

A coordenadora das comis-sões técnicas da Assembleia Legislativa do Ceará, Rejane Auto, 58, destaca que o traba-lho realizado pela emissora de

televisão da Assembleia faz com que as pessoas tomem conheci-mento das atividades promovi-das. Rejane lembra que as co-missões são também espaços de diálogo com a sociedade civil, atuando na mediação e resolu-ção de problemas. “A entidade vem a uma dessas comissões e solicita ao seu presidente que coloque em discussão com seus membros a necessidade de dis-cutir uma questão que está afli-gindo a comunidade”, explica.

Asseguradas através de um regimento interno existente na Assembleia, as comissões orga-nizam e otimizam os trabalhos

Espaço para leis e diálogo no legislativo cearenseComissões Técnicas

Organismos que funcionam na Assembleia são ambientes para debates, proposições, intervenções e discussões com a participação da sociedadeREPORTAGEM | FOTOS Naélio Santos DESIGN Weider Gabriel | Raquel Rodrigues

Audiência Pública realizada pela Comissão de Agropecuária

OU T RAS CO M I SSÕ ES

Na Assembleia Legislativa

do Ceará funcionam ainda as

comissões de:

Ciência, Tecnologia e Educação

Superior | Constituição,

Justiça e Redação | Cultura

e Esportes | Infância e

Adolescência | Defesa do

Consumidor | Defesa Social |

Desenvolvimento Regional,

Recursos Hídricos, Minas e

Pesca | Direitos Humanos

e Cidadania | Educação |

Fiscalização e Controle |

Industria, Comércio, Turismo

e Serviço | Juventude | Meio

Ambiente e Des. Semiárido

| Orçamento, Finanças e

Tributação | Seguridade

Social e Saúde | Trabalho,

Administração e Serviço

Público | Viação, Transporte,

Desenvolvimento Urbano.

“Algumas[sugestões] são plausíveis de projeto de lei” Dep. Moisés Braz (PT), 52

Ambiente onde funciona as Comissões na Assembleia cearense

Comissão de Agropecuária. Do início do ano até o final de se-tembro, a comissão teve cinco reuniões ordinárias e duas ex-traordinárias, despachou 17 re-querimentos, realizou nove au-diências públicas e tem mais sete pré-agendadas. Apenas um seminário foi promovido pelo co-legiado. As reuniões ordinárias da comissão acontecem dias de quarta-feira, às 14 horas, porém estão sujeitas a mudanças.

“Aqui os movimentos sociais podem ser ouvidos” Anísia Gomes, 48

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10 Papiro | 11 de Novembro de 2015

seus pertences, fica no porta--malas; já a outra, com objetos apenas para fazer peso, guar-da embaixo do banco do pas-sageiro, facilitando o acesso caso precise entregar ao la-drão. Elizabeth já utilizou esse meio duas vezes e, até agora, conseguiu salvar os do-cumentos e objetos. Para ela, o trauma do assalto é o mes-mo, mas o desespero de per-der seus bens mais importan-tes pode ser contornado.

Já Keven Sousa, 19, rela-ta que nunca passou por esse tipo de situação mas, ainda as-sim, ao sair de casa, leva apenas habilitação, cartão e dinheiro, pois teme perder a carteira se colocar mais documentos. Ele anda também com dois celula-res: o que ele utiliza vai na cal-ça e o falso, no bolso. Caso seja assaltado, pretende entregar o aparelho substituto. “Acho essa maneira a mais viável para quem necessita do uso do celu-lar, não podendo sair de casa sem ele”, observa Keven.

Suiany Silva, 29, sociólo-ga e pesquisadora vinculada ao Laboratório e Estudos da Violência/UFC, realizou uma pesquisa no bairro Benfica a respeito do medo de ser vítima da violência e da criminalida-de e sobre as estratégias que as pessoas utilizam visando à proteção. Ela chegou à conclu-são que, no cotidiano, há uma alteração dos caminhos e dos hábitos, como por exemplo: não atender telefone na rua e não usar itens chamativos. “Um exemplo claro é a mudança de

População busca alternativas para se precaver de assaltos

Alerta

Criar formas de prevenir a perda de pertences importantes em caso de roubo é um dos recursos para a insegurança que os moradores de Fortaleza vivem hojeREPORTAGEM | FOTOS Amanda Cavalcanti DESIGN Ivina Rocha | Paulo Mesquita

bolsa: deixar de ir com a sua, de uso comum, para ir com uma mais simples para passar outra imagem”, fala Suiany.

Mas Tales Albuquerque, 32, policial militar, adverte que: “Pode ser que essa forma de pre-venir realmente dê certo, mas a população deve ficar atenta a esse tipo de ação, pois pode aca-bar de maneira pior”. Ele escla-rece também que em qualquer situação de assalto, a vítima deve ligar imediatamente para o 190 e informar o ocorrido.

Fortaleza está entre as 10 cidades mais violen-tas do mundo, de acordo

com o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, do México. Tem sido fre-quente o número de queixas e boletins de ocorrência nos dis-tritos policiais espalhados pela cidade. A população sofre as consequências, principalmente em relação a assaltos e furtos. Diante disso, as pessoas estão investindo em formas de evitar a perda de objetos importantes como celulares e bolsas, levan-do consigo bolsas e carteiras extras com objetos e valores inferiores aos que guardam na bolsa real, e que poderiam ser levados por um ladrão.

É o caso de Elizabeth Andrade, 21, que depois de ser assaltada pela sexta vez, sen-tiu a necessidade de tomar al-guma atitude, ou não poderia mais fazer o longo trajeto até a faculdade. Ela conta que ao sair de casa leva dois celula-res, um deles contendo seguro de roubos e furtos e também duas bolsas. Uma delas, com

OUTRAS FORMAS DE PREVENIR ASSALTOS

- Se perceber estar sendo

seguido por outro veículo,

procure agir com naturalidade

e dirija-se para artérias de

grande movimento onde

poderá localizar uma viatura

policial e pedir ajuda;

- Nunca deixe as chaves no

contato de seu carro, ainda que

seja por alguns momentos, e

acostume-se a trazer consigo

suas duplicatas;

- Não traga consigo os

documentos originais de seu

veículo; utilize-se de cópias

reprográficas autenticadas pela

repartição de trânsito;

- Os ladrões se valem de nossos

momentos de descuido. Em

caso de assalto não reaja, sua

vida não tem preço.

Fonte: Polícia Militar

“Depois de ser assaltada pela sexta vez, senti a necessidade de tomar alguma atitude”, Elizabeth Andrade, 21

Elizabeth Andrade leva consigo sempre duas bolsas, a com seus pertences vai no porta malas. Já Keven Sousa, anda com dois celulares, na mão direita leva o celular pirata e na esquerda, o de uso

Na eleição de 2014, conforme os dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mais de 6,2 milhões de eleitores no Ceará exerceram seu direito de vo-tar. Destes, mais de 600 mil votos não eram obrigatórios. No Brasil, o voto é obrigató-rio para quem tem entre 18 e 70 anos. Este direito foi liberado para jovens a partir de 16 anos, o que aumentou o número de eleitores nas urnas no período eleitoral. A situação regular do eleitor traz a ele algumas vanta-gens no acesso ao serviço públi-co, como também gera consequ-ências pela irregularidade.

Com o suporte tecnológi-co, a votação é secreta e segu-ra. Apesar da luta pelo sistema democrático, existem pessoas que durante o processo eleito-ral anulam seu voto como for-ma de protesto, demonstran-do seu descontentamento com a democracia ou insatisfação com os candidatos apresenta-dos. Mesmo assim, os 10% de eleitores que, mesmo sem que fossem obrigados decidiram votar em 2014, mostram que há movimento a favor da par-ticipação nas urnas.

A estudante Ludmilla Pessanha, tirou o título de elei-tor aos 16 anos com o apoio de seu pai. Ela defende conscien-temente a importância de vo-tar ainda que não seja obriga-da. ”Se ausentar do voto por não acreditar em mudanças é você não cooperar com sua cidade, estado ou país. Talvez

Quando votar está para além da idade

Eleitor

Mesmo sem ser obrigatório, é comum que idosos com mais de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos utilizem o direito de indicar seus candidatosREPORTAGEM | FOTOS Evaniely Santos DESIGN Adailson Silva

seja uma maneira mais práti-ca de colocar a culpa em quem nos representa, mas se torna uma atitude ‘muda, cega e sur-da’ como muitos eleitos fazem. Assim, quem não vota não se faz diferente do candidato elei-to que não cumpre o prometi-do” disse Ludmilla.

Como a estudante, existem vários jovens que acreditam que sua participação é uma maneira de interagir na histó-ria da política. O estudante de Gestão Comercial, Jefferson Moreira, 21, passou a votar cumprindo seu dever e ele diz que o voto é um ato democrá-tico, e ainda a melhor manei-ra de colaborar com o futuro do país através da sua opinião.

O voto também contribui para a alfabetização de cida-dãos como Maria do Carmo Gomes da Mota, 77, uma se-nhora que aprendeu a assi-nar seu nome com a ajuda de mesários no período eleito-ral. Ela disse gostar de exer-cer seu direito e que faz isso com satisfação.

Os jovens tiram o título por interesse universitário, trabalhista, emissão de ou-tros documentos ou por va-lorizar esse direito conquis-tado, uma vez que durante a ditatura, a participação po-lítica da população foi exclu-ída. Atualmente, todo cida-dão, seja homem ou mulher, alfabetizado ou não, a partir de 16 anos tem direito a expor sua opinião e crítica política.

Dona Maria votou mesmo após os 70 anos

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11 de Novembro de 2015 | Papiro 11

“Agora nós reconhecemos ain-da mais nossos valores,” afir-ma o presidente da associação. Depois do seu surgimento, as-pectos que estavam esqueci-dos no cotidiano da comuni-dade voltaram a fazer parte da realidade, como as danças tra-dicionais quilombolas, capoei-ra e maculelê, que agora podem ser praticadas pela população no Centro Cultural.

Além disso, o espaço promo-ve projetos como o “Navegando na Hora do Jogo”, que propõe agregar nas atividades socio-educativas já existentes na comunidade o acesso a novas tecnologias de informação e comunicação, beneficiando as crianças quilombolas. No es-paço, também acontecem di-versos eventos, como o “Chá de Memórias”, momento para a comunidade voltar ao passa-do, resgatar suas histórias e re-lembrar a infância junto com filhos e netos.

A Comunidade Quilombola do Alto Alegre, situada no distrito de Queimadas,

no município de Horizonte, a 40,1 km da capital cearense, aguar-da a visita da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Estado do Ceará (Incra) para que seja realizada a demarcação de suas terras. O processo de regularização das terras foi o terceiro decretado no estado do Ceará. O decreto, publicado no Diário Oficial da União, foi assinado pela presi-dente Dilma Roussef este ano. O documento permite ao Incra iniciar o processo de desapro-priação de imóveis rurais inse-ridos no território, para reali-zar a entrega do título coletivo de propriedade às comunidades quilombolas dessa região.

De acordo com informações divulgadas no site do Incra/CE, a regularização das terras facilita o acesso das famílias

quilombolas a políticas públi-cas de fortalecimento da agri-cultura familiar, como cré-ditos para produção. Para o presidente da Associação dos Remanescentes Quilombolas de Alto Alegre e Adjacências (ARQUA), Francisco Manoel da Silva, a regularização é de grande importância para a

comunidade, pois garante o direito à posse de suas terras para plantar, além de contri-buir também para o resgate da identidade étnica das famílias remanescentes de quilombos.

Considerada uma das mais importantes áreas para a identidade antropológica do município, a Comunidade

Quilombola do Alto Alegre teve seu reconhecimento formal no dia 13 de maio de 2005. Para o presidente da ARQUA, este re-conhecimento, além de ser im-portante, é motivo de orgulho para todos, pois serviu para que as pessoas valorizassem ainda mais o afrodescendente que, hoje, ainda é discriminado no país. Somente depois desse reconhecimento é que foi possí-vel pedir a demarcação das ter-ras quilombolas ao Incra.

A comunidade é compos-ta por mais de 200 famílias e conta com o Centro Cultural Negro Cazuza para fortale-cer sua identidade cultural.

Quilombolas aguardam pela demarcação de terrasCidadania

Após a regularização garantida por decreto presidencial, comunidade de 200 famílias ainda espera a oficialização de suas terras pelo Incra

REPORTAGEM | FOTOS Vitória Queiroz DESIGN Nayara Oliveira | Hitalo Lobo

“Agora nós reconhecemos ainda mais nossos valores”Francisco Manoel da Silva, 49

Francisco Manoel, presidente da Associação dos Quilombolas do Alto Alegre

Eusébio

FORTALEZA

Aquiraz

Cascavel

Pindoretama

HORIZONTEComunidade Quilombola

Pacajus

Acarape

Guaiúba

Pacatuba

Maracanaú

Itaitinga

200 FamíliasAtualmente são mais de 200

famílias na comunidade.

40,1 KmDistância de Fortaleza

62.002População total - 2014

159,972 Km²Área total do munincípio

Page 12: Papiro 20152

12 Papiro | 11 de Novembro de 2015

Andar de bicicleta em Fortaleza sempre foi um desafio para os ciclistas.

Apesar de mudanças estrutu-rais, como as ciclofaixas, usuá-rios de bicicleta ainda têm difi-culdade de se firmar no trânsi-to. A maioria dos motoristas de veículos maiores, como carros e ônibus, não respeita o espaço das bicicletas em vias públicas.

Segundo o Código Brasileiro de Trânsito, veículos maiores devem proteger os menores, motociclistas, ciclistas e pedes-tres, no lugar de agir com in-tolerância. Por sua vez, em via pública, a bicicleta também é veículo e, como tal, deve seguir as normas de trânsito. Mas isso não acontece com frequência. Do mesmo modo que há desres-peito por parte dos motoristas, existem ciclistas que não en-tendem seu papel no trânsito.

André Luiz, agente de trân-sito e assessor da diretoria de trânsito da AMC (Autarquia Municipal de Trânsito) afir-ma que o ciclista, geralmen-te, não se vê como veículo co-mum e que não há regulamen-tação para autuá-lo, da mesma forma que outros automóveis. Entretanto, ao afirmar que não há regulamentação ou fiscali-zação, a AMC relata que a prin-cipal causa de acidentes que en-volvem ciclistas e outros veícu-los, é a atitude “desrespeitosa” dos usuários de “bike”, infor-mação levantada a partir de estatística sobre acidentes.

Sebastião Neto, 41, securitá-rio que utiliza a bicicleta para passeio, disse que campanhas e a moda dos passeios de bici-cleta melhoraram muito o res-peito ao ciclista. “Acredito que vai aumentar o número de pes-soas que andam de bicicleta e que a estrutura da cidade para a prática vai melhorar mais ainda”. Quanto à relação com outros veículos, Sebastião ob-servou que os ciclistas também precisam respeitar os carros. “Quando você utiliza os dois meios de locomoção, sabe as di-ficuldades que passa em um e no outro, então tem que ter res-peito”, completou.

Thiago Nobre, 26, professor, começou a utilizar a bicicleta como meio de transporte em 2013, fazendo um caminho fixo de ir e vir na avenida Bezerra de Menezes. Após ganhar mais

Busca por respeito e espaço no trânsito de FortalezaCiclismo Urbano

Na capital cearense, mesmo com a implementação das ciclovias, os ciclistas tentam se firmar em meio ao fluxo dos grandes veículosREPORTAGEM | FOTOS Ana Vitória Reis DESIGN Caio Túlio Costa

D I CA

O Úrbici é o primeiro bici

café da cidade de Fortaleza e

funciona de segunda à sábado

na Av. Antônio Sales, 1357

(esquina com Rui Barbosa).

Saiba mais informações no

site www.urbici.com

“Acredito que vai aumentar o número de pessoas que andam de bicicleta e que a estrutura da cidade para a prática vai melhorar mais ainda”Sebastião Neto, 41

Ciclista utilizando a ciclofaixa da Av. Santos Dumont, no sentido dos veículos, como manda o código de trânsito

confiança, passou a realizar trajetos maiores, para outros bairros. “Quando comecei não tinha nada, mas com as ciclo-faixas melhorou muito. O úni-co problema é que elas preci-sam se conectar e as pessoas não devem ter medo. Pedalar é muito bom”, destacou.

Em Fortaleza, grupos como Ciclovida e Massa Crítica atu-am no incentivo ao uso de bici-cletas, com conscientização dos ciclistas e sugestão de melho-rias na mobilidade da capital. Phelipe Rabay, 28, engenheiro civil e membro da Ciclovida,

observou que as pessoas que realizam as ações da Massa Crítica não têm um represen-tante, então não podem falar em nome do grupo. “A Massa foi a verdadeira catalisado-ra das mudanças que inicia-das em 2013, através das ações das ciclofaixas cidadãs na rua Ana Bilhar e avenida Antônio Sales, que colocaram o ciclis-mo urbano em evidência nos debates, tanto do poder público quanto da mídia”, completou.

Em países europeus, como Holanda, a educação no trân-sito é iniciada na infância. Às crianças é ensinado o direito e o dever de cada um na via pú-blica e assim formam-se adul-tos conscientes de seu papel no trânsito, exemplo que pode ser seguido no Brasil.

Segundo Thiago, Fortaleza é uma ótima cidade para pedalar, embora precise de mais incentivo

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11 de Novembro de 2015 | Papiro 13

mais respeito a elas por parte de quem está dirigindo. Com isso, conquistaremos uma ci-dade menos poluída, mais hu-manizada, menos perigosa e mais harmoniosa, elevando a qualidade de vida para to-dos”, ele afirma.

Sakuraba ressalta a falta de educação acerca da priorização dos modos de deslocamento ati-vos, e diz que o uso de veículos perigosos e poluentes (motos e carros) é excessivamente natu-ralizado. “As regras mais bási-cas não são respeitadas, como a necessidade de mudar de faixa para ultrapassar o ciclista ou a preferência do pedestre em to-das as conversões”.

Vinicius Reis teve inten-sa participação nas ativida-des da Ciclovida no Mês da Mobilidade, e chegou à con-clusão de que para uma maior harmonia no trânsito de Fortaleza é fundamental que todos os meios de transporte possam ser utilizados de ma-neira prática, confortável e se-gura. Para ele, isso será con-seguido com boas calçadas e uma malha cicloviária que atenda todas as regiões da ci-dade de forma ampla e trans-porte público mais eficiente. E observa: “a melhor forma de se ter uma cidade harmoniosa é dar boas opções de locomo-ção para as pessoas. Exemplos pelo mundo não faltam”.

Ciclofaixa de lazer em seu primeiro dia atraindo pessoas de todas as idades Apesar de ser fácil adqui-rir e utilizar o aplicati-vo para monitorar o ho-

rário do ônibus em Fortaleza, algumas pessoas estão enfren-tando problemas ao tentar ob-ter informações. O aplicativo tem como principal objetivo fornecer mais conforto e prati-cidade, além de contribuir para reduzir o tempo de espera nas paradas. A ferramenta, que já conta com milhares de usuá-rios na capital, foi desenvolvida pela Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), em parceria com a Empresa de Transporte Urbano (Etufor) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus).

De acordo com Adélia Frota, 25, estudante de jornalismo, o aplicativo está sendo útil, po-rém algumas vezes apresen-ta problemas ao carregar, não sendo possível confirmar o ho-rário antes de sair de casa. “A ideia é ótima e facilita muito a vida de quem, assim como eu, anda de ônibus diariamente, mas ainda precisam corrigir alguns erros. Em alguns dias funciona perfeitamente, em ou-tros nem abre”, afirma.

Jessica Costa, 23, que tam-bém utiliza transporte coleti-vo constantemente, conta que nunca teve problemas ao utili-zar a ferramenta, mas já escu-tou amigos reclamando dos er-ros presentes com frequência.

A recente atualização do “Meu Ônibus” tornou possível aos usuários deixar suas opini-ões e citar pontos que ainda não são localizados para melhorar o seu funcionamento. O aplicativo

Aplicativo de ônibus ainda gera dúvidas

Trânsito

O “Meu Ônibus” foi criado no final de julho para facilitar a vida da população que utiliza transporte público diariamenteREPORTAGEM | FOTOS Rafaelly Leal DESIGN Rebeca Prado | Rodrigo Gondim

é gratuito e pode ser utilizado pe-los sistemas Android e IOS. Ao completar o download, o usuário escolhe o ponto de parada dese-jado e consegue ver em quantos minutos o ônibus chegará. Além disso, também pode adicionar seus pontos de parada no ícone “favoritos” para utilizá-los dire-tamente. De início, apenas os ho-rários dos ônibus convencionais são informados, mas em breve será possível acompanhar tam-bém as linhas das vans.

Segundo Paulo César Bar-roso, Superintendente de vale transporte do Sindiônibus, há reuniões regulares a cada sema-na, envolvendo um grupo com-posto por técnicos de processa-mento de dados e desenvolvi-mento, e gestores da Prefeitura de Fortaleza e do Sindiônibus.

Nestas reuniões, são ana-lisados os eventuais erros ou inconsistências da solução, a possível adoção de melho-rias e o atendimento de suges-tões dos usuários, bem como os ajustes técnicos que visam aperfeiçoar o desempenho da aplicação. “O APP Meu Ônibus não é estanque. Em verdade, possui acompanhamento con-tínuo de seu funcionamento, com o intuito de sempre ga-rantir o melhor nível de servi-ço a ser prestado aos seus usu-ários.”, completa Barroso.

O aplicativo é gratuito e pode ser utilizado pelos sistemas Android e IOS

Adélia Frota checando o aplicativo Meu Ônibus para saber o tempo de espera

O Detran vai receber um boneco com bici-cletax, para que pos-

sam ser adotados em suas avaliações práticas. A doação foi feita pela Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza, Ciclovida, durante o Mês da Mobilidade Urbana. Realizada em setembro último, a mobi-lização alcançou dezenas de pessoas nas várias atividades desenvolvidas com públicos diversos. O aprofundamen-to em torno do tema, além da doação, resultou em um bom diálogo com o poder público, qualificação do debate, boa vi-sibilidade na sociedade e um número maior de pessoas en-volvidas na luta por uma cida-de mais humana também fo-ram consequências.

Fortaleza, com quase 3 mi-lhões de habitantes, possui problemas diversos na área da mobilidade urbana. Dentre as ruas das cidade, a maioria

é pavimentada para os car-ros, enquanto calçadas são abandonadas, estrutura ci-cloviária é pequena e trans-porte público deixa a desejar.

“Como motorista, penso que recebo muito mais privilégios do que como pedestre, ciclista ou como usuário de transporte público”, afirma Vinicius Reis, 23 anos, estudante de Direito e engajado no tema da mobilida-de para a cidade. Vinicius ainda destaca que a prova de seu pen-samento é que o sonho de con-sumo de muitas pessoas ainda é comprar um carro para usá-lo como meio de transporte na ci-dade, pois não há boa estrutura para outros modais. “Isso cor-robora para um caos cada vez maior na cidade, afinal, boa parte do nosso problema atual é causado pelo excesso de carros nas ruas”, conclui o estudante.

Celso Sakuraba, 28 anos, diretor da Ciclovida, acredi-ta que uma cidade mais hu-manizada é possível, e usa a bicicleta como instrumen-to para alcançar este objeti-vo. “Queremos mais pessoas deslocando-se de bicicleta e

Mobilidade

“Como motorista, penso que recebo mais privilégios do que como pedestre, ciclista ou como usuário de transporte público”Vinicius Reis, 23

Ciclovida busca alternativas

REPORTAGEM Ana Clara Cabral FOTOS Acervo Ciclovida | Ana Vitória DESIGN Pedro Brito | Jórdan Oliveira

Detran receberá doação de boneco com bicicleta para as provas práticas, com o objetivo de possibilitar uma nova visão sobre o ciclista

“Queremos mais pessoas deslocando-se de bicicleta e mais respeito”Celso Sakuraba, 28

A “magrela é cada vez mais ultilizada

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14 Papiro | 11 de Novembro de 2015

que o que é grátis é o conhe-cimento, não tem como de-volver. Mas o livro pode ser

Imagine andar pelas ruas do Benfica e encontrar uma bi-blioteca onde, logo na en-

trada, vários livros estejam espalhados em estantes com plaquinhas indicando que são grátis. Desde agosto, no en-tanto, essa utopia passou a ser realidade. A Casa Vermelha, biblioteca popular criada em 2013, mudou-se para o Benfica e desperta olhares curiosos pela simples ideia do compar-tilhamento livre.

O projeto começou com a curiosidade de Guilherme Sampaio, atual Secretário da Cultura do Estado e um dos colaboradores da casa, ao sa-ber da existência de um proje-to chamado Açougue Cultural. Em Brasília, Luiz Amorim, açougueiro, percebeu que seus clientes perdiam tempo espe-rando pela carne, e que um bom livro poderia distraí-los. Motivado pela falta de opor-tunidade que teve para os es-tudos, Amorim disponibiliza,

desde então, vários livros na frente de seu açougue, trans-formando seu negócio em uma biblioteca pública.

O sucesso da ideia não ficou só em Brasília. Em Fortaleza, a Casa Vermelha atrai cada vez mais adeptos ao emprés-timo livre. A coordenadora do projeto, Cláudia Damasceno, 45, relata que uma das maio-res curiosidades é sobre a de-volução. “Eu sempre respondo

Biblioteca pública estimula generosidade e confiançaLeitura Livre

“Pode pegar” e “o prazo é seu” são frases que instigam a curiosidade dos que passam em frente à Casa Vermelha, abrindo espaço para gentilezasREPORTAGEM | FOTOS Letícia Alves DESIGN Magno Paz

S E RV I ÇO

Casa Vermelha (Biblioteca

Popular)

Aberta de segunda-feira à

sexta-feira, de 8h às 18h

Av. da Universidade, 2197

“O que é grátis é o conhecimento, não tem como devolver”Cláudia, 45

Mais de cinco mil itens estão disponibilizados para o empréstimo livre

repassado e a devolução vai da consciência de cada um.”

Há dois anos, a confiança e generosidade do ato tem dado certo. A biblioteca conta com mais de 5 mil livros à disposi-ção de qualquer pessoa – to-dos adquiridos por doações, como enfatiza a coordenado-ra. Para o empréstimo, é pre-ciso apenas anotar em um ca-derno o nome da pessoa e o tí-tulo do exemplar a ser levado. No ato da devolução, a anota-ção é riscada no caderno. Não existe prazo nem qualquer controle sobre quem alugou.

A estudante de Engenharia Cívil, Nathânia Ramos, 17, é usuária desde quando o pro-jeto funcionava na Aldeota. “De início pensei que esta-vam dando livros, mas quan-do me explicaram o funciona-mento, eu fiquei encantada! É uma forma muito boa de di-fundir a leitura.” Nathânia doou dois livros para a biblio-teca, O Caçador de Pipas, de

Khaled Hosseini, e Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire.

Cláudia explica que a mu-dança de endereço aconteceu para que o projeto pudesse, de fato, alcançar o seu público alvo. “Na Aldeota nosso públi-co já era grande. Mas são pes-soas que, em sua maioria, po-dem pagar por um livro caro. Agora, na av. da Universidade estamos mais próximos do nosso público alvo.” Para Cláudia, os verdadeiros con-templados são os estudantes, trabalhadores ou pessoas que, no geral, têm mais dificuldade de pagar para ler.

Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhe-cido como Nirez, tem

em sua residência a maior co-leção particular de discos do país. Além disso, a coleção também conta com fotos, li-vros, jornais, revistas e ou-tros itens. Atualmente, aos 81 anos, o colecionador não tem nenhum patrocínio ou ajuda fi-nanceira para manter o acervo.

O último patrocínio ocor-reu em 2003, quando o Arquivo Nirez foi contemplado com re-cursos da Petrobrás para digita-lização, higienização e cataloga-ção dos discos. Oriundo da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), do Ministério da Cultura, o apoio da Petrobrás durou cerca de um ano para ser viabilizado. O valor total do pro-jeto foi de R$ 253.006,76.

A coleção de discos tem cer-ca de 22 mil títulos de Música Popular Brasileira (MPB). São 60 anos de coleção e muitas his-tórias sobre música, Fortaleza, fotografia e tantas outras. Nirez

diz que não tem muitos planos para o futuro do acervo e que é um caminhar constante. “Quem tem vício de drogas perde o sen-so e gasta mais do que ganha; quem tem um vício de colecio-nar não perde o senso”, admite.

DivulgaçãoNirez tem um programa cha-

mado “Arquivo Nirez”, onde di-vulga as músicas da sua coleção

60 anos de coleção e nenhum patrocínio desde 2003Arquivo Nirez

Aos 81 anos, colecionador sustenta um museu na própria casa e ainda divulga músicas de sua coleção e artistas em programa de rádio

Nirez também possui uma vasta coleção de equipamentos fotográficos, de TV e de som

S E RV I ÇO

Arquivo Nirez

Rua Professor João Bosco, 560

Bairro: Rodolfo Teófilo

Cidade: Fortaleza, CE

Telefone: (85)3281.6949

/3281.6102

E-mail: [email protected]

e a história dos artistas. O pro-grama já passou pela Rádio Uirapuru, Rádio Cidade, Ceará Rádio Club e está na Rádio Universitária desde 1991. Em cada veiculação é feito o desta-que para o aniversariante do dia e as músicas do artista.

Segundo o próprio cole-cionador, o “Arquivo Nirez” é o programa mais antigo do Ceará. Está no ar desde 1963 e

conta com a audiência de mui-tos jovens que gostam da his-tória da música. “Cada dia tem mais ouvinte e estou feliz quan-to a isso”, disse.

ColeçãoO gosto por colecionar

vem desde sua infância. Aos 20 anos ganhou um toca dis-cos do vizinho e, desde 1954, saiu à procura de discos pelo país para começar sua cole-ção. Nirez foi o fundador do Museu Fonográfico do Ceará e, através dos discos, conseguiu emprego no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Atualmente,

o colecionador faz parte do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará.

Hoje, o Museu Fonográfico do Ceará chama-se Arquivo Nirez e pode ser visitado por qualquer pessoa que se inte-ressar pela coleção. Basta ape-nas agendar uma visita. Nirez brinca dizendo que teve mais perdas do que ganhos com sua coleção devido a uma enchen-te que invadiu sua casa. “Todo o reconhecimento que tenho é pelo que fiz e reuni durante mi-nha vida”, afirma.

“Quem tem vício de drogas perde o senso (...), colecionar não perde o senso”Nirez, 81

REPORTAGEM | FOTOS Edemy Gonçalves DESIGN Natiele Maíra

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11 de Novembro de 2015 | Papiro 15

Mais de 80 cães, aban-donados por seus ex--donos, recolhidos das

ruas e geralmente vítimas de maus tratos, estão sendo cui-dados por parceiros do Abrigo Nosso Lar, onde são desenvolvi-das alternativas voltadas para a defesa dos animais. A entida-de, sem fins lucrativos, atua há mais de um ano em Fortaleza.

Geise Benevides, 48, funda-dora do Abrigo, diz que perce-beu a necessidade de encontrar um espaço para abrigar os cães abandonados. “Após o regate dos animais feridos, eu os leva-va para a clínica e fazia o devido tratamento, mas quando todo o processo terminava, eu ficava sem saber para onde os levar”, disse a coordenadora. Para ela, a maior dificuldade estava em encontrar alguém disposto a dar moradia ao animal.

De acordo com a coordena-dora do abrigo, os parceiros resgatam os animais das ruas, tratam suas doenças e, em

cem reais a 25 quilos de ração. As maiores dificuldades da as-sociação estão em torno dos re-cursos para sustentar a estru-tura. “Manter a organização e a alimentação dos cães é o que mais me preocupa atual-mente. E gostaria de ter ração garantida. Diante dessa situa-ção, acredito que o papel da as-sociação é insistir em buscar mais parceiros”, destacou.

O veterinário Paulo Souza, 43, fala que o serviço que

seguida, procuram um lar tem-porário (LT), até conseguir al-guém que os adote. Com a aju-da de doações, esses parceiros lutam para oferecer qualidade de vida melhor aos cães aban-donados. Infelizmente, devido à falta de recursos para dar suporte à instituição, se torna mais difícil o alcance desses objetivos.

Segundo Geise, a média de gastos em ração para o con-sumo diário dos animais é de

Abrigo desenvolve atividades em favor dos animaisProteção Pet

Resgatar, tratar e acolher são os três passos seguidos para combater o abandono e promover o amor e respeito aos cães, que necessitam desses ideaisREPORTAGEM | FOTOS Bruna Cruz DESIGN Beatriz Morais

Animal disponível para adoção no Abrigo Nosso Lar

S E RV I ÇO

Interessados em doar e adotar

podem entrar em contato

com Abrigo Nosso Lar:

facebook.com/geise.beevides

[email protected]

Telefones:

(85) 9.8738-1880

(85) 9.9992-1742

“Manter a organização e a alimentação dos cães é o que mais me preocupa atualmente”Geise Benevides, 48

realiza no Abrigo Nosso Lar gera um ambiente de harmo-nia, e favorece na convivên-cia entre o grande número de animais de diversas origens e diferentes históricos de aban-dono. “Tenho a honra de mu-dar a situação desses animais com meu trabalho, que consis-te em avaliar, realizar exames e vacinar os cães para a pre-venção de doenças”, disse o parceiro da associação.

A fundadora do abrigo reve-lou que as opções para colabo-rar no sustento da instituição variam entre o recebimento de

notas ficais, doações e contri-buições mensais, mas, o mais importante é o apadrinha-mento desses animais, que é considerado uma ótima opção para aqueles que não podem adotar um cão.

Ela afirma que as clínicas veterinárias podem contri-buir com o movimento, dando descontos em consultas e me-dicamentos para os animais acolhidos pela instituição.

de natação, ele já participou de dois Parapan-americanos (2011 e 2015), uma paraolimpíada (2012) e se prepara para as pa-raolimpíadas que irão aconte-cer no Rio de Janeiro em 2016. Apesar de toda essa experiên-cia em tão pouco tempo, Carlos Alberto revela que ainda sente um “friozinho na Barriga na hora H” a cada competição que participa, e encara como se fos-se a última da carreira dele.

Ele espera que todo o esfor-ço que faz para poder partici-par das paraolimpíadas seja recompensado com uma me-dalha seja ela qual for: “Espero que eu possa participar dessa Grande Competição e, quem sabe, poder conquistar uma medalha de ouro, não só para o Brasil, mas principalmente para o Estado do Ceará. Pra mim seria um orgulho mui-to grande poder levar o meu Estado para o ponto mais alto do pódio, em uma competição de magnitude mundial”.

Atual medalhista de bron-ze nos Jogos Para-pan Americanos de Toronto

no Canadá, em 2015, além de participar da edição de 2011, onde foi o grande ganhador. E ser ainda o atual primeiro do ranking da sua modalidade. É com esses numeros que Carlos Alberto Maciel vive a expec-tativa de participar do Jogos Paraolímpicos de 2016, que se-rão realizados na cidade do Rio de Janeiro. Mas, para concre-tizar a vaga, o atleta está na expectativa de que ninguém o ultrapasse em outras competi-ções nacionais e Internacionais e continua, também, em busca de patrocínio.

Para não perder o ritmo de competição, ele treina de se-gunda a sábado, por 6 horas seguidas, no Náutico Atlético Cearense. A preparação se dá, também, em academias, e cli-nicas de fisioterapia, por meio do apoio de amigos. E ainda participa de competições em

várias partes do país. Apesar de ter experiência e obtido re-sultados expressivos, o atleta faz uma reclamação no que diz respeito a falta de apoio tanto da mídia como de suporte fi-nanceiro. Para ele, “uma coi-sa puxa a outra” e explica que por causa do quase inexistente espaço que as competições pa-raolímpicas têm na cobertura esportiva, poucas ou nenhuma empresa tem o interesse de pa-trocinar os atletas, que ficam

na dependência de projetos so-ciais para poder entrar no es-porte paraolímpico.

A sua trajetória esportiva começou em 2005, quando ele assistia a uma competição de natação paraolímpica, quan-do tinha 27 anos. A partir daí, Carlos Alberto demonstrou interesse em fazer o esporte e começou a praticá-lo no mes-mo ano. Começou a se inscre-ver em competições organiza-das pelo Comitê Paraolímpico

Brasileiro. Viu que tinha fu-turo no esporte e começou a investir mais fortemente no potencial que pretensamente possuía.

Hoje, aos 38 anos e 7 anos

Atleta cearense reclama da ausência de patrocínioParolimpíadas 2016

Apesar de participar de várias competições Internacionais, Carlos Alberto Maciel ainda tem que conviver com a falta de apoio ao esporte REPORTAGEM | FOTOS Jonnas de Sousa DESIGN Adailson Silva

Carlos Alberto mostra com orgulho suas conquistas no esporte

“Espero que eu possa participar dessa Grande Competição e, quem sabe, poder conquistar uma medalha de qualquer cor, não só para o Brasil, mas principalmente para o Estado do Ceará”. Carlos Alberto Maciel, 38

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16 Papiro | 11 de Novembro de 2015

Desconhecido entre os es-portes aquáticos até bem pouco tempo, o Stand Up

Paddle mostrou que é muito mais que uma moda de verão, e que veio para ficar nas praias de Fortaleza. Bastante procu-rado pelos amantes da prática de exercícios ao ar livre, o es-porte consiste em se apoiar de pé sobre uma prancha gigante, além de remar e até surfar com o auxílio do remo.

Embora seja praticado no mar, o esporte também pode ser realizado em outros locais. É o caso das atividades organiza-das pelo Clube Águas Abertas, que além de oferecer aulas na Praia de Iracema, promove a prática do Stand Up Paddle in-door (modalidade praticada em ambiente fechado). “Pode ser praticado em qualquer lu-gar que tenha água com o mí-nimo de profundidade para não raspar a quilha e espaço para remar, como o mar, lagos, re-presas, rios e até piscina”,

explica o sócio fundador do clu-be, Laercio Clayton, 28.

A quantidade de novos adep-tos do esporte aumenta a cada dia que passa. Prova disto é o crescente número de escolas e equipes de assessoria que ofe-recem suporte nesta modalida-de. E engana-se quem acha que o esporte foi criado recente-mente. Registros apontam que já era praticado em meados de 1940, no Havaí, lugar que atu-almente é considerado como o berço do surf mundial. A pro-fessora Sherida Stite, 26, que é praticante da modalidade, op-tou pelo SUP há um ano. “O pôr do sol em Fortaleza é maravi-lhoso, isso sem falar no conta-to com a natureza. A realização deste tipo de exercício é essen-cial para a saúde” conta.

Além de ser uma ótima op-ção de lazer, o esporte apresen-ta diferentes vantagens quan-do se trata de atividade física e qualidade de vida. Dentre elas, é possível destacar que o participante chega a quei-mar em média 600 calorias em uma hora. Motivada pela curiosidade, Aisch Borges, 31, já pratica há cerca de um ano: “No começo encontrei di-ficuldade por causa do peso da prancha, mas logo acostumei. Se soubesse que era tão bom, teria começado antes”.

Estima-se que no Brasil o esporte começou a ser prati-cado em 2005. A prática pode

auxiliar na melhora da postu-ra, favorece um excelente tra-balho de condicionamento físi-co e fortalecimento da muscu-latura. Atualmente é possível encontrar diversas modalida-des do esporte, como é o caso do Down Wind (onde o praticante rema a favor do vento) e Stand UP maratona (onde a prática é realizada em longa distância).

Stand Up Paddle conquista novos adeptosQualidade de Vida

Considerado como o queridinho dos praticantes de atividade física, o SUP é a nova febre dos finais de semana na capital cearense. Além de melhorar o condicionamento físico, o esporte estimula o equilíbrio e ajuda a aliviar o stress cotidianoREPORTAGEM | FOTOS Fernando Souza DESIGN Rebeca Prado | Rodrigo Gondim

S E RV I ÇO

Saiba quais locais oferecem

a modalidade em Fortaleza

Clube Águas Abertas

Endereço

Av. Monsenhor Tabosa, 1381

Custo

R$ 45,00 (uma hora)

Horários

Aulas Avulsas

Turnos

Manhã, a partir de 6h30min;

Tarde, a partir de 15h30min

Contato

(85) 98101.9218

Lagoa do Colosso

Endereço

Rua Hermenegildo Sá

Cavalcante, S Nº (próximo à

Avenida Washington Soares)

Custo

R$ 50,00 (uma hora)

R$ 35,00 (meia hora)

Horários

Terça à Sexta

13 às 18 horas

Sábado e Domingo

08 às 18 horas

Contato

(85) 98160-0088

Kayakeria

Endereço

Avenida Beira Mar, 3211

Custo

R$ 30,00 (uma hora)

R$ 20,00 (meia hora)

Horários

Todos os dias

08 às 18 horas

Contato

(85) 98833-4005

Ponopoint

Endereço

Avenida Beira Rio, 10

à margem do rio Pacoti,

próximo ao Alphaville Porto

das Dunas

Custo

R$ 30,00 (uma hora)

R$ 20,00 (meia hora)

Horários

Terça a Domingo

08 às 18 horas

Contato

(85) 99229-8869

O participante chega a queimar em média 600 calorias em uma hora

Registros apontam que já era praticado em meados de 1940, no Havaí

Aisch Borges comemora a boa forma e se diverte com a modalidade do esporte aquático

Aisch Borges curte o cenário paradisíaco da Praia de Iracema