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PARA APRENDER POLÍTICAS PÚBLICAS

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Unidade V – As Abordagens das Políticas Públicas 3

UNIDADE V

AS ABORDAGENS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

A literatura delineia duas abordagens que orientam a compreensão dos me-canismos e dos processos mediante os quais a política pública vai sendo, pouco a pouco, estruturada pelas relações entre os atores políticos. São elas:

a “Abordagem Sistêmica” e a “Abordagem das Arenas Políticas”, entre as quais se desenvolve uma das mais significativas polêmicas do campo de estudos das políticas públicas. As duas vertentes e as controvérsias existentes entre elas são discutidas nos próximos itens.

5.1 A Política (Politics) define as Políticas Públicas (Policies)? Ou São as Políticas Públicas que definem a Política (Politics)?

A Abordagem Sistêmica e a das Arenas Políticas remetem a um debate bas-tante significativo: na explicação das políticas públicas, considerando a política (po-litics) e as políticas públicas (policies), qual delas é a variável independente (causa); e qual é a variável dependente (efeito)? São as instituições, os mecanismos e os procedimentos empregados para a administração pacífica dos conflitos sobre bens públicos (politics) que dão origem às políticas públicas (policies)? Ou, ao contrário, são essas que originam e estruturam os processos da política?

Sob o ponto de vista da Abordagem Sistêmica, é o processo dinâmico da polí-tica que produz as políticas públicas. A política (politics) em seu sentido mais abran-gente é tomada, logo, como variável independente ou causa, ficando a política públi-ca (policy) como variável dependente ou efeito. Essa é a explicação que conquistou mais adeptos, representando o “mainstream” ou tendência dominante na Ciência Po-lítica. Talvez um dos motivos para isso seja o fato de o sistema político produzir não somente políticas públicas, mas também, entre outros resultados, decisões isoladas.

Já a Abordagem das Arenas sustenta exatamente o inverso: as políticas públi-cas (policies) é que desencadeiam o conflito e, assim, definem a dinâmica das inte-rações que caracterizam a política (politics). As policies são consideradas variável independente, uma vez que as avaliações e expectativas dos atores a seu respeito

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acarretam diferentes padrões de cooperação, competição e conflito na sociedade. Nessa perspectiva, portanto, as políticas públicas são o movimento inicial, capaz de impulsionar e informar o jogo político.

5.2 A Abordagem Sistêmica

A Abordagem Sistêmica das políticas públicas – que tem em David EASTON (1965) um dos seus principais formuladores – concebe a vida em sociedade como organizada a partir de sistemas abertos1 múltiplos e interativos, de escopo diferen-ciado. O mais amplo de todos deles seria o sistema internacional global. Cada Esta-do seria um sistema nacional, com seus subsistemas: econômico, social, cultural, e político. O sistema político – que na verdade seria um grande subsistema – abrange o conjunto das organizações públicas e dos atores políticos, como será detalhado a seguir. A figura abaixo ilustra a dinâmica sistêmica.

Figura 1: Dinâmica do Processo Político: Sistemas Múltiplos e Interativos

Fonte: adaptado de EASTON, 1965.

Para usar a linguagem de EASTON (1970), as políticas públicas provêm do processamento, pelo sistema político, de “inputs” originários do ambiente (sistema internacional-global e sistema nacional) e também de “withinputs”. O que distingue inputs de withinputs é o fato de os inputs serem insumos oriundos do ambiente e

1 “Sistema” significa um todo organizado, formado por um conjunto de elementos, componentes ou partes inter-conectados, cujas relações se dão a partir de um fluxo de insumos (“inputs”). Um sistema aberto é aquele que interage com o seu ambiente, por intermédio de fluxos de entradas (“inputs”) e saídas (“outputs”).

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adentrarem o sistema político, ao passo que os withinputs nascem no interior do próprio sistema político2.

Na perspectiva desse autor, inputs e withinputs podem consistir tanto em de-mandas como em apoios. Dessa maneira, há inputs de demandas e inputs de apoio; withinputs de demandas e withinputs de apoio.

As demandas são quaisquer necessidades porventura existentes na sociedade. Podem ser expressas diretamente, quando são os próprios atores que reivindicam algum bem público, que clamam pela mudança ou pela preservação de uma situa-ção qualquer. Ou podem ser expressas indiretamente, quando os que manifestam a necessidade em tela são terceiros: ativistas políticos, representantes ou autoridades governamentais. Podem ser necessidades concretas, ou básicas, como alimentação ou casa para morar; ou reivindicações de bens e serviços, como saúde, educação, es-tradas, transportes, normas de higiene e controle de produtos alimentícios, previdên-cia social, etc. Podem também ser necessidades abstratas, como direitos humanos, participação política – como o reconhecimento do direito de voto dos analfabetos –, controle da corrupção, informação política, etc. Todos esses exemplos exprimem inputs de demanda.

Os apoios – chamados de “suportes” por alguns autores – referem-se à legiti-mação, que pode ser dada, retirada ou negada a instituições, governos, governantes e atores políticos em geral. Ordinariamente, estão direcionados para o sistema político ou para a classe governante. Eles nem sempre estão diretamente relacionados a cada demanda ou a cada política pública específica, mas não podem estar constantemente desvinculados das políticas (policies) pois, nesse caso, o governo não conseguiria cumprir seus objetivos.

Exemplos de apoio ou suporte são: a obediência e o cumprimento de leis e regulamentos; os atos de participação política, como o simples ato de votar e apoiar um partido político, o respeito à autoridade dos governantes e aos símbolos nacio-nais; a disposição para pagar tributos e para prestar serviços, como o serviço militar, etc. Esses são apoios passivos, haja vista não exigirem nenhum esforço especial por parte dos atores envolvidos e poderem resultar até mesmo da conformidade obtida mediante a socialização. Mas os apoios podem ser também ativos, quando se trata de atos conscientes e deliberados, como a participação em manifestações públicas, movimentos de protesto, etc. Além disso, os apoios podem ser afirmativos, quando expressam legitimação, credibilidade; ou negativos, quando significam rejeição ou perda da legitimidade. Por exemplo, a desobediência civil, a abstenção eleitoral ou as manifestações populares contra governantes apontam para uma negação de apoio – seja ao governo, seja ao próprio regime político.

2 A tradução dos termos mostra que inputs são “entradas”, “insumos” – algo que entra no sistema para nutri-lo; withinputs são os inputs que vêm do interior de um sistema.

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Qualquer que seja sua modalidade, os inputs ocorrem nos vários níveis sistê-micos e subsistêmicos – como os níveis nacional e internacional, entre outros. Como se sabe, existem diversos atores na esfera internacional que podem ter interesses em jogo em uma política pública interna a um país. E há, por definição, um sistema internacional/global, no qual têm lugar relações diversas entre múltiplos atores: Es-tados nacionais (países), blocos regionais (Mercosul, União Europeia, por exemplo), organismos internacionais (PNUD, Unesco, OIT, BID, etc.), atores transnacionais (como o sistema financeiro global, corporações multinacionais, grupos terroristas, crime organizado, ONGs, etc.).

Um fator a ponderar é que os inputs de demanda e os inputs de apoio não estão restritos ao plano interno de qualquer sociedade nacional. Com efeito, princi-palmente no mundo contemporâneo, no qual se aprofundou a internacionalização da economia, se expandiram as redes comunicacionais planetárias e se fragilizaram as barreiras nacionais, cada país é – cada vez mais – afetado pelo que acontece interna-mente nos outros países. Acrescenta-se que, nos mais diversos aspectos da vida dos países – religião, economia, cultura, ciência e tecnologia, etc. –, emergem questões cuja resolução pode envolver, direta ou indiretamente, interesses de outros países. Exemplos claros disso são as questões ambientais, os conflitos religiosos e étnicos.

Um dos componentes desse sistema internacional/global são as sociedades nacionais, que compõem, cada uma delas, um sistema nacional. O sistema nacional é constituído por diversos subsistemas, entre eles: subsistema econômico (relações de produção, troca, circulação de bens e serviços); subsistema social (relações de classe, gênero, etnia, gerações, etc.); subsistema cultural (manifestações artísticas, religiosas, etc.).

Entre os subsistemas nacionais, destaca-se o subsistema político que – por sua peculiar importância para a discussão de políticas públicas – será nomeado nesse texto como um sistema em si.

EASTON (1965, p. 32) define os sistemas políticos como “um conjunto de interações abstraídas da totalidade do comportamento social , por meio das quais valores são alocados de forma autorizativa para uma sociedade”.

Na prática, o sistema político envolve o conjunto das instituições dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário; das organizações de representação de interesses; do quadro administrativo público e das forças de segurança pública.

O sistema político corresponde à polity, descrita no Texto de Apoio à Unidade Número 1. O sistema político é realçado por ser aquele em que tem lugar o proces-samento dos inputs e a produção dos outputs. É também no sistema político que se originam e se manifestam os withinputs.

Os withinputs compreendem demandas e apoios, e diferenciam-se dos inputs por serem provenientes do próprio subsistema político: dos agentes do Executivo (ministros, burocratas, tecnocratas, etc.), dos parlamentares, dos governadores de estado, do Judiciário, etc.

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Os withinputs de demanda abrangem as necessidades que áreas setoriais des-semelhantes do Executivo possuem: desde orçamento, recursos humanos, recursos materiais e tecnológicos até proposições de intervenção em situações que julgam problemáticas; encaminhamentos de propostas pelos parlamentares; solicitações de governadores de Estado e prefeitos, etc. Os withinputs de apoio ou suporte podem ser positivos, como a sustentação parlamentar às medidas do Executivo, as mani-festações de governadores estaduais em aprovação às medidas do governo federal, a adesão das burocracias e suas organizações às policies formuladas pelos “policy-makers” (os tomadores de decisão na política pública), etc. Ou podem ser negati-vos, significando, além do oposto nos exemplos anteriores, ações outras, como o voto de desconfiança nos sistemas parlamentaristas, o pedido de impeachment de governantes, as decisões do Judiciário contrariamente às medidas pretendidas pelo Executivo ou pelo Legislativo, etc.

Os withinputs advêm dos interesses dos atores do sistema político, de suas ide-ologias, de seus códigos de valores, de seu entendimento quanto ao seu próprio papel no sistema político, de suas concepções de “boa sociedade”, de seus projetos de poder, etc. É importante que a análise de políticas públicas reconheça os withinputs, caso contrário, estará assumindo uma suposição, pouco plausível, de que os atores do sistema político são neutros.

No interior do sistema político são processados os fluxos de inputs de deman-da e de suporte, bem como os withinputs de todos os tipos, gerando “outputs”.

Outputs denotam “produtos”, “saídas” ou “resultados”. Nesse texto, corres-pondem às atividades de rotina da máquina pública, às decisões isoladas e às polí-ticas públicas. Esses produtos do sistema político desencadeiam ações e reações na sociedade, no sistema nacional e/ou nos sistemas internacional/global, de acordo com uma dinâmica de retroalimentação (“feedback”). Essa retroalimentação propor-cionará, ao sistema político, informações sobre as reações da sociedade nacional e do sistema internacional/global aos outputs. O feedback é significativo, porque pode alterar os inputs de demanda e de apoio, os withinputs, o comportamento do sistema político e levar ao redimensionamento dos outputs.

O feedback pode se expressar por intermédio da imprensa nacional e interna-cional, dos partidos políticos, das manifestações de redes e movimentos sociais, dos estudos do meio acadêmico, das igrejas, de atores internacionais, etc. Exemplo disso é a percepção de externalidades negativas em uma política pública.

Em síntese, os inputs mobilizam o sistema político, que os processa e produz outputs. Os outputs, por sua vez, suscitam modificações no ambiente (sistema na-cional e demais sistemas). Isso retroalimenta o sistema em questão e produz outros inputs e withinputs (de demanda e/ou de apoio). Essa dinâmica é contínua, constante. As políticas públicas dependem, em especial, da interação entre os inputs (insumos externos ao sistema político) e os withinputs (insumos internos ao sistema político). Quando os dois fatores se combinam adequadamente, torna-se maior a probabilidade de formulação de uma política pública.

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É possível afirmar – de modo bastante simplificado – que grande parte da ati-vidade política dos governos se destina à tentativa de responder às demandas que são dirigidas a eles pelos diversos atores privados e públicos, nacionais e internacionais, ao mesmo tempo em que articulam os apoios necessários.

5.2.1 O Processamento dos Inputs pelo Sistema Político

Para a Abordagem Sistêmica, é no processamento das demandas e dos apoios que se realizam aqueles “procedimentos formais e informais de resolução pacífica de conflitos”, que caracterizam a política (politics), e é daí que se origina cada política pública (policy).

Cabe perguntar: Como funciona o processamento das demandas e apoios pelo sistema político? A literatura sobre o assunto frequentemente compara o sistema político com uma “caixa preta”. E existe uma tradição analítica que procura “abrir a caixa preta”, ou seja, explicar como são tomadas as decisões no interior do sistema político. De acordo com Graham T. ALLISON (1969), existem ao menos três formas de tratar essa questão.

A primeira delas, a concepção designada como “Modelo da Política Racional” supõe que todos os atores agem de maneira absolutamente racional: sabem quais são as suas preferências e são capazes de ordená-las hierarquicamente; têm informação sobre as alternativas para realizá-las; e procuram escolher – entre as alternativas de ação disponíveis - as que forem mais satisfatórias, ou seja, mais compatíveis com o que preferem, tanto em termos de custos como de benefícios. Dessa forma, busca-se a solução mais adequada para cada problema que está em jogo.

Essa abordagem concebe o Estado (e o governo) como um ator unitário, mo-nolítico, ou seja: os tomadores de decisão são vistos como comprometidos com um único interesse ou objetivo. E percebe o processo decisório como se fosse um jogo de xadrez, no qual as peças estão claramente dispostas em suas respectivas posições e os seus movimentos são visíveis e inteligíveis por parte dos jogadores. O Estado cuida do problema estrategicamente, estabelecendo quais são os seus objetivos, as soluções alternativas disponíveis e quais as consequências de cada uma delas. Após essa avaliação escolhe a alternativa que traz consequências mais vantajosas a ele e age. Conceitualmente, esse tipo de análise baseia-se em uma ideia análoga àquela do “mercado de concorrência perfeita3” na economia.

A dificuldade de interpretação proposta pelo Modelo da Política Racional re-side no fato de o mercado de concorrência perfeita não existir na realidade, entre outras razões, devido à racionalidade limitada dos indivíduos (a informação tam-

3 Um mercado de concorrência perfeita tem como características: mercado atomizado (composto de um grande número de empresas, como se fossem átomos); produtos homogêneos (não existe diferença entre os produtos ofertados pelas empresas concorrentes); transparência de mercado (todas as informações sobre lucros e preços são conhecidos por todos os participantes do mercado).

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bém tem custos e a racionalidade humana não consegue absorver e utilizar todos os dados) e às inúmeras ambiguidades do processo decisório. Ademais, uma política pública nunca se esgota nela mesma e comumente se mostra um campo de interes-ses cruzados, diversificados e conflitantes. Por último, o governo e o Estado não são monolíticos: ao contrário, são compostos por indivíduos e grupos que possuem interesses próprios, diferenciados, e que fazem seu cálculo político circunstancial e de longo prazo.

Outra matriz para análise do processo de decisão é oferecido pelo Modelo Organizacional. Essa abordagem consegue escapar da artificialidade da suposição da racionalidade absoluta e abstrata (uma das falhas do enfoque da Política Racio-nal) e fornece uma solução para o fato de o governo e o Estado não serem entidades unitárias e monolíticas. O Modelo Organizacional pressupõe, em lugar disso, que o Estado e o governo são conglomerados de organizações dotadas de vida relativa-mente autônoma. Os atores são os agentes das organizações, o poder é dividido entre elas e os problemas são percebidos conforme as interpretações dessas entidades Os governantes percebem os problemas por intermédio dos sensores das organizações, usando as informações que elas fornecem. As prioridades são definidas segundo os interesses organizacionais. As soluções devem, então, se ajustar a procedimentos operacionais padronizados (rotinas) desenvolvidos pelas organizações. Nessa con-cepção, as políticas públicas são entendidas como “outputs” organizacionais.

Segundo ALLISON, o Modelo Organizacional, porém, não seria menos pro-blemático que o da Política Racional. Em primeiro lugar, essa abordagem ignora em grande parte o jogo político, de barganha e negociação, esquecendo que os líderes das organizações são também movidos por ambições políticas. Ignora, ainda, que, apesar de toda a informação que possuem e das rotinas que desenvolvem, o compor-tamento das organizações é tipicamente pouco racional, até porque elas são pouco flexíveis.

Frente às fragilidades das abordagens apresentadas, ALLISON propõe outra, que denomina “Modelo da Política Burocrática” (“Bureaucratic Politics Model”). Basicamente, esse modelo rejeita a ideia da racionalidade linear, ou seja: discorda de que os atores se comportem como se somente um problema e uma decisão esti-vessem sendo tratados em cada policy. Ao contrário: na arena principal (a policy, que está sendo objeto da análise) há um jogo (politics), mas no ambiente maior da política (politics) há vários outros jogos acontecendo, simultaneamente, ou não, envolvendo os atores políticos. Isso faz com que os interesses dos diversos atores em uma política (policy) sejam atravessados por linhas cruzadas entre diferentes políticas públicas, cujas trajetórias nem sempre convergem.

O jogo da arena principal está encaixado em um jogo maior, que define como os fatores contextuais influenciam os resultados para cada ator. Nesse sentido, uma deci-são que parece pouco racional e indica prejuízo para um ator em determinada políti-

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ca pública, pode ter sido o elemento de barganha para que esse mesmo ator obtivesse uma vantagem muito maior em outra política (policy) que – em princípio – nada tem a ver com a primeira. Desse modo, o elemento crucial do Modelo da Política Burocrática é definir qual é o principal interesse em jogo para cada ator envolvido. Obviamente, além disso, é fundamental também definir quais recursos de poder cada ator possui para tentar impor o seu interesse aos demais, quais alianças é capaz de compor, sua capacidade de ação estratégica, etc.

Essa abordagem proposta por ALLISON assume que o jogo político não se dá apenas entre unidades institucionais e coletivas. Há todo tipo de ator: atores ins-titucionais e individuais, privados e públicos; atores organizacionais defendendo interesses organizacionais ou, alternativamente, usando sua posição organizacional para favorecer interesses e ambições pessoais; atores coletivos agindo em defesa dos interesses de suas coletividades ou não. E, sempre, o contexto das relações entre os atores é permeado por seus cálculos políticos, de curto, médio ou longo alcance.

Nessa dinâmica (politics), para obter vantagens individuais, coletivas, organi-zacionais, etc., os atores fazem todas as alianças possíveis e utilizam todas as estra-tégias e todos os recursos de poder disponíveis. O que move o jogo do poder não é a lógica de um curso de ação, nem as rotinas organizacionais, muito menos a excelên-cia técnica de cada alternativa, mas sim o poder efetivo e as habilidades políticas dos proponentes e adversários de uma alternativa para negociar até obter uma solução que considerem satisfatória para determinado problema político.

O Modelo da Política Burocrática (Bureaucratic Politics)4 permite lidar, in-clusive, com as situações de falta de informação e de informação incompleta, permi-tindo entender ocasiões nas quais: a) ocorre cooperação universal, porque todos os atores são solidários, isto é, todos acreditam que ganham com uma solução; b) não ocorre nenhuma cooperação, pois cada um quer levar vantagem em tudo; c) alguns atores não cooperam e tiram vantagem do fato de todos os demais atores estarem cooperando; d) alguns atores cooperam enquanto todos os outros só buscam suas vantagens individuais.

5.3 A Abordagem das Arenas Políticas

A Abordagem das Arenas Políticas desafia a concepção sistêmica, inauguran-do uma importante polêmica quanto às relações de causalidade nas políticas pú-blicas. Com lógica diametralmente oposta à abordagem sistêmica, a concepção de arenas sustenta que a política pública (policy) é a variável causal, ou seja, é o que vai definir a dinâmica da política (politics). Enquanto a perspectiva sistêmica trata

4 Não confundir com o “Modelo da Política Burocrática” ou “Modelos dos Interesses Burocráticos” discutido no Texto de Apoio - Unidade 2, que se refere às teorias que sustentam que o poder autônomo do Estado advém da força das burocracias públicas, que são capazes de controlar importantes recursos de poder, em especial a infor-mação e o processo de implementação das políticas públicas.

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todas as políticas públicas como outputs, sem diferenciá-las, a abordagem das arenas permite tipificar as políticas públicas conforme o padrão de interações dos atores políticos: alianças, competição, conflito, confronto.

A formulação da abordagem das arenas deve-se a Theodore J. LOWI (1964, 1972), que entende a política pública (policy) como a variável central, capaz de mobilizar reações de vários atores, baseadas numa avaliação antecipada sobre como aquela política afetará os seus respectivos interesses.

Antes de avançar, cumpre explicitar alguns elementos relevantes para a com-preensão das interações dos atores políticos e da formação das arenas.

Todos os indivíduos e grupos em uma sociedade têm demandas. Uma de-manda expressa aspirações quanto à manutenção ou à mudança de uma situação qualquer. Essas aspirações transformam-se em expectativas quando a possibilidade de intervir naquela situação começa a ser aventada.

A noção de expectativa, no estudo das políticas públicas, não traz consigo o significado de “esperança”, como na linguagem comum, mas se refere às avaliações prévias dos ganhos e das perdas decorrentes de cada alternativa de intervenção, con-soante antevisto pelos atores políticos. Há atores que formam expectativas de obter vantagens com uma decisão e outros que acreditam que essa decisão vá lhes impor desvantagens.

Uma preferência pode ser definida como a alternativa – quanto a uma deman-da – que mais beneficia e agrada um determinado ator. Assim, a depender de sua posição, os atores podem ter preferências muito diversas uns dos outros no tocante à melhor forma de tratar as demandas, ou seja, no tocante a como lidar com as situa-ções nas quais poderá ocorrer intervenção.

As preferências se formam em torno de “issues” 5. Issue – que em português será traduzido como “questão” – pode ser definido como um item ou aspecto de uma decisão que afeta os interesses de vários atores e que, por esse motivo, mobiliza as suas expectativas quanto aos resultados da política pública e catalisa o conflito e as alianças entre os atores. Note que cada política pública supõe numerosos issues a serem decididos. Por exemplo, na política de reforma agrária, eram issues: o con-ceito de terra improdutiva, a forma de indenização nas desapropriações e o rito de desapropriação. Por que são issues? Porque, a depender da decisão que for tomada quanto a esses pontos, alguns atores ganham e outros perdem, seus interesses são be-neficiados ou prejudicados e a política pública assume uma configuração ou outra6.

A leitura que os atores políticos fazem acerca do que pode vir a acontecer e atingir seus interesses, positiva ou negativamente, ocorre o tempo todo. Como ilus-5 Às vezes é difícil entender esse conceito devido às limitações da língua portuguesa. A língua inglesa dispõe de

termos alternativos: “problem”, “question”, “issue”. O mesmo não ocorre em português – têm-se apenas as palavras “problema” e “questão”.

6 Para analisar políticas públicas – principalmente o processo de formulação e a implementação de uma política pública – é crucial definir quais são os issues da política sob análise e identificar as preferências dos atores em relação a cada um deles.

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tração: se o indivíduo “A” planeja se aposentar dentro de alguns anos e começa a ser cogitada a hipótese de uma nova reforma previdenciária, “A” observa que alterna-tivas estão sendo levantadas para a formulação dessa política pública e avalia como cada uma delas poderá prejudicá-lo ou beneficiá-lo. Estando “A” interessado nessa potencial política, caso deseje, ele poderá se mobilizar, empregando os recursos de poder de que dispõe, para que a concepção dessa política pública caminhe em uma direção ou outra, em consonância com seus interesses específicos ou os de sua cate-goria social. Essa atuação implica interagir com diversos outros atores, aliando-se a alguns deles e contrapondo-se a outros. A arena de política pública (“policy arena”) consiste na configuração assumida por essas interações.

As expectativas dos atores, portanto, demarcam o padrão de suas interações (que são as arenas): seu alinhamento político, a formação de coalizões, o estabeleci-mento de grupos de atores com poder de veto7, a competição, o conflito. Dessa sorte, o conjunto de consequências previamente atribuídas pelos atores ao que poderia vir a constituir uma política pública (policy) define seus padrões de interação na vida política mais ampla (politics).

Por vezes, existe certa dificuldade de se compreender o que são as “arenas políticas”. Na linguagem do senso comum, a idéia de arenas remonta aos locais onde ocorriam os jogos greco-romanos e as lutas entre gladiadores. Nos estudos de LOWI, contudo, as arenas não são um espaço físico, tampouco um espaço institucio-nal, como as Assembleias Legislativas ou o Congresso Nacional.

Arenas são padrões de interação dos atores envolvidos em uma política públi-ca, configurados a partir da combinação das suas preferências e das suas expectativas quanto a ganhos e perdas em uma política potencialmente em fase de formulação. Em outras palavras, arenas constituem uma certa disposição das forças políticas e das relações entre atores políticos em torno de um tema de política pública que pode vir a existir. Com base nisso se mobilizam o conflito, as alianças e as negociações entre os atores.

Vale mencionar brevemente que as arenas políticas não se confundem com as redes de políticas públicas. As arenas são um conceito abstrato, teórico, e podem até abranger as redes, que são elementos com existência concreta. As arenas se formam sempre vinculadas a uma política pública potencial específica: não há arena na qual aconteçam as interações associadas a várias políticas públicas simultaneamente, em-bora possam existir, no mundo real, arenas diferentes que se superpõem (mas não se confundem). Já as redes podem se envolver e se aliar em torno de várias políticas públicas a um só tempo.

7 Ator com poder de veto é um ator individual ou coletivo cuja concordância (aquiescência ou apoio propriamente dito) é essencial para que as decisões sejam tomadas. Normalmente, não representam a maioria, ou seja, não têm poder de estatuir, mas têm poder de impedir (vetar). George TSEBELIS (2009) sintetizou e formalizou a teoria dos “veto players” e argumentou que a presença de muitos atores com poder de veto torna a mudança política difícil ou até impossível.

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Observa-se também que o conceito de arenas não se refere aos impactos efe-tivos de uma política pública, mas sim ao momento anterior aos impactos que aque-la policy possivelmente desencadear; mais precisamente, refere-se à formulação da política pública. Ao citar Adrienne WINDHOFF-HÉRITIER (1987, p. 54), FREY (1999, p. 11) afirma que a Abordagem das Arenas supõe que existe uma inter-rela-ção entre a percepção de uma policy por parte dos indivíduos e grupos afetados e a estrutura das interações na arena política (politics). Ou seja: os indivíduos cujos interesses poderão ser afetados por uma política pública potencial associam custos ou benefícios às respectivas medidas que poderão vir a ser adotadas.

LOWI (1964) identificou, a princípio, três tipos de arenas distintos: arena dis-tributiva, arena redistributiva e arena regulatória. Mais tarde, incluiu em sua teoria outra arena: a constitucional ou constitutiva. Em sua tipologia original (1964), as variáveis que diferenciavam as arenas eram: os tipos de questões em disputa (issues), as relações custo-benefício dos atores, os tipos de atores e de lideranças envolvidos, as dinâmicas da tomada de decisão e as autoridades decisórias formais. Essas va-riáveis iniciais associam-se mais ao padrão de formação da decisão política e, por conseguinte, à formulação da política pública.

As variáveis agregadas na tipologia ampliada de LOWI (1972), das quais pro-cede a arena constitutiva (ou constitucional), referem-se à coerção, seja quanto à sua extensão e ao seu alcance (se a coerção é aplicada a indivíduos ou a coletividades, que são chamados de “contextos de ação”), seja quanto à sua intensidade e força (se as sanções são imediatas e diretas ou são remotas). Essas variáveis posteriores são mais próximas do ambiente da implementação da política pública.

Nessa importante contribuição de LOWI (1972) ao debate das políticas públi-cas, as arenas correspondem à política enquanto politics, que, no argumento do autor, resulta da politica pública (policy) que está para se formar.

Vale enfatizar: segundo a lógica de LOWI, são as políticas públicas que formam as arenas políticas. Nos termos desse autor, não será correto afirmar – como seria na lógica da Abordagem Sistêmica – que as políticas públicas resultam das arenas, mas o contrário.

5.3.1. Caracterização das Arenas de Políticas Públicas

Fica estabelecido, então, que a arena (politics) formada em torno de uma determinada política pública resulta das características e dos issues dessa policy. Assim, políticas públicas distributivas conformarão estritamente arenas distributi-vas. Políticas públicas redistributivas definem exclusivamente arenas redistributivas. Políticas públicas regulatórias podem originar apenas arenas regulatórias. E políticas públicas constitucionais podem produzir somente arenas constitucionais. Vale lem-brar, por fim, que o autor afirma que, independentemente do tipo de arena formado, todas as políticas públicas têm, no longo prazo, impactos redistributivos.

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Cabe, então, caracterizar cada um dos tipos de arenas políticas. Primeira-mente, as arenas distributivas. Elas são interações em torno de políticas públicas que alocam bens e serviços, como educação, saúde, saneamento básico, habitação, subsídios às atividades agrícolas e industriais, etc. Essas arenas caracterizam-se por mobilizar expectativas de benefícios nitidamente concentrados ou focalizados em uma área, uma localidade, um setor de atividades, um grupo, ou um segmento popu-lacional. Seus custos8, todavia, encontram-se dispersos entre todos os contribuintes, de modo que esses não têm como perceber a relação entre os impostos que pagam e os bens e serviços distribuídos. Nenhum cidadão tem como saber o quanto, entre os impostos – diretos e indiretos – que paga, é aplicado, por exemplo, na construção, no aparelhamento e no funcionamento de uma escola ou na abertura e no asfaltamento de uma estrada, seja em seu município, no município vizinho ou até mesmo em outro estado ou região do país.

Por essa razão, as arenas distributivas distinguem-se pela formação de alian-ças, sendo de baixa intensidade os eventuais conflitos que vierem a acontecer. Isso ocorre porque, aparentemente, as políticas distributivas favorecem a toda sociedade, sem haver quem se sinta prejudicado por elas. Por exemplo: ninguém se opõe à contratação de mais policiais ou à construção de uma ponte ou de uma escola em uma região. O máximo que pode ocorrer é que mais indivíduos queiram ter o mesmo benefício, ou semelhante, sem pensar em quanto custará a eles ou a outros, em im-postos, porque não há como identificar quem irá arcar com os custos.

No Brasil atual, um dos principais exemplos de política pública advinda de uma arena distributiva é o Programa Bolsa Família e os seus diversos benefícios paralelos. Para bem entender esse ponto, é essencial recordar que, segundo a clas-sificação de LOWI, o que deve ser levado em consideração ao identificar uma dada arena não é o impacto real dessa policy. O que define a arena é a estimativa, feita por cada ator, das possíveis consequências que aquela política poderá trazer para os seus próprios interesses.

Em virtude disso, mesmo sendo evidente que programas de transferência de renda com condicionalidades (como o Bolsa Família) certamente promovem a redis-tribuição da renda, não é esse aspecto que importa para a sua classificação em termos das arenas decisórias. O que importa é o fato de que os contribuintes em geral não possuem meios de calcular quanto do seu dinheiro estão “pagando”, em impostos, para que cada família seja atendida pelo Programa. E, por isso, ninguém pode alegar prejuízos pessoais para se posicionar contrariamente a ele.

No debate a respeito de políticas distributivas, é comum aparecer a expressão “pork barrel”, termo que não tem tradução para o português. Consiste na aloca-ção de recursos públicos a projetos bastante localizados ou focalizados que – mes-8 O termo “custo” é empregado na acepção de renúncias a que estarão sujeitos os atores políticos a depender das

escolhas e decisões tomadas. Não se refere somente, nem obrigatoriamente, a custos financeiros. Um dos princi-pais custos é a renúncia a liberdades, autonomia.

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mo sem beneficiar o conjunto da sociedade – são defendidos e aprovados exclusiva ou principalmente para levar dinheiro e outros recursos ao eleitorado dos políticos que os propuseram. O êxito na aprovação de projetos9 com essa finalidade favorece enormemente a reeleição desses políticos. Exemplos clássicos disso são as dotações de recursos federais para quaisquer obras de alcance local, como a construção de estradas e pontes, escolas, ambulatórios, estádios, creches, etc.; ou para distribuir “bolsas” e “auxílios” de diversos tipos; ou, ainda, a oferta de subsídios a atividades econômicas diversas.

“Logrolling” é outra expressão comum às decisões relativas a políticas distri-butivas que não possui propriamente uma tradução para o português. O logrolling10, um dos principais padrões assumidos pelas relações entre os atores nas arenas dis-tributivas, pode ser expresso como uma aliança baseada em “trocas de apoios recí-procos”. Consiste no procedimento em que dois parlamentares negociam e se com-prometem com uma aliança segundo a qual um deles vota para aprovar um projeto em que não tem interesse, em troca de ter o voto do outro em um projeto de lei que lhe interesse (e vice-versa). Isso pode abranger vários parlamentares. O logrolling é muito usual quando os parlamentares são relativamente independentes das lideran-ças de seus partidos e tentam garantir votos para projetos que concentram benefícios consideráveis em seu próprio eleitorado, impondo o custo ao conjunto dos contri-buintes do país (custos difusos). Projetos locais, tais como barragens financiadas pelo governo federal, conjuntos habitacionais, etc., geralmente são aprovados me-diante logrolling.

Outro tipo de arranjo recorrente nas políticas distributivas são os pactos de “não-interferência mútua”: cada um dos atores calcula quais são os interesses dos demais e escolhe propor uma política pública ou um projeto que, mesmo não sendo de interesse deles, ao menos não irá enfrentar a sua oposição direta, porque eles não terão seus interesses prejudicados. Nenhum ator se comporta de modo a dificultar a aprovação dos projetos dos demais, porque ninguém deseja que os outros venham a dificultar a aprovação dos seus próprios projetos. Isso significa que não há oposição à maioria dos projetos de políticas distributivas.

Habitualmente, os atores adotam a estratégia de cooptação11, visando agradar a todos que possam desistir de apoiar uma política pública ou que possam vir a se opor a ela. Por esse motivo, as arenas distributivas são as mais vulneráveis às práti-cas clientelistas. 9 No Brasil, esses projetos corresponderiam às emendas parlamentares ao orçamento público federal.10 JOHNSON, Paul M. A Glossary of Political Economy Terms. Auburn: Auburn University. Disponível em: <http://

www.auburn.edu/~johnspm/gloss/>. Acesso em: 3 mai. 2013.11 Cooptação significa a admissão extraordinária de um ator em um grupo ou à sua associação, com dispensa das

exigências normalmente impostas. Um recente exemplo de cooptação é observado na incorporação, aos escalões mais altos do governo, de membros de partidos políticos que até pouco tempo estavam na oposição. Ou seja, para conquistar o apoio dos líderes desses partidos no Congresso ou nas próximas eleições, elimina-se a exigência de qualquer afinidade histórica, ideológica ou programática como critério de preenchimento dos cargos públicos, isto é, praticamente não existem requisitos de admissão ao grupo dirigente máximo do país.

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O único objeto passível de conflito nessas arenas é a expansão dos benefícios auferidos. Como os recursos são escassos e sempre há mais eleitores almejando be-nefícios, pode surgir alguma disputa entre os atores.

As lideranças formadas nas arenas distributivas são efêmeras, passageiras e se organizam em torno de interesses pontuais e não antagônicos. Uma vez conquistado o objetivo, as lideranças se desfazem. A configuração das arenas distributivas, em regra, muda pouco ao longo do tempo, sendo bastante estáveis.

As políticas públicas delas resultantes envolvem sanções de aplicação remota (demoram a ser concretizadas, ou raramente o são), que incidem sobre indivíduos, como por exemplo, as sanções pelo descumprimento das condicionalidades do Pro-grama Bolsa Família.

QUADRO1 ARENAS DISTRIBUTIVAS

Descrição Alocam bens e serviços: educação, saúde, segurança, defesa, saneamento bási-co, habitação, renda, benefícios. Exemplo: Programa Bolsa Família.

Benefícios e Expectativas

Claramente concentrados ou focalizados em uma área, localidade, setor, grupo ou segmento populacional.

Custos Dispersos ou difusos entre todos os contribuintes, frequentemente nem sendo percebidos pelos pagantes.

Decisões Altamente desagregadas: escolas, hospitais, estradas, bolsas, etc.

Intensidade do Conflito Baixíssimo, porque aparentemente ninguém arca com os custos.

Objeto do conflito Expansão do benefício.

Padrão das interações

Trocas de apoios recíprocos (“logrolling”), cooptação: agrada a todos os que possam resistir.

Tipo de coalizão Relações de não interferência mútua, clientelismo, “pork barrel”.

Grau de mudança Reduzido, arena estável.

Lideranças Efêmeras e em torno de interesses pontuais.

Sanções Aplicação remota a indivíduos.

Impactos Redistributivos, individualizados e imediatos.

Fonte: Adaptado de Lowi(1972) e Wilson(1973).

Os impactos da política pública distributiva são redistributivos, individuali-zados e imediatos. Atente para essa proposição de LOWI: todas as arenas, inclusive as distributivas, produzem impactos redistributivos, pelo fato de que aqueles que recebem o benefício não serem os mesmos que pagam por ele e nem o receberem na mesma proporção em que pagam.

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Nem sempre, entretanto, essa redistribuição implica tirar dos que têm mais para melhorar a situação dos que têm menos. Por exemplo, no Brasil, o Ensino Su-perior gratuito (público ou privado, em decorrência do PROUNI12) enseja que o conjunto da sociedade – incluindo-se aí os pobres, que pagam somente impostos in-diretos – financia os poucos que conseguem concluir o Ensino Médio e ingressar na universidade. Em 2012, 51% do gasto público por aluno concentrava-se no Ensino Superior13 e 56% dos estudantes matriculados pertenciam ao grupo dos 20% mais ricos do país14. Gasta-se absurdamente mais com a universidade pública, que, pelo crivo do vestibular, abriga os mais ricos, que puderam pagar por Ensino Fundamen-tal e Médio em escolas privadas de melhor qualidade.

As arenas políticas redistributivas são aquelas que transferem bens materiais, direitos e outros valores diretamente de um grupo ou classe social para outro, sendo ambos claramente identificados. Por exemplo: a reforma agrária. Os benefícios e as expectativas dos atores, nessas arenas, são bem delimitados, concentrados em classes ou categorias sociais. Os custos também são muito definidos, imediatos, con-cretos e concentrados em classes ou categorias sociais. As políticas em torno das quais se formam as arenas redistributivas caracterizam-se por ser muito agregadas (atingem um público particularizado), com o propósito de alcançar especificamente o objetivo da redistribuição do bem, direito ou valor em questão – por exemplo: di-minuir a concentração fundiária no país.

Em contraposição às distributivas, as arenas redistributivas são extremamente conflituosas. Nelas, as partes envolvidas enfrentam-se diretamente, sendo elevadís-simo o grau de polarização de interesses e de antagonismo político. O padrão das interações dos atores nas arenas redistributivas é descrito como o do jogo de soma-zero (uma das partes ganha todos os benefícios e a outra perde todos os benefícios e arca com todos os custos, na mesma proporção). A formação de coalizões nessas arenas resta praticamente impossível, haja vista os interesses serem radicalmente divergentes, de modo que a possibilidade de barganhas é ínfima.

QUADRO 2 ARENAS REDISTRIBUTIVAS

12 O Programa Universidade para Todos – PROUNI – apresenta como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de Educação Superior. Criado pelo governo federal em 2004 e institucionalizado pela Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005, oferece, em contrapartida, isenção de alguns tributos àquelas Instituições de Ensino que aderirem ao Programa.

13 CÂNDIDO, Keila. É Preciso Inverter a Lógica do Ensino no Brasil - destinar maior volume de recursos ao Ensino Básico e Fundamental é principal desafio do país no campo educacional. Revista Veja, Economia. Editora Abril, 22 jul. 2012. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/economia/e-preciso-inverter-a-logica-do-ensino-no-brasil>. Acesso em: 9 mai. 2013.

14 CARVALHO, Márcia Marques de. A Provisão de Educação Superior no Brasil: oferta, demanda e restrições ao acesso. Centro de Estudos sobre Desigualdade e Desenvolvimento – CEDE. Universidade Federal Fluminen-se. Disponível em: <http://www.proac.uff.br/cede/provis%C3%A3o-de-educa%C3%A7%C3%A3o-superior-no-brasil-oferta-demanda-e-restri%C3%A7%C3%B5es-ao-acesso>. Acesso em: 9 mai. 2013.

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DescriçãoTransferem diretamente bens materiais, direitos e outros valores de um grupo ou classe social para outro, ambos nitidamente identificados. Exemplo: reforma agrária.

Benefícios e Expectativas Claramente definidos, concentrados em classes ou categorias sociais.

Custos Claramente definidos, imediatos, concretos e concentrados em classes ou cate-gorias sociais.

Decisões Muito agregadas: regras para atingir especificamente o objetivo da redistribui-ção.

Intensidade do Conflito

Elevadíssimo grau de polarização dos interesses; antagonismo político e ideo-lógico.

Objeto do conflito Bens materiais, direitos, outros valores escassos.

Padrão das interações Jogo de soma-zero.

Tipo de coalizão Interesses antagônicos, não há composição de interesses, não há barganhas.

Grau de mudança Estável.

Lideranças Duradouras, baseadas na capacidade de enfrentamento.

Sanções Aplicação imediata a grupos e contextos de ação (organizações, etc.).

Impactos Redistributivos, coletivos e imediatos.

Fonte: Adaptado de Lowi(1972) e Wilson(1973).

A configuração das arenas redistributivas é estável, muda pouco. Nas relações entre os atores emergem lideranças duradouras, permanentes. Essas lideranças, ge-ralmente, representam amplos segmentos sociais e tendem a ser muito fortes, base-ando-se na capacidade de enfrentamento, ou seja: os líderes são reconhecidos pela sua combatividade frente aos seus opositores. Daí decorre que a liderança vincula-se fortemente aos objetivos da política pública em si.

Nessas arenas, as sanções relacionadas às políticas públicas possuem aplica-ção imediata a grupos sociais e contextos de ação (como organizações, movimentos sociais, etc.), não se dirigem a indivíduos. Exemplos: uma decisão judicial para rein-tegração de posse de terras indígenas no âmbito da política de reforma agrária. Os impactos, por sua vez, são também redistributivos, coletivos e imediatos.

As arenas políticas regulatórias, a seu turno, envolvem o estabelecimento de imperativos, proibições e condições, sob o formato de regras e normas jurídicas que limitam o poder discricionário dos indivíduos e das organizações, e têm por base

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ameaças de punições variadas. São exemplos de políticas públicas advindas dessas arenas: leis ambientais (como o recente Código Florestal), leis de ordenamento ter-ritorial municipais, reservas de mercado, etc.

Os benefícios e as expectativas relativos às políticas regulatórias estão disper-sos entre vários grupos, categorias ou classes sociais que detêm interesses exclusivos (cada coletividade deseja que as regras a serem instituídas sejam de uma maneira). Enquanto isso, os custos concentram-se em classes, categorias ou grupos (e não indivíduos). Por exemplo: em relação à política de trânsito, todos os motoristas (ca-tegoria) devem passar por um processo específico para serem habilitados e todos eles renunciam a uma parte de sua autonomia, não podendo dirigir seus automóveis como bem quiserem; já a indústria automobilística, é obrigada a produzir veículos com certo padrão de segurança; etc.

O nível de agregação das políticas em arenas regulatórias varia com cada poli-cy: podem ser regras para grupos e setores específicos da sociedade ou podem atingir a população de forma extensa e igual.

São arenas políticas com elevado grau de conflituosidade, todavia diferem das arenas redistributivas, pois não assumem o padrão de interação de jogo de soma-zero. O conflito é intenso, uma vez que o objeto da disputa é o alcance e o rigor das possíveis normas que irão favorecer ou prejudicar interesses. É possível reconhecer visivelmente os ganhadores e os perdedores em cada issue da política regulatória. Entretanto, justamente por não apresentarem a lógica do jogo de soma-zero, há es-paço para que os atores, munidos de seus recursos de poder, negociem e barganhem sobre seus interesses, dando origem à composição dos interesses: tenta-se chegar a um ponto no qual todos ganhem um pouco, embora nenhum dos envolvidos fique na situação de ganhar tudo ou de perder totalmente. Essa é sua principal característica.

Nessas arenas, a dinâmica é de negociação. Podem ocorrer conluios e alian-ças de interesses tangenciais (interesses que se tocam, se aproximam em algum pon-to comum), que geralmente são muito efêmeros, transitórios.

As arenas regulatórias são instáveis, na medida em que se organizam em torno de issues que podem mudar muito, expressando mudanças sociais, tecnológicas, cul-turais, etc. Por exemplo, a regulamentação da exploração econômica de organismos geneticamente modificados (OGMs, ou seja: transgênicos); ou a regulamentação do comércio pela internet, etc.

As lideranças que despontam nessas arenas são estáveis, apesar de não serem permanentes, e sustentam-se pela capacidade de articular potenciais aliados em tor-no dos interesses tangenciais. As sanções existentes aplicam-se de forma imediata e concreta aos indivíduos que violarem os regulamentos.

Os impactos da política regulatória são redistributivos com relação a certos grupos e são percebidos no longo prazo. Por exemplo: a Lei de Reserva de Mercado da Informática (que vigorou de 1982 a 1992) teve impacto sobre o preço de compo-nentes eletrônicos no mercado interno e, com isso, transferiu a renda dos consumi-dores para os empresários que eram protegidos por essa Lei.

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QUADRO 3 ARENAS REGULATÓRIAS

Descrição

Estabelecem imperativos e proibições que limitam o poder discricionário dos indivíduos e das organizações e se baseiam em ameaças de sanções variadas. Exemplos: Código de Trânsito, leis ambientais, reservas de mercado, leis tra-balhistas, etc.

Benefícios e Expectativas Dispersos entre grupos ou classes caracterizados por interesses exclusivos.

Custos Visam classes, categorias ou grupos (e não indivíduos) e impõem custos con-centrados nesses alvos.

DecisõesO grau de agregação depende de cada política: podem ser regras para grupos e setores específicos da sociedade ou podem atingir a população de forma ampla e igual.

Intensidade do Conflito

Intenso, porque define ganhadores e perdedores, mas não se caracteriza como jogo de soma-zero e admite negociações e barganhas.

Objeto do conflito Alcance e rigor das regras e sanções.

Padrão das interações Competição, barganhas, conflito.

Tipo de coalizão Alianças de interesses tangenciais, muito efêmeras. Conluios.

Grau de mudança Elevado, arenas instáveis.

LiderançasEstáveis, mas não permanentes. Os líderes são negociadores: têm capacidade de articular as forças potencialmente aliadas em torno de interesses tangenciais, levando à composição de interesses.

Sanções Aplicação imediata a indivíduos.Impactos Redistributivos, grupais, de longo prazo.

Fonte: Adaptado de Lowi(1972) e Wilson(1973).

Finalmente, as arenas políticas constitucionais configuram-se no contexto da formulação ou da modificação das regras do jogo político no qual serão tomadas outras decisões. Ou seja: remontam às condições genéricas sob as quais serão ne-gociadas as políticas públicas distributivas, redistributivas e regulatórias. Elas se inserem na esfera daquilo que os pensadores da Teoria da Escolha Racional denomi-nam “jogos das regras” ou “jogos de decisões institucionais”. Exemplos de arenas constitutivas: as que se organizaram ao redor dos issues da Constituição Federal, das Constituições estaduais, os regimentos da Câmara dos Deputados e do Senado Fede-ral, regimentos de Tribunais de Justiça, leis eleitorais e partidárias, etc. Devido à sua própria natureza e, talvez, ao fato de serem provenientes das variáveis agregadas da tipologia ampliada de LOWI, as arenas constitucionais são bem distintas das outras três já comentadas.

Os benefícios e as expectativas, bem como os custos das políticas constitucio-nais são indefinidos, difusos e dispersos no tempo, por conta de abrangerem normas amplas e abstratas, que beneficiam e, simultaneamente, impõem restrições a toda sociedade.

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QUADRO 4 ARENAS CONSTITUCIONAIS

Descrição

Estabelecem ou alteram as regras para outras decisões, ou seja, as con-dições gerais sob as quais serão negociadas as políticas distributivas, re-distributivas e regulatórias. Exemplos: Constituição Federal, regimentos legislativos, leis eleitorais e partidárias, etc.

Benefícios e Expectativas Indefinidos, difusos e dispersos no tempo.

Custos Indefinidos, difusos e dispersos no tempo.

Decisões Totalmente agregadas: regras gerais.

Intensidade do Conflito Baixo, porque os custos e os benefícios são difusos e dispersos no tempo.

Objeto do conflito Regras do jogo político.

Padrão das interações Competição, barganhas, conflito.

Tipo de coalizão Alianças de interesses tangenciais.

Grau de mudança Estável.

Lideranças Estáveis, mas não permanentes.

Sanções Aplicação remota a grupos.

Impactos Redistributivos, difusos, de longo prazo.

Fonte: Adaptado de Lowi(1972) e Wilson(1973).

As decisões políticas determinadas nessas arenas são totalmente agregadas – dirigidas a indivíduos e grupos que operam com regras gerais. Como os custos e os benefícios são distribuídos entre toda a população, e não a coletividades par-ticulares, a intensidade do conflito existente nessas arenas é bastante reduzida. O objeto de eventuais conflitos nesse tipo de arena recai sobre a definição das regras do jogo político. As interações dos atores, nesse caso, compreendem competição e barganhas. Comumente, os tipos de coalizão compostos em arenas constitutivas são alianças de interesses tangenciais, de lógica semelhante às que se formam nas arenas regulatórias.

As arenas constitucionais exibem baixo grau de mudança, sendo estáveis, vis-to que as regras do jogo não sofrem alterações constantemente. São arenas centrali-zadas e integrais, que não admitem issues dispersos e decidem sobre regulamentos em sua integralidade. As lideranças procedentes dessas arenas, novamente em se-melhança com as arenas regulatórias, são estáveis, porém, não permanentes – elas se dispersam quando se encerra o processo de formulação das regras. As sanções derivadas de políticas públicas constitucionais se aplicam a contextos de ação (gran-des grupos, categorias sociais e contextos), no entanto, apenas em circunstâncias remotas. Os impactos dessas políticas públicas são redistributivos, difusos e notados no longo prazo – tal como nas arenas regulatórias.

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5.3.2- Abordagem das Arenas: análise das sanções.

Segundo Sverker GUSTAVSSON (1980) um aspecto a ser destacado na Abor-dagem das Arenas, é a coerção. Para esse autor, o que LOWI ressalta como o fato mais significativo é que os governos coagem. E diferentes tipos de coerção forne-cem diferentes conjuntos de parâmetros, dentro dos contextos nos quais as policies acontecem.

De fato, para LOWI (1985, p. 7), políticas públicas são “regras formuladas por autoridades governamentais que expressam intenção de influenciar o compor-tamento de cidadãos, individual ou coletivamente, mediante o uso de sanções posi-tivas ou negativas”.

Assim, para GUSTAVSSON, os tipos de coerção seriam o critério mais rele-vante para analisar as relações entre politics e policies, estabelecendo dois padrões. Tanto nas politicas distributivas – cujas sanções se aplicam a comportamentos indi-viduais, caso a caso –, quanto nas políticas constitutivas – que se aplicam a contextos de tomada de decisão – as sanções são leves e remotas e o conflito é reduzido.

Nos outros dois tipos – políticas regulatórias e redistributivas –, o conflito é intenso, porque a coerção é mais imediatamente presente, as normas são imperativas e os recursos são transferidos de uma parte da sociedade para a outra. Nas políticas regulatórias há regras gerais para todo o contexto sob regulação – meio ambiente, publicidade, trânsito – mas elas só são aplicadas a condutas individuais e o são direta e imediatamente. Nas políticas redistributivas, por sua vez, as regras não incidem diretamente sobre os comportamentos individuais, mas se impõem imediatamente ao ambiente ou contexto da conduta.

O quadro a seguir mostra os pontos de coincidência entre as características relativas à coerção – o alcance e a intensidade das sanções – nas diversas arenas:

QUADRO 5: Características da Coerção por Tipo de Arena

ALCANCE EINTENSIDADEDAS SANÇÕES

ARENADISTRIBUTIVA

ARENAREDISTRIBUTIVA

ARENAREGULATÓRIA

ARENACONSTITUTIVA

Aplicadas a comporta-mentos individuais X X

Aplicadas aos contex-tos de ação X X

Imediatas X X

Remotas X X

Fonte: elaboração de Maria das Graças Rua.

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Como se sabe, a dinâmica das relações entre os atores políticos pode se confi-gurar como lutas, jogos ou debates. Aplicando esses conceitos para melhor detalhar o que se passa nas arenas, tem-se que nas redistributivas prevaleceriam as lutas; nas arenas regulatórias e constitutivas, a dinâmica seria a dos jogos e dos debates; e nas arenas distributivas, a dos debates.

A mobilização dos atores e as relações de poder entre eles assumem padrões definidos. Assim, quando se apresentam as arenas distributivas, o padrão seria plura-lista: o poder está disperso entre vários centros, que reúnem atores diversos dotados de diferentes recursos para negociar apoio às suas propostas. Nas arenas redistributi-vas as relações de poder e as interações dos atores acompanharia um padrão de con-flito de classes sociais. Já nas arenas regulatórias e constitucionais, o padrão poderia ser tanto pluralista quanto elitista, a depender do conteúdo da policy e das suas “issue areas” (áreas em que as questões de políticas públicas se acomodam).

Para concluir, cabe retomar a polêmica entre a Abordagem Sistêmica e a Abordagem das Arenas Políticas. O autor do conceito de arenas, Theodore J. LOWI, desafiou a concepção sistêmica, predominante em sua época, de que a politics pro-duziria as policies, e inverteu seus nexos causais. Consoante parte da literatura, esse dilema, que se estendeu até os dias atuais, vem sendo suplantado. Autores como Klaus FREY (1999, p. 6) sustentam que: “A suposição de Lowi (1972, p. 299) de que ‘policies determine politics’ pode até ser válida para um campo específico de polí-tica ou um ‘policy issue’, sob condições particulares, mas de forma alguma serve como lei global”. A trajetória histórica de políticas públicas específicas revela que as duas dimensões – politics e policy – influenciam-se mutuamente.

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