parasitoses em imunodeprimidos -...
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Reino Protista
Sub-reino Protozoa
Filo Apicomplexa
Classe Sporozoa
Ordem Eucoccidiida Famílias Sarcocystidae (Toxoplasma gondii,
Sarcocystis hominis = Isospora hominis)
Eimeriidae (Isospora belii, Cyclospora cayetanensis)
Crystosporiidae (Cryptosporidium spp.)
Ordem Hemosporidiida Família Plasmodiidae (Plasmodium spp.)
Doenças ocasionadas no homem por
esporozoários
• Toxoplasmose: alta prevalência
• Sarcocistose: rara, mais comum em pessoas que ingerem care
crua
• Isosporose: rara (prevalência maior entre portadores de HIV –
10-15%)
• Criptosporidiose: prevalência maior em portadores de HIV
• Malária: 300-500 milhões de novos casos por ano; 1,5-2,7
milhões de mortes por ano
Nature Rev. Microbiol. 4:621-628, 2006
Principais características morfológicas dos
esporozoários
COMPLEXO APICAL
O complexo apical
Tronco de cone ou conóide (Co) com anéis (A) ligados entre si por fibras do conóide (Fc)
Roptrias (R) e micronemas
Membrana celular externa (Me) e membrana celular interna (Mi), sustentada por microtúbulos do conóide (Mt)
A. O taquizoíta desliza na superfície de uma célula-hospedeira. O conóide se extende e se retrai repetidas vezes. Adesinas (verde) são encontradas no interior nas células (micronemas) e na superfície do parasita, concentrada na região apical.
Invasão celular
B. O conóide se extende quando o parasita inicia a invasão e a porção apical entra em contato direto com a célula-hospedeira. A secreção pelas micronemas aumenta. Inicia-se uma invaginação da membrana da célula-hospedeira.
C. Uma penetração ativa da célula-hospedeira se inicia. As proteínas do pescoço das róptrias (azul claro) são secretadas e associadas com a proteína TgAMA1 das micronemas, formando a junção motora. Proteínas do bulbo das róptrias (azul escuro) são secretadas dentro da célula-hospedeira.
D,E. Proteínas das micronemas continuam a ser encaminhadas à região posterior e são clivadas em seus domínios transmembranares. A secreção pelas róptrias continua, contribuindo para a formação do vacúolo parasitóforo. O parasita desliza através da junção motora para dentro do vacúolo.
F. As proteínas das micronemas são descartadas na região posterior do parasita. A invasão se completa quando a membrana do vacíolo parasitóforo se fecha. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/bookshelf/br.fcgi?book=eurekah&part=A72483&rendertype=figure&id=A72486
Origem do apicoplasto
• Identificação do apicomplexa Chromera velia
Possui alga vermelha endossimbionte
• Apicoplasto: derivado de algas vermelhas – obtido antes
da divergência de dinoflagelados e Apicomplexa
Metabolismo do apicoplasto
• Fotossíntese: maquinaria não encontrada
• Vias de síntese de ácidos graxos e de isopentenil difosfato
(síntese de isoprenóides, ubiquinona, dolicol),
• Contribuem com a mitocôndria na biossíntese de heme
Energia para as vias anabólicas: carboidratos de 3C
fosforilados importados do citoplasma
citoplasma → apicoplasto
transportadores da membrana
Alvo para ação de fármacos
Toxoplasmose
Agente etiológico: Toxoplasma gondii
Hospedeiros definitivos: felídeos
Hospedeiro intermediário: mamíferos e aves
Cosmopolita; grande diversidade de hospedeiros Infecção geralmente assintomática
Complicações em gestantes e portadores de HIV
1908: Nicolle e Manceaux identificaram um protozoário no roedor africano Ctenodactylus gundi
Toxo = arco; plasma = forma gondii (referente a gundi)
No mesmo ano, Splendori identifica o protozoário em coelhos no Brazil
1970: Dubley e colaboradores descrevem o ciclo de vida de T. gondii
Oocistos não esporulados nas fezes de felídeos
Em 1-5 dias esporulam e se tornam infectivos
• Animais se infectam ao ingerir solo, água ou alimentos contaminados com os oocistos esporulados; • O parasita invade células epiteliais e se divide, dando origem a taquizoítos; • Os taquizoítos se alojam nos tecidos nervoso e muscular, onde se desenvolvem em bradizoítos contidos em cistos teciduais
Gatos se infectam ao consumir pássaros e roedores com cistos teciduais ou oocistos esporulados
O homem pode ser infectado por transfusão sanguínea e transplante de órgãos
A mãe pode transmitir a doença ao feto
O homem pode ser infectado pela ingestão de carne crua ou mal cozida ou pelo consumo de água e alimentos contaminados
NO HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO
Fase aguda da doença
1. O hospedeiro intermediário é infectado pela ingestão de alimentos
contaminados por oocistos esporulados (esporozoítos) ou pela
ingestão de carne crua/mal passada contendo cistos teciduais
(bradizoítos)
oocisto esporulado com 2 esporocistos (4 esporozoítos/esporocisto)
bradizoítos em cistos teciduais
bradizoítos em cistos separados do tecido
2. O parasita invade as células do epitélio intestinal, bem como outros
tipos celulares (principalmente células mononucleares);
3. Dentro das células, ocorre a multiplicação por reprodução assexuada
(endodiogenia), levando à formação de taquizoítos, que se
disseminam (via sanguínea ou linfática )
4. Os taquizoítas invadem o tecido muscular e o nervoso
5. Taquizoítas podem atravessar a placenta e infectar o feto (prima-
infecção durante a gestação)
taquizoítos
NO HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO
Fase crônica da doença
6. Quando a resposta imunitária se torna mais potente,
os taquizoítas passam a bradizoítas, que também se
reproduzem por endodiogenia
7. Ocorre a formação de cistos (contendo centenas de
bradizoítos) nos tecidos muscular e nervoso
8. Cistos permanecem viáveis por anos
(imunodeprimidos)
bradizoítos em cistos teciduais
Cistos teciduais
Forma de resistência de T. gondii
Arredondados, medem entre 20 e 200 μm
A imunidade natural controla a infecção, mas não é capaz de
agir sobre os cistos, levando à uma infecção latente
Cistos sobrevivem mais
no SNC, onde a imunidade
é menos ativa
bradizoítos em cistos separados do tecido
bradizoítos em cistos teciduais
NO HOSPEDEIRO DEFINITIVO
1. O hospedeiro definitivo (felídeo) é infectado
pela ingestão de tecidos animais contendo
cistos (com bradizoítos)
2. Após a invasão do epitélio digestivo de felídeos, o núcleo do parasita
se divide sucessivas vezes formando o esquizonte (esquizogonia)
3. O esquizonte dá origem a merozoítos
NO HOSPEDEIRO DEFINITIVO
4. Os merozoítos podem invadir novas células ou
se desenvolver em gametócitos
5. Ocorre a reprodução sexuada
6. O zigoto se desenvolve em um oocisto não
esporulado que é eliminado com as fezes
7. Em 1-5 dias, o oocisto se desenvolve em
oocisto esporulado (esporogonia) com 2
esporocistos (4 esporozoítos/esporocisto)
Oocistos
Correspondem à forma infectante do parasita (fezes de
felídeos)
Esporogonia: condições ambientais adequadas
Oocistos esporulados: podem sobreviver por longos períodos
Podem ser mecanicamente transmitidos por moscas e
besouros
Menos de 50% dos gatos eliminam oocistos após a ingestão de
taquizoítos e quase 100% dos gatos que ingerem bradizoítos
eliminam oocistos
Ratos experimentalemnte infectados com T. gondii têm seu comportamento
alterado, adquirindo hábitos mais “ousados” e, portanto, são mais sujeitos à
predação
(Proc. R. Soc. Lond. B 2000 267, 1591-1594)
Patogenia e Sintomatologia
Cerca de 1% dos indivíduos infectados apresentam sintomas
clínicos
Importância em imunocomprometidos
Sintomas: cefaléia, febre, mialgia, dor nas articulações, lesão
ocular, convulsões, coma, morte
Infecção congênita: prima-infecção de gestantes
Risco de transmissão aumenta com o tempo de gravidez
Primeiro trimestre – 25%
Segundo trimestre – 40%
Terceiro trimestre – 65%
Gravidade da doença no feto é inversamente proporcional ao
tempo de gestação
retardo mental
problemas de visão
hidrocefalia
estrabismo
problemas de audição
Diagnóstico
Clínico: apenas sugestivo Laboratorial Pesquisa do parasita:
coloração de cortes de tecidos cultivo celular inoculação em camundongos (avaliação de soroconversão) PCR (líquido aminiótico, líquido céfalo-raquidiano)
Pesquisa de anticorpos (teste de Sabin-Feldman, ELISA, IFA, aglutinação, Western Blot)
PCR
Ácido p-aminobenzóico
Sulfadiazina
Sulfadiazina é um análogo do ácido p-aminobenzóico e inibe a diidropteroato sintase
Pirimetamina é inibidor da diidrofolato redutase
pABA: ácido p-aminobenzóico
DHPS: diidropteroato sintetase
DHFR: diidrofolato redutase
sulfadiazina pirimetamina
X X
Tratamento
Gestantes: o uso de pirimetamina no 1º trimestre é contra-indicado, pois é teratogênica Espiramicina, 750 a 1.000mg, VO, a cada 8 horas Clindamicina, VO, na dose de 600mg a cada 6 horas Na forma ocular utiliza-se 40mg/dia de prednisona, por 1 semana, e 20mg/dia, por outras 7 semanas para reduzir a necrose e inflamação e minimizar a cicatriz Não há nenhuma droga que aja contra os cistos
Controle
Higiene pessoal
Limpeza de caixas de areia
Evitar contato com fezes de gatos
Controle de roedores e de insetos
Não ingerir leite cru, nem carne crua ou mal cozida (nem
oferecer aos gatos)
Lavar frutas e verduras e tratar água antes do consumo
Vacinação: comercial somente para ovinos (com cistos vivos)
Agente etiológico: Cryptosporidium parvum
1976: primeiro relato de infecção humana
1982: relato como doença oportunista em HIV
positivos (prevalência de 5-10%)
Criptosporidiose
Imunocompetentes: maioria dos casos é assintomática
Sintomas incluem diarréia, dor abdominal, náuseas e vômitos,
perda de peso, desidratação
Patogenia e sintomatologia
Pesquisa do parasita: oocistos maduros nas fezes ou outros líquidos orgânicos (aspirado duodenal e jejunal)
Diagnóstico imunológico: Detecção de oocistos em amostras fecais
Detecção de anticorpos por ELISA
Diagnóstico
Reposição de sais
Nitazoxanida (inibição da piruvato oxido-redutase)
Obs.: eficácia não completamente elucidada em imunodeprimidos
Tratamento de imunodeprimidos com retrovirais diminui
excreção de oocistos
Tratamento
Agente etiológico: Isospora belli
Cosmopolita, com maior prevalência
em regiões tropicais e subtropicais
Prevalência chega a 15% em indivíduos com HIV
Isosporose
Imunocompetentes: geralmente assintomática ou diarréia com
dor abdominal e perda de peso por mal-absorção
Imunocomprometidos: quadro diarréico grave (várias
evacuações/dia), febre, cólicas intestinais, vômitos e
emagrecimento por mal-absorção
Patogenia e Sintomatologia
Pesquisa do parasita:
Pesquisa de oocistos imaturos
(elípticos) nas fezes
Diagnóstico
Biópsia do intestino
Trimetoprim-sulfametoxazol (Bactrim, Septra ou Cotrim)
Tratamento
Agente etiológico: Cyclospora cayetanensis
1979: primeiro relato de infecção em humanos
Ciclosporose
Maioria dos casos é assintomática
Sintomas incluem diarréia líquida, dor abdominal, náuseas e
vômitos, anorexia, perda de peso, mialgia, fadiga e febre baixa
Em indivíduos imunocomprometidos o quadro diarréico é
crônico e intermitente
Patogenia e Sintomatologia
Espécie Forma encontrada nas fezes
Estrutura do oocisto
Isospora belli Oocisto não esporulado
2 esporocistos com 4 esporozoítas cada
Cryptosporidium parvum
Oocisto esporulado 4 esporozoítas
Cyclospora cayetanensis
Ooscisto não esporulado
2 esporocistos com 2 esporozoítas cada
Comparativo entre os coccídios intestinais
I. belli C. parvum C. cayetanensis
Integrantes do Filo Microspora
14 espécies descritas como patógenos humanos:
Brachiola algerae, B. connori, B. vesicularum
Encephalitozoon cuniculi, E. hellem, E. intestinalis
Enterocytozoon bieneusi
Microsporidium ceylonensis, M. africanum
Nosema ocularum
Pleistophora sp.
Trachipleistophora hominis, T. anthropophthera
Vittaforma corneae
Microsporidiose
1959: primeiro relato de infecção por Encephalitozoon spp.
1985: relato de infecção por Enterocytozoon bieneusi em um indivíduo infectado pelo HIV
Atualmente os microsporídeos são reconhecidos como agentes etiológicos de infecções oportunistas em pacientes com AIDS e transplantados
Relatos de infecção em diversos países
Epidemiologia
Ciclo de Vida
O esporo injeta o esporoplasma na célula hospedeira pelo túbulo polar
Dentro da célula inicia uma multiplicação por merogonia (fissão binária) ou esquizogonia (fissão múltipla) no citoplasma (E. bieneusi) ou ou no vacúolo parasitóforo (E. intestinalis).
Ocorre a esporogonia para amadurecer os esporos
Uma camada grossa é formada ao redor do esporo propiciando resistência a condições ambientais adversas
Quando o número de esporos aumenta e preenche o citoplasma da célula, a membrana se rompe e libera os esporos, que podem infectar novas células ou sobreviver por longos períodos no ambiente
Pesquisa do parasita por microscopia: busca de esporos nas fezes
Métodos imunológicos : IFA
Métodos moleculares: PCR
Diagnóstico
Tratamento
Microsporidiose ocular (Brachiola algerae, Encephalitozoon hellem, E. cuniculi, Vittaforma corneae): albendazol (oral) + fumagilina (inibição de síntese de RNA – uso tópico)
Obs.: Infecções com V. corneae geralmente não respondem a quimioterapia e necessitam de ceratoplastia Gastroenterite (Encephalitozoon intestinalis), microsporidiose disseminada (E. hellem, E. cuniculi, E. intestinalis, Pleistophora sp., Trachipleistophora sp., Brachiola vesicularum), infecções de pele e musculares (Brachiola algerae): albendazol
Controle de coccídeos e microsporídeos
Saneamento básico e educação sanitária
Filtração da água (oocistos resistem ao cloro)
Evitar a ingestão de alimentos crus ou mal cozidos
microrganismos oportunistas
patógenos comumente
conhecidos
microrganismos não
considerados normalmente
virulentos (microbiota, vida livre)
indivíduo
imunocomprometido
disfunção das defesas
específicas de determinado
órgão ou sistema
anormalidade sistêmica
da imunidade celular ou
humoral
Doenças hereditárias e
metabólicas:
• Diabetes
• Insuficiência renal
• Desnutrição
• Anemia
Substâncias químicas e
tratamentos que inibem o sistema
imunitário:
• Quimioterapia
• Corticosteróides
• Medicamentos imunossupressores
• Radioterapia
Algumas causas de imunodeficiência
Infecções :
• Varicela
• Infecção por citomegalovírus
• Rubéola
• Infecção pelo vírus da
imunodeficiência adquirida
(AIDS)
• Mononucleose infecciosa
• Sarampo
• Infecção bacteriana grave
• Infecção fúngica grave
• Tuberculose grave
Algumas causas de imunodeficiência
Patologias: • Agranulocitose • Tumores malignos • Anemia aplásica • Leucemia • Linfoma • Mielofibrose • Mieloma
Cirurgia e traumas: • Queimaduras • Extirpação do baço
Outras causas: • Cirrose alcoólica • Hepatite crônica • Envelhecimento normal • Sarcoidose • Lupus eritematoso sistêmico
Defesa imune contra protozoários
defesa celular
defesa humoral
http://clientes.netvisao.pt/freiremj/t_particulas_endo.html
A defesa celular é a primeira linha contra infecção por parasitas
1. Macrófagos:
• fagocitose (produção de NO) • secreção de citocinas (TNF-a): - recruta outras células do sistema imunitário - torna hepatócitos mais resistentes ao plasmódio
2. Neutrófilos:
• fagocitose (mecanismos independentes ou dependentes de O2) • destruição por H2O2
• presentes nos sítios inflamatórios infectados por parasitas para a eliminação dos parasitas liberados pelas células rompidas
3. Eosinófilos: associados às infecções helmínticas
4. Plaquetas: atividade citotóxica potencializada pela ativação por citocinas (TNF-a, INF-g)
Os linfócitos T são essenciais na imunidade contra protozoários: produção de citocinas e perforinas
• Citocinas: recrutamento de células, aumento da atividade citotóxica e promoção do aumento do número de células
• Populações de células T CD4+ e CD8+: atuam em diferentes fases do ciclo de vida dos protozoários Exemplo: Plasmodium - CD4+ : atua contra fase eritrocítica - CD8+ : atua contra fase hepática
Ação de anticorpos específicos sobre os protozoários
• neutralização: bloqueio da ligação do protozoário com a célula-alvo
• ação direta ou mediando ação do sistema complemento
Ação de anticorpos específicos sobre os protozoários
• potenciação da fagocitose por macrófagos • ativação da citotoxicidade mediada por anticorpo
A maior susceptibilidade à infecção está relacionada com o processo do sistema imunitário que se encontra comprometido
Exemplos: • agamaglobulinemia: maior susceptibilidade à microrganismos extracelulares • falhas na imunidade celular: maior susceptibilidade a microrganismos intracelulares
Os protozoários e as infecções oportunistas
Toxoplasma gondii
Cryptosporidium parvum e Cyclospora cayetanensis
Isospora beli, Sarcocystis e microsporídeos
Pnemocystis carinii
Balantidium coli
Toxoplasma gondii
parasitose comum (cerca de 50% da população mundial é soropositiva)
imunidade depende de células T (CD8+ e CD4+) e de macrófagos; secreção de INF-g e TNF-a (aumentam a produção de NO)
Toxoplasma gondii
Journal Compilation 2008 European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases, CMI, 14, 1089–1101
acomete aproximadamente 30% dos portadores de HIV (reativação de infecção latente), os quais podem desenvolver encefalite toxoplásmica
Toxoplasma gondii
principal parasitose relacionada ao transplante de órgãos (agravada pelo tratamento com imunossupressores): infecção pelo órgão recebido por um receptor negativo (R-) de um doador positivo (D+) ou por reativação de infecção crônica no receptor positivo (R+)
importância da análise da presença de infecção no doador e no receptor antes e depois do transplante e quimioprofilaxia (sulfonamidas e pirimetamina; atovaquona – AIDS)
Cryptosporidium parvum
alta prevalência em indivíduos com AIDS (30-50% em países tropicais), ocasionando diarréia intensa e perda de peso
Chieffi, Revista Brasileira de Medicina
diarréia intensa = aumento da liberação de oocistos
Assim, portadores de HIV atuam como reservatórios amplificadores
Cryptosporidium parvum
“clearance” da infecção relacionado com a preservação das funções das células T CD4+ : indivíduos com AIDS, que possuem número reduzidos dessas células (< 200 células/mm3), não conseguem controlar a infecção
Isospora beli, Sarcocystis e microsporídeos
infecção rara (1/1000) em imunocompetentes, mas crônica e intermitente em indivíduos com AIDS
prevalência de 2-50% dos indivíduos com AIDS
diarréia intensa*, perda de peso
Pnemocystis carinii e Balantidium coli
Pneumocystis carinii: cerca de 80-90% dos portadores do HIV contraem pneumonia ocasionada por P. carinii
também ocasionar pneumonia em indivíduos transplantados, sob tratamento com corticóides ou ainda em indivíduos com leucemias, linfomas, ausência congênita de imunidade do sistema linfocitário
Balantidium coli: indivíduos imunocomprometidos e idosos são mais susceptíveis (infecções intestinais)
Parasitoses com gravidade exacerbada pela depressão do sistema imunitário
Leishmania
Trypanosoma
Plasmodium
Leishmania, Trypanosoma e Plasmodium
Quadros severos em indivíduos com AIDS
HIV: destroem linfócitos CD4+, alterando a ativação de macrófagos, que ficam mais susceptíveis à infecção por Leishmania
comprometimento de CD4+ também compromete a ação contra Trypanosoma cruzi e contra a fase eritrocítica de Plasmodium
Outras infecções
Giardia: prevalência de aproximadamente 16% em indivíduos com AIDS
também apresenta alta prevalência em indivíduos com produção reduzida de anticorpos
Babesia: indivíduos esplenectomizados
Amebíases
Fatores que influenciam a gravidade das infecções
patogenicidade das cepas
fatores de predisposição do hospedeiro
Infecções por helmintos
Raras complicações imunopatológicas: doença granulomatosa e falência de órgãos
Normalmente a relação helminto-hospedeiro é harmônica e assintomática
reservatórios de transmissão
Aproximadamente 2 bilhões de pessoas no mundo apresentam-se
infectadas por helmintos
http://www.path.cam.ac.uk/~schisto/general_parasitology/index.html
1. Vias de infecção: oral (Ascaris spp.); penetração direta pela pele (S. mansoni, N. americanus); picada do inseto-vetor (Onchocerca volvulus);
2. Fases de vida: ovos, larvas e adultos;
3. Órgãos afetados: intestino grosso, intestino delgado, órgãos linfáticos, pulmões, fígado, cérebro (cisticercose).
Infecção por helmintos
Helmintos e o sistema imunitário
As infecções por helmintos são caracterizadas por: 1. Fase aguda: resposta intensa de linfócitos Th2 2. Fase crônica: depressão do sistema imune → resposta antiinflamatória
Linfócitos Th1: produzem citocinas pró-inflamatórias (majoritariamente INF-g) Linfócitos Th2 produzem citocinas antiinflamatórias (IL-4, IL-5, IL-13 e IL-10)
Balanço entre as citocinas: importante para controlar a infecção e, ao mesmo tempo, evitar danos aos tecidos
Reconhecimento dos helmintos
componentes dos helmintos são reconhecidos por
receptores de reconhecimento
de padrões (PRR)
presentes na superfície de diferentes células do
hospedeiro
1. As células dendríticas ativadas pela infecção por helmintos estimulam a diferenciação de linfócitos Th naive (Th0) em Th2
2. Os linfócitos Th2 ativados produzem citocinas (IL-4 e IL-5)
3. IL-4 ativa a produção de IgE por infócitos B e
4. IgE leva à desgranulação de mastócitos e a IL-5 de eosinófilos, os quais liberam substâncias tóxicas aos helmintos
5. As células dendríticas também levam à ativação de células T-regulatórias que regulam uma resposta excessiva
Eliminação dos vermes intestinais
ativação de linfócitos Th2 produção IL-4, IL-5 e IL-13
IL-4 ativação de linfócitos B produção de IgE
IgE, IL-5 e IL-13 desgranulação celular e produção de muco
substâncias tóxica e muco expulsão dos vermes
1. Na infecção crônica, os macrófagos assumem um fenótipo ativo alternativo (AAM) que estimula a diferenciação de células Th2 modificadas
2. As células Th2 modificadas diminuem a produção de IL-5, o que ocasiona um aumento da produção de IL-10 pelas células T-regulatórias
3. IL-10 estimula os linfócitos B a produzirem IgG ao invés de IgE
Mecanismos de escape dos helmintos ao sistema imune do hospedeiro
Problemas encontrados para a evasão do sistema imune do hospedeiro: • podem viver muitos anos no hospedeiro vertebrado sem se multiplicar: a variação antigênica não é possível; • são muito grandes para ocuparem nichos protegidos do ataque do sistema imune
Mecanismos de escape dos helmintos ao sistema imune do hospedeiro
Porém:
podem comprometer a função do complemento e levar à degradação de imunoglobulinas (Schistosoma spp.);
são capazes de utilizar moléculas de superfície do hospedeiro (mimetismo), por exemplo, lectinas
resposta antiinflamatória/depressão global do sistema imunitário
Benefícios: a resposta antiinflamatória reduz a doença inflamatória ocasionada por Helicobacter pylori e Plasmodium falciparum;
infecção crônica: redução de alergias e de doenças auto-imunes
Resposta imunitária aos helmintos
Prejuízos: prejudica vacinação, que depende de resposta Th1;
afeta a resposta imune contra os agentes etiológicos (incluindo HIV e Mycobacterium)
Resposta imunitária aos helmintos
Helmintos e Mycobacterium
A resposta contra Mycobacterium depende da atividade de linfócitos Th1
Hipótese: presença de helmintos, que estimula a resposta de linfócitos Th2, prejudicaria a resposta contra a bactéria Área hiperendêmica para oncocercíase apresenta incidência duas
vezes maior de Mycobacterium leprae
Helmintos e Plasmodium
A resposta imune à malária também depende da atividade de linfócitos Th1
Hipótese: presença de helmintos, que estimula a resposta de linfócitos Th2, prejudicaria a resposta contra o plasmódio No entanto:
• crianças na África infectadas por Schistosoma mansoni têm uma incidência menor de malária; • Ascaris: proteção contra malária cerebral e falência renal associada com citocinas pró-inflamatórias,
diminuídas pela produção de IL-10
Helmintos e HIV
A resposta imune contra vírus depende de linfócitos T CD8+
Hipótese: presença crônica de helmintos, que deprime o sistema imune do hospedeiro, prejudicaria a resposta contra o HIV
Uma menor carga viral é necessária para a infecção de macacos previamente infectados por Schistosoma