parecer improbidade administrativa
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M U N I C I P I O D O R E C I F E SECRETARIA DE ASSUNTOS JURIDICOS
PROCURADORIA JUDICIAL
CAIS DO APOLO, 925 – 3. ANDAR – RECIFE – PERNAMBUCO – 50.030-903 81 3355-8550
1
www.recife.pe.gov.br
PARECER REF. PROCESSO Nº 0031134-‐14.2011.8.17.0001
EMENTA: AÇÃO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. CONTRATAÇÃO DE
MOTORISTAS AVULSOS E TERCEIRIZADOS.
PAGAMENTO MEDIANTE EMPENHO. AFRONTA
AOS PRINCIPIOS DA LEGALIDADE, DA
MORALIDADE, DA IMPESSOALIDADE E DO
CONCURSO PUBLICO. IMPROBIDADE
CONFIGURADA. ADESÃO A AÇÃO DO MINISTERIO
PUBLICO ESTADUAL. ART. 6, § 3º, DA LEI
4717/65.
Trata-‐se de Ação de Improbidade Administrativa
movida pelo Ministério Público de Pernambuco contra o ex-‐Secretário
de Educação CLAUDIO DUARTE DA FONSECA, em razão da contratação
irregular de motoristas que prestavam serviços àquela Secretaria,
inicialmente, sem concurso público e sem qualquer vínculo formal,
sendo remunerados mediante empenho.
Num segundo momento, esses profissionais
continuaram a prestar serviços àquela Secretaria, porém, de forma
terceirizada, mediante a contratação da empresa RPL ENGENHARIA E
SERVIÇOS LTDA.
A Lei de Improbidade Administrativa remete a
participação do ente a que pertence ou pertenceu o agente responsável
pelos atos inquinados pela mácula da improbidade, no processo
movido pelo Parquet, à regência do art. 6º, § 3º, da Lei da Ação
Popular: “§ 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado,
cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-‐se de contestar o
pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil
ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou
dirigente.”
Do exposto, percebe-‐se que caberá ao representante
legal ou dirigente do Município, decidir a posição processual que
assumirá no processo, entretanto, entendo que o Município do Recife
deve atuar ao lado do Parquet, uma vez que está evidenciada a prática
de improbidade, por parte dos Réus, que confessam seus atos
ímprobos em diversos trechos de seus depoimentos ao Ministério
Público.
De se espantar, por exemplo, que o Réu, Claudio
Duarte, reconheça que ao se deparar com situação de flagrante
ilegalidade consubstanciada no pagamento, mediante empenhos, de
motoristas sem qualquer vinculo formal com o serviço público,
mantivesse tal prática, mesmo reconhecendo que “esses profissionais
eram e são responsáveis pela operacionalização de toda a frota de
veículos dessa Secretaria, atividade sem dúvida imprescindível ao
funcionamento normal do órgão.”
Ora, tratando-‐se, como reconhece o réu, Claudio
Duarte, de atividade “imprescindível” ao funcionamento do órgão,
jamais poderia ser realizada mediante prestadores avulsos e depois
terceirizados.
Ao encontrar o caos não deveria ter compactuado com
ele e, sim, exigido que fosse sanado, mediante a criação de cargos de
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motoristas que fossem providos mediante concurso público e não
mediante indicações e apadrinhamentos que restaram comprovados
nas investigações do Parquet, em afronta aos princípios da
impessoalidade e também da moralidade:
“Como se vê, dos trinta e dois motoristas
previstos no contrato para serem fornecidos pela empresa
contratada, vinte e um deles na verdade eram os antigos
motoristas irregularmente vinculados àquela pasta, que se
utilizaram da empresa interposta para manter o vincula
sob uma pretensa aura de legalidade, sendo que toda essa
simulação foi admitida por ambas as partes contratantes:
Secretário e empresa contratada, conforme demonstrado
acima.”
Diante do exposto, opino no sentido da ADESÃO do
MUNICIPIO DO RECIFE à Ação de Improbidade Administrativa nº
0031134-‐14.2011.8.17.0001, movida contra CLAUDIO DUARTE DA
FONSECA E RPL ENGENHARIA E SERVICOS LTDA.
Acaso haja discordância do meu posicionamento, ora
manifestado, desde já solicito redistribuição do feito, conforme me
garante o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.
É o que me parece,
À apreciação superior.
Recife, 24 de dezembro de 2012.
Noelia Brito
Procuradora Judicial do Município do Recife
OAB/Pe 16.261
Mat. 37.778-‐5