parte doutrinaria uniao homo
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Quanto a posição doutrinária contemporânea podemos notar que a maioria das
opiniões se mostram à favor da adoção homoafetiva.
É certo que a evolução da sociedade no tocante a formação das famí lias e a
procriação forçou o direito a evoluir no mesmo sentido.A Constituição de 1988, que trás em consigo o princí pio da dignidade da pessoa
humana e o ideal da famí lia protegida com base na felicidade de seus indiví duos é um
grande exemplo disto.
Quanto à possibilidade da adoção por casais homossexuais, temos, de acordo
com Arnaldo Marmitt (1993, p. 112-113) que: “Se de um lado não há impedimento
contra o impotente, não vale o mesmo, quanto aos travestis, aos homossexuais, aslésbicas, as sádicas, etc; Sem condições morais suficientes. A inconveniência e a
proibição condizem mais com o aspecto moral, natural e educativo.”
Completando tal raciocí nio podemos citar José Luiz Mônaco da Silva, que
acredita que: “O que impedirá, pois, o acolhimento do pedido de colocação em famí lia
substituta será, na verdade, o comportamento desajustado do homossexual, jamais a sua
homossexualidade. Assim, se ele cuidar e educar a criança dentro dos padrões aceitos
pela sociedade brasileira, a sua homossexualidade não poderá servir de pretexto para o
juiz indeferir a adoção (e tampouco a guarda ou a tutela) pleiteada” (SILVA, 1996, p.
117).
Para estes autores o impedimento à adoção não se dará em função da opção
sexual do sujeito que pretende adotar, mas sim de sua capacidade em prover a melhor
situação para a criança.
Contrário a adoção homossexual Wilson Liberati defende que no que diz
respeito à famí lia, esta deve proporcionar interesses assegurados ao adotando, tais como
dignidade, respeito, liberdade, inviolabilidade da integridade da sua autonomia, dos seus
ideais e crenças, bem como dos seus valores. Sustenta ainda (2004, p. 144): “Outro
impedimento absoluto e insanável é aquele que proí be a outorga da adoção a duas
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pessoas, em conjunto, do mesmo sexo. Não é possí vel, pelo menos nos dias de hoje,
aceitar como famí lia dois homossexuais”.
O grande argumento de quem é a ser contrário a adoção homoafetiva tende a sera visão estigmatizada de que a criança que crescerá num lar com dois pais, ou duas
mães sofrerá prejuí zos em seu desenvolvimento. Ou tenderá a homossexualidade por ter
o exemplo de seus pais.
No entanto, Paulo Nader é claro quando diz: “Não há fundamentação cientí fica
para esse argumento (de que a criança pode sofrer alterações psicológicas e por ser
criada por homossexuais), pois pesquisas e estudos nos campos da psicologia infantil e
da psicanálise demonstram que as crianças que foram criadas na convivência familiar de
casais homossexuais apresentaram o mesmo desenvolvimento psicológico, mental e
afetivo das que foram adotadas por homem e mulher casados.” (NADER, 2006, p. 391).
Quanto a tendência à homossexualidade, Maria Berenice discorre: “A grande
maioria dos homoafetivos nasceram e foram criados por casais heteroafetivos e,
portanto, a orientação sexual dos pais não influencia a sexualidade do menor. Portanto,
não há como prevalecer o entendimento de que a homossexualidade dos genitores possa
gerar problemas de ordem comportamental, sexual, social ou até mesmo psí quica. A
questão principal é a habilidade dos pais homoafetivos de darem um lar harmonioso,
educativo, amoroso, estável e seguro.
Ainda nas palavras da Autora: “Identificar os ví nculos homoparentais como
promí scuos gera a falsa idéia de que não se trata de um ambiente saudável para o seu
bom desenvolvimento. Assim, a insistência em rejeitar a regulamentação da adoção por
homossexuais tem por justificativa indisfarçável preconceito (...). É necessário,
portanto, derrubar o preconceito e reconhecer constitucionalmente a homoafetividade
como famí lia de maneira a proporcionar o reconhecimento de direitos e de respeitar
cada indiví duo em particular, independentemente de sexo, raça ou procedência étnica.”
No caso do Resp estudado, há inúmeras dificuldades que o indeferimento do
direito da adoção unilateral causaria, como no caso da separação do par ou a morte do
que não é legalmente o genitor. Quem sairia perdendo seria o menor, que não poderá
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pleitear qualquer direito, nem alimentos nem benef í cios, e mais do que isso, não terá
resguardado nem ao menos o direito de visita a quem passou a vida conhecendo como
seu também pai ou mãe.
Como de costume no direito de famí lia o que deve ser priorizado é o bem estar
da criança e do adolescente, os maiores interessados no processo de adoção. Dif í cil seria
imaginar, nos dias de hoje, que qualquer pessoa, ainda que diante de dificuldades
geradas pelo preconceito ainda existente, escolheria não ter o amor de uma famí lia,
simplesmente por ela ser formada por pessoas do mesmo sexo.