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P ATRÍCIA PILLAR Cadernos do Festival 11

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PATRÍCIA PILLAR

Cadernos do Festival

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patrícia pillar

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apresentação

O Vitória Cine-Vídeo completa, nesta edição, 18 anos. A festa da maioridade acontece num momento de muita alegria e mantém a nossa tradição de comemorar, sem-pre, cada conquista. E esta é, sem dúvida, uma come-moração em grande estilo. Com champagne e na melhor companhia: a deslumbrante e arrebatadora atriz Patrícia Pillar e vocês, que nos acompanham desde o início. Gostaríamos que o Cine Teatro Glória, que por anos foi o palco de nossas homenagens, já estivesse re-formado, mas encontramos carinhosa acolhida na Fábri-ca do Trabalho e estamos certos que este também é um bom lugar: todos somos trabalhadores. Nós, que organi-zamos o Festival... Nossos queridos convidados e nossa deslumbrante homenageada, artífices do sonho... E nos-so querido público, que precisa sonhar para viver. Ouvimos sempre, e acreditamos, que este é o evento mais concorrido do calendário da nossa capital. É uma festa que acontece marcada pela alegria. São cinco dias de sonhos que envolvem toda a cidade e muitos que chegam de fora, para participar ou para ajudar a fazer o nosso encontro. Entre quem chega, a cada ano, uma nova estrela. Este ano é ela, Patrícia Pillar, uma atriz obstina-da pela carreira, admirada pelo talento incomum e pela

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beleza rara. Uma atriz que nos surpreende e arrebata a cada papel. Ela faz tão bem cada personagem, que ele não morre. E não é pela ilusão do cinema. É pela força que ela transfere a cada um deles. Por isso tantos prê-mios, por isso tantas reverências, tantas homenagens. Ela fez 13 filmes, 14 novelas e duas minisséries e já recebeu 22 prêmios, 23 com o nosso. Nem é preciso dizer, os números ainda vão crescer muito: Patrícia é um furacão. Não pára de trabalhar. Curiosa, inquieta, incan-sável, está sempre às voltas com novos projetos, no cine-ma, na televisão, e, esperam seus fãs, também no teatro. A sua maravilhosa trajetória tem mesmo que ser homenageada, a cada momento. Nós achamos que não há lugar melhor para isto que o ambiente do cinema. Por isso a trouxemos. Por isso e porque achamos que o nosso festival também merece a alegria de tê-la por alguns instantes. Queríamos compartilhar com ela a nossa festa e que ela compartilhasse o amor que os fãs capixabas lhe dedicam. Estamos felizes. O Festival que conta com a presença de Patrícia Pillar é um festival esplendoroso e feliz.

Lúcia Caus

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Bem perto do Parque Lage, a não mais que 4 mi-nutos da ruidosa e congestionada Rua Jardim Botânico, subindo a pé, fica o edifício, de altura média, branco como um Taj Mahal – até o seu toldo é branco – onde mora uma das mais belas e talentosas atrizes brasileiras: Patrícia Pillar. Aquele lado do Jardim Botânico é disputado por quem gosta da natureza e por quem atinge o estrelato. Entre quem mora e quem já morou na parte alta do bair-ro, além da própria Patrícia, estão os cantores Caetano Veloso e Chico Buarque de Hollanda; o bilionário Eike Ba-tista; a cantora Dionne Warwick; o fotógrafo Cafi; a bai-larina Deborah Colcker; o senador Francisco Dornelles; a atriz e cineasta Carla Camurati. Subo os seis lances da escada de mármore branco que terminam no confortável hall com piso de madeira corrida, fechado com três portas, cada uma com quatro bandeiras de vidro fumê – não se vê a luz do dia a não ser quando se abre, momentaneamente, uma das portas – e me sento em um dos dois sofás macios, profundos, de couro caramelo e linhas modernas, separados por um abajur de aço. A piscina, a bomba e a tubulação de gás do edifício estão em manutenção, percebo pela discreta entrada do

a mulher e a atriz

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bombeiro que troca meia dúzia de palavras com o por-teiro. Enquanto ouço, e vejo, além da penumbra, o vento batendo nas folhas e palmas das árvores em frente, ima-gino que quem trabalha ali – naquela portaria blindada, vedada aos olhares curiosos, onde é noite o dia inteiro – perde a noção das horas. Cercado a oeste pela Mata Atlântica, o Jardim Bo-tânico – tanto o bairro, quanto o próprio jardim – é um lugar para se perder a noção do tempo. E para voltar no tempo. Enquanto espero os poucos minutos que me se-param das 18hs, o horário da entrevista, me vem à men-te alguns passeios no Parque Lage; vitórias-régias, orquí-deas, esquilos, crianças e jambos no Jardim Botânico; e duas outras entrevistas que me levaram antes ao lugar: uma, no início dos anos 80, com o cantor Caetano Velo-so, em sua casa com paredes salmão; outra, nos anos 90, com o fotógrafo Cafi, em sua varanda de frente para o Cristo Redentor. Seis da tarde. Internamente o edifício também é branco, e a sensação que se tem entrando ou saindo do elevador é de uma silenciosa tranqüilidade. Logo estou numa sala muito ampla, também na penumbra como o hall do edifício, onde não espero nem 3 minutos para ser levada a outro ambiente pela própria atriz, que se des-culpa pela exigüidade do tempo: chegara pela manhã de São Paulo, estivera às voltas com compromissos e logo sairia para outro. Sentadas frente a frente, começamos a conversar enquanto ela recheia uma baguette com frios, cenoura e folhas verdes, e serve-se de um suco. Diz que coloca-ra um prato para mim, mas agradeço e continuamos a entrevista. O ambiente é branco e se prolonga em uma cozinha absolutamente branca, também. Tudo é muito concreto, ela é firme nas respostas, nega o que digo, quando não concorda, mas no início da

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conversa ainda me sentia dentro de uma cena de cine-ma, marcada pela atmosfera da grande sala à meia-luz. E esta atmosfera um pouco zen, um pouco onírica, apesar da arrumação contemporânea daquele espaço, me lem-brou momentaneamente – nem sei bem o motivo – Gre-ta Garbo. Na copa, contradizendo esse pensamento, o jeito simples e jovial de falar e vestir uma calça de jeans cla-ro e camiseta de manga comprida era mais o de alguém dos anos 70 num ambiente dos anos 2000. Para que a imagem fosse completa faltavam só algumas flores nos cabelos louros e naturalmente encaracolados da atriz. Logo esqueci a sala e o que predominou na conversa foi a vida de uma pessoa única, que atua com rara sensibili-dade e talento, e que tem surpreendido pela intensidade de sua representação, a cada novo papel. Durante a entrevista, volta e meia ela parecia con-ferir um relógio de parede, às minhas costas. Vencido o meu tempo, desculpa-se de novo e lembra que tinha mesmo que sair. É quando vejo mais detidamente a sala, confortável, desenhada para uma pessoa que gosta tanto de música quanto de leitura, pintura, desenho, e gravu-ra. Sobre a mesa de centro, uma pequena pilha de livros em que se destaca um imponente in-folio sobre circo. Um ventilador retrô parece imantado, atrai os olhos. Um quadro imenso, em que predomina o ver-melho, não me impede de ver, entre outros, na parede oposta, uma pintura de Beatriz Milhazes. E num canto, noutra parede, reduzida por um vão de passagem, bem na entrada do apartamento, duas gravuras, gêmeas no formato, de Pablo Picasso. Um Picasso, fora de um mu-seu, é sempre uma emoção muito grande, ainda que vis-to pouco mais que de relance. Ali estavam dois. A despedida é com um cumprimento rápido, mas gentil e cativante. Impressionam, no seu sorriso suave,

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os dentes, perolados, comentados com admiração entre os homens desde que ela começou a aparecer na televi-são. Desci a pé para o tráfego intenso da Jardim Botâ-nico, que me levaria ao Centro Cultural Banco do Brasil, olhando, de um e de outro lado, os prédios mais velhos ao lado dos que ainda cheiram a novos, e reparando nas fachadas. Quando percebi estava mentalmente compa-rando a jovem e iniciante atriz que alegremente falava de suas preferências – meias coloridas da Fiorucci, perfume infantil do Boticário, tênis All Star – e a atriz de hoje, que ganha a maturidade e mantém uma inarredável reserva que não a deixa falar muito da vida pessoal, a menos que se refira a um passado mais remoto, antes de iniciar a carreira, ou que não envolva o aspecto emocional. Assim, cativante e decidida, ela chegou aos 48 anos com uma apaixonada passagem pelo teatro, atua-ções significativas pelo cinema e uma importante e res-peitada presença na televisão. No cinema, no teatro e na televisão os papéis que desempenhou foram marcantes. O sucesso na televisão e a popularização da ima-gem caminham juntos. Hoje é difícil encontrar uma revis-ta ou um jornal que não tenha estampado, pelo menos uma vez, o rosto de Patrícia Pillar. Das páginas dos gran-des jornais diários às páginas das revistas especializadas em notícias de cinema, teatro e televisão, você sempre encontra Patrícia Pillar. Revistas semanais de notícias já mostraram, mais de uma vez, seu rosto e parte da sua história. Como aconteceu no período que antecedeu as eleições de 2002, quando ainda ecoava o sucesso do seriado Mulher, e quando ela acompanhou o marido, o então candidato à presidência, Ciro Gomes, em sua cam-panha. Invasivas, superficiais ou corretas; provocando indignação, leve comentário ou apenas um sorriso, de-

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monstram o incontestável: Patrícia Pillar é uma atriz da maior importância e atrai interesse coletivo, não importa o que esteja fazendo. A sua presença nos mídia oscila para mais ou para menos, em função da participação em novelas, mas hoje ela está num patamar em que é sempre notícia. Até mesmo quem faz palavras cruzadas sabe quem é Patrícia Pillar: na Coquetel Ouro Rublo número 277, ela está lá, sorridente, na página 38 e seu nome orienta as cruzadas da página 39.

A marca forte do cinema... Atuando ou atrás das câmeras, tudo o que Patrícia Pillar faz é extraordinário, revela talento e um envolvi-mento sensível e absoluto. Como atriz, ela já brilhou em 13 filmes. Os mais importantes e de maior repercussão são O Quatrilho, dirigido por Fábio Barreto; e Zuzu An-gel, dirigido por Sérgio Rezende. Mas há outro bastan-te significativo na história da atriz. No início da carreira, aos 19 anos, fez um teste para contracenar com o cantor Djavan em Para Viver um Grande Amor. Conduzido pelo diretor Miguel Faria Júnior e baseado na peça Pobre Me-nina Rica, de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, o filme fez sucesso e foi o caminho para Patrícia Pillar estrear em novela, atuando em Roque Santeiro. Pelo desempenho em O Quatrilho, que foi indica-do para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, ela chegou a ser contactada por uma diretora de elenco da Warner, um dos maiores estúdios de cinema dos Estados Unidos. Para dar vida a Teresa, personagem que viveu no filme, ela demonstrou mais uma vez o que todos já conheciam desde Para Viver um Grande Amor: o esforço sem medi-das para fazer o melhor. O filme narra a história de dois casais de colonos italianos, vivendo no Rio Grande do Sul, o que a levou a passar meses aprendendo o sotaque

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vêneto, e a trançar palha para fabricar cestos. Em Zuzu Angel viveu a figurinista, de renome in-ternacional, que dá nome ao filme, e cujo filho, o bi--campeão carioca de remo Stuart Angel Jones foi preso, torturado e morto em 1971, durante a ditadura militar. Ela terminou morta num atentado, por investigar e de-nunciar o destino do filho. Para Patrícia Pillar este foi o papel mais complexo no cinema. Não apenas num papel dramático a atriz envol-ve, absolutamente, o espectador. Quando ela interpreta para o público infanto-juvenil é, da mesma forma, sedu-tora, envolvente, cativante. Quem viu O Noviço Rebelde, dirigido por Tizuka Yamazaki, e O Menino Maluquinho, dirigido por Helvécio Ratton, não deixará de concordar. Em O Noviço Rebelde, de 1997, parcialmente ins-pirado no célebre A Noviça Rebelde – recorde mundial de bilheteria com Julie Andrews no papel da noviça – Pa-trícia contracenou com Tony Ramos (Felipe), vivendo a encantadora Maria do Céu, e participando de mais um-sucesso de Os Trapalhões, o grupo de humoristas con-siderado o maior fenômeno de audiência da televisão brasileira. Também sucesso de bilheteria infanto-juvenil, O Menino Maluquinho, de 1994, transposição, para o cine-ma, do Menino Maluquinho livro, escrito e ilustrado pelo cartunista Ziraldo, mais de 2 milhões e 500 mil exempla-res vendidos, teve Patrícia como a mãe do personagem principal, o menino com ‘macaquinhos no sótão’. Com óculos escuros, peruca preta Chanel e tailleur azul bebê, ela é a própria Jacqueline Kennedy. Como diretora de cinema Patrícia Pillar é igual-mente muito boa. Estreou com Waldick - Sempre no meu oração. Quando se noticiou que ela iria produzir e diri-gir um filme para contar a vida de Waldick Soriano foi uma surpresa. Um ídolo da música popular brasileira,

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mas como cantor de um gênero que sempre fez suces-so nas camadas menos cultas, envelhecido, doente e no ostracismo, Waldick Soriano não seria o nome lembrado se alguém perguntasse: adivinhe a vida de quem Patrícia Pillar vai filmar? Difícil pensar que uma fã de Sting se dei-xaria arrebatar por um ícone da música dor-de-cotovelo? Difícil mas não impossível. Uma revelação desfez a surpresa. Ela aprendera a ouvir e a admirar Waldick Soriano em criança, quan-do ele era sintonizado no radinho de pilha de sua babá, Gê, e mãe de Carlinhos, que ela sempre considerou um irmão. De alguma forma, ela se emocionou com versos como: “Eu não sou cachorro não/para viver tão humilha-do assim”. E decidiu homenagear, nas telas de cinema, o ídolo popular. Conquistou, com seu gesto terno, as pes-soas mais renitentes. Um gesto que lembrou o do cantor Caetano Veloso, décadas atrás, quando, num festival de música, abraçou o cantor Odair José, vaiado pelo públi-co, e com ele cantou “Eu vou tirar/ você desse lugar”. O filme é lindo e fazê-lo foi emocionante para a diretora estreante. Durante três anos, ao lado da produ-tora Mariza Leão, ela ocupou seu tempo livre para fazer com que Waldick Soriano revivesse o sucesso de cantar, por muitos anos, as desventuras amorosas das camadas mais humildes, e que se traduziu em um sem-número de discos vendidos e de shows, cantando A Dama de Verme-lho, Paixão de Um Homem, Tortura de Amor e Eu não sou Cachorro não, quase sempre de óculos escuros e roupa preta. Durante as filmagens Patrícia Pillar também orga-nizou um show e dirigiu a gravação, ao vivo, de um DVD. Um empreendimento de fôlego. Waldick Soriano morre-ria pouco depois, mas levou com ele a alegria de voltar a cantar em grande estilo. Todos os preconceitos caem por terra quando se vê o filme e o DVD. Ou quando se lê

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o que ela disse depois do trabalho concluído: “Fico mui-to contente de ter podido dar algo em troca ao que ele me deu. Ter dado tempo para que curtisse o lançamen-to do DVD e CD Waldick Soriano – Ao Vivo e de novo a possibilidade de cantar com uma orquestra” (...) “Aquela poesia simples e muito direta do Waldick, e a história de vida dele... Ele foi garimpeiro, quis pegar pedras... Tanto o garimpo quanto a lavoura têm um sentindo simbólico muito interessante para mim.” O CD viria a ser considerado, pelo baterista da banda Os Titãs, Charles Gavin, como um dos 300 discos mais importantes da música brasileira. Patrícia Pillar promoveu a aceitação de um cantor popular de um gênero considerado cafona, por um pú-blico de gosto mais refinado, que antes o depreciava. Antes de Waldick ela dirigira apenas um videocli-pe, Saudade da Saudade, da cantora – e sua amiga – Eve-line Hacker. Sobre dirigir, ela faz esta avaliação: “Produzir e dirigir é uma necessidade minha. É bem forte. O papel de atriz ocupa um espaço diferente. Dirigir é uma curio-sidade minha. É muito satisfatório do ponto de vista da-quele que faz. Você se coloca ali de maneira inteira. Você ter uma idéia, juntar uma equipe bacana, ser totalmente responsável por aquilo... é muito satisfatório”. Voltar no tempo pode ser a melhor forma de com-preender o que é fazer cinema, para Patrícia Pillar. Aos 21 anos, ela sintetizou: “Cinema é lindo demais. É um trabalho de cão, para herói, é muito difícil. E você come-ça a amar aquilo de forma enlouquecida.”

E da música... “Gosto muito de ir a show, gosto muito de música”, ela me diz. Não é apenas uma frase feita. Ela gosta mes-mo. Pensou em ser cantora. Participou de musicais, no teatro. Chegou a revelar, nos anos 90, que uma de suas

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frustrações era não ter sido possível gravar um disco do espetáculo Estúdio Nagasaki, musical de que participou no início da carreira. Aos 20 anos, ela estreou na Rede Manchete como apresentadora do programa de clipes FM-TV, ao lado do músico e ator Tim Rescala. O programa divulgava as novi-dades musicais. Ia ao ar de segunda a sexta, às 7 da noite e aos sábados, às 6 e meia. Ela dizia: “Acho ótimo anun-ciar os vídeoclips, é a música interferindo outra vez na minha vida. Sou vidrada em música, estudo canto e te-nho até um violão, apesar disto não querer dizer nada.” Depois avaliaria: “Aprendi muita coisa. Foi uma experiên-cia muito boa, passar seis meses fazendo um programa diário, e mantendo contato com jovens.” E pelo gosto que tinha pela música, era possível ar-riscar que seguiria carreira. Afinal, ela própria dizia: “Mi-nha convivência com a música tem um significado muito forte para mim, tanto no campo profissional como no pessoal. Lembro do Caetano Veloso e da Dedé tomando conta de mim, bem pequenininha, e de, aos 4 anos, as-sistir a shows de Gilberto Gil.” E se casaria com o cantor, compositor e violonista Zé Renato, do grupo Boca Livre, com quem se apresentara – cantando – no espetáculo musical Estúdio Nagasaki. Mesmo não sendo cantora, Patrícia Pillar e a mú-sica sempre estiveram juntas. Foi através da música, por exemplo, que ela chegou ao filme Para Viver um Grande Amor. O amigo Vinícius Cantuária – guitarrista; percus-sionista; compositor e cantor dos sucessos Só Você e Lua e Estrela – foi quem a encaminhou para este trabalho. Depois do filme muitas portas se abriram. Quando tentei saber o seu gosto, o que ouvia sem-pre, a lista saiu naturalmente, e terminou em reticências: Arnaldo Antunes, Céu, Marisa Monte, Billie Holiday, Ju-lie London, Lenine, Oto, Carina Blur, Tulipa Ruiz, Arrigo

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Barnabé, Caetano Veloso. Radio Radio, Les Pops, Zotros, Amizade de Rua... Uma reunião de quem é consagrado e quem está começando. A música está sempre ali, nem que seja quando ela ouve os passarinhos, como já disse gostar de fazer. Está no dia-a-dia, está no trabalho. Entre os cantores e grupos que ela citou, os gêneros são diferentes, mas o que sensibiliza uma pessoa ultrapassa o estilo de quem canta e isto se depreende, inclusive, do que ela já disse sobre Waldick Soriano. Hoje, Patrícia Pillar apresenta, na TV Globo, o pro-grama musical Som Brasil. Neste mês em que é home-nageada pelo Vitória Cine-Vídeo, vai ao ar uma edição em homenagem a Zezé de Camargo e Luciano. E, como a confirmar o que me disse sobre estar atenta a novos gru-pos e cantores, entre os que cantam sucessos da dupla, neste programa, estão Carlinhos Brown, com Vivendo por Viver e a novíssima Banda Dona Joana interpretando Pare, Saudade bandida e Mentes tão bem.

Estudiosa, dedicada, incansável Tudo que já se viu nas telas e nos palcos, mostra um envolvimento sem tamanho no trabalho de Patrícia Pillar. Para compor um papel, ela sempre supera as ex-pectativas. Estuda, pesquisa, se esforça. Para desempe-nhar a sem-terra Luana, passou 20 dias ao lado de cor-tadoras de cana, bóias-frias que trabalhavam em uma fazenda em Indaiatuba, interior de São Paulo. Ela estu-da cada detalhe da composição, do jeito de andar, mo-vimentar o corpo, se vestir, até o olhar. Afixa fotos nas paredes do camarim. Para compor Luana foram as fotos de Ayrton Senna e de uma indiazinha: a atriz buscava um olhar penetrante e forte. Minuciosa e cuidadosa, quando foi filmar O Qua-

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trilho, para ter a cintura fina que o papel de Teresa exigia, emagreceu, em um mês, sob orientação médica, os cin-co quilos que ganhara durante as filmagens de O Monge e a Filha do Carrasco. “Comia três fatias de pão preto por dia. Carnes brancas, legumes e frutas.” Para divulgar o seu primeiro trabalho como direto-ra ela enfrentou muita estrada. Para ir a Caetité, cidade natal do cantor personagem do seu documentário Waldi-ck Soriano – Sempre no meu coração, ela viajou quase 12 horas. Saiu do Rio, onde mora, até Salvador. Outro vôo a levou até Vitória da Conquista. De lá enfrentou mais de quatro horas de estrada, viajando de van, a 30 km por hora, por uma estrada acidentada. Participou de uma coletiva, e acompanhou a exibi-ção aberta, na Praça da Catedral. Estava, feliz, ao lado de 6.000 pessoas, numa pré-estréia emocionante que mos-trou o documentário em uma inusitada tela redonda, afi-xada na frente da igreja. Jornadas de trabalham parecem motivar e contri-buir para um cada vez melhor desempenho dessa pessoa que denota uma grande inquietude, disposição e von-tade de trabalhar. Além de dirigir, Patrícia Pillar diz que também gosta de produzir “ver as coisas caminharem”. E cita uma entre suas experiências: co-produzir o longa--metragem Construção, da diretora Carolina Sá, que foi sua assistente no DVD do cantor Waldick Soriano. Quando começou, aos 13 anos, já era assim: in-gressou no Tablado, de Maria Clara Machado, fez cursos, na Casa de Artes de Laranjeiras. Enquanto estava ali, es-tudando teatro, trabalhou também como modelo, por dois anos, porque “no teatro não se ganha, só se gasta.” Conseguiu projeção como modelo e como manequim, mas tinha em foco uma coisa só: “Nunca passou pela mi-nha cabeça fazer daquilo profissão. Sempre tive na mi-nha cabeça a vontade de ser atriz.”

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No Teatro e na TV Se a cada trabalho, o envolvimento é total, como definir o que ela mais gosta de fazer? Talvez teatro, que hoje é o que ela menos faz, mereça o carinho maior. Afinal, foi o teatro que a trouxe até onde está. Foi onde começou. Mas até quando fala do início, Patrícia Pillar inclui o cinema e a TV: “Sempre fazia teatrinhos com a minha irmã, para a família. Curtia ver novela, ir ao cine-ma e ao teatro”. Seu propósito reúne os três gêneros. Em 1983, ela foi firme, como é sua característica, ao dizer: “Eu quero é fazer bem aquilo a que me propus. Ser uma atriz, usando todos os veículos disponíveis, de comuni-cação. Não tenho o intuito de ser uma estrela. Acho que nem sei o que é isso.” O início foi no Teatro Tablado e aconteceria ape-nas quando a família chegou ao Rio de Janeiro. A primei-ra vez que subiu ao palco tinha 15 anos. Foi na peça O Mito de Aukué. Depois ela lembraria: entrou muda e saiu calada. Fez uma peça de Maiakovski, Os Banhos, depois Jogos de Guerra, uma coletânea de textos de Arrabal, e participou da montagem de Sonhos de Uma Noite de Ve-rão. Tudo isso em 1982. Depois ela faria, em 1983, Tem pra Gente, de Faus-to Fawcet e Hamilton Vaz Pereira; em 1984, Morangos e Lunetas, de Beto e Denise Crispum, uma peça infantil que se transformou ainda em disco e livro; para, em 1985, voltar a encontrar Fausto Fawcet e Hamilton Vaz Perei-ra, nos espetáculos Amizade de Rua e Estúdio Nagasaki. Sua mais recente participação em teatro foi em A Prova, de David Aubum, em 2004. Se ela gosta de teatro, no entanto já revelou uma impaciência com os espetáculos que duram muito em cena. Sua acentuada inquietação influi nisso. O sucesso de um espetáculo que se mantém durante anos em cartaz dificilmente contaria com Patrí-

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cia Pillar no elenco, o tempo inteiro. As dificuldades para fazer teatro também são gran-des, e já foram apontadas por ela: censura econômica, a necessidade de buscar patrocínio, a reduzida quantidade de teatros. “O patrocinador só se interessa pelo espetá-culo que tem no elenco um ator global. Tem gente de pri-meira linha que não consegue um teatro para apresentar uma boa peça. (...) Sem dinheiro não se faz arte, é uma ilusão pensar o contrário.” Na televisão ela começou na novela Roque San-teiro, em 1985, quando avaliou: “Está dando para fazer um trabalho de criação ótimo. Para mim, é essencial fa-zer uma coisa que eu respeite. Essa novela é uma coisa madura, não é discussão de classe média. As tramas, as situações são completamente diferentes daquilo que as novelas que estão no ar mostram. Elas estão superficiais e Roque mostra uma coisa nova, rica e moderna.” O envolvimento com televisão cresceria progres-sivamente, mas Patrícia Pillar conseguiu escolher os pa-péis que iria desempenhar. “Estar fazendo TV é uma coi-sa e trabalhar em TV é diferente. Estou ali porque gosto, não é para mostrar para os amigos.” Dessa maneira ela se explicava e revelava o segredo que lhe permitiu fa-zer escolhas. Correu riscos, mas desempenhou os papéis em que acreditou. Era categórica quando dizia não estar com pressa; não escondia que às vezes ficava ansiosa; mostrava noção de limite ao dizer que não tinha a obri-gação de ser genial. Muitas vezes Patrícia Pillar se viu envolvida em de-safios. No início se esforçava para multiplicar a sua pre-sença. Cansa só pensar em como ela se dividia. Estava no teatro, estava na televisão, tentava fazer um terceiro trabalho. Sem perder o controle: “Não se pode abdicar de nada. O ator tem é que conquistar espaços, lutar para conseguir vencer seus limites, suas barreiras.”

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A paixão pelo que faz e a maneira como se dedica a tudo tem marcado seu desempenha. De passagem por Vitória, em julho de 1985, ela contou: “Nas gravações eu fico super atenta, porque quero acertar. Fico vendo com carinho, admirando a interpretação de um Lima Duarte, de um Ary Fontoura, de um Paulo Gracindo, de uma Re-gina Duarte. Acho que sou uma privilegiada por estar fa-zendo o que gosto.” Já foram 20 papéis diferentes, excelentes desem-penhos na TV. Papéis que lhe mostraram que cada perso-nagem é uma verdadeira transformação – “a gente não volta mais a ser o que era antes” – entre esses, uma fo-tógrafa mal-sucedida; uma empregada que trabalhou a vida inteira na casa do pai, que morreu sem reconhecê--la; a noiva de um psicopata; a bóia-fria que perdeu a memória quando criança e se apaixonou por um fazen-deiro; a médica que não dava sorte quando tentava arru-mar namorado; a jovem bonita, sofisticada e romântica rejeitada pelo noivo. O que fazer para representar bem todas essas pessoas? O crescimento e aperfeiçoamento como atriz veio aos poucos. Não existe uma escola em que você entra de manhã e saia no final da tarde e tenha tudo o que precisa para ser ator. Acaba sendo um processo individu-al, você faz as coisas de acordo com suas necessidades. É um processo de escolha. As palavras não são minhas, mas da própria atriz, que explica a sua trajetória quando diz: “Para mim, o meu caminho, foi ver onde estavam os meus interesses. Sempre gostei de música, aí estudei teoria, estudo canto. Fiz curso com Rubens Correa, que é um cara que admiro bastante. Fiz curso com Aderbal Jú-nior, um diretor que acho muito intrigante, uma pessoa muito inquieta. Fiz curso de dança e expressão com Ju-liana Carneiro, que é uma pessoa incrível. Com o tempo fui tendo uma visão do que é ser uma artista.”

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Fazer televisão exige mais que trabalhar, se dedi-car, ela ensina: “Eu gosto muito de televisão e acho que você tem que ter certo cuidado com a crítica, com o su-cesso fácil. Para mim a televisão tem a função de me fa-zer experimentar coisas, ter novas experiências, não vi-rar um personagem.”

Personalidade fulgurante Inteligente, carismática, fulgurante: assim Patrícia Pillar é vista pelo público masculino. Linda, sensível, óti-ma atriz, ecoa o público feminino. Corajosa, disciplinada, é como é homenageada pelos diretores com que já tra-balhou. O resultado é que ela vive uma condição rara, que todos almejam: só interpreta os papéis que deseja. E sobre isso ela diz: “Prefiro fazer mulheres fortes. Não gosto de fazer a coitadinha, pois é um tipo de persona-gem que não oferece muito.” Na vida longe dos holofotes não é muito diferen-te. Cerca de uma década atrás ela disse: “Eu gosto do homem que abre a porta do carro, tem essas pequenas atenções, mas acho que a mulher não precisa ser sub-missa, nem deve depender financeiramente do homem. A mulher precisa desse lado, mas sem deixar de ser femi-nina.” Durante a entrevista falamos sobre a admiração que ela desperta no público masculino. Ela não nega sa-ber que tem um fã clube muito grande, entre os homens. Citei Luís Fernando Veríssimo. Ela diz que a recíproca é verdadeira. Também o acompanha e admira muito. Mas Veríssimo é apenas um na multidão. Delicados e reveren-tes comentários somam-se a outros, não tão elegantes, como o exaltado texto publicado no Segundo Caderno de O Globo, em 1992, que a apresentava como “favorita para embalar fetiches masculinos”. Em 1996, o Jornal do

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Brasil, publicou: “Balzaqueana que se preza e se impõe como atriz, ela explode profissionalmente e comemora o status pessoal de mulher descasada, cobiçada, solitária, mas feliz.” Ainda em 96 o mesmo JB a apresentava, com igual admiração, como “a musa do novo cinema brasilei-ro, que conquistou sucesso e credibilidade na profissão sem abrir de beleza e sensualidade.” Admiração ainda maior ela desperta entre os ami-gos, colegas de trabalho e colaboradores. Vega Ripper, fiel escudeira, discreta, destaca o crescimento profissio-nal e pessoal, sem falar na chance de poder trabalhar com a atriz, e o grande aprendizado que isto significa. Ela resume: “Adoro trabalhar com Patrícia.” Ary Fontoura, admirador extremado, diz: “Sinceramente, queria ter o privilégio de ser seu único amigo.” A beleza de Patrícia Pillar é inquestionável, mas a maneira firme como se posiciona sobre todas as coisas bastaria para explicar a admiração que todos sentem por ela. A esta firmeza somam-se delicadeza e um gosto es-pecial por música e literatura. Enquanto conversávamos, ela olha casualmente para o meu bloco de anotações e percebe a ponta de um marca-páginas em que aparece meio perfil de um homem de óculos, bigode e suíças. Ela o identifica ime-diatamente: “Olha o Machado. Machado de Assis é um dos escritores que admiro.” E acrescenta outros: Eça de Queiróz (o filme Amor & Cia é baseado em obra dele), Rubem Fonseca, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Paul Auster, Kasuo Ishiguro e Sándor Márai, o escritor húngaro que se sentiu tão fortemente arrebata-do por Os Sertões, de Euclides da Cunha, que escreveu, em 1960, Veredicto em Canudos, romance ambientado no sertão baiano de Antônio Conselheiro. Ela é, também, uma grande leitora de poesia e destaca Paulo Leminski, Fernando Pessoa e Adélia Prado.

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O gosto pela leitura pode ter influído na sua vonta-de de escrever roteiros, contos e poesias. Ela é uma das roteiristas de Waldick, sempre no meu coração. Um balanço das notícias publicadas ao longo de sua carreira havia me mostrado que é com segurança e desenvoltura que Patrícia Pillar se pronuncia também so-bre política. Pergunto sobre isso, e sobre a situação do país e ela se põe na defensiva, pouco à vontade, talvez temendo um “fale sobre a atuação do político Ciro Go-mes”. Definitiva, me responde: “Sou uma artista, perce-bo as coisas, mas não me sinto nem na obrigação nem na vontade de falar toda hora sobre o assunto. Às vezes não tem nem utilidade falar.” Jovem, ela era enfática quando se tratava de po-lítica. Aos 22 anos, revelava clara posição – nenhuma simpatia – em relação a dois nomes que, naquele início dos anos 80, capitalizavam as atenções no meio político: Ronald Reagan e Delfim Netto. Em 1989 ela não escondeu que Mário Covas era seu candidato e se posicionou duramente: “(...) São pou-cos os políticos sinceros. Acho que o povo não deveria engolir um discurso falso, como o que está no horário eleitoral. É necessário buscar outras fontes de informa-ção. Todo mundo sabe que o Collor não vai fazer reforma agrária. Todo mundo sabe que o Afif não participou da Constituinte, não foi lá nem pra votar. Que interesse um cara desses tem por nós? E vai ele para a televisão, fala um monte de coisas e o povo acredita. Não vejo um cara desses no Governo. É o fim da picada, depois de tanto tempo de ditadura, que as pessoas fiquem ouvindo esta gente e ainda acreditem neles.” E pouco depois da disputa eleitoral de 1998, que poderia ter levado o marido Ciro Gomes à presidência da República ela, questionada sobre a campanha, res-pondeu: “Viajei muito, conheci muita coisa do Brasil que

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até então não conhecia, enfim, acho que eu amadure-ci muito este ano, então esse momento é pra descan-sar um pouco, cuidar do meu bem-estar, fazer ginástica, me alimentar bem, ir ao cinema, ao teatro, estar com os amigos, estar com o Ciro, curtir mesmo a vida relaxada-mente.” Ela tem certezas, acima de tudo sobre a função da TV e a contribuição do ator: “É preciso parar para pensar no que se tem feito, na nossa responsabilidade. E o ator pode contribuir sendo responsável com o trabalho, dan-do o melhor que pode.” Mas há outro tema de que Patrícia Pillar já tratou com igual desenvoltura. O futebol, também este um as-sunto predominantemente masculino. Longe de causar estranheza isto só reforça o fã-clube da atriz. Ela gosta de futebol e conhece futebol. Demonstrou na véspera do jogo Brasil x Escócia pela Copa do Mundo, em junho de 1998, quando comen-tou: “Adoro futebol. Vou torcer que nem uma louca. Vou colocar uma bandeira do Brasil na janela e tirar da gaveta a minha camisa da seleção.” E completou apontando as falhas da equipe montada por Zagallo: “É o time mais ir-regular que já vi. Ainda não vi uma equipe, mas um ban-do de 11 jogadores num campo, dando passes errados, sem paixão pela camisa, sem garra e jogando de salto alto.” Antes, em abril do mesmo ano, falando do jogo Brasil Argentina, no Maracanã, ela já se aborrecera: “Do jeito que está, a gente volta para casa mais cedo. Deu uma tristeza danada ver o Romário voltando contundido. Talvez desse tempo para ele se recuperar. Ele é um dos poucos que tem brilho, alegria e garra.” Resumindo, é uma torcedora fanática. Flamenguis-ta, houve um tempo em que não perdia uma partida do seu time, xingava o juiz, reclamava dos jogadores. Uma freqüentadora assídua das arquibancadas do Maracanã,

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que se definiu assim: “Adoro futebol. Para mim é uma arte. Mas gosto do futebol bem jogado”.

Cinderela Alta, esguia, 1m70 e 56 quilos, cabelos louros e ca-cheados, Patrícia Pillar encanta todos aqueles que dela se acercam e com ela trabalham. Tanto por ser uma ex-celente e dedicada atriz, quanto pela simpatia. Mas tam-bém pela sua incontestável beleza. Uma beleza que veio com o tempo. Embora fotos mostrem que não era bem assim, ela própria já apresentou um quadro desanima-dor sobre sua aparência, quando criança. Era “magricela, ossuda, míope, com aparelho nos dentes”. Cresceu e não viu progressos: tomava chá de cadeira nos bailes. Fez gi-nástica e dança. Exercícios aeróbicos, step, peso, bastão. Sem estar preocupada com a beleza nem com a busca da eterna juventude, mas com a saúde. Ponderou: “Lu-tar contra o tempo é batalha perdida. É preciso aceitar o tempo.” Como num conto de fadas, hoje até a miopia de 3 graus e meio lhe confere certo charme. E ela gosta de se sentir livre para sair às ruas de óculos e cabelo preso. Filha de mãe baiana, Luci Gadelha, e de um cario-ca, o oficial da marinha Nuno Pillar, ela nasceu três me-ses antes do golpe militar de 1964. Cresceu numa família muito unida, onde as mulheres eram maioria. Já adulta ela apontaria a família como sua fonte de energia. Ressal-taria a grande cumplicidade entre todos, especialmente entre as mulheres: “O time da minha família é muito for-te. Elas sempre me passam essa energia positiva. Sei que posso contar com elas, e isso me deixa feliz.” Uma família unida e uma vida um tanto quanto errante. Sendo seu pai militar, foram muitas as mudan-ças de cidade. Moraram em vários lugares: Brasília, onde Patrícia nasceu, Santos, Vitória, Rio de Janeiro...

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Aqui em Vitória ela morou na Praia do Canto, ali no cantinho mais próximo da Pedra do Cruzeiro, na casa que por muitos anos pertenceu à Capitania dos Portos, quase na esquina da antiga Rua Colatina. A casa continua lá, do mesmo jeito. Não foi vencida pela especulação imobiliá-ria, embora não pertença mais à Marinha. Aqui ela ficou apenas dois anos, mas guarda nítidas lembranças. Não apenas de Vitória, mas também de Vila Velha e Guarapa-ri. A casa vizinha, onde ela brincava com as amiguinhas Elina e Hélia não existe mais, hoje é um edificio, mas na sua memória ela está lá, do mesmo jeito. Os antigos vizinhos – aqueles mais próximos – não moram mais na mesma rua. Edifícios tomam conta das casas, mas alguns velhos moradores, como o fotógrafo Magid Saad, 90 anos, ainda se lembram de Nuno Mar-ques Pillar, o Capitão dos Portos que de 1º de abril de 1969 a 31 de março de 1971 coordenou a navegação mercante no litoral do Espírito Santo, e de sua família. Se a convivência tivesse sido mais próxima, ele saberia que a filha loirinha do capitão Nuno, um tanto calada, era também uma criança que dava trabalho na hora das refeições: não gostava muito de comida, a não ser batata frita e clara de ovo. Também isso mudou. Hoje sua alimentação tem arroz integral como base. E sabe cozinhar. Considera-se inclusive, uma boa cozinheira, que dá show com a sua seleção de molhos: de salmão, de gorgonzola, ou com alho, tomate, azeito-nas, manjericão e alcaparras.

Extrovertida aos 22 – reservada aos 40 Na extroversão dos 22 anos, Patrícia Pillar aceitou atender a curiosidade da coluna Perfil do Consumidor, do Jornal do Brasil, e revelou segredos hoje inconfessáveis: seu xampú (vários), seu perfume (loção infantil do Boti-cário, “quadradinha, com tampa de madeira”), sua pasta

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de dentes (Crest), seu cigarro (Carlton, mas havia parado de fumar). Não gostava de sair de casa para comprar rou-pas, nunca havia feito análise, nunca havia viajado para o exterior e ansiava por conhecer duas cidades: Nova Ior-que e Paris. E dois países: Itália e Cuba. O sonho de consumo, havia acabado de realizar: comprara um apartamento na Gávea, onde, numa gela-deira Brastemp, tinha sempre leite, frutas, iogurte e tor-ta de chocolate. Diversão, em casa, era ver, na televisão Panacolor National, a novela Sinhá Moça, jornais, pro-gramas de entrevistas e o Vídeo-show. Estava fascinada pelo disco-laser, que considerava um objeto futurista. Implacável nas suas avaliações, ela considera-va cafonas os sapatos com salto. Praticava dança e fa-zia ginástica. Optava por batons clarinhos. Maquiagem e cosméticos, só aqueles assinados pelo maquiador das estrelas (de estrelas mesmo, de Vivien Leigh a Tonia Car-rero), Eriç Rzepecki. Um tributo à qualidade dos produ-tos, mas também à história de vida do cadete polonês radicado no Brasil, voluntário na Segunda Guerra Mun-dial que passou três anos nos campos de concentração da Alemanha, fugiu em 1943, e em 1946 foi trazido para o nosso país (pelo diplomata e ativista cultural Paschoal Carlos Magno) e aqui passou pela Cinédia, Atlântida e Vera Cruz, e pelas TVs Rio, Tupi, Excelsior e Globo. Patrícia já era exigente com aquilo que lia: “Não gosto de best-sellers. Prefiro aqueles livros que nunca es-tão na vitrine, ficam metidos no cantinho da estante.” Charmosamente, pontuava algumas frases com um ‘sou louca por’: “Sou louca por Hitchcock.” Flamen-guista, também se dizia “louca pelo Zico”. Falando em música, o então marido José Renato (ex-vocalista do gru-po Boca Livre) vinha na frente, mas disputava com Sting um páreo duro: “Sou louca por ele. Leio tudo, escuto dis-cos, vejo vídeos...”. No aparelho de som da casa, também

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ouvia muito os cantores, baianos como a sua mãe, e mui-to próximos da família, Caetano e Gilberto Gil. Está longe o tempo em que ela fazia todas essas revelações. Quando, doze anos atrás, em setembro de 1999, o jornal O Dia tentou conversar sobre sua vida pes-soal, trazendo à conversa uma reportagem que revelara com detalhes seu romance com o então candidato Ciro Gomes, hoje seu marido, ela não pestanejou: “Acho um absurdo essa invasão de privacidade. Não entendo como os leitores se interessam por esse tipo de coisa. Mas sei que há muitos artistas que têm culpa disto, pois gostam de se expor. Se cada pessoa estivesse mais feliz com sua ida, não ia ficar prestando atenção na dos outros.” Hoje é difícil dizer se continua gostando de um bom vinho, mas como ela não esconde que leva uma vida saudável, água de coco e suco certamente fazem parte da sua dieta. Ainda freqüentaria o Restaurante Garden e a Academia da Cachaça? Ao Perfil do Consumi-dor revelou que batia ponto nos dois lugares. Na Acade-mia, por dois motivos: “Lá tem uma cachaça azuladinha e um prato chamado Arrumadinho, que são deliciosos”. A cachaça azuladinha devia ser a lendária Tiquira, do Ma-ranhão, que exige um curioso cuidado, nas primeiras ho-ras após ser consumida: não tomar banho, sob risco de coma alcoólico. “Praticamente cadeira cativa do restau-rante Garden”, em Ipanema, bem no início da carreira, apontou como preferido um prato leve, o linguado à bel-le meunière: “Quando chego lá é só sentar, não preciso nem pedir”. Discretíssima, o que pode manter distante dos re-fletores, ela mantém. Vez por outra um trabalho revela a sua beleza e um lado mais íntimo: aos 44 anos, em 2008, por exemplo, ela foi garota-propaganda da Amsterdam Sauer em uma belíssima campanha. Envolta em pérolas,

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ela poderia estar interpretando, no entanto, parecia bem mais próxima que num filme ou numa novela. Uma pro-ximidade ilusória, mas não para os fãs. Hoje, quando ela é fotografada e mostrada entrando numa livraria, cami-nhando numa calçada, é como se, momentaneamente, fizesse parte de nossas vidas, e isto, para aqueles que a admiram, é o máximo. Se Patrícia tem falado pouco sobre sua vida pes-soal, deixa entrever o que pensa nos comentários que faz sobre personagens. Quando interpretava a Dra Cristi-na Brandão, do seriado Mulher, por exemplo: “Estamos usando a TV para falar de temas sérios, que interessam às mulheres. É bom saber que estou fazendo uma coisa útil.” Ou: “Faço muito pouco para manter a forma, não tenho tendência para engordar.” O sucesso, que no início não a assustava, ganhou contornos diferentes, passou a exigir maior reserva, para evitar a super exposição. De qualquer forma, des-de muito cedo ela demonstrou maturidade ao analisar o tema. Tinha apenas 19 anos, quando disse: “Acho que é um processo natural esta coisa de ser reconhecido pelas pessoas na rua. Deve ser mais difícil para um Djavan, um Caetano Veloso ou, então, a diva Fernanda Montenegro. Sinto que me olham de outra forma, me reconhecem, mas eu também me toco com as outras pessoas e acabo até podendo conhecer alguém interessante.”

Companheira Patrícia Pillar é inquieta. E, embora tenha dito, em diferentes ocasiões, que gosta de estar em casa, como uma pessoa normal, também gosta de caminhar, de sair. Nos últimos anos ela é vista sempre ao lado do marido. Sucesso absoluto no cinema e televisão – atualmente não tem atuado no teatro – cada passo seu, fora de casa, é registrado. Um breve balanço, de memória, só relativo

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a 2011, mostra o companheirismo que os une. No dia 27 de janeiro visitou, ao lado do marido, o humorista Chico Anísio, que se recuperava no Hospital Samaritano. Em maio foram juntos às compras, no Shopping Fashion Mall. Em setembro, no dia 29, estavam juntos na estréia do documentário O mineiro e o queijo, no Cine Arteplex, na Praia de Botafogo. Sobre essa união e o momento de equilíbrio que vive há alguns anos, ela já disse: “A impressão que me dá é de que conquistei um pouco mais de harmonia”. Agora acredita ter aprendido a dividir o tempo com equilíbrio, e busca “ter mais momentos para compartilhar”, apro-veitar a vida, as pessoas, os melhores amigos, e o mari-do, que ela já definiu como sensível, delicado e forte. Também o definiu como uma mulher comum defi-niria o seu marido: “Ele é o homem que eu amo”. A pre-sença constante de Ciro Gomes ao seu lado repercute em revistas, blogs, jornais e canais de televisão, e mostram uma recíproca absolutamente verdadeira. Ele está sem-pre ao seu lado, em todas as ocasiões: das sessões de ci-nemas e shows aos momentos difíceis como quando ela enfrentou cirurgias. A dedicação comoveu o público da atriz. Hoje, os caçadores de autógrafos caminham aten-tos na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, em shoppings da Gávea, Leblon e São Conrado certos de que, se a atriz estiver ali, sairão com duas assinaturas para a coleção. Morando no Rio, ela pode lembrar o que disse um dia: “Tem gente que acha que sua felicidade está em Nova Iorque; que morando lá pode se realizar. Ou que, quando chegar ao Japão estará bem. Eu, não. Quero ser feliz agora, aproveitar o momento. Não projeto nada para depois.” Uma das melhores e mais premiadas atrizes brasi-leiras de todos os tempos, ela não gosta de clima festivo,

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e sempre esteve certa de que ninguém vira alguma coisa de repente. “Eu comecei a carreira não sabendo nada. Na minha primeira peça, há dez anos, entrei muda e saí calada. Hoje já posso dizer que sei alguma coisa, mas isso foi fruto de uma carreira lenta em que fui apren-dendo a cada novo trabalho.” Considera, acima de tudo, o reconhecimento na profissão. Diz que ser ator é uma loucura: “A gen-te questiona, se mata, é muito sério. E é também uma brincadeira e nessa brincadeira a gente vai descobrindo as coisas.” O seu modo de viver contempla o trabalho e as pessoas comuns: “Tento, do modo que posso, melhorar a vida para mim e para as outras pessoas, sendo útil, sendo sincera. Eu não quero passar a vida em branco. Acho que a vida é uma só e tudo pode acontecer. A gen-te tem que melhorar o que puder aqui e agora, na rela-ção com as pessoas.”

Sandra Medeiros(Editora da Revista Ímã)

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As opiniões de Patrícia Pillar foram expressas du-rante entrevista exclusiva, mas também ao longo de sua carreira, a jornais e revistas de circulação nacional. As opi-niões a seguir foram extraídas de jornais como O Globo, A Gazeta, O Dia, Jornal do Brasil. E, entre outras, as revista Amiga e Revista da TV.

Sobre o início da carreira“Sempre fui abusada. Há anos faço o que acredito. O ator deve ter uma conduta diante da vida. O que diz nos jornais, como encaminha entrevistas, em que programas vai. Tudo isso é uma forma de respeito pela sua profissão.”

Sobre programas de televisão“Fico constrangida com a sucessão de mau gosto dos reallity shows.”

Sobre o sucesso“Aonde você chega é tratado com certa deferência. Todo artista tem receio de perder este carinho.”

Sobre televisão“Eu gosto muito de televisão e acho que você tem que ter um certo cuidado com a crítica, com o sucesso fácil. Para

o pensamento

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mim a televisão tem a função de me fazer experimentar coisas, ter novas experiências, não virar um personagem.”

Sobre a internet“Acho a internet maravilhosa por mil razões. A internet tira o controle e o poder da mão de três ou quatro pessoas. É um fenômeno muito rico.”

Sobre novelas“Vejo novelas raríssimas vezes.”

Sobre ser atriz“Não gosto de badalação e não vivo o que chamam de vida de estrela. Não vivo numa banheira de espuma.”

Sobre a própria atuação, na novela A Favorita“Estou muito feliz por receber o apoio e o carinho do público, mesmo interpretando uma vilã. E tive a sorte de trabalhar com pessoas que admiro, e que me ensinaram muita coisa. Olho para trás e vejo o quanto aprendi e como me orgulho de ter compartilhado alguns momentos com esses companheiros.”

Sobre ser diretora de filmes“Não sou uma diretora de carreira, sou atriz.”

Sobre o cantor Waldick Soriano“Vi um homem desamparado. Foi o que me fascinou de cara.”

Sobre a batalha contra o câncer, que venceu“É surpreendente a força que você encontra dentro de você quando surge o imponderável. Estava impotente diante dos acontecimentos. Acho que essa força surge de uma certa resignação, de não sentir revolta. Aconteceu.

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É um fato. Na hora do aperto, converso um pouco mais com Deus para sentir que existe proteção e que há um sentido maior para as coisas. Também não gasto muito tempo pensando se o câncer vai voltar.”

Sobre dirigir Waldick Soriano, em um documentário“Não sou uma pessoa invasiva. Tive dificuldade de rom-per certas barreiras que ele impunha. Era um cara muito gentil, mas ao mesmo tempo reticente. Foi uma dança de delicadezas. O bruto se mostrou um homem delicadíssi-mo. Surgiu dali uma amizade baseada na consideração.”

Sobre sua profissão“Consegui, com, a profissão de atriz, juntar autoconhe-cimento com o conhecimento das pessoas, do mundo, enfim, trabalhar com a emoção, que é o mais importante.”

Sobre a música, em 1987“Amo a música e o espacinho que tiver a gente canta mesmo, mas é apenas uma extensão para o meu universo de atriz.”

Sobre ela própria, em 1989“Eu tenho 25 anos e sou Capricórnio com ascendente em Libra. O Capricórnio dizem que é muito racional, mas eu sou mais intuitiva. Eu tenho muitos projetos, mas sou uma pessoa muito simples. Felicidade para mim são os pequenos momentos. Eu gosto da natureza, dos amigos, das pessoas, e acho que isto é o principal. Tenho uma vida muito tranqüila. Preciso muito do meu trabalho e tenho que me sentir crescendo, me desenvolvendo como artista. Não posso me sentir estagnada.”

Sobre a campanha de Ciro Gomes à presidência“Eu sabia que ia ser barra pesada, sabia que o governo do

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Ciro seria realmente um governo de mudança estrutural. Iria tirar o privilégio de muita gente que ganha com a po-breza dos outros, mas eu nunca pensei que fosse passar tanto dos limites do que eu acharia razoável, então eu vi muita coisa que me deixou realmente chocada, perplexa e com isso eu aprendi muito sobre a falta de limite das pessoas, limites éticos e morais. Foi muito chocante pra mim, mas ao mesmo tempo muito enriquecedor, e eu fiz o que eu estava acreditando e fiz certo, então faria tudo novamente, e isso me dá uma sensação boa.”

Sobre a situação do país logo após as eleições perdidas por Ciro Gomes“Você vê toda a infraestrutura das estradas, da saúde, da energia - o apagão que foi um colapso de energia por falta de planejamento - de previsão mesmo das coisas. Houve um retrocesso grande em muitas coisas e ao mesmo tem-po, nós temos pouco dinheiro pra investir.”

Sobre o poder“O poder é uma coisa muito séria e envolve muitos in-teresses, envolve muito dinheiro, mesmo, muita gente importante, o tal do sistema.”

Sobre beleza“Tendo consciência do seu rosto e do seu corpo, do seu jeito de ser e onde mora, seu prazer e sua felicidade, você tem como realçar suas qualidades e tentar esconder os seus defeitos. Na maquiagem, por exemplo, eu sei que tenho o nariz mais grosso na ponta, então tento disfarçar.”

Sobre cuidados com o corpo“Eu vario muito. Por exemplo, eu não tenho perfume, eu gosto de variar, e vario em tudo: em xampús, cremes, etc. Mas eu gosto de terminar o banho e passar um óleo

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bem fraquinho, pois minha pele é seca. Mas eu vario. Eu uso um óleo à base de gergelim, pós-banho. Não existe um produto, eu vou descobrindo. Você me diz uma coisa, outra pessoa me diz outra. E eu vou experimentando e assim variando. Eu gosto de alguns produtos da Dermatus, de O Boticário, da Lubriderm, etc.”

Sobre ela mesma“Eu acho que eu sou uma pessoa amiga, eu gosto e me interesso por gente, acho bonito cada um ser do seu pró-prio jeito. Eu sou uma estudiosa de mim mesma, gosto de tanta coisa, gosto de dar afeto, de me relacionar com as pessoas de uma maneira generosa, gosto de ser ver-dadeira e de ser quem eu sou.”

Sobre moda“O que eu quero é o que é bonito, independente de estar na moda ou não. Eu não gosto de uma coisa: agora todo mundo de cor de abóbora, porque abóbora está na moda. Eu não gosto muito disso. Eu gosto da moda, gosto de perceber as tendências e a evolução da moda, mas acho que cada pessoa deve procurar dentro de si próprio o que deve pegar, sempre filtrar com sua personalidade, pois não adianta você copiar uma idéia e ficar uma coisa esdrúxula, que não tem nada a ver com você.”

Sobre cigarro, em 2001“Depois de ter parado de fumar por 10anos, voltei a ter este hábito quando fiz o filme O Quatrilho (1995). Mas parei radicalmente há dois anos. Não tenho vontade de voltar a ser fumante.”

Sobre trabalhar com atores consagrados“Quando eu comecei Roque Santeiro foi um baque. Um elenco com grandes astros como Lima Duarte, Regina Du-

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arte, pessoas que eu realmente admirava muito. A partir dali, tudo ficou mais fácil. Em Brega e Chique, com Marília Pera, que é o meu maior mito... Hoje sinto que cedi muito do meu espaço para ela. Isto, que foi uma coisa de carinho, de amor, tem outro lado que não é legal para mim como atriz. Eu tive uma relação legal com ela. Achava que ela era demais, que tinha que brilhar, quando, na verdade, tem que haver uma troca artística com aquela pessoa.”

Sobre se desdobrar no trabalho, em 1985“Não se pode abdicar de nada. O ator tem é que conquis-tar espaços, lutar para conseguir vencer os seus limites, suas barreiras.”

Sobre se desdobrar no trabalho, ainda em 1985“As gravações me prendem muito. Acho muito difícil con-ciliar mais de um trabalho. Gosto muito de novela. Só não gosto de fazer uma atrás da outra.”

Sobre drogas“Eu gosto do meu estado natural. De vez em quando bebo um vinhozinho, um licor, mas não tenho vontade de sair do meu estado de sobriedade. Já experimentei maconha, mas droga pesada, como cocaína e crack, me assusta muito. São muito destrutivas”

Sobre estudar, em 1989“Fiz vestibular, entrei para a Faculdade de Comunicação. (...) Fazia faculdade e achava chatérrimo, porque o ensino no Brasil era péssimo e está pior ainda agora. (...) Tive que optar pelo teatro ou pela faculdade. Foi então que percebi que teatro era aquilo que eu queria.”

Sobre dirigir e atuar“Eu adoro trabalhar como atriz mas, quantas vezes já dei

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meus palpites em diversos trabalhos em que participei exatamente como eu queria, mas sempre prevaleceu a opinião do diretor. O filme não era meu, a novela não era minha, a peça não era minha, nesse sentido, sabe? Eu fi-cava pensando: “Puxa, podia ser daquela maneira”. Tinha um limite na minha influencia ali. Eu tinha um ponto de vista, mas que não podia ser testado completamente. O trabalho de diretora é muito duro porque é muito solitário, mas ao mesmo tempo é prazeroso.”

Sobre posar nua, em 1998“Nunca posaria nua. O dinheiro do meu trabalho me sus-tenta. O dinheiro que tenho me satisfaz. Não gosto de me sentir exposta.”

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Ary Fontoura, ator“Tem requintes de egoísmo minha amizade com Patrícia Pillar! Sinceramente, queria ter o privilégio de ser seu úni-co amigo. Assim usufruiria sozinho do seu extraordinário exemplo de amor à Vida; do respeito que ela tem pelo seu próximo; do profissionalismo com que encara sua profissão e tantas e tantas virtudes que, desejava, fossem unicamente minhas! Mas, reconheço, não pode ser assim! Em nome da razão tenho que dividi-la com os incontáveis admiradores que ela, mui justamente, possui. Mas isso não me impede de, num arroubo de fã de carteirinha, declarar meu grande amor pela excelente pessoa e maravilhosa atriz. Muitos beijos do seu, Ary Fontoura.”

Mariza Leão, diretora e produtora de cinema “Sempre admirei o trabalho de Patrícia Pillar, uma atriz sin-gular no cinema e na televisão. Demoramos muito a cruzar nossos caminhos pessoais e profissionais. Foi no final dos anos 90 que começamos a estabelecer uma relação mais profunda, que extrapolou os limites do nosso ofício para se tornar uma amizade que a torna uma irmã querida. Ao longo desses anos, acompanhei de perto algumas de suas extraordinárias atuações no cinema, com destaque absoluto para sua interpretação de Zuzu Angel. Posterior-

sobre ela

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mente me surpreendi quando ela me convidou para produzir um clipe que iria dirigir – Saudade da Saudade – da cantora Eveline Hacker. Ali descortinou-se para mim sua habilidade e talento na direção. Não me surpreendi. Tudo que Patrícia faz tem uma marca de pessoalidade e humanidade que a distingue sempre. Mais tarde, empreendemos juntas o projeto Waldick: a produção de um show, de um DVD e de um filme lindo, Waldick – Sempre no meu Coração. Essa experiência, que durou quase três anos, revelou-me o que já intuía: Patrícia Pillar pode mergulhar em quantos oceanos quiser, pois seu fôlego é infinito. Com ela, fico como uma criança que quer mais o tempo todo: mais filmes, mais tardes e noites de intimidade, mais tempo.”

Eva Wilma, atriz “Sempre admirei o talento da atriz Patrícia Pillar. E quando tivemos a oportunidade de contracenar, durante dois anos, no seriado Mulher, passei a usufruir da amizade incondicional dela. Foi uma amizade recíproca, carinhosa e extremamente gratificante. E que perdura até hoje. Patrícia é merecedora da homenagem que está recebendo, dos aplausos do público. Parabéns, Patrícia, querida! Conte com o meu afeto e minha admiração, para sempre.”

Ciro Gomes, seu marido, na época de A Favorita, em 2008 “O Brasil odeia a Flora. Mas a Patrícia na vida real é um doce e está brilhante no papel. Até ela se surpreende com seu desempenho. Patrícia vive uma fase profissional ótima.”

João Emanuel Carneiro, autor da novela A Favorita “É muito bom quando o ator vai além do que está escrito e encontra a alma de um personagem. Patrícia tornou Flora tão palpável que dá arrepios.”

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Luiz Fernando Carvalho, diretor de novela “Sugeri que Patrícia fosse morar algumas semanas com os sem-terra para compor Luana em O Rei do Gado. Voltou trazendo uma profunda emoção. Não é apenas uma atriz, mas alguém que sempre primou pela reflexão no que faz.”

Marco Nanini, ator “Patrícia tem o fôlego de cavar coisas. Fora o seu talento.”

Fábio Barreto, diretor do filme O Quatrilho “É uma das melhores atrizes brasileras.”

Antônio Fagundes, sobre ela em O Rei do Gado “Ela estava perfeita. Não me surpreendeu. Patrícia só teve melhor oportunidade de apresentar todo seu talento e char-me num papel complexo.”

José Renato, músico, com quem ela foi casada 10 anos “Nossa ligação é para o resto da vida. Hoje cada um tem sua família, seu trabalho, mas somos muito amigos. Ela é generosa, uma lição de vida.”

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Jogos de GuerraAutor: Bertold Brecht e Fernando ArrabalDireção: Cláudio Torres GonzagaData: 1982

Sonhos de uma Noite de VerãoAutor: William ShakespeareDireção: Marco Antônio PalmeiraData: 1982

Tem pra GenteAutor: Fausto Fawcet e Hamilton Vaz PereiraDireção: Hamilton Vaz PereiraData: 1983

Morangos e LunetasAutor: Beto e Denise CrispumDireção:Beto CrispumData: 1984

Amizade de RuaAutor: Fausto Fawcet e Hamilton Vaz PereiraDireção: Hamilton Vaz PereiraData: 1985

teatro

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Estúdio NagasakiAutor: Fausto Fawcet e Hamilton Vaz PereiraDireção: Hamilton Vaz PereiraData: 1986

O Lobo de RaybanAutor: Renato BorguiDireção: José Possi NetoData: 1988

O MáximoAutor: Charles BaudelaireDireção: F. Nietzche e Hamilton Vaz PereiraData: 1989

Prima RoxanaAutor: Alexandre MachadoDireção: José LavigneData: 1991

A ProvaAutor: David AubumDireção: Aderbal Freire FilhoData: 2004

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Para Viver um Grande AmorPersonagem: Menina RicaDireção: Miguel Faria Jr.Data: 1984

FestaPersonagem: Jogadora de SinucaDireção: Ugo GeorgettiData: 1986

L’AbraccioPersonagem: Direção: Armando MannData: 1988

A Maldição de SanpakuPersonagem: CrisDireção: José JoffilyData: 1990

O Menino Maluquinho - O FilmePersonagem: Mãe

cinema

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Direção: Helvécio RattonData: 1994

O Monge e a Filha do CarrascoPersonagem: AmulaDireção: Walter Lima Jr.Data: 1994

O QuatrilhoPersonagem: TeresaDireção: Fábio BarretoData: 1995

O Noviço RebeldePersonagem: Maria do CéuDireção: Tizuka YamazakiData: 1997

Amor & CiaPersonagem: LudovinaDireção: Helvécio RattonData: 1998

O Casamento de IaraPersonagem: IaraDireção: Helvécio RattonData: 2005

Se Eu Fosse VocêPersonagem: Dra CrisDireção: Daniel FilhoData: 2006

Zuzu AngelPersonagem: Zuzu

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Direção: Sérgio RezendeData: 2006

Pequenas HistóriasPersonagem: IaraDireção: Helvécio RattonData: 2008

Waldick - Sempre no meu CoraçãoDireção: Patrícia PillarData: 2007

Saudade da SaudadeClipe Musical - Evelyne HeckerDireção: Patrícia PillarData: 2007

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Roque Santeiro - novelaDe: Dias Gomes e Aguinaldo SilvaDireção: Paulo UbiratanTV Globo – 1985

Sinhá Moça - novelaDe: Benedito Rui BarbosaDireção: Jayme MonjardimTV Globo – 1986

Brega e Chique - novelaDe: Cassiano Gabus MendesDireção: Jorge FernandoTV Globo – 1987

Vida Nova - novelaDe: Benedito Rui BarbosaDireção: Luiz Fernando CarvalhoTV Globo – 1989

Rainha da Sucata - novelaDe: Silvio de AbreuDireção: Jorge FernandoTV Globo – 1990

televisão

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Salomé - novelaDe: Sérgio MarquesDireção: Herval RossanoTV Globo – 1991

Noivas de Copacabana - minissérieDe: Dias GomesDireção: Roberto FariasTV Globo – 1992

Renascer - novelaDe: Benedito Rui BarbosaDireção: Luiz Fernando CarvalhoTV Globo – 1993

O Coronel e o Lobisomem - novelaDe: José Cândido de CarvalhoDireção: Guel ArraesTV Globo – 1994

Pátria Minha - novelaDe: Gilberto BragaDireção: Dênis CarvalhoTV Globo – 1994

O Rei do Gado - novelaDe: Benedito Rui BarbosaDireção: Luiz Fernando CarvalhoTV Globo – 1996

Mulher - seriadoDe: vários autoresDireção: Daniel FilhoTV Globo – 1998-9

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Um Anjo Caiu do Céu - novelaDe: Antônio CalmonDireção: Dênis CarvalhoTV Globo – 2001

Cabocla - novelaDe: Benedito Rui BarbosaDireção: Ricardo WadingtonTV Globo – 2004

Os Amadores - Especial de final de anoDireção: José Alvarenga JúniorTV Globo – 2005

A Diarista - seriadoDe: Bruno MazzeoDireção: José Alvarenga JúniorTV Globo – 2005

Sinhá Moça - novelaDe: Benedito Rui BarbosaDireção: Rogério GomesTV Globo – 2006

Histórias de Cama e Mesa - Especial Direção: Maurício FariasTV Globo – 2008

Damas e Cavalheiros - Quadro do FantásticoDireção: Maurício FariasTV Globo – 2008

A Favorita - novelaDe: João Emanuel CarneiroDireção: Ricardo WadingtonTV Globo – 2008

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prêmios

CandangoPrêmio: Melhor AtrizFilme: A Maldição do SanpakuPersonagem: CrisData: 1992

Festival de Cinema de NatalPrêmio: Melhor AtrizFilme: A Maldição do SanpakuPersonagem: CrisData: 1992

Associação Paulista de Críticos - APCAPrêmio: Melhor AtrizFilme: A Maldição do SanpakuPersonagem: CrisData: 1993

Associação Paulista de Críticos - APCAPrêmio: Melhor Atriz Coadjuvante

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Filme: O Menino MaluquinhoPersonagem: Mãe do menino maluquinhoData: 1994

Festival de BrasíliaPrêmio: Melhor AtrizFilme: Amor & CiaPersonagem: LudovinaData: 1998

Festival do Cinema Latinoamericano - ParisPrêmio: Melhor AtrizFilme: Zuzu AngelPersonagem: Zuzu AngelData: 2007

Prêmio Especial - Cine PEPrêmio: Qualidade BrasilFilme: Zuzu AngelPersonagem: Zuzu AngelData: 2007

Prêmio Tudo de BomPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

Prêmio IG GentePrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

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TV PressPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

UOL POP TVPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

FestNatalPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

Editora 3Prêmio: Personalidade do AnoNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

Associação Paulista de Críticos - APCAPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

Prêmio ContigoPrêmio: Celebridade do AnoNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

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ExtraPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

QuemPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

ContigoPrêmio: Celebridade do anoNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

Prêmio Qualidade BrasilPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2008

Troféu ImprensaPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2009

Troféu InternetPrêmio: Personalidade do AnoNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2009

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Melhores do Ano - Domingão do FaustãoPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2009

Prêmio Contigo de TelevisãoPrêmio: Melhor AtrizNovela: A FavoritaPersonagem: FloraData: 2009

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FOTOS DO CADERNO

CAPA: Acervo AGFolha de rosto: Acervo AGPágina 2: No filme O Menino Maluquinho - Acervo Particular da AtrizPágina 4: Arquivo AGPágina 6: Acervo Particular da Atriz Página 8: Acervo Particular da AtrizPágina 10: Acervo Particular da AtrizPágina 12: Acervo Particular da Atriz Página 14: No filme O Monge e a Filha do Carrasco - Acervo Particular da AtrizPágina 16: No espetáculo teatral O Máximo - Acervo Particular da AtrizPágina 18: No palco, em Amizade de Rua - Acervo Particular da AtrizPágina 20: Com Waldick Soriano - intervalo de filmagens - Foto: Wellington MacedoPágina 22: Na novela Salomé - Acervo da AtrizPágina 24: Na peça O Mito de Aukué, com direção de Milton Dolbin - Acervo da AtrizPágina 26: Na peça A Prova, contracenando com Ângelo Antônio - Acervo da AtrizPágina 28: Em Jogos de Guerra - Acervo da AtrizPágina 30: No teatro, em Jogos de Guerra, direção de Cláudio Torres Gonzaga - Acervo da AtrizPágina 32: Apresentando o programa FMTV, na Manchete - Acervo da AtrizPágina 34: Em Salomé - Acervo da AtrizPágina 36: No filme Amor & Cia - Acervo da AtrizPágina 38: No filme Zuzu Angel - Acervo da AtrizPágina 40: Acervo da AtrizPágina 42: Aos 2 anos, em Brasília - Acervo da AtrizPágina 44: Aos 5 anos, em Vitória - Acervo da AtrizPágina 46: Acervo AGPágina 48: Dirigindo um caminhão - em Carga Pesada - Acervo Patrícia PillarPágina 50: Acervo AGPágina 52: Acervo do VCVPágina 54: Acervo do VCVPágina 56: Acervo do VCVPágina 58: Waldick Soriano - Sempre no meu Coração - Foto: Wellington MacedoPágina 60: Aos cinco anos, em Vitória - Acervo da AtrizPágina 62: Acervo VCVPágina 64: No filme Amor & Cia - Acervo da AtrizPágina 66: Na novela Salomé - Acervo Particular da AtrizPágina 68: Acervo AGPágina 70: Acervo AGPágina 72: Acervo AGPágina 74: Numa cena de Amor & Cia - Acervo da AtrizPágina 76: No teatro, em Prima Roxana - Acervo da AtrizPágina 78: No espetáculo teatral O Máximo - Acervo da AtrizPágina 80: No filme Amor & Cia - Acervo da AtrizPágina 82: Em O Quatrilho - Acervo da AtrizPágina 84: Em Pequenas Histórias - Acervo da AtrizPágina 86: Acervo AGPágina 88: Acervo AGPágina 90: Na novela O Anjo que Caiu do Céu - Acervo da AtrizPágina 92: Em O menino Maluquinho - Acervo da AtrizPágina 94: Na novela Salomé - Acervo da AtrizPágina 96: Flora, em A Favorita - Acervo da AtrizContra-capa: Acervo AG

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CADERNOS DO FESTIVALUma publicação do Vitória Cine-Vídeo

Criação e EdiçãoSandra Medeiros

Design e Edição GráficaShan / Studio S

RevisãoSandro M. V. C. Gomes

Fechamento de ArquivosB. Med

ImpressãoGráfica Jep

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