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O pau-marfim é uma árvore de grande porte, muito apreciada e valorizada no mercado, fornecedora de madeira clara e de boa qualidade. Em território brasileiro, há registros de ocorrência nos Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em altitudes que variam de 70 a 1.100 C (Carvalho, 1994).metros e temperaturas médias anuais de 16,2 a 22,3O pau-marfim encontra-se na lista de espécies ameaçadas de extinção no Estado do Paraná. Em São Paulo, estão sendo realizados trabalhos de conservação genética em populações in situ e ex situ nas reservas florestais (Siqueira & Nogueira, 1992).A Embrapa Florestas realizou testes de origem em vários locais, observando grandes variações de crescimento entre os plantios. O melhor desempenho foi atribuído a Tenente Portela – RS e o pior, para Teixeira Soares – PR. Essa heterogeneidade observada nos plantios indica que há possibilidade de melhoramento genético.TRANSCRIPT
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Balfourodendron riedelianum (Pau Marfim)
Texto produzido pela Acadmica Aline Angeli Superviso e orientao do Prof. Luiz Ernesto George Barrichelo e do Eng. Paulo
Henrique Mller
Atualizado em 11/11/2005
1. Introduo
O pau-marfim uma rvore de grande porte, muito apreciada e valorizada no mercado, fornecedora de
madeira clara e de boa qualidade. Em territrio
brasileiro, h registros de ocorrncia nos Estados de Mato Grosso do Sul, So Paulo, Esprito Santo, Minas
Gerais, Paran, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em altitudes que variam de 70 a 1.100 C (Carvalho,
1994).metros e temperaturas mdias anuais de 16,2
a 22,3
O pau-marfim encontra-se na lista de espcies
ameaadas de extino no Estado do Paran. Em So Paulo, esto sendo realizados trabalhos de
conservao gentica em populaes in situ e ex situ
nas reservas florestais (Siqueira & Nogueira, 1992).
A Embrapa Florestas realizou testes de origem em vrios locais, observando grandes variaes de crescimento entre os plantios. O melhor desempenho foi atribudo a
Tenente Portela RS e o pior, para Teixeira Soares PR. Essa heterogeneidade observada nos plantios indica que h possibilidade de melhoramento gentico.
2. Taxonomia
Segundo o Sistema de classificao de Cronquist:
Famlia: Rutaceae Espcie: Balfourodendron riedelianum (Engler) Engler, Engler et Prantl, Natrl.
Sinonmia botnica: Esenbeckia riedeliana Engler e Helietta multiflora Engler.
Nomes vulgares: farinha-seca, farinha-seca-branca, gramixinga, guamuxinga, guarataia, guatambu, guatambu-branco, guataio, guaximinga, marfim, mucambo,
pau-chumbo, pequi-branco, pereiro-preto, pau-cetim, pau-liso, pequi-marfim, pequi-mamo e pequi-mamona.
3. Aspectos ecolgicos
O pau-marfim uma espcie longeva, pertencente ao grupo sucessional secundria tardia (Durigan &
Nogueira, 1990), frequente em capoeires e em floresta secundria, podendo surgir tambm em
pastagens e, nesse caso, apresenta comportamento de espcie antrpica.
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As principais regies fitossociolgicas onde ocorre o pau-marfim so Floresta
Estacional Semidecidual, formao Submontana e Floresta Estacional Decidual. Entretanto, essa espcie pode ser encontrada, em menor freqncia, na Floresta
Ombrfila Mista (Floresta com araucria) e Floresta Ombrfila Densa, no alto da bacia do rio Ribeira (Carvalho, 1994).
4. Descrio
Quando adulta, a rvore atinge entre 6 a 20m de altura e dimetro (DAP) entre 30 a 50 cm. Em alguns casos pode atingir 35 m de altura e 100 cm de DAP. Seu tronco
reto e cilndrico, algumas vezes levemente tortuoso, apresentando fuste de at 15 m de altura. Perde as folhas durante a estao seca, pois trata-se de uma essncia
caduciflia. Contudo, supe-se que esta espcie apresenta diferentes ecotipos porque freqentemente so encontrados indivduos com folhagens, mesmo em
estao de descanso fenolgico (Gartland & Salazar, 1992).
A copa , geralmente, larga e arredondada, com ramificao racemosa. Porm,
podem ser tambm observados indivduos com copas irregulares e achatadas (Carvalho, 1994).
A casca externa cinza a parda-acinzentada,
com textura variando de lisa a spera e repleta
de lenticelas branco-amareladas, distribudas longitudinalmente. Na casca externa verificam-se
ainda cavidades de 2 a 3 cm de dimetro, que se desprendem, sendo estas caractersticas da
espcie e importantes para sua identificao. A casca interna possui colorao esbranquiada,
dura e apresenta textura arenosa (Carvalho, 1994).
As folhas so compostas trifoliadas e apresentam disposio oposta. O pecolo mede
de 3 cm a 12 cm de comprimento, com fololos de lminas elpticas e subglabras que
medem de 5 a 12 cm de comprimento por 2,5 a 4,5 cm de largura. Em regenerao natural os fololos podem atingir at 20 cm de comprimento, sendo, em todos os
casos, o central maior que os laterais e com pontos pretos e domceas nas axilas. Pode-se observar pontos translcidos nas folhas e, freqentemente, manchas
fngicas douradas (Carvalho, 1994).
As flores so bissexuais, de colorao branco-amarelada, medindo de 2 a 3 mm de comprimento e se dispem em panculas de 5 a 10 cm, bastante ramificadas. O
ovrio apresenta quatro carpelos e quatro lculos, com duas sries de vulos cada (Carvalho, 1994).
Os frutos so do tipo tri-smara, indeiscentes, lenhosos, coriceos, secos e com quatro asas grandes, verticalmente radiadas. Possuem colorao verde quando ainda
so imaturos e amarela a acinzentada quando maduros. Os fruto apresentam dimenses de 5 a 25 mm por 20 a 25 mm.(Silva & Paoli, 1996).
As sementes so elipsides, bitegumentadas e ricas em substncias lipdicas, que se
acumulam nos cotildones. Podem medir at 9 mm de comprimento, sendo
encontradas de uma a quatro por fruto. Em caso de aborto, os lculos so encontrados vazios (Carvalho, 1994).
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5. Informaes sobre reproduo e fenologia
O pau-marfim uma planta hermafrodita, cuja
polinizao possivelmente feita por insetos
pequenos (Morellato, 1991).
Os frutos so disseminados pelo vento e apresentam grande disperso (Eibl et al.,1990).
A florao e a frutificao se iniciam quatro anos
aps o plantio em solos frteis, mas, em regenerao
natural, esse processo ocorre por volta dos quinze anos de idade (Durigan et al., 1997). Observou-se
que o ciclo reprodutivo, compreendendo florao e frutificao, ocorre em perodos distintos nos Estados
de So Paulo, Rio Grande do Sul, Paran, Santa Catarina e Minas Gerais. De agosto a dezembro
ocorre florao no Paran, de setembro a janeiro, em So Paulo, de setembro a fevereiro, no Rio Grande do Sul, de outubro a janeiro, em
Santa Catarina e de maro a abril, em Minas Gerais. Nesses Estados, a frutificao se d entre maio e setembro, em So Paulo, em junho, no Rio Grande do Sul, de
junho a outubro, no Paran e de novembro a dezembro em Minas Gerais (Carvalho, 1994).
6. Ocorrncia natural
Balfourodendron riedelianum ocorre naturalmente no Brasil, Argentina e Paraguai (Carvalho, 1994). No Brasil, a rea de ocorrncia natural do pau-marfim envolve os
Estados de Minas Gerais (Bernardo, 1997), Paran (Souza et al., 1997), Esprito Santo (Thomaz et al., 2000), Santa Catarina (Negrelle & Silva, 1997), Rio Grande do
Sul (Longhi, 1997), So Paulo (Durigan & Leito Filho, 1995) e Mato Grosso do Sul (Souza et al., 1997), compreendendo 40 S (Rio Grande do Sul). Ocorre S (Minas Gerais) a 29latitude de 20 em altitudes de 70 a 1.100 metros.
7. Clima
O pau-marfim ocorre sob os tipos climticos subtropical mido, subtropical de
altitude, e temperado mido. A precipitao anual mdia de 1.000mm (So Paulo) a 2.200mm (Santa Catarina), sendo que na regio Sul, exceto para o norte e
noroeste do Paran, as chuvas so uniformemente distribudas ao longo do ano e, nas regies Sudeste e Centroeste, so peridicas e concentradas no vero.
Essa espcie desenvolve-se C (Ja C (Castro PR) a 18,7bem em temperatura mdia anual de 16,2 SP). Suporta geadas, em mdia de 0 a 13 por ano (Carvalho,
1994).
8. Solo
O pau-marfim uma espcie exigente, pois ocorre em solos de alta fertilidade
qumica, profundos, bem drenados e com textura variando de franca a argilosa. Porm, tolera solos midos e pedregosos.
9. Sementes
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Para obteno de sementes, colhem-se os frutos no solo, quando estes j esto
maduros. Como retirar as sementes de dentro dos frutos uma operao trabalhosa, semeia-se o fruto com as asas cortadas manualmente. Cada quilograma
de frutos contm cerca de 2.460 unidades (Lorenzi, 1992).
A dormncia das sementes de pau-marfim pode ser superada colocando-se os frutos,
j com as asas cortadas, em gua fria durante 24 horas. Alguns autores sugerem escarificao mecnica ou estratificao (Carvalho, 1994).
O poder de germinao inicial dos frutos de pau-marfim de 37%. Quando
armazenados em sacos plsticos em condies de ambiente no controlado ou em cmara fria, as porcentagens caem para 7% e 31%, respectivamente, considerando
o perodo de um ano (Carvalho, 1978).
10. Produo de mudas
A produo de mudas pode ser feita em viveiro, semeando-se dois frutos em sacos
de polietileno com dimenses de 20 cm de altura e 7 cm de dimetro ou em tubetes grandes de polipropileno. A germinao ocorre entre 27 a 150 dias aps a
semeadura e a taxa mdia de germinao dos frutos de 50%. Duas ou trs semanas aps esse evento, procede-se a repicagem, pois de cada fruto podem
germinar at quatro plntulas. Como o crescimento em viveiro lento, as mudas
ficam prontas para o plantio definitivo em campo aps oito meses. O substrato adequado para o desenvolvimento dessa espcie deve conter solo com
matria orgnica e fertilizantes.
Pode-se produzir mudas a partir de propagao vegetativa. Enxertos produzidos empregando-se o mtodo da borbulhia apresentaram 100% de pegamento,
enquanto que o mtodo da garfagem apresentou 38% de xito (Gurgel Filho, 1959).
Estudos realizados na Argentina apontam resultados satisfatrios utilizando-se o
mtodo de micropropagao (Carvalho, 1994).
11. Aspectos silviculturais
Balfourodendron riedelianum uma espcie florestal semi-helifila, ainda que tolere
sombreamento moderado nos primeiros estgios. Quando jovens so medianamente tolerantes ao frio e quando adultas, em populaes naturais, toleram temperaturas
de C negativos.at 8
Na fase jovem, o crescimento do pau-marfim monopodial, caracterstica que proporciona fustes bem definidos. Os galhos so dispostos em pseudo-verticilos e
apresentam desrama natural, tanto em plantios mistos, como em puros. Recomenda-se, porm, o manejo de podas se o objetivo for obteno de toras para
laminao (Carvalho, 1994).
Os mtodos de regenerao para os povoamentos de pau-marfim comumente
utilizados so pequenos plantios puros a pleno sol, desde que em reas livres de geadas e com solos frteis ou em plantios mistos, associados s espcies pioneiras.
Outra caracterstica importante para a silvicultura dessa espcie a capacidade de
brotao a partir da toua, aps o corte, indicando a possibilidade de aplicao do sistema de talhadia.
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12. Crescimento e produo
O pau-marfim uma espcie de crescimento lento. A maior produtividade
volumtrica verificada em povoamentos implantados foi de 12m/ha/ano, aos vinte e
seis anos de idade (Garrido et al., 1982).
13. Pragas e doenas
Essa espcie atacada principalmente por Brenthus e Anchoragus , da Famlia Brentidae, e por vrias espcies das famlias Scolytidae, Platypodidae e
Cerambycidae. Tais insetos atacam as rvores de p, provocando perfuraes na
casca, atingindo cmbio e alburno, locais onde formam galerias (Arboles..., 1990).
Nas praas de Curitiba PR foi observado ataque de Ceroplastes grandis (cochonilha) em 100% dos indivduos de pau-marfim (Trindade & Rocha, 1990).
14. A madeira
A madeira de pau-marfim possui massa especfica aparente entre 0,80 e 0,90g/cm, a 15% de umidade e massa especfica bsica entre 0,69 a 0,73 g/cm. Trata-se,
portanto, de uma madeira densa (Jankowsky et al., 1990).
O alburno no possui demarcao bem definida e sua colorao pode ser branca ou levemente amarelada. O cerne branco-palha-amarelado, escurecendo para
amarelo-plido uniforme. De modo geral, esta madeira apresenta superfcie lisa,
medianamente lustrosa, textura fina e gr geralmente regular(Carvalho, 1994).
A durabilidade natural dessa madeira baixa para apodrecimento e ataque de organismos xilfagos, devendo ser descascada, serrada e estaleirada logo aps o
corte. Contudo, a baixa resistncia pode ser amenizada, pois essa madeira permevel aos tratamentos preservantes, em autoclave.
Trata-se de uma madeira flexvel, podendo ser serrada e trabalhada sem dificuldade.
15. Usos e preo da madeira
A madeira de pau-marfim pode ser usada para fabricao de mveis de luxo, molduras, guarnies internas, portas, artefatos domsticos, peas torneadas,
laminados decorativos, tacos para assoalhos, carpintaria e marcenaria em geral
(Lorenzi, 1992).
Os preos da madeira laminada de pau-marfim no mercado atacadista da Grande So Paulo foi cotado em R$10,58/m, em maio de 2005 (Florestar Estatstico, 2005).
16. Outros usos
As folhas de pau-marfim possuem 22% de protena bruta e 1,6% de tanino, podendo ser utilizadas na alimentao animal (Leme et al., 1994).
A rvore pode ser utilizada em projetos paisagsticos de parques e praas, bem
como em reflorestamento para recuperao ambiental (Lorenzi, 1992).
18. Referncias bibliogrficas
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