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Edição Nº 40 - 25/05/2015 PCdoB na Câmara Informativo semanal da Bancada Sociedade civil pede reforma política democrática D iante da perspecva de votação nesta semana de uma reforma políca que não atende aos anseios da população, representantes da Coalizão pela Reforma Políca Democráca e Eleições Limpas lu- tam para sensibilizar parlamentares para a aprovação do Projeto de Lei (PL) 6316/13, de iniciava popular. A proposta proíbe o finan- ciamento empresarial de campanhas eleito- rais, aumenta a representação de minorias e a parcipação popular no Parlamento, ga- ranndo o fortalecimento da democracia. A Bancada do PCdoB apoia essa iniciava. Tendo em vista que uma contrarre- forma ganha força no Legislavo, parla- mentares progressistas lutam para impe- dir a deformação do sistema políco-elei- toral brasileiro. O relatório final da Comis- são Especial da Reforma Políca piora as mazelas existentes. À frente da Bancada do PCdoB na Câ- mara, a deputada Jandira Feghali (RJ) con- sidera grave a proposta em tramitação. “O que se apresenta é uma soma de questões polêmicas. A primeira coisa que chama a atenção é colocar na Constuição algo que a sociedade repulsa: o financiamento empresarial de campanhas.” Aldo Arantes, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Coalizão, afirma que as propostas em discussão são uma tentativa de “iludir a opinião pública”. Segundo ele, a única alternativa de barrar o avanço da contrarreforma é a mobilização popular. “Não podemos permitir que a corrupção e a crise de representação no país se agravem. E é isso que acontecerá se passar a constitucionalização das doações de empresas.” Outra preocupação é a redução da representavidade popular. “Não há con- dição de votarmos isso. Não podemos aceitar a cláusula de barreira que limita a representação políco-pardária. É o es- magamento das minorias”, diz o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), tular da co- missão especial que analisa o tema. Conforme o vice-líder do governo, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o tex- to reúne as piores propostas sobre todas as matérias. “Precisamos combater essa proposta e lutar para aperfeiçoar o siste- ma eleitoral brasileiro, com aumento da parcipação popular e com fortalecimen- to dos pardos.” Entenda a posição da Bancada do PCdoB - páginas 03, 04, 05 e 06. Na semana passada, a Coalizão teve breve encontro com o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para entregar as 700 mil assinaturas em defesa da reforma política democrática. Foto: J. Batista/Câmara dos Deputados

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Sociedade civil pede reforma política democrática

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Page 1: PCdoB na Camara 40

PCdoB na Câmara Maio de 2015 | Número 40 1

Edição Nº 40 - 25/05/2015

PCdoB na CâmaraInformativo semanal da Bancada

Sociedade civil pede reforma política democrática

Diante da perspectiva de votação nesta semana de uma reforma política que não atende aos anseios da população,

representantes da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas lu-tam para sensibilizar parlamentares para a aprovação do Projeto de Lei (PL) 6316/13, de iniciativa popular. A proposta proíbe o finan-ciamento empresarial de campanhas eleito-rais, aumenta a representação de minorias e a participação popular no Parlamento, ga-rantindo o fortalecimento da democracia. A Bancada do PCdoB apoia essa iniciativa.

Tendo em vista que uma contrarre-forma ganha força no Legislativo, parla-mentares progressistas lutam para impe-dir a deformação do sistema político-elei-toral brasileiro. O relatório final da Comis-

são Especial da Reforma Política piora as mazelas existentes.

À frente da Bancada do PCdoB na Câ-mara, a deputada Jandira Feghali (RJ) con-sidera grave a proposta em tramitação. “O que se apresenta é uma soma de questões polêmicas. A primeira coisa que chama a atenção é colocar na Constituição algo que a sociedade repulsa: o financiamento empresarial de campanhas.”

Aldo Arantes, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Coalizão, afirma que as propostas em discussão são uma tentativa de “iludir a opinião pública”. Segundo ele, a única alternativa de barrar o avanço da contrarreforma é a mobilização popular. “Não podemos permitir que a corrupção e a crise de representação no país se agravem. E é isso que

acontecerá se passar a constitucionalização das doações de empresas.”

Outra preocupação é a redução da representatividade popular. “Não há con-dição de votarmos isso. Não podemos aceitar a cláusula de barreira que limita a representação político-partidária. É o es-magamento das minorias”, diz o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), titular da co-missão especial que analisa o tema.

Conforme o vice-líder do governo, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o tex-to reúne as piores propostas sobre todas as matérias. “Precisamos combater essa proposta e lutar para aperfeiçoar o siste-ma eleitoral brasileiro, com aumento da participação popular e com fortalecimen-to dos partidos.”

Entenda a posição da Bancada do PCdoB - páginas 03, 04, 05 e 06.

Na semana passada, a Coalizão teve breve

encontro com o presidente da Câmara,

deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para entregar as 700 mil assinaturas em defesa da reforma

política democrática.

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P A L A V R A D A L Í D E RJandira Feghali. Médica, deputada pelo Rio de Janeiro e líder do PCdoB na Câmara dos Deputados

A reforma política decisiva para as mulheres

Legislatura sim e outra também, o tema da reforma política ganha corpo no Parlamento de várias formas. Em dife-

rentes embates colhemos vitórias, como a aprovação da Ficha-Limpa para candidatos e a obrigatoriedade no preenchimento de 30% de mulheres nas chapas eleitorais pro-porcionais. Agora, o tema pende para os retrocessos.

Uma Proposta de Emenda à Consti-tuição pretende constitucionalizar o finan-ciamento de empresas e alterar o processo eleitoral. Nesta semana, o Brasil poderá ga-nhar um verdadeiro presente de grego, uma mudança antidemocrática que trará mais prejuízos do que benefícios ao nosso corroí-do sistema eleitoral.

Em um debate açodado e repleto de interesses, a Câmara se prepara para ir na contramão do que clama a sociedade. Es-pecificamente na questão de gênero, te-mos lutado por mecanismos que ampliem a participação das mulheres nos Legislati-vos e Executivos das três esferas. Para tan-to, defendemos a única proposta capaz de avançar na representatividade popular, o Projeto de Lei (PL) 6316/13. O texto, as-

sinado por 127 deputados e deputadas, é fruto de amplo debate promovido pela Coalizão pela Reforma Política Democrá-tica e Eleições Limpas, um movimento de mais de 100 entidades nacionais.

Esse projeto determina que a vota-ção para os cargos proporcionais se dê a partir de uma lista pré-ordenada e com alternância de gênero. O projeto também prevê que as campanhas serão financiadas por doações de pessoas físicas e recursos do Fundo Democrático de Campanhas. Retirar a influência do poder econômico, por si só, já seria um impulso extraordiná-rio na luta contra a corrupção e, ao mes-mo tempo, para tornar mais competitivas as campanhas femininas.

Um levantamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que na corrida pelas vagas legislativas federais no ano passado, os 4.143 candidatos homens arrecadaram, em média, R$ 252.266,74, enquanto as 1.723 candidatas mulheres angariaram, também em média, R$ 65.461,29. Ou seja, elas tive-ram um terço do financiamento empresarial total. Para ter uma noção do impacto des-sa desigualdade, basta conferir o resultado

das eleições para deputado federal no Rio de Janeiro em 2014. Dos 5.889 candidatos, apenas 1.725 eram mulheres. Nas urnas, sem chance de concorrer em igualdade de condições, elas tiveram, juntas, 975.488 mil votos, contra 7.080.365 dos homens.

Outra frente de batalha das bancadas femininas no Congresso Nacional é a des-tinação dos recursos do fundo partidário e os critérios para participação nos pro-gramas de rádio e TV durante as eleições. Ao menos 30% do total desses recursos e também 30% do tempo destinado à propaganda eleitoral seriam voltados às candidatas, ampliando o alcance de suas propostas nos estados e municípios.

A guinada no sistema eleitoral precisa ser severa. Em 1932, nós tivemos a opção da escolha com o sufrágio universal. Cabe agora o direito de condições justas para dis-putarmos o voto e sermos eleitas. Enquanto isso não for feito com destemor pelo Parla-mento, as mulheres estarão sempre sub-re-presentadas, sucumbindo, a cada processo eleitoral, ao conservadorismo machista e econômico que se impõe e decide a grande maioria dos eleitos. E não são elas.

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Reforma política democrática já!

A Bancada do PCdoB no Congresso e parlamentares de diferentes partidos, como o PT e PSol, apoiam o Projeto de Lei (PL) 6316/13, apresentado por mais de 100 entidades da Coalizão pela Reforma Política

Democrática e Eleições Limpas.

SOMOS CONTRA O FINANCIAMENTO EMPRESARIALBaratear as campanhas eleitorais, acabar com a porta de entrada da corrupção e garantir a efetiva representação dos interesses da população no Congresso são os nossos objetivos ao defender o fim do financiamento de empresas nas eleições.

Acreditamos que é preciso criar uma lógica em que as pessoas sejam eleitas por repre-sentarem diferentes segmentos da socieda-de e não setores do empresariado. A meta é valorizar o conhecimento das ideias e dos programas partidários. O financiamento empresarial de campanhas fere o princípio constitucional da isonomia, porque permite melhores oportunidades de obtenção de votos àqueles que têm ao seu dispor maior volume de recursos de campanha.

POR QUE É IMPORTANTE?

Defendemos a proposta ampla-mente debatida pela sociedade civil, relatada no Projeto de Lei (PL) 6316/13, que estabelece o financiamento público e doa-ções de pessoas físicas de até R$ 700. Acreditamos que, des-sa forma, vamos desestimular o caixa dois e a corrupção será combatida.

A PROPOSTA DA COALIZÃO

ORIGEM DO DINHEIROSe você pensa que o dinheiro da saúde ou da educação es-tará comprometido no caso do financiamento público, está enganado. O novo fun-do eleitoral será constituído por recursos do Orçamento Geral da União, de multas administrativas e de penali-dades eleitorais. Fo

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Bancada combate contrarreformaO relatório final da Comissão Especial

da Reforma Política não responde aos anseios dos brasileiros de erradi-

car a corrupção e de ampliar a representa-tividade do povo. Pelo contrário, pretende constitucionalizar o financiamento empresa-rial de campanhas e impedir a pluralidade de vozes no Parlamento. De acordo com o tex-to, a ideia é dar “liberdade” aos partidos na escolha das fontes de financiamento de suas campanhas. Mas, na verdade, a influência do poderio econômico nas eleições será legi-timada por ser colocada na Constituição, fi-cando acima das leis ordinárias e então mais difícil de se extinguir. Com essa proposta, a cobrança de favores em razão da doação eleitoral se tornará ainda mais comum.

Não podemos aceitar que as principais decisões nacionais sejam influenciadas por algumas grandes empresas.

Empresas não doam porque são boas, mas para tentar cobrar benefícios de deputados e do Executivo ao longo do mandato.

Preste atenção!

O financiamento empresarial de campanha é um assunto tão sério que até o Judiciário está debatendo o tema. Mas, desde abril de 2014, o julgamento está parado no Supremo Tribunal Federal (STF) por pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes – mesmo com a manifestação favorável ao fim do finan-ciamento privado de seis ministros do Supremo.

#DevolveGilmar!

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Queremos mais minorias representadas no Congresso

Paridade, já! Esta é a luta das Bancadas Femininas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A ideia é garan-

tir cota para mulheres no Legislativo, o que está previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 23/15. A proposta de-fendida pelas parlamentares acrescenta

Queremos mais mulheres ocupando vagas no Congresso

no texto constitucional a reserva de 50% das vagas para cada gênero. De acordo com o texto, na primeira eleição após um ano de vigência da emenda constitucional, o percentual será de 30%, aumentando em cinco pontos percentuais a cada elei-ção, até alcançar os 50%.

Atualmente, as mulheres representam 10% da Câmara, 16% do Senado, 11% das Assembleias Legislativas e 13,3% das Câma-ras de Vereadores. No ranking realizado pela União Interparlamentar sobre representati-vidade feminina no Parlamento, o Brasil ocu-pa a 116ª posição entre 144 países.

Apesar de o sistema proporcional ter distorções, ainda é a melhor forma de garantir a representação na Câmara de diferentes segmentos da socieda-de brasileira, como mulheres, negros, índios e homossexuais. Se só os mais votados fossem eleitos, percentuais expressivos da população não esta-riam representados em Brasília.

O sistema proporcional em vigor permite eleger os mais diversos representantes para a Câmara dos Deputados, mesmo que o candidato individualmente obtenha um número menor de votos.

O QUE O RELATÓRIO PROPÕE?A mudança do sistema eleitoral para o chamado “distritão”. Este modelo privilegia a personificação da eleição e fortalece a influência do poder eco-nômico.

POR QUE É IMPORTANTE A PROPORCIONALIDADE?

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Liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados

Praça dos Três Poderes, Câmara dos Deputados, Anexo II,Sala T-12, Brasília-DF, 70160-900 - Tel: 55 (61) 3215-9732.

Líder: Deputada Jandira Feghali (RJ). Vice-líderes: Luciana Santos (PE), Chico Lopes (CE) e Rubens Pereira Júnior (MA).

Assessoria de Comunicação: Marciele Brum (coordenadora), Christiane Peres (jornalista), Ana Luiza Bitencourt (jornalista), Richard Silva (foto e vídeo), Iberê Lopes (estagiário de comunicação/artes), Wellington Pereira (publicitário).

Tel. (61) 3215-9738 www.pcdobnacamara.org.br - [email protected]

EXPE

DIENTE

/pcdobnacamara @AssessorPCdoB /pcdobcamara /user/liderancapcdob /pcdob-na-camara

Acreditamos que uma reforma política de verdade deve tratar da efetiva participação da socie-

dade. A Constituição de 1988 já prevê esses mecanismos. Eles só precisam ser desburocratizados, por meio de uma no-va regulamentação.

Queremos mais participação popular

O principal direito político e o mais exercido por todos os cidadãos é o de votar e ser votado. Mas a participação da população não se limita a isso e po-de ser exercida por meio de plebiscitos, referendos e iniciativa popular. Nossa ideia é, por exemplo, nos casos de pro-

jetos de iniciativa popular (Plip), facilitar o início de sua tramitação. Hoje, mais de um milhão de assinaturas são neces-sárias para que um Plip seja analisado pelos parlamentares. Nossa proposta é facilitar esse processo, permitindo inclu-sive assinaturas virtuais.

Em tempos de crise de representatividade, onde a po-pulação tem pedido mais espaço, a proposta de refor-ma política em discussão na Câmara sequer menciona qualquer mecanismo de participação popular. Esse fato fortalece nossa crença de que está em curso uma CON-TRARREFORMA, que reforça o poder econômico e a lógica individualista.

Relatório ignora o assunto

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