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Perceção do envelhecimento em adultos mais velhos
Maria Eugénia Duarte Silva, Joana Henriques Calado, Sara Lourenço, Andreia Marques,
Bárbara Tavares, Carlota Sacoto, Diana Junqueira, Isabel Silva, Ismael Yassine e Marta
Keong
Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa
Resumo
Na população envelhecida, a saúde e a saúde percebida têm sido referidas como das variáveis
mais relevantes na longevidade e no bem-estar. Envelhece-se num meio ecológico e cultural
que, a par das experiências individuais decorrentes do curso de vida, moldam perspetivas
pessoais sobre o próprio envelhecimento. Essas perspetivas, por sua vez, terão impacto na
autoavaliação da saúde. Objetivo: Este estudo visa explorar, em adultos mais velhos, as
alterações experienciadas na saúde física, percebidas como resultantes ou não do processo de
envelhecimento, e outros aspetos associados à perceção do envelhecimento na sua
multidimensionalidade, avaliação de consequências positivas ou negativas e do autocontrolo
sobre o processo de envelhecimento, do ponto de vista das consequências positivas ou
negativas. Metodologia: Amostra constituída por 328 participantes, ambos os sexos, com
idades compreendidas entre os 60 e os 91 anos (M = 72.81, DP = 7.36). Os participantes
responderam a um questionário sócio-demográfico e ao Questionário de Perceções do
Envelhecimento (QPE) (Barker, O’Hanlan, McGee, Hickey, & Conroy, 2007), adaptação
portuguesa de Claudino (2007). Resultados: Descrevem-se transformações da saúde física,
por grupos de idade e por género, e apresenta-se o estudo correlacional entre vários aspetos
da perceção do envelhecimento (e.g., consequências positivas e negativas, controlo positivo e
negativo) e a avaliação das transformações experienciadas na saúde, evidenciando as diversas
associações significativas. Conclusões: Os resultados são discutidos tendo em conta a
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associação entre a saúde percebida e vários aspetos da perceção do envelhecimento,
considerando género, grupos de idade e nível de escolaridade. São apontadas sugestões
interventivas ao nível da autoperceção do envelhecimento.
Palavras chave: adultos mais velhos; saúde; perceção do envelhecimento
O envelhecimento global da população, à escala mundial, tem sido unanimemente
referido como uma realidade incontornável e de consequências variadas (Powell, 2010),
sendo Portugal um país muito envelhecido, com cerca de 19.4% da sua população com 65 ou
mais anos (Instituto Nacional de Estatística, 2011).
Experimenta-se, primeiro que tudo, o envelhecimento no corpo, e daí o ponto de vista
biológico e fisiológico, afetos ao modelo médico, terem contribuído para a predominância
deste modelo sobre outros modelos, no que toca à compreensão do processo de
envelhecimento (Bowling, 2007). As alterações decorrentes da senescência, muitas delas
associadas à idade cronológica, apresentam, com frequência, uma tradução na saúde
experienciada e na saúde autopercebida, com impacto na forma como os indivíduos
concebem e se expressam relativamente às consequências positivas ou negativas do
envelhecimento, ao controlo que exercem sobre as mesmas, e ainda como admitem que as
transformações vão decorrendo, se por etapas ou se paulatinamente. A idade subjetiva e a
negação do envelhecimento estão mais intimamente relacionadas com as atitudes e receios
associados ao próprio processo de envelhecimento do que com as atitudes generalizadas da
população para com os mais velhos. Parece então que, para da além da forma como a
generalidade das pessoas concebem o envelhecimento e a velhice, é a visão do indivíduo
sobre o seu envelhecimento, dentro do seu próprio subjetivismo, que exerce um papel
determinante (Montepare & Lachman, 1989).
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As autoperceções do envelhecimento representam um construto multidimensional que
abrange facetas como a satisfação com o envelhecimento e a idade subjetiva (Kotter-Grühn,
Kleinspehn-Ammerlahn, Gerstorf, & Smith, 2009). De acordo com os autores citados, a
satisfação com o envelhecimento indicia o quanto os indivíduos estão satisfeitos com o seu
próprio envelhecimento e as mudanças relacionadas com o mesmo; e a idade subjetiva
apresenta-se como um termo mais abrangente, no âmbito da autoperceção do
envelhecimento, podendo incluir reflexões e ideias do próprio. Por seu lado, Hummert (1990)
também sublinha a natureza multidimensional das autoperceções do envelhecimento,
acrescentando-lhes uma perspetiva dicotómica, tanto podem ser mais positivas, como mais
negativas.
Outros autores referem que as autoperceções do envelhecimento se poderão constituir
como melhores preditores do funcionamento físico e psicológico do que a idade cronológica
(Montepare & Lachman, 1989). Nesta medida, o envelhecimento seria entendido em termos
da perceção individual e das experiências do próprio indivíduo, moldadas pelas interações
dinâmicas com os sistemas sociais e culturais que enquadram a compreensão do processo de
envelhecimento, à luz do que constitui uma população envelhecida (Demakakos, Gjonca, &
Nazroo, 2007). Enfrentar visões e preconceitos negativos a respeito da velhice e dos mais
velhos não será contudo tarefa fácil, atendendo a que, tal como mencionam Löckenhoff et al.
(2009), os valores e crenças culturais são relevantes nas diferenças verificadas face às
atitudes e perceções do envelhecimento.
À medida que as pessoas envelhecem, o equilíbrio entre ganhos e perdas torna-se cada
vez mais negativo (Baltes, 1987), ainda assim, apesar das muitas mazelas e das perdas
inevitáveis em todos os campos, o envelhecimento pode também apresentar características
positivas, tais como a sabedoria, a maturidade emocional e a capacidade para usar estratégias
pró-ativas capazes de dar maior significado à vida (Oliveira, 2010). A pergunta que se pode
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colocar, tal como o fizeram Kotter-Grühn et al. (2009), é se os muito mais velhos mantêm
uma autoperceção positiva do envelhecimento, mesmo quando estão mais próximos da morte
ou na experiência das vicissitudes associadas à saúde, que a precedem.
A aceitação ou não das mudanças ocorridas, que pode traduzir o medo de envelhecer bem
como a satisfação de vida, estão ligadas às autoperceções de envelhecimento (Montepare &
Lachman, 1989), sendo as autoperceções positivas um bom indicador do desenvolvimento
positivo na velhice, e as autoperceções negativas e pessimistas potenciarem experiências de
stress (Chasteen, 2000). Quando os mais velhos se apercebem do declínio no seu
funcionamento físico e/ou cognitivo podem justificar essas mudanças com o seu
envelhecimento. Esta atribuição mais negativa pode resultar, consequentemente, num
declínio da sua autoperceção do envelhecimento (Kotter-Grühn et al., 2009).
A relação entre as autoperceções do envelhecimento e outras variáveis pertinentes tem
sido muito explorada. Por exemplo, Demakakos et al. (2007) referem que a autoperceção do
envelhecimento é preditiva da sobrevivência e da mortalidade dos adultos mais velhos, tendo
também verificado uma associação entre autoperceção do envelhecimento e várias dimensões
da saúde e do nível de funcionalidade. Numa amostra de idosos, os autores verificaram que
aqueles que se sentiam mais jovens do que a sua idade cronológica, ou que acreditavam que a
meia-idade terminava mais tarde, demonstravam ter, na generalidade, melhores índices de
saúde e sofrer menos de hipertensão e diabetes do que aqueles que não se sentiam mais
jovens do que a sua idade cronológica, ou que acreditavam que a meia-idade terminava mais
cedo. Uma identidade mais jovem e perceções de envelhecimento positivas promovem um
aumento nos recursos psicossociais que, por sua vez, beneficiam a fase mais tardia do ciclo
de vida e a longevidade (Demakakos et al., 2007).
Outros estudos têm demonstrado que uma autoperceção positiva do envelhecimento está
associada a um menor risco de morrer seis, treze ou vinte e três anos após uma avaliação
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inicial (Levy, Slade, Kunkel, & Kasl, 2002; Kotter-Grühn et al., 2009). Deste modo, é
plausível considerar que as autoperceções positivas do envelhecimento estão ligadas a baixos
níveis de ocorrência de morte (Demakakos et al., 2007). Declínios nas autoperceções
positivas do envelhecimento podem, assim, ser interpretados como um declínio na
capacidade geral de aceitar as perdas antes da morte (Baltes & Smith, 2003). Na mesma
ordem de ideias, Levy et al. (2002) referem que autoperceções do envelhecimento positivas
contribuem para um aumento da longevidade. Além disso, níveis elevados e estabilidade nas
autoperceções positivas do envelhecimento constituem indicadores de resiliência e adaptação
com sucesso aos agentes stressores físicos, psicológicos e ambientais, que se manifestam com
o avanço da idade, ao longo do desenvolvimento (Sneed & Whitbourne, cit. por Kotter-Grühn
et al., 2009). Num outro estudo recente, Sargent-Cox et al. (2012) corroboram muito do que
foi referido, concluindo que as autoperceções do envelhecimento mais negativas estão
relacionadas com declínios na saúde e funcionalidade física dos indivíduos de idade avançada
e que, por outro lado, as autoperceções do envelhecimento mais positivas constituem fatores
de proteção contra declínios no funcionamento físico ao longo da velhice. Adultos mais
velhos que apresentam autoperceções do envelhecimento mais negativas acreditam que as
perdas que derivam do envelhecimento serão algo inevitáveis e que estão fora do seu
controlo.
Nesta linha de ideias, as autoperceções do envelhecimento podem estar associadas a (1)
comportamentos que promovem a saúde ou que a colocam em risco, (2) processos
fisiológicos ou psicoimunológicos que contribuem para o surgimento de doenças, (3)
disposições relacionadas com o lidar dos desafios da vida adulta ou (4) exposição diferencial
aos fatores de risco ambientais (Demakakos et al., 2007).
Numa perspetiva de género, Kotter-Grühn et al. (2009) referem que os homens registam
mais autoperceções positivas do envelhecimento do que as mulheres. Assim, é sugerido que
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estes podem envelhecer mais positivamente do que as mulheres, ainda que também vivam
mudanças objetivas ligadas ao envelhecimento, como por exemplo na aparência física.
Barker, O’Hanlon, McGee, Hickey, e Conroy (2007) verificaram igualmente relações
entre as autoperceções do envelhecimento e componentes ligados à saúde psicológica, tais
como satisfação de vida, qualidade de vida, solidão e depressão. A um nível comportamental,
as autoperceções do envelhecimento estão também relacionadas com a adoção de
comportamentos saudáveis e de estratégias de coping adequadas. Estas conclusões são
particularmente relevantes devido ao facto de, desta forma, as perceções e crenças negativas
sobre o envelhecimento serem passíveis de mudança, bem como ser possível explorar
intervenções que promovam a saúde, física e psicológica, na idade adulta avançada.
Como ainda é pouco claro se as perceções de envelhecimento dos idosos refletem uma
visão estável do próprio ou demonstram mudanças que acompanham as transições no curso
de vida, torna-se importante identificar os seus padrões de desenvolvimento (Montepare &
Lachman, 1989).
O presente estudo visa pois explorar, em adultos mais velhos, as alterações
experienciadas na saúde física, percebidas como resultantes ou não do processo de
envelhecimento, e outros aspetos associados à perceção do envelhecimento na sua
multidimensionalidade, avaliação de consequências positivas ou negativas e do autocontrolo
sobre o processo de envelhecimento.
Metodologia
Participantes
A amostra pertencente à população normal, não institucionalizada, dita de conveniência,
recolhida através do método “bola de neve”, é constituída por 328 participantes, 222
participantes do sexo feminino e 106 de sexo masculino, com idades compreendidas entre os
60 e os 91 anos (M = 72.81, DP = 7.36). Os participantes foram divididos por grupos de
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idade, distribuindo-se pelo grupo dos 60-69 anos, 118 indivíduos (36%); pelo grupo dos 70-
79 anos, 152 indivíduos (46.3%); e pelo grupo dos 80 ou mais anos, 58 indivíduos (17.7%).
Relativamente ao estado civil, 14 participantes eram solteiros (4.3%); 211 casados (64.3%);
84 viúvos (25.6%); e 19 divorciados (5.8%). No que diz respeito à escolaridade, 8
participantes eram analfabetos (2.4%); 52 com o ensino primário incompleto (15.9%); 116
com o ensino primário completo (35.4%); 33 com o ensino secundário incompleto (10.1%);
30 com o ensino secundário completo (9.1%); 16 com um curso médio (4.9%); 27 com
frequência do ensino superior (8.2%); e 46 com curso superior (14%).
Instrumentos
Foi aplicado um questionário para recolha de dados sócio-demográficos e psicossociais e
o Questionário de Perceções do Envelhecimento (QPE) (Barker et al., 2007), na adaptação
portuguesa de Claudino (2007). Este questionário compreende 49 itens sob a forma de
afirmações, 32 deles a serem avaliados, numa escala de Likert de 5 pontos (desde o discordo
fortemente, ao concordo fortemente), e distribuídos por 8 escalas distintas: a Identidade que
remete para queixas de saúde (Identidade A, 17 itens) e para a crença sobre a relação entre as
alterações na saúde experienciadas e o próprio envelhecimento (Identidade B), sendo a única
escala com resposta dicotómica de sim ou não; a Duração, para aspetos relacionados com a
experiência do processo de envelhecimentos, se percecionada como crónica e permanente
(Duração Crónica, 5 itens), se percecionada com variações no curso do tempo (Duração
Cíclica, 5 itens); as Consequências, se percecionadas como um impacto positivo, remetendo
para bem-estar subjetivo (Consequências Positivas, 3 itens), se percecionadas como um
impacto negativo, remetendo para baixo bem-estar subjetivo (Consequências Negativas, 5
itens); o Controlo, associado à perceção sobre a gestão do processo de envelhecimento, no
controlo das experiências positivas (Controlo Positivo, 5 itens) e no controlo das experiências
negativas (Controlo Negativo, 4 itens); e as Representações emocionais, dizendo respeito,
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fundamentalmente, a emoções com teor negativo como medo, raiva, tristeza (Representações
Emocionais, 5 itens). O estudo do instrumento revelou uma consistência interna aceitável,
com índices Alfa de Cronbach que oscilaram entre .825 (para as Consequências Negativas) e
.692 (para o Controlo Negativo).
Procedimento
Os participantes foram contactados nas suas casas ou em Centros de Dia, e
disponibilizaram-se para participar, voluntariamente, num estudo alargado sobre o processo
de envelhecimento. Estudantes do mestrado integrado em Psicologia apresentaram o conjunto
de questionários a preencher, de entre os quais fez parte um questionário de dados sócio-
demográficos e psicossociais, e o Questionário de Perceções de Envelhecimento (QPE)
(Barker et al., 2007; Claudino, 2007). A aplicação dos instrumentos foi realizada, na
generalidade, em regime de autoaplicação (as instruções, apresentadas por escrito),
excecionalmente em aplicação oral, no caso dos analfabetos e quando ocorriam dificuldades
de leitura ou de compreensão das frases. Foi garantido aos participantes que qualquer dúvida
seria esclarecida pelo investigador.
Resultados
Apresenta-se no Quadro 1 a estatística descritiva das escalas do Questionário de
Perceções do Envelhecimento (QPE) por género, e no Quadro 2, por grupo de idade.
Quadro 1
QPE: Comparação em Função do Género
Sexo Masculino a Sexo Feminino b
Variáveis M DP M DP
Duração Crónica 3.22 .62 3.14 .69
Duração Cíclica 3.13 .86 3.02 .84
9
Conseq. Positivas 3.72 .79 3.71 .74
Conseq. Negativas 3.55 .84 3.50 .78
Controlo Positivo 3.59 .67 3.60 .65
Controlo Negativo 2.64 .76 2.77 .72
Repr. Emocionais 2.95 .92 2.91 .84
Identidade A 7.39 3.64 8.51 3.70
Identidade B 5.50 3.62 5.92 3.97
Nota. N = 328; na = 106; nb
= 222.
Quadro 2
QPE: Comparação em Função da Idade
60-69 a 70-79 b => 80 c
Variáveis M DP M DP M DP
Duração Crónica 3.04 .68 3.22 .65 3.27 .65
Duração Cíclica 2.95 .89 3.16 .80 3.00 .87
Conseq. Positivas 3.79 .69 3.69 .82 3.63 .69
Conseq. Negativas 3.28 .79 3.62 .78 3.71 .74
Controlo Positivo 3.67 .59 3.54 .70 3.61 .66
Controlo Negativo 2.79 .69 2.67 .77 2.76 .72
Repr. Emocionais 2.87 .87 3.01 .85 2.82 .91
Identidade A 7.74 3.93 8.34 3.61 8.48 3.48
Identidade B 4.80 3.74 6.16 3.70 6.79 4.16
Nota. N = 328; na = 118; nb
= 152; nc = 58.
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Apresentam-se no Quadro 3 as frequências das queixas de saúde (associadas à Identidade
A) e, quando ocorridas, a frequência da atribuição dessas queixas ao envelhecimento
(associadas à Identidade B).
Quadro 3
Experiência de Mudanças na Saúde e Atribuição das Mudanças ao Envelhecimento
Mudanças na saúde
Frequência (%)
Experienciou esta mudança Atribui a mudança ao
envelhecimento
Problemas de peso 42.0 38.7
Problemas em dormir 49.1 42.9
Hérnia discal 16.8 38.4
Dores nas articulações 75.6 78.6
Dificuldade movimentar-se 45.1 79.9
Perda do equilíbrio 32.6 67.8
Perda de força 62.2 86.9
Abrandar o ritmo 71.0 84.7
Cãibras 46.3 57.7
Problemas ossos/articulações 74.1 80.2
Problemas de coração 33.5 60.7
Problemas ouvidos/ouvir 43.7 73.5
Alterações olhos/visão 77.1 78.3
Problemas respiratórios 24.2 54.9
Problemas nos pés 42.7 65.8
Depressão 32.5 45.7
Ansiedade 46.9 45.3
Nota. N = 328.
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As queixas de saúde referidas por mais de 50% dos participantes são as dores nas
articulações, a perda de forças, a necessidade de abrandar o ritmo, os problemas nos ossos ou
nas articulações, e os problemas nos olhos ou na visão. Os problemas de peso, os problemas
em dormir, a hérnia discal, a ansiedade e a depressão são os menos vezes referidos como
decorrentes do processo de envelhecimento (por menos de 50% dos participantes que se
queixaram destes problemas).
No Quadro 4 apresentam-se as frequências das queixas de saúde tendo em conta o
género, e nos Quadros 5, 6, e 7, as frequências relativas aos três grupos de idade (Grupo 1,
60-69 anos; Grupo 2, 70-79 anos; Grupo 3, 80 ou mais anos), respetivamente.
Quadro 4
Experiência de Mudanças na Saúde e Atribuição das Mudanças ao Envelhecimento em
Função do Género
Mudanças na saúde
Sexo Masculino a Sexo Feminino b
Frequência (%) Frequência (%)
Experienciou
esta mudança
Atribui a
mudança ao
envelhecimento
Experienciou
esta mudança
Atribui a
mudança ao
envelhecimento
Problemas de peso 30.8 41.0 47.3 37.8
Problemas em dormir 44.3 55.1 51.4 38.0
Hérnia discal 18.9 33.3 15.8 41.3
Dores nas articulações 66.0 80.6 80.2 77.8
Dificuldade movimentar-se 30.2 77.1 45.9 78.7
Perda do equilíbrio 54.7 87.1 33.8 63.9
Perda de força 73.6 89.6 65.86 86.8
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Abrandar o ritmo 41.5 60.9 69.8 82.4
Cãibras 63.2 88.4 48.6 56.4
Problemas ossos/articulações 33.0 53.8 79.3 77.0
Problemas de coração 40.6 75.6 33.8 63.9
Problemas ouvidos/ouvir 78.3 75.9 45.2 72.6
Alterações olhos/visão 35.8 65.9 76.6 79.4
Problemas respiratórios 26.7 57.6 23.0 53.4
Problemas nos pés 35.8 65.9 45.9 65.8
Depressão 27.9 42.4 34.7 47.0
Ansiedade 31.7 43.2 54.1 45.9
Nota. na = 106; nb
= 222.
Comparando as queixas de saúde referidas por homens e mulheres através da estatística
inferencial, verificou-se que queixas de problemas de peso (χ2 (1) = 7.94, p < .01), dores nas
articulações (χ2 (1) = 7.78, p < .01), problemas nos ossos ou articulações (χ2 (1) = 9.65, p <
.01) e ansiedade (χ2 (1) = 14.17, p < .0001) não são independentes do género, sendo as
mulheres quem apresenta mais frequentemente qualquer um destes tipos de queixas. Quanto à
atribuição das queixas de saúde ao envelhecimento, verificou-se que a atribuição dos
problemas em dormir (χ2 (1) = 4.16, p < .05) e dos problemas nos ossos e articulações (χ2 (1)
= 4.09, p < .05) depende do género, sendo as mulheres quem atribui com mais frequência
estas queixas ao envelhecimento. Testando as diferenças na Identidade A (número total de
queixas de saúde referidas) entre os géneros, com recurso ao teste de Mann-Whitney (devido
à distribuição não normal dos resultados), verificaram-se diferenças significativas de
resultados (U = 9664.5, z = -2.63, p < .01), sendo o género masculino o que apresenta menos
queixas (Mdn = 7, na amostra masculina; Mdn = 8, na amostra feminina).
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Não se verificaram correlações significativas das variáveis, Duração Crónica, Duração
Cíclica, Consequências Positivas, Consequências Negativas, Controlo Positivo, Controlo
Negativo e Representações Emocionais com o género.
Quadro 5
Experiência de Mudanças na Saúde e Atribuição das Mudanças ao Envelhecimento, Grupo 1
(60 aos 69 anos)
Mudanças na saúde
Frequência (%)
Experienciou esta mudança Atribui a mudança ao
envelhecimento
Problemas de peso 43.6 37.0
Problemas em dormir 50.8 40.3
Hérnia discal 20.3 37.9
Dores nas articulações 70.3 70.6
Dificuldade movimentar-se 36.4 73.3
Perda do equilíbrio 24.6 62.5
Perda de força 52.5 79.1
Abrandar o ritmo 61.9 74.7
Cãibras 44.9 47.3
Problemas ossos/articulações 66.1 75.6
Problemas de coração 33.1 46.5
Problemas ouvidos/ouvir 34.7 65.9
Alterações olhos/visão 86.4 70.9
Problemas respiratórios 22.0 46.7
Problemas nos pés 42.4 57.4
14
Depressão 31.4 36.6
Ansiedade 52.5 22.8
Nota. n = 118.
Quadro 6
Experiência de Mudanças na Saúde e Atribuição das Mudanças ao Envelhecimento, Grupo 2
(70 aos 79 anos)
Mudanças na saúde
Frequência (%)
Experienciou esta mudança Atribui a mudança ao
envelhecimento
Problemas de peso 41.7 33.8
Problemas em dormir 50.7 40.2
Hérnia discal 17.9 36.8
Dores nas articulações 80.3 82.4
Dificuldade movimentar-se 48.7 83.1
Perda do equilíbrio 30.3 64.8
Perda de força 67.1 91.4
Abrandar o ritmo 75.7 90.5
Cãibras 48.0 55.8
Problemas ossos/articulações 79.6 84.0
Problemas de coração 36.2 63.5
Problemas ouvidos/ouvir 42.4 72.9
Alterações olhos /visão 69.7 78.2
Problemas respiratórios 27.6 54.0
Problemas nos pés 43.4 68.0
15
Depressão 32.5 43.6
Ansiedade 43.0 51.4
Nota. n = 152.
Quadro 7
Experiência de Mudanças na Saúde e Atribuição das Mudanças ao Envelhecimento, Grupo 3
(80 ou mais anos)
Mudanças na saúde
Frequência (%)
Experienciou esta mudança Atribui a mudança ao
envelhecimento
Problemas de peso 39.7 56.0
Problemas em dormir 41.4 57.7
Hérnia discal 6.9 50.0
Dores nas articulações 74.1 83.3
Dificuldade movimentar-se 53.4 81.3
Perda do equilíbrio 55.2 78.1
Perda de força 69.0 87.8
Abrandar o ritmo 77.6 86.7
Cãibras 44.8 87.5
Problemas ossos/articulações 75.9 77.3
Problemas de coração 27.6 87.5
Problemas ouvidos/ouvir 65.5 83.8
Alterações olhos/visão 77.6 95.6
Problemas respiratórios 19.3 81.8
Problemas nos pés 41.4 76.9
16
Depressão 35.1 70.0
Ansiedade 45.6 60.0
Nota. n = 58.
A análise das frequências das respostas às mudanças na saúde referidas pelos três grupos
de idade (Quadros 5, 6, 7) evidencia que esses grupos não são homogéneos no que se refere
às dificuldades em movimentar-se (χ2 (2) = 5.99, p < .05), à perda de equilíbrio (χ2 (2) =
17.28, p < .0001), à perda de força (χ2 (2) = 7.37, p < .05), ao abrandar o ritmo (χ2 (2) = 7.61,
p < .05), aos problemas nos ossos ou nas articulações (χ2 (2) = 6.43, p < .05), aos problemas
nos ouvidos ou em ouvir (χ2 (2) = 15.17, p < .001), e às alterações nos olhos ou na visão (χ2
(2) = 10.52, p < .01). Relativamente à atribuição dos seus problemas de saúde ao
envelhecimento, verificou-se a heterogeneidade dos grupos no que se refere ao abrandar o
ritmo (χ2 (2) = 9.01, p < .01) , às cãibras (χ2 (2) = 11.29, p < .01), aos problemas de coração
(χ2 (2) = 8.65, p < .05), às alterações nos olhos e na visão (χ2 (2) = 11.23, p < .01), à
depressão (χ2 (2) = 6.23, p < .05) e à ansiedade (χ2 (2) = 7.27, p < .05).
Comparando os três grupos de idade relativamente ao número total de queixas de saúde
referidas por cada um deles (Quadros 5, 6, 7), não se verificaram diferenças significativas. No
entanto, no que diz respeito à atribuição das mudanças de saúde experimentadas ao processo
de envelhecimento, verificam-se diferenças significativas entre o Grupo 1 (Mdn = 4.5) e o
Grupo 3 (Mdn = 7), com resultados no teste de Mann-Whitney de U = 2429, z = -3.14, p <
.01, e entre o Grupo 1 e o Grupo 2 (Mdn = 6), com resultados de U = 6967.5, z = -3.16, p <
.01.
Exploraram-se as diferenças entre os três grupos de idade no que diz respeito à perceção
do envelhecimento, tendo-se observado que eles se distinguem entre si na Duração Crónica,
H (2) = 5.99, p < .05, e nas Consequências Negativas, H (2) = 19.53, p < .0001. Contudo, ao
17
explorar as diferenças entre grupos, dois a dois, através do teste de Mann-Whitney e
aplicando a correção de Bonferroni, só se verificaram diferenças significativas nas
Consequências Negativas, entre o Grupo 1 e o Grupo 3 (U = 2256, z = -3.69, p < .0001), e
entre o Grupo 1 e o Grupo 2 (U = 6583, z = -3.78, p < .0001).
No que diz respeito à relação entre o nível de escolaridade e a perceção do
envelhecimento, verificaram-se correlações significativas entre a Duração Crónica (rs = -.31,
p < .01), Duração Cíclica (rs = -.25, p < .01), Consequências Negativas (rs = -.16, p < .01),
Controlo Negativo (rs = .16, p < .01), Representações Emocionais (rs = -.32, p < .01),
Identidade A – queixas de saúde (rs = -.20, p < .01) e a atribuição dessas queixas ao processo
de envelhecimento - Identidade B (rs = -.27, p < .01).
Discussão
Os resultados mostram que os adultos mais velhos apresentam uma grande diversidade de
queixas de saúde, muitas delas associadas ao processo de senescência (por exemplo as
alterações nos olhos e na visão) mas também dependentes de um estilo de vida sedentário,
fundamentalmente urbano e que se enquadra na cultura ocidental, e que pode ser associado a
pouco exercício físico, como por exemplo as dores nas articulações, dificuldades em
movimentar-se, e problemas de ossos e articulações. Estas queixas do sistema músculo-
esquelético são apontadas como dependentes do processo de envelhecimento e representam
as percentagens mais elevadas nessa atribuição, a par da necessidade de abrandar o ritmo.
A comparação entre homens e mulheres evidencia mais queixas de saúde nas mulheres,
como referido na literatura (e.g., Bowling, 2005), estas relativas ao sistema músculo-
esquelético, ao peso e à ansiedade, queixas essas também comuns na pós-menopausa e
frequentemente associadas a um estilo de vida mais sedentário. Mais uma vez a atribuição de
problemas de saúde ao envelhecimento é uma perspetiva tendencialmente feminina, focando-
se a maior frequência no dormir e nos problemas dos ossos e articulações. Na generalidade
18
são também as mulheres as participantes que mais queixas de saúde apresentam, o que
corrobora a literatura. No entanto e curiosamente, os géneros não se distinguem na forma
como concebem o seu processo de envelhecimento, em termos de o percecionarem como
ocorrendo de uma forma crónica e progressiva ou por etapas (duração crónica e duração
cíclica), possibilitando bem-estar subjetivo mas também menor bem-estar (consequências
positivas e negativas), tendo nesse processo controlo sobre experiências positivas e
experiências negativas (controlo positivo e controlo negativo) e vivenciando afetos de teor
negativo (representações emocionais).
Os resultados vão de encontro ao esperado e de acordo com a literatura (e.g., Bond &
Cabrero, 2007; Bowling, 2005), quando se comparam grupos de idade (60-69, 70-79, 80 ou
mais anos). São de novo as queixas relativas ao sistema músculo-esquelético (dificuldade em
movimentar-se, perda de forças, problemas nos ossos e articulações) a necessidade de
abrandar o ritmo, a perda de equilíbrio, e os problemas visuais e auditivos, estes claramente
decorrentes do envelhecimento primário, os que distinguem os grupos. Verifica-se uma
frequência de queixas mais acentuada no grupo etário mais velho, como seria de esperar, com
exceção das queixas de visão que são mais frequentes no grupo mais jovem, muito
provavelmente decorrentes de experiências associadas às exigências adstritas a tarefas que
mais tarde virão a ser, espontaneamente, abandonadas. No que diz respeito à atribuição das
queixas ao processo de envelhecimento, os resultados mostram, na generalidade, que
sintomas mais diversificados (cãibras, problemas de coração, alterações na visão, depressão e
ansiedade) tendem, cada vez mais, a ser atribuídos ao envelhecimento à medida que a idade
aumenta, com a exceção do abrandar o ritmo, em que são os participantes dos 70 anos 79 os
que o atribuem, com mais frequência, a esse processo, provavelmente na sequência de novas
experiências recentemente vivenciadas. Parece interessante assinalar que, pela primeira vez,
sintomas do foro psicológico são associados ao processo do envelhecimento,
19
fundamentalmente pelos dois grupos mais velhos. Esta perspetiva dependerá provavelmente
de uma imagem mais negativa da velhice avançada, ou da experiência própria de afetos
negativos a ela associados. Os três grupos de idade não se distinguem significativamente no
número de alterações de saúde que referem, mas sim no número de mudanças na saúde que
atribuem ao processo de envelhecimento. As grandes diferenças situam-se entre o grupo mais
jovem (60 aos 69 anos) e os dois grupos mais velhos, resultado que vai no sentido que será a
partir dos 70 anos que as mudanças autopercebidas na saúde sejam atribuídas à da
senescência.
No que diz respeito aos aspetos diferenciais associados à autoperceção do
envelhecimento, na generalidade os grupos de idade não se distinguem entre si, havendo uma
certa consonância de perspetivas. Contudo verificaram-se diferenças na apreciação das
consequências negativas, realçadas nos grupos de idade mais avançada, possivelmente
associadas às experiências do quotidiano, e também no contexto do que poderá ser esperado
como consequente do envelhecimento primário e secundário.
De entre as variáveis sócio-demográficas, o nível de escolaridade tem sido valorizado no
que toca a múltiplas variáveis afetas à saúde (e.g., Bowling, 2005; Walker, 2005). Os
resultados da amostra em estudo mostram como o grau de instrução dos participantes se
associa à forma como percecionam o envelhecimento. Assim, verificou-se que os
participantes que beneficiaram de mais escolaridade tendem a percecionar o envelhecimento
como menos crónico, com uma evolução menos cíclica, com menos consequências negativas,
com maior possibilidade de controlar as experiências negativas, com menos emoções de teor
negativo, com menos queixas de saúde e com menos atribuição das queixas de saúde ao
próprio processo de envelhecimento.
Conclusão
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Os resultados vão no sentido da revisão da literatura, mostrando uma avaliação da saúde
autopercebida mais positiva nos homens do que nas mulheres, mas uma autoperceção do
envelhecimento semelhante nos dois géneros; diferença nas frequências do tipo de queixas de
saúde e na atribuição dessas queixas ao envelhecimento, consoante o grupo de idade, mas
uma certa estabilidade no número de queixas apresentadas, muito embora a sua atribuição ao
processo de envelhecimento aumente do grupo mais jovem para os grupos mais velhos;
relevância do nível de escolaridade na autoperceção do envelhecimento, sendo essa
perspetiva globalmente mais favorável quando o nível de instrução aumenta. Estes resultados
preconizam a relevância da divulgação de informação fidedigna sobre o processo de
envelhecimento - a educação para a saúde, e da estimulação e prática de estilos de vida
saudáveis (mais exercício físico, por exemplo), a ocorrer no contexto de instituições de saúde
ou de instituições vocacionadas para o apoio a adultos mais velhos. Esta
informação/formação parece ser particularmente relevante para aqueles que tiveram menos
oportunidades educativas no seu curso de vida e/ou para os mais velhos, para que possam
questionar crenças, estimular a proatividade, a promoção do empowerment, possibilitando
uma gestão pessoal mais ampla e informada do seu processo de envelhecimento.
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